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LIVRO HISTORIA DA FILOSOFIA ANTIGA

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Prévia do material em texto

História da 
Filosofia Antiga
José Matias dos Santos Filho
Igor Guedes Ramos
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Imagens
Adaptadas de Shutterstock e iStock.
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imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. 
Conteúdo em websites
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pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros.
Presidência 
Rodrigo Galindo
Vice-Presidência de Produto, Gestão 
e Expansão
Julia Gonçalves
Vice-Presidência Acadêmica
Marcos Lemos
Diretoria de Produção e 
Responsabilidade Social
Camilla Veiga
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 Santos Filho, José Matias dos
S237h História da filosofia antiga / José Matias dos Santos Filho, 
 Igor Guedes Ramos. – Londrina: Editora e Distribuidora 
 Educacional S.A., 2020.
 184 p.
 
 ISBN 978-85-522-1671-1
 
 1. Grécia. 2. Aristóteles. 3. Dialética. I. Ramos, Igor 
 Guedes. II. Título. 
 
CDD 109
Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753
Gerência Editorial
Fernanda Migliorança
Editoração Gráfica e Eletrônica
Renata Galdino
Luana Mercurio
Supervisão da Disciplina
Tatiana Gomes Martins
Revisão Técnica
Carla Fortunato dos Santos Cirino
Maysa Ferreira Rampim
Tatiana Gomes Martins
mailto:editora.educacional@kroton.com.br
http://www.kroton.com.br/
Sumário
Unidade 1
O surgimento da filosofia ............................................................................. 7
Seção 1
A gênese do pensamento filosófico na 
Grécia Antiga ...................................................................................... 9
Seção 2
Condições históricas para o nascimento da filosofia ...................24
Seção 3
A passagem do mito ao logos ..........................................................40
Unidade 2
Períodos da filosofia antiga ........................................................................55
Seção 1
O período cosmológico e antropológico .......................................56
Seção 2
O período sistemático ......................................................................68
Seção 3
O período helênico ...........................................................................81
Unidade 3
Dos pré-socráticos aos sofistas e Sócrates ................................................95
Seção 1
Os pré-socráticos ..............................................................................97
Seção 2
Os sofistas .......................................................................................110
Seção 3
Sócrates ...........................................................................................120
Unidade 4
Platão e Aristóteles e as escolas filosóficas helenistas ..........................133
Seção 1
Platão ...............................................................................................135
Seção 2
Aristóteles .......................................................................................147
Seção 3
As escolas filosóficas helenistas ...................................................160
Palavras do autor
Caro aluno, seja bem-vindo ao estudo da disciplina de História da Filosofia Antiga.Com o estudo da origem da Filosofia, veremos que essa forma de 
conhecimento está marcada pela tentativa de explicar, de maneira lógica e 
racional, aquilo que se mostra ao nosso redor. Você entrará em contato com 
o pensamento dos primeiros filósofos e verá como eles realizaram o caminho 
para a organização do pensamento de maneira sistemática, caminho este que 
não foi fácil ou isento de equívocos. Muitas foram as dificuldades enfrentadas 
nessa transformação de mentalidade.
Nossos estudos visam conhecer os fatores que deram condições para o 
surgimento e o desenvolvimento da Filosofia no mundo helênico. Os conhe-
cimentos da Filosofia Antiga vão conduzi-lo à base conceitual para refletir 
de maneira crítica, com rigor metodológico, levando-o a ampliar sua própria 
visão de mundo e a visão dos modelos interpretativos que recebemos da 
cultura que até então tivemos acesso.
Visitando a filosofia clássica, teremos a oportunidade de conhecer a 
complexidade dos grandes sistemas filosóficos e como os conhecimentos 
construídos no auge da cultura grega foram a base de toda a cultura ocidental, 
conhecida como cultura Greco-Romana. Veremos como a busca por 
entender as questões cosmológicas levou os Pré-Socráticos, Sócrates, Platão 
e Aristóteles, a formularem sistemas teóricos que serviram para orientar as 
escolhas humanas e foram a base para a organização do conhecimento cientí-
fico atual. 
Na primeira unidade você vai conhecer sobre a gênese do pensamento 
filosófico na Grécia Antiga, local que foi o berço das primeiras questões 
da humanidade. Seguindo o caminho de formação do conhecimento, na 
segunda unidade você verá quais foram os principais períodos da Filosofia 
Antiga que deram condições para o desenvolvimento do conhecimento 
filosófico, quais questões levaram os filósofos a refletirem sobre as origens 
das coisas e a superar a mentalidade mítica, consolidando-se assim a mentali-
dade ocidental da qual somos herdeiros. A terceira unidade abordará o início 
do pensamento filosófico clássico, veremos os Pré-Socráticos, os Sofistas e 
Sócrates, que iniciaram a sistematização do que podemos entender por 
pensamento filosófico. Na quarta e última unidade, com Platão e Aristóteles, 
você vai conhecer o centro do pensamento filosófico clássico, conhecido 
como os pilares de toda a filosofia.
Em todo o livro você verá que filosofia e história estarão entrelaçadas 
desde o início, apresentando fatos históricos e situando geograficamente as 
ideias dos filósofos clássicos, apontando caminhos no decurso do tempo. 
Filosofar é um exercício que se realiza na história dialogando com a história. 
Levando, assim, a atividade reflexiva a provocar discussões para além 
da História.
Abordar a História da Filosofia Antiga não é uma tarefa simples, mas 
você entrará em contato com os conceitos filosóficos essências e os principais 
filósofos clássicos e, dessa forma, irá construir as competências históricas 
para entender melhor a fascinante área da filosofia. 
Espero que este livro contribua para o seu amadurecimento intelectual.
Bom estudo!
Unidade 1
José Matias dos Santos Filho
O surgimento da filosofia
Convite ao estudo
Esta unidade está organizada em três seções, as quais são importantes 
para que você compreenda a contextualização da História da Filosofia 
Antiga, expressa pelas diversas escolas filosóficas e seus principais filósofos, 
conhecidos como filósofos clássicos. 
Na primeira seção, iniciaremos nosso estudo com a compreensão de como 
foi a gênese do pensamento filosófico na Grécia Antiga. Veremos as principais 
características que permeavam a cultura grega antes do nascimento da filosofia, 
contexto este que proporcionou o seu surgimento, abordando as principais trans-
formações históricas que deram condições aos gregos de mudança do pensa-
mento com características míticas, para um pensamento racional e filosófico.
Já na segunda seção, trataremos condições históricas para o nascimento 
da filosofia, transcorrendopela história da filosofia e seus períodos históricos 
iniciados na Grécia Antiga, e veremos que diversas foram as transformações 
em todos os níveis (social, político, econômico e cultural) que tiveram um 
impacto significativo, pois anteciparam e prepararam as condições para o 
aparecimento da filosofias e duas primeiras reflexões.
Na terceira seção, discutiremos a passagem do mito ao logos, momento 
vivido historicamente por cada civilização na tentativa de construir suas 
próprias formas de compreender e explicar a realidade.
Com o estudo dos três temas centrais desta seção você vai compreender 
os principais fatores históricos que possibilitaram que a filosofia surgisse, 
inaugurando a mentalidade racional.
Para desenvolver o estudo das temáticas apresentadas, imagine o trabalho de 
Luciano, um professor que objetiva apresentar os grandes temas da filosofia para 
alunos do ensino fundamental e médio. Luciano é um professor e “filósofo”, alguém 
muito criativo e, em seu projeto de ensino, ministra suas aulas de uma maneira 
bem diferentes dos demais professores. Em sua metodologia, ele aborda pessoas, 
visita locais e também faz a leitura de livros específicos de filosofia em suas classes, 
buscando entender melhor as questões que são próprias da área filosófica. Assim, o 
percurso de Luciano será acompanhado pelo sentimento de “confabulação” sobre 
os mais variados problemas filosóficos, os quais suscitaram respostas de natureza 
existencial sobre a origem do mundo e da existência humana.
Luciano passa quase todo o seu dia em uma escola de ensino fundamental e 
médio. Uma de suas classes é formada por alunos que vivenciam as mais diversas 
situações trazidas do cotidiano para as aulas de filosofia e, em conjunto, os alunos 
irão gradativamente desenvolver o senso crítico e questionador. Você verá que 
os questionamentos da classe nas aulas de filosofia são os mesmos que incomo-
daram os primeiros filósofos. Vamos caminhar pela História da Filosofia Antiga 
e, junto de Luciano e a classe de filosofia, você também conhecerá as grandes 
perguntas que os filósofos vêm fazendo desde o começo da humanidade.
