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AAS - NOBS e NOAS

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Lucas Gustavo Novaes Gonçalves 
ABRANGÊNCIA DAS 
AÇÕES DE SAÚDE - 
AAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lucas Gustavo Novaes Gonçalves 
AAS – Problema 1 (intermediária) 
 
 Discorrer sobre as normas 
operacionais NOB e NOAS 
 
 Explanar o pacto pela vida 
 
 Explicar os determinantes sociais 
de saúde 
 
 Discorrer sobre as normas 
operacionais NOB e NOAS 
 O Processo de implantação do SUS 
tem sido orientado por instrumentos 
chamados Normas Operacionais, 
instituídas por meio de portarias 
ministeriais. Estas normas definem as 
competências de cada esfera de governo 
e as condições necessárias para que 
Estados e Municípios possam assumir as 
responsabilidades dentro do Sistema. 
 Entre os objetivos das Normas 
Operacionais temos: 
• Induzir e estimular mudanças; 
• Aprofundar e reorientar a implementação 
do SUS; 
• Definir novos objetivos estratégicos, 
prioridades, diretrizes, e movimentos 
tático-operacionais; 
• Regular as relações entre seus gestores; 
• Normatizar o SUS. 
Desde o início do processo de implantação 
do SUS foram publicadas três Normas 
Operacionais Básicas e em 2001 foi 
publicada a primeira Norma Operacional 
da Assistência à Saúde 
(NOAS/SUS/01/01). 
 NOB 01/91 Constituem as bases de 
implantação e operacionalização do 
Sistema Único de Saúde, mas o enfoque 
desta Norma está basicamente 
direcionado à normalização de 
mecanismos de financiamento do SUS -
repasse, acompanhamento, controle e 
avaliação dos recursos financeiros do 
INAMPS para os municípios e/ou estados. 
 INAMPS, instituto que foi o mantenedor 
de um modelo de saúde médico-
assistencial- hospitalar, modelo histórico 
desde quando a saúde estava também 
vinculada à previdência social, continuava 
a manter o poder para editar uma norma 
orientadora para o Sistema Nacional de 
Saúde. Não é casual, portanto, que tal 
Norma privilegiasse o financiamento, e 
mais especificamente da Assistência 
Hospitalar e Ambulatorial. 
 Para as atividades hospitalares, o 
pagamento é feito diretamente do INAMPS 
ao estabelecimento provedor do serviço. 
Também é o nível central que define os 
critérios - demográficos, epidemiológicos e 
de estrutura física - que orientarão o 
repasse de AIH aos municípios e aos 
Estado. 
 Para as atividades ambulatoriais, mais 
uma vez é o INAMPS que estabelece os 
valores das Unidades de Cobertura 
Ambulatorial (UCA) para cada estado, que 
segundo aquele órgão, baseiam-se nos 
critérios: população, capacidade instalada, 
qualidade e desempenho técnico, 
econômico e financeiro da rede em 
períodos anteriores. Uma parcela de 
10,0% dos recursos para atividades 
ambulatoriais é mantido no nível estadual, 
enquanto os 90,0% restantes são 
destinados (proporcionalmente a sua 
população) aos municípios. 
 A NOB 01/91 também propõe recursos 
para investimento na rede, através das 
Unidades de Capacitação da Rede (URC) 
numa tentativa de diminuir as 
desigualdades regionais (principalmente 
na estrutura de provisão de serviços), que 
as rubricas anteriores (assistência 
hospitalar e ambulatorial) reproduzem. 
Assim, os estados cuja UCA tem o maior 
valor, receberiam um incentivo 
correspondente a 1,0% deste valor para 
"reposição, e modernização tecnológica 
dos equipamentos da rede pública 
estadual e municipal", enquanto aqueles 
cuja UCA tem o menor valor, receberiam, 
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a título de URC, incentivos 
correspondentes a 5,0% daquele valor. 
 São propostos estímulos à 
municipalização do SUS e às ações de 
saúde coletiva, através do Fator de 
Estímulo à Municipalização (FEM), que 
corresponde a 5,0% do valor da UCA. 
 De todos os recursos financeiros 
definidos nesta NOB, estes são os únicos, 
que embora insuficientes, dão aos 
municípios certa autonomia ficando a 
critério dos municípios o emprego destes 
recursos. 
 O financiamento das atividades 
hospitalares, através das AlHs, permitem 
apenas às Secretarias Estaduais de 
Saúde, com muita limitação, efetuar 
algumas correções, através de um fundo 
de compensação de AIH. O financiamento 
de atividades ambulatoriais são baseados 
nas UCAs, com critérios que, se 
adequados do ponto de vista técnico 
administrativo, não contemplam, com 
justiça, as desigualdades regionais e 
estaduais. 
 A NOB 01/91 teve seu papel histórico 
no processo de construção do SUS e 
destacou-se como o primeiro instrumento 
a regulamentar os inúmeros "espaços 
abertos" deixados pelas Leis Orgânicas da 
Saúde. Sua grande limitação é derivada de 
sua orientação pelos princípios do 
INAMPS e de seu enfoque dirigido 
fundamentalmente ao financiamento, com 
valorização das atividades hospitalares e 
ambulatoriais, perpetuando a lógica de 
privilegiar da assistência médica. 
 
