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SISTEMA NERVOSO- PROBLEMA 6 OBJETIVOS: 1. SOBRE VISÃO: ▪ Anatomia do olho OK ▪ Descrever o mecanismo de formação da imagem OK ▪ Células envolvidas (cones, bastonetes...) OK ▪ Descrever o funcionamento da via visual ▪ Qual a importância da Vitamina A para a visão? Qual sua relação com a cegueira noturna? OK ▪ Relacionar com os nervos envolvidos: II, III, IV e VI OK ▪ Descrever o quiasma e trato óptico OK ▪ Receptores e mecanismos de fototransdução OK 2. SOBRE GUSTAÇÃO: ▪ Anatomia das estruturas envolvidas na gustação OK ▪ Diferenciar papilas gustativas de botões OK ▪ Diferenciar sabor e gosto ▪ Identificar os tipos de gosto (doce, amargo, azedo, salgado, umami), seus receptores e a forma de transdução OK ▪ Células e receptores envolvidos ▪ Relacionar com os nervos envolvidos: VII, IX, X OK ▪ Descrever o funcionamento da via gustativa OK ▪ Relacionar com olfato e sistema límbico OK 3. SOBRE OLFATO: ▪ Anatomia das estruturas envolvidas no olfato ▪ Células e receptores envolvidos – descrever o mecanismo de transdução ▪ Descrever o funcionamento das vias olfatórias VISÃO ❖ Protegido pela órbita que é formado por ossos faciais do crânio. Existem também seis músculos extrínsecos do bulbo do olho, músculos esqueléticos que se fixam ao globo ocular e controlam os movimentos dos olhos. ❖ O olho humano possui cerca de 126 milhões de receptores sensoriais ANATOMIA GERAL: ❖ PUPILA: abertura que permite que a luz entre no olho e alcance a retina. Parece escura devido aos pigmentos que absorvem luz na retina; ❖ ÍRIS: cerca a pupila. Sua pigmentação origina a cor dos olhos. Contém 2 MÚSCULOS que podem alterar o tamanho da pupila, sendo que um deles a torna menor quando se contrai e um a torna maior; A pigmentação é originada devido os pigmentos irianos (grânulos de melanina). Quando o pigmento é quase ausente, o olho é azul. Olho verde é intermediário entre o olho azul e o olho castanho e possui diversos grânulos com pigmentação castanha ❖ CÓRNEA: superfície vítrea transparente externa do olho que cobre a pupila e a íris ❖ ESCLERA: está em continuidade com a córnea e constitui o “branco” dos olhos que forma a parede resistente do globo ocular. Inseridos na esclera estão músculos extraoculares, que movimentam o globo ocular dentro das órbitas. Eles não são visíveis, pois se encontram atrás da conjuntiva, uma membrana que se dobra para trás desde a parte interna das pálpebras, indo se ligar a esclera; Observação! O conjunto esclera + córnea dá origem ao formato esférico do olho. ❖ NERVO ÓPTICO: responsável por transportar as informações visuais até o encéfalo. Reúne os axônios da retina, sai do olho em sua parte posterior, atravessa a órbita e alcança a base do encéfalo, próximo a glândula hipófise; ❖ PÁLPEBRA: dobra fina de pele e músculo que cobrem e protege o olho. O músculo elevador da pálpebra superior causa sua elevação abrindo os olhos. Esse músculo é ativado pelo III par de nervo craniano (nervo oculomotor). RETINA: ❖ A característica mais evidente da retina são os vasos sanguíneos em sua superfície. Esses vasos da retina são originados pela papila óptica que é uma região circular clara onde as fibras do nervo óptico deixam a retina. ❖ No centro de cada retina existe uma região mais escura, com um aspecto amarelado chamada de mácula lútea, que é a parte da retina dedicada a visão central. Nessa região também temos a relativa ausência de vasos sanguíneos, sendo uma condição de melhora para a qualidade de visão central. ❖ Temos também a fóvea, que é a retina mais delgada. Essa parte é muito importante para referência anatômica (ex: a parte da retina que se situa mais próxima ao nariz com relação à fóvea é chamada de nasal e a parte que se situa mais próxima as temporas é chamada de temporal). ANATOMIA TRANSVERSAL DO OLHO: ❖ CÓRNEA: não apresenta vasos sanguíneos e é nutrida por um fluído chamado de humor aquoso. Cobre a pupila e a iris. É uma superfície curva e transparente de tecido conjuntivo que funciona como uma lente de grande capacidade de refração, além de filtrar raios UV. ❖ CRISTALINO: é uma estrutura transparente localizada atrás da íris; ele é suspenso por ligamentos que se ligam aos músculos ciliares, os quais conectam-se à esclera e formam um anel dentro do olho. Mudanças no formato desse cristalino permitem que os olhos ajustem o foco para diferentes distâncias. Observação: o cristalino divide o olho em dois compartimentos fluidos diferentes, sendo um deles o humor aquoso que se situa entre a córnea e o cristalino e o humor vítreo, que é mais viscoso e gelatinoso, situando-se entre o cristalino e a retina. Correlação clínica: 1. Com o envelhecimento, o cristalino começa a embaçar, dando origem a catarata. Na cirurgia de catarata a cápsula interna é retirada, porém a posterior é permanecida para dar sustentação ao cristalino. A catarata não volta, porém em 2 anos após a cirurgia 50% pode ter uma visão um pouco embaçada novamente, devido a cápsula posterior que foi mantida. 2. A partir dos 40 anos, as pessoas começam a desenvolver a presbiopia (vista cansada), ou seja, possuem dificuldade em focalizar objetos de perto. Nesse processo, o cristalino perde sua capacidade de acomodação, não conseguindo mais modificar seu formato. Há dificuldade de foco apenas na visão para perto, pois para esse foco ser realizado é necessário aumentar seu eixo anteroposterior e na visão para longe o cristalino pode permanecer relaxado, não havendo alteração. FORMAÇÃO DA IMAGEM PELO OLHO REFRAÇÃO PELA CÓRNEA: ❖ Para que os raios de luz que atingem o olho são paralelos, e para que sejam focados na RETINA eles precisam passar por um processo de refração feito pela córnea. ❖ Quando a luz atinge um meio em que sua velocidade é diminuída, ela se aproxima da normal (reta ortogonal a superfície que separa os meios). ❖ Essa é a situação quando a luz atinge a superfície curvada da córnea e passa para o humor aquoso. Os raios mudam de direção de forma a convergir na parte posterior do olho. Apenas aqueles que cruzam pelo centro do olho não mudam de direção. ❖ A distância da superfície refratora até onde os raios convergem é chamada de distância focal. Ela depende da curvatura da córnea: quando menos