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9-Teoria da História-1a6

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Prévia do material em texto

1
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Teoria da HisTória
SUMÁRIO
TEORIA DA HISTÓRIA
2
Teoria da HisTória
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
A Faculdade Multivix está presente de norte a sul 
do Estado do Espírito Santo, com unidades em 
Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova 
Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. 
Desde 1999 atua no mercado capixaba, des-
tacando-se pela oferta de cursos de gradua-
ção, técnico, pós-graduação e extensão, com 
qualidade nas quatro áreas do conhecimen-
to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem-
pre primando pela qualidade de seu ensino 
e pela formação de profissionais com cons-
ciência cidadã para o mercado de trabalho.
Atualmente, a Multivix está entre o seleto 
grupo de Instituições de Ensino Superior que 
possuem conceito de excelência junto ao 
Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui-
ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram 
notas 4 e 5, que são consideradas conceitos 
de excelência em ensino.
Estes resultados acadêmicos colocam 
todas as unidades da Multivix entre as 
melhores do Estado do Espírito Santo e 
entre as 50 melhores do país.
 
MissÃo
Formar profissionais com consciência cida-
dã para o mercado de trabalho, com ele-
vado padrão de qualidade, sempre mantendo a 
credibilidade, segurança e modernidade, visando 
à satisfação dos clientes e colaboradores.
 
VisÃo
Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci-
da nacionalmente como referência em qualidade 
educacional.
GRUPO
MULTIVIX
3
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Teoria da HisTória
SUMÁRIO
BiBLioTeCa MULTiViX (dados de publicação na fonte)
As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com
Souza, Daniel Leão de.
Teoria da História / Daniel Leão de Souza; Andrezza Kelly Lisoba Fernandes . – Serra: Multivix, 2018.
ediToriaL
Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra
2018 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
FaCULdade CaPiXaBa da serra • MULTiViX
Diretor Executivo
Tadeu Antônio de Oliveira Penina
Diretora Acadêmica
Eliene Maria Gava Ferrão Penina
Diretor Administrativo Financeiro
Fernando Bom Costalonga
Diretor Geral
Helber Barcellos da Costa
Diretor da Educação a Distância
Pedro Cunha
Conselho Editorial
Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente 
do Conselho Editorial)
Kessya Penitente Fabiano Costalonga
Carina Sabadim Veloso
Patrícia de Oliveira Penina
Roberta Caldas Simões
Revisão de Língua Portuguesa
Leandro Siqueira Lima
Revisão Técnica
Alexandra Oliveira
Alessandro Ventorin
Graziela Vieira Carneiro
Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo
Carina Sabadim Veloso
Maico Pagani Roncatto
Ednilson José Roncatto
Aline Ximenes Fragoso
Genivaldo Félix Soares
Multivix Educação a Distância
Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico
Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial
Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia
Direção EaD
Coordenação Acadêmica EaD
4
Teoria da HisTória
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
Aluno (a) Multivix,
Estamos muito felizes por você agora fazer parte 
do maior grupo educacional de Ensino Superior do 
Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a 
Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional.
A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei-
ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, 
São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, 
no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de 
cursos de graduação, pós-graduação e extensão 
de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: 
Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo-
dalidade presencial quanto a distância.
Além da qualidade de ensino já comprova-
da pelo MEC, que coloca todas as unidades do 
Grupo Multivix como parte do seleto grupo das 
Instituições de Ensino Superior de excelência no 
Brasil, contando com sete unidades do Grupo en-
tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa-
-se bastante com o contexto da realidade local e 
com o desenvolvimento do país. E para isso, pro-
cura fazer a sua parte, investindo em projetos so-
ciais, ambientais e na promoção de oportunida-
des para os que sonham em fazer uma faculdade 
de qualidade mas que precisam superar alguns 
obstáculos. 
Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: 
“Formar profissionais com consciência cidadã para o 
mercado de trabalho, com elevado padrão de quali-
dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança 
e modernidade, visando à satisfação dos clientes e 
colaboradores.”
Entendemos que a educação de qualidade sempre 
foi a melhor resposta para um país crescer. Para a 
Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o 
mundo à sua volta.
Seja bem-vindo!
APRESENTAÇÃO 
DA DIREÇÃO 
EXECUTIVA
Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina 
diretor executivo do Grupo Multivix
5
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Teoria da HisTória
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Caro aluno(a), seja muito bem-vindo! 
Nós, acreditamos profundamente na importância do processo educativo como um 
motor para transformações positivas em relação ao indivíduo e ao mundo! Por isso, 
produzimos um material didático de fácil compreensão e com aquilo que há de mais 
atual sobre o assunto. No decorrer das Unidades, apresentamos alguns autores, obras, 
filmes e outros recursos para facilitar o processo de ensino aprendizagem. Além de 
fornecermos conteúdos em suportes diversos que fomentam o aprendizado. 
Até o final desta disciplina, você será capaz de identificar e caracterizar as diversas 
perspectivas teórico-metodológicas que se desenvolveram e se transformaram com 
o passar do tempo; será capaz de realizar análises utilizando as teorias/metodologias 
contemporâneas; e dominará os conceitos básicos pertinentes ao conteúdo.
Essa disciplina é de extrema importância para a formação profissional, tanto para 
pesquisa quanto para a licenciatura, por estar aliada ao desenvolvimento intelectual 
e crítico dos estudantes. Porém, para que cheguemos até o final com um resultado 
satisfatório, é imprescindível que haja disciplina e entrega. A realização das atividades 
propostas, a leitura dos textos/obras da bibliografia básica e complementar, o acesso 
ao material indicado no corpo do texto e a participação no fórum, são essenciais para 
que você faça essa disciplina e este Curso com qualidade! Afinal, ninguém escolhe 
esta formação sem que seja completamente apaixonado por ela. 
Contamos com a efetiva participação e dedicação de todos e desejamos uma leitura 
cheia de aprendizado!
6
Teoria da HisTória
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
Objetivos da disciplina
Identificar e descrever conceitos chave para o estudo da História (como os de: Mito, 
Ciência, Narrativa, fonte, fato, processo, tempo, sujeito, entre outros).
Analisar as transformações teórico-metodológicas na escrita da História.
Diferenciar as perspectivas histórico-metodológicas estudadas durante o Curso (His-
toricismo, Positivismo, Materialismo Histórico, Escola Metódica, Nova História, entre 
outras).
Analisar o contexto atual e como ele interfere na forma de se escrever história.
Avaliar as perspectivas para a escrita da História e para o estudo da Teoria da História.
7
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Teoria da HisTória
SUMÁRIO
 > FIGURA1 - Representação grega de um ser mitológico 15
 > FIGURA 2 - Indígenas reunidos ao redor da 
fogueira contando histórias. 16
 > FIGURA 3 - Contação de histórias ao redor da fogueira 17
 > FIGURA 4 - O caronte 19
 > FIGURA 5 - Sereia grega 20
 > FIGURA 6 - Elementos associados a objetividade 
das ciências naturais 23
 > FIGURA 7 - Elementos associados a subjetividade 
das ciências humanas 24
 > FIGURA 8 - Heródoto e Tucídides 35
 > FIGURA 9 - Figura 3: Símbolos da história 37
 > FIGURA 10 - Tempo 39
 > FIGURA 11 - Arqueologia. 40
 > FIGURA 12 - Explosão da bomba atômica em Hiroshima, Japão. 44
 > FIGURA 13 - Resistência 47
 > FIGURA 14 - Rosto humano 62
 > FIGURA 15 - Livro antigo 63
 > FIGURA 16 - Nicolau Maquiavel 64
 > FIGURA 17 - Enciclopédia 67
 > FIGURA 18 - Jean Jacques Rosseau 69
 > FIGURA 19 - Auguste Comte 73
 > FIGURA 20 - Georg Wilhelm Friedrich Hegel 77
 > FIGURA 21 - Karl Marx 78
 > FIGURA 22 - Ilustrativa – Bandeira da Alemanha 85
 > FIGURA 23 - Ilustrativa – Bandeira da Alemanha 86
 > FIGURA 24 - Ilustrativa – Biblioteca antiga – 
