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108 Unidade III Unidade III 7 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES PRÁTICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DO ESTÁGIO NOS ESPAÇOS OCUPACIONAIS DO SERVIÇO SOCIAL 7.1 Desenvolvimento das atividades na esfera privada A iniciativa privada pode ser descrita, em um primeiro momento, como o equipamento que não é público, estatal. As empresas capitalistas, equipamentos privados e que visam lucro, se enquadram nessa designação. Outros dispositivos que também estão situados na ótica do privado são as organizações não governamentais. Muitas dessas organizações são mantidas com convênios e subsídios recebidos do Estado. Há muitas discussões sobre as organizações não governamentais, especificamente quanto a sua natureza, porém, são mantidas por uma diretoria especifica e voluntária e não podem ter intenção de lucro. Mesmo que submetidas ao controle social, são organismos privados. Apresentaremos a seguir algumas discussões que envolvem o trabalho do assistente social em tais espaços, começando pela empresa. 7.1.1 Serviço Social nas empresas capitalistas privadas Iamamoto e Carvalho (2005) nos colocam que quando tivemos a consolidação das primeiras escolas de Serviço Social no Brasil, muitos profissionais foram chamados para atuar nas empresas privadas. Nesse momento, para os autores, havia mais campo de trabalho do que profissionais graduados, o que abriu margem para que essas empresas também firmassem vários estágios, e os assistentes sociais eram especialmente contratados por essas organizações para exercer o controle da força de trabalho. Muitos trabalhadores estavam vinculados aos círculos de movimento dos operários e passaram a reivindicar cada vez mais seus direitos; por isso, o período apresentou grande ocorrência de greves. Os assistentes sociais seriam os trabalhadores que colocariam fim a esse tipo de comportamento, estimulando o trabalhador em torno de uma linha de raciocínio que o mantivesse vinculado à empresa. Nesse espaço, o assistente social irá atuar por meio da concessão de benefícios aos trabalhadores e da construção de conceitos que garantam esse vínculo do trabalhador com a empresa. Os autores ainda apontam que os assistentes sociais foram incorporados a um grande braço das empresas por meio da sua inserção nas organizações vinculadas ao chamado sistema S, composto por Senai, Sesi e, mais tardiamente, Sesc e Senat. O Senai foi criado em 1942 por Getúlio Vargas com enfoque na formação da mão de obra para atuação na indústria. Esse órgão visava formar o profissional para a indústria nascente e também conformar um novo perfil de trabalhador, comprometido com a empresa e com o seu desenvolvimento, ou seja, o perfil idealizado ali não era 109 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL o do trabalhador contestador. Nesses espaços, o assistente social atua pela concessão de benefícios em emergências, além de desenvolver políticas de higienização e de controle da força de trabalho. Iamamoto e Carvalho (2005) ainda nos indicam que outro espaço importante de inserção dos assistentes sociais foi o Serviço Social da Indústria, ou Sesi, criado em 1946 sob a gestão presidencial de Eurico Gaspar Dutra e que foi originalmente constituído para melhorar os vínculos entre empregados e patrões. Os assistentes sociais desenvolviam nesse espaço uma gama ampla de ações voltadas para a higiene, habitação, nutrição e atendimento educativo do trabalhador. O Serviço Social apresentou grande expansão no Sesi, e lá foram organizados até departamentos da categoria. Mota (1998) nos coloca que a partir dessas inserções, no momento de surgimento das primeiras escolas, um campo foi se abrindo para a inserção dos assistentes sociais nesses postos de trabalho. Não dá para mapear todas as outras empresas que firmaram postos de trabalho para assistentes sociais, mas é importante saber desses marcos iniciais. A autora nos diz, no entanto, que em grande parte do período após essa inserção inicial dos assistentes sociais, houve a estagnação do mercado de trabalho na área, e, em meados da década de 1970, houve um grande crescimento da demanda por assistentes sociais junto às empresas privadas. Nessa época aconteceu um processo denominado reestruturação produtiva. O capitalismo vivenciava uma grande crise, e muitos economistas começaram a repensar a produção. Nessa fase de desenvolvimento de capital, o modelo fordista, que pressupunha a produção em massa para um consumo também em massa, foi substituído pelo formato toyotista, em que a produção passa a ser organizada segundo a demanda e são inseridos processos que visam otimizar a produção e reduzir os custos. A reestruturação produtiva visava, conforme Mota (1998), reorganizar a produção capitalista e encontrar alternativas de ampliar o lucro e diminuir as despesas. Com isso, um novo perfil de trabalhador é gestado, e é esse perfil que será o objeto de atuação do assistente social nas empresas em questão. O técnico é convidado para que possa colaborar com a reestruturação da força de trabalho e também opera benefícios que garantam a sua reprodução material. Saiba mais O artigo a seguir é uma provocação sobre a atuação de um assistente social em uma empresa de Londrina: ABREO, A. C. S. de; RIBEIRO, R. M. O fazer profissional do assistente social de empresas em Londrina. Serviço Social em Revista, v. 6, n. 1, 2003. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v6n1_carol.htm. Acesso em: 12 jan. 2020. 110 Unidade III A ação, nesse momento, é individual e coletiva. Individual para a atenção de demandas específicas dos trabalhadores e coletiva para que dessa forma seja possível realizar atividades coletivas e de caráter socioeducativo. Tais intervenções também englobam as famílias dos trabalhadores, buscando cooptar todas as esferas de sua vivência. Nesse momento os assistentes sociais organizam projetos para firmar o vínculo entre trabalhador e empresa, mas ainda atuam junto a problemas que podem comprometer a produtividade, como faltas e absenteísmo, oferecem benefícios eventuais aos mais pobres, desenvolvem trabalhos educativos e sistematizam dados sobre o corpo de trabalhadores vinculados à empresa. Os técnicos organizam até mesmo atividades de lazer, buscando cooptar o tempo livre do trabalhador e forjando a ideia de proximidade entre ele e a empresa. Na década de 1980, houve, segundo Mota (1998), uma atualização das demandas postas aos assistentes sociais que atuam nas empresas. Frente ao avanço das organizações sindicais e sua regulamentação, os profissionais foram convidados a mediar as relações entre sindicato, trabalhadores e empresas e também contratados para organizar programas socioeducativos que estimulem o fortalecimento da relação entre trabalhador e empresa e, assim, afrouxar os laços dos trabalhadores com os sindicatos. Já nos anos 1990, a demanda dos assistentes sociais nas empresas privadas se diversificou consideravelmente. Nesse período, os profissionais foram chamados