 NOB 01/92 foi editada pela Secretaria 
Nacional de Assistência à Saúde do 
Ministério da Saúde (SNAS/MS). Ela inova 
em relação à sua predecessora por alguns 
aspectos. Pois é produto de um consenso 
entre SNAS/MS, INAMPS, CONASS e 
CONASEMS, cenários onde atuam 
distintos atores, representando interesses 
e expectativas diversos e não raro 
antagônicos; Recupera elementos 
constitutivos da descentralização tais 
como autonomia e democracia; No 
entanto, quando essa NOB trata do 
financiamento, praticamente mantém o 
que a NOB anterior regulamentava. É 
priorizado o financiamento da assistência 
médica curativa (atividades hospitalares e 
ambulatoriais) com repasses baseados em 
dados populacionais (para as AlHs) e além 
desses, em estrutura física e desempenho 
financeiro prévio (para as 
UCA). 
 A NOB ainda estabelece alguns 
critérios para a distribuição das AIH 
alocadas nas Secretarias de Estado de 
Saúde (AIH dos municípios não habilitados 
+ Fundo de Compensação), sugerindo que 
o planejamento integrado tenha 
precedência sobre o critério populacional, 
mas como a maioria dos municípios, entre 
os quais os mais carentes, continuam sem 
condições de se habilitar, e portanto 
inserir-se ativamente no planejamento 
integrado, continuam a valer os critérios 
populacionais e políticos, reprodutores de 
desigualdades. 
 Novamente nessa NOB, tanto o 
investimento na rede como o estímulo à 
municipalização e às ações de saúde 
coletiva são contemplados com parcelas 
que no máximo podem atingir a 5,0% do 
valor da UCA, mantendo assim, a 
priorização das ações curativas e não 
permitindo interferências substantivas no 
quadro de desigualdades regionais e 
municipais. 
 Em que pesem as limitações destas 
duas NOB, observou-se, desde 1991, um 
gradual aumento no número de municípios 
brasileiros que se organizaram para o 
cumprimento dos critérios definidos lei N° 
8142. Estes municípios habilitados 
passam - ainda que de forma bastante 
limitada - a ter algum poder (ou pelo menos 
algum controle) sobre os seus sistemas 
locais de saúde. Em 1993, a 
descentralização da saúde implementava-
se em mais de 1/5 dos municípios 
brasileiros, o que em termos populacionais 
tinha expressão muito maior, haja vista 
que dentro deste milhar de municípios 
Lucas Gustavo Novaes Gonçalves 
incluíam-se a maioria das capitais e 
grandes municípios. 
 