o seu raio de curvatura, menos a distância focal. ❖ A dioptria é a recíproca da distância focal (1/df). A córnea tem um poder refrator de 42 dioptrias (o que significa que raios de luz paralelos irão se focalizar a 1/42 = 0,024m atrás dela – aproximadamente a distância até a retina). ❖ Esse poder refrator depende da velocidade na luz na interface ar-córnea. Se substituíssemos o ar por um meio que seja atravessado pela luz com a mesma velocidade que atravessa o olho, o poder refrator é eliminado. Logo, os objetos debaixo da água ficam borrados devido ao poder refrator da córnea ser eliminado, provocando a incapacidade de focalizar uma imagem. ACOMODAÇÃO PELO CRISTALINO: ❖ O cristalino está envolvido na formação de imagens claras e nítidas de objetos próximos, localizados a uma distância menor do que 9m com relação ao olho. ❖ A medida em que os objetos se aproximam, os raios de luz oriundos de um determinado ponto não podem mais ser considerados paralelos; esses raios irão divergir e necessitará de um poder de refração maior para focalizá-los na retina (ocorre pela mudança no formato do cristalino- acomodação). ❖ Durante a acomodação, os músculos ciliares se contraem e engrossam, tornando menor a área dentro do músculo e diminuindo a tensão nos ligamentos suspensores; como consequência, esse cristalino se torna mais arredondado, aumentando o seu poder de refração. REFLEXO PUPILAR DA LUZDIRETA: ❖ Esse reflexo envolve conexões entre a retina e os neurônios do tronco encefálico que controlam os músculos que contraem a pupila; ❖ É um reflexo consensual, isto é, se a luz atingir apenas um olho, provocará a constrição das pupilas de ambos os olhos; ❖ A ausência desse reflexo pupilar consensual geralmente indica algum distúrbio neurológico grave envolvendo o tronco encefálico ❖ A constrição da pupila aumenta a profundidade do foco. Importante: Campo Visual Acuidade visual O campo visual esquerdo tem sua imagem formada no lado direito da retina. Já o direito tem sua imagem formada no lado esquerdo É a capacidade do olho de distinguir dois pontos próximos. Depende de vários fatores, em especial do espaçamento dos fotorreceptores na retina e da precisão de refração do olho. ANATOMIA DA RETINA ❖ A via mais direta para o fluxo da informação visual parte dos fotorreceptores em direção as células bipolares e, posteriormente, para as células ganglionares. ❖ As células ganglionares disparam potenciais de ação em resposta à luz e esses impulsos se propagam por meio do nervo óptico para o resto do encéfalo. ❖ O processamento da retina também é influenciado por outros dois tipos celulares, sendo eles: células horizontais que recebem aferentes dos fotorreceptores e projetam neuritos para influenciar as células bipolares vizinhas e os fotorreceptores; células amácrinas que recebem aferentes das células bipolares e projetam para influenciar células ganglionares vizinhas, células bipolares e outras células amácrinas. ❖ As únicas células sensíveis à luz na retina são os fotorreceptores. Todas as outras células são influenciadas pela luz apenas por meio de interações sinápticas diretas e indiretas com os fotorreceptores ❖ As células ganglionares são a única fonte de sinais de saída da retina. Nenhum outro tipo de célula da retina projeta axônios por meio do nervo óptico. ORGANIZAÇÃO LAMINAR: ❖ As células são organizadas em camadas que estão aparentemente ordenadas ao contrário: a luz deve atravessar o humor vítreo, as células ganglionares e bipolares antes de atingir os fotorreceptores. ❖ Um motivo dessa inversão é a posição do EPITÉLIO PIGMENTAR, logo abaixo dos fotorreceptores, que tem papel na manutenção dos fotorreceptores e dos fotopigmentos. Também absorve qualquer luz que atravesse completamente a retina, minimizando a reflexão da luz no fundo do olho. 1. Camada de células ganglionares (mais interna) 2. Camada plexiforme interna: ocorrem contatos sinápticos entre células bipolares, amácrinas a ganglionares. 3. Camada nuclear interna: corpos celulares das células bipolares, horizontais a amácrinas 4. Camada plexiforme externa: Onde fotorreceptores estabelecem contatos sinápticos com células bipolares e horizontais. 5. Camada nuclear externa: corpos celulares dos fotorreceptores. 6. Camada dos segmentos externos dos fotorreceptores: contém os elementos sensíveis a luz da retina – estão embebidos no epitélio pigmentar. ESTRUTURA DE UM FOTORRECEPTOR ❖ Cada fotorreceptor apresenta 4 regiões: um segmento externo, um interno, um corpo celular e um terminal sináptico. ❖ Existem dois tipos de fotorreceptores encontrados na retina: Bastonetes: ▪ Apresentam um segmento externo longo e cilíndrico. ▪ O seu maior número de discos e maior concentração de fotopigmentos o torna muito mais sensível a luz ▪ Em um ambiente com iluminação noturna (condições escotópicas) apenas os bastonetes contribuem para a visão ▪ Todos possuem o mesmo tipo de fotopigmento Cones: ▪ Apresentam um segmento externo mais curto e que gradualmente diminui de espessura, contendo um menor número de discos membranosos ▪ Em ambientes com iluminação diurna (condições fotópicas) os cones realizam a maior parte do trabalho da visão ▪ Existem 3 tipos de cones, cada um com um fotopigmento diferente; isso faz com que os diferentes cones sejam sensíveis a diferentes comprimentos de onda da luz ▪ Desempenham papel central na capacidade de ver cores. Observação: a estrutura da retina varia desde a fóvea até a periferia. Geralmente, a retina periférica possui mais bastonetes do que cones e possui uma alta relação de fotorreceptores para células ganglionares. Essa combinação faz com que a retina periférica seja mais sensível a luz. FOTOTRANSDUÇÃO FOTOTRANSDUÇÃO NOS BASTONETES: ❖ A estimulação de um fotopigmento pela luz ativa proteínas G, as quais, por sua vez, ativam uma enzima efetora que altera a concentração citoplasmática de um segundo mensageiro. Essa alteração provoca o fechamento de um canal iônico na membrana e o potencial de membrana é alterado. ❖ Em completa escuridão, o potencial de membrana do segmento externo do bastonete é de -30mv. Essa despolarização é causada pelo influxo constante de Na+ através de canais especiais no segmento externo da membrana. Esse movimento de cargas positivas