Registros escritos e fontes oficiais 88
 > FIGURA 25 - Ilustrativa – “Ciências do espírito” 90
LisTa de FiGUras
8
Teoria da HisTória
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
 > FIGURA 26 - Ilustrativa – desigualdade social. 92
 > FIGURA 27 - Representações culturais - DANÇA 126
 > FIGURA 28 - Representações culturais – RELIGIOSIDADE 126
 > FIGURA 29 - Representações culturais - ENCONTRO 127
9
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Teoria da HisTória
SUMÁRIO
sUMÁrio
1UNIDADE 1 MiTo, NarraTiVa e HisTória 14
1.1 MITO 14
1.1.1 NARRATIVA MÍTICA 16
1.1.1.1 TRADIÇÃO ORAL 16
1.1.1.2 ESCRITA MÍTICA 18
1.2 HISTÓRIA COMO CIÊNCIA 22
1.2.1 NARRATIVA HISTÓRICA 26
CoNCLUsÃo 31
2 o HisToriador 35
2.1 FUNÇÃO 38
2.1.1 FERRAMENTAS E DISCIPLINAS AUXILIARES 40
2.2 O RECONHECIMENTO DA PROFISSÃO DE HISTORIADOR 41
2.3 HISTORIADOR X PROFESSOR 41
2.4 ACONTECIMENTO E CONHECIMENTO HISTÓRICO 42
2.4.1 FATO HISTÓRICO 42
2.4.2 PROCESSO HISTÓRICO 45
2.4.3 SUJEITOS HISTÓRICOS 47
2.5 O TEMPO 49
2.5.1 TEMPO CRONOLÓGICO X TEMPO HISTÓRICO 49
CoNCLUsÃo 52
3 HisTorioGraFia 56
3.1 A FASE PRÉ-CIENTÍFICA 57
3.1.1 A HISTÓRIA NA ANTIGUIDADE 57
3.2 A VISÃO TEOLÓGICA DA HISTÓRIA 59
3.3 A HISTÓRIA HUMANISTA 61
3.3.1 A HISTÓRIA EM TRANSIÇÃO 65
3.3.2 HISTORIOGRAFIA RACIONALISTA 66
3.3.3 HISTORIOGRAFIA ROMÂNTICA/LIBERAL 69
3.4 A FASE CIENTÍFICA DA HISTÓRIA 71
2UNIDADE
3UNIDADE
10
Teoria da HisTória
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
3.4.1 HISTORIOGRAFIA POSITIVISTA 72
3.4.2 HISTORIOGRAFIA HISTORICISTA 75
3.4.3 HISTORIOGRAFIA MATERIALISTA 75
3.4.4 A HISTÓRIA DOS ANNALES 78
CoNCLUsÃo 80
4 esCoLas e ParadiGMas HisTorioGrÁFiCos do sÉCULo XiX 83
4.1 ESCOLAS HISTORIOGRÁFICAS 83
4.2 ESCOLA FILOSÓFICA X ESCOLA HISTÓRICA 84
4.2.1 POSITIVISMO E ESCOLA METÓDICA 85
4.2.1.1 POSITIVISMO ALEMÃO 86
4.2.1.2 ESCOLA METÓDICA 88
4.2.2 ESCOLA HISTORICISTA 89
4.2.3 ESCOLA MATERIALISTA 92
CoNCLUsÃo 94
5 a esCoLa dos aNNaLes 97
5.1 ANNALES; UM PANORAMA GERAL 97
5.1.1 O QUE FOI? 98
5.1.2 PERSPECTIVAS HISTORIOGRÁFICAS HERDADAS; 
100
5.2 A PRIMEIRA GERAÇÃO 102
5.2.1 LUCIEN FEBVRE 103
5.2.2 MARC BLOCH 105
5.3 A SEGUNDA GERAÇÃO 109
5.3.1 HISTÓRIA SERIAL E HISTÓRIA QUANTITATIVA 109
5.3.2 ESTRUTURALISMO NA HISTÓRIA 112
5.3.3 FERNAND BRAUDEL; AS TEMPORALIDADES DA HISTÓRIA 113
CoNCLUsÃo 116
4UNIDADE
5UNIDADE
11
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Teoria da HisTória
SUMÁRIO
6 a NoVa HisTória e as iNCerTeZas do PreseNTe 118
6.1 A TERCEIRA GERAÇÃO DOS ANNALES 118
6.1.1 HISTÓRIA CULTURAL: MENTALIDADES E MICRO-HISTÓRIA 120
6.1.2 RETORNOS: HISTÓRIA POLÍTICA E NARRATIVA 122
6.2 A QUARTA GERAÇÃO DOS ANNALES 124
CoNCLUsÃo 128
GLossÁrio 129
reFerÊNCias 131
6UNIDADE
12
Teoria da HisTória
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
iCoNoGraFia
ATENÇÃO 
PARA SABER
SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR
DICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
GLOSSÁRIO
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
CURIOSIDADES
QUESTÕES
ÁUDIOSMÍDIAS
INTEGRADAS
ANOTAÇÕES
EXEMPLOS
CITAÇÕES
DOWNLOADS
13
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Teoria da HisTória
SUMÁRIO
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos 
que possa:
> Identificar e descrever 
os conceitos de Mito e 
Ciência.
> Identificar e descrever 
o conceito de narrativa 
histórica.
> Analisar as 
transformações 
teórico-metodológicas 
na escrita da história.
> Classificar textos/
obras de acordo 
com as perspectivas 
teórico-metodológicas 
introduzidas nesta 
unidade. 
> Avaliar as várias 
perspectivas históricas 
e sua aplicabilidade na 
contemporaneidade.
UNIDADE 1
14
Teoria da HisTória
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
1 MITO, NARRATIVA E 
HISTÓRIA
Nesta unidade, estudaremos a evolução do pensamento e da narrativa histórica. Ini-
ciaremos nossas discussões com a compreensão do conceito de Mito para, em se-
guida, compararmos a perspectiva mítica com a perspectiva científica da história. 
Neste sentido, utilizaremos como base a análise das narrativas míticas e históricas. 
Poderemos perceber, ao final da leitura, as muitas formas de se conceber e produzir 
a história e suas transformações no tempo e no espaço.
1.1 MITO
Lembrar é preciso!
Fazer história é construir a memória de um povo. O lembrar e o esquecer fazem parte 
desse processo que promove uma identidade comum. Antes que essa construção 
histórica passasse a ser vista como a ciência que é hoje, ela se transformou inúmeras 
vezes. O mito foi uma dessas formas de escrever a “história”.
Vejamos um conceito de mito atribuído por um dicionário filosófico para iniciarmos 
nossos estudos.
Do grego mythos, que significa discurso, narrativa, boato, le-
genda, fábula, apólogo. A palavra “mito” possui diversas acep-
ções. Entre nós, é frequentemente utilizada com o sentido pe-
jorativo: uma narração fabulosa e fictícia, contrária à verdade. 
Neste sentido, “mito” equivale a engano, falsidade. Essa inter-
pretação corresponde a uma mentalidade racionalista, para qual somente 
a razão é capaz de expressar a verdade. Hoje, no entanto, essa visão sim-
plista está inteiramente superada, pois sabemos que muitos dos conheci-
mentos mais profundos e misteriosos são de tipo inconsciente e simbólico. 
Em sentido mais profundo, entende-se por “mitos” as descrições religiosas 
antigas, que expressam os modelos, os arquétipos da ação humana atra-
vés dos atos originários dos “deuses” nos diversos campos. Nesse sentido, 
os mitos são narrações sagradas primitivas, dotadas de grande autoridade 
e normatividade para a vida humana. (Dicionário de Filosofia – on-line: 
Fonte: GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio 
de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]
15
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Teoria da HisTória
SUMÁRIO
Ao se deparar com o título desta unidade e, por conseguinte, com este subtítulo, o 
primeiro impulso é o de criticar. Inicialmente questionamos a necessidade do estudo 
da temática, e quase que por instinto negamos a sua importância para a compreen-
são do mundo e das sociedades humanas. Pensamos ser algo ultrapassado e pouco 
racional, assim como descreve o dicionário, uma ficção, mentira. Porém, o que seria 
de nós, historiadores, se um dia, muito tempo atrás, os indivíduos não tivessem pen-
sado em uma forma de tentar explicar sua origem, os fenômenos naturais, os eventos 
e o comportamentohumano? 
A criação de narrativas mitológicas foi uma necessidade humana. Em um momento 
no qual faltavam ferramentas para a compreensão racional de uma série de eventos, 
a elaboração de mitos se tornou o refúgio e o conforto. Para os gregos, por exemplo, 
os mitos estavam ligados à sua fé, à capacidade de transmitir conhecimento, às ex-
plicações e às maneiras de pensar, sendo caracterizados por sua rica simbologia. Em 
um momento no qual muitas perguntas, hoje banais, ainda não haviam sido respon-
didas, os mitos se tornaram fontes de identidade e unificação cultural. Aquelas eram 
as “histórias” de um povo. 
FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO GREGA DE UM SER MITOLÓGICO
Fonte: shutterstock, 2018.
Assim como os gregos, todas as sociedades humanas se organizaram em torno de 
um mito original que lhes conferia identidade. O caso dos cristãos, hindus, muçulma-
nos, animistas africanos, entre muitos outros, não é diferente. Cada qual com o seu 
mito e sua história.
E foi nessa terra, cheia de deuses, heróis, titãs e outros seres mitológicos que teria 
surgido Heródoto, o primeiro historiador. O mito e a história se dividem por um limiar 
muito tênue e que merece ser estudado e compreendido em toda a complexidade.
16
Teoria da HisTória
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
1.1.1 NARRATIVA MÍTICA
1.1.1.1 TRADIÇÃO ORAL
A narrativa, como vimos, é uma forma de transmitir conhecimentos, produzir e for-
talecer a memória de um povo e, por consequência, é uma forma de trazer unidade 
e identidade. Uma dessas formas de narrativa, que por algum tempo foi desprezada 
pela história, é a oralidade, narrativa oral, ou história oral. Durante o século XIX, para 
diferenciar historiadores profissionais daqueles que não o eram, criou-se um método 
de distanciamento do objeto de análise que relegou à oralidade, que havia ocupado 
um lugar de certo destaque desde a antiguidade, o calabouço da história. 
Existem várias sociedades que ainda apresentam tradição oral, principalmente entre 
povos indígenas e africanos, cuja história, cultura e tradição é passado de geração em 
geração através dos exemplos e da “contação de histórias”.
FIGURA 2 - INDÍGENAS REUNIDOS AO REDOR DA FOGUEIRA CONTANDO HISTÓRIAS.
Fonte: shutterstock, 2018.