 NOB 01/93 É originária do trabalho do 
Grupo Especial de Descentralização 
(GED), o qual elaborou uma proposta de 
operacionalização dos preceitos legais 
que fundamentam o SUS, proposta esta 
aprovada pelo Conselho Nacional de 
Saúde (CNS), é editada pelo próprio 
Ministro da Saúde e busca regulamentar 
não apenas o financiamento, mas o 
processo de descentralização da gestão 
dos serviços e ações no âmbito do SUS O 
fato desta Norma ter sido editada como 
portaria ministerial é evidência e resultado 
de um outro contexto político, no qual 
atores do movimento sanitário favoráveis à 
descentralização constituem grupo técnico 
no Ministério da Saúde e ocupam espaços 
políticos estratégicos como o CONASS e 
CONASEMS. 
 Formalizou os princípios aprovados na 
9º Conferência Nacional de Saúde (1992) 
com o tema central:“a municipalização é o 
caminho”. 
 Encontram-se presentes na Introdução 
da NOB 01/93 os elementos que 
caracterizam a descentralização: 
redistribuição de poder; reorganização 
institucional envolvendo dimensões 
políticas, sociais e culturais, diálogos e 
negociação (democracia); redefinição de 
papéis e estabelecimento de novas 
relações entre as três esferas de governo; 
autonomia proporcional à capacidade de 
gestão. 
 A NOB 01/93 é a primeira a definir o 
gerenciamento do processo de 
descentralização nos três níveis de 
governo, através da Comissão 
Intergestores Tripartite, das Comissões 
Intergestores Bipartites e dos Conselhos 
Municipais, bem como as condições de 
gestão para municípios (Incipiente, Parcial 
e Semiplena) e estados (Parcial e 
Semiplena), que buscam exatamente 
contemplar os diferentes estágios em que 
se encontram estados e municípios, em 
relação à descentralização. 
 Quanto ao financiamento, mantém-se 
nessa NOB muito do que vigorava nas 
NOB anteriores. O financiamento das 
atividades ambulatoriais é baseado nas 
UCA e o financiamento das atividades 
hospitalares nas AIH, desaparecendo a 
figura do convênio como reguladora das 
transferências de recursos financeiros. 
Criam-se o Fator de Apoio ao Estado 
(5,0% da UCA) e o Fator de Apoio ao 
Município (também 5,0% da UCA), para 
estados e municípios que se encontram 
em algumas formas de gestão previstas 
pela NOB 01/93. A grande diferença da 
NOB 01/93 para as anteriores, em relação 
ao financiamento, está no fato de a forma 
mais avançada de gestão - semiplena - 
permitir maior autonomia sobre o 
pagamento dos prestadores ambulatoriais 
e hospitalares, públicos e privados, o que 
torna possível aos municípios sob tal forma 
de gestão, ainda que com limitações, a 
utilização desses recursos de forma mais 
adequada às realidades e necessidade de 
distintos estados e municípios. 
 O processo de adesão a essa Norma, 
embora tenha se iniciado somente em 
junho de 1994 e tenha sofrido 
interferências diversas, pode ser 
considerado positivo, uma vez que, em 
novembro de 1995, 2750 municípios 
estavam habilitados nas formas de gestão 
da NOB-93, sendo 52 municípios na 
condição de gestão semiplena. No início 
de 1996 os municípios em gestão 
semiplena já somavam 92, representando 
13,0% da população brasileira. Este 
percentual, no entanto, não é homogêneo 
para todo o país e respeita a 
heterogeneidade de porte, organização e 
complexidade de municípios e sistemas e 
serviços de saúde, ou seja, enquanto nas 
regiões Sudeste e Sul por volta de 70,0% 
dos municípios são habilitados, nas 
regiões Centro-Oeste e Nordeste este 
percentual está próximo a 50,0% e na 
região Norte não atinge 10,0%. 
 