através da membrana é chamado de corrente do escuro. ❖ Esses canais de sódio são ativados por um segundo mensageiro intracelular chamado GMPc (monofosfato de guanosina cíclico), que é produzido continuamente no fotorreceptor pela enzima guanilato de ciclase, mantendo os canais de Na+ abertos; ❖ A luz reduz a quantidade de GMPc, o que fecha os canais e torna a membrana mais negativa. Dessa forma, os fotorreceptores são hiperpolarizados na presença da luz; ❖ Essa resposta hiperpolarizante é iniciada pela absorção da radiação eletromagnética pelo fotopigmento– nos bastonetes é a RODOPSINA, que é uma proteína receptora possuindo um agonista previamente ligado ❖ A proteína receptora é a OPSINA e é típica de receptores acoplados a proteína G que ocorrem em todo organismo. O agonista é denominado RETINAL, um derivado da vitamina A; ❖ Quando rodopsina é ativada pela luz, ocorre uma modificação na conformação do retinal, causando a ativação da opsina e provocando o desbotamento da rodopsina que estimula a proteína G (TRANSDUCINA) presente no disco membranoso a trocar GDP por GTP; ❖ Essa transducina ativa a enzima efetora fosfodiesterase (PDE) a qual hidroliza o GMPc presente normalmente no citoplasma dos bastonetes; ❖ A redução nas concentrações de GMPc promove o fechamento dos canais de sódio, causando, então a hiperpolarização da membrana; ❖ No ESCURO, GMPc ativa o canal de sódio, causando a entrada de íons sódio e, consequentemente, a despolarização da membrana. VITAMINA A E A VISÃO: A vitamina A faz parte da púrpura visual, pois o retinol vai combinar-se com a proteína opsina para formar a rodopsina ou púrpura visual nos bastonetes da retina do olho, que tem por função, em última análise, a visão na luz fraca. Pode haver a cegueira noturna, condição conhecida por nictalopia, pois a adaptação ao escuro é uma função específica dos bastonetes e dos cones, sendo a adaptação primária realizada pelos cones, completando-se em poucos minutos. A adaptação secundária constitui função dos bastonetes e, quando não se completa em 30 minutos, caracteriza a cegueira noturna. Os bastonetes e os cones retinianos contêm pigmentos visuais denominada rodopsina nos bastonetes e, iodopsina nos cones. Os cones atuam como receptores de alta intensidade luminosa para a visão colorida, enquanto os bastonetes são especialmente sensíveis à luz de baixa intensidade. Nas deficiências de vitamina A os bastonetes são mais afetados que os cones visuais. Xeroftalmia (olho seco): caracterizada pela não produção de lágrimas e consequente dificuldade de enxergar, principalmente durante a noite. Tem como sinais a degeneração da conjuntiva e da córnea, as quais se apresentam secas, enrugadas e atrofiadas. As glândulas ópticas, obstruídas, deixam de produzir a secreçãolacrimal responsável pela lubrificação do globo ocular. FOTOTRANSDUÇÃO NOS CONES: ❖ Sob a luz do sol, há uma queda nos níveis de GMPc nos bastonetes, até um ponto em que a luz se torna saturada. ❖ A visão durante o dia depende inteiramente dos cones, cujos fotopigmentos necessitam de maior nível de energia. ❖ O processo de transdução é praticamente o mesmo, o que difere é o tipo de opsinas dos discos membranosos dos segmentos externos dos cones ❖ Cada cone em nossas retinas contém uma das três opsinas; assim podemos falar de cones “para o azul”, cuja ativação máxima ocorre pela luz com comprimentos de onda em torno de 430nm; cones “para verde”, cuja ativação máxima ocorre com comprimentos de onda em torno de 530nm e cones “para vermelho”, cuja ativação máxima ocorre com comprimentos de onda em torno de 560nm Detecção de cores: ❖ As cores que percebemos são determinadas por contribuições relativas de cada tipo de cone para o sinal na retina. ❖ Teoria tricromática de Young-Helmholtz: em cada ponto na retina existe um conjunto de 3 tipos de receptores, cada um apresentando sensibilidade máxima ao azul, verde ou vermelho; ❖ O encéfalo atribui cores com base em comparação da leitura desses três tipos. Quando todos estão igualmente ativos, percebemos o “branco”. ❖ Daltonismo: é a incapacidade de diferenciar todas ou algumas cores, manifestando-se muitas vezes pela dificuldade em distinguir o verde do vermelho ou o azul do amarelo. Esta perturbação tem normalmente origem genética, mas pode também resultar de lesão nos olhos, ou de lesão de origem neurológica. A causa mais comum do daltonismo é a falha no desenvolvimento de um ou mais dos três conjuntos de cones que reconhecem cores ou por dano físico ou químico ao olho, ao nervo óptico ou partes do cérebro. ADAPTAÇÃO AO ESCURO E À CLARIDADE: ❖ Quando passamos para um ambiente escuro, ocorre uma transição da visão com base nos cones para com base nos bastonetes. ❖ A sensibilidade aumenta um milhão de vezes– envolve a dilatação da pupila e a regeneração da rodopsina. Ao passar para um ambiente claro, essas alterações são invertidas. ❖ Papel do cálcio → no ESCURO, entra nos cones e promove um efeito inibitório na enzima que sintetiza o GMPc. Quando os canais de sódio dependentes de GMPc se fecham, o fluxo de Ca2+ para dentro dos receptores é diminuído e como resultado mais GMPc é sintetizado. FUNÇÃO NEURAL DA RETINA Os fotorreceptores liberam glutamato quando despolarizados; - São despolarizados no escuro e hiperpolarizados na luz. Assim, fotorreceptores liberam menos neurotransmissores na presença da luz que no escuro. Ou seja, é o escuro e não a luz o estímulo preferido do fotorreceptor. Campos receptivos das células bipolares: • CÉLULAS BIPOLARES OFF: apresentam canais catiônicos que são ativados pelo glutamato, provocando um influxo de sódio e, consequentemente, um potencial excitatório pós-sináptico • CÉLULAS BIPOLARES ON: apresentam receptores acoplados a proteína G e respondem ao glutamato com uma hiperpolarização; -As células bipolares recebem aferências sinápticas diretas dos fotorreceptores e estão conectadas via células horizontais a um anel circunscrito de fotorreceptores; - O CAMPO RECEPTIVO é a área da retina em que ocorre alteração no potencial da membrana em resposta a luz: *CENTRAL: proporciona aferências diretamente dos fotorreceptores; *PERIFÉRICO: proporciona aferências via células horizontais; Observação! A resposta a luz no centro é