17
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Teoria da HisTória
SUMÁRIO
As narrativas míticas tiveram início muito antes da produção da escrita. A transmis-
são de conhecimentos via oralidade fazia parte da cultura de diversos povos, desde 
a pré-história e foi importantíssima para o desenvolvimento destes. O próprio nome 
“pré-história” é resultado do pensamento tradicional do período no qual foi elabora-
da a linha do tempo nos padrões que conhecemos hoje. Esta nomenclatura indica 
que não existia história no período, o que é notoriamente uma informação incorre-
ta. A datação que divide a pré-história da história, na linha do tempo tradicional, é 
exatamente a criação ou desenvolvimento da escrita. Nota-se uma supervalorização 
do documento ou registro escrito em detrimento da narrativa oral, característico do 
século XIX. Essa visão caiu em desuso por sua óbvia inaplicabilidade, porém, manti-
veram-se os limites estabelecidos por estes historiadores tradicionais, por questões 
didático-metodológicas. Vejamos o que afirmou José Carlos Reis ao tratar da história 
em todas as suas formas:
Chartier se diz pronto a reconhecer, com Ricoeur, o pleno pertencimento da 
história, em todas a suas formas, mesmo as mais estruturais, ao campo narra-
tivo. Toda escrita histórica é narrativa (REIS, 2006, p. 141).
É importante percebermos que, além de toda história ser narrativa, como afirmaram 
Roger Chartier, Paul Ricoeur e José Carlos Reis, todo tipo de narrativa é valioso e de-
vemos, como historiadores, atentar para quaisquer dados e evidências sobre um fato 
ou período. Seja uma fonte escrita, oral, imagética, seja material ou imaterial, tudo é 
relevante. As sociedades ocidentais contemporâneas, apesar da predominância da 
cultura escrita, utilizam a tradição oral, e desde a infância até a velhice estamos sem-
pre nos reunindo em círculo para contar e ouvir histórias.
FIGURA 3 - CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS AO REDOR DA FOGUEIRA
Fonte: shutterstock, 2018.
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Teoria da HisTória
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
Saiba mais:
Griot é uma palavra francesa que traduzida para o português 
significa “criado”. Eles são os guardiões das tradições, mitos, 
lendas e histórias em várias das sociedades africanas e são responsáveis 
por transmiti-las por meio da oralidade. Além do passado, esses conta-
dores de histórias também são conselheiros e atuam de forma efetiva no 
mundo contemporâneo, apresentando ao mundo as culturas africanas 
como um meio de valorizar o seu continente.
1.1.1.2 ESCRITA MÍTICA
Uma das mais conhecidas formas de escrita mítica é a dos gregos da antiguidade. Os 
famosos livros do poeta Homero, Ilíada e Odisséia, são considerados o início da litera-
tura narrativa ocidental. Alguns estudiosos afirmam que essas obras são a compilação 
e recomposição de poemas anteriores, de tradição oral. Outros ainda, afirmam terem 
sido escritos por autores diferentes. Como nada foi confirmado, o que nos interessa é 
o modelo narrativo utilizado pelo autor. 
A Ilíada narra a história da Guerra de Tróia, porém, ao utilizar uma trama onde apre-
senta o herói Aquiles como um semideus, um evento no qual descreve a presença 
física de Afrodite e a constante atuação dos deuses, conseguimos perceber o predo-
mínio da utilização de elementos da ficção na obra.
Para que você possa aprofundar os seus estudos e refletir so-
bre narrativa, história e verdade, assista ao filme Troia:
1. Troia (Drama) – Lançado em 2004, direção: Wolfgang Petersen
A Odisséia apresenta ainda mais elementos da mitologia grega antiga. Nesta obra, 
que narra as aventuras do rei de Ítaca, Ulisses, e seu retorno para casa após uma guer-
ra, o autor inclui ciclopes, bruxas, sereias, deuses e outros elementos ficcionais.
Essas obras, apesar de serem poemas épicos, foram, e ainda o são, utilizadas como 
fontes para a compreensão das culturas e histórias da Grécia Antiga.
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SUMÁRIO
Mas por qual motivo escreveriam esse tipo de narrativa?
Homero era poeta, não historiador, mas tudo o que escreveu entrou para a história. 
Com uma narrativa carregada de simbologias, o autor levantou uma série de ques-
tões representativas sobre seu povo. Se Homero inseriu, intencionalmente ou não, 
elementos da mitologia em sua história é porque ele acreditava, ou achava que os 
seus leitores acreditariam. Todo escritor carrega consigo elementos do presente no 
qual escreve. Não sabemos se era seu objetivo criar uma obra fantasiosa, ou se ele 
estava reproduzindo algo do imaginário popular. O que é possível perceber é que 
independente da fé que se professe, essa narrativa mítica está sempre vinculada à 
questão do divino. Da Grécia Antiga ao panteão do Olimpo e suas criações; na Índia, 
até hoje, aos Deuses antropozoomórficos e animais sagrados; no mundo cristão da 
atualidade, e sua bíblia, a um Deus único invisível, seus anjos, milagres e visão escato-
lógica, entre outros. 
As criaturas míticas são fruto de narrativas orais e escritas, vejamos alguns exemplos 
curiosos.
FIGURA 4 - O CARONTE
Fonte: shutterstock, 2018.
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O Caronte era um deus cuja função era transportar as sombras 
dos mortos em uma barca estreita de uma margem a outra dos 
rios Estige e Aqueronte no submundo. Só transportavaaqueles 
que haviam sido sepultados e fornecessem pagamento pela 
travessia. Por isso era costume que os familiares sepultassem os mortos dei-
xando em sua boca ou em seus olhos as moedas exigidas pelo barqueiro.
O Caronte só poderia transportar um mortal vivo, caso ele apresentasse 
um ramo de ouro de uma árvore consagrada por Perséfone. De acordo 
com o mito, Hércules, o semideus, teria conseguido atravessar sem apre-
sentar o ramo exigido, o que teria levado ao exílio do Caronte por um ano. 
O submundo faz parte de uma série de narrativas míticas demonstrando a 
preocupação em relação à vida após a morte.
FIGURA 5 - SEREIA GREGA 
Fonte: shutterstock, 2018.
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SUMÁRIO
As sereias, outro exemplo de ser mítico presente na mitologia 
grega, não são nada parecidas com as imagens que são veicu-
ladas na atualidade. Ao invés da típica cauda de peixe, lhes é 
atribuída a imagem de aves. São três sereias apenas, resultado 
do castigo dos pais de Perséfone. Eram três bruxas que não impediram o 
rapto de Perséfone para o submundo e, por isso, foram condenadas a uma 
vida de servidão. 
Elas carregam consigo instrumentos musicais que utilizam para cumprir 
o contrato de servidão afogando os marinheiros que tentassem passar por 
elas. 
De acordo com o oráculo, as sereias só sobreviveriam se conseguissem de-
ter todos os marinheiros que por elas tentassem passar. O feitiço em suas 
vozes era tão forte que os capturados não pensavam nem em comer, nem 
dormir, esqueciam sua origem e seu destino. 
O mito das sereias também é uma narrativa mítica que mistura realidade 
e ficção. Ulisses da Odisséia, por exemplo, teve muitos problemas com as 
sereias. Ele foi orientado pela deusa Circe a tapar os ouvidos dos mari-
nheiros. Mas, ainda assim, os navios foram atacados pelas sereias que não 
conseguiram seduzir seus companheiros. O próprio Ulisses pediu para ser 
amarrado para que não fosse tentado a se afogar ou algo parecido e con-
seguiu passar pelas sereias.
Como foi possível notar, o Mito e a narrativa mítica são extremamente relevantes para 
o estudo das sociedades humanas, suas culturas, crenças e suas transformações no 
tempo e no espaço. 
Porém, essa não foi a única forma de narrativa. Com o tempo a narrativa mítica deu 
espaço para a narrativa tradicional. Em seguida, a história problema vem para desdi-
zer boa parte daquilo que já havia sido apreendido. Mas a narrativa histórica retorna 
triunfante com a “intriga”.
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A intriga não é imitação idêntica do real, mas uma imitação ciradora. Enquan-
to representação, ela é mais ficcional do que duplicação do vívido. A narrati-
va histórica não representa o que de fato ocorreu. Ela é uma representação 
construída pelo sujeito. Ela se aproxima da ficção. O que controla seu caráter 
ficcional é o fato de a atividade mimética não terminar no texto poético ou na 
obra de histórica. Ela se dirige e se realiza ao espectador ou leitor, ela retorna 
ao vivido. (REIS, 2006. P. 138-139)
De acordo com José Carlos Reis, em seus estudos sobre a narrativa histórica, “[...] o 
fazer histórico é poético. Em ambos, a arte da narrativa retorna como forma profunda 
da escrita da história.” (REIS, 2006, p. 145). Deste modo, escrever história é narrar de 
forma poética, pois, ela é fruto da interpretação que todo indivíduo faz daquilo que 
vê, estuda e escreve.
Você sabe o que é “Teoria da História”? Por acreditarmos ser 
essencial a compreensão deste conceito básico, mas cientes 
da dificuldade vamos simplificar pra você!
De acordo com o autor Ricardo Marques de Mello em seu livro O que é 
Teoria da História? Três significados possíveis, o primeiro desses significa-
dos é: a prática de teorizar o conhecimento produzido pelos historiadores. 
O segundo: é a filosofia da história. O terceiro e último: trata de teorias 
pontuais da história. 
Neste livro, o autor utiliza de embasamento teórico e bibliográfico rico, 
portanto, consideramos indispensável para aqueles que tiverem interesse 
em se aprofundar no assunto trabalhado neste curso, a leitura do mesmo. 