 NOB 01/96, editada pelo Ministro da 
Saúde, em 06/11/96, pretende dar 
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continuidade ao processo de consolidação 
do SUS, colocando como finalidade 
primordial "promover e consolidar o pleno 
exercício, por parte do poder público 
municipal e do Distrito Federal, da função 
de gestor da atenção à saúde dos seus 
munícipes, com consequente redefinição 
das responsabilidades dos Estados, do DF 
e da união. Para tal, propõe, modifica e 
implementa importantes aspectos, tais 
como: 
-O reordenamento do modelo de atenção 
à saúde, de modo que cada nível de 
governo possa melhor desenvolver as 
ações no campo da assistência (no âmbito 
ambulatorial, hospitalar e domiciliar), das 
intervenções ambientais (vigilâncias e 
saneamento) e das políticas externas ao 
setor saúde (emprego, habitação, 
educação, lazer, etc). Este reordenamento 
pressupõe a incorporação do modelo 
epidemiológico ao modelo clínico vigente; 
-Institui a Programação Pactuada e 
Integrada (PPI) como "o instrumento 
essencial de reorganização do modelo de 
atenção e da gestão do SUS, de alocação 
dos recursos e da explicitação do pacto 
estabelecido entre as três esferas de 
governo". As PPI elaboradas por cada 
município, ou pactuada entre um conjunto 
de municípios, são harmonizadas e 
compatibilizadas pelas CIB, que a elas 
incorporam as ações de responsabilidade 
do estado, submetendo-as à apreciação 
dos Conselhos Estaduais de Saúde. A 
União procede a integração de todas as 
PPI estaduais, incorporando as ações sob 
sua responsabilidade e alocando os 
recursos disponíveis e negociados na CIT; 
Define, finalmente, as condições de gestão 
para os municípios (Plena da Atenção 
Básica e Plena do Sistema) e estados 
(Avançada do Sistema e Plena do 
Sistema), relacionando responsabilidades, 
requisitos e prerrogativas. 
 Essa NOB divide a assistência à saúde 
em três grandes "compartimentos": 
Assistência Hospitalar e Ambulatorial, 
Vigilância Sanitária e Epidemiologia e 
Controle de Doenças, dentro dos quais 
foram definidos pisos, tetos, fatores de 
incentivo e índices de valorização, que 
definem os valores a serem repassados, 
diretamente ou via fundo estadual, 
conforme a condição de gestão do 
município. 
 
 NOAS foi criado considerando a 
necessidade de dar continuidade ao 
processo de descentralização e 
organização SUS, fortalecido com a 
implementação da Norma NOB 01/96. 
Diante das contribuições do Conselho de 
Secretários Estaduais de Saúde – 
CONASS e Conselho Nacional de 
Secretários Municipais de Saúde – 
CONASEMS, seguidas da aprovação da 
Comissão Intergestores Tripartite –CIT – e 
Conselho Nacional de Saúde – CNS, em 
15 de dezembro de 2000, resolve aprovar, 
na forma de Portaria, a Norma Operacional 
da Assistência à Saúde – NOAS–SUS 
01/2001 que amplia as responsabilidades 
dos municípios na Atenção Básica; define 
o processo de regionalização da 
assistência; cria mecanismos para o 
fortalecimento da capacidade de gestão do 
Sistema Único de Saúde e procede à 
atualização dos critérios de habilitação de 
estados e municípios. 
 Estabelece o processo de 
regionalização como estratégia de 
hierarquização dos serviços de saúde e de 
busca de maior equidade. 
 Institui o Plano Diretor de 
Regionalização (PDR) como instrumento 
de ordenamento do processo de 
regionalização da assistência em cada 
estado e no Distrito Federal, baseado nos 