oposta a resposta a luz na periferia. - RESPOSTA ON: se a iluminação no centro causa despolarização da célula bipolar, então a iluminação da periferia causará hiperpolarização - RESPOSTA OFF: se a célula for despolarizada devido mudança de luz para o escuro no centro, ela será hiperpolarizada pelo mesmo estímulo escuro na periferia; ➔ AMPOS RECEPTIVOS DAS CÉLULAS GANGLIONARES -Células ganglionares com centro-on e com centro-off recebem aferências das células bipolares correspondentes; - Célula ganglionar com centro-on responde ao estímulo luminoso com diversas rajadas de potencial de ação no seu centro receptivo. Já a célula ganglionar com centro-off ao estímulo escuro no seu centro receptivo; ➔ CÉLULAS GANGLIONARES • Célula ganglionar do tipo M Possui maiores campos receptivos, conduzindo potenciais de ação mais rapidamente no nervo óptico. São mais sensíveis a estímulos • Célula ganglionar do tipo P Respondem com uma descarga sustentada que persiste enquanto o estímulo persistir • Célula ganglionar do tipo não-M-e-não-P • Células ganglionares de oposição de cores - Algumas células do tipo P e do tipo não-M-e- não-P são sensíveis a diferenças no comprimento de onda da luz; - Uma resposta a um comprimento de luz no centro cancela a resposta por outro comprimento de onda na periferia do campo receptivo; - A ausência de oposição de cor nas células do tipo M devem-se ao fato de que tanto o centro como a periferia do campo receptivo recebem aferências de mais de um tipo de cone; - A cor é percebida dependendo da quantidade de sinais dos cones para vermelho, para o verde e para o azul que são enviados para o centro do campo receptivo; - Um tipo de cone colorido excita uma célula ganglionar através de uma célula bipolar despolarizante e outro tipo de cone colorido inibe uma célula ganglionar através de uma célula bipolar hiperpolarizante. Esse processo de contraste de cores é muito importante, pois significa que na retina a análise de cor é iniciada e não é inteiramente função do cérebro; Observação: as células ganglionares são as únicas células da retina que enviam sinais através da geração de potenciais de ação. As outras células enviam sinais apenas por condução eletrônica e esta é importante, pois permite uma condução graduada da força do sinal; -São os axônios das células ganglionares que formam as longas fibras do nervo óptico que se dirigem para o cérebro ; -Muitas células ganglionares respondem a alteração da luminosidade, como respostas “liga- desliga” e “desliga-liga” NERVO ÓPTICO ➢ É o II par dos nervos cranianos; ➢ Ele é totalmente sensitivo: contém axônios que conduzem os impulsos nervosos relacionados com a visão. ➢ Na retina, os bastonetes e os cones iniciam os sinais visuais, transmitindo-os para as células bipolares, que enviam estes sinais para células ganglionares. ➢ Os axônios de todas as células ganglionares da retina de cada olho se unem para formar o nervo óptico, que passa pelo forame óptico. ➢ Atrás do bulbo do olho (cerca de 10mm), os dois nervos ópticos se cruzam e formam o quiasma óptico. No quiasma, os axônios da metade medial de cada olho se cruzam para o lado oposto; enquanto os axônios da parte lateral permanecem do mesmo lado. ➢ Posteriormente ao quiasma, estes axônios reagrupados formam os tratos ópticos. A maioria dos axônios desse trato terminam no núcleo geniculado lateral do tálamo; lá eles fazem sinapse com neurônios cujos axônios se estendem até a área visual primária no lobo occipital. ➢ Uns poucos axônios passam pelo núcleo geniculado lateral e se projetam para os colículos superiores do mesencéfalo e para os núcleos motores do tronco encefálico, onde fazem sinapse com neurônios motores que controlam os músculos extrínsecos e intrínsecos do bulbo do olho. RESUMO -Os axônios das células ganglionares que partem da retina passam através de 3 estruturas antes de estabelecerem sinapses no tronco encefálico, o nervo óptico, o quiasma óptico e o tracto óptico; -Os nervos ópticos de ambos os lados dos olhos combinam-se para formar o quiasma óptico (em forma de X). Esse cruzamento de feixes de fibras é chamado de DECUSSAÇÃO. Porém, a que ocorre no quiasmaóptico é uma decussação parcial, já que apenas os axônios originados nas retinas nasais cruzam do lado esquerdo para o direito e do direito para o esquerdo; -Após essa decussação parcial no quiasma óptico, os axônios formam o trato óptico que correm logo abaixo da pia-máter ao longo das superfícies laterais do diencéfalo; -Do trato óptico vai para regiões do tronco encefálico e, posteriormente, para o córtex visual nos lábios do sulco calcarino no lobo occipital. NERVO OCULOMOTOR (III), TROCLEAR (IV) E ABDUCENTE (VI) ❖ Esses 3 pares de nervos cranianos controlam os músculos responsáveis pelo movimento dos bulbos dos olhos. ❖ Todos são nervos motores e, quando saem do encéfalo, contêm apenas axônios. ❖ Os axônios sensitivos dos músculos extrínsecos do bulbo do olho começam seu curso em direção ao encéfalo em cada um destes nervos, mas eles acabam se unindo ao ramo oftálmico do nervo trigêmeo ❖ Estes axônios transmitem impulsos nervosos dos músculos extrínsecos do bulbo do olho relacionados com a propriocepção – percepção dos movimentos e da posição do corpo independe da visão. NERVO OCULOMOTOR: ❖ Possui seu núcleo motor localizado na parte anterior do mesencéfalo. Ele se projeta anteriormente e se divide em ramos superior e inferior, sendo que ambos passam pela fissura orbital superior em direção à órbita ❖ Os axônios do ramo superior inervam os músculos reto superior (músculo extrínseco do bulbo do olho) e o levantador da pálpebra superior ❖ Os axônios do ramo inferior suprem os músculos reto medial, reto inferior e o oblíquo inferior. Ele também supre axônios motores parassimpáticos dos músculos intrínsecos do bulbo do olho, formado por músculo liso (músculos ciliares do bulbo do olho) ❖ Os impulsos parassimpáticos se propagam de um núcleo mesencefálico para o gânglio ciliar; a partir disso, alguns axônios motores parassimpáticos se projetam para o músculo ciliar – responsável pelo ajuste da lente para a visão de objetos próximos (acomodação). Outros axônios motores parassimpáticos estimulam músculos circulares da íris a se contrair quando uma