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Psicopatologia

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Texto 1 - Notas sobre psicopatologia
Encaramos a psicopatologia como parte do conhecimento sobre as alterações mentais. Como todo saber, é produto do trabalho dos pesquisadores, dos cientistas que, neste caso, se dedicam ao estudo e termo é usado em vários sentidos, o que podemos constatar das definições que lhe são dadas, e ainda mais da observação dos temas, do campo de estudo abordado pelos diferentes autores. Pretendemos aqui trazer considerações a respeito da psicopatologia observando os textos que os autores lhe dedicam. Andreasen é categórica: o objetivo de uma psicopatologia científica é identificar os mecanismos neurais dos processos cognitivos normais e compreender como são afetados nas doenças mentais. Claro, com postulados novos e recursos tecnológicos atuais. Andreasen entende que os mecanismos neurais podem ser compreendidos como disfunções em circuitos neurais específicos. Suas funções e disfunções podem ser influenciadas ou alteradas por uma variedade de fatores cognitivos e farmacológicos. Posição de que a mente é expressão da atividade cerebral. Os estudos das atividades cerebrais e mentais teriam dois objetivos separados. Mas os fenômenos mentais em si, provêm da atividade cerebral e, por sua vez, as experiências cerebrais afetam o cérebro, de modo que a separação não seria possível. As alterações mentais refletem anormalidades nas interações cérebro/mente, e nas relações do indivíduo com o mundo. São doenças da mente, que reside naquela região da soma que é o cérebro. O método básico de estudo é dividir a mente em componentes, domínios de investigação (memória, linguagem, atenção etc.) relacioná-los com lesões cerebrais localizadas, com o desenvolvimento neural, aprender com pesquisas homólogas feitas com animais. O desafio da psicopatologia científica é o de usar disciplinas múltiplas. A psicopatologia considera que os sintomas em si são dignos de estudo, e examina suas relações com as estruturas e funções do cérebro. Para ilustrar suas afirmações, os autores escolhem as pesquisas psicopatológicas no campo das alucinações, delírio, transtornos do humor, Dizem: apesar dos tremendos progressos obtidos com tais abordagens, temos que admitir que os resultados dos estudos não foram consistentes, e levantaram mais questões do que resolveram sobre a gênese das alucinações. As alucinações correspondem a atividades corticais que não podem ser diferenciadas das atividades dos sujeitos normais. As tentativas de esclarecer processos mais complexos, delírios, alucinações, distúrbios do humor, são, segundo estes autores, comprometidas pela complexidade dos objetos de estudo. O fato é que eles devem admitir: as pesquisas dizem muito sobre o funcionamento do cérebro, e nada concludente sobre os processos mentais. A própria metodologia cognitivista adota a ideia de usar sistemas diferentes de conhecimento para vários níveis de problemas. A psicopatologia precisa determinar que níveis de atividades quer estudar e adequar-se a seus próprios propósitos. Esta noção nos sugere a transcendência, característica humana na visão fenomenológica, existencialista. Kimura prefere os conceitos aïda e nin-gen, e estuda os quadros esquizofrênicos como patologia do aïda. A Psicopatologia Fundamental propõe tarefas no campo da: Delimitação teórica entre as diversas disciplinas envolvidas no campo de psicopatologia; teorização do papel dos modelos e paradigmas no campo da psicopatologia; resgatar a dimensão subjetiva no estudo dos sofrimentos psíquicos (Pereira, 1996). Pretende situar-se como uma nova disciplina, dialogando com a abordagem empírica das classificações oficiais atuais. O delirante não consegue mais comunicar-se com o outro. Não consegue adaptar-se às necessidades do interlocutor e fornecer-lhe argumentos aceitáveis, recorre a explicações que não decorrem das suas experiências anteriores. Seus sofrimentos são atribuídos a perseguições, a inimigos, máquinas, forças sobrenaturais. Sua própria identidade é alterada, já que não consegue atingir, com seus atos, os objetivos que se propõe, os delirantes constituem seu mundo não com elementos obtidos pelas suas experiências passadas: adotam as explicações fornecidas pelas crenças comuns, pelas mídias. O conteúdo modifica-se com os momentos da cultura. Ser Deus, ter poderes sobrenaturais, é uma forma de delirar presente nas observações clínicas ao longo do tempo. 
