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1 Histologia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV aul� 5 - histologi� Pancreatite aguda e crônica Pancreatite Pâncreas - Porção endógena: Ilhotas de Langerhans - Porção exócrina: ácinos Pancreatite - autodigestão do pâncreas por suas enzimas secretadas. Mecanismos que protegem o pâncreas de suas próprias enzimas: As enzimas são sintetizadas como pró-enzimas e contidas em grânulos de secreção. Ou seja, essas enzimas precisam ser ativadas para exercer suas funções. A maioria das pró-enzimas são ativadas pela tripsina, que é ativada por enteropeptidase duodenal (enteroquinase) no intestino delgado; assim, a ativação de pró enzimas intra pancreáticas é normalmente mínima. Células acinares e ductais secretam inibidores de tripsina, incluindo inibidor de serina protease tipo 1 de Kazal (SPINK1), o que limita ainda mais a atividade de tripsina intrapancreática Pancreatite ocorre quando os mecanismos de proteção estão desordenados ou sobrecarregados. Pan����ti�� ��ud� De�inição - Lesão in�lamatória reversível do parênquima pancreático. Epidemiologia •Etiologias mais comuns - Biliar - mais comum em mulheres (3:1) - Alcoólica - Mais comum em homens (6:1) Etiologia •Álcool •Obstrução do ducto pancreático (cálculos biliares) •Defeitos genéticos •Lesão vascular, vasculites, choque (isquemia de cél. acinares) •Fármacos (furosemida, azatioprina) •Infecção (Caxumba - lesão direta das cél. acinares) •Trauma (abdominal, cirurgias abdominais, CPRE) •Malformações genéticas (crises recorrentes de pancreatite aguda) •Mutação nos genes reguladores de tripsina •Distúrbios metabólicos: hipertrigliceridemia, hipercalcemia Patogenia A pancreatite aguda resulta da liberação e ativação inadequadas de enzimas pancreáticas, que destroem o tecido pancreático e estimulam uma reação in�lamatória aguda. A Ativação intrapancreática inapropriada de tripsina pode provocar a ativação de outras pró-enzimas: pró-fosfolipase e a pró-elastase - Degradam as células adiposas e dani�icam as �ibras elásticas dos vasos sanguíneos (hemorragia) A consequente in�lamação e as tromboses de pequenos vasos (que podem levar à congestão e ruptura de vasos já enfraquecidos) dani�icam as células acinares, ampliando ainda mais a ativação intrapancreática das enzimas digestivas. 2 Histologia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV 1. Obstrução dos ductos pancreáticos: É mais comumente causada por cálculos biliares e lama biliar localizados na ampola de Vater, más ser resultado de neoplasias, parasitas (Ascaris lumbricoides), pâncreas divisum. Obstrução do ducto pancreático ⇩ Aumento da pressão intraductal ⇩ Impossibilidade de drenagem do suco pancreático ⇩ Extravasamento e acúmulo de líquido rico em enzimas no interstício devido a lesão das cél. acinares ⇩ Enzimas começam a digerir componentes pancreáticos (adipócitos) ⇩ Liberação de citocinas e mediadores pró-in�lamatórios ⇩ Extravasamento de líquido da microvasculatura ⇩ Edema intersticial ⇩ Causa maior comprometimento do �luxo sanguíneo local ⇩ Insu�iciência vascular ⇩ Lesão isquêmica das células acinares Ativação da tripsina: hipóxia, traumatismos, infecções, endo e exotoxinas podem iniciar a ativação de pró-enzimas pancreáticas. Trisina - Promove a autodigestão do parênquima - Ativa outras pró-enzimas: elastase (lesão vascular - hemorragia), fosfolipase. Na pancreatite aguda acinar, a lesão resulta na liberação de enzimas proteolíticas, levando a uma cascata de eventos, incluindo a ativação da cascata de coagulação, in�lamação aguda e crônica, lesão vascular e edema. 2. Lesão primária das células acinares: a lesão pode ser causada por álcool, traumas, infecções virais, fármacos, hipercalemia. Dessa forma, haverá a liberação de enzimas digestivas dos ácinos, in�lamação e autodigestão de tecidos pancreáticos. Estresse oxidativo ⇩ Formação de radicais livres nas células acinares ⇩ Oxidação lipídica da membrana ⇩ Ativação de fatores de transcrição (AP1 e NFκB,) ⇩ Indução da expressão de quimiocinas ⇩ Atração de mononucleares ⇩ Reação in�lamatória ⇩ Ativação intra-acinar de tripsina e outras enzimas digestivas Hipercalcemia ⇩ Ativação de tripsinogênio (tripsina - forma ativa) ⇩ Autodigestão do tecido pancreático 3. Transporte intracelular defeituoso de proenzimas dentro das células acinares: Nas células acinares normais, as enzimas digestivas e as hidrolases lisossômicas são transportadas em vias separadas. - Quando há lesões acinares, as enzimas pancreáticas são indevidamente liberadas no compartimento intracelular contendo hidrolases lisossômicas. As proenzimas são então ativadas, os lisossomos, rompidos e as enzimas ativas são liberadas. 3 Histologia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV Álcool - pode causar pancreatite através dos 3 mecanismos. - O consumo de álcool aumenta transitoriamente a contração do es�íncter de Oddi - A ingestão crônica de álcool resulta na secreção de �luido pancreático rico em proteína que leva à deposição de condensações proteicas e à obstrução de pequenos ductos pancreáticos - O álcool tem efeitos tóxicos diretos sobre as células acinares (formação de radicais livres) Aspectos morfológicos (1) extravasamentos microvasculares e edema (2) necrose gordurosa (3) in�lamação aguda (4) destruição do parênquima pancreático, (5) destruição dos vasos e hemorragia intersticial Pancreatite aguda intersticial •Forma mais branda Alterações histológicas - Leve in�lamação - Edema intersticial (afastamento dos lóbulos e ácinos) - Áreas mais claras - Áreas focais de necrose gordurosa (esteatonecrose) no pâncreas e no tecido adiposo peripancreático - áreas brancas - In�iltrado in�lamatório polimorfonuclear escasso - Destruição da parede vascular (elastase) e hemorragia (microhemorragia) -Pontos vermelhos *Necrose gordurosa - LIPASE Esteatonecrose. Saponi�icação da gordura. Região de necrose de gordura , à direita, e necrose focal do parênquima pancreático (centro). Lado esquerdo: necrose intersticial Pancreatite aguda necrosante •Forma mais grave •Alta mortalidade Alterações histológicas - Presença de extensas áreas de necrose dos tecidos acinares e ductais e ilhotas de Langerhans - Hemorragia (lesões vasculares) - Destruição de lobos e ductos - In�iltrado in�lamatório intenso polimorfonuclear (crônico) - Pode haver a formação de abscessos *Necrose gordurosa = grânulos de gordura (ácidos graxos) + precipitação de cálcio - Grânulos com aspecto azulado 4 Histologia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV *Ductos com material rosa dentro = ductos preservados. Aspectos macroscópicos - Cor: vermelho-enegrecido (tecido pancreático hemorrágico) difuso (decorrente das lesões vasculares) - Focos branco-amarelados: necrose gordurosa calci�icada (manchas em pingo de vela) - Áreas adiposas extra pancreáticas (omento, mesentério intestinal, tecido adiposo subcutâneo) - focos de necrose gordurosa extra pancreáticas - Presença de líquido na cavidade abdominal (seroso, turvo, acastanhado com glóbulos de gordura) *Pancreatite hemorrágica: extensa área de necrose parenquimatosa + hemorragia abundante dentro da glândula pancreática. Áreas escuras de hemorragia na cabeça e área focal pálida, de necrose gordurosa peripancreática (superior, à esquerda). Manifestações clínicas •Dor abdominal (principal sintoma) - Dor constante e intensa de início súbito - Localizada no abdome superior - Dor referida no ombro - Dor em faixa •Anorexia, náuseas, Vômitos •Elevação das [ ] séricas de amilase e lipase •Hemorragia retroperitoneal: Sinal de Grey Turner e Cullen (quadros graves) Sintomas sistêmicos São causados pela liberação de enzimas tóxicas, citocinas e outros mediadores na circulação e à explosiva ativação da resposta in�lamatória sistêmica. ✓Leucocitose ✓Coagulação intravascular disseminada ✓Edema ✓Síndrome da angústia respiratória (lesão dos alvéolos pela fosfolipase A2) ✓Necrose gordurosa difusa ✓Choque 5 Histologia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV Achados laboratoriais •Elevação acentuada dos níveis séricos de amilase durante as primeiras 24 horas •Aumento do nívelde lipase sérica de 72 a 96 horas após o início da crise •Glicosúria •Hipocalemia (precipitação de cálcio na gordura necrótica) Emergência médica Pan����ti�� �rôni�� De�inição - é uma in�lamação prolongada do pâncreas associada com uma destruição irreversível do parênquima exócrino, �ibrose e, nos estágios mais avançados, destruição do parênquima endócrino. Epidemiologia •Álcool - principal causa •Mais prevalente em homens de meia-idade - Possuem história de ingestão alcoólica prolongada (10 a 15 anos) Etiologia •Obstrução prolongada do ducto pancreático por cálculos ou neoplasias •Lesão autoimune da glândula •Pancreatite hereditária, como discutido em pancreatite aguda; até 25% da pancreatite crônica tem uma base genética Patogenia Na maioria das vezes a pancreatite crônica deve-se a episódios recorrentes de pancreatite aguda. Dessa forma, ao longo do tempo, devido a vários processos in�lamatórios vai-se formando �ibrose perilobular, distorção ductal e alterações nas secreções pancreáticas que resultam na perda do parênquima hepático. A Lesão pancreática crônica leva à produção local de mediadores in�lamatórios que causam �ibrose e perda de células acinares. As citocinas produzidas durante a pancreatite aguda e crônica são similares, os fatores �ibrogênicos tendem a predominar na pancreatite crônica. Essas citocinas �ibrogênicas (TGF-β e fator de crescimento derivado de plaquetas) induzem a ativação e a proliferação de mio�ibroblastos periacinares (células estreladas pancreáticas), resultando na deposição de colágeno e �ibrose. Na pancreatite crônica, episódios repetidos de lesões de células acinares levam à produção de citocina pró-�ibrogênicas, o que resulta na proliferação dos mio�ibroblastos, secreção de colágeno e remodelação da matriz extracelular (MEC). Lesões repetidas produzem perda irreversível da massa de células acinares, �ibrose e insu�iciência pancreática. Alta ingestão de álcool ⇩ Suco pancreático rico em proteínas ⇩ Formação de tampões proteicos intraductais ⇩ Obstrução de pequenos ductos pancreáticos ⇩ Precipitação de cálcio sobre os tampões proteicos ⇩ Formação de cálculos intraductais Alterações histológicas - Fibrose - Atro�ia e destruição dos ácinos - Dilatação variável dos ductos pancreáticos - In�iltrado in�lamatório crônico em torno dos lóbulos e ductos - Epitélio ductal: atro�iado ou hipertró�ico e pode apresentar metaplasia escamosa - Geralmente há preservação relativa das ilhotas de Langerhans 6 Histologia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV A, Fibrose e atro�ia extensas deixam apenas ilhotas residuais (à esquerda) e ductos (à direita), com esparsas células in�lamatórias crônicas e alguns focos do tecido acinar B, Maior aumento, demonstrando ducto dilatado com concreção luminal eosino�ílica densa em um paciente com pancreatite crônica alcoólica Atro�ia acinar com dilatação dos lumens (setas) Material protéico na luz de grandes ductos. Parênquima preservado. Pancreatite crônica esclerosante. Calci�icação dentro do ducto. Muito tecido �ibroso. Aspectos macroscópicos - Glândula rígida, aspecto nodular grosseiro - Ductos extremamente dilatados contendo concreções calci�icadas (por causa �ibrose) - Pseudocistos formam-se por autodigestão Manifestações clínicas •Crises recorrentes de pancreatite aguda 7 Histologia丨 Mariana Oliveira 丨UCI XIV •Persistentes dores abdominais com irradiação para o dorso •Emagrecimento •Ataques repetidos de dor abdominal moderada a grave •Os ataques podem ser desencadeados pelo abuso de álcool, excesso de alimentos gordurosos (aumentam a demanda do pâncreas), uso de opióides (aumenta o tônus do es�íncter de Oddi) •Diabetes mellitus (doença avançada) - Perda da função endócrina (insulina e glucagon) •Esteatorréia (má absorção intestinal) •Icterícia Pancreatite autoimune - está associada à presença de plasmócitos secretores de IgG4 no pâncreas. Apresenta in�iltrado in�lamatório celular misto ductal, venulite, e numerosos plasmócitos secretores de IgG4. Pân��e�s ���ma� Ácinos pancreáticos - Exócrino Ilhota de Langerhans Enzimas responsáveis pela lesão parenquimatosa: TRIPSINA,ELASTASE E FOSFOLIPASE
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