luz intensa estimula o olho, causando diminuição da pupila (constrição) NERVO TROCLEAR: ❖ É o menor dos 12 nervos cranianos e o único que emerge da face posterior do tronco encefálico ❖ Os neurônios motores somáticos se originam de um núcleo mesencefálico (núcleo troclear), e os axônios deste núcleo decussam quando deixam o encéfalo por sua face posterior. A seguir, o nervo circunda a ponte e sai pela fissura orbital superior em direção à órbita. ❖ Estes axônios motores somáticos inervam o músculo oblíquo superior, outro músculo extrínseco do bulbo do olho que controla a movimentação NERVO ABDUCENTE: ❖ Se originam em um núcleo pontinho ❖ Os axônios motores se projetam deste núcleo em direção ao músculo reto lateral pela fissura orbital superior ❖ Tem esse nome porque é responsável pela abdução (rotação lateral) do bulbo do olho GUSTAÇÃO ❖ Algumas das nossas preferências gustativas são inatas. Temos uma preferência inata por alimentos doces; enquanto as substâncias amargas são institivamente rejeitadas ❖ Podemos identificar 4 tipos de sabores básicos: doce, salgado, azedo e amargo e mais um quinto tipo chamado de umami (definido pelo gosto do aminoácido glutamato) ❖ Como conseguimos perceber esses vários sabores? Cada alimento ativa uma diferente combinação de sabores básicos, ajudando a torna-lo único e muitos alimentos têm um sabor distinto como resultado da soma de seus sabores e aromas percebidos simultaneamente (ex: sem o sentido do olfato, a mordida em uma cebola pode ser confundida com uma mordida em uma maçã). Além disso, outras modalidades sensoriais podem contribuir para uma experiência gustativa única (textura, temperatura, dor – sabor picante) ÓRGÃOS DA GUSTAÇÃO: ❖ Várias áreas da boca participam da degustação, como a língua, palato, faringe e a epiglote ❖ A ponta da língua é a mais sensível para o sabor doce, o fundo para o sabor amargo e as bordas laterais para o sabor salgado e azedo. Observação: isso não significa que só sentimos o sabor doce, por exemplo, apenas na ponta da língua. A maior parte da língua é sensível a todos os sabores. ❖ Espalhados sobre a superfície da língua, estão pequenas projeções chamadas de papilas. Elas são classificadas quanto a sua forma em filiformes, fungiformes. Cada papila tem de um a várias centenas de botões gustativos e cada botão tem de 50 a 150 células receptoras gustativas PAPILAS GUSTATIVAS: ❖ TIPOS: 1. Papilas circunvaladas: são achatadas com grande quantidade de botões gustatórios, os quais formam uma linha em V na superfície posterior da língua. 2. Papilas fungiformes: tem forma de cogumelo e uma quantidade moderada de botões, sobre a superfície plana anterior da língua. 3. Papilas foliáceas: quantidade moderada de botões, localizadas nas dobras ao longo das superfícies laterais da língua. 4. Papilas filiformes: cônicas e alongadas. Contém receptores táteis, mas nenhum botão gustatório. Aumentam o atrito entre a língua e o alimento, tornando mais fácil o movimento do alimento na cavidade oral. LIMIAR PARA O GOSTO: ❖ Concentrações muito baixas não são percebidas, mas a partir de um limiar de concentração o estímulo passa a evocar uma percepção do sabor. ❖ Quando os estímulos são fracos, cada papila é muito seletiva para um sabor básico específico, como para o doce, porém quando os estímulos são muito fortes que ultrapassam o limiar, elas passam a ser menos seletivas e podem responder também ao ácido e ao salgado. ❖ A sensibilidade para o gosto amargo é muito maior que para os outros gostos (limiar mais baixo), devido sua função protetora importante contra toxinas perigosas. BOTÃO GUSTATÓRIO: ❖ Composto por 3 tipos de células epiteliais: 1. Células de sustentação: Circundam aproximadamente 50 células receptoras gustatórias em cada botão gustatório. 2. Células basais: São células tronco encontradas na periferia do botão gustatório, próximo a camada de tecido conjuntivo, produzem células de sustentação que, em seguida, se desenvolve em células receptoras gustatórias. Cada célula receptora gustatória tem vida média de 10 dias. 3. Células receptoras gustatórias: As extremidades externas das células gustatórias estão arranjadas em torno de um poro gustatório minúsculo. - Do ápice de cada célula gustatória, muitas microvilosidades ou pelos gustatórios projetam- se para fora, através do poro gustatório, aproximando-se da cavidade da boca. Elas proveem a superfície receptora para o gosto. - Entrelaçadas em torno dos corpos das células gustatórias, encontra-se uma rede de ramificações terminais das fibras nervosas gustatórias que são estimuladas pelas células receptoras gustatórias. Algumas dessas fibras invaginam-se para dentro das pregas das membranas das células gustatórias. - São encontradas muitas vesículas abaixo da membrana plasmática próxima das fibras. Acredita-se que elas têm uma substância neurotransmissora, que é liberada através da membrana plasmática, excitando as terminações das fibras nervosas em resposta a um estímulo gustatório. CÉLULAS RECEPTORAS GUSTATIVAS ❖ A parte quimicamente sensível de uma célula receptora gustativa é uma pequena região chamada de terminal apical. Esses terminais possuem microvilosidades que se projetam ao poro gustativo ❖ As células receptoras gustativas não são consideradas neurônios; no entanto, elas fazem sinapse com os terminais dos axônios gustativos aferentes, na base dos botões gustativos. ❖ Essas células receptoras gustativas também estabelecem sinapses químicas e elétricas com algumas células basais; algumas células basais fazem sinapse com axôniossensoriais e esses podem formar um circuito de informação dentro de cada botão gustativo. ❖ Quando os receptores gustativos são ativados por uma substância química apropriada, o seu potencial de ação geralmente despolariza (potencial receptor). Essa despolarização da membrana do receptor promove a abertura de canais de Ca2+ dependentes de voltagem ❖ O Ca2+ entra no citoplasma, liberando moléculas de substâncias transmissoras (transmissão sináptica básica, de um receptor gustativo para um axônio) GOSTO X SABOR X AROMA ➢ GOSTO: sensações relacionadas com o paladar (por exemplo, ao apertar o nariz enquanto se prova determinado alimento); ➢ SABOR: sensações mais complexas, que associam