Texto 2 - Transtornos da personalidade
Personalidade pode ser definida de modo sucinto como as características individuais que correspondem a um padrão persistente de emoções, pensamentos e comportamentos. Os traços da personalidade têm consequências, no sentindo de que suas características estão associadas a uma variedade importante de indicadores nos níveis individual, interpessoal e social, tais como: felicidade, saúde física e psicológica, espiritualidade e identidade; qualidade das relações familiares, escolhas amorosas, satisfação e desempenho, envolvimento na comunidade, atividade criminosa, e ideologia política. Partir disso, um transtorno da personalidade (TP) pode ser caracterizado como “padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo”, é difuso e inflexível, começa na adolescência ou início da fase adulta, é estável ao longo do tempo e leva a sofrimento ou prejuízo. É comum que pessoas com TP tenham um repertório limitado de emoções, atitudes e comportamentos para lidar com os problemas e estresse da vida cotidiana, apresentando respostas desadaptativas que levam ao sofrimento e/ou prejuízos a si ou aos outros. A definição anteriormente descrita de TP se aplica, de modo geral, aos dez tipos vigentes de categorias diagnósticas específicas, reunidos em três grupos, com base em semelhanças descritivas. O grupo A é referente aos TP do tipo paranoide, esquizoide e esquizotípico, que compartilham características identificadas em indivíduos excêntricos e esquisitos, O grupo B constitui-se dos antissociais, histriônicos, narcisistas e borderlines; estereótipos de indivíduos dramáticos, emotivos e erráticos., O grupo C engloba as personalidades evitativas, dependentes e obsessivo-compulsivas, que correspondem aos indivíduos com perfil ansioso e medroso. Conceito de TP sofreu deslocamentos diversos até chegar à concepção atualmente adotada. Na Antiguidade a teoria humoral de Hipócrates, posteriormente aperfeiçoada por Galeno, foi responsável pela interface que levou em conta os tipos da personalidade e o substrato orgânico do indivíduo. De acordo com esta teoria, os indivíduos eram categorizados como sanguíneos, fleumáticos, melancólicos ou coléricos a partir da disposição de seus humores corporais. Partir de 1952, com a publicação do primeiro Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) pela Associação Americana de Psiquiatria (APA). Nessa versão inicial, as patologias da personalidade tiveram breves descrições e incluíram um amplo campo diagnóstico para o TP antissocial, com subtipos como desvios sexuais, alcoolismo, dependência de drogas e reações dissociais. Nas versões subsequentes, descritores para os dez tipos de TP e foram incorporados e as definições estabelecidas. Mas foi a partir da década de 80, com a publicação do DSM-III, que foi elaborado um sistema diagnóstico, à teórico e categórica, baseado em critérios diagnósticos consistentes com o diagnóstico médico contemporâneo, que incorpora evidências científicas, epidemiologia e discussão de potencial etiopatogenia. Estima-se que 9 a 15% dos adultos apresentem ao menos um transtorno da personalidade. Dados internacionais apontam que estes TP se encontram mais presente em áreas urbanas e em indivíduos que estão em contato constantemente com os serviços de saúde. Considerados os pacientes em tratamento psiquiátrico, a prevalência de TP é variável entre os estudos, sendo considerada a proposta mais consistente, a estimativa de 45 a 51%. O diagnóstico é dificultado em parte pela própria natureza dossintomas, pouco diferenciados e com fronteiras menos nítidas com a normalidade, e pela necessidade de uma avaliação longitudinal e em vários contextos. Além disso, muitas das características consideradas para o diagnóstico são egossintônicas, ou seja, o indivíduo tem um insight limitado da natureza de suas dificuldades. Sendo assim, em geral, não identifica ou não se incomoda com o que considera componentes de “seu jeito de ser”, e por isso não há iniciativa para procurar ou há resistência para uma avaliação clínica e tratamento especializado. Observado que pacientes com TP tendem a ser atendidos em períodos de crise ou em decorrência de sintomas de depressão, ansiedade e problemas relacionados ao uso de substâncias psicoativas, que representam comorbidades muito prevalentes. Características que, no entanto, emergem ou se acentuam frente a estressores situacionais específicos e estados mentais transitórios (que ocorrem como sintomas de outros transtornos mentais ou como manifestação do uso de drogas) devem ser diferenciados de traços disfuncionais persistentes e generalizados que constituem o TP, e que, em geral, estão presentes desde o final da adolescência e início da vida adulta.