objetivos de definição de prioridades de 
intervenção coerentes com a necessidade 
da população e garantia de acesso dos 
cidadãos a todos os níveis de atenção à 
saúde. 
 Cabe às secretarias de Saúde dos 
Estados e do Distrito Federal a elaboração 
do PDR, em consonância como Plano 
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Estadual de Saúde, devendo o mesmo ser 
aprovado pela Comissão Intergestores 
Bipartite e pelo Conselho Estadual de 
Saúde. 
 O PDR deve ser elaborado na 
perspectiva de garantir o acesso aos 
cidadãos, o mais próximo possível de sua 
residência, a um conjunto de ações e 
serviços vinculados a: 
-assistência pré-natal, parto e puerpério; 
-acompanhamento do crescimento e 
desenvolvimento infantil; 
-cobertura universal do esquema 
preconizado pelo PNI para todas as faixas 
etárias; 
-ações de promoção da saúde e 
prevenção de doenças; 
-tratamento de intercorrências mais 
comuns na infância; 
-atendimento de afecções agudas de 
maior incidência; 
-acompanhamento de pessoas com 
doenças crônicas de alta prevalência; 
-tratamento clínico e cirúrgico de casos de 
pequenas urgências ambulatoriais; 
-tratamento dos distúrbios mentais e 
psicossociais mais frequentes; 
-controle de doenças bucais mais comuns; 
-suprimento e dispensação dos 
medicamentos da farmácia básica. 
 No que diz respeito à ampliação do 
acesso e da qualidade da atenção básica, 
a NOAS/SUS 01/01 instituiu a Gestão 
Plena da Atenção Básica Ampliada 
(GPABA). E define como áreas de atuação 
estratégicas mínimas para a habilitação 
nesta condição o controle da tuberculose, 
a eliminação da hanseníase, o controle da 
hipertensão arterial, o controle da diabetes 
mellitus, a saúde da criança, a saúde da 
mulher e a saúde bucal. 
 A NOAS/SUS definiu um conjunto 
mínimo de procedimentos de média 
complexidade como primeironível de 
referência intermunicipal, com acesso 
garantido a toda a população no âmbito 
microrregional, ofertados em um ou mais 
módulos assistenciais. Esse conjunto 
mínimo de serviços de média 
complexidade compreende as atividades 
ambulatoriais, de apoio diagnóstico e 
terapêutico e de internação hospitalar. 
 O financiamento federal das ações 
ambulatoriais é feito com base em um 
valor per capita nacional. As UF deverão 
encaminhar ao Ministério da Saúde uma 
versão consolidada da Programação 
Pactuada e Integrada (PPI). Cabe às SES 
a coordenação da programação pactuada 
e integrada no âmbito do Estado. A PPI 
aprovada pela Comissão Intergestores 
Bipartite deverá nortear a alocação de 
recursos federais da assistência entre 
municípios pelo gestor estadual, 
resultando na definição de limites 
financeiros claros para todos os municípios 
do Estado, sendo que o limite financeiro de 
cada município será composto por duas 
parcelas separadas: recursos destinados 
ao atendimento da população própria e 
recursos destinados ao atendimento da 
população referenciada, de acordo com as 
negociações expressas na PPI. 
 Nos casos em que os serviços de 
referência estiverem em municípios 
localizados habilitados em Gestão Plena 
de Sistema Municipal, os mesmos devem 
se comprometer com o atendimento da 
população referenciada, subscrevendo 
com o Estado um Termo de Compromisso 
para Garantia de Acesso. Esse termo tem 
como base o processo de programação e 
contém as metas físicas e orçamentárias 
das ações definidas na PPI 
 
