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Aula 2 - Trincas e fissuras(1)

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Profº Dr Abrão C. Merij
E-mail: abrao.merij@fmu.br
Patologia das Construções ?
Diagnóstico do Problema
Exemplo:
A fissura de uma viga decorrente de flexão não pode ser
simplesmente reparada, sob o risco de que ela volte a se
manifestar, mesmo que seja em outro local.
– Origem: definição da fase do processo construtivo em que teve
origem o problema
• Causas: Deve ser identificado o agente causador do problema
• Consequências: O problema compromete a segurança da
estrutura ou apenas seu funcionamento?
Patologias 
nas 
Alvenarias
O que é Alvenaria 
A alvenaria é a etapa da construção civil destinado a
criação das estruturas de uma casa ou de um prédio
qualquer. Pode ser usado para designar também as
paredes de uma casa, tanto a parte estrutural como a
parte de vedação.
Alvenaria
a) parede portante ou estrutural: parede
dimensionada para suportar cargas verticais além de
seu peso próprio;
b) parede não portante ou de vedação: parede que
não suporta cargas verticais além de seu peso
próprio;
Elementos das Alvenarias
São chamados componentes da alvenaria os tijolos
ou blocos utilizados em sua execução. Os componentes da
alvenaria são elementos de tamanho e peso manuseáveis,
e geometria regular.
As juntas de argamassa são constituídas pela
argamassa de assentamento aplicada em estado plástico
que, após o endurecimento e cura, apresenta forma
definida e função de unificação dos componentes.
Tipos de alvenaria
Alvenaria de vedação
A alvenaria de vedação ou convencional tem função
somente de vedar e separar ambientes. Neste caso, é
necessário o uso de estruturas como vigas e pilares de
concreto armado ou estrutura metálica para a
sustentação da edificação.
https://www.escolaengenharia.com.br/alvenaria-de-vedacao/
https://www.escolaengenharia.com.br/estrutura-metalica/
Alvenaria Estrutural
A alvenaria estrutural é um sistema construtivo que
une a estrutura e a vedação da edificação. Pode ser feita
com blocos cerâmicos, de concreto ou sílico-calcário,
todos específicos para este fim.
https://www.escolaengenharia.com.br/alvenaria-estrutural/
https://www.escolaengenharia.com.br/tipos-de-sistemas-construtivos/
Patologias
Mecanismos de Formação das 
Fissuras em Alvenarias
As fissuras são originadas quando as cargas
atuantes excedem a capacidade resistente da
estrutura solicitada. São causadas por tensões de
tração, compressão ou flexão, tendo direção
perpendicular à direção do esforço atuante.
Fissuras em Alvenarias
Alvenarias homogêneas, com boa aderência entre
junta de argamassa e os blocos, tendem a apresentar
fissuras com configuração teórica do tipo ortogonais à
direção dos esforços.
Já paredes, com baixa aderência entre junta e os
blocos, tendem a apresentar fissuras na interface,
gerando linhas quebradas ou acompanhando as fiadas.
Fissuras em Alvenarias
Segundo a NBR 8802 tem - se a seguinte distinção
entre fissura e trinca:
Fissura é a ruptura ocorrida no material sob ações
mecânicas ou físico-químicas com até 0,5 mm de
abertura;
Trinca é a ruptura ocorrida acima de 0,5 mm, embora
esta terminologia esteja indicada para o concreto armado,
pode ser utilizada também para as alvenarias.
Classificação das Fissuras
As fissuras podem classificar-se, segundo sua
abertura, em:
a) finas: fissuras com menos de 1,5 mm de
espessura;
b) médias: espessuras entre 1,5 mm e 10,0
mm;
c) largas: superiores a 10,0 mm.
Classificação das fissuras 
segundo a atividade
Classificação das fissuras, segundo sua atividade:
a) ativas: fissuras que apresentam variações de
abertura em um determinado período de tempo.
b) inativas ou estabilizadas: fissuras que não
apresentam variações de abertura ou
comprimento ao longo do tempo.
Classificação das fissuras 
segundo as causas
A identificação das causas dos problemas é o melhor
caminho para encontrar sua solução.
Thomaz (1989) e Duarte (1998) utilizam
classificações de fissuras segundo sua origem, sendo
agrupadas da seguinte forma:
a) fissuras causadas por excessivo carregamento de
compressão (sobrecargas);
Classificação das fissuras 
segundo as causas
b) fissuras causadas por variações de temperatura
(movimentações térmicas);
c) fissuras causadas por retração e expansão;
d) fissuras causadas pela deformação de elementos da
estrutura de concreto armado;
e) fissuras causadas por recalques de fundações;
f) fissuras causadas por reações químicas;
g) fissuras causadas por detalhes construtivos
incorretos.
Alvenaria não Estrutural
Fissuras causadas por 
Sobrecargas
A atuação de sobrecargas pode produzir a
fissuração de componentes com ou sem funções
estruturais, tais como pilares, vigas e paredes.