a intervir nos Programas de Treinamento e Desenvolvimento, Participativos, de Qualidade de Vida e de Clima Organizacional. O que isso significa? Os Programas de Treinamento e Desenvolvimento são organizados para capacitar os trabalhadores para o exercício de suas funções. Os Programas Participativos apresentam ao trabalhador possibilidades de gestão da empresa, pois são espaços em que ele é ouvido. Já os Programas de Qualidade de Vida são os serviços que buscam colaborar com a saúde (física e mental) do trabalhador, e serão esses os maiores espaços de ocupação dos assistentes sociais. Por fim, os Programas de Clima Organizacional buscam estimular a adoção de alterações na organização, visando à melhora da produção e um ambiente mais sadio (CESAR, 1998). A vinculação dos assistentes sociais a esses programas os coloca como os trabalhadores privilegiados na construção de dados para a gerência, identificando as requisições dos trabalhadores e os impelindo a encontrar alternativas que possam fazer com o que o climaorganizacional seja satisfatório à produção. Os assistentes sociais têm a potencialidade de identificar quais seriam as mudanças necessárias, partindo da sua vinculação aos trabalhadores. Essas demandas ainda estão presentes para os assistentes sociais que atuam nesses espaços. De acordo com Iamamoto (2017), o assistente social segue atuando nas empresas capitalista, privadas, exercendo o controle da força de trabalho. Os programas mudam de empresa para empresa, mas o profissional só é contratado nesses espaços se o assistente social se mostrar em condições de administrar essa força de trabalho. A realização de estágio nesses espaços pressupõe que você tenha entendimento da contradição presente nesse tipo de prática. Também é preciso observar se as prerrogativas que orientam o trabalho do assistente social estão sendo contempladas. Afinal, o estágio denota a atuação do Serviço Social? Além disso, em qualquer espaço de estágio, é necessário que você elabore toda a documentação indicada. Agora, passamos para a apresentação de outra área na qual há grande inserção dos assistentes sociais, que são as organizações não governamentais. 111 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL 7.1.2 Organizações não governamentais Antes de adentrarmos o conteúdo dessa discussão, convidamos você para a leitura do texto a seguir. Nele temos uma apresentação das atividades desenvolvidas pelo assistente social na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Itapetininga/SP. Vejamos: Serviço social O serviço social é o setor integrante da Apae responsável pelo atendimento e apoio social às famílias dos alunos atendidos, tendo como objetivo promover a autonomia, proporcionando melhor qualidade de vida das pessoas com deficiência e sua interação familiar, trabalhando na defesa e garantia dos direitos. A assistente social compõe a equipe multidisciplinar que conta ainda com fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e psicólogo. Atribuições do assistente social • Participar do processo de avaliação de entrada e desligamento dos alunos, realizando estudos de casos em parceria com os demais membros da equipe. • Coordenar e supervisionar estágios de estudantes de serviço social. • Orientação e preenchimento para requerimento de BPC aos alunos de baixa renda. • Recadastramento anual para atualização de dados: atendimento individual e em grupo de alunos. • Realizar visitas domiciliares para conhecer e acompanhar a realidade e vulnerabilidade social de cada família, identificando os fatos que possam interferir no atendimento ao aluno. • Atendimento às famílias com a finalidade de acolher, apoiar, orientar, bem como desenvolver ações para o fortalecimento dos vínculos afetivos. • Acompanhamento das famílias em especial as que se encontram em situação vulnerável de vida e quando necessário realizados encaminhamentos ao Cras, Creas, Conselho Tutelar, Fórum, Defensoria Pública, Delegacia da Mulher etc. • Participação em reunião de pais, equipe técnica e pedagógica. • Assegurar e viabilizar aos alunos e seus familiares encaminhamentos e orientações aos programas sociais. 112 Unidade III • Fazer o levantamento de recursos disponíveis na comunidade para possível utilização no encaminhamento de alunos e melhoria das condições sociais das famílias, orientando-as sobre o trabalho desenvolvido pela entidade com os seus filhos, procurando envolvê-las no processo educativo da escola. • Discutir, junto à equipe multidisciplinar, informações relevantes sobre a questão socioeconômica apresentando os resultados da atuação da assistente social. A psicóloga e a assistente social coordenam na entidade o Projeto Escola com a participação de cinco alunos onde são trabalhadas regras e normas, bem como a independência e autonomia. O trabalho da assistente social não se completa apenas nos instrumentais oferecidos, este profissional deve se basear na defesa e garantia dos direitos do cidadão adquirindo conhecimento em sua área para que possa atuar em situações diversas na defesa do interesse do aluno. Fonte: Apae Itapetininga (s.d.). Acabamos de ver a descrição das atividades desenvolvidas pelo assistente social na Apae. Podemos considerá-la uma organização não governamental? Sim, pois ela é organizada e gerenciada por uma diretoria que provém da sociedade civil. O trabalho requer profissionais que são pagos pela Apae, como o assistente social, e nesses espaços os serviços são custeados por meio de parcerias firmadas com o poder público e também através de recursos próprios. São instituições privadas, mas que estão submetidas ao controle público, ao passo que recebem recursos. Organizações como essa, com atuação junto a várias expressões da questão social, são recorrentes no país. Adotamos aqui a expressão organizações não governamentais e por ela buscamos designar instituições que atuam em prol da defesa de direitos e também na atenção de determinadas necessidades da população mais vulnerável do pais. No geral, são organizações privadas que podem ter (ou não) parcerias com o Estado, resultando no repasse de recursos públicos. Essas organizações foram instituídas no Brasil em meados do período colonial, em 1543. As primeiras organizações de que se têm notícia foram as Santas Casas de Misericórdia, organismos gerenciados pela Igreja Católica e que prestavam atendimento assistencial e também hospitalar. As Santas Casas de Misericórdia recebiam recursos das paróquias e também das províncias para o desenvolvimento de suas ações. Essas ações foram hegemônicas no país por muitos anos e atualmente ainda exercem atenção à saúde por meio de convênios com espaço público (CARVALHO, 2006; MONTAÑO, 2002). No ano de 1935, durante o governo de Getúlio Vargas, segundo Carvalho (2006), tivemos a constituição da Lei de Utilidade Pública. Essa legislação pressupunha que as organizações não governamentais, como as Santas Casas de Misericórdia, solicitassem recursos públicos e tivessem isenção de impostos. Ainda durante a gestão de Vargas, no ano de 1938, foi criado o Conselho Nacional de Serviço Social, órgão que possuía, entre suas atribuições, analisar instituições que realizavam cadastro para obtenção de recursos públicos. 