MELLO, Ricardo Marques de. O que é Teoria da História? Três significados 
possíveis. Historia & Perspectivas (UFU), v. 46, p. 365-400, 2012. 
Boa Leitura!
1.2 HISTÓRIA COMO CIÊNCIA
O historiador Marc Bloch definiu a história como “a ciência que estuda os homens no 
tempo”, já integrando esta no rol das disciplinas científicas. A definição sugere, que 
o objeto do estudo histórico é a humanidade. Desta forma, esta disciplina faz parte 
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SUMÁRIO
de uma grande área de conhecimento chamada de ciências humanas. No entanto, a 
cientificidade da história foi contestada ao longo do tempo. 
Mas, afinal de contas, o que caracteriza um conhecimento científico? É comum atri-
buir a esse conhecimento cientificamente construído certa veracidade. Mas ser ver-
dade, ou não, também é associado a critérios de ordem subjetiva, dogmática, intuiti-
va ou pragmática como afirma o historiador Ciro Flamarion Cardoso:
Formas não científicas de decidir se uma dada proposição é verdadeira são, 
entre outras, estas: 1) critério subjetivo: decidir-se sobre a veracidade a partir 
dos gostos e preferências individuais; 2) critério dogmático: segundo um prin-
cípio chamado de autoridade, será verdade o que for compatível com um 
texto, ou um conjunto de textos que, acredita-se, conter verdades infalíveis, 
reveladas ou não – a Bíblia para judeus e cristãos, o Corão para os mulçumanos 
(...) – ou aquilo que pode ser deduzido de tais textos. 3) critério intuitivo: o que 
à primeira vista aceitarmos com grande certeza é verdadeiro, pois a intuição 
é capaz de apreender em forma imediata as premissas básicas da realidade, 
originando assim o conhecimento; 4) critério pragmático: independentemen-
te de qualquer apoio empírico ou racional, considerar-se-á como verdadei-
ro aquilo que for útil ou conveniente para atingir alguma finalidade definida. 
(CARDOSO, 1981, p. 13)
A proposta científica não está baseada nesses critérios. Seu objetivo é a elaboração 
de um conhecimento racional, sistemático, exato, verificável e infalível. Em outras pa-
lavras, uma verdade absoluta. 
FIGURA 6 - ELEMENTOS ASSOCIADOS A OBJETIVIDADE DAS CIÊNCIAS NATURAIS
Fonte: shutterstock, 2018.
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No entanto, a partir do século XIX essa concepção científica é questionada. Um dos 
fatores que explicam essa mudança é a percepção de que as teorias que em um 
determinado contexto eram tidas como verdadeiras são superadas por outras. Mas, 
atenção, nessa perspectiva as teorias mais antigas não são descartadas e sim absor-
vidas pelas mais novas, levando em consideração a parcela de verdade que detêm. 
A ciência como um projeto essencialmente objetivo utiliza-se basicamente do mé-
todo indutivo, caracterizado pela teoria da comprovação, ou refutação de hipóteses. 
Esse método é aplicado às ciências naturais, que buscam a compreensão de elemen-
tos externos à humanidade. Como por exemplo as pesquisas desenvolvidas pela Fí-
sica e Química. Tal fato nos permite diferenciar estruturas e procedimentos das ciên-
cias naturais e humanas, do qual a história faz parte. 
Segundo o filósofo e historiador Wilhelm Dilthey, existem além dos fenômenos na-
turais e físicos, fatores culturais, constituídos por ideologias, visões de mundo e juízos 
de valores distintos (Dilthey; 2010). Assim, esses fatores subjetivos inerentes aos seres 
humanos são premissasindispensáveis para entender suas respectivas condutas. 
FIGURA 7 - ELEMENTOS ASSOCIADOS A SUBJETIVIDADE DAS CIÊNCIAS HUMANAS
Fonte: shutterstock, 2018.
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SUMÁRIO
Dotadas de um empirismo próprio, as ciências da humanidade detêm uma funda-
mentação filosófica autônoma e, portanto, não calcada na lógica, nos métodos e me-
todologias das ciências da natureza. 
Para vocês, estudantes, é relevante perceber que cada perspectiva, individual ou cole-
tiva, é condicionada e limitada à cultura de um determinado contexto histórico. Por 
isso, o conhecimento científico não pode ser entendido como algo imutável. Neste 
caso, apreender o objeto de estudo em sua totalidade é tarefa impossível de ser de-
senvolvida. Não há uma verdade absoluta, mas sim, interpretações relativas (Dilthey; 
2010).
Para finalizar a discussão sobre as características que norteiam o trabalho científico 
é importante destacar o que Cardoso considera pontos fundamentais para a com-
preensão de ciência: 
[...] a ciência é o conhecimento das leis da natureza e da sociedade, tendo 
como finalidade proporcionar uma representação mental o mais adequada 
possível dos processos que ocorrem objetivamente na natureza e na socieda-
de; (...) 2) para garantir o caráter objetivo do conhecimento, a ciência emprega 
um conjunto definido de formas de agir que se conhece como método cien-
tífico; (...) 3) no método científico existem dois níveis qualitativamente diferen-
tes, embora ligados, que não podem ser reduzidos ou subordinados um ao 
outro; teórico e empírico; 4) o sujeito do processo de conhecimento científico 
não é individual e sim coletivo: a ciência é sócio-historicamente determinada, 
e se vincula em forma complexa ao conjunto material e cultural de cada épo-
ca da cultura humana ( o que não quer dizer que seja impossível, por exem-
plo, deduzir as leis e teorias científicas, de maneira linear e simples, de outras 
estruturas da totalidade social: a ciência tem um conteúdo próprio e, no seio 
de todo social, goza de autonomia relativa; 5) a ciência é histórica e é por isso 
falível: não pretende acumular verdades eternas, imutáveis e absolutas, mas 
tende a um conhecimento completo pela acumulação de verdades parciais, 
de aproximações sucessivamente mais abrangentes, isto é, passa de um esta-
do de menor conhecimento a outros de conhecimento mais avançado. (CAR-
DOSO, 1981, pág. 24 e 25)
Segundo Cardoso (1981) não existem obstáculos de fundo para que a História possa 
ser considerada uma disciplina científica. Mas é bom ressaltar que a conquista do 
método científico ainda está em processo de elaboração, sendo assim a história é 
uma ciência em construção.
Por fim, o conhecimento histórico não pode ser submetido ao conhecimento da na-
tureza. O que demonstra como a vida humana possui caráter imprevisível. Nesse caso 
as leis que regem as ciências naturais, ao se depararem com a realidade das socie-
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dades humanas encontram o limite de sua validade. A história apresenta-se dessa 
forma com um campo científico provido de diversas especificidades, sendo também 
essencial compreender como se configura a sua narrativa enquanto ciência ou “não 
ciência”. 
1.2.1 NARRATIVA HISTÓRICA
Durante o desenvolvimento da presente unidade foi possível perceber que a história 
está fundamentada numa perspectiva da realidade diferente de outros campos do 
conhecimento. Busca-se compreender a realidade humana a partir de procedimen-
tos científicos específicos a sua natureza. 
Também foi possível compreender que a história, mesmo quando caracterizada 
como mito, é constituída como uma narração, produzida por aqueles que presen-
ciam algum fato ou momento. Como comenta Jacques Legoff, os relatos daqueles 
que podiam dizer; “eu vivi”, “eu senti” (LEGOFF, 2003, p.138).
Porém, modelos modernos de produção histórica, desenvolvidos durante o século XIX, 
que já concebem a disciplina como um campo do conhecimento científico, questio-
nam o conteúdo estético e retórico inseridos em determinadas narrativas. Essa crítica 
se baseia na presença de elementos fantasiosos em sua escrita. Sendo necessário a 
exclusão de representações ficcionais, tendo em vista que esses elementos afastam a 
disciplina de um conhecimento verdadeiro. 
Os procedimentos científicos oriundos das ciências naturais, caracterizadas por se-
rem neutras e imparciais, influenciavam também a maneira pela qual a produção 
histórica deveria ser realizada. Assim, a linguagem científica assumida pela disciplina 
não deveria se aproximar da narrativa literária, ou seja, nessa perspectiva, ciência e 
narrativa são processos antagônicos.
Para o historiador Hayden White as narrativas históricas manifestam “ficções verbais 
cujos conteúdos são tanto inventados quanto descobertos e cujas formas têm mais 
em comum com os seus equivalentes na literatura do que com os seus correspon-
dentes na ciência” (WHITE, 1994, p. 98) 
O autor ainda complementa:
“é precisamente porque a narrativa é um modo de representação tão natural 
à consciência humana, está tão integrada à fala cotidiana e ao discurso co-
mum, que o seu uso em qualquer campo de estudo que aspire à condição de 
ciência deve ser questionado.” (WHITE, 1991, p. 47).
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A crítica de White não está centrada na forma pela qual a narrativa histórica se desen-
volve. A própria natureza narrativa afasta a história de sua cientificidade e a aproxima 
da literatura e das artes. 
As correntes de pensamento histórico do século XX, continuaram a questionar a nar-
rativa como forma de expressão científica. Entendiam esta como procedimento que 
afasta a história de sua cientificidade. 
Diante deste contexto, é cabível refletir sobre algumas questões como: será possível o 
desenvolvimento de pesquisas históricas sem uso da narrativa? Não seria a narrativa, 
um instrumento revelador da memória e mentalidades de um determinado perío-
do? As variadas representações individuais de mundo, contidas em determinadas 
narrativas, não se configuram como relevantes fragmentos da História?