Lucas Gustavo Novaes Gonçalves 
 Explanar o pacto pela vida 
 O Pacto pela Vida é o compromisso 
entre os gestores do SUS em torno de 
prioridades que apresentam impacto sobre 
a situação de saúde da população 
brasileira. 
 A definição de prioridades deve ser 
estabelecida por meio de metas nacionais, 
estaduais, regionais ou municipais. 
Prioridades estaduais ou regionais podem 
ser agregadas às prioridades nacionais, 
conforme pactuação local. Os 
estados/regiões/municípios devem 
pactuar as ações necessárias para o 
alcance das metas e dos objetivos 
propostos. 
 São seis as prioridades pactuadas: 
-Saúde do Idoso; 
-Controle do câncer do colo do útero e da 
mama; 
-Redução da mortalidade infantil e 
materna; 
-Fortalecimento da capacidade de 
resposta às doenças emergentes e 
endemias, com ênfase na dengue, 
hanseníase, tuberculose, malária e 
influenza; 
-Promoção da Saúde; 
-Fortalecimento da Atenção Básica. 
 
 Saúde do Idoso: 
 Para efeitos deste Pacto será 
considerada idosa a pessoa com 60 anos 
ou mais. 
 O trabalho nesta área deve seguir as 
seguintes diretrizes: 
-Promoção do envelhecimento ativo e 
saudável; 
-Atenção integral e integrada à saúde da 
pessoa idosa; 
-Estímulo às ações intersetoriais, visando 
a integralidade da atenção; 
-A implantação de serviços de atenção 
domiciliar; 
-O acolhimento preferencial em unidades 
de saúde, respeitado o critério de risco; 
-Provimento de recursos capazes de 
assegurar qualidade da atenção à saúde 
da pessoa idosa; 
-Fortalecimento da participação social; 
-Formação e educação permanente dos 
profissionais de saúde do SUS na área de 
saúde da pessoa idosa; 
-Divulgação e informação sobre a Política 
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa para 
profissionais de saúde, gestores e 
usuários do SUS; 
-Promoção da cooperação nacional e 
internacional das experiências na atenção 
à saúde da pessoa idosa; 
-Apoio ao desenvolvimento de estudos e 
pesquisas. 
 Ações estratégicas: 
-Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa - 
instrumento de cidadania com informações 
relevantes sobre a saúde da pessoa idosa, 
possibilitando um melhor 
acompanhamento por parte dos 
profissionais de saúde. 
-Manual de Atenção Básica à Saúde da 
Pessoa Idosa - para indução de ações de 
saúde, tendo por referência as diretrizes 
contidas na Política Nacional de Saúde da 
Pessoa Idosa. 
-Programa de Educação Permanente à 
Distância – implementar programa de 
educação permanente na área do 
envelhecimento e saúde do idoso, voltado 
para profissionais que trabalham na rede 
de atenção básica à saúde, contemplando 
os conteúdos específicos das 
repercussões do processo de 
envelhecimento populacional para a saúde 
individual e para a gestão dos serviços de 
saúde. 
-Acolhimento - reorganizar o processo de 
acolhimento à pessoa idosa nas unidades 
de saúde, como uma das estratégias de 
enfrentamento das dificuldades atuais de 
acesso. 
-Assistência Farmacêutica - desenvolver 
ações que visem qualificar a dispensação 
e o acesso da população idosa. 
-Atenção Diferenciada na Internação - 
instituir avaliação geriátrica global 
realizada por equipe multidisciplinar, a 
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toda pessoa idosa internada em hospital 
que tenha aderido ao Programa de 
Atenção Domiciliar. 
-Atenção domiciliar – instituir esta 
modalidade de prestação de serviços ao 
idoso, valorizando o efeito favorável do 
ambiente familiar no processo de 
recuperação de pacientes e os benefícios 
adicionais para o cidadão e o sistema de 
saúde. 
 
Controle do Câncer do Colo do Útero e da 
Mama: 
 Objetivos e metas para o Controle do 
Câncer do Colo do Útero: 
-Cobertura de 80% para o exame 
preventivo do câncer do colo do útero, 
conforme protocolo, em 2006. 
-Incentivo para a realização da cirurgia de 
alta frequência, técnica que utiliza um 
instrumental especial para a retirada de 
lesões ou parte do colo uterino 
comprometido (com lesões intra-epiteliais 
de alto grau) com menor dano possível, 
que pode ser realizada em ambulatório, 
com pagamento diferenciado, em 2006. 
 Metas para o Controle do Câncer da 
mama: 
-Ampliar para 60% a cobertura de 
mamografia, conforme protocolo. 
- Realizar a punção em 100% dos casos 
necessários, conforme protocolo. 
 
Redução da mortalidade infantil e materna 
 Objetivos e metas para a redução da 
mortalidade infantil 
-Reduzir a mortalidade neonatal em 5%, 
em 2006. 
-Reduzir em 50% os óbitos por doença 
diarreica e 20% por pneumonia, em 2006. 
-Apoiar a elaboração de propostas de 
intervenção para a qualificação da atenção 
às doenças prevalentes. 
-Criação de comitês de vigilância do óbito 
em 80% dos municípios com população 
acima de 80.000 habitantes, em 2006. 
 Objetivos e metas para a redução da 
mortalidade materna 
- Reduzir em 5% a razão da mortalidade 
materna, em 2006. 
-Garantir insumos e medicamentos para 
tratamento das síndromes hipertensivas 
no parto. 
-Qualificar os pontos de distribuição de 
sangue para que atendam às 
necessidades das maternidades e outros 
locais de parto. 
 