Texto 3- Características básicas do transtorno de ansiedade generalizada
A preocupação persistente e excessiva é a característica principal do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), porém essas preocupações são acompanhadas de sintomas físicos relacionados à hiperatividade autonômica e a tensão muscular. Entre esses sintomas são comuns a taquicardia, sudorese, insônia, fadiga, dificuldade de relaxar e dores musculares. As preocupações não se restringem a uma determinada categoria, mas são generalizadas, excessivas, por vezes envolvendo temas que não preocupam a maioria das pessoas e de difícil controle. Para o diagnóstico, é importante, também, que esses sintomas causem uma interferência no desempenho da pessoa ou um sofrimento significativo. O TAG é um dos transtornos psiquiátricos mais subdiagnosticados. Raramente os pacientes procuram diretamente um profissional de saúde mental, preferindo o clínico geral ou médicos de outras especialidades. A queixa predominante é de sintomas físicos vagos e que não caracterizam uma enfermidade bem definida. Os pacientes com depressão costumam ser mais críticos com relação a sua própria atuação em eventos do passado, enquanto os pacientes com TAG tendem a se preocuparem com eventos futuros. O TAG e em particular a preocupação têm sido associadas à hipertensão arterial e a problemas cardíacos.
Patogênese: Os estudos com gêmeos não são conclusivos quanto a uma hereditariedade específica do TAG, embora existam evidências de uma predisposição herdada comum para TAG, depressão e traços de personalidade do tipo “neuroticismo”. Os fatores psicológicos e ambientais parecem ter um papel relevante na patogênese do TAG. Pacientes com TAG colocam muita atenção em estímulos ameaçadores e tendem a interpretarem estímulos ambíguos como ameaçadores. Apresentam, mais frequentemente características de personalidade com timidez e neuroticismo. Em geral o TAG está associado aos eventos de vida indesejáveis ou traumáticos. 
 Tratamento: A terapia farmacológica pode ser associada ao manejo psicoterápico, mas nunca deve ser utilizada como única abordagem terapêutica. Como o componente psicológico e fatores ambientais têm um papel muito significativo na gênese do TAG, a abordagem psicoterápica, num sentido amplo, é prioritária no tratamento desse transtorno. De uma maneira bem geral e simplista poderíamos dizer que a TCC procura desenvolver habilidades cognitivas que permitam ao paciente lidar melhor com algumas características muito frequentes no TAG, como: avaliação negativa e catastrófica de eventos, baixa tolerância com situações ambíguas e entre outros. Deve-se ressaltar que psicoterapias estruturadas, entre elas a TCC, para terem êxito, implicam em algumas precondições do paciente, tais como: alto grau de motivação, capacidade de auto-observação, disponibilidade de tempo e outros recursos. A terapia farmacológica deve ser considerada, em conjunto com a abordagem psicoterápica, quando o grau de sofrimento do paciente e a interferência dos sintomas sobre a sua vida assim o exigirem.
Texto 4- Transtorno de Ansiedade
São manifestações patológicas de ansiedade que ocorrem de diferentes formas, com características que configuram os vários tipos de transtornos de ansiedade. A ansiedade pode ser uma reação normal a estímulos desestabilizadores ou que possam aterrorizar as pessoas. Essa reação pode ocorrer com sintomas psicológicos, como apreensão, desconforto, medos diversos, e também com sintomas físicos. Quando a ansiedade ocorre sem que existam motivos objetivos, reais e proporcionais para isso, dizemos que ela é patológica. Nos transtornos de ansiedade as pessoas não perdem a capacidade para distinguir o que é real do que é imaginado, mas não conseguem controlar seus sintomas. Elas reconhecem que o que sentem não é justificável em face do que está acontecendo em suas vidas e muitas vezes não conseguem entender o que acontece com elas. Não se sabe ainda com certeza quais são as causas e mecanismos fisiopatológicos da ansiedade, mas já se sabe que fatores biológicos são muito importantes e, em muitos casos, são os principais determinantes dos quadros de sintomas. Principais sintomas dos transtornos de ansiedade Transtorno de pânico: ocorre por meio de repetidos ataques de pânico, em que as pessoas podem ter a sensação de colapso físico ou medo de morte iminente, com palpitações, taquicardia, suor excessivo, tremores, falta de ar e etc. Transtornos fóbicos: Agorafobia; Fobia; Fobia social; Transtorno obsessivo-compulsivo; Transtorno de estresse pós-traumático; Transtorno de ansiedade generalizada; Transtornos associados ou comorbidades. Diagnóstico: Ansiedade é um estado emocional, um sentimento inerente ao ser humano. Essas reações emocionais são importantes para o ser humano que, dessa forma, se prepara para lidar melhor com essas condições. Entretanto, em alguns casos, reações de medo e ansiedade podem ocorrer de forma tão intensa e constante que causam um sofrimento enorme ao acometido e prejuízo em sua capacidade de lidar com seu trabalho, estudo, família etc. A base principal para o tratamento dos transtornos ansiosos é a psicoterapia. O uso de fármacos é muito frequente e é em geral muito eficaz, porém, o seu uso pode trazer efeitos adversos e, em alguns tipos de fármacos, risco de dependência. A melhor estratégia ainda é associar psicoterapia com farmacoterapia, de forma coordenada, com o objetivo de adquirir habilidades psicológicas com a psicoterapia para lidar com a ansiedade patológica, aliada à facilitação que ocorre com a ação dos fármacos, diminuindo em pouco tempo a intensidade dos sintomas ansiosos e trazendo mais alívio e qualidade de vida em menos tempo. Tratamentos e apoio: família, amigos, associações: Para além do tratamento médico e psicoterapêutico, deve-se destacar a importância da participação da família e dos amigos no tratamento dos transtornos de ansiedade. Em linhas gerais, a família pode ajudar com as seguintes atitudes: informar-se sobre o transtorno e seu tratamento, mostrar interesse em aprender junto do doente, trocar ideias sobre esse aprendizado, ter paciência com as manifestações do quadro, não querer “apressar” a melhora antes do tempo. É importante reconhecer os progressos parciais obtidos ao longo do tratamento, evitar comentários críticos e preconceituosos em relação ao comportamento do portador, ajudar a construir um ambiente familiar harmônico.Transtornos Neuróticos: A distinção neuroses e psicoses foi, durante muito tempo, um divisor de águas no campo do sofrimento humano. Neurose, um termo que nasce e se desenvolve a partir da psicanálise. As neuroses consistem, assim, naquelas alterações caracterizadas por um aumento de intensidade das “estranhezas” próprias a todo ser humano, uma amplificação das reações que até certo grau são consideradas normais. Divisão da neurose: De forma geral, a neurose foi dividida nos manuais da seguinte forma: Transtornos dissociativos, somatoformes, Transtorno obsessivo-compulsivo, Transtornos fóbicos. Angústia: A angústia é a marca fundamental das neuroses. A etiologia e o desenvolvimento desses transtornos tendem a estar diretamente relacionado a uma certa forma de lidar com ela. Já na psicose, a angústia pode estar presente, e de fato está muitas vezes, mas ela não parece constituir a questão central, nem a origem nem o centro do problema; não se enlouquece verdadeiramente de angústia. 
Texto 5- Histeria, transtornos somatoformes e sintomas somáticos: as múltiplas configurações do sofrimento psíquico no interior dos sistemas classificatórios
A histeria não foi algo que ocupou apenas os clínicos gerais e psicanalistas, mas também pelo menos psicólogos, psiquiatras e neurologistas. No quadro de cada especialidade, o tipo de entendimento para aquele fenômeno e a maneira de referir-se a ele de forma direta ou indireta variou. Por exemplo: doença cerebral primitiva, idiopática e não simpática, psicastênico, histereopilepsia, histeria traumática, psicose histérica, sintomas somáticos, entre outros. Além das formas populares de nomear os fenômenos que envolviam algum tipo de comportamento ou modo de pensar exagerado, esses acontecimentos eram nomeados como frescuras e pitis nervosos e/ou histéricos. Cabe reiterar que se o nome da histeria foi sendo alterado, principalmente pela psiquiatria, as maneiras de identificar e estabelecer o diagnóstico também sofreram variação. A histeria, segundo Freud, decorre de uma experiência traumática, isto é, de um excesso de energia descarregado de modo insatisfatório, escoando-se para o corpo por meio de um sintoma corporal. A proposta de Farr, apresentada no I Congresso Internacional de Estatística em Bruxelas (1853), ofereceu uma divisão dos dados em cinco grupos: doenças epidêmicas, doenças constitucionais, doenças com a localização anatômica, doenças do desenvolvimento e doenças decorrentes de algum evento traumático. A sua elaboração, junto à contribuição de outros colegas resultou em um produto final com 139 rubricas quanto à localização anatômica, corrigida e adaptada em 1864, 1874, 1880 e 1886. A interferência do psíquico sobre o corpo permanece como fundamental para a determinação desse diagnóstico, mas pode-se indagar: o que teria ocorrido para que essas duas palavras desaparecessem? Ainda que na revisão anterior o termo neurose tenha desaparecido como diagnóstico, ele pode ser observado, na oitava revisão, como nome de uma categoria que serve para localizar: "ansiedade fóbica, histérica, obsessivo-compulsiva, depressiva e hipocondríaca". Na descrição dos transtornos mentais consta que a sua identificação é feita por meio de experiências subjetivas, ou seja, o clínico deve reunir as impressões que teve na entrevista e o relato trazido pelo paciente acerca de suas sensações sintomáticas. Ressalta-se a importância de observar tais aspectos nas consultas, uma vez que o diagnóstico psiquiátrico é feito sem a contribuição concreta de exames, somente por possíveis constatações de comportamentos alterados. Há um novo capítulo acerca dos "transtornos neuróticos, transtornos da personalidade e outros transtornos mentais não psicóticos", no qual os transtornos neuróticos são definidos por não possuírem base orgânica evidente. Estão presentes fenômenos de "dissociação" e quadros "conversivos". Pertencem ao grupo: astasia-abasia histérica, histeria sem outra especificação (SOE), histeria de conversão, neurose de renda, personalidade múltipla, reação de conversão, reação ou estado dissociativo, síndrome de Ganser (histérica). Na categoria de "fatores psíquicos associados a doenças classificadas em outra parte", reconhece-se a questão mental como determinante na etiologia das doenças físicas e o quadro vem acompanhado de componentes como aflição, medo e conflito. O termo neurose foi mantido, de maneira ocasional, por exemplo, na classe dos "transtornos neuróticos, relacionados ao estresse e somatoformes". Em seu lugar, optou-se pelo termo "dissociativo", que contempla tanto o quadro dissociativo em si quanto os quadros conversivos, identificados na classe geral de "transtornos neuróticos, estresse e somatoformes", geralmente relacionados a eventos traumáticos, problemas sem resolução ou intoleráveis para o paciente. A histeria faz aflorar os limites das teorias, contribuindo para que se prossiga numa escrita (sem fim) não só da doença, mas também de um fenômeno social que mobiliza práticas de leitura (observação), investimentos de classificação e luta pela legitimidade de dar a explicação mais plausível do problema. Apesar das críticas a esses dois modelos de nomeação do sofrimento psíquico, até o momento não foi elaborado outro instrumento de tanto alcance no campo médico científico e que fosse empregado por diversos profissionais. Apesar do não reconhecimento explícito dos editores, identifica-se, na última revisão do DSM, um retorno às problemáticas psicológicas que passam a desempenhar um importante papel na configuração do transtorno. 
Texto 6- Transtornos Neuróticos
Uma certa época de hegemonia das ideologias no mundo, fez a psiquiatria levou esse termo, neurose, a ser intensamente utilizado para designar aquelas alterações e transtornos não marcados por uma ruptura radical com a normalidade. As neuroses consistem, assim, naquelas alterações caracterizadas por um aumento de intensidade das “estranhezas” próprias a todo ser humano, uma amplificação das reações que até certo grau são consideradas normais. Justifica a não utilização do termo histeria pelas suas variações semânticas ao redor do mundo, preferindo dividi-la em transtornos dissociativos e somatoformes. Esquizofrenia que as psicoses, por outro lado, são marcadas exatamente por uma estranheza radical em relação aos fenômenos das normalidades, enquanto as neuroses são “rastreáveis”, compreensíveis em seus sintomas. Já na psicose, a angústia pode estar presente, e de fato está muitas vezes, mas ela não parece constituir a questão central, nem a origem nem o centro do problema; No que diz respeito às neuroses, é possível definir os transtornos a partir de alguns binômios, tais como: difusa ou concentrada em algum objeto, objeto socialmente aceito como angustiante ou não, objeto localizado dentro ou fora do corpo. Inicialmente descrita como fobia de lugares abertos, seus traços foram ampliados incluindo atualmente medo de multidões, de se afastar de casa e outros. Nota-se que, nesse caso, o objeto fóbico é muito pouco definido e angústia é muito pouco localizável, o que traz grandes transtornos ao funcionamento social e leva, quase invariavelmente, o indivíduo aos médicos e psicólogos, a ansiedade deve estar restrita a pelo menos duas das seguintes situações: multidões, lugares públicos, viajar para longe de casa e viajar sozinho; Fobias sociais: relacionadas a situações sociais, tais como falar ou comer em público ou expor-se ao sexo oposto. Caracterizado pode forte sentimento de angústia acompanhados de diversas reações fisiológicas, tais como palpitações, sudorese, tontura, dores no peito e frequente sensação de morte iminente. Para o transtorno de pânico seja caracterizado, segundo a CID, é necessário que vários ataques de pânico tenham ocorrido ao longo de um mês, além de terem os seguintes traços:•A traço principal é a presença persistente e duradoura de sentimento de ansiedade não relacionado ou restrito a nenhuma situação específica, Os sintomas devem se apresentar quase todos os dias ao longo de algumas semanas ou meses além de terem as seguintes características: A traço principal é a presença persistente e duradoura de sentimento de ansiedade não relacionado ou restrito a nenhuma situação específica. A CID ressalta a frequente ocorrência do transtorno depressivo paralela ao transtorno obsessivo compulsivo, o que pode eventualmente tornar difícil o estabelecimento do diagnóstico primário atividades individuais, Caracterizam-se pela apresentação repetida de sintomas físicos seguidos de recorrentes tentativas de investigações médicas por parte dos pacientes que tendem a recusar a ideia de que não há qualquer disfunção orgânica que possa explicá-los. Outros Transtornos neuróticos, descritos pelas CID são: Neurastenia, Síndrome de despersonalização-desrealização, outros transtornos neuróticos especificados, Transtorno neurótico não especificado. Neurastenia: Categoria tradicional, marcada por variações culturais, a neurastenia é mantida na CID sob a justificativa de acolher diversas manifestações consideradas patológicas que não se encaixa em qualquer outra categoria. Queixas persistente e angustiante de fadiga após esforço mental, ou exaustão corporal após esforço mínimo, pelo menos dois dos seguintes: dores musculares, tonturas, cefaleias tensionais, perturbação do sono, incapacidade de relaxar, irritabilidade e dispepsia. Classificações CID 10: F40 Transtornos fóbicos-ansiosos; F41 Outros transtornos de ansiedade; F42 Transtorno obsessivo- compulsivo; F43 Reação a stress grave e transtorno de ajustamento; F44 Transtornos dissociativos (ou conversivos); F45 Transtornos somatoformes; F48 Outros transtornos neuróticos.
