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Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com EGRÉGIO JUIZADO ESPECIAL ADJUNTO CÍVEL DA COMARCA DE CACHOEIRAS DE MACACU – RJ. JANAINA ALVES FRIAS MELO, brasileira, portadora da Cédula de identidade RG 24.830.526-0 DETRAN/RJ, inscrita no CPF sob o nº 145.198.197-09, e-mail: janaadf@gmail.com residente e domiciliada à Rua Antônio Valadares 49 – Boa Vista – Cachoeiras de Macacu - Rio de Janeiro/RJ, CEP: 28.680-000, por sua advogada legalmente inscrita no instrumento procuratório em anexo, vem mui respeitosamente à douta presença de Vossa Excelência, propor a presente: AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS Em face de DOUTOR NATURE SAUDE NATURAL LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. 26.434.850/0001-91, com sede à R Marina Ciufuli Zanfelice 280 - Box A 017 – Lapa – São Paulo/SP – CEP: 05.040-000, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos: Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com DOS FATOS Ao acompanhar o extrato de seu cartão, a Autora verificou a ocorrência de várias despesas desconhecidas no valor de R$ 599,40 (quinhentos e noventa e nove reais e quarenta centavos) divididas em 06 (seis) parcelas no valor de R$ 99,90 (noventa e nove reais e noventa centavos) conforme extratos que junta em anexo. Ao verificar seus e-mails tomou conhecimento da referida compra e da movimentação do pedido conforme prints de conversas anexas. Em 22 de dezembro de 2020 o pedido foi entregue na residência da autora e a mesma até agora está sem entender o que ocorreu já entrou em contato com a ré está a presente data tentando resolver o impasse, pois não fora a mesma que efetuou a compra e não se sabe se a ré efetivou o pedido por sua conta, ou na última hipótese a autora fora vítima de uma fraude. Não bastasse isso, após mais de 30 dias tentando solucionar o ocorrido, não houve outra alternativa, motivando o ingresso da presente ação. DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA Conforme narrado, não houve qualquer precaução nas atividades da empresa Ré, que pelo risco da atividade deveria tomar os cuidados necessários para evitar este tipo de ocorrência. O risco inerente à atividade exige da empresa maior agilidade e cautela no gerenciamento destes dados, gerando o dever de RESSARCIR TODOS OS PREJUÍZOS ao agir de forma imprudente e negligente. Vale frisar, por relevante, que o fato da Requerente sofrer o constrangimento de ter sido fraudada por terceiros no estabelecimento Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com da ré, por si só, já configura o DANO MORAL, pois teve o desgosto de ter seus rendimentos afetados sem que desse causa. Ao lecionar a matéria, o ilustre Desembargador Sérgio Cavalieri Filho destaca: "Todo aquele que se disponha a exercer alguma atividade no mercado de consumo tem o dever de responder pelos eventuais vícios ou defeitos dos bens e serviços fornecidos, independentemente de culpa. Esse dever é imanente ao dever de obediência às normas técnicas e de segurança, bem como aos critérios de lealdade, que perante os bens e serviços ofertados, quer perante os destinatários dessas ofertas. A responsabilidade decorre do simples fato de dispor-se alguém a realizar atividade de produzir, estocar, distribuir e comercializar produtos ou executar determinados serviços. O fornecedor passa a ser o garante dos produtos e serviços oferecem no mercado, respondendo pela qualidade e segurança dos mesmos." (Programa de Responsabilidade Civil, 8ª ed., Ed. Atlas S/A, pág.172). Para a configuração do dever de indenizar, tem-se a presença dos pressupostos da responsabilidade civil, quais sejam: (a) ato antijurídico; (b) dano; (c) nexo causal (dano decorrente do ato); (d) responsabilidade objetiva; e, por fim, norma jurídica prescrevendo o dever de indenizar o dano causado. Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com Nessa toada, a responsabilidade do réu é objetiva, ou seja, independentemente da existência de culpa, motivo pelo qual deverá responder pelos danos causados. DA APLICAÇÃO DO CDC E INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA Ao estarmos diante de uma relação de consumo, necessária a necessária a inversão do ônus da prova, tendo em conta que a Lei 8.078, de 11.9.1990, em seu art. 3º, § 2º, dispõe: Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. § 1º. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2º. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Trata-se da materialização exata do Princípio da Isonomia, segundo o qual, todos devem ser tratados de forma igual perante a lei, observados os limites de sua desigualdade, sendo devido a inversão do ônus da prova. Por esta razão que o art. 14, § 3º, I e II, do CDC, estabelece a inversão do ônus da prova, atribuindo ao fornecedor o ônus de demonstrar satisfatoriamente a inexistência do defeito ou a culpa exclusiva do consumidor. Assim, o fornecedor só se exime do dever de reparação se provar que o dano foi causado por culpa exclusiva do consumidor. Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELO DANO MORAL Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova que junta no presente processo, a empresa ré deixou de cumprir com sua obrigação primária de cautela e prudência na atividade, causando constrangimentos indevidos a Autora Não obstante ao constrangimento ilegítimo, as reiteradas tentativas de resolver a necessidade da Autora ultrapassa a esfera dos aborrecimentos aceitáveis do cotidiano, uma vez que foi obrigado a buscar informações e ferramentas para resolver um problema causado pela empresa que se quer lhe dá uma solução até a presente data. Assim, no presente caso não se pode analisar isoladamente o constrangimento sofrido, mas a conjuntura de fatores que obrigaram a Consumidora a buscar a via judicial. Ou seja, deve-se considerar o grande desgaste da Autora nas reiteradas tentativas de solucionar o ocorrido sem êxito, gerando o dever de indenizar, conforme precedentes sobre o tema: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - (...). CONTRATO NÃO APRESENTADO PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - DANOS MORAIS CONFIGURADOS - QUANTUM INDENIZATÓRIO (DANOS MORAIS) MAJORADOS PARA R$ 10.000,00 - REPETIÇÃO DE INDÉBITO NA FORMA DOBRADA - MÁ- FÉ DEMONSTRADA - DA COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO- IMPOSSIBILIDADE - RECURSO IMPROVIDO. (...). A instituição financeira ré, descuidando-se de diretrizes inerentes ao desenvolvimento regular de sua atividade, não comprovou que os contratos foram, de fato, celebrados pelo consumidor, tampouco tenha sido ele o beneficiário do produto dos mútuos bancários. Não basta para elidir a responsabilização da pessoa contratada a alegação de suposta Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com fraude. À instituição ré incumbia o ônus de comprovar que agiu com as cautelas de praxe na contratação de seus serviços, até porque, ao consumidor não é possível a produção de prova negativa (CDC, art. 6, VIII c/c CPC, art. 373, II). Inafastáveis os transtornos sofridos pela idosa que foi privada de parte de seu benefício de aposentadoria, por conduta ilícita atribuída a instituição financeira, concernente à falta de cuidado na contratação de empréstimo consignado, situação apta a causar constrangimento de ordem psicológica, tensão e abalo emocional, tudo com sérios reflexos na honra subjetiva. Levando-se em consideração a situação fática apresentada nos autos, a condição socioeconômica das partes e os prejuízos suportados pela parte ofendida, evidencia-se que o valor do quantum fixado pelo juízo a quo deve sofrer majoração para R$ 10.000,00 (dez mil reais), quantia que se mostra adequada e consentâneo com as finalidades punitiva e compensatória da indenização. (...) (TJMS. Apelação n. 0801609- 05.2015.8.12.0016, Mundo Novo, 4ª Câmara Cível, Relator (a): Des. Claudionor Miguel Abss Duarte, j: 25/04/2018, p: 26/04/2018) #3109603 Trata-se da necessária consideração dos danos causados pela perda do tempo útil (desvio produtivo) da consumidora. DOS DANOS PELO DESVIO PRODUTIVO Conforme disposto nos fatos iniciais, a Consumidora teve que desperdiçar seu tempo útil para solucionar problemas que foram causados pela empresa Ré que não demonstrou qualquer intenção na solução do problema, obrigando o ingresso da presente ação. Este desgaste fica