a estimulação dos gomos gustativos e células receptoras olfativas, e dos elementos táteis e térmicos da língua e da cavidade oral; ➢ AROMA: determinado pelos compostos voláteis dos alimentos percebidos pelo nariz, por via retro nasal GOSTO AMARGO: Não é induzido por um único tipo de agente químico. Novamente, as substâncias que provocam são quase exclusivamente orgânicas. Duas classes se destacam: ▪ Substâncias orgânicas de cadeia longa que contém nitrogênio ▪ Alcaloides: estão em muitas drogas utilizadas como medicamentos (como quinina, cafeína, estricnina e nicotina). O gosto amargo, quando ocorre em alta intensidade, faz com que a pessoa ou animal rejeite o alimento. Isso é importante, pois muitas toxinas letais encontradas em plantas venenosas são alcaloides e quase todas provocam um gosto amargo intenso, seguido pela rejeição do alimento GOSTO DOCE: Não é induzido por uma única categoria de substâncias químicas – algumas que o causam são açúcares, glicóis, álcoois, aldeídos, cetonas, amidos, ésteres, alguns aminoácidos, algumas proteínas pequenas, ácidos sulfônicos, ácidos halogenados e sais inorgânicos de chumbo e berílio (a maioria é orgânica). Pequenas alterações na estrutura química (como a adição de um radical simples) podem frequentemente mudar a substância de doce para amarga. GOSTO SALGADO: É provocado por sais ionizados, principalmente pela concentração de íons sódio. A qualidade do gosto varia de um sal para outro porque os sais provocam outras sensações gustatórias além do salgado. Cátions são os principais responsáveis, mas ânions também contribuem em menor grau. GOSTO AZEDO: É causado pelos ácidos, isto é, pela concentração do íon hidrogênio. A intensidade é aproximadamente proporcional ao logaritmo da concentração do íon hidrogênio. Quanto mais ácido, mais forte é a sensação de azedo. GOSTO UMAMI: Umami é uma palavra japonesa que significa delicioso – designa uma sensação de gosto prazerosa que é qualitativamente diferente do azedo, salgado, doce ou amargo. É o gosto predominante dos alimentos que contém L-glutamato (como caldo de carne e queijo amadurecido) e alguns fisiologistas a consideram uma categoria separada. O receptor para o L-glutamato pode estar relacionado a um dos receptores sinápticos para o glutamato expressos nas sinapses neuronais no cérebro – entretanto os mecanismos moleculares precisos responsáveis pelo gosto umami ainda não estão esclarecidos. TRANDUÇÃO GUSTATIVA: ❖ Os estímulos gustativos podem passar diretamente através dos canais iônicos (salgado e ácido) ❖ Podem ligar-se e bloquear canais iônicos (ácido) ❖ Podem ligar-se a receptores de membrana acoplados a proteína G, que ativam sistemas de segundo mensageiro que abrem canais iônicos (doce, amargo e umami) SABOR SALGADO: O sabor do sal é principalmente o gosto do cátion Na+ e sua concentração precisa ser relativamente alta para que se possa percebê-lo Células gustativas sensíveis para o salgado possuem um canal seletivo ao Na+ que é bloqueado pelo fármaco amirolida. Os canais de sódio sensíveis a amirolida são diferentes dos canais dependentes de voltagem que geram potenciais de ação Sorver uma colher de sopa de galinha → concentração de Na+ aumenta no lado de fora do receptor e o gradiente através da membrana fica maior → Na+ se difunde a favor do gradiente e a corrente de entrada induz a despolarização da membrana → Essa despolarização abre os canais de sódio e cálcio dependentes de voltagem, próximo as vesículas sinápticas → Liberação do neurotransmissor sobre o axônio gustativo aferente SABOR AZEDO: Possui alta acidez (baixo pH) Ácidos como o HCL dissolvem-se na água e liberam íons hidrogênio (prótons ou H+). Os prótons são agentes causadores da sensação de acidez; eles afetam os receptores gustativos sensíveis de duas maneiras: 1. O H+ pode entrar pelos canais de sódio sensíveis à amirolida → Causando uma entrada de corrente de H+ que despolariza a célula 2. Íons hidrogênio podem ligar-se a e bloquear canais seletivos para K+ → Quando a permeabilidade da membrana ao K+ decresce, a membrana despolariza. SABOR AMARGO: Genes para receptores gustativos T1R e T2R codificam uma variedade desses receptores acoplados a proteína G Substâncias amargas são detectadas por cerca de 30 tipos diferentes de receptores T2R Substância química se liga a um receptor amargo → Ativação de uma proteína G → Produção do mensageiro intracelular Inositol trifosfato (IP3) → IP3 ativa um tipo especial de canal iônico o qual se abre permitindo a entrada de Na+ → Despolarização → Causa abertura de canais de cálcio dependentes de voltagem → Entrada de Ca2+ na célula → Liberação do neurotransmissor → Estimulação do axônio aferente gustativo. SABOR DOCE: São receptores acoplados a proteína G, mas diferem daqueles do amargo por serem formados por duas proteínas firmemente associadas, enquanto o do amargo consiste em apenas uma. Um receptor funcional para o doce requer dois membros da família de receptores T1R: T1R2 e T1R3 A ligação da substância ativa o mesmo sistema de segundo mensageiro que a do sabor amargo. Estímulo → receptores T1R2 e T1R3 acoplados a proteína G → ativa fosfolipase C → produção de IP3→ ativa um canal iônico que permite a entrada de Na+→ despolarização da célula → abertura de canais de cálcio dependentes de voltagem → liberação do neurotransmissor Por que não confundimos então o sabor amargo com o doce? Isso ocorre porque as proteínas que formam o receptor para o sabor doce são expressas em células gustativas diferentes, ou seja, as mensagens relacionadas aos sabores doce e amargo são entregues ao SNC por diferentes linhas de transmissão. SABOR UMAMI (AMINOÁCIDOS): O processo de transdução para o umami é idêntico ao que ocorre ao sabor doce, com uma exceção. O receptor para o estímulo umami, assim como o receptor para estímulo doce é composto por dois membros da família T1R, nesse caso é T1R1 e o T1R3 A diferença entre os gostos amargo, doce e umami reside no fato de que as células gustativas expressam seletivamente apenas uma classe de proteína receptora gustativa. Assim, existem células especificas para cada sabor. Os axônios gustativos que elas estimulam também são diferentes, de forma que as mensagens relacionadas ao doce e ao