Considerando-se como sobrecarga uma solicitação
externa, ela poderá ser prevista ou não em projeto.
Fissuras causadas por 
Sobrecargas
Para trechos contínuos as sobrecargas apresentam dois
tipos característicos de trincas:
a) Trincas verticais (mais comum): ocorrem pela
deformação transversal da argamassa sob ação das tensões
de compressão, ou de flexão dos componentes de alvenaria.
b) Trincas horizontais: ocorrem pela ruptura por
compressão dos componentes e da própria argamassa de
assentamento na alvenaria.
Algumas conclusões sobre o comportamento das alvenarias.
• A resistência da alvenaria é inversamente proporcional à quantidade de
juntas de assentamento;
• Componentes assentados com juntas em amarração produzem alvenarias
com resistência significativamente superior àquelas onde os
componentes são assentados com juntas verticais aprumadas;
• A resistência da parede não varia linearmente com a resistência do
componente de alvenaria e nem com a resistência da argamassa de
assentamento;
• A espessura ideal da junta de assentamento situa-se em torno de 10
mm.
• O principal fator que influi na resistência à compressão da parede se
deve a resistência do componente de alvenaria e não na resistência da
argamassa de assentamento.
Fissuras verticais induzidas por 
sobrecargas
Fissuras horizontais por 
sobrecargas
A NBR 6118, em seu item 4.2.2, considera que a
fissuração se torna nociva ao concreto armado por meio
da corrosão, quando a abertura das fissuras na
superfície do concreto ultrapassar os seguintes valores:
• 0,1 mm para peças não protegidas, em meio
agressivo;
• 0,2 mm para peças não protegidas, em meio não
agressivo;
• 0,3 mm para peças protegidas.
Fissuras por sobrecargas em 
apoios
As fissuras por sobrecargas em apoios, acontecem
quando cargas verticais concentradas de compressão,
excedem a resistência da alvenaria no ponto de apoio.
Ocorrem, em geral, nos apoios de vigas sem coxins,
diretamente em alvenarias.
Fissuras por sobrecargas em 
apoios
Coxim é um elemento estrutural, utilizado para
distribuir as tensões ocasionadas por vigas, quando
essas encontram-se apoiadas sobre paredes
estruturais. Não sendo aplicado a paredes de
vedação. Coxim evita o esmagamento e o
aparecimento de fissuras nas alvenarias oriundas
dessa carga concentrada.
Fissuras por sobrecargas em 
pilares de alvenaria
As fissuras por sobrecargas em pilares de alvenaria
são predominantemente verticais e ocorrem pelo
excessivo carregamento de compressão em pilares mal
dimensionados (DUARTE, 1998).
Fissuras por sobrecargas em 
pilares de alvenaria
São bastante raros os casos de trincas em pilares, pois normalmente os esforços solicitados estão
bem abaixo de sua resistência.
Contuto podem aparecer trincas de esmagamento do concreto, sobretudo nos pés dos pilares, sendo
então necessário o reforço imediato, pois a estabilidade da estrutura estará comprometida.
Não tão raros são as fissuras nos corpos dos pilares, aproximadamente no meio do pilar, em função
da diferença entre o modulo de deformação do agregado graúdo e da argamassa intersticial, pois a
argamassa apresenta deformações bem maiores, gerando superfícies de cisalhamento, paralelas a
direção dos esforços de compressão.Quase sempre esse tipo de fissura está relacionado aos estribos
subdimensionados.
Podemos ter fissuras horizontais ou ligeiramente inclinadas nos corpos dos pilares, esse tipo de
fissura pode estar relacionado aos esforços de flexocompressão, ou até por problemas de flambagem
do pilar. Temos as fissuras inclinadas ou lascamentos nas cabeças dos pilares pré-moldados,
resultantes das tensões normais e tangenciais nessa região do pilar. Isso acontece por falta de
aparelho de apoio ou até mesmo por sua ineficácia.
Possíveis Reparos
• Caso seja possível retirar cargas adicionais
solicitantes
• Aumenta da seção transversal do elemento
estrutural;
• Uso de fibras de carbono.
Movimentação térmica em lajes de cobertura sobre 
paredes autoportantes
Em geral, as coberturas planas estão mais expostas às
mudanças térmicas naturais do que os paramentos verticais
das edificações, ocorrem, portanto, movimentos
diferenciados entre os elementos horizontais e verticais.
Segundo alguns autores, o coeficiente de dilatação
térmica linear do concreto é aproximadamente duas vezes
maior que o das alvenarias de uso corrente, considerando-se
aí a influência das juntas de argamassa.
Por estas razões, e devido ao fato das lajes
de cobertura normalmente encontrarem-
se vinculadas às paredes de sustentação,
surgem tensões tanto no corpo das paredes,
quanto nas lajes.
Teoricamente, as tensões de origem térmica
são nulas nos pontos centrais das lajes,
crescendo proporcionalmente em direção aos
bordos onde atingem seu ponto máximo
A dilatação plana das lajes e o encurvamento
provocado pelo gradiente de temperatura
introduzem tensões de tração e de corte nas
paredes das edificações. As fendas
desenvolvem-se quase exclusivamente nas
paredes, apresentando tipicamente as
seguintes configurações.
A presença de aberturas nas paredes propiciará
o aparecimento de regiões naturalmente
enfraquecidas (ao nível do peitoril e ao nível do
topo de caixilhos), desenvolvendo–se as fissuras
preferencialmente nessas regiões. Assim, em
função das dimensões da laje, da natureza dos
materiais que constituem as paredes, do grau de
aderência entre paredes e laje e da eventual
presença de aberturas, poderão desenvolver-se
fendas inclinadas próximos do topo das paredes.
Movimentação térmica em muros 
extensos
Em função da dilatação térmica e da ausência de juntas de 
dilatação é comum o aparecimento de trincas verticais na 
ordem de 2 a 3 mm, ocorrendo a cada 4 ou 5 metros. Essas 
trincas podem ocorrer nos encontros da alvenaria com os 
pilares ou mesmo no corpo da alvenaria.
Devido ao vínculo restritivo entre a parede e o elemento 
de fundação, as trincas iniciam-se geralmente na base do 
muro, estendendo-se até o topo.
Caso a resistência da argamassa de assentamento
seja maior que a da alvenaria, a trinca se comporta
conforme a figura (a). Porém, se a resistência da
alvenaria for maior, a trinca se comporta conforme a
figura (b)
Possíveis Reparos
• Executar proteção térmica adequada como
mantas ou até mesmo telhados.
• Adicionar ligação adequada entre a estrutura e
alvenaria, como, por exemplo, apoio de
neoprene desenvolvido especificamente para
esse fim.
• Adicionar tela metálica na alvenaria para
absorver as tensões de tração.
Fissuras horizontais por 
expansão da alvenaria
Fissuras horizontais por expansão da alvenaria são
causadas pelas movimentações higroscópicas por
absorção de umidade de seus elementos constituintes.
Ao absorver a umidade, tijolos, blocos e argamassas
podem sofrer expansão e gerar movimentação
diferenciada entre as fiadas da alvenaria ou entre os
tijolos e a argamassa. Neste caso, as fissuras são
predominantemente horizontais.
Possíveis Reparos
• Eliminação da infiltração da umidade
• Secagem do Revestimento
• Escovamento da superfície
• Reparo do revestimento quando pulverulento
• Lavagem com solução de hipoclorito
Fissuras verticais junto ao solo por 
ruptura das fundações
As fissuras verticais junto ao solo ocorrem por
ruptura das fundações superficiais provocada por
recalque diferencial. Têm como característica uma
abertura maior junto ao solo. Manifestam-se, em
geral, em pontos onde a estrutura da fundação é mais
fraca, em mudanças de seções ou em pontos de
concentração de cargas, muitas vezes em combinação
com movimentações de origem térmica.
Recalque diferencial devido a erros de 
projetos
Edifícios de grande porte se faz necessário a
previsão de recalques admissíveis. Para os
projetos com levantamento insuficiente de
sondagens ou ensaios, presença de aterro ou
entulho, ou rompimento de tubulações correm
o risco de ter graves problemas de recalques.
Recalque diferencial devido a erros de 
execução
• Desvio da ponta da estaca metálica ou pré-
fabricada de concreto devido a presença de
matacões;
• Recalque de sapatas assentadas sobre areia,
ou por causa de vibrações de estacas
cravadas nas vizinhanças.
Recalque diferencial devido a problemas 
no solo
• Recalque diferencial por falta de
homogeneidade do solo podendo acontecer
entre elementos verticais como pilares,
tubulões e estacas.
• Rebaixamento do lençol freático; o lado da
edificação, que se localiza o maior
rebaixamento sofre mais danos;
Fissuras por deficiência de 
amarração
Paredes de alvenaria executadas com ausência ou deficiência de
amarração podem gerar fissuras verticais nestes pontos. A amarração
deve ser feita entre os tijolos e blocos constituintes das paredes e
entre paredes justapostas. As fissuras por deficiência de amarração,
em geral, manifestam-se pela movimentação associada a outros
fenômenos, como variações térmicas, retração ou recalques, por
exemplo, quando a solicitação causada por esta movimentação
encontra o plano de fraqueza da deficiência de amarração, gerando as
fissuras .
Resumo dos Tipos de Fissuras e 
suas causas
RESUMO DAS CONFIGURAÇÕES 
TÍPICAS
Questões
1. Como evitar fissuras causadas por sobrecargas?
2. O que são fissuras ativas? Como elimina-las
3. Como diferenciar fissuras ativas das inativas.
4. O que são recalques de fundação? Qual o tipo de
fissura que pode surgir.
5 -
6. Identifique as prováveis causas geradoras das seguintes 
trincas.
a)
b)
c)
d)

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