O desafio de Luciano, vai além de apenas descrever a História da Filosofia 
e a vida dos filósofos clássicos. Luciano deve identificar os elementos do 
contexto social grego precursor de todo o desenvolvimento da cultura 
Greco-Romana que influenciou a visão e organização de mundo da qual 
somos herdeiros e, consequentemente a formação do pensamento ocidental.
9
Seção 1
A gênese do pensamento filosófico na 
Grécia Antiga
Diálogo aberto
É bastante comum entre as pessoas que não conhecem a filosofia, a ideia de 
que se trata de um conhecimento inútil, produzido pelos filósofos ao longo do 
tempo. Por que a filosofia é considerada uma dor de cabeças por algumas pessoas, 
enquanto outras a exaltam e alguns a consideram algo subversivo e perigoso? No 
entanto, a resposta mais assertiva é que se tata do exercício do pensamento que 
busca o entendimento das coisas, das pessoas e do meio em que vivem. Mas o que 
será essa tal filosofia? De que maneira você pode começar a pensar filosoficamente?
Vivemos um momento na história nunca visto antes, trata-se do excesso de 
informação diária, que bombardeia cada um de nós. O século XXI é marcado 
pela era da informação e da comunicação em tempo real, mas, algumas vezes, 
você já deve ter se perguntado sobre questões que surgiram do nada, como 
questionamentos furtivos, que retiraram do ordinário, da correria desenfreada 
do dia a dia, pois, hoje, praticamente não existe mais tempo para o pensamento 
crítico, para pensar, e muito menos para o “ócio criativo”.
Em sua primeira aula de filosofia no colégio, Luciano entra na sala de aula e 
lança um questionamento a um dos alunos que encontrou pela frente: “Você acha 
que a filosofia tem validade?” O jovem ficou sem saber o que responder. No mesmo 
instante uma segunda questão é proposta a outro aluno: “Qual profissional tem a 
maior responsabilidade, um advogado, um médico ou um professor?”
Tais questionamentos são do tipo que instiga os adolescentes, pois é nessa 
fase que começam as primeiras ideias sobre qual profissão seguir. É nesse 
contexto que Luciano gosta de trabalhar com eles, pois há constante questio-
namento sobre a origem e a validade de tudo o que existe. As respostas para 
essas questões não são tão fáceis de serem encontradas nas informações, 
notícias e estudos que todos os dias são propagados. Assim como os adoles-
centes na aula de filosofia, você já parou para se perguntar sobre algumas 
dessas questões, por exemplo: “Como surgiu tudo? Qual é a origem do planeta, 
das coisas, do homem? Se todas as necessidades do ser humano forem satis-
feitas, mesmo assim você verá que surgirão necessidades que não se podem 
ser atendidas. Por isso, estes questionamentos sempre acompanham: “Quem 
somos? De onde viemos? Existe um deus? Há vida após a morte? ”
10
Nesta seção iremos abordar diversas questões que dão fundamentos para o 
pensamento racional. Por exemplo, a ciência constantemente veicula notícias 
sobre suas descobertas, e uma delas é sempre a busca pela a origem da vida: 
“Encontrada a evidência de vida mais antiga, a descoberta de fósseis de 4 bilhões 
de anos indica alta probabilidade para rápida evolução da vida” (SAMPEDRO, 
2017, [s.p.]). Qual ideia pode ser aferida para discutir a origem da vida e da Terra? 
Você concorda com a resposta científica para a origem de tudo o que existe?
No decorrer desta seção, você encontrará os conteúdos dialogados pelo 
professor Luciano com sua turma, buscando encontrar as respostas para 
as questões levantadas, com o objetivo inicial de compreensão os diversos 
questionamentos que fundamentam o conhecimento filosófico.
Não pode faltar
Você já parou para se perguntar que somente o ser humano é capaz de pensar? 
Há discussões sobre a capacidade de pensamento dos animais irracionais, no 
entanto, essa é uma questão a cargo da biologia. O que interessa para o campo 
filosófico é a capacidade de abstração e isso somente o ser humano pode fazer. O 
que chamamos de pensamento aqui é a capacidade de dar sentido às coisas.
Reflita
Conforme enfatizado, no campo filosófico, o que interessa é a capaci-
dade de abstração, a capacidade de pensar. Considerando essa tese 
presente, cabe perguntar:
1. O que é o pensamento? 
2. Em que medida é possível dar ao pensamento novos meios de 
expressão?
O pensamento é uma atividade do ser humano, algo associado estri-
tamente ao fazer humano. A realidade do pensamento é uma tentativa de 
compreensão de si mesmo e da realidade que o cerca, é uma ação que parte 
da natureza humana. No tempo dos antigos gregos, a filosofia era identificada 
com o conhecimento, no sentido mais amplo da palavra. Posteriormente 
com o passar do tempo, algumas das ramificações que a constituíam (como 
a astronomia, a física, a política e a medicina) tornaram-se ciências próprias, 
deixando à filosofia apenas a ética, a lógica e a ontologia. 
Mas afinal, o que é filosofia? A palavra filosofia é grega, composta 
por: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor 
fraterno, respeito entre os iguais. Sophia deriva-se de sabedoria e dela vem 
a palavra sophos, sábio. A partir da conceituação etimológica temos como 
11
significado para a palavra filosofia, a definição de amizade pela sabedoria, 
amor e respeito pelo saber. Disso decorre que o filósofo é aquele que ama a 
sabedoria, almeja a sabedoria, tem amizade pelo saber, é desejoso por saber. 
Imaginemos, alguém que tomasse uma decisão muito estranha 
e começasse a fazer perguntas inesperadas. Em vez de “que 
horas são?” ou “que dia é hoje?”, perguntasse: O que é o 
tempo? Em vez de dizer “está sonhando” ou “ficou maluca”, 
quisesse saber: O que é o sonho? A loucura? A razão? Se essa 
pessoa fosse substituindo sucessivamente suas perguntas, suas 
afirmações por outras: “Onde há fumaça, há fogo”, ou “não saia 
na chuva para não ficar resfriado”,por: O que é causa? O que é 
efeito?; “seja objetivo ”, ou “eles são muito subjetivos”, por: O 
que é a objetividade? O que é a subjetividade?; “Esta casa é mais 
bonita do que a outra”, por: O que é “mais”? O que é “menos”? 
O que é o belo? [...] Alguém que tomasse essa decisão, estaria 
tomando distância da vida cotidiana e de si mesmo, teria 
passado a indagar o que são as crenças e os sentimentos 
que alimentam, silenciosamente, nossa existência. Ao tomar 
essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando 
conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos o 
que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. 
Esse alguém estaria começando a adotar o que chamamos de 
atitude filosófica. (CHAUÍ, 2000, p. 8-9)
Portanto, a filosofia indica um estado de espírito, a busca da pessoa que 
ama, que deseja conhecer, que se distancia da vida cotidiana e de si mesma, 
que indaga e está à procura do conhecimento.
De onde viemos?
A necessidade de saber o porquê das coisas está presente na história da 
humanidade: “quem somos, de onde viemos, para onde vamos?”. Essa busca 
de uma explicação para os acontecimentos é própria do ser humano e está 
associada à tentativa de compreensão sobre o sentido da vida. O que é a 
racionalidade, essa capacidade humana de pensar? Por que precisamos dar 
sentido às coisas? O mundo e as coisas existem porque damos sentido a eles 
por meio dos questionamentos. Questionar sempre foi a tarefa primordial da 
humanidade e essa tarefa foi desenvolvida por três áreas importantes: arte, 
filosofia e religião, conforme nos mostra o filósofo Mário Sergio Cortella.
12
Em toda a história da humanidade há uma questão que nos 
acompanha... em qualquer momento da história humana. A 
grande questão, que é absolutamente abstrata... mas ela é 
funda, é... por que existe alguma coisa e não nada? Quatro 
grandes foram os caminhos para tentar responder a essa 
angústia. A ciência, a arte, a filosofia e a religião. Essas quatro 
áreas se dedicaram a tentar explicar... por que nós existimos, 
por que as coisas existem... com uma grande diferença: a 
ciência... procurou trabalhar o “como” das coisas, isto é, o 
funcionamento... enquanto a filosofia, a arte e a religião... 
foram em busca dos “porquês”. Ambos são necessários. Não 
ao mesmo tempo, e não do mesmo modo. Mas tanto o “como” 
quanto o “por que” são necessários. (CORTELLA, 2013, [s.p.])