perfeitamente demonstrado por meio Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com dos diálogos anexos. Este transtorno involuntário é o que a doutrina denomina de DANO PELA PERDA DO TEMPO ÚTIL, pois afeta diretamente a rotina do consumidor gerando um desvio produtivo involuntário, que obviamente causam angústia e stress. Humberto Theodoro Júnior leciona de forma simples e didática sobre o tema, aplicando-se perfeitamente ao presente caso: "Entretanto, casos há em que a conduta desidiosa do fornecedor provoca injusta perda de tempo do consumidor, para solucionar problema de vício do produto ou serviço. (...) O fornecedor, desta forma, desvia o consumidor de suas atividades para "resolver um problema criado" exclusivamente por aquele. Essa circunstância, por si só, configura dano indenizável no campo do dano moral, na medida em que ofende a dignidade da pessoa humana e outros princípios modernos da teoria contratual, tais como a boa-fé objetiva e a função social: (...) É de se convir que o tempo configura bem jurídico valioso, reconhecido e protegido pelo ordenamento jurídico, razão pela qual, "a conduta que irrazoavelmente o viole produzirá uma nova espécie de dano existencial, qual seja, dano temporal" justificando a indenização. Esse tempo perdido, destarte, quando viole um "padrão de razoabilidade suficientemente assentado na sociedade", não pode ser enquadrado noção de mero aborrecimento ou dissabor." (THEODORO JÚNIOR, Humberto. Direitos do Consumidor. 9ª ed. Editora Forense, 2017. Versão ebook, pos. 4016) Bruno Miragem, no mesmo sentido destaca: "Por outro lado, vem se admitindo crescentemente, Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com a partir de provocação doutrinária, a concessão de indenização pelo dano decorrente do sacrifício do tempo do consumidor em razão de determinado descumprimento contratual, como ocorre em relação à necessidade de sucessivos e infrutíferos contatos com o serviço de atendimento do fornecedor, e outras providências necessárias à reclamação de vícios no produto ou na prestação de serviços." (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor - Editora RT, 2016. versão e-book, 3.2.3.4.1) Nesse sentido: "Então, a perda injusta e intolerável do tempo útil do consumidor provocada por desídia, despreparo, desatenção ou má-fé (abuso de direito) do fornecedor de produtos ou serviços deve ser entendida como dano temporal (modalidade de dano moral) e a conduta que o provoca classificada como ato ilícito. Cumpre reiterar que o ato ilícito deve ser colmatado pela usurpação do tempo livre, enquanto violação a direito da personalidade, pelo afastamento do dever de segurança que deve permear as relações de consumo, pela inobservância da boa-fé objetiva e seus deveres anexos, pelo abuso da função social do contrato (seja na fase pré-contratual, contratual ou pós-contratual) e, em último grau, pelo desrespeito ao princípio da dignidade da pessoa humana." (GASPAR, Alan Monteiro. Responsabilidade civil pela perda indevida do tempo útil do consumidor. Revista Síntese: Direito Civil e Processual Civil, n. 104, nov-dez/2016, p. 62) O STJ, nessa linha de entendimento já reconheceu o direito do consumidor à indenização pelo desvio produtivo diante do Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com desperdício do tempo do consumidor para solucionar um problema gerado pelo fornecedor, afastando a ideia do mero aborrecimento, in verbis: "Adoção, no caso, da teoria do Desvio Produtivo do Consumidor, tendo em vista que a autora foi privada de tempo relevante para dedicar-se ao exercício de atividades que melhor lhe aprouvesse, submetendo- se, em função do episódio em cotejo, a intermináveis percalços para a solução de problemas oriundos de má prestação do serviço bancário. Danos morais indenizáveis configurados. (...) Com efeito, tem-se como absolutamente injustificável a conduta da instituição financeira em insistir na cobrança de encargos fundamentadamente impugnados pela consumidora, notório, portanto, o dano moral por ela suportado, cuja demonstração evidencia-se pelo fato de ter sido submetida, por longo período [por mais de três anos, desde o início da cobrança e até a prolação