 Fortalecimento da capacidade de 
resposta às doenças emergentes e 
endemias, com ênfase na dengue, 
hanseníase, tuberculose, malária e 
influenza 
 Objetivos e metas para o controle da 
dengue: 
-Plano de Contingência para atenção aos 
pacientes, elaborado e implantado nos 
municípios prioritários, em 2006; 
-Reduzir para menos de 1% a infestação 
predial por Aedes aegypti em 30% dos 
municípios prioritários até 2006. 
 Meta para a eliminação da hanseníase: 
-Atingir o patamar de eliminação como 
problema de saúde pública, ou seja, 
menos de 1 caso por 10.000 habitantes em 
todos os municípios prioritários, em 2006. 
 Metas para o controle da tuberculose: 
-Atingir pelo menos 85% de cura de casos 
novos de tuberculose bacilífera 
diagnosticados a cada ano. 
 Meta para o controle da malária 
-Reduzir em 15% a Incidência Parasitária 
Anual, na região da Amazônia Legal, em 
2006. 
 Objetivo para o controle da Influenza 
-Implantar Plano de Contingência, 
unidades sentinelas e o sistema de 
informação - SIVEP-GRIPE, em 2006. 
 
 Promoção da saúde, com ênfase na 
atividade física regular e alimentação 
saudável 
 Objetivos: 
-Elaborar e implementar uma Política de 
Promoção da Saúde, de responsabilidade 
dos três gestores; 
-Enfatizar a mudança de comportamento 
da população brasileira de forma a 
internalizar a responsabilidadeindividual 
da prática de atividade física regular, 
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alimentação adequada e saudável e 
combate ao tabagismo; 
-Articular e promover os diversos 
programas de promoção de atividade 
física já existentes e apoiar a criação de 
outros; 
-Promover medidas concretas pelo hábito 
da alimentação saudável; 
-Elaborar e pactuar a Política Nacional de 
Promoção da Saúde que contemple as 
especificidades próprias dos estados e 
municípios devendo iniciar sua 
implementação em 2006. 
 
 Fortalecimento da Atenção Básica 
 Objetivos: 
-Assumir a estratégia de Saúde da Família 
como estratégia prioritária para o 
fortalecimento da atenção básica, devendo 
seu desenvolvimento considerar as 
diferenças loco-regionais; 
-Desenvolver ações de qualificação dos 
profissionais da atenção básica por meio 
de estratégias de educação permanente e 
de oferta de cursos de especialização e 
residência multiprofissional e em medicina 
da família; 
-Consolidar e qualificar a estratégia de 
Saúde da Família nos pequenos e médios 
municípios; 
-Ampliar e qualificar a estratégia de Saúde 
da Família nos grandes centros urbanos; 
e. Garantir a infraestrutura necessária ao 
funcionamento das Unidades Básicas de 
Saúde, dotando-as de recursos materiais, 
equipamentos e insumos suficientes para 
o conjunto de ações propostas para estes 
serviços; 
-Garantir o financiamento da Atenção 
Básica como responsabilidade das três 
esferas de gestão do SUS; 
-Aprimorar a inserção dos profissionais da 
Atenção Básica nas redes locais de saúde, 
por meio de vínculos de trabalho que 
favoreçam o provimento e fixação dos 
profissionais; 
-Implantar o processo de monitoramento e 
avaliação da Atenção Básica nas três 
esferas de governo, com vistas à 
qualificação da gestão descentralizada; 
-Apoiar diferentes modos de organização e 
fortalecimento da Atenção Básica que 
considere os princípios da estratégia de 
Saúde da Família, respeitando as 
especificidades loco-regionais. 
 