A filosofia, então, não é um conhecimento inútil, mas um assunto que é 
fonte de conhecimento, pois levou a humanidade e as civilizações a constru-
írem novos conhecimentos a partir dos questionamentos que fizeram no 
decorrer da história da humanidade. Filosofia trata-se de uma atitude que 
se desenvolve pela capacidade de formular perguntas. Muitas vezes essas 
perguntas são marcadas pelo exagero ou pela obviedade, contudo, ao 
fazerem esses questionamentos e refletirem sobre eles, os seus formuladores 
vão além do que está posto, vão além da realidade, e essa saída revela ao 
ser humano uma grandiosa tarefa: filosofar. Mas como acontece a atividade 
de “filosofar”? Conhecendo como pensaram os filósofos de outras épocas, 
e assim pensando com eles, encontramos, em suas proposições, ideias que 
podem ser interessantes e fecundas, pois podemos aproveitar o caminho 
aberto pelo pensamento que já está posto e seguir o nosso próprio caminho. 
Não será bom entender como surgem as ideias filosóficas e ampliar como 
você percebe o mundo? Sempre devemos considerar que o objetivo último da 
reflexão filosófica é aprender a viver bem, buscar a felicidade, mas felicidade 
aqui deve ser entendida como o bem de todos.
Antes de mais nada, todo procedimento filosófico encontra 
diante de si uma história, um passado. Não poderíamos fazer 
como se começássemos a filosofar sozinhos e pela primeira 
vez. Filosofar é, em primeiro lugar, colocar-se em presença 
de uma filosofia anterior. Entretanto, isso não significa incli-
nar-se diante de uma tradição, como se festejam os santos; 
as grandes filosofias são algo bem diferente de obras-primas 
insuperáveis que suscitariam a veneração e que deveríamos 
visitar como um museu. Ao contrário de uma fria histo-
13
riografia, a história da filosofia deve servir para descobrir 
pensamentos vivos em ação, para encontrar filosofias em 
ato, através das quais possamos das a nosso próprio pensa-
mento um suporte, um quadro para orientá-lo. [...] a história 
da filosofia torna-se, assim, um meio de nos exercitarmos em 
formular e resolver problemas. (FOLSCHEID, 2006, p. 10)
A partir da citação, você percebe que, por meio da filosofia, é exposta 
a história da civilização e da cultura, e uma exposição histórica das ideias 
filosóficas. Um dos objetivos de estudarmos a História da Filosofia Antiga 
é voltar às fontes, conhecer as grandes articulações da cultura humana sob 
a perspectiva da historicidade da filosofia. Com esse objetivo em mente é 
possível compreender melhor o mundo de hoje como fruto de um processo 
de construção da humanidade que influencia o nosso modo de conhecer e as 
relações sócias. Ou seja, tudo é fruto do esforço das sociedades que formaram 
a humanidade em cada período da história.
A busca por respostas
A pergunta sobre a origem de tudo é uma questão um tanto que enigmá-
tica. Qual teria sido a origem da vida e de tudo que conhecemos? Uma das 
tentativas para responder a esse questionamento foi tarefa da ciência, sendo, 
nesse sentido, formulada a teoria do Big Bang, ou Grande Explosão, teoria 
defendida por grande parte dos cientistas. Apesar da possível resposta, ainda 
temos outra questão: “O que existia antes da Grande Explosão?” 
A filosofia surgiu em meio a questionamentos desse tipo, a partir da 
tentativa de responder às questões sobre a origem de tudo o que existe. 
Diferentemente da teoria do Big Bang, a resposta à origem do universo foi 
dada por meio do mito, e essa atitude levou a Grécia a dar origem ao que 
conhecemos como filosofia. No entanto, o que é o mito?
Assimile
Do grego mŷthos = História fantástica de transmissão 
oral, cujos protagonistas são deuses, semideuses, 
seres sobrenaturais e heróis que representam simbo-
licamente fenômenos da natureza, fatos históricos ou 
aspectos da condição humana; fábula, lenda, mitologia. 
Discurso propositalmente poético ou narrativo, cujo 
objetivo é transmitir uma doutrina, por meio de uma 
representação simbólica. (MICHAELIS, 2019, [s.p.])
14
Para maior aprofundamento, indicamos a leitura do artigo: 
PERINE, M. Mito e filosofia. Philósophos - Revista de Filosofia, São 
Paulo - PUC, v. 7, n. 2, 2002.
Historicamente, cada civilização buscou maneiras de compreender e 
explicar a realidade, sendo que, ainda nos primórdios desse processo, não 
existiam conhecimentos sistematizados ou métodos investigativos e de 
pesquisa. Por exemplo, para explicar a causa de fenômenos naturais criava-se 
uma história de cunho parcial e subjetivo. Posteriormente essas respostas, em 
forma de histórias, estabeleciam-se como um conjunto de verdades aceitas 
coletivamente. Sendo repassadas pela sociedade como crenças, essas explica-
ções tornavam-se verdades, constituindo-se o mito.
O mito consistia, então, numa narrativa passada de geração a geração, 
que, de modo geral, era utilizada na explicação de fenômenos naturais ou na 
prescrição de condutas morais.
Na atualidade como são formuladas as respostas para aquilo que não 
sabemos? Como você formularia uma resposta para aquilo que ainda não 
existe resposta? Para isso que estudamos e hoje contamos com o conheci-
mento científico, não é mesmo?
O mito foi uma tentativa de responder ao que se apresentava como desco-
nhecido no mundo grego, e as questões sobre o universo entravam nessa 
categoria. Mas, hoje, a tentativa está a cargo da ciência que tenta responder 
as mesmas perguntas sobre a origem do universo. Contudo, agora as teorias 
são outras, como a dos criacionistas, de um lado e, de outro, a dos evolucio-
nistas. Os criacionistas defendem a existência de uma inteligênciasuperior 
por trás de todos os eventos de criação da vida. Você certamente conhece as 
escrituras cristãs, a Bíblia, não é mesmo? Pois bem, essa é a fonte do pensa-
mento criacionista.
No caso do evolucionismo, as teorias estão no campo da ciência. Como isso 
funciona? Como a ciência poderia comprovar suas teorias? Você já ouviu falar 
da “partícula de deus”? Esse é um termo um tanto curioso, não é mesmo? Nossos 
companheiros de estudos sob a condução do professor Luciano, em sala de aula 
também devem pensar o mesmo, então vamos entender melhor do que se trata. 
Esse termo diz respeito a uma experiência da física, em que cientistas desen-
volveram um acelerador de partículas, popularmente conhecido como “partí-
culas de deus”, ou melhor dizendo, a tentativa de descobrirem a origem de tudo 
simulando o Big Bang em laboratório. Assim, foi realizada uma experiência em 
que cientistas vindos do mundo inteiro, reuniram-se e colocaram em funciona-
mento o experimento que ficou conhecido como a “partícula de Deus” (túnel 
15
subterrâneo formado por 27 quilômetros), com o objetivo de examinar as condi-
ções “originais” do Big Bang, tese científica para a origem do universo.
Como sabemos, o Bib Bang é uma teoria sobre a origem do universo do ponto 
de vista científico. Como você pode ver, o questionamento sobre de onde viemos 
persiste: como teria surgido a vida humana em nosso planeta? E o próprio planeta? 
Associados a esses questionamentos, você pode elencar outros: como 
anda a nossa evolução biológica? A fragilidade da vida foi superada pelas 
intervenções da medicina?
A pergunta inicial, indicada pelo tópico “de onde viemos”, segue sem 
consenso e ainda prevalece nos dias atuais. Ao abordar essa questão, perce-
bemos como a filosofia nos conduz a esse questionamento, ou seja, para 
que possamos buscar entender a realidade é preciso refletir e questionar. 
Portanto, para entendermos melhor a realidade, é preciso entender o 
humano, conhecer a si mesmo.
Como você já pôde perceber, os questionamentos estão presentes em 
todas as civilizações, de forma, às vezes, mais e outras menos elaborada. 
Foram os gregos antigos os responsáveis pela elaboração de uma maneira 
particular de fazer questionamentos. Vamos, então, identificar quais 
foram as peculiaridades desse modo grego de fazer perguntas: o modo 
filosófico-científico-racional. 
A origem histórica da filosofia
A historiografia mostra que a filosofia nasceu na Grécia, tendo como marco 
o século V a.C. A região não tinha um estado unificado, mas era formada por 
Cidades-Estados independentes, chamadas pólis. Nesse contexto, podemos 
identificar o berço da política, da democracia e das ciências no ocidente. A 
filosofia, então, é grega e tem uma data de nascimento mais ou menos precisa, 
demarcada entre os séculos V ou VI a.C. Você pode estar se perguntando: mas 
porque a filosofia é considerada criação do povo grego? Quais características 
permeavam o pensamento desse povo que o tornaram tão brilhante?