da sentença], a verdadeiro calvário para obter o estorno alvitrado, cumprindo prestigiar no caso a teoria do Desvio Produtivo do Consumidor, por meio da qual sustenta Marcos Dessaune que todo tempo desperdiçado pelo consumidor para a solução de problemas gerados por maus fornecedores constitui dano indenizável, ao perfilhar o entendimento de que a "missão subjacente dos fornecedores é - ou deveria ser - dar ao consumidor, por intermédio de produtos e serviços de qualidade, condições para que ele possa empregar seu tempo e suas competências nas atividades de sua preferência. Especialmente no Brasil é notório que incontáveis profissionais, empresas e o próprio Estado, em vez de atender ao cidadão consumidor em observância à sua missão, acabam fornecendo- lhe cotidianamenteprodutos e serviços defeituosos, ou exercendo práticas abusivas no mercado, Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com contrariando a lei. Para evitar maiores prejuízos, o consumidor se vê então compelido a desperdiçar o seu valioso tempo e a desviar as suas custosas competências - de atividades como o trabalho, o estudo, o descanso, o lazer - para tentar resolver esses problemas de consumo, que o fornecedor tem o dever de não causar. Tais situações corriqueiras, curiosamente, ainda não haviam merecido a devida atenção do Direito brasileiro. Trata-se de fatos nocivos que não se enquadram nos conceitos tradicionais de 'dano material', de 'perda de uma chance' e de 'dano moral' indenizáveis. Tampouco podem eles (os fatos nocivos) ser juridicamente banalizados como 'meros dissabores ou percalços' na vida do consumidor, como vêm entendendo muitos juristas e tribunais." [2http://revistavisaoj uridica.uol. com.br/advogados-leis-j urisprudencia/71/desvio-produto-doconsumidor- tese-do-advogado-marcos -ddessaune-255346-1. asp] .(...). (AREsp 1.260.458/SP - Ministro Marco Aurélio Bellizze) A jurisprudência, no mesmo sentido, ancora o posicionamento de que o desvio produtivo ocasionado pela desídia de uma empresa deve ser indenizado, conforme predomina a jurisprudência: AÇÃO INDENIZATÓRIA DE DANOS MORAIS E PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. COMPRA E VENDA PELA INTERNET. PRODUTO NÃO ENTREGUE PELA VENDEDORA. RESTITUIÇÃO DO VALOR POR AUSÊNCIA DA MERCADORIA EM ESTOQUE. TEORIA DO TEMPO PERDIDO. Dano moral configurado em razão do tempo perdido pelo consumidor na busca, sem sucesso, pelo produto desejado. Não pode parecer razoável, numa sociedade minimamente organizada, que vive na busca incessante pela otimização de seu tão precioso tempo, que um Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com fornecedor possa, impunemente, deixar de proceder a entrega de um bem no tempo e modo que havia se comprometido, fazendo com que o consumidor seja privado durante determinado período de vida de se utilizar de algo que tinha legítima expectativa de receber. Se anunciava o produto pela internet, o vendedor deveria ter tido o cuidado de verificar se o mesmo havia em seu estoque, não podendo, após o consumidor efetuar a compra, comodamente dizer que não mais possui o bem, ainda que devolvendo o dinheiro, pois, a essa altura, o comprador não quer receber de volta o que pagou: quer, e tem direito, a receber o que comprou, sob pena de ser indenizado pelo tempo útil de vida perdido com esta operação comercial que restou frustrada. Soa como um verdadeiro prêmio ao fornecedor, após comprovada a sua inadimplência, ser compelido a, apenas e tão somente, devolver o valor recebido pelo produto não entregue, sem nenhum ônus pelos desgastes causados. Além da frustação suportada pelo não recebimento do bem adquirido, ao se confirmar a notícia de que o fornecedor não irá cumprir com a sua obrigação acordada, é tomado o consumidor por absoluto sentimento de impotência, em lamentável situação adversa que o faz começar do zero nova procura pelo produto, revelando-se indiscutível a perda de um tempo útil de sua vida. Na prática, situações como a presenciada nestes autos levam o consumidor a ter que sair de sua rotina diária, de sua zona de conforto, privando-se de poder se dedicar a seus afazeres cotidianos, de usufruir dos prazeres da vida, para perder seu tempo e gastar energia buscando solucionar problemas a que não deu causa vez que decorrentes da conduta negligente do fornecedor. Sentimento de impotência, frustração e indignação, que extrapolam o mero dissabor e ensejam condenação pecuniária. Dano moral reconhecido. Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com Sentença reformada. RECURSO PROVIDO. (TJSP; Apelação 1019358-20.2017.8.26.0007; Relator (a): L. G. Costa Wagner; Órgão Julgador: 34ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional VII - Itaquera - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 30/07/2018; Data de Registro: 31/07/2018) RELAÇÃO DE CONSUMO - DIVERGÊNCIA DO PRODUTO ENTREGUE - OBRIGAÇÃO DE FAZER CONSISTENTE NA ENTREGA DO PRODUTO EFETIVAMENTE ANUNCIADO PELA RÉ E ADQUIRIDO PELO CONSUMIDOR - INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - RECONHECIMENTO. (...) Caracterizados restaram os danos morais alegados pelo Recorrido diante do "desvio produtivo do consumidor", que se configura quando este, diante de uma situação de mau atendimento, é obrigado a desperdiçar o seu tempo útil e desviar-se de seus afazeres à resolução do problema, e que gera o direito à reparação civil. E o quantum arbitrado (R$ 3.000,00), em razão disso, longe está de afrontar o princípio da razoabilidade, mormente pelo completo descaso da Ré, a qual insiste em protrair a solução do problema gerado ao consumidor. 3. Recurso conhecido e não provido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos, ex vi do art. 46 da Lei nº 9.099/95. Sucumbente, arcará a parte recorrente com os honorários advocatícios da parte contrária, que são fixados em 20% do valor da condenação a título de indenização por danos morais. (TJSP; Recurso Inominado 0003780- 72.2017.8.26.0156; Relator (a): Renato Siqueira De Pretto; Órgão Julgador: 1ª Turma Cível e Criminal; Foro de Jundiaí - 4ª. Vara Cível; Data do Julgamento: 12/03/2018; Data de Registro: 12/03/2018) APELAÇÃO - AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C.C. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - CONSUMIDOR DEMANDANTE INDEVIDAMENTE COBRADO, POR Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com DÉBITO REGULARMENTE SATISFEITO - Completo descaso para com as reclamações do autor - Situação em que há de se considerar as angústias e aflições experimentadas pelo autor, a perda de tempo e o desgaste com as inúmeras idas e vindas para solucionar a questão - Hipótese em que tem aplicabilidade a chamada teoria do desvio produtivo do consumidor - Inequívoco, com efeito, o sofrimento íntimo experimentado pelo autor, que foge aos padrões da normalidade e que apresenta dimensão tal a justificar proteção jurídica - Indenização que se arbitra na quantia de R$ 5.000,00, à luz da técnica do desestímulo. (...) (TJSP; Apelação 1027480-84.2016.8.26.0224; Relator (a): Ricardo Pessoa de Mello Belli; Órgão Julgador: 19ª Câmara de Direito Privado; Foro de Guarulhos - 8ª Vara Cível; Data do Julgamento: 05/03/2018; Data de Registro: 13/03/2018) Trata-se de notório desvio produtivo caracterizado pela perda do tempo que lhe seria útil ao descanso, lazer ou de forma produtiva, acaba sendo destinado na solução de problemas de causas alheias à sua responsabilidade e vontade. A perda de tempo de vida útil da consumidora, em razão da falha da prestação do serviço não constitui mero aborrecimento do cotidiano, mas verdadeiro impacto negativo em sua vida, devendo ser INDENIZADA. DO QUANTUM INDENIZATÓRIO O quantum indenizatório deve ser fixado de modo a não só garantir à parte que o postula a recomposição do dano em face da lesão experimentada, mas igualmente deve, servir de reprimenda àquele que efetuou a conduta ilícita, comoassevera a doutrina: "Com efeito, a reparação de danos morais exerce Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com função diversa daquela dos danos materiais. Enquanto estes se voltam para a recomposição do patrimônio ofendido, por meio da aplicação da fórmula "danos emergentes e lucros cessantes" (CC, art. 402), aqueles procuram oferecer compensação ao lesado, para atenuação do sofrimento havido. De outra parte, quanto ao lesante, objetiva a reparação impingir-lhe sanção, a fim de que não volte a praticar atos lesivos à personalidade de outrem." (BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil por Danos Morais. 