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Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 1 Patologia Aula 1 mód. 3 P7 Doença Cerebrovascular Lesão no encéfalo em consequência do fluxo sanguíneo alterado — pode ser agrupada em etiologias isquêmicas e hemorrágicas. Dois processos: Hipoxia, isquemia e infarto: embolismo é uma etiologia mais comum do que a trombose. Isquemia Cerebral Global (redução generalizada da perfusão cerebral: choque, IAM,..) **Na imagem: Encéfalo edematoso, inchado, com alargamento dos giros e o estreitamento dos sulcos Isquemia Cerebral Focal (obstrução e diminuição do fluxo de uma artéria específica) Hemorragia ruptura de vasos do SNC. Etiologias comuns incluem hipertensão e anomalias vasculares (aneurismas e malformações). Hematomas epidurais e subdurais Hemorragia subaracnóidea Hemorragia intraparenquimatosa Evolução das etapas do infarto cerebral 1º dia: após o evento isquêmico, o encéfalo infartado apresenta descoloração e edema, e o exame microscópico revela neurônios com eosinofilia citoplasmática e influxo de células inflamatórias agudas. Inicialmente morte dos neurônios (aparecimento dos neurônios vermelhos). **Picnose nuclear (condensação da cromatina nuclear. É um processo que indica a apoptose). Cariorrexia (fragmentação do núcleo celular) 2º ao 3º dia: Aumento das células inflamatórias Histologia: Dissolução neuronal (NECROSE); influxo de leucócitos (principalmente neutrófilos, mas já há presença Macroscopia: Tecido pálido, macio e inchado Imagem da esquerda: Vaso congesto rodeado de células inflamatórias. Imagem da direita: muita célula inflamatória no tecido necrótico 4º a 7º dia: Observa-se um predomínio de macrófagos, pois a desestruturação já está tão intensa que inicia o processo de reabsorção Macroscopia: Gelatinoso e friável Na parte direita da imagem, estão marcados os macrófagos xantomatosos ou espumosos (sinônimos) ocupando todo o espaço sem visualizar mais o tecido que estava embaixo. Na parte esquerda da imagem, observa-se um resquício de tecido, mas esse tecido não está 100% normal e apresenta gliose (tentativa de reparação do SNC) Neurônio Vermelho Vasos Células da glia Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 2 Patologia Aula 1 mód. 3 P7 Gliose: Constitui-se pelo aumento do astrócito gemistocístico Os astrócitos gemistocíticos Astrócitos Gemistocíticos. são células com núcleo excêntrico e citoplasma volumoso, róseo e homogêneo (aspecto hialino). São formas reativas que aparecem em torno de 5 dias após algum estímulo lesivo, no caso um infarto. Crescem e sintetizam abundantes quantidades de uma proteína fibrilar que fica localizada no citoplasma e nos prolongamentos. A proliferação dos astrócitos e a deposição de proteína glial constitui a gliose, que é a forma de cicatriz no SNC. No SNC a cicatrização não é feita geralmente por fibroblastos, que são escassos. Imagem a seguir mostra a evolução das células: 2º semana e mais: Necrose de liquefação (ausência do tecido, vira uma lacuna, áreas císticas) Histologia: Liquefação (Macrófagos espumosos), remoção de detritos e astrócitos fibrilares (gliose reativa → cicatrizes gliais). Macroscopia: Liquefação com formação de cisto (Lacunas). **Nas semanas e meses que se seguem, os debris necróticos presentes no infarto são lentamente reabsorvidos e há desenvolvimento de uma cavidade cheia de líquido Acidente Vascular Encefálico Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 3 Patologia Aula 1 mód. 3 P7 Acidente vascular encefálico (AVE) é uma síndrome clínica caracterizada pelo início súbito de um déficit neurológico focal que persiste por pelo menos 24 horas e é devido a uma anormalidade da circulação cerebral. Fatores de risco significativos incluem hipertensão, hipercolesterolemia, diabetes, fumo, consumo elevado de álcool e uso de contraconceptivo oral. AVEs isquêmicos Resultam de oclusão trombótica ou embólica de vasos cerebrais. Os infartos cerebrais são responsáveis por 85% dos acidentes vasculares encefálicos. Aterosclerose. (causa mais comum) Causas de obstrução arterial e isquemia cerebral: O AVE isquêmico pode ser classificado conforme cinco principais mecanismos de subtipos de acidente vascular encefálico e sua frequência: 20% por trombose de uma grande artéria (doença aterosclerótica), 25% por trombose de pequenas artérias penetrantes (AVE lacunar: pequenas tromboses), 20% por embolia cardiogênica, 30% por AVE criptogênico (causa indeterminada) 5% por causas diversas. Acidente vascular encefálico Hemorrágico A hemorragia cerebral (hemorragia intracerebral, acidente vascular hemorrágico) é responsável por 10% dos acidentes vasculares encefálicos. A hipertensão crônica (hemorragia intracerebral