Entre as características do povo grego, encontramos o desenvolvimento 
do conhecimento matemático, que foi herdado dos orientais e transformado 
na aritmética, a geometria e a harmonia (concordância das coisas, assim 
como a harmonia dos sons na música). Encontramos, também, uma outra 
característica que os tornou tão surpreendentes: ter cunhado o conceito de 
razão e um pensar metódico, sistemático, regido por regras e leis universais. 
Giovanni Reale, em sua obra A história da filosofia pagã, elenca algumas razões 
pelas quais a filosofia teria surgido na Grécia, ou seja, as características próprias do 
16
povo e da cultura grega que teriam formado o que Reale chama de “uma tempera-
tura espiritual particular e um clima cultural e político favoráveis”. Dessa forma, as 
fontes das quais derivou a filosofia helênica foram: a poesia, a religião e as condi-
ções sócio-políticas adequadas, que foram desenvolvidas pelos gregos por fortes 
atividades de comércio e de navegação e que levaram o povo a ter contato com 
outras civilizações. Consequentemente, a filosofia é fruto dessas relações como 
outros povos, originadas das adaptações que os pensadores associaram aos conhe-
cimentos que foram adquirindo dessas influências (REALE; ANTISERI, 2003).
Exemplificando
Como consequência das relações comerciais e de navegação, foi 
possível aos gregos alcançarem grande riqueza cultural, tanto que até 
hoje ouvimos o termo herança cultural Greco-Romana, da qual somos 
herdeiros diretos. Como um modo de vida pode influenciar tanto 
a cultura de todo o Ocidente? Poderíamos dizer que na atualidade 
existem culturas que também influenciam tanto outras culturas como 
aconteceu com a cultura grega?
Para exemplificar essa questão, vejamos a matéria do jornalista Lindsey 
Galloway, da BBC Viagens. Segundo o relato, são apresentados os países 
e cidades que ditam a vida cultural do resto do mundo, sendo que o 
Brasil está entre eles. Você acredita?
Segundo o jornalista, a influência global de um país é geralmente 
medida pelo poderio militar, político ou econômico, mas para alguns é a 
força da cultura – sua comida, moda ou entretenimento – que impacta 
mais fortemente o resto do mundo.
Esses países culturalmente influentes foram recentemente listados 
em um ranking pelo veículo US News and World Report, com base 
em fatores como prestígio, elegância, moda, felicidade, modernidade 
e entretenimento. Embora a maioria dos países do top 10 esteja na 
Europa, a lista também inclui o Brasil (que ganhou pontos em felici-
dade e entretenimento), Japão (por modernidade e prestígio) e Estados 
Unidos (modernidade e entretenimento).
Entre os dez países, os cinco mais expressivos são: Itália, França, Estados 
Unidos, Espanha, Reino Unido. O Brasil é considerado na lista sendo 
descrito como “por sua população feliz e por seu entretenimento” 
(GALLOWAY, 2018, [s.p.], tradução nossa).
Esquema da História da Filosofia Antiga
Ao estudarmos a História da Filosofia é necessário que você conheça 
quais são os períodos e como se organizam os fatos que a compõem. Vamos 
17
estabelecer uma sequência histórica da filosofia usando como critério a 
demarcação histórica do mundo antigo, destacando os principais nomes dos 
grandes pensadores e a correlação com os períodos históricos, políticos e 
culturais que decorrem de suas ideias.
624-546 a.C. - Tales de Mileto, o primeiro filósofo grego conhecido, busca 
respostas racionais para questões sobre o mundo em que vivemos.
569 a.C. - Data Tradicional de nascimento de Confúcio, cuja filosofia é 
centrada no respeito e na tradição.
508 a.C. – A poderosa cidade-estado grega de Atenas adota a consti-
tuição democrática.
480 a.C. – Morte de Sidarta Gautama, o Buda, fundador da religião e da 
filosofia do budismo.
469 a.C. – Nascimento de Sócrates, cujos métodos de questionamento em 
Atenas formaram a base de grande parte da filosofia ocidental.
c*.460 a.C. – Empédocles propõe sua teoria dos quatro elementos 
clássicos. É o último filósofo grego a registrar suas ideias em verso.
404 a.C. – A Guerra do Peloponeso leva ao declínio o poder político de Atenas.
c. 385 a.C. – Platão funda a sua academia de grande influência em Atenas.
335 a.C. – Aristóteles, discípulo de Platão, funda sua própria escola em 
Atenas, o Liceu.
c. 332-265 a.C. – Zenão de Cítio formula sua filosofia estóica, que 
continua a ter apoio no Império Romano.
323 a.C. – A morte de Alexandre o Grande sinaliza o final do domínio 
cultural e político da Grécia no mundo antigo.
c. 100-178 d.C. – Ptolomeu, um cidadão romano do Egito, propõe a ideia 
de que a Terra está no centro do universo e não se move.
122 d.C – Começa a construção da Muralha de Adriano na Grã-Bretanha, 
marco da fronteira setentrional do Império Romano.
c.150 d.C. – Galeno de Pérgamo realiza uma extraordinária pesquisa 
médica, que só seria superada pelo trabalho de Vesálio, em 1543.
220 d.C – O colapso da dinastia Han marca o fim da China unificada, 
começa o período da Desunião.
A cronologiaque você acabou de conhecer demonstra os principais 
acontecimentos do Mundo Antigo. Veja a seguir um mapa que apresenta a 
Grécia Antiga.
18
Figura 1.1 | Mapa da Grécia Antiga
Fonte: iStock.
Uma questão importante ao abordarmos a história grega é que a Grécia 
Antiga não era formada por um Estado único e centralizado, mas uma região 
onde habitavam vários povos independentes, os quais na maioria das vezes 
rivalizavam entre si. Estes povos eram os Aqueus (do Reino de Minos), os 
Eólios (Macedônia), os Dórios (Esparta) e os Jônios (Atenas). Dessa forma, 
é necessário a compreender que os gregos não eram um único povo, mas 
19
constituíam-se pela junção de vários povos de origem indo-europeia, sendo 
que a aglomeração naquela região se deu em épocas diferentes.
Cada um dos povos gregos fundava sua própria cidade-Estado, entre 
elas se destacaram Esparta e Atenas. A estrutura política e administrativa 
das diferentes cidades-estados gregas ficou conhecida pelo conceito de polis, 
termo que pode ser entendido como comunidades organizadas, indepen-
dentes e autossuficientes (CHAUÍ, 2000).
Quanta coisa vimos até aqui, não é mesmo? Você já teria condições de 
responder à pergunta: “O que é filosofia e para o que ela serve?” Com os 
conceitos sobre o termo filosofia que estudamos nesta seção, o exercício 
do filosofar vai ficando mais claro, como também será possível responder 
de forma filosófica a essas questões que propusemos e sobre muitos outros 
temas que vão surgir do decorrer da leitura deste livro.
Sem medo de errar
Você se recorda das perguntas que o professor Luciano fez aos dois 
alunos no início da primeira aula de filosofia? Sobre o que ele perguntou? 
A primeira pergunta tratava da utilidade da filosofia: “A filosofia serve para 
alguma coisa?” Já a segunda pergunta se referia sobre qual área profissional 
concentrava a maior responsabilidade: o direito à medicina ou à educação?
Vamos à nossa situação problema. Para isso, precisamos conceituar o 
termo “deonlogia”, que na filosofia significa “fundamento da ação eticamente 
correta”, ou seja, é importante que você entenda que ao fazer uma ação, ela 
não é “neutra” (pode conter tanto benefícios como malefícios). Portanto, 
a situação problema mostra o valor da ação ética como fundamento para 
nossas ações de maneira correta, não para responder as regras da socie-
dade, mas por uma necessidade da própria consciência, fazer o que é correto 
porque sabemos o que é o correto.
A questão proposta pelo professor Luciano tem relação com o “deontolo-
gismo”, palavra que deriva de deontologia, mais conhecida na área médica. 
No entanto, não somente a medicina tem a prerrogativa de ser uma profissão 
de responsabilidade, mas todas as demais profissões, pois o agir humano e 
a práxis deve ser realizada de maneira correta independentemente da área. 
Assim, tanto o direito quanto a medicina, a educação e todas as demais são 
áreas que possuem o mesmo status de responsabilidade. A norma que rege 
uma ação profissional de qualquer área deve sempre orientar as escolhas 
sobre o que deve ser feito como bem para a humanidade.
20
Avançando na prática
Filosofar é um privilégio para poucos na 
sociedade capitalista?
Na Grécia eram considerados cidadãos apenas aqueles que eram livres. 
