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Príons (Microbiologia médica)

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PRÍONS 
- Proteinaceous infection particles (ou príons) são 
partículas de PROTEÍNAS que podem tornar-se 
infecciosas e causadoras de um grupo de doenças 
dominadas encefalopatias espongiformes 
transmissíveis. 
- Conversão de proteínas priônicas naturais (no tecido 
cerebral) em príons propriamente ditos. 
 
- A proteína natural, encontrada nos neurônios de 
mamíferos é denominada PrPc (ou proteína priônica) e 
a versão patológica, que sofre mudanças estruturais, é 
chamada de PrPsc. 
- Os príons diferem-se apenas estruturalmente das 
PrPcs, contendo exatamente os mesmos aminoácidos. 
- A forma PrPsc é altamente insolúvel, se depositando 
em placas. 
- No mecanismo de conversão da PrPc para PrPsc não 
ocorre regulação gênica, pois essas moléculas não 
possuírem protease (PrPsc não é uma proteína 
produzida pelo material genético). 
- A presença de PrPc é absolutamente necessária para 
a infecção por príons. 
CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DOS PRÍONS 
- Agente infeccioso sem material genético (DNA ou 
RNA), composto apenas de proteína (PrPsc). 
- Resistentes a agentes modificadores de ácidos 
nucleicos (nucleases e UC). 
- Sensíveis a agentes modificadores de proteínas 
(proteases, SDS, fenol) e a autoclave (>134°, 18 min). 
- Suas características estruturais lhe conferem 
resistência a altas temperaturas e a antissépticos e 
microbicidas utilizados regularmente. 
PROPRIEDADES BIOLÓGICAS 
→ Longo período de incubação (meses, anos, 
décadas). 
→ Não produzem resposta imunológica. 
→ Não antigênicos. 
→ Patologias crônicas progressivas. 
→ Fatal em todos os casos. 
→ Presença de ácido nucleico não demonstrada. 
→ O único componente conhecido é a proteína 
PrP. 
→ Podem existir em múltiplas formar moleculares. 
→ Período de adaptação a novos hospedeiros. 
CARACTERÍSTICAS DAS DOENÇAS PRIÔNICAS 
- As encefalopatias espongiformes transmissíveis são 
um grupo de doenças caracterizadas por: 
1- Progressiva vacuolização, morte neural associada a 
hipertrofia e proliferação glial. 
2- Presença de uma proteína estruturalmente anormal 
resistente a proteases (príon) nos tecidos 
(principalmente no SN). 
- Dependendo da origem cerebral essas proteínas 
podem ter efeitos diferentes nos tecidos, gerando 
processos patógenos diferentes. 
- Pode evoluir de uma forma aguda rápida (morte em 1 
mês), até uma forma crônica lenta (anos). 
- Sintomas: Sonolência, cefaleia, esquecimento, 
alteração de comportamento. 
TIPOS DE DOENÇAS PRIÔNICAS EM HUMANOS 
- Origens das encefalopatias: hereditária (origem do 
gene com uma pequena mutação), infecciosa e 
esporádicas (mutação somática de PRPN – muito rara). 
*Hereditárias: geralmente se inicia aos 35 anos. 
- Infecciosas/Iatrogênicas: transplante de córnea (CJD), 
inoculação acidental de tecido cerebral (CJD), GH 
(cadáver), canibalismo (Kuru), vCDJ ingestão de carne 
contaminada com BSE. 
- Genéticas: mutações no gene de príon celular, GSS, 
FFI e CJD. 
DOENÇA DE CREUTZFELDT-JAKOB (CJD) 
- Forma crônica. 
- É a TSE mais comum em seres humanos, apesar de 
atingir apenas uma pessoa em um milhão. 
- Sabe-se que 10 a 15% dos casos são hereditários e 
uma certa percentagem é devida à contaminação 
decorrente de tratamento médico, como através dos 
transplantes de córnea, uso de instrumentos cirúrgicos 
contaminados ou injeção de hormonas de crescimento 
extraído de hipófises humanas. 
- Nos casos de origens iatrogênicas, a doença pode 
aparecer na adolescência ou juventude, tendo um 
período de incubação mais curto (de 4 a 10 anos). 
 