amargo são entregues ao SNC por diferentes vias de transmissão. TRANSMISSÃO DOS SINAIS GUSTATÓRIOS AO SNC ❖ Fluxo segue dos botões gustativos para os axônios gustativos primários, depois para o tronco encefálico, subindo para o tálamo e, finalmente, chegando ao córtex cerebral; ❖ Três nervos cranianos contêm esses axônios gustativos primários que levam a informação gustativa para o encéfalo: ▪ Nervo facial: leva as informações dos 2/3 anteriores da língua e do palato ▪ Nervo glossofaríngeo: 1/3 posterior da língua ▪ Nervo vago: regiões em volta da garganta, incluindo a glote, epiglote e faringe ❖ Todos seus axônios entram no tronco encefálico e estabelecemsinapses dentro do núcleo gustativo delgado (parte do trato solitário no bulbo); ❖ As vias gustativas divergem apenas a partir do núcleo gustativo delgado. A experiência do gosto é mediada pelo córtex cerebral ❖ Neurônios do núcleo gustativo estabelecem sinapses com um subgrupo de pequenos neurônios do núcleo ventral póstero-medial (núcleo VPM – porção do tálamo que lida com informação sensorial proveniente da cabeça); ❖ Os neurônios do núcleo VPM enviam axônios ao córtex gustativo primário; Observação: Lesões no núcleo VPM ou no córtex gustativo causam ageusia (perda da percepção gustativa); ❖ Células do núcleo gustativo projetam-se para uma variedade de regiões do tronco encefálico, principalmente para o bulbo; ❖ A informação gustativa é distribuída ao hipotálamo e a regiões relacionadas na base do telencéfalo (estruturas do sistema límbico – emoção), são essas estruturas envolvidas na palatabilidade (agradável ao paladar) dos alimentos e na motivação para comer. REFLEXOS GUSTATÓRIOS INTEGRADOS NO TRONCO CEREBRAL ❖ A partir do trato solitário, muitos sinais são transmitidos através do tronco cerebral diretamente para os núcleos salivares superior e inferior, e essas áreas transmitem sinais para as glândulas submandibular, sublingual e parótidas, auxiliando no controle da secreção de saliva durante a ingestão e digestão do alimento. MEMÓRIA GUSTATIVA ❖ Como os impulsos se propagam para o sistema límbico, certos gostos podem desencadear intensas respostas emocionais ou afluxo de memórias; ❖ Refeição ruim: o aprendizado aversivo para o sabor resulta em uma forma de memória associativa. Ela é mais efetiva para estímulos alimentares e requer pouca experiência para adquirir (apenas uma única sessão já é o suficiente) e pode durar um longo tempo (em algumas pessoas dura mais de 50 anos). OLFAÇÃO ❖ Nós cheiramos por meio do epitélio olfativo (fina camada de células no alto da cavidade nasal), onde possuímos 3 tipos celulares principais: ▪ Células receptoras olfativas: são os locais da transdução; são neurônios com axônios próprios que penetram no SNC ▪ Células de suporte: são similares à glia; elas auxiliam na produção do muco ▪ Células basais: são a fonte de novos receptores ❖ O epitélio olfativo produz uma fina cobertura de muco, que flui constantemente e é substituída a cada 10 minutos. Estímulos químicos no ar (odorantes) dissolvem-se na camada do muco antes de atingirem as células receptoras ❖ Muco: solução aquosa contendo mucopolissacarídeos (longas cadeias de açúcares), uma variedade de proteínas (incluindo anticorpos, enzimas) e sais. ❖ Os anticorpos são cruciais porque as células olfativas podem ser uma rota direta para alguns vírus e bactérias entrarem no encéfalo NEURÔNIOS RECEPTORES OLFATIVOS: ❖ Possuem um único dendrito fino, que termina com uma pequena dilatação na superfície do epitélio. A partir dessa dilatação, há vários cílios longos e finos que se estendem para dentro da camada de muco ❖ As substâncias odoríferas no muco ligam-se à superfície dos cílios e ativam o processo de transdução ❖ No lado oposto dos receptores olfativos, há um axônio fino e não-mielinizado ❖ Os axônios olfativos constituem o nervo olfativo (I nervo craniano); esses axônios não se juntam todos em um único feixe como os outros nervos cranianos. Ao contrário, quando eles deixam o epitélio, pequenos grupos de axônios penetram na placa cribiforme e, então, vão em direção ao bulbo olfatório TRANDUÇÃO OLFATIVA: ❖ Todas as moléculas de transdução estão nos cílios ❖ Substância odorífera → Ligação aos receptores odoríferos na membrana → Estimulação de uma proteína G olf → Ativação da adenilato ciclase → Formação do AMP cíclico → Ligação do AMP a canais catiônicos específicos → Abertura dos canais catiônicos e influxo de Na+ e Ca2+ → Abertura de canais de cloreto regulados por Ca2+ → Fluxo de corrente e despolarização de membrana (potencial receptor) ❖ A resposta olfativa pode terminar por várias razões. Substâncias odoríferas difundem-se para longe, enzimas na camada do muco podem hidrolisá-las e o AMPc pode ativar outras vias de sinalização que encerram o processo de transdução VIAS CENTRAIS DO OLFATO: ❖ Os neurônios receptores olfativos projetam seus axônios para os dois bulbos olfatórios. A camada que recebe os sinais em cada bulbo contém cerca de 2000 glomérulos olfativos (cada um desses recebe axônios de uma grande região do epitélio olfativo) ❖ A informação olfativa é modificada por interações inibitórias e excitatórias dentro e entre os glomérulos, e entre os dois bulbos ❖ Muitas estruturas encefálicas recebem conexões olfativas. Os axônios de saída dos bulbos olfatórios se estendem através dos tratos olfatórios e projetam-se diretamente para os alvos (ex: córtex olfativo) ❖ Percepções conscientes de odores podem ser mediadas por uma via que vai do tubérculo olfatório ao núcleo medial dorsal do tálamo e dai, para o córtex orbitofrontal (situado atrás dos olhos) A cegueira olfatória para substâncias isoladas foi identificada para mais de 50 substâncias diferentes. Presume-se que decorra da ausência de proteína receptora adequada nas células olfatórias para aquela substância particular LIMIAR PARA A OLFAÇÃO ❖ Embora o limiar seja baixo para muitas (se não a maioria) das substâncias odorantes, concentrações somente 10 a 50 vezes maior que o limiar evocam a intensidade máxima da olfação. ❖ Isso contrasta com os outros sistemas sensoriais, cujos limites de discriminação de intensidade são enormes 500.000 para 1 no caso dos olhos e um trilhão para 1 nos ouvidos. ❖ Isso pode ser explicado porque