hipertensiva) é a causa mais comum, sendo responsável por 50% dos casos. Hematomas epidurais e subdurais Hemorragia subaracnóidea Hemorragia intraparenquimatosa Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 4 Patologia Aula 1 mód. 3 P7 Hematoma epidural: no qual a ruptura de uma artéria meníngea, normalmente associada a uma fratura craniana, leva ao acúmulo do sangue arterial entre a dura- mater e o crânio. o dano às veias em ponte entre Hematoma subdural: o encéfalo e o seio sagital superior leva ao acúmulo de sangue entre a dura-mater e a aracnóide. Hematomas subdurais agudos aparecem como uma coleção de sangue recém- coagulado ao longo da superfície do encéfalo, sem extensão para a profundidade dos sulcos Hemorragia Subaracnóidea É a causa de 5% dos acidentes vasculares encefálicos. A maioria dos casos de HSA aguda é devida à ruptura de um aneurisma sacular (HSA aneurismática). Os aneurismas saculares em geral são esporádicos, mas sua incidência é alta em indivíduos com doença dos rins policísticos autossômica dominante ou com história familiar de aneurismas. Os aneurismas saculares também estão associados a malformações arteriovenosas (MAVs) e coarctação da aorta. Os fatores de risco de ruptura de aneurisma incluem hipertensão, tabagismo, uso de cocaína, consumo pesado de álcool, sexo feminino e história familiar de HSA. Aneurismas Saculares: Locais comuns dos aneurismas saculares: Consequências da hemorragia: Hemorragia Intraparenquimatosa A ruptura de um pequeno vaso intraparenquimatoso pode resultar em uma hemorragia no interior do encéfalo, frequentemente associada ao início súbito de sintomas neurológicos (acidente vascular). Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 5 Patologia Aula 1 mód. 3 P7 As duas principais causas desses padrões de hemorragia são a hipertensão e a angiopatia amiloide cerebral, respectivamente A hipertensão é o fator de risco mais comumente associado a hemorragias parenquimatosas encefálicas profundas, sendo responsável por mais de 50% das hemorragias clinicamente significativas e por cerca de 15% das mortes entre indivíduos com hipertensão crônica. As hemorragias associadas a hipertensão normalmente ocorrem nas estruturas profundas da substância branca ou da cinzenta, seguidas por tronco encefálico e cerebelo. A hipertensão leva a uma série de anormalidades nas paredes dos vasos, incluindo arteriosclerose acelerada nas grandes artérias, arteriosclerose hialina nas pequenas artérias, e (nos casos graves) alterações proliferativas e franca necrose das arteríolas. **Com o passar do tempo a hipertensão lesiona a parede vascular levando a uma degeneração hialina (arteriosclerose hialina) **Essa fragilidade da parede decorrente da hipertensão pode desenvolver um microaneurisma, conhecido como microaneurisma de charcot-bouchard O aneurisma de Charcot- Bouchard é um pequeno aneurisma cerebral causado por pressão alta por hialinização ou fenômenos necróticosda parede vascular. Sua ruptura pode levar a hemorragia cerebral maciça. Excitotoxidade A maioria dos esforços para intervir no AVE tem enfocado a vasculatura. No AVE isquêmico, esses esforços incluem restabelecer a circulação por meio de endarterectomia cirúrgica e reduzir a trombose com fármacos anticoagulantes antiplaquetários e trombolíticos. Uma abordagem complementar é a tentativa de reduzir a vulnerabilidade do tecido encefálico ao dano isquêmico. Isso é baseado em observações de que a homeostase do glutamato no SNC é acentuadamente alterada durante a isquemia, levando a níveis aumentados e tóxicos de glutamato extracelular. Neurônios profundos dentro de um foco isquêmico morrem por privação de energia. Entretanto, na margem da região isquêmica, os neurônios parecem morrer devido à estimulação excessiva de receptores de glutamato. Como observado, o glutamato é liberado em sinapses excitadoras, e os níveis de glutamato no espaço extracelular normalmente são regulados estritamente por sistemas de recaptação dependentes de sódio em neurônios e na glia. A depleção de Excitotoxicidade na isquemia neuronal. suprimentos de energia inibe Na+-K+ ATPase, levando ao acúmulo de K+ extracelular e a um declínio de Na+ extracelular. A elevação do K+ extracelular despolariza terminais nervosos, causando liberação de glutamato. A redução de Na+ extracelular reduz a captação de glutamato dependente de Na+, potencializando efeitos sinápticos do glutamato liberado. Isso gera um aumento mantido do Ca2+ intracelular na célula pós-sináptica, levando à morte celular. Os “X” em desta- que denotam inibição de Na+-K+ ATPase (à esquerda), transportadores de glutamato (à direita) e glutamina sintase (embaixo).
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