Para que você possa entender melhor, veja o filme “Narradores 
de Javé”, que aborda o uso de narrativas pessoais da popula-
ção de Javé com a intenção de registrar sua história. 
Narradores de Javé (Drama) – Lançado em 2223, direção: Eliane Caffé
Essa concepção, entre a narrativa e a produção historiográfica, esteve presente nas 
pesquisas históricas até a década de 1970. O historiador Peter Gay (1990) é um dos 
críticos dessa posição, para ele o historiador de ofício deve ser, além de escritor, um 
leitor. Dessa forma, há uma aproximação entre o discurso histórico e o literário, e 
chama a atenção não apenas para as interpretações contidas no texto, mas também 
para o estilo e a estética de quem escreve. 
Ao seguir essa linha de pensamento, o autor propõe que enquanto leitores, os pes-
quisadores/historiadores devem ter habilidade para captar interpretações inseridas 
na narrativa. Já na condição de escritores, é fundamental o compromisso em desen-
volver um estilo de escrita que facilite a compreensão do texto pelo leitor, sem que 
isso afete seu conteúdo. Dessa forma a narrativa histórica fornece tanto informações 
de quem escreve quanto do contexto histórico em que foi produzida. 
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Sobre isso Gay comenta: 
Nessa concepção, o estilo do historiador é um depósito de vieses, e a sua per-
cepção das causas inclina-se a ser comprometidapelo peso das mesmas mu-
tilações ideológicas. Ao discordar, argumentei que o estilo pode ser também 
uma passagem privilegiada para o conhecimento histórico e que a visão par-
ticular do historiador sobre o que fez com que o mundo passado se movesse, 
não importa quão distorcida ela possa ser pela sua neurose, pelas suas defor-
mações profissionais ou pelos seus preconceitos de classe, pode, ainda assim, 
ajudá-lo a ter firmes discernimentos sobre o seu material que ele não teria 
obtido na ausência deles (GAY, 1989, pág. 12).
Assim, é possível afirmar que a maneira pela qual a narrativa se desenvolve é resultado das 
relações que existem entre o historiador e seu contexto social e histórico. Ademais, cabe ainda 
frisar que a narrativa histórica, mesmo que composta de impressões individuais não impede a 
representação da realidade, pelo contrário, apresenta o real com maior intensidade e riquezas 
de detalhes.
Admitir que essas narrativas são constituídas de informações inerentes aos indivíduos e suas 
particularidades, indica um proveitoso diálogo com outros campos do conhecimento, como 
a Psicologia e a Psicanálise. Essa interdisciplinaridade fornece subsídios teóricos que comple-
mentam pesquisas que buscam compreender o ser humano e as sociedades. 
Os historiadores Roger Chartier e Carlo Ginzburg articulam a narrativa histórica sem perder 
sua condição científica. Valorizam as referências e outros elementos que estão incorporados 
na própria narrativa. As análises por eles desenvolvidas não apresentavam a natureza textual 
como único meio de compreender a totalidade da experiência humana. 
Chartier considera que a escrita histórica está inserida e expressa através da narrativa. Já Ginz-
burg acredita que a narrativa literária é diferente da histórica, tendo em vista que, diferente-
mente do romancista que imagina seus personagens e acontecimentos, o historiador deve 
se apoiar em provas concretas, vestígios do passado, que não podem ser inventados. Logo, 
mesmo desenvolvendo uma narrativa, o pesquisador ao interpreta-la, deve estar comprome-
tido com a realidade.
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SUMÁRIO
Carlo Ginzburg é um historiador italiano, conhecido como um 
dos pioneiros no estudo da micro-história. Procurou dar noto-
riedade aos fatos relevantes que são ignorados dentro de um 
contexto construído de forma generalizadora, além de utilizar 
como recurso documental uma série de fontes que não eram considera-
das pela história tradicional.
Em “O queijo e os vermes” Ginzburg descreve o cotidiano e as ideias de 
um moleiro perseguido pela Inquisição. A obra remete ao contexto do sé-
culo XVI e nos conta a história de Domenico Scandella, um moleiro que 
teve sua voz abafada e suas ideias reprimidas pela Igreja Católica Roma-
na. Baseando-se principalmente nos escritos promovidos pela Inquisição, 
o autor nos concede uma visão privilegiada a respeito dos pensamentos 
e conceitos próprios estabelecidos pelo moleiro também conhecido por 
Menocchio e o posterior processo inquisitório que o condenou.
Bibliografia: GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias 
de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Editora Companhia 
das Letras, 2017.
Outros importantes autores, como Foucault, também se apropriam da narrativa his-
tórica. São orientados pelas análises discursivas que valorizam manifestações subje-
tivas. A narrativa é encarada como uma espécie de código discursivo, que pode ser 
adequado, ou não, para explicar determinada realidade. Desta forma, de acordo com 
José Carlos Reis, “a linguagem constrói o real e tudo é texto.” (REIS, 2012, pág. 65). Ao 
dar ênfase ao caráter narrativo da história, a realidade passa a ser atravessada pela lin-
guagem. De acordo com esse ponto de vista, as representações das práticas discursi-
vas compõem o real, constituídos por dispersões, descontinuidades e fragmentações. 
(REIS, 2012, pág. 120)
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O filósofo e historiador Michel Foucault é considerado uma 
das maiores referências da teoria da história contemporânea. 
A “história genealógica” proposta por Foucault busca analisar 
as relações de poder, priorizando elementos subjetivos através 
de representações discursivas. Este autor, abordou em suas pesquisas te-
mas como a loucura, sexualidade e a disciplina.
Em uma de suas principais obras “História da Loucura” o autor demonstra 
que a representação sobre o conceito de loucura se transformou ao longo 
do tempo. 
Biografia: FOUCALT, Michel. História da loucura. História da loucura na Ida-
de Clássica. São Paulo: Perspectiva, 1978.
Apesar da possível utilização das estruturas narrativas incorporadas pela produção de 
pesquisas históricas, sua aplicação ainda é questionada. Como já fora comentado ao 
longo deste capítulo. 
A discussões promovidas por Hayden White, por exemplo, apresentam a narrativa 
histórica como um discurso figurativo. A interpretação do historiador, para ele, não 
constrói a realidade, mas sim as representações destas. Ao frisar as particularidades 
da vida humana a história seria incapaz de explicar as coisas como de fato ocorreram.
A reflexão acerca da narrativa, como escrita histórica, nos mostra que atualmente ain-
da há posições divergentes quanto ao seu caráter científico. Mas, ao fazer uso desta, 
é essencial que o historiador esteja atento às ambiguidades presentes na linguagem, 
assim como elementos ocultos presentes no texto. Principalmente, tendo em vista, 
que a linguagem – enquanto manifestação cultural – se transforma com o tempo. O 
olhar do pesquisador deve ir além do texto. 
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SUMÁRIO
CONCLUSÃO 
Nesta unidade foi possível compreender o desenvolvimento da história enquanto 
uma área do conhecimento. Procuramos ao longo desta etapa expor as diretrizes 
que estabeleceram essa disciplina como meio de analisar as ações humanas no tem-
po, assim como notar as diferentes maneiras o qual o passado é representado. 
O próprio conceito de história comporta múltiplas definições, suas origens nas narra-
tivas mitológicas já evidenciavam a necessidade de registrar aquilo que já se passou. 
Apesar dessas descrições não refletirem a realidade objetiva ou uma verdade racio-
nal, são importantes meios para captar traços simbólicos. Conveniente caminho para 
apreender representações de contextos passados. 
O cientificismo ao expandir seus horizontes, contemplou outros objetos de pesquisa, 
assim como novos métodos para atingir a verdade. Nesse contexto, compreender o 
ser humano em sociedade, sua cultura, suas ações e significações se faz relevante e 
necessário. 
A história enquanto ciência deve ser desenvolvido através de procedimentos cientí-
ficos que exigem o uso de teorias e metodologias específicas dessa área do conheci-
mento.
No entanto, é notório e importante perceber que nem todos os historiadores defen-
dem a ideia da história enquanto ciência devido ao alto grau de subjetividade que 
compreende seu objeto de estudo. Nesse caso, a história é tida como um campo do 
conhecimento muito amplo e por isso não deve ser limitado as diretrizes científicas.
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APRESENTAÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade discutiremos sobre o processo de construção do conhecimento históri-
co destacando as funções do historiador e a produção de seu fazer profissional, estabe-
lecendo conexões entre a pesquisa e a prática de ensino.
Iniciaremos nossas discussões com a compreensão dos conceitos que orientamo tra-
balho do historiador. Dessa forma procuramos definir aqueles acontecimentos e fatos 
que são relevantes para a História assim como evidenciar os sujeitos que a produzem. 
Também faz parte dessa etapa identificar as diversas concepções temporais, principal-
mente as que estão relacionadas com a constituição do presente campo de conheci-
mento. Em seguida é desenvolvida uma reflexão sobre as funções sociais do historia-
dor e sua relação com a pesquisa em História e a prática de ensino. Um outro assunto 
trabalhado nessa Unidade é o reconhecimento da profissão de historiador. Para fechar 
nossas discussões vamos trabalhar com a ideia de o professor ser também historiador, 
e vice-versa, e todas as possibilidades abertas por essa perspectiva. 
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SUMÁRIO
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos 
que possa:
> Descrever a função e a importância do Historiador e da História.