Lucas Gustavo Novaes Gonçalves 
 Explicar os determinantes 
sociais de saúde 
 Em 13 de março de 2006, através de 
Decreto Presidencial, foi criada no Brasil a 
Comissão Nacional sobre Determinantes 
Sociais da Saúde (CNDSS). 
 As atividades da CNDSS têm como 
referência o conceito de saúde, tal como a 
concebe a OMS - “um estado de completo 
bem-estar físico, mental e social e não 
meramente a ausência de doença ou 
enfermidade” 
 Três compromissos vêm orientando a 
atuação da Comissão: 
-Compromisso com a ação: implica 
apresentar recomendações concretas de 
políticas, programas e intervenções para o 
combate às iniquidades de saúde geradas 
pelos DSS. 
-Compromisso com a equidade: a 
promoção da equidade em saúde é 
fundamentalmente um compromisso ético 
e uma posição política que orienta as 
ações da CNDSS para assegurar o direito 
universal à saúde. 
-Compromisso com a evidência: as 
recomendações da Comissão devem estar 
solidamente fundamentadas em 
evidências científicas, que permitam, por 
um lado, entender como operam os 
determinantes sociais na geração das 
iniquidades em saúde e, por outro, como e 
onde devem incidir as intervenções para 
combatê-las e que resultados podem ser 
esperados em termos de efetividade e 
eficiência. 
 Os principais objetivos da CNDSS são: 
-Produzir conhecimentos e informações 
sobre os DSS no Brasil; 
-Apoiar o desenvolvimento de políticas e 
programas para a promoção da equidade 
em saúde; 
-Promover atividades de mobilização da 
sociedade civil para tomada de 
consciência e atuação sobre os DSS. 
 Os DSS são os fatores sociais, 
econômicos, culturais, étnicos/raciais, 
psicológicos e comportamentais que 
influenciam a ocorrência de problemas de 
saúde e seus fatores de risco na 
população. 
 Existem diversos modelos sobre DDS, 
a CNDSS resolveu adotar o modelo de 
Dahlgren e Whitehead (1991), que serve 
de base para orientar a organização de 
suas atividades e os conteúdos. Esse 
modelo inclui os DSS dispostos em 
diferentes camadas, segundo seu nível de 
abrangência, desde uma camada mais 
próxima aos determinantes individuais até 
uma camada distal onde se situam os 
macro determinantes. 
 Indivíduos estão na base do modelo, 
com suas características individuais de 
idade, sexo e fatores genéticos que, 
evidentemente, exercem influência sobre 
seu potencial e suas condições de saúde. 
Na camada imediatamente externa, 
aparecem o comportamento e os estilos de 
vida individuais. Esta camada está situada 
no limiar entre os fatores individuais e os 
DSS, já que os comportamentos 
dependem não apenas de opções feitas 
pelo livre arbítrio das pessoas, mas 
também de DSS, como acesso a 
informações, propaganda, pressão de 
pares, possibilidades de acesso a 
alimentos saudáveis e espaços de lazer, 
entre outros. A camada seguinte destaca a 
influência das redes comunitárias e de 
apoio, cuja maior ou menor riqueza 
expressa o nível de coesão social que, é 
de fundamental importância para a saúde 
da sociedade como um todo. No próximo 
nível, estão representados os fatores 
relacionados a condições de vida e de 
trabalho, disponibilidade de alimentos e 
acesso a ambientes e serviços essenciais, 
como saúde e educação, indicando que as 
pessoas em desvantagem social 
apresentam diferenciais de exposição e de 
vulnerabilidade aos riscos à saúde, como 
consequência de condições habitacionais 
inadequadas, exposição a condições mais 
perigosas ou estressantes de trabalho e 
acesso menor aos serviços. Finalmente, 
no último nível, estão situados os macro 
determinantes que possuem grande 
influência sobre as demais camadas e 
Lucas Gustavo Novaes Gonçalves 
estão relacionados às condições 
econômicas, culturais e ambientais da 
sociedade, incluindo também 
determinantes supranacionais como o 
processo de globalização. 
 A distribuição da saúde e da doença em 
uma sociedade não é aleatória, estando 
associada à posição social, que por sua 
vez define as condições de vida e trabalho 
dos indivíduos e grupos. Renda e 
escolaridade estão fortemente associados 
a resultados de saúde. Por exemplo, a 
partir da Pesquisa Nacional por Amostra 
de Domicílios (PNAD) foi visto a proporção 
(%) de mulheres de 25 anos ou mais de 
idade que realizaram alguma vez exame 
preventivo para câncer de colo uterino, por 
anos de estudo. Foi visto que cerca de 
apenas 55% das mulheres sem instrução 
teria realizado esse exame, 81% das 
mulheres com cerca de 7 anos de estudos 
realizaram esse exame, enquanto cerca 
de 93% das mulheres com mais de 15 
anos de estudos fizeram esse exame 
preventivo.

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