 
PrPc (proteína priônica) → PrPsc (príon) 
 
- Os doentes apresentam falta de memória, 
deterioração mental, anormalidade dos movimentos 
motores e no equilíbrio, e distúrbios visuais e da fala. 
Com o agravar da doença os sintomas intensificam-se, 
observando-se no paciente tremores e movimentos 
repetitivos involuntários 
- Critérios diagnósticos da CJD: 
1- Definitivo: quadro clínico + PrPES no exame 
neuropatológico. 
2- Provável: demência rapidamente progressiva (< 2 
anos) com atividade periódica no EEG (ou proteína 14-
3-3 no LCR, ou hipersinal na RM-difusão) e pelo menos 
dois destes sintomas – mioclonias, sinais cerebelares 
e/ou visuais, sinais piramadais e/ou extrapiramidais, 
mutismo acinético. 
3- Possível: semelhante ao provável, mas sem exames. 
KURU 
- É uma doença priônica neurodegenerativa extinta. 
Afetou algumas tribos na Nova Guiné que praticavam 
canibalismo. 
- Movimentos involuntários e tremores. 
- Dificuldade para falar e engolir. 
- Instabilidade emocional com risadas incontroláveis, 
além de demência moderada. 
- Perda de coordenação. 
- Nas fases mais adiantadas o doente ficava mudo, 
flácido e bastante debilitado. 
- Com até 2 anos de evolução, é sempre fatal. 
SÍNDROME DE GESTMANN-STRAUSSIER (GSS) 
- Autossômica dominante herdada. 
- Apresenta-se entre 30 a 70 anos. 
- Começa com degeneração cerebelar, com perda da 
coordenação motora e dificuldade de andar. Em alguns 
pacientes pode-se encontrar surdez, cegueira, paralisia 
dos movimentos oculares e sintomas parkinsonianos. 
- Se continua com demência, porém esta é 
relativamente mais leve. 
- Morte em aproximadamente 5 anos. 
- Além da encefalopatia espongiforme, a doença 
apresenta placas de amiloide contendo PrP e 
alterações neurofibrilares. 
INSÔNIA FAMILIAR FATAL (IFF) 
- Autossômica dominante herdada. 
- Inicialmente há dificuldade de adormecer que evolui 
para uma insônia irremediável em poucos meses. 
- Há dificuldade para falar, tremores e alterações do SN 
simpático (variações de pressão, transpiração 
excessiva, taquicardia inexplicável, estupor e coma). 
- Altos níveis de cortisol e alteração no ritmo 
circadiano. 
- Há perda neuronal e gliose em núcleos mediais dos 
tálamos e nos núcleos olivares inferiores, sem 
alteração espongiforme. 
ESCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA (BSE) 
- Transmissão: consumo de carnes e vísceras bovinas 
infectados. 
- Formas de transmissão incomuns em humanos: 
sangue contaminado, cirurgia neurológica (iatrogênia), 
transplante de córnea ou dura-máter. 
- Tecidos com alta infectividade: tecido linfoide do íleo 
distal, medula óssea, gânglios e nervos espinhais, olho, 
amidalas e cérebro. 
- As alterações neurológicas dos animais infectados 
devem-se à acumulação de PrPSc, que leva à 
degeneração vacuolar das células da matéria cinzenta 
do cérebro, acabando estas células por morrer 
deixando um aspecto esponjoso no tecido cerebral. 
- A BSE é passível de se transmitir aos humanos, sendo 
que a variante humana recebe o nome de vCJD 
(variante da doença de Creutzfeldt-Jakob). Os sintomas 
incluem demência e movimentos frenéticos 
involuntários e na patologia observa-se que além da 
presença da encefalopatia espongiforme, é frequente 
a presença de plaquetas ao redor das lesões. 
- A transmissão ocorre pela ingestão de produtos de 
origem bovina em que se encontra o agente da BSE. 
*Atualmente considera-se a possibilidade de que 
doenças como Alzheimer, Parkinson e esclerose 
amiotrópica lateral (ELA) tenham origem semelhante à 
CJD e BSE, já que parece que todas elas são causadas 
pela acumulação de um certo tipo de proteína que não 
é reconhecida pelo corpo humano e que acaba por 
provocar danos no tecido nervoso, principalmente no 
cérebro.

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