A ideia de cidadania que temos hoje, em pleno século XXI, é bem diferente 
de como era entendido esse conceito em Atenas, pois para os gregos estava 
restrita apenas à uma pequena parcela da população, destinada àqueles que 
tinham direito ao voto e acesso ao serviço militar. Essa ideia remete também 
a outra questão, a atitude filosófica, pois a filosofia era entendida como uma 
arte a qual somente um cidadão poderia exercer, somente quem era livre 
de obrigações e não tivesse que trabalhar, ou seja, quem fosse da “classe 
abastada”, poderia ser filósofo.
O trabalho não era destinado aos cidadãos, os quais tinham apenas a 
obrigação de se manifestarem politicamente. Quem fosse surpreendido 
trabalhando era considerado um “banausi” e, dessa forma, era desprezado 
pela elite pensante daquela sociedade (REALE; ANTISERI, 2003). A quem 
se destina o papel de pensar na sociedade? O pensamento é uma atividade 
livre para o exercício da cidadania, para a evolução do conhecimento, para 
o desenvolvimento da história e da cultura? Paradoxalmente hoje a situação 
ainda permanece. Aqueles que estão em posição dominante na socie-
dade, possuindo recursos financeiros que os permitam ditar tendências na 
economia, na política, no livre mercado, tendem a desprezar a condição 
dos trabalhadores “manuais”. Temos no capitalismo um modelo de trabalho 
que cria cada vez menos condições favoráveis à atividade reflexiva, pois são 
cada vez mais longas as jornadas de trabalho. Na condição de trabalhador, o 
cidadão do século XXI tem cada vez menos tempo para pensar. Refletindo 
sobre essa questão: como a filosofia pode ser exercida como atividade refle-
xiva na sociedade moderna? Existe espaço para o filósofo na sociedade atual?
Resolução da situação-problema
Para resolver nossa situação problema, nos remetemos ao pensamento 
de Aristóteles: para ele, o homem é um animal político, ou seja, as relações 
se desenvolvem pela atuação política, mas política entendida como ação de 
pensar a sociedade, refletir sobre os problemas e direcionamentos necessários 
para o bem comum da sociedade. Nos seus aspectos etimológicos, o termo 
política advém do grego com o surgimento da pólis que propiciou uma ampla 
21
e grandiosa efervescência cultural, artística e comercial na Antiguidade 
Clássica Grega. Esse contexto criou condições para o advento da filosofia 
como um saber racional e reflexivo capaz de auxiliar a compreensão do ser 
humano acerca do cosmo – inicialmente do ser e do devir- e posteriormente 
da sociedade daquela época. Assim, essa atuação participativa permanece 
sendo necessária na sociedade atual e, desse modo, a filosofia é fundamental 
na sociedade moderna. Então, você já pode refletir sobre a importância dessa 
temática, visando chegar a um primeiro entendimento sobre a política: o que 
a envolve enquanto espaço de debate público e enquanto dimensão interdis-
ciplinar de formação e exercício de uma das principais práticas de cidadania.
Faça valer a pena
1. Sobre a filosofia como criação do gênio helênico:
[...] seja como termo, seja como conceito, a filosofia é 
considerada pela quase totalidade dos estudiosos como 
uma criação própria do gênio dos gregos. Efetivamente, 
enquanto todos os outros componentes da civilização grega 
encontram uma correspondência junto aos demais povos 
do Oriente que alcançaram um nível elevado de civilização 
antes dos gregos (crenças e cultos religiosos, manifestações 
artísticas de várias naturezas, conhecimentos e habilidades 
técnicas de diversos tipos, instituições políticas, organi-
zações militares etc.), já no que se refere à filosofia nos 
encontramos diante de um fenômeno tão novo que não 
apenas não tem uma correspondência precisa junto a esses 
povos, mas também não há tampouco nada lhe seja estreita 
e especificamente análogo. (REALE; ANTISERI, 2003, p. 11)
Em relação à gênese do pensamento filosófico, analise as proposições a seguir:
I. O nascimento da filosofia é um acontecimento que marcou efetiva-
mente a história do ocidente.
II. A filosofia como ciência teve suas raízes chinesas, sendo os chineses 
o povo que desenvolveu pela primeira vez o pensamento lógico 
racional.
III. A filosofia é grega em sua essência e tem uma data de nascimento 
aproximada.
22
IV. A filosofia teve seu nascimento a partir das narrativas dos mitos e a 
doutrinas religiosas que tentavam explicar a origem do mundo.
V. O mito é considerado a religião oficial da civilização grega.
Considerando o contexto apresentado, é correto APENAS o que se afirma em:
a. I, III e IV.
b. I, II e V.
c. I, II e V.
d. II, III e IV.
e. III, IV e V.
2.
A filosofia nasce primeiro nas colônias e não na mãe-pátria. 
Mais precisamente, primeiro nas colôniasorientais da Ásia 
Menor (em Mileto) e logo depois nas colônias ocidentais 
da Itália meridional e só depois refluiu para a mãe-pátria. 
E isso aconteceu precisamente porque, com sua operosi-
dade e com seu comércio, as colônias alcançaram primeiro 
a situação de bem-estar e, devido à distância da mãe-pá-
tria, puderam construir instituições livres antes do que ela. 
Portanto, condições sociopolítico-econômicas favoráveis 
das colônias que, juntamente com os fatores ilustrados 
anteriormente, permitiram o surgimento e o florescimento 
da filosofia. (REALE; ANTISERI, 2003, p. 20)
Conforme mencionado no texto-base, a filosofia nasce primeiro nas colônias 
e não na mãe-terra. Com relação à localização geográfica grega de origem da 
filosofia, qual o nome da mãe-pátria que proporcionou o desenvolvimento 
do conhecimento filosófico?
a. Egito. 
b. Jônia.
c. Politeística.
d. Ilíada. 
e. Atenas.
23
3. As indagações filosóficas se realizam de modo sistemático, segundo 
Marilena Chauí professora de filosofia da USP:
[...] essas indagações fundamentais não se realizam ao 
acaso, segundo preferências e opiniões de cada um de nós. 
A Filosofia não é um “eu acho que” ou um “eu gosto de”. 
Não é pesquisa de opinião à maneira dos meios de comuni-
cação de massa. Não é pesquisa de mercado para conhecer 
preferências dos consumidores e montar uma propaganda. 
(CHAUÍ, 2000, p. 13)
O estudo da Filosofia, nos leva a buscar o que ela é, assim, o que significa a 
definição de que as indagações filosóficas se realizam de modo sistemático?
a. Significa que a filosofia busca formular proposições complexas para 
os problemas complexos da humanidade.
b. Sugere que o modo sistemático da filosofia se baseia na tentativa de 
entender os filósofos clássicos.
c. Significa que a filosofia trabalha com enunciados precisos e rigorosos, 
busca encadeamentos lógicos entre os enunciados, opera com 
conceitos ou ideias obtidas por procedimentos de demonstração e 
prova, exige a fundamentação racional do que é enunciado e pensado.
d. Trata-se de entender o que a filosofia é e que suas proposições remetem 
ao senso comum objetivo do método filosófico.
e. Demonstra que as indagações filosóficas se realizam de modo natural 
e espontâneo de acordo com o desenvolvimento cultural de um povo.
24
Seção 2
Condições históricas para o nascimento da filosofia
Diálogo aberto
Diversas são as nacionalidades encontradas no mundo. Você, por 
exemplo, sabe a data, o local e até o horário exato em que nasceu. Observe 
a sua certidão de nascimento, lá você vai encontrar todas essas informações. 
Com a filosofia aconteceu algo semelhante, ela também tem data e local 
de nascimento.
A filosofia é grega e, de acordo com uma definição apresentada pela 
história, possui uma data de nascimento mais ou menos precisa entre os 
séculos V e VI a.C. Tendo surgido na Grécia, possui, também, um objetivo, 
que na perspectiva dos pensadores antigos, corresponde a uma ativi-
dade que visa o saber. Mas o que é o saber? O saber é a mesma coisa que 
o conhecimento?
Nesta seção, buscaremos entender o contexto que deu origem ao pensa-
mento filosófico, como viviam os gregos, quais eram as características que 
permeavam seu pensamento, quais transformações intelectuais ocorreram e 
que sentido elas tomaram. O surgimento da filosofia é um acontecimento 
considerado sem precedentes na história e que marcou de maneira profunda 
o pensamento ocidental, mas tudo isso só foi possível porque houve condi-
ções que favoreceram o desenvolvimento de um novo modo de pensar. O que 
é, então, o pensamento? Como a humanidade colocou em prática suas ideias 
e as tornou inventos? Como surgiram soluções para as principais dificul-
dades das pessoas que viviam no período antigo? Como se deu a “gênese” das 
principais ideias do século XX?