a olfação está mais relacionada à detecção da presença ou ausência de substancias odorantes do que à detecção quantitativa de suas intensidades. VIAS OLFATÓRIAS PARA O SNC Essa anatomia torna o olfato singular – todos os outros sistemas sensoriais passam primeiro pelo tálamo antes de irem para o córtex. Isso resulta em uma influência direta e distribuída sobre partes do prosencéfalo, que tem algum papel na discriminação do odor, na emoção e na motivação em certos tipos de memória. A PERCEPÇÃO CONSCIENTE DO ODOR a) O SISTEMA OLFATÓRIO MUITO ANTIGO – a área olfatória medial - Consiste em um grupo de núcleos localizados na porção médio-basal do encéfalo, imediatamente anterior ao hipotálamo. - Os mais visíveis são os NÚCLEOS SEPTAIS, localizados na linha média, e que se projetam para o hipotálamo e outras partes primitivas do sistema límbico. É a área encefálica mais relacionada ao comportamento básico. - A importância dela é entendida quando se considera o que acontece quando as áreas olfatórias laterais são removidas – isso dificilmente afeta as respostas mais primitivas da olfação, com lamber os lábios, salivação e outras respostas relacionadas a alimentação provocadas pelo cheiro de comida ou por impulsos emocionais primitivos associados à olfação. Ao contrário, os deixa mais complexos. b) O SISTEMA OLFATÓRIO MENOS ANTIGO – a área olfatória lateral - É composta principalmente pelo córtex pré- piriforme, córtex piriforme e pela porção cortical do núcleo amigdaloide. - A partir dessas áreas, as vias neurais penetram em quase todas as partes do sistema límbico, especialmente nas porções menos primitivas tais como o hipocampo, que parece ser o mais importante para o aprendizado relacionado ao gostar ou não de certos alimentos, de acordo com a experiência prévia. Por exemplo, acredita- se que esteja relacionado a aversão absoluta a alimentos que causaram náuseas e vômito. - Muitas vias neurais também se projetam diretamente para uma parte mais antiga do córtex cerebral, chamada de paleocórtex, na porção ântero-medial do tobo temporal.Esta é a única área de todo córtex cerebral em que os sinais passam diretamente para o córtex sem passar primeiro através do tálamo. c) A VIA RECENTE - Passa através do tálamo para o núcleo talâmico dorsomedial e, então, para o quadrante póstero- laeteral do córtex órbito-frontal. - Estudos indicam que auxilia na análise consciente do odor. CONTROLE CENTRÍFUGO DA ATIVIDADE DO BULBO OLFATÓRIO PELO SNC: - Muitas fibras nervosas que se originam nas porções olfatórias do encéfalo passam pelo trato olfatório em direção ao bulbo olfatório (do encéfalo para periferia). Elas terminam sobre uma grande quantidade de células granulares pequenas localizadas entre as células mitrais e células em tufo no bulbo olfatório. - As células granulares enviam sinais inibitórios para as células mitrais e em tufo. Acredita-se que essa retroalimentação inibitória pode ser uma maneira de refinar a habilidade específica de os indivíduos distinguirem um odor do outro. VIAS CENTRAIS (RESUMO) - Os neurônios receptores olfativos projetam seus axônios para os 2 bulbos olfatórios; - A camada que recebe sinais em cada bulbo possui cerca de 2000 estruturas esféricas denominadas de glomérulos olfativos. Dentro de cada glomérulo cerca de 25000 terminais de axônios olfativos primários (das células receptoras olfativas) convergem e fazem contato com dendritos de cerca de 100 neurônios olfativos de segunda ordem; - Cada glomérulo recebe sinais de apenas um tipo determinado de células receptoras; -A informação olfativa é modificada por interações inibitórias e excitatórias dentro e entre os glomérulos e entre os 2 bulbos; - Os neurônios nos bulbos também estão sujeitos a modulação pelos neurônios de áreas superiores do encéfalo; -Os axônios saem dos bulbos olfatórios e estendem-se através dos tratos olfatórios e projetam-se diretamente para diversos alvos distintos. Entre os alvos mais importantes está o córtex olfativo. -E diferentemente da gustação que precisa passar pelo tálamo para chegar no córtex cerebral, a olfação não precisa; - O trato olfatório também se projeta para a amígdala, ligada diretamente ao sistema límbico A INFORMAÇÃO OLFATIVA: CÓDIGO OLFATIVO→ quando apresentamos um odor cítrico, as células receptoras não podem distingui-lo de outros estímulos, entretanto, examinando a combinação da resposta das três células, o encéfalo pode distinguir o odor floral, da hortelã e da amêndoa. MAPAS OLFATIVOS → muitos receptores neuronais respondem a apresentação de uma única substância odorífera, e essas células estão distribuídas em uma ampla área do epitélio olfativo. Os axônios de cada tipo de célula receptora fazem sinapses em determinados glomérulos no bulbo olfatório. Esse arranjo produz um mapa sensorial, no quais neurônios em lugares específicos do bulbo respondem a determinados odores. CODIFICAÇÃO TEMPORAL NO SISTEMA OLFATIVO → Um odor gera uma ampla faixa de padrões temporais de picos de potenciais em vários neurônios olfativos centrais. A informação do odor é codificada por número, padrão temporal, ritmo e sincronia célula a célula dos picos de potencial. OLFAÇÃO X GUSTAÇÃO ❖ As papilas gustativas da nossa língua sentem somente 5 sabores: salgado, doce, amargo, azedo e o umami, aquele gostinho descoberto há pouco tempo vindo do glutamato (aji-no- moto, por exemplo). ❖ Enquanto a língua só pode distinguir cinco sabores, nosso olfato é muito mais sensível e percebe cerca de 20 mil cheiros diferentes. Durante a mastigação os aromas da comida se tornam ainda mais intensos. O cérebro utiliza as informações do olfato e do paladar para criar o “sabor” da comida. ❖ Quando estamos gripados, o excesso de muco no nariz atrapalha a chegada das moléculas de odor nos receptores do olfato, por causa disso sentimos muito menos o cheiro e consequentemente também o gosto do alimento. ❖ Os próprios vírus da gripe costumam interferir na sensibilidade destes receptores e nosso sentido do olfato costuma ficar bastante prejudicado durante a estada do vírus no organismo. Com nosso olfato prejudicado, o gosto dos alimentos não se destaca e parece que estamos comendo isopor ao invés de comida.
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