> Analisar os avanços e retrocessos na luta pelo reconhecimento da profissão 
de historiador.
> Relacionar a função do professor com a do historiador.
> Compreender os conceitos de fato histórico.
> Compreender o conceito de processo histórico.
> Identificar e compreender quem são os sujeitos que produzem a história.
> Identificar e analisar as diferentes concepções e definições de tempo.
> Diferenciar tempo cronológico e histórico
> Problematizar as funções sociais de quem produz o conhecimento histórico.
> Identificar as diferentes abordagens e procedimentos históricos assim como 
as fontes usadas para produção do conhecimento em História.
UNIDADE 2
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INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Para entender a produção do conhecimento histórico é essencial captar as indaga-
ções que antecipam as práticas de investigação e justificam sua realização. O que 
aconteceu? Como aconteceu? Por que aconteceu? Quando? Onde? Estes são ques-
tionamentos necessários para compreender como e de que maneira se constitui o 
fazer histórico.
Importante notar que as motivações que produzem essas inquietações não advêm 
do passado, mas sim do presente. A produção do conhecimento no campo da Histó-
ria só ganha sentido se for relevante para o presente. Afinal de contas o que estimula 
revisitar o passado, afim de assimilar algum aspecto especifico deste, são indagações 
feitas do presente. 
Além de proporcionar significativas reflexões para o presente, a produção do conhe-
cimento em História exige do historiador/a o domínio de métodos que permitem a 
execução do seu trabalho. Sendo assim, existem diversos procedimentos, técnicas e 
ferramentas que precisam ser definidas e discutidas, com a finalidade de demonstrar 
e instruir futuros historiadores e historiadoras para a prática de investigação histórica. 
Iniciaremos nossos estudos tentando entender qual o nosso papel na sociedade. O 
que é e o que faz o historiador? Qual a sua importância social?
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Teoria da HisTória
SUMÁRIO
2 O HISTORIADOR
Quem é e o que faz o historiador? Quando e porque teve início essa “profissão”? Quais 
características de uma obra história permitem a distinção entre história e ficção? Por 
quais transformações passou o papel do historiador nas sociedades com o passar do 
tempo? Estas, são perguntas chave para a compreensão dos rumos tomados pela 
história e pelo historiador contemporâneo.
Durante a Antiguidade ocorreram algumas tentativas de preservar o conhecimento 
sobre o passado, produzia-se crônicas e poemas épicos/epopeias, por exemplo. Po-
rém, o primeiro a pensar o passado como um problema passível de estudo e com-
preensão do comportamento humano, foi Heródoto, um grego que viveu durante o 
século V a.C.. A partir de Heródoto, considerado o pai da história, passou-se a se valo-
rizar os registros sobre o passado nessa nova perspectiva. Uma de suas grandes obras 
foi “Histórias” onde narrou, em nove livros, o conflito entre gregos e persas que ficou 
conhecido como “Guerras Médicas”. 
FIGURA 8 - HERÓDOTO E TUCÍDIDES
Fonte: shutterstock, 2018. Fonte: shutterstock, 2018.
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Outro historiador grego do século V a.C. foi Tucídides. Ele escreveu sobre a “Guerra do 
Peloponeso”. Por ter sido testemunha do conflito, este historiador buscou narrar os 
detalhes e ser o mais imparcial possível.
A QUESTÃO DA IMPARCIALIDADE:
Existem duas maneiras de ser imparcial: a do cientista e a do 
juiz. Elas têm uma raiz comum, que é a honesta submissão à 
verdade. O cientista registra, ou melhor, provoca o experimento que, tal-
vez, inverterá suas mais caras teorias. Qualquer que seja o voto secreto de 
seu coração, o bom juiz interroga as testemunhas sem outra preocupação 
senão conhecer os fatos, tais como se deram. Trata-se, dos dois lados, de 
uma obrigação de consciência que não se discute.
Chega um momento, porém, em que os caminhos se separam. Quando o 
cientista observou e explicou, sua tarefa está terminada. Ao juiz resta ainda 
declarar sua sentença. (BLOCK, 1997, P. 125)
Observe que, neste momento, escrever a História era relatar a “verdade”, distancian-
do-se o máximo possível das versões míticas, ficcionais ou poéticas como as de Ho-
mero, por exemplo. A Ilíada e a Odisséia de Homero, são os dois maiores poemas 
épicos da história. Foram escritos aproximadamente entre os séculos IX e VIII a.C. e, 
apesar de sua importância como fonte histórica, não são considerados obras históri-
cas. Escrever a História era narrar fatos verídicos se distanciando do objeto de estudo. 
Se a Grécia é o berço da civilização ocidental, podemos dizer que a contribuição 
desses primeiros historiadores foi fundamental para a compreensão do mundo que 
desenvolvemos.
Apesar da importância que o termo foi ganhando com o passar do tempo, o ofício 
de historiador nunca esteve atrelado a uma formação acadêmica. Sendo assim, os 
antigos escritores da história, tinham suas profissões e, também, atuavam como “his-
toriadores”. A inexistência de uma profissão, fez com que o trabalho de historiador 
fosse exercido por esses literatos, diplomatas, generais, entre outros.
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SUMÁRIO
A História começou a se tornar disciplina universitária no final do século XVIII e início 
do XIX na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil as primeiras universidades foram 
controladas pelos jesuítas. Apenas quando a família real vem para o Brasil em 1808, 
é que tem início uma formação mais técnica. Porém o Curso de História vai demorar 
aproximadamente mais 130 anos, depois da chegada da Corte, para se instituciona-
lizar. 
No Brasil a produção do conhecimento histórico passa a ser sistematizada com a fun-
dação do IHGB, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1838. Ainda aqui, não 
havia uma formação para o historiador, os membros do instituto eram predominan-
temente literatos, juristas, diplomatas, médicos, militares de alta patente e aqueles 
que orbitavam a Corte como marqueses, condes, viscondes, barões e duques. O IHGB 
sobrevive até os dias atuais produzindo e publicando artigos e documentos impor-
tantes sobre a história pátria. Apesar de ter reunido, desde sua fundação, indivíduos 
que auxiliaram na produção histórica e, manterem um ideal de escrita pautado na-
quelas verdades defendidas por Heródoto e Tucídides, a Educação Formal necessária 
para a escrita da história não era uma realidade.
FIGURA 9 - FIGURA 3: SÍMBOLOS DA HISTÓRIAFonte: shutterstock, 2018.
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A primeira vez que o Curso de história foi oferecido de forma institucionalizada em 
uma universidade brasileira, foi em 1934, sob o governo de Getúlio Vargas, no Rio de 
Janeiro. Ainda assim, o Curso de História estava vinculado à disciplina de Geografia. 
Além disso a formação era voltada para a formação de professores, sem se preocupar 
com a área da pesquisa, inicialmente. As cadeiras eram ocupadas principalmente por 
estrangeiros franceses, apenas a disciplina de história do Brasil teve como professor 
um brasileiro, sem formação institucional, mas que detinha “notório saber”. Dentro 
da Universidade, aos poucos, os estudantes foram conseguindo alcançar formações 
cada vez mais complexas e assim foram assumindo lugares referências na produção 
histórica nacional.
Da década de 1930 até a década de 1970, foram criados 88 cursos de História por 
Universidades públicas. Na década seguinte, foram criados 54 cursos. Nos anos 2000, 
mais 111 cursos de história passaram a funcionar. 
Hoje, existem cerca de 600 cursos de História em funcionamento no Brasil. Formando 
profissionais para atuarem na área da licenciatura e do bacharelado. 
Mas qual a tarefa deste profissional da História?
2.1 FUNÇÃO
Ser historiador é construir o conhecimento histórico. A partir dessa constatação pre-
cisamos compreender que escrever a história exige que façamos escolhas. De acordo 
com Marc Bloch, o historiador precisa delimitar, selecionar e estabelecer o recorte 
histórico, do contrário não está fazendo história. “Como primeira característica, o co-
nhecimento de todos os fatos humanos no passado, da maior parte deles no presen-
te, deve ser um conhecimento através de vestígios.” (BLOCK, 1997, P. 73)
O historiador busca vestígios do passado, as fontes, e as interpreta, assim ele está 
criando a sua versão da história. Podem existir muitas versões sobre a mesma história, 
mas geralmente, uma delas passa a ser mais aceita pelos pares e demais compo-
nentes das sociedades, se tornando referência. Essa história nunca estará fechada. 
Sempre pode haver uma nova descoberta e a reconstrução da história. “O passado é, 
por definição, um dado que nada mais modificará. Mas o conhecimento do passado 
é uma coisa em progresso, que incessantemente se transforma e aperfeiçoa.”(BLOCK, 
1997, p.75)
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FIGURA 10 - TEMPO
Fonte: shutterstock, 2018.
A História, de acordo com Marc Block, é a ciência que estuda os homens no tempo. 
O único ser capaz de realizar reflexão sobre suas ações e registros de memórias que 
permitem uma consulta posterior promovendo aprendizado, é o ser humano. Por isso 
a história é uma ciência dos homens. A questão do tempo na definição de Marc Block 
está vinculada a vários sentidos. Um deles é o fato de a história é feita de mudanças 
e permanências e elas só são perceptíveis por que o tempo passa. Outro sentido 
está ligado à perspectiva do historiador ao utilizar a sua capacidade de análise para 
interpretar os sentimentos dos autores de cada obra em relação aos seus desejos e 
inspirações. Utilizando a análise de Reinhart Kosellek em Futuro Passado, como todo 
autor, apesar de seus esforços para manter a imparcialidade, está, também, impres-
so em suas páginas, é possível avaliar se o autor se inspira no futuro, com esperança 
de mudanças, ou se ele se inspira no passado de forma nostálgica. Ou seja, partindo 
de um determinado texto é possível identificar a postura do autor analisando a sua 
forma de escrever a história. Dependendo das paixões ou sutilezas que encontramos 
no texto, podemos dizer se o autor é a favor ou contra algo, se ele está satisfeito ou 
não com determinadas questões sobre as quais narrou, entre outras coisas. Veja um 
trecho da obra de Marc Block, onde ele explica como o presente está sempre em 
nossas obras. 