A partir da gênese do pensamento filosófico iniciado na Grécia, você vai 
conhecer as condições históricas do nascimento da filosofia. Veremos, nesse 
processo histórico, que diversos eventos, como as grandes viagens marítimas 
gregas, o surgimento da moeda, a invenção do alfabeto grego, até a invenção 
do calendário e a organização da vida urbana foram preponderantes para o 
surgimento do pensamento racional.
Tudo o que conhecemos teve um início, pense em como surgiram 
algumas das tecnologias que você utiliza no seu dia a dia, por exemplo, a 
lâmpada elétrica que ilumina a sua casa com o simples pressionar de um 
interruptor, como alguém pensou que isso daria certo? A lâmpada incandes-
cente de Thomas Edson é uma das maiores invenções do Século XX. Parece 
mágico, mas foram necessários muitos testes para se chegar a esse feito, ou 
25
seja, houve uma “gênese” para esse invento. Luciano, ao tentar elaborar seu 
roteiro para o documentário sobre a gênese da filosofia na Grécia, questio-
na-se sobre o quanto a humanidade evolui e sobre as condições históricas 
para o surgimento das tecnologias que utilizamos hoje, das quais nem nos 
damos conta. Uma dessas tecnologias é a internet, você sabe quais foram as 
condições históricas para o seu surgimento?
Vamos percorrer o caminho da origem do conhecimento filosófico desde 
as condições históricas para o seu surgimento. Desse processo, tanto Thomas 
Edson recebeu influência, como o pai da internet, e consequentemente 
todos nós somos herdeiros. Vamos acompanhar como se deu a forma grego 
antiga de pensar. Você está convidado para a jornada da gênese do conheci-
mento grego.
Não pode faltar
Quando nasceu a filosofia? Estudiosos e pesquisadores apontam os anos 
de 800 a 500 a.C. como período de florescimento, considerando esse momento 
como o de consolidação dessa prática reflexiva. A filosofia favoreceu o desen-
volvimento da atitude científica e do pensamento abstrato dedicado à busca 
do princípio e da essência das coisas. A partir dela, os indivíduos teriam 
criado as condições para não mais julgar os fatos ou se deixarem guiar pelos 
mitos, preconceitos e superstições. Há um consenso no campo da História 
da Filosofia em atribuir-se aos gregos o privilégio da originalidade dessa 
revolução no campo das ideias. Mas por que os gregos? É sabido que civiliza-
ções orientais como a egípcia, a chinesa e a hindu, não menos importantes e 
influentes culturalmente, desenvolveram incursões no campo da especulação 
filosófica, sendo capacitadas, portanto, à criação da nova mentalidade.
Reflita
Entre as diversas civilizações, por qual motivo a filosofia nasceu entre 
os gregos? Seria possível a filosofia ter nascido em outro lugar diferente 
da Grécia? 
Alguns manuais de filosofia apresentam considerações sobre esses 
questionamentos, um deles é o livro de Hobuss (2014), que menciona 
o seguinte:
Normalmente, a Filosofia é reconhecida como uma 
criação do gênio grego, ou seja, ela teria nascido em 
Mileto, cidade localizada em uma colônia grega (Jônia) 
da Ásia Menor, atual Turquia, no século VI a.C., com Tales 
file:///Z:\Ensino_Superior\04_ORIGINAIS_E_FORNECEDORES\KLS 2.0\2020_01\HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA\Elaborar\Seção 1.2\2. finalizada\U1S2_História da Filosofia Antiga _Finalizado.docx#tituloReflita
26
de Mileto. A esse respeito, porém existem divergências, 
contestações, entre os antigos, entre historiadores do 
século XVIII, que não creem ser uma criação original 
da Grécia, mas que elementos anteriores oriundos de 
outras civilizações já conteriam elementos que desdo-
brar-se-iam no que hoje conhecemos como Filosofia. 
Várias foram as vozes que questionaram a origem 
grega da Filosofia, tais como os sacerdotes egípcios, 
que não duvidaram em fundar a Filosofia na sabedoria 
egípcia; os hebreus alexandrinos, que sustentaram ser 
a Filosofia devedora de Moisés; os gregos do último 
período da filosofia grega, como Numênio, um neopita-
górico, que sustentava ser Platão um Moisés que falava 
ático (Reale, Vol. I, 1993, p.15; Burnet, 1994, p.26); e 
até mesmo os apologistas cristãos, como Clemente de 
Alexandria, que julgava ser Platão um filósofo judai-
zante (Conche, 1991, p.6),mesmo que historiadores 
como Momigliano negassem fortemente tal afirmação, 
sustentando que antes de Alexandre Magno, os gregos 
não conheciam a existência dos judeus, e que Platão 
mesmo ignorava a existência de Moisés (1991, cap. 4). 
(HOBUSS, 2014, p. 15)
Pela citação apresentada, você pode verificar que se trata da visão de 
historiadores que interpretam de modo diferente o local de nascimento 
da filosofia. O que essa diversidade lhe diz?
Contudo, partiremos, aqui, das pesquisas e descobertas arqueológicas na 
área da História Antiga apresentadas por historiadores que concordam com 
a tese, segundo a qual a civilização grega foi a pioneira no pensamento filosó-
fico. De acordo com essa perspectiva, essa civilização foi a primeira a elaborar 
uma forma de pensamento que se desvinculou das explicações míticas e 
religiosas e partiu para uma investigação científica e racional do princípio 
e da natureza das coisas, constituindo-se em uma disciplina independente 
da religião. Diversos manuais de história da filosofia apresentam histori-
camente o nascimento da filosofia. Assim, considerando a necessidade de 
escolher qual viés tomar para também abordar historicamente esse longo 
período denominado história da filosofia antiga, o recorte aqui utilizado está 
de acordo com a obra da Profa. Marilena Chaui, de nome Convite à Filosofia 
(2000). Compreenderemos, desse modo, o conjunto de circunstâncias que 
contribuíram para que a civilização grega alcançasse um nível de distinção 
27
e de amadurecimento intelectual que a conduziu ao status de berço da 
filosofia ocidental.
Reale e Antiseri, estudiosos da história da filosofia, apresentam as formas 
da vida grega que prepararam o nascimento da filosofia, afirmando que 
“a filosofia surgiu na Grécia porque justamente na Grécia formou-se uma 
temperatura espiritual particular e um clima cultural e político favoráveis. As 
fontes das quais derivou a filosofia helênica foram: 1) a poesia; 2) a religião; 
3) as condições sociopolíticas adequadas” (REALE; ANTISERI, 2003, p. 6).
As grandes viagens marítimas gregas
A filosofia nasceu na Grécia, sendo o mérito atribuído aos gregos por sua 
excepcional contribuição à civilização ocidental. No entanto, o que conhe-
cemos como filosofia vinda dos gregos teve influência de outros povos, com 
algumas referências ao pensamento oriental antigo. Como a influência de 
outros povos chegou a Grécia? A resposta e essa questão está diretamente 
relacionada com as grandes viagens marítimas.
A Grécia Antiga passou por diversas transformações no decorrer dos seus 
períodos históricos, sendo que essas transformações ocorreram nos níveis 
sociais, políticos, econômicos e culturais do povo grego nos séculos V e VI 
a.C. Sendo formada por conjunto de cidades-estado (Pólis) que se desenvol-
veram na Península Balcânica no sul da Europa, a Grécia Antiga tinha saída 
direta para o mar e, por essa composição e localização geográfica, tornou-se 
um importante centro de comércio e uma potência marítima.
Figura 1.2 | Atenas e a Acrópole – Grécia
Fonte: Shutterstock.
28
A configuração geográfica do território grego possui um relevo peculiar, 
constituindo-se como um continente montanhoso e de grande altitude, 
com um litoral recortado por golfos e baías e inúmeras ilhas do Mar Egeu. 
Esse território representava um obstáculo ao deslocamento dos povos, no 
entanto, proporcionou o desenvolvimento de outros meios de deslocamento 
que favoreceram o comércio marítimo e o intercâmbio cultural e econômico 
com outros povos.
A saída encontrada foi pelo mar, o que favoreceu os contatos com outros 
povos e culturas, como os orientais – diversos culturalmente, possuidores 
de conhecimentos, religiosidades e explicações míticas distintas da visão de 
mundo grega. Esse contato com outras populações influenciou a formação 
do povo grego em muitos aspectos (CHAUI, 2000).
As grandes viagens marítimas gregas, constituíram-se como um marco 
expansionista e foi, também, um desafio para o povo grego, pois obrigou 
aqueles que viviam do comercio a enfrentarem seus medos, oriundos de 
lendas e narrativas míticas que, mais tarde, seriam consideradas como 
fantasia do discurso mítico. Assim, a partir do processo de desmitificação 
do mundo e do contato com a diversidade presente em outras culturas, foi 
possível o nascimento do pensamento filosófico.