113 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL Nas décadas de 1960 e 1970, houve a ampliação das filantropias, que seriam organizações prestadoras de assistência social. Essas organizações eram sem fins lucrativos e buscavam oferecer atendimento assistencial para os segmentos empobrecidos. Já entre 1980 e 1990, ocorreu a maior expansão dessas organizações criadas pela sociedade civil. Iamamoto (2017) nos coloca que além das organizações da sociedade civil em geral, temos nos anos 1990 as filantropias das empresas capitalistas. As empresas de grande porte passaram a organizar serviços e projetos de atenção social. Para a autora, isso colabora com a construção da imagem da empresa perante a sociedade, sendo configurada como organização privada que tem uma visão, um interesse social, e isso tende a colaborar com a ampliação de vendas. Além disso, em determinados casos, as empresas alcançam a dedução de alguns impostos. Montaño (2002), por sua vez, destaca que nesse período houve a adesão do Estado brasileiro à doutrina neoliberal, segundo a qual o poder público reduz significativamente sua intervenção junto aos problemas sociais. Embora o neoliberalismo não se reduza a isso, para o nosso objeto de estudo, é importante frisar que o poder público passa a “economizar” os recursos para administrar os problemas sociais. Diante desse fato, observamos a organização da sociedade em torno da atenção das demandas sociais e sua organização por meio desses organismos, visando à minimização das expressões da questão social. O autor ainda nos coloca que a partir dos anos subsequentes, esses organismos ampliaram sua esfera de atuação, o que resulta em uma grande quantidade de instituições dessa natureza. No ano de 2015, o Brasil sancionou a Lei n. 13.204,de 14 de dezembro, a qual começou a vigorar em todo o território nacional em 2017. Segundo essa legislação, as organizações dessa natureza e que desejassem celebrar convênios com o poder público deveriam ser submetidas a um processo de licitação. Nesse processo, o órgão público divulga um edital em que todos os prestadores se credenciam; aquele que prestar o serviço pelo menor preço sai vencedor do processo licitatório e é contratado pelo órgão público para a oferta dos serviços. Em condições muito peculiares e específicas, é permitida a dispensa do processo de licitação, mas há uma série de imposições para que essa medida seja adotada. Além disso, ao receber recursos dos órgãos públicos, as entidades são condicionadas ao controle público, e há uma determinação clara de que elas também têm que disponibilizar suas prestações de contas em sites específicos, visando fortalecer a noção de transparência pública (BRASIL, 2015). Observação A Lei n. 13.204, de 14 de dezembro de 2015, inaugurou uma nova relação nas parcerias e convênios firmados entre o poder público e as organizações não governamentais. Nessa legislação, o termo usado é organizações da sociedade civil, por meio do qual busca designar todas as organizações que não visem lucro, atuem junto a problemas sociais e tenham uma diretoria voluntária composta por representantes da sociedade civil. Alguns termos são, conforme Carvalho (2006), comuns quando buscamos designar essas instituições, entre os quais: • Organização da sociedade civil de interesse público: título vinculado a organizações que buscam firmar parcerias com órgãos públicos e que recebem recursos da iniciativa privada. 114 Unidade III • Entidade beneficente: organizações que não visam lucro e que atendem uma demanda social. Buscam reparar desigualdades sociais. • Entidade beneficente de assistência social: organizações que não visam lucro e que atendem demandas ligadas à assistência social. • Fundações: organizações que buscam arrecadar recursos e repassá-los para as organizações não governamentais. • Fundos comunitários: organizações que arrecadam doação de empresas privadas e buscam destinar tal recurso para causas sociais específicas. • Organizações sem fins lucrativos: organizações que não visam lucro e buscam atender uma demanda social. São prestadoras de atenção de necessidades emergentes e de atenção de segmentos vulneráveis de diversas formas e atuam na defesa de direitos sociais. Observação Muitas dessas instituições são consideradas de utilidade pública, o que as isenta do pagamento de impostos estaduais e municipais e da cota patronal do INSS. Para isso, é necessário atender a uma série de requisitos do Ministério Público. É nesse espaço, clivado por uma série de questões e discussões, que nós, assistentes sociais, poderemos atuar. É nesses locais que você poderá realizar o estágio em Serviço Social, desde que observe todas as prerrogativas legais e elabore toda a documentação necessária para tal finalidade. A atuação do assistente social nesses locais é tão antiga quanto a sua constituição. Iamamoto e Carvalho (2005) nos colocam que nas Santas Casas de Misericórdia já havia a atuação dos assistentes sociais. Montaño (2002), por sua vez, indica que é impreciso definir uma data para a inserção dos assistentes sociais nesse espaço, uma vez que há uma gama ampla de organizações dessa natureza que vão sendo constituídas ao longo dos anos no Brasil. Uma linha cronológica poderia ser traçada somente se adotássemos um tipo de organização e buscássemos registros sobre ela. Porém, hoje, sabemos que esse espaço se configura também como um local de efetivação dos direitos sociais não contemplados pelo Estado. Costa (2005) indica que a atuação do assistente social junto a essas organizações deve vir sustentada pelo entendimento de que o profissional sempre deverá buscar a atenção dos direitos dos segmentos mais vulnerabilizados. Além disso, entendimento sobre a área, por ela nomeada de Terceiro Setor, visão de totalidade institucional e conhecimento da legislação também são requisitos apontados como fundamentais pela autora. 115 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL Costa (2005, p. 3) compreende que o conhecimento do público-alvo das ações e a habilidade de trabalhar em equipe são também elementos importantíssimos para os profissionais que atuam em organizações não governamentais. Além disso, é preciso aprender a construir respostas criativas frente às demandas que lhes são apresentadas. Vejamos a definição da autora: 1. Ter um conhecimento básico sobre o que é o Terceiro Setor e as instituições que o compõem, bem como, mais especificamente, sobre a instituição onde irá desenvolver a sua ação: histórico, objetivos, missão, recursos, proposta de trabalho, dificuldades, possibilidades, limites e público-alvo. 2. Ter a visão da totalidade institucional, conhecendo o ambiente interno e externo da organização e, principalmente, o papel que pretende cumprir naquele determinado momento histórico e pelo qual deseja ser reconhecida! 3. Conhecer a legislação atual que fundamenta a política de atuação junto ao segmento atendido pela instituição. Isso significa buscar nas leis pertinentes à ação institucional respaldo legal para a um trabalho voltado para a garantia dos direitos da população atendida. A Constituição Federal de 1988, a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Lei Orgânica da Saúde, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) etc. são exemplos do aparato legal que podem contribuir para garantir a ação do técnico, do serviço social ou de outras áreas, uma ação mais contextualizada, interdisciplinar e abrangente. 4. Ter a concepção clara de que população atendida pela instituição é constituída por sujeitos de direitos e não meros objetos da ação profissional. 5. Saber atuar em equipe, pois essa participação pressupõe o trabalho conjunto de pessoas que discutem e analisam situações e fatos concernentes ao âmbito de atuação, tomando decisões de encaminhamento e executando-as. Traz a ideia do trabalho coletivo, cujos membros partilham de uma visão claramente definida sobre os objetivos a serem alcançados, tendo em vista a totalidade institucional e a ação interdisciplinar. 6. Produzir respostas profissionais concretas e práticas para a problemática trabalhada pela instituição, a partir de uma postura reflexiva, crítica e construtiva. Exercer a práxis profissional com compromisso e responsabilidade, primando pela capacidade de denunciar situações que necessitam ser superadas, mas também anunciando as formas de fazê-lo. Além disso, a autora coloca que os profissionais precisam compreender as expressões da questão social em suas múltiplas formas de expressão, uma vez que nesses espaços estarão atendendo a essas determinações, assim como entender a relevância das políticas sociais setoriais para contemplar essas demandas apresentadas e situar a sua prática e a instituição junto a uma análise 116 Unidade III de totalidade. Uma visão crítica pressupõe entender que a organização não governamental está situada em uma realidade econômica, política e social. Independentemente do local de atuação do assistente social – empresa privada ou organização não governamental –, ambos podem ser espaços de muito aprendizado, embate e luta. Como profissionais que somos, sempre temos que observar em nossa conduta os parâmetros ético-legais que disciplinam nosso exercício profissional e buscar a efetivação dos direitos sociais. No estágio, segue-se a mesma perspectiva. O estagiário deve sempre observar as prerrogativas legais e o disposto na normativa que orienta o estágio na UNIP. Concluímos nossas colocações em relação à ação do assistente social na área privada e passamos ao entendimento sobre a prática profissional na área pública. 7.2 Desenvolvimento das atividades na esfera pública Entender a atuação do assistente social na áreapública é algo complexo. Afinal, o que é público? Público, aqui, será entendido como estatal. Assim, quando pensamos na atuação na área pública, estamos pensando na prática do assistente social em espaços de intervenção que são mantidos pelo Estado. Isso não é simples, uma vez que o rol de serviços públicos é extremamente amplo. Há intervenções nas mais variadas políticas sociais, entre as quais: assistência social, saúde, previdência social, educação, habitação etc. Assim, em cada área, o assistente social possuirá especificidades, particularidades que definem o seu espaço e suas atribuições. Diante disso, o que idealizamos para esse subitem é uma apresentação das primeiras instituições públicas que surgiram no país e nas quais houve a inserção dos assistentes sociais. A primeira grande instituição assistencial pública surgiu em 1942, na era de Vargas, foi a Legião Brasileira de Assistência (LBA). Constituída com o objetivo de oferecer suporte às famílias dos pracinhas envolvidas com a Segunda Guerra Mundial, a LBA rapidamente foi convertida em um dispositivo para intervenção junto à pobreza. A LBA constituiu escritórios em muitos locais do país e foi um dos primeiros espaços públicos que alocou assistentes sociais. A instituição, criada por Darcy Vargas, possuía muitos profissionais atuantes na LBA e acabou consolidando uma relação entre política e assistência social. Nela, os assistentes sociais atuavam na concessão de benefícios emergentes e ainda organizavam cursos de capacitação e qualificação para as famílias pobres. A LBA foi extinta em 1990, na gestão do então presidente Fernando Collor (IAMAMOTO; CARVALHO, 2005). Lembrete A primeira grande instituição estatal que surgiu no Brasil foi a Legião Brasileira de Assistência (LBA). 117 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL Saiba mais O texto a seguir é muito interessante. Ele demonstra a compreensão sobre a atuação do Serviço Social junto à infância em diversos contextos e realidades: NUNES, E. S. N. A vida infantil e sua intimidade pública: o trabalho social como novidade na atenção à infância na América Latina, 1928-1948. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 19, n. 2, p. 451- 474, jun. 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0104-59702012000200006&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 8 jul. 2020. Outras grandes instituições que surgiram nesse período foram o Serviço de Atenção ao Menor (SAM) e a Fundação Leão XIII. O SAM foi criado para atender crianças e adolescentes, conforme preconizava o Código de Menores, legislação que propunha a proteção para a infância “desvalida”, compreendida como a infância pobre e que cometia atos infracionais. Assim, o SAM seria um braço do Código de Menores, implementando as propostas do Código, na prática. Essa instituição organizou muitos espaços que recebiam crianças e adolescentes nas mais variadas situações e ficou conhecido como uma das organizações mais agressivas do período, uma vez que as pessoas ali recebidas eram vítimas de uma sorte de agressões. O SAM foi substituído na década de 1960 pela Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (Funabem), na qual os assistentes sociais também foram alocados. Caberia a esses profissionais, no SAM, intervir junto às crianças e adolescentes acolhidas e suas famílias; na Funabem, a ação era orientada ao mesmo público, mas com enfoque na reinserção social. No contexto do seu surgimento, o SAM era apontado como um equipamento assistencial. Porém, com o tempo, o SAM e a Funabem acabaram se caracterizando mais como dispositivos de justiça do que meramente assistenciais. A Funabem passou por várias reformulações e perdeu sua conotação “assistencial” a partir de meados dos anos 2000, com a criação da Fundação Casa, organização que herdou o legado da Funabem, mas na qual temos basicamente o acompanhamento de adolescentes que ficam em regime fechado. A Fundação Leão XIII, por sua vez, foi criada também no período em questão para atender às famílias que residiam nas favelas do Rio de Janeiro. Ela recebia elevados recursos públicos para realizar esse atendimento por meio da concessão de benefícios emergente e para a realização de atividades educacionais. Os assistentes sociais vinculados à instituição deveriam, segundo o entendimento da época, exercer influência junto às famílias residentes nas favelas, uma vez que acreditava-se que esses espaços eram usados pelos operários para a disseminação do comunismo (IAMAMOTO; CARVALHO, 2005). 118 Unidade III Saiba mais O site a seguir traz uma apresentação da Fundação Leão XIII, organização criada para acompanhar as famílias residentes nas favelas no Rio de Janeiro. Atualmente, essa fundação tem atividades totalmente diversificadas das que lhe deram origem. http://www.leaoxiii.rj.gov.br/ Os autores ainda nos colocam que os assistentes sociais também foram chamados para atuação nos Institutos de Previdência Social. Esses organismos eram mantidos como recursos do poder público, das empresas e dos trabalhadores e cuidavam de questões como aposentadoria, pensão, atendimento médico, necessidades eventuais e outras demandas afins para os trabalhadores que com eles colaboravam. Os institutos não podem ser considerados organismos públicos nem privados, mas híbridos. Como podemos observar, a intervenção dos profissionais nos espaços requeria deles ações diferenciadas. Os públicos eram específicos e requeriam intervenções orientadas a fins pecualiares, e toda a prática profissional estava vinculada ao ideal profissional da época. Atualmente, apesar dos inúmeros campos possíveis de ação do assistente social na área pública, temos referências éticas diferenciadas, assim como um projeto ético-político distinto no qual buscamos sempre efetivar os direitos sociais dos mais vulneráveis. Diante disso, em qualquer área de atuação e de estágio, precisamos sempre observar os valores e postulados de nossa categoria. Quando da inserção em um campo de trabalho ou de estágio, é fundamental conhecer as referências que orientam o fazer nessas organizações. Isso irá direcionar o seu estágio e sua atuação profissional. Se você vai atuar na assistência social, é preciso definir em que espaço. Há indicações específicas para a atuação na assistência social em organizações como o Órgão Gestor, o Cras, o Creas e outros organismos afins. Se formos para a área da saúde, teremos inúmeras possibilidades, como a Saúde Mental e a Atenção Básica, a respeito das quais existe também um rol amplo de indicações. A ação competente na esfera pública e também na privada requer ao assistente social o amplo conhecimento do seu espaço de atuação. Isso, infelizmente, não faremos nesse material, devido à amplitude de áreas de atuação. Dito isso, na sequência, apresentaremos os relatos de experiência de estágio vivenciados em organizações públicas e em equipamentos privados. 8 RELATOS E DESCRIÇÕES 8.1 Experiências de alunos em estágio curricular de instituições públicas As pesquisas que realizamos em sites de buscas como o Scielo nos trouxeram um grande número de trabalhos em que é feita a descrição de situações que retratam o estágio em Serviço Social. Por sua vez, sites de eventos como o Enesso e outros relacionados à discussão de políticas sociais e do Serviço Social 119 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL trazem inúmeros relatos sobre as vivências de estágio. No entanto, concordamos com Sposati (2007) quando o autor afirma que essas e outras pesquisas precisariam ser sistematizadas. Isso facilitaria muito a busca e a tabulação de dados. Buscamos apresentar aqui três experiências que discutem a questão do estágio. Essas experiências são interessantes porque retratam como o processo de supervisão pode ser convertido em TCC e também em artigos. Além disso, elas destacam, uma vez mais, a relevância da investigação no processo de produção de conhecimento sobre a prática profissional. A primeira experiência que gostaríamos de compartilharcom você é a retratada por Brito (2012). Essa pesquisa é descrita em um TCC defendido no ano de 2012 na Universidade Federal da Paraíba. A discussão pretende apresentar a prática de estágio que foi desenvolvida no Cras de Lagoa Seca, Paraíba. A autora faz uma construção teórica em que apresenta a Política Nacional de Assistência Social e situa o Centro de Referência da Assistência Social nesse percurso. Nessa apresentação do campo de estágio, demonstra muita clareza dos parâmetros que orientam a assistência social e o Cras e descreve muitos detalhes sobre o campo de estágio. O documento é tão bem elaborado que é possível até mesmo uma visualização do espaço do estágio. Ela também apresenta a equipe técnica, composta por três assistentes sociais concursadas, e destaca que havia um grupo de estagiários da universidade, totalizando seis estagiários distribuídos entre os supervisores. Nesse caso, não é apontada no Cras a existência do coordenador e nem do psicólogo, porém ambos constituem os profissionais que integram a equipe mínima desses espaços. A autora reforça que o Cras, fundado em 2008, atuava junto ao Benefício de Prestação Continuada, gestão do bolsa-família, oferecia cursos profissionalizantes, fazia encaminhamento para acesso a documentos pessoais e organizava grupos de convivência junto a públicos específicos. Ela ainda destaca que o Cras acompanhava um grupo de crianças e adolescentes que eram vinculados ao Programa de Enfrentamento do Trabalho Infantil (Peti). Os assistentes sociais, por outro lado, desenvolviam ação interdisciplinar junto aos outros trabalhadores e realizavam a busca ativa, interferiam na gestão dos benefícios de transferência de renda por meio do encaminhamento para atualização cadastral, atendiam casos de negligência e organizavam os grupos de convivência. Também eram os assistentes sociais que organizavam os cursos de formação oferecidos no Cras. O relato nos indica que o Cras contava com oficineiros para o desenvolvimento dos cursos (BRITO, 2012). Partindo da descrição do relato, a autora passa então a destacar que o grupo de estagiários identificou a ausência de atividades que abordassem, de forma educativa e por meio de convivência, o público atendido pelo Peti. Aliás, pontua que no Cras não havia nenhuma atividade de convivência junto à criança e adolescente. A construção teórica, a partir do momento que começa a abordar a questão da infância e adolescência, passa a apresentar o Estatuto da Criança e do Adolescente, destacando a importância de tal documento na efetivação dos direitos. Nesse sentido, indica que muitas crianças e adolescentes não têm conhecimento mínimo do documento. 120 Unidade III O grupo de estagiárias de Serviço Social em processo de supervisão de campo delimitou a organização de atividades de convivência junto às crianças e adolescentes atendidos pelo Peti com o objetivo inicial de apresentar e discutir o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Para isso, organizaram um grupo de convivência com 15 crianças e adolescentes na faixa de 10 a 12 anos e realizaram com eles três encontros para a discussão do Estatuto da Criança e do Adolescente nos quais trabalharam com filmes para inserir a discussão, incluindo um curta-metragem. Esses filmes abordavam questões específicas da fase de desenvolvimento dos que participam do grupo, o que demonstra a supervisão presente na definição das formas de ação junto a um público que é específico. Os encontros foram avaliados pela equipe de estagiários como positivos, à medida que viabilizaram discussões sobre o ECA e ainda a compreensão das crianças e dos adolescentes que participaram do processo. Porém, a autora utilizou uma das experiências no estágio, e como eram vários estagiários, os demais também usaram suas vivências para a elaboração do TCC. Esse texto, muito bem elaborado e bem escrito, indica todas as prerrogativas presentes no serviço e na política social, assim como no desenvolvimento do estágio. Outra descrição interessante pode ser lida no texto de Queiroz, Bade e Silva (2014), eles relatam as vivências do estágio em Serviço Social que ocorrem na Secretaria Municipal de Saúde de Crissiumal, no Rio Grande do Sul. Ele não é tão detalhado como o anterior, uma vez que foi escrito no formato de artigo e não de TCC. Na experiência, os estagiários descrevem a vivência do estágio em Crissiumal junto à Secretaria de Saúde e para isso inserem toda uma discussão sólida e bem estruturada sobre o Sistema Único de Saúde (SUS). Eles apresentam, ainda, uma sólida argumentação em defesa da importância do estágio para o desenvolvimento do perfil profissional do futuro assistente social e enfatizam a relevância do Projeto de Intervenção no contexto do estágio. Também temos na discussão teórica a demonstração de plena clareza da defesa dos postulados profissionais em defesa das políticas sociais do SUS e das prerrogativas que orientam a profissão. Partindo da discussão do Projeto de Intervenção, o texto caminha para a análise da ação proposta pelos estagiários, que identificaram que o assistente social atua na saúde em várias frentes, desde a concessão de medicamentos, a agenda e providência de cirurgias eletivas e o encaminhamento de vários casos, incluindo um número elevado de casos de violência doméstica contra crianças e adolescentes. O texto, além de fazer críticas ao fato de o técnico adotar medidas para agendar cirurgias, identificou que no grupo de trabalhadores da Secretaria de Saúde há um desencontro de informações em relação aos passos adotados para casos de violência contra a criança e o adolescente, o que dificulta muito a organização dos encaminhamentos de tais casos. Diante desse contexto e partindo das discussões com a supervisora de campo, o grupo de alunos definiu a realização de atividades junto aos trabalhadores da Secretaria de Saúde, visando a sua sensibilização para a questão da violência doméstica contra a criança e o adolescente. Essa sensibilização aconteceu por meio de encontros nos quais os estagiários e o assistente social discutiram temas e realizaram roda de conversa, debates e outras atividades afins para problematizar a situação. Foram consolidadas equipes de proteção à criança e ao adolescente dentro da Secretaria de Saúde, e esses encontros serviram para demonstrar também a necessidade de fortalecimento da rede. 121 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL Os estagiários começaram então a organizar, em parceira com o supervisor de campo, encontros para a atenção dessa nova demanda, afinal, a ação pede uma rede forte, que busque a proteção e a defesa dos direitos de crianças e de adolescentes. O texto indica que a ação de fortalecimento da rede é outra intervenção, a ser narrada em outro tipo de instrumental, mas neste texto em específico observamos grande entendimento dos autores sobre o SUS, a respeito dos direitos de crianças e adolescentes e sobretudo em relação à necessidade de uma rede de proteção forte e consolidada. A última experiência que gostaríamos de dividir com você em relação à área pública refere-se à ação desenvolvida por meio de determinada pesquisa que aborda a questão da supervisão de estágio em Serviço Social. Paiva, Moreira e Cardoso (2015) nos apresentam a descrição de uma supervisão de estágio em Serviço Social realizada junto ao Ministério Público de Santa Catarina desenvolvido no Grupo de Apoio e Reflexão do Ministério Público, espaço destinado a famílias atendidas pelo órgão em situações que envolvem guarda, tutela e adoção. O texto foi escrito em parceria pelo supervisor de campo, supervisor acadêmico e estagiário e publicado em revista acadêmica. Nele, temos a narrativa das ações realizadas, visando à conscientização das famílias sobre a importância de assumir sua função protetiva. No grupo, as metodologias usadas foram exposição de curtas, debates e discussões mediadas, as quais foram sempre desenvolvidas contando com a deliberação dos três atores presentes noestágio. A descrição no artigo nos apresenta que a organização do grupo e todas as abordagens desenvolvidas, assim como o acompanhamento das famílias fora do grupo, eram decididas por meio do processo de supervisão. Esse processo contava com a participação ativa dos supervisores e do estagiário. Além de o relato apresentar o engajamento de supervisores e do estagiário no desenvolvimento da ação em questão, demonstra como cada ator foi importante para melhor qualificar a ação empreendida em prol da conscientização das famílias atendidas. O que essas experiências têm a nos dizer? Demonstram apenas as mais várias formas como o exercício profissional do assistente social se desenvolve e de que modo ele condiciona o estágio. O estágio pode ser, portanto, um processo de rico desenvolvimento e aprendizagem ao aluno. Para isso, é fundamental a vivência e orientação do supervisor. Esperamos que essas experiências sejam inspiradoras e possam colaborar com seu desenvolvimento e sua reflexão no processo de estágio. Exemplo de aplicação Que tal pensar no seu campo de estágio e tentar sistematizar um artigo sobre ele? Agora convidamos você para o nosso último subitem, no qual apresentaremos algumas experiências sobre a ação do assistente social e a intervenção do estagiário na empresa privada. Nosso objetivo, no tópico subsequente, é retratar os relatos de outros estagiários que, como você, também vivenciaram esses momentos, mas não queremos como isso demonstrar as práticas como ideais. São apenas descrições. 122 Unidade III 8.2 Experiências de alunos em estágio curricular de instituições privadas A seguir, apresentaremos a você experiências do estágio curricular em Serviço Social desenvolvido em organismos privados. Infelizmente, não conseguimos identificar descrições sobre o estágio em empresas capitalistas privadas. Isso não significa, no entanto, que ele não exista, mas que possivelmente não há sistematização dessas práticas por meio de artigos. Apresentaremos aqui descrições da realização de estágios em Serviço Social realizados junto às organizações não governamentais e que são, como vimos, espaços privados de administração dos problemas sociais. Lembrete Organizações não governamentais são instituições que não visam lucro em suas finalidades e que atendem às expressões da questão social. Sena e Leite (2013) nos apresentam a descrição do estágio curricular obrigatório de um dos autores que transcorreu na Apae de Caicó, no Rio Grande do Norte. Esse texto, também muito bem construído e estruturado, apresenta a questão da deficiência, compreendendo o processo de exclusão desse público como uma expressão da questão social. Na discussão, o texto faz uma analogia com a representação dessa expressão da questão social no espaço institucional da Apae e logo em seguida introduz a discussão da importância da defesa dos direitos sociais das pessoas com deficiência. Os autores nos colocam que a assistência social tem um papel fundamental nesse processo de efetivação dos direitos das pessoas com deficiência e destacam que os serviços que atendem pessoas com deficiência, como as Apaes, recebem recursos da assistência social, demonstrando também grande conhecimento sobre a área em questão. Ainda apresentam dados que nos permitem compreender e conhecer o campo de estágio. O estágio aconteceu no período de dois anos na mesma instituição e com os mesmo supervisores (campo e pedagógico). A análise do estagiário identificou a dificuldade de aprendizagem apresentada por muitos atendidos quando no contexto de sua inserção na rede regular de ensino. Com a finalidade de conhecer melhor essa realidade, foi elaborada uma pesquisa junto às famílias a fim de mapear os possíveis condicionadores para a dificuldade apresentada por crianças e adolescentes atendidos pela Apae. Sena e Leite (2013) decidiram realizar uma pesquisa por amostragem; assim, do total de 100 famílias, incluíram apenas 15, por serem as que possuíam crianças com maior dificuldade de aprendizagem. A pesquisa foi estruturada por meio de questionário, que foi encaminhado aos familiares e, depois de devolvido, foi tabulado e apresentado em gráfico no artigo. Entre os vários fatores observados pelos autores, a pesquisa com a família demonstrou que era queixa em 100% dos casos a dificuldade que professores da rede regular apresentavam em lidar e ensinar a criança ou o adolescente que possuía mais dificuldade, além da ausência de sensibilização dos profissionais junto aos alunos com dificuldade frente a situações de bullying. Partindo da sistematização dos dados da pesquisa, os autores em questão apresentaram para a Secretaria de Educação uma proposta de sensibilização dos professores e, por meio de palestras e oficinas, realizaram a discussão junto a todos os professores da rede de ensino quanto aos aspectos 123 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL que envolvem a pessoa com deficiência. A ação foi interdisciplinar e coube ao Serviço Social fortalecer as oficinas ligadas à problematização de questões relacionadas ao direito das pessoas com deficiências atendidas pela Apae. A análise dos autores destaca a ação como positiva, ao passo que teria sensibilizado os professores em torno da questão da deficiência, algo que é apresentado como basal para consolidar os processos de inclusão. A experiência nos mostra como a pesquisa foi importante para direcionar o Projeto de Intervenção e demonstra, uma vez mais, que a ação do assistente social não tem que estar restrita à concessão de benefícios. Antes, em uma área como essa, é basal a construção de novos saberes e novos sentidos. Outra experiência de estágio convertida em artigo acadêmico retrata a ação do estagiário e do assistente social em uma instituição de acolhimento para idosos no interior do estado de São Paulo. O texto, adaptado para artigo, também foi elaborado em uma versão ampliada e utilizado como TCC. Nele, vemos também como a vivência de estágio é importante, uma vez que ela pode alimentar e estruturar o TCC. A discussão dos autores tem início com a apresentação das instituições de longa permanência e a descrição das principais características desses serviços. Também apresenta dados sobre envelhecimento e demonstra como nossa relação com os idosos mudou ao longo dos séculos. Na apresentação do artigo, há uma caracterização do campo de estágio com dados que destacam informações sobre a organização da instituição, que é uma ação dos vicentinos, mas que também recebe recursos da assistência social. No contexto da pesquisa, a instituição possuía 21 vagas ocupadas das 29 disponibilizadas e conta com equipe multidisciplinar, além dos profissionais de apoio. Silveira e Couto (2016) também apresentam uma pesquisa detalhada a respeito do perfil dos idosos, uma produção da estagiária no desenvolvimento do estágio. Em relação a convivência e fortalecimento de vínculos, observamos que a proposta de intervenção do estagiário, com base nas supervisões de campo e acadêmica, foi a de potencializar os vínculos familiares e comunitários, uma vez que, dada a natureza institucional, se observou o idoso totalmente segregado. No que diz respeito à família, o olhar atento do estagiário identificou que somente 8 delas realizavam visitas domiciliares entre as 21 pessoas que estavam acolhidas. Visando o estímulo à vivência familiar, o estagiário propôs as seguintes atividades: [...] participação de festividades como aniversariantes do mês, onde seria convidado alguém da família para participar da festinha com o idoso aniversariante. Podemos propor também a sessão cinema, onde os idosos assistiriam a filmes de seu interesse e a família poderia também estar participando e de outras atividades realizadas dentro da Ilpi com os idosos. Também seriam programados passeios com os idosos onde tivessem a participação da família (SILVEIRA; COUTO, 2016, p. 21). Tais atividades foram desenvolvidas na instituição, e o estagiário passou a insistir para queas famílias estivessem mais presentes. A partir dessas ações, conforme os autores, houve aumento das visitas de forma significativa, e muitos familiares passaram a retirar os idosos para que pudessem permanecer na família aos finais de semana. Outrossim, vemos que a ação partiu de uma análise da realidade, foi desenvolvida com supervisão adequada e conseguiu produzir resultados muito positivos. 124 Unidade III Infelizmente nem todas as experiências são tão positivas quanto as que narramos. Ainda temos muitos profissionais, muitos assistentes sociais e muitas empresas públicas e privadas que não compreenderam a relevância do estágio em Serviço Social no processo formativo do aluno e buscam mão de obra qualificada e barata. Essa forma de lidar com o estágio também trará resíduos na forma de lidar e se relacionar com o assistente social. Portanto, todos que queremos maior respeito e reconhecimento de nossa categoria precisamos rever nossas relações com o estágio. Esperamos, enfim, que você tenha gostado dessa viagem pela legislação, pelas normativas institucionais e pelas reflexões que envolvem o estágio em Serviço Social. Resumo Apresentamos informações a respeito da colocação dos alunos em campo de estágio nos espaços privados e públicos. Assim, nossa análise junto à inserção em espaços privados adveio da percepção da presença dos assistentes sociais em organizações não governamentais e em empresas privadas. Vimos que a inserção em empresas capitalistas acontece desde a consolidação do Serviço Social como profissão no Brasil. Já no que se refere às organizações não governamentais, observamos que essa inserção se deu em meados dos anos 1990, quando essas instituições tiveram sua ampliação no Brasil. Ambas ainda constituem espaços de trabalho dos assistentes sociais. Também abordamos a prática dos assistentes sociais na esfera pública e, a exemplo da iniciativa privada, observamos que é grande o número de assistentes sociais que atuam junto aos serviços sociais públicos. A grande maioria dos espaços de trabalho, hoje extremamente disputados, está concentrada na área pública e muitos deles acontecem por meio de concursos públicos ou seletivos. Nessa área, também vimos que é possível a inserção de alunos em campos de estágio. Em ambas as áreas de atuação, observamos que há especificidades, particularidades que as definem e as delimitam e que também influenciam a ação dos assistente sociais, exercendo influência sobre o estágio desenvolvido. Também vimos que para atuar como estagiário nessas áreas é fundamental que todos os documentos institucionais sejam providenciados. Notamos, ainda, que as prerrogativas legais que regem o estágio devem ser observadas a partir da inserção em campo de estágio. Apresentamos experiências de estágio curricular obrigatório e não obrigatório que foram desenvolvidas em empresas privadas e públicas. Parte das descrições proveio de relatos de estagiários e supervisores por meio de artigos e textos de tal natureza, dos quais a grande maioria está 125 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL publicada em revista acadêmica. Algumas experiências são extremamente positivas; outras, nem tanto, como pudemos ver, mas são provocações para que o estágio em Serviço Social consiga contemplar os seus objetivos e possa, de fato, colaborar com a formação desse novo perfil de profissional. Exercícios Questão 1. Leia os quadrinhos e o trecho da reportagem: Figura 6 Disponível em: https://fi.pinterest.com/pin/513551163735915234/?amp_client_id= CLIENT_ID(_)&mweb_unauth_id={{default.session}}&from_amp_pin_page=true. Acesso em: 20 jun. 2020. Brasil é o 10º país mais desigual do mundo País apresenta mais disparidades que vizinhos como Chile e México Marcelo Corrêa (21/03/2017) O Brasil é o décimo país mais desigual do mundo, segundo dados divulgados no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), elaborado pelas Nações Unidas. O levantamento usa como referência o chamado Índice de Gini, uma forma de calcular a disparidade de renda. O indicador 126 Unidade III varia de 0 a 1 — quanto menor, melhor. No Brasil, ficou em 0,515 em 2015, mesmo número registrado pela Suazilândia, e maior do que vizinhos da América Latina, como Chile (0,505) e México (0,482). O ranking é liderado pela África do Sul, a nação mais desigual, com Gini de 0,634. Namíbia, com 0,610, e Haiti, com 0,608, completam o top 3. Todos esses três países têm Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considerados baixos ou médios. O Brasil, que ficou estagnado em 2015, tem IDH de 0,754, considerado alto. A Ucrânia destaca-se como país menos desigual, com Gini de 0,241. Slovênia (0,256) e Noruega (0,259) completam a lista das economias com menores disparidades de renda. A desigualdade social é apontada como um dos principais problemas do Brasil. Há vários anos, o ranking de desenvolvimento humano mostra como o país seria prejudicado por esse desequilíbrio, caso as disparidades fossem consideradas para calcular o IDH. No relatório mais recente, o Brasil perderia 19 posições no ranking, com os ajustes pela desigualdade. Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/brasil-o-10-pais-mais- desigual-do-mundo-21094828#ixzz4oN96HYQB. Acesso em: 17 jul. 2017. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, analise as afirmativas: I – A desigualdade social observada no Brasil coloca parcela significativa da população à margem da sociedade, como se vê nos quadrinhos, e isso reduz o campo de atuação do assistente social. II – Os problemas sociais são responsabilidade e preocupação exclusiva do Estado, por isso o setor público abarca o maior número de estagiários e de profissionais de Serviço Social. III – De acordo com o texto, a grande concentração de renda não impede que o Brasil apresente alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). É correto o que se afirma em: A) I, II e III. B) I e II, apenas. C) II e III, apenas. D) III, apenas. E) II, apenas. Resposta correta: alternativa D. 127 SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL Análise da questão Justificativa: a elevada desigualdade torna ainda mais imprescindível a atuação do assistente social. Os problemas não são preocupação e responsabilidade apenas do Estado. Existem organizações não governamentais e empresas que procuram atuar na diminuição da desigualdade. O texto afirma que o Brasil está entre os países mais desiguais do mundo, mas tem bom IDH. Questão 2. (Enade 2018) As Diretrizes Curriculares do Curso de Serviço Social, aprovadas pela Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) em 1996, elencam pressupostos, princípios e diretrizes que orientam o projeto pedagógico de cada unidade de formação profissional e tratam o estágio supervisionado como um momento ímpar do processo de ensino-aprendizagem, elemento síntese da relação teoria-prática. ABEPSS. Cartilha Estágio Supervisionado: meia formação não garante um direito. Brasília, 2014. O estágio supervisionado em Serviço Social deve: A) Ocorrer durante todo o processo formativo de estudantes, sendo componente curricular obrigatório. B) Ser supervisionado por qualquer docente do curso, independente da sua área de graduação. C) Possibilitar ao discente a apropriação da realidade social mediada por um processo de acompanhamento conjunto com o docente supervisor acadêmico e com o profissional assistente social supervisor de campo. D) Respeitar as condições reais de participação de estudantes de Serviço Social, sendo possível que as atividades de supervisão acadêmica e de campo sejam mediadas em ambientes virtuais de aprendizagem. E) Permitir aos estagiários realizar, de forma independente, ações e intervenções diretas aos usuários dos serviços sociais. Resposta correta: alternativa C. Análise da questão Justificativa: o estágio permite a vivência necessária ao estudante, que pode refletir sobre a realidade e as formas de intervenção. O estágio deve ser acompanhado pelo professor e pelo profissional.128 REFERÊNCIAS Audiovisuais IV FÓRUM Nacional de Supervisão de Estágio – ABEPSS. Brasil: TV ABEPSS, 2015. 2 minutos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fRYvSDygfUA. Acesso em: 18 abr. 2020. OS ESTAGIÁRIOS. Direção: Shawn Levy. EUA: Regency Enterprises, 2013. 117 min. GRADUAÇÃO em Serviço Social: Diretrizes Curriculares e a Política Nacional de Estágio. Brasil: TV ABEPSS, 2015. 4 minutos. 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