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“O presente e o passado se interpenetram. A tal ponto que seus elos, quanto 
à prática do ofício de historiador, são de sentido duplo. Se, para quem quer 
compreender mesmo o presente, a ignorância do passado deve ser funesta, a 
recíproca — embora não nitidamente alertado — não é menos verdadeira.” [...] 
“Se eu fosse antiquário, só teria olhos para as coisas velhas. Mas sou um histo-
riador. Ê por isso que amo a vida.” (BLOCK, 1997, p.65)
2.1.1 FERRAMENTAS E DISCIPLINAS AUXILIARES
O Historiador trabalha com fontes. São elas materiais e imateriais. Dentre as materiais 
podemos citar as fontes escritas, as imagéticas, as arqueológicas/fósseis, etc.. As ima-
teriais são aquelas que não produziram registros, necessitando da intepretação do 
historiador. É uma análise muito mais cultural e antropológica, que a anterior que era 
mais pautada na arqueologia. Esses são os vestígios do passado interpretados pelo 
historiador para que possa construir a sua interpretação em relação à história.
Como já foi possível notar, o autor nunca trabalha sozinho, ele tem o auxílio da co-
munidade acadêmica: Arqueólogos, antropólogos, geógrafos, linguistas, entre outros. 
Estes são essenciais. Sem eles não teríamos acesso a uma série de informações im-
portantes pois estariam soterradas, não decifradas, entre outras. 
FIGURA 11 - ARQUEOLOGIA.
Fonte: shutterstock, 2018.
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2.2 O RECONHECIMENTO DA PROFISSÃO DE 
HISTORIADOR 
A memória é algo essencial ao trabalho do historiador, como vimos, por isso, é preciso 
que compreendamos todas as dificuldades e a luta pela regulamentação da nossa 
profissão. 
Em 1968, tem início os esforços para regulamentar a profissão de historiador com 
o nome de “Historiógrafo”. Apesar de ter sido apresentado à Câmara Federal, houve 
uma intervenção direta de representantes da ditadura militar no Congresso. O proje-
to advinha do Movimento Estudantil que contestava o regime, mas, como sabemos, 
contestar não era uma opção, então o projeto foi arquivado.
Em 2009, foi enviado ao Senado, pela primeira vez na história, uma proposta de re-
gulamentação.
Apesar de aprovado pelo Senado Federal, na Câmara Federal, a morosidade impera, 
são cerca de 42 anos de espera. Mas, por que tantas pessoas se unem contra a apro-
vação de um projeto que nos nomeia como “Historiadores”?
2.3 HISTORIADOR X PROFESSOR
Ser professor/educador é algo que, atualmente, está altamente desvalorizado. Por 
isso mesmo, sabemos que aquele grupo de indivíduos que se forma no ensino Médio 
sem ter certeza de qual faculdade cursar, geralmente, não se candidata ao curso de 
História. O lado positivo é que, ao menos assim, temos a esperança de que todos os 
envolvidos nesse processo de ensino/aprendizagem, no Curso de História, estejam 
ali porque gostam. E quando amamos o que fazemos nos esforçamos para fazer o 
melhor sempre.
A prática docente exige uma formação que consiga aliar teoria e prática. Além disso, 
essa formação deve ser politizada, promovendo a chegada ao mercado de trabalho 
de profissionais conscientes, capazes de analisar o mundo que os rodeia. Esse pro-
fissional consciente será capaz de realizar intervenções e promover transformações 
sociais e críticas nas escolas por onde passar, transbordando sua experiência. 
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A escola se constitui, portanto, no espaço principal da formação docente. É a partir da 
experiência e vivência no cotidianoescolar, da relação do educador com o educando 
que vai se desenvolvendo e se enriquecendo sua prática (ALVES, 2002, In: SANTOS, 
2012). O objetivo central do professor vai além da transmissão dos conteúdos ele va-
loriza uma educação libertária, que promova o crescimento de pessoas autônomas, 
independentes, fortes e críticas.
Paulo Freire afirma que entre o saber histórico acadêmico e o saber histórico escolar 
está em pauta o conhecimento da História que o professor tem e a sua compreensão 
do conceito de História, que é construído desde sua formação. Isto vai definir como a 
História é ensinada na escola e como o educando passará a compreendê-la (FREIRE, 
1986). Ou seja, é essencial que o professor seja incentivado em sua formação conti-
nuada, e em sua permanência na academia, pois, é no contato entre experiências in-
ternas e externas à sala de aula dos professores e alunos que se mobiliza a criticidade. 
A História precisa ser ensinada relacionado o conteúdo com a realidade vivida pelas 
pessoas de forma a despertar o interesse pelos conhecimentos históricos. Academia 
e escola não devem ser inimigos e sim complementares.
2.4 ACONTECIMENTO E CONHECIMENTO 
HISTÓRICO
Dentre as diversas definições atribuídas a História, enquanto uma disciplina ou ciên-
cia, existe aquela que a determina como um registro do passado. Ou seja, trata-se do 
estudo e análise de fatos que envolvem os seres humanos em determinado contexto 
temporal. 
Porém, nem todo evento decorrido é contemplado por esse campo do conhecimen-
to. Mas, afinal de contas, que tipo de fatos e eventos são estudados pela História?
2.4.1 FATO HISTÓRICO
O fato histórico, antes de tudo, é o objeto de estudo dos historiadores. Se trata de um 
acontecimento ocorrido no passado. Um processo irreversível, logo, não se repete. 
Uma análise superficial da presente afirmação pode induzir a conceber o ofício do 
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historiador como uma mera narração de eventos, selecionado pelo próprio pesqui-
sador.
Mas todos os fatos e eventos que ocorrem são estudados pela História? 
Segundo o historiador Edwar Hallet Carr, “nem todos os fatos sobre o passado são 
fatos históricos”. Logo, é importante apontar os critérios que diferenciam os “fatos 
históricos” dos “fatos do passado”. (CARR, 1961. pág.14)
A distinção que devemos considerar para classificarmos um fato como histórico é 
sua importância e, principalmente, a interpretação que vai garantir essa relevância. 
Além disso deve ser reconhecido como evento que, de alguma forma, transforme a 
realidade.
Isso não quer dizer que outros fatos, como os naturais e físicos não interfiram na vida 
humana. Esses dados, muitas vezes são essenciais para as análises do historiador, mas 
não é seu dever interpreta-los historicamente, apenas considerar a influência destes 
na sociedade.
Você provavelmente já deve ter escutado a seguinte afirmativa; “ contra fatos não há 
argumentos”. Esse chavão, repetido inúmeras vezes, atribuí certa objetividade aos fa-
tos, como se fossem autoexplicativos e constituídos de verdades inquestionáveis. No 
entanto, esse ponto de vista deve ser revisto e questionado. 
No ano de 1945, com o intuinto de terminar de vez com a Se-
gunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos autori-
zou o lançamento de bombas atômicas nas cidades de Hi-
roshima e Nagasaky. Esse fato histórico pode ser interpretado 
de diferentes maneiras. Para alguns historiadoes essa ação ocorreu para 
forçar a rendição japonesa, que ainda resistia. No entanto, alguns pesqui-
sadores entendem que essa atitude dos norte-americanos tinha como ob-
jetivo apenas intimidar os soviéticos, apesar de lutarem do mesmo lado no 
conflito, mas as diferenças político-ideológicas já sinalizavam para uma 
ordem mundial bipolar. Segundo essa última interpretação os ataques 
contra os japoneses marcariam início do contexto conhecido como “guer-
ra fria”.
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FIGURA 12 - EXPLOSÃO DA BOMBA ATÔMICA EM HIROSHIMA, JAPÃO.
Fonte: shutterstock, 2018
Para Carr, uma visão essencialmente objetiva sobre os fatos históricos faz com que 
nós os compreendêssemos como “impressões sensoriais, que se impõem de fora ao 
observador e são independentes à sua consciência. São verificáveis e estão disponí-
veis nos documentos”. (CARR, 1961, pág.14) 
De acordo com essa perspectiva o pesquisador só teria o trabalho de identificar esses 
“importantes” eventos, sem a necessidade de explica-los. 
No entanto, os fatos não falam por si só, é a interpretação destes, feita pelo historiador 
que faz com que se torne relevante enquanto registro. Para isso o pesquisador deve 
selecionar esses fatos respeitando o grau de significância destes para o presente. 
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Após sua apuração, a atenção recai ao processo interpretativo. Uma perspectiva tra-
dicional da história, ao atribuir aos fatos propriedade irrefutáveis e inquestionáveis, 
acabavam por reproduzir de forma precária e reduzida a sua história. 
A História, nesse sentido, é interpretação. Carr (1961) aponta três pontos relativos ao 
historiador e seu trabalho interpretativo que não devem ser negligenciados. 
O primeiro adverte que os fatos históricos nunca chegam a nós puros, são sempre 
refratados através da mente do historiador. Isso nos sugere que a atenção a quem 
escreve é essencial para compreender seus questionamentos, o que evitaria interpre-
tações anacrônicas. 
O segundo explica a importância do uso da imaginação pelo historiador. O que não 
quer dizer que seu trabalho é algo inventado. Para a História ser escrita o pesquisador 
deve atingir algum tipo de contato com a mente daqueles sobre quem está escre-
vendo, “compreensão com imaginação”. Essa atitude visa aproximar o olhar histórico 
e as representações dos indivíduos.
Já o terceiro alega que para visualizar o passado e atingir sua compreensão só é pos-
sível através dos olhos do presente. A interpretação e o próprio historiador pertencem 
à sua época e a ela se ligam pela sua condição de existência.
Por fim, o fato histórico é uma forma de nós situar na história. Mas o modo factual de 
enxergar aquilo que já se passou, estudando esses eventos de forma isolada nos afasta 
de explicações mais concisas e profundas sobre o passado das sociedades humanas. 
Para evitar essa forma reducionista de tratar a história é importante compreender o 
conceito de processo histórico.
2.4.2 PROCESSO HISTÓRICO
A discussão feita anteriormente acerca do conceito de fato histórico nos permite en-
tender que se trata de acontecimentos provocados pelas ações humanas, ligado pelo 
tempo e espaço. 
Mas, o conhecimento histórico não ocorre simplesmente através das interpretações 
dos fatos históricos. Isso porque não devemos conceber os fatos de forma isolada, 
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como se toda a História estivesse representada como uma estante, e cada gaveta se-
ria um acontecimento diferente e sem ligação com outros acontecimentos. 
Os fragmentos da realidade e experiência humana não podem ser compreendidos 
de forma compartimentalizada. Um fato histórico pode ser produzido por causas e 
consequências diversas. Essas consequências por sua vez podem produzir outros fa-
tos, e assim a História continua. 
Este dinamismo, essa continuidade dos eventos, é o que chamamos de processo 
histórico. Ou seja, o processo histórico seria o estudo dos fatos históricos e sua relação 
com outros fatos históricos. Para a historiadoraVavy Pacheco Borges o termo se refere 
a própria caminhada da humanidade. 
Desde que existem sobre a terra, os homens estão em relação com a natureza 
(para produzirem sua vida) e com os outros homens. Dessa interação é que re-
sultam os fatos, os acontecimentos, os fenômenos que constituem o processo 
históricos. (BORGES, 1980, pág. 48)
Temos então que o processo histórico, nada mais é que o conjunto de fatos que res-
gatam a vivência humana no passado. Para fins didáticos podemos comparar o pro-
cesso histórico como uma colcha de retalhos. Cada retalho está costurado (ligado/
associado) a outro, de maneira que se estabeleça conexões entre essas partes. 
Para a História, os eventos do passado perdem importância quando vistos de forma 
individual e isolada. Uma análise dos fatos de forma isolada pode não tornar o pro-
cesso histórico como algo esclarecedor. 
Os processos históricos são essenciais para (re)compor o passado de uma sociedade, 
principalmente quando efetuada de forma crítica. Não que se negue um determi-
nado fato histórico, como já mencionado anteriormente, estes são episódios irrever-
síveis. Mas, ao serem revisitados e questionados, estes se ampliam, com múltiplas e 
coletivas combinações interpretativas. O que pode transformar a leitura que se faz de 
determinado evento. 
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Durante muito tempo, a história “oficial” considerou a abolição 
da escravidão um feito que só foi possível graças a ação dos 
abolicionistas e da princesa Isabel. O que conferiu à regente o 
título de “Redentora”. Entretanto, uma nova interpretação 
desse evento alega que a aprovação da Lei Áurea foi fruto, principalmente, 
da luta e resistência escrava ocorrida durante séculos. Produto de um no-
tável movimento de massa e de pressão social e política. Afirmando o pro-
tagonismo de negros e negras nesse processo histórico.
FIGURA 13 - RESISTÊNCIA 
Fonte: shutterstock, 2018
2.4.3 SUJEITOS HISTÓRICOS
Quem faz a história? Quem são os sujeitos que promovem as transformações ou per-
manências nas sociedades ao longo dos tempos? 
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Durante muito tempo, uma abordagem tradicionalista do pensamento histórico 
considerava como sujeitos históricos apenas as “grandes” personalidades, figuras de 
destaque, como reis, generais e políticos, por exemplo. Para ser ainda mais claro, o 
termo “sujeitos históricos” nem tinham destaque para as produções históricas até o 
início do século XX. O uso desse conceito é mais recente, isso não significa que esses 
indivíduos só despontaram na história recentemente. 
Sujeitos históricos são, simplesmente, as pessoas que participaram ou participam dos 
fatos e processos históricos. Todos nós somos construtores da história, ou seja, todos 
os seres humanos, individualmente ou coletivamente participam do processo histó-
rico. São agentes de ação social, indivíduos, grupos ou classes sociais. Podem ser tra-
balhadores, escravos, reis, camponeses, políticos, prisioneiros, crianças, mulheres, etc.
Mas devemos levar em consideração que nossas ações só são consideradas relevan-
tes à medida que integram uma conjuntura mais ampla. Isto é, associar o sujeito ao 
contexto social que vivencia.
Ainda no século XIX, Dilthey (2010), já questionava o foco restrito às figuras notáveis, 
para o autor apreender o mundo humano só é possível através do estudo de suas ex-
periências individuais no passado. São os sujeitos que produzem a História.
Um exemplo do menosprezo sobre esses sujeitos comuns na história pode ser ob-
servado nos estudos de povos antigos, tais como os egípcios. Grandes monumen-
tos erguidos, como as pirâmides, têm sua memória vinculadas aos faraós, excluindo 
aqueles que de fato as construíram.
Incorporar ao debate vozes que antes eram silenciadas pela História foi um passo 
importante para a construção desse campo do conhecimento. Não apenas por fazer 
justiça àqueles que foram esquecidos pelos registros oficiais. Mas por mostrar que 
a relação entre as particularidades dos sujeitos históricos e o contexto social que os 
mesmos vivenciaram é de grande serventia para a construção do conhecimento his-
tórico. 
A História, então, concentra suas análises nas ações e pensamentos de todos nós atra-
vés do tempo. Assim, além do fator humano existe a questão temporal, um elemento 
primordial aos estudos históricos. 
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2.5 O TEMPO
O tempo é um elemento que está presente em todos os aspectos das sociedades hu-
manas e é um fator essencial para a História. Aliás, as condições temporais, espaciais 
e humanas determinam a própria História. Discursar sobre esse assunto pode parecer 
complicado devido as dimensões que esse componente pode adotar. Mas trata-se de 
um tema que qualquer aspirante a historiador ou professor de história deva dominar.
2.5.1 TEMPO CRONOLÓGICO X TEMPO HISTÓRICO
Tempo é uma construção cultural, portanto a forma de organiza-lo e medi-lo é uma 
criação humana. Assim, a orientação temporal e os sentidos atrelados a ela variam 
porque cada sociedade se relaciona de maneiras diferentes com o tempo. 
Muitos povos elaboraram sua própria divisão temporal que é representada através 
dos calendários. Por exemplo, quando analisamos os calendários hebraico, cristão e 
muçulmano, identificamos marcos históricos distintos. Sendo que estes marcos são 
referentes a eventos importantes para a cultura de cada sociedade.
Importante comentar que os calendários acima citados contam o tempo de forma 
linear, mas existem sociedades de tem uma concepção de tempo distinta, como a 
civilização Maia, que concebe o tempo de maneira circular.
O calendário não é a única forma de organizar o tempo, algumas sociedades são 
orientadas pelos fenômenos da natureza, que podemos denominar como tempo da 
natureza, que não depende da vontade humana. 
A nossa maneira de dividir o tempo segue uma ordem cronológica. Podemos carac-
terizar o tempo cronológico como regular, previsível e estável. Pode ser dividido em 
unidades de medida: segundo, minutos, horas, dias, meses, anos, etc. 
O tempo histórico já se apresenta de forma irregular, imprevisível e instável. Possui 
durações inexatas e pode ser verificado por meio das transformações e permanências. 
Verificar e analisar as transformações e permanências que ocorrem nas sociedades 
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é um dos objetivos da História. Para facilitar essa compreensão o historiador francês 
Fernand Braudel identificou três diferentes durações do tempo histórico; a curta, mé-
dia e longa duração. 
Para melhor compreensão do tempo para os estudos históri-
cos sugerimos a leitura da obra “Fernand Braudel: Tempo e 
História” de Marco Antônio Lopes. O livro reuni textos que exa-
minam diferentes aspectos da obra de Braudel. Esta coletâ-
nea de ensaios forma uma análise abrangente de Braudel que exerceu 
impacto duradouro sobre a historiografia ao redor do mundo. Seus concei-
tos polêmicos e extremamente frutíferos continuarão marcando a histo-
riografia do século XXI
Bibliografia: LOPES, Marcos Antônio (Ed.). Fernand Braudel: tempo e his-
tória. FGV, 2003.
O tempo de curta duração diz respeito àqueles eventos breves, também conside-
rados como eventos, e são aqueles episódios que ocorrem em um curto espaço de 
tempo, como um festival de música, um desastre aéreo, um crime e etc. Como o pró-
prio Braudel denomina “são os acidentes da vida ordinária”.
Aqueles acontecimentos que não são percebidos imediatamente,

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