4ª ed. Editora Saraiva, 2015. Versão Kindle, p. 5423) Neste sentido é a lição do Exmo. Des. Cláudio Eduardo Regis de Figueiredo e Silva, ao disciplinar o tema: "Importa dizer que o juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar uma quantia que, de acordo com o seu prudente arbítrio, seja compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade econômica do causador do dano, as condições sociais do ofendido, e outras circunstâncias mais que se fizerem presentes" (Programa de responsabilidade civil. 6. ed., São Paulo: Malheiros, 2005. p. 116). No mesmo sentido aponta a lição de Humberto Theodoro Júnior: [...] "os parâmetros para a estimativa da indenização devem levar em conta os recursos do ofensor e a situação econômico-social do ofendido, de modo a não minimizar a sanção a tal ponto que nada represente para o agente, e não a exagerar, para que não se transforme em especulação e enriquecimento injustificável para a vítima. O bom senso é a regra máxima a observar por parte dos juízes" (Dano moral. 6. ed., São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2009. p. 61). Complementando tal entendimento, Carlos Alberto Bittar, elucida que “a Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com indenização por danos morais deve traduzir-se em montante que represente advertência ao lesante e à sociedade de que se não se aceita o comportamento assumido, ou o evento lesivo advindo. Consubstancia-se, portanto, em importância compatível com o vulto dos interesses em conflito, refletindo-se, de modo expresso, no patrimônio do lesante, a fim de que sinta, efetivamente, a resposta da ordem jurídica aos efeitos do resultado lesivo produzido. Deve, pois, ser quantia economicamente significativa, em razão das potencialidades do patrimônio do lesante"(Reparação Civil por Danos Morais, RT, 1993, p. 220). Tutela-se, assim, o direito violado. (TJSC, Recurso Inominado n. 0302581-94.2017.8.24.0091, da Capital - Eduardo Luz, rel. Des. Cláudio Eduardo Regis de Figueiredo e Silva, Primeira Turma de Recursos - Capital, j. 15-03-2018) Ou seja, enquanto o papel jurisdicional não fixar condenações que sirvam igualmente ao desestímulo e inibição de novas práticas lesivas, situações como estas seguirão se repetindo e tumultuando o judiciário. Portanto, cabível a indenização por danos morais, E nesse sentido, a indenização por dano moral deve representar para a vítima uma satisfação capaz de amenizar de alguma forma o abalo sofrido e de infligir ao causador sanção e alerta para que não volte a repetir o ato, uma vez que fica evidenciado completo descaso aos transtornos causados. DO PEDIDO Ante o exposto, requer: 1. A concessão da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos do art. 98 do Código de Processo Civil; Camile Figueira de Moraes Advogada OAB/RJ 203.422 Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 E-mail: camilefmoraes@hotmail.com 2. A citação do réu, na pessoa de seu representante legal, para, querendo responder a presente demanda; 3. Seja dada total procedência à ação, condenando o Réu a indenizar os valores indevidamente descontados do cartão de crédito da autora; no total de R$ R$ 599,40 (quinhentos e noventa e nove reais e quarenta centavos), acrescidos de juros e correções; 4. Seja o requerido condenado a pagar um quantum a título de danos morais, em valor não inferior a R$ 15.000,00 (quinze mil reais), considerando as condições das partes, principalmente o potencial econômico-social da lesante, a gravidade da lesão, sua repercussão e as circunstâncias fáticas; 5. A condenação do requerido em custas judiciais e honorários advocatícios no importe de 20% do valor da causa, Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas e cabíveis à espécie, especialmente pelos documentos acostados. Dá à causa o valor de R$ 15.599,40 (quinze quinhentos e noventa e nove reais e quarenta centavos). Termos que, Pede Deferimento Cachoeiras de Macacu, 07 de fevereiro de 2021. CAMILE FIGUEIRA DE MORAES ADVOGADA OAB/RJ 203.422
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