Texto 7 Manual transtorno mentais
Uma breve história das doenças mentais desde que as pessoas se reconhecem enquanto pessoas, existe a percepção de comportamento normal, padrão e comportamento desviante. Com a influência do cristianismo na cultura ocidental, esses mesmos comportamentos passaram a ser vistos como sendo negativos e influenciados por demônios. Como a Igreja tinha bastante influência na sociedade, essas pessoas eram ou abandonadas por estarem possuídas ou eram levadas a igrejas para serem exorcizadas. No final da idade média e início do Renascimento, eles eram chamados de loucos e muitas vezes eram trancados com criminosos para afastar suas influências das pessoas ditas normais. Com o tempo e o avanço da medicina, começou-se a perceber que esses “loucos” não possuíam só comportamento desviante, mas apresentavam sintomas claros que se repetiam em várias pessoas. Sigmund Freud, por exemplo, com ajuda de Jean-Martin Charcot, utilizou inicialmente a hipnose para mostrar que a histeria, doença até então misteriosa que afetava principalmente mulheres e causava paralisias entre outros sintomas, era uma doença psicogênica, ou seja, de origem psicológica ou mental. Carl Jung, psiquiatra suíço que trabalhou no hospital psiquiátrico de Burgholzli na suíça, mostrou através de testes de associação de palavras a existência de complexos autônomos reprimidos e inconscientes, comprovando assim a tese de Freud. Ele também contribuiu no desenvolvimento do diagnóstico de esquizofrenia, elaborado por seu professor e mentor Eugene Bleuler, doença até então chamada de demência precoce. Com todas as classificações de loucura da medicina e de retardo mental da psicologia, o século XX trouxe muitos estigmas às pessoas que traziam tais rótulos. Inclusive alguns problemas físicos com efeitos no comportamento e na inteligência, como o hipotireoidismo também chamado de cretinismo, foram responsáveis por estigmatizar várias pessoas. Atualmente, chegou-se em um consenso de utilizar o termo “transtorno mental” ou “distúrbio mental”, para dez estigmatizar essas condições psicológicas. Por isso evita-se utilizar expressões como “o esquizofrênico” ou “o alcoólatra” e utilizam-se termos como “a pessoa com esquizofrenia” ou “o paciente que sofre de alcoolismo”. Sistemas de classificação e diagnóstico Um dos papéis da ciência é desenvolver sistemas de classificação de seus objetos de estudo, para facilitar a aproximação do cientista. Eles são somente modelos para auxiliar o profissional da área da saúde e deve ser visto como um mapa, um guia e não o território. Os transtornos e distúrbios mentais não existem de fato, somente um agrupamento pragmático de manifestações que chamamos de sintomas. DSM-IV classifica os diferentes transtornos mentais nos seguintes grupos: Transtornos usualmente diagnosticados na lactância, infância e adolescência, como os retardos mentais e distúrbios de aprendizagem; Transtornos Relacionados a Substâncias, como abuso de álcool ou dependência de drogas, ou ainda transtornos induzidos por uso de substância como abstinência de nicotina ou demência alcoólica; CID-10, em seu capítulo 5 (F) dedicado aos transtornos mentais e de comportamento, classifica-os da seguinte forma:
1)	Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos (F00-F09), como Alzheimer, demência vascular ou transtornos mentais devido a lesão cerebral ou doença física; 
2)	Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa (F10-F19), como uso de álcool ou múltiplas drogas; 
3)	Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o “stress” e transtornos somatoformes (F40-F48), como transtorno obsessivo-compulsivo ou transtorno de estresse pós-traumático; 
4)	Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas e a fatores físicos (F50-F59), como os transtornos alimentares ou disfunções sexuais ou de sono causados por fatores emocionais; 
5)	Transtornos do desenvolvimento psicológico (F80-F89), como transtornos relacionados à linguagem ou ao desenvolvimento motor; 
6)	Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência (F90-F98), como distúrbios de conduta ou transtornos hipercinéticos;

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