Assimile
A Grécia era formada por um conjunto de cidades-estado (Pólis) que 
se desenvolveram na Península Balcânica no sul da Europa. Vamos 
conhecer, então, o que é “Pólis”. Esse termo nos remete à noção de 
que a Grécia Antiga não era um país, mas sim um conjunto de dezenas 
de pequenos países, ou cidades-estados. Nesse sentido, Pólis é um 
pequeno território localizado geograficamente no ponto mais alto da 
região, cujas características eram equivalentes a uma cidade. O surgi-
mento da Pólis foi um dos mais importantes aspectos no desenvolvi-
mento da civilização grega.
O surgimento da moeda
Para um grande número de pessoas, atualmente, ir ao shopping, ou 
a qualquer outro tipo de estabelecimento, é uma atividade corriqueira. 
Compramos uma mercadoria e pagamos com dinheiro ou cartão, simples, 
não é mesmo? No entanto, como eram pagas compras antes da invenção da 
moeda? As aquisições eram realizadas com base em trocas, sendo um objeto 
trocado por outro de acordo com o interesse dos negociantes.
file:///Z:\Ensino_Superior\04_ORIGINAIS_E_FORNECEDORES\KLS 2.0\2020_01\HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA\Elaborar\Seção 1.2\2. finalizada\U1S2_História da Filosofia Antiga _Finalizado.docx#tituloAssimile
29
Mas, quando surgiu a moeda, então? A história da invenção da moeda é 
um tema pesquisado e abordado a partir da história do dinheiro em geral. 
Sua origem remonta ao florescimento do pensamento filosófico grego e às 
primeiras moedas gregas começaram a ser cunhadas a partir do século VII 
a.C. Nesse processo, eram utilizadas figuras de animais verdadeiros, plantas 
e objetos úteis ao homem, sendo, entre as moedas primitivas, as figuras mais 
destacadas as da coruja, do pegasus e da tartaruga.
As primeira moedas cunhadas foram as com imagens de tartarugas, 
cunhadas na Grécia, seus exemplares mais antigos são de 625 a.C. e durante 
um século foram elas que ditaram as leis nas trocas comerciais.
Figura 1.3 | Moedas gregas antigas
Fonte: Shutterstock.
A moeda serviu para o desenvolvimento do comércio entre as cidades-
-estado. Relatos de historiadores indicam que, por volta do ano 525 a.C., 
as moedas gregas seguiam a contagem denominada dracmas, uma antiga 
medida de peso para metais e peças preciosas. Uma dracma equivalia 
1.772 gramas.
30
A invenção da moeda, que permitiu uma forma de troca que 
não se realiza através das coisas concretas ou dos objetos 
concretos trocados por semelhança, mas uma troca abstrata, 
uma troca feita pelo cálculo do valor semelhante das coisas 
diferentes, revelando, portanto, uma nova capacidade de 
abstração e de generalização. (CHAUI, 2000, p. 36)
A partir da definição da moeda como forma de medida e comparação, aos 
poucos todas as cidades gregas também iniciaram o processo de cunhagem 
de moedas e a maioria delas começou a receber imagens de deuses. Nesse 
momento, as moedas deixariam de ser simples instrumentos de troca e 
passaram a ser consideradas como obras de arte, sendo valorizadas pelo 
modo requintado da cunhagem, pelo relevo acentuado e pela perfeição e 
harmonia da espessura do metal. Desse modo, as moedas gregas se tornaram 
peças únicas.
Mas você sabe qual foi o primeiro produto a ser comercializado em 
grande escala potencializado pela invenção da moeda (dinheiro)? Vejamos 
uma curiosidade sobre como se desenvolveu o papel moeda como conhe-
cemos hoje e sobre uma origem do que conhecemos por salário:
A industrialização do sal, extraído do mar e produzido no 
estado sólido como hoje o conhecemos, foi um dos princi-
pais fatores que consolidaram, nos primórdios da humani-
dade, a moeda como elemento da circulação universal dos 
bens providosda extração e do trabalho do homem [...] foi 
o primeiro produto de demanda universal e oferta prati-
camente monopolística; o fabricante do sal, todavia, não 
tinha nenhum interesse no grande volume das mercadorias 
ofertadas para escambo, tais como carne de caças, grãos 
e cereais [...] Surgiu então a expressão “salário”, que era o 
quanto valia determinada medida destes bens em quanti-
dade de sal ou mesmo o valor, em sal, de um mês de serviço 
prestado por um empregado. Como o sal era uma merca-
doria de aceitação universal, conhecida e procurada por 
toda população, foi possível o lançamento da moeda-papel, 
um certificado emitido pelo fabricante do sal, cuja confia-
bilidade permitiu a aceitação universal deste papel em 
troca das mercadorias, na certeza de que com este papel 
se poderia adquirir, então, quaisquer outros produtos no 
mercado. (REIS, 2017, p. 1)
31
Com a invenção da moeda grega, a sociedade, que antes praticava 
o escambo (troca de bens), passou ao desenvolvimento mais efetivo da 
economia e consequentemente o mercado passou a depender cada vez 
menos do encontro de interesses do vendedor e do comprador, sobre quais 
bens desejassem trocar, o que tornou a circulação mais efetiva e o acarretou 
no desenvolvimento de toda a economia.
Reflita
A filosofia é um constructo grego, um conjunto de características que 
desencadeou novas formas de organização da vida em sociedade.
Como você viu, a Grécia antiga não era um país, mas um conjunto de 
dezenas de pequenos países, as cidades-estado (pólis). Nesse contexto, 
o que interligava esses países era a sua cultura e o idioma grego dava 
força a essa unidade entre os países, pois, com pequenas variações, a 
língua grega era falada em todos eles.
Como você pôde perceber, língua é um fator de unidade, pois facilita 
a comunicação, diminuindo as fronteiras. Hoje, o idioma que predo-
mina no meio comercial é a Língua Inglesa, no entanto temos diversos 
idiomas que são importantes por veicularem o caráter cultural dos 
povos. A partir dessa constatação, reflita sobre a importância cultural 
das línguas para a preservação de um povo.
Quando mencionamos que o inglês é a língua predominante para o 
comércio e o turismo em todo o mundo, entre os motivos para essa 
afirmação está a integração dos povos tradicionais a culturas dominantes 
e à globalização. A hegemonia de um idioma poderia acarretar o desapa-
recimento de centenas outros idiomas em povos menores? Qual a impor-
tância da diversidade linguística para o mundo moderno?
A invenção do alfabeto grego
A criação do alfabeto grego unificou os diversos dialetos falados nas 
regiões da Grécia Antiga e, com a representação das ideias pelo uso de signos 
e símbolos linguísticos, o povo grego pôde desenvolver ainda mais a capaci-
dade da abstração e generalização. Segundo Havelock (1996), em sua obra A 
Revolução da escrita na Grécia e suas consequências culturais, o surgimento 
da filosofia na Grécia não teve nada de acaso, pois a filosofia teria nascido na 
Grécia especificamente em decorrência da criação e uso do alfabeto.
O registro escrito libera a energia, antes gasta com a 
memorização, para novas descobertas, favorecendo o 
acúmulo do saber e a criação do pensamento concei-
file:///Z:\Ensino_Superior\04_ORIGINAIS_E_FORNECEDORES\KLS 2.0\2020_01\HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA\Elaborar\Seção 1.2\2. finalizada\U1S2_História da Filosofia Antiga _Finalizado.docx#tituloReflita
32
tual. Nesse cenário se dá o nascimento da prosa, que 
aparece como o veículo adequado a expressar as ciências 
emergentes: medicina, historiografia, geografia, além das 
reflexões de Platão e Aristételes. (HAVELOCK, 1996, [s.p.])
Figura 1.4 | Alfabeto grego
Fonte: Shutterstock.
Em civilizações anteriores aos gregos já havia formas de escritas, como 
a egípcia. No entanto, a escrita em forma de ideogramas e símbolos tem 
como base ideias que fazem parte da cultura e do inconsciente coletivo. 
Com a criação do alfabeto grego, a escrita passou a ser alfabética e com grau 
de abstração maior, possibilitando o estabelecimento da relação com os 
fonemas e, consequentemente, a construção das palavras a partir dos sons, 
que passaram, desse modo, a ser codificados e reproduzidos. O surgimento 
do alfabeto grego proporcionou, dessa forma, mais clareza na descrição de 
ideias e conceitos abstratos e maior precisão nas narrativas histórico-míticas. 
Com isso, a linguagem escrita possibilitou não somente a descrição dos fatos, 
ou a representação das coisas, mas que os indivíduos elaborassem definições 
acerca das ideias que estão por trás das coisas e das ideias que estão na base 
dos acontecimentos históricos (CHAUI, 2000, p. 36).
33
Exemplificando
A escrita foi uma importante conquista para toda a humanidade, esse 
avanço iniciado pelo povo grego foi potencializado pelas demais culturas 
das sociedades no decorrer da história. Você se recorda do seu processo 
de alfabetização, quando aprendeu a reconhecer as letras do alfabeto 
vernáculo e a decodificar as palavras, sílaba por sílaba?
Em grande parte das salas de aula da educação infantil, encontramos 
afixadas na parede, acima do quadro, as diversas letras que compõem 
o alfabeto que usamos para representar nosso pensamento. Mas o ato 
de afixar as letras vai mais além, pois nas classes de educação infantil e 
de alfabetização acontecem os primeiros contatos das crianças com as 
letras e foi esse tipo de contato com as letras que também aconteceu 
no contexto grego. A visualização de cada letra do alfabeto representa 
para o aluno a autonomia em reproduzir corretamente as letras e isso, 
na cultura grega antiga, equivale à capacidade de abstração, o que 
consequentemente levou ao desenvolvimento das ideias que foram a 
base para todos os questionamentos filosóficos e a formação do pensa-
mento filosófico.
A invenção do calendário e a organização da vida urbana
Na sequência de acontecimentos do mundo grego que contribuíram 
significativamente para o surgimento da filosofia juntamente da invenção 
da moeda e do alfabeto, a invenção do calendário também participou do 
desenvolvimento das capacidades de abstração e generalização por meio da 
compreensão das noções de tempo.
A noção de tempo para o ser humano é muito antiga, 
assim como sua necessidade de tê-lo como referência. 
Hoje, muito de nossa jornada é determinada pelas horas, 
minutos e até segundos em que cada coisa deve acontecer. 
Mas isso nada mais é que uma evolução em curso. Há 
alguns milhares de anos, importava saber quando era 
tempo de caçar, de pescar e de procurar abrigo. Depois 
viriam as preocupações com a determinação da época de 
plantar e de colher, e assim sucessivamente. Portanto, há 
muito tempo o ser humano aprendeu a marcar a passagem 
do tempo. Para isso, utilizou-se de fenômenos contínuos 
e repetitivos, como a alternância entre o dia e a noite, as 
fases da Lua e as estações climáticas. (MOREIRA, 2019, p. 1)
file:///Z:\Ensino_Superior\04_ORIGINAIS_E_FORNECEDORES\KLS 2.0\2020_01\HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA\Elaborar\Seção 1.2\2. finalizada\U1S2_História da Filosofia Antiga _Finalizado.docx#tituloExemplificando
34
A partir desta nova noção, foi possível a mensuração dos anos, meses, 
semanas, dias e horas, e essa nova categorização do tempo trouxe à cultura 
grega organização e agilidade na realização de suas atividades cotidianas 
básicas. Inicialmente, cada cidade-Estado grega teve seu calendário, ainda 
que com semelhanças, criados a partir da organização lunar (ciclo da lua) 
e, posteriormente, tornaram-se lunissolares (ciclo da lua e do sol). Entre os 
tipos de calendários, o mais conhecido foi o ateniense.
Figura 1.5 | Fases da lua
Fonte: Shutterstock. 
O ciclo completo da Lua, com suas quatro fases, tem uma 
duração que pode variar entre 29 dias e 6 horas e 29 dias e 20 
horas. Assim, a duração média do ciclo é de 29 dias, 12 horas, 
44 minutos, 2 segundos e 8 décimos de segundo. Esse período 
variável entre 29 e 30 dias deu origem ao conceito que hoje 
conhecemoscomo mês. Um mês do calendário lunar normal-
mente inicia-se na lua nova. (MOREIRA, 2019, p. 1)
Com a mensuração do tempo pelas categorias (anos, meses, semanas, dias 
e horas), houve um avanço significativo na civilização grega, pois foi possível 
o mapeamento das principais épocas de chuva, calor, frio e estiagem, levando 
35
a agricultura a melhorar os períodos de plantio e de colheitas. A invenção 
do calendário proporcionou aos gregos considerável melhora na qualidade 
de vida, uma vez que, ao aumentar a aquisição de alimentos, permitiu mais 
tempo para os gregos se dedicarem a questões abstratas que, consequente-
mente, os levaram a desmistificar os fenômenos naturais que eram atribuídos 
às figuras mitológicas. Com essa nova organização de tempo pelo calendário, 
o povo grego passou a compreender como “natural” aquilo que era entendido 
como fenômeno sobrenatural ou ação dos deuses (CHAUI, 2000).
No contexto dessas mudanças vividas pela sociedade grega, uma delas 
pode ser considerada, também, de grande riqueza cultural: a invenção da 
política. O seu surgimento está relacionado à ampliação e à estruturação da 
vida urbana, pois criou a necessidade de que a vida das cidades fosse organi-
zada de maneiras mais práticas, segundo ideias nunca vistas antes. Essa nova 
sociedade via florescer intensamente o comércio e o artesanato e, diante disso, 
foi necessário que desenvolvessem técnicas de fabricação de seus produtos, 
e também criar estratégias de troca e venda que tornassem os processos 
comerciais ágeis e eficientes. Com isso, houve o aumento da aglomeração 
de pessoas nos centros urbanos, exigindo do povo grego a criação de formas 
de organização social por meio da política. Desse processo, uma nova classe 
surgia em meio à aristocracia grega.
As condições socioeconômicas, conforme dissemos, favore-
ceram o nascimento da filosofia na Grécia, com suas carac-
terísticas peculiares. Com efeito, os gregos alcançaram 
certo bem-estar e notável liberdade política, a começar das 
colônias do Oriente e do Ocidente. Além disso, desenvol-
veu-se forte senso de per- tensa a Cidade, até o ponto de 
identificar o “individuo” com o “cidadão”, e de ligar estrei-
tamente a ética com a política. (REALE; ANTISERI, 2003, p. 6)
Essa nova classe passou a ser detentora de poder econômico e começou 
a participar das decisões políticas. Desse modo, as decisões passaram das 
mãos das grandes famílias proprietárias de terras para as discussões políticas 
debatidas em praça pública.
Assim, podemos perceber que não seria possível a Filosofia ter surgido 
do nada, ou ter sido fruto de um milagre. A Filosofia é, assim, fruto dos fatos 
históricos que descrevemos até agora. A filosofia surge como uma reação 
a toda uma série de fatores e acontecimentos históricos que, como vimos, 
foram decisivos para o princípio do conhecimento filosófico.
36
Sem medo de errar
Ao estudarmos a gênese do pensamento filosófico iniciado na Grécia, 
chegamos ao conhecimento das condições históricas do nascimento da 
filosofia. Nesse processo histórico, os diversos eventos descritos, desde as 
grandes viagens marítimas gregas, o surgimento da moeda, a invenção do 
alfabeto grego até a invenção do calendário e a organização da vida urbana 
foram fundamentais para o surgimento do pensamento racional. Ao relacio-
narmos o contexto das condições históricas para o surgimento de um evento 
contemporâneo, como o surgimento da internet, quais condições históricas 
foram necessárias? Hoje, ao falar de internet, o tema é comum a grande parte 
das pessoas que usam ou são afetados por essa tecnologia. No entanto, nem 
sempre foi assim. Você consegue imaginar o mundo sem internet? Se você 
nasceu antes de 1992, você faz parte das pessoas que são classificadas como 
“inativos digitais”, pois é assim que são chamadas as pessoas que nasceram 
antes da invenção da internet comercial. Assim como a internet teve um 
início, também houve fatores para o seu surgimento. Vamos ajudar Luciano a 
elaborar o roteiro para o documentário, elencando quais foram essas condi-
ções e realizando uma reflexão com neutralidade no uso da tecnologia. Todas 
as tecnologias foram criadas para o bem-estar das sociedades?
Resolvendo a situação-problema
O contexto da nossa situação-problema diz respeito à questão da “gênese 
das coisas”, refletir sobre a origem dos inventos que a humanidade criou. 
Partindo do pressuposto de que tudo o que conhecemos teve um início, 
pense em como surgiram algumas das tecnologias que você utiliza no seu 
dia a dia, como a internet que é uma tecnologia que está presente nas casas, 
nas empresas e na palma da sua mão. Luciano questiona-se sobre o quanto 
a humanidade evoluiu desde que o modo de pensar racional foi inaugurado 
na Grécia Antiga, permitindo a criação das tecnologias que utilizamos hoje 
e nem nos damos conta. Considerando a internet, você sabe quais foram as 
condições históricas para o seu surgimento?
A primeira informação que constatamos é que a internet é fruto de 
ameaças de guerra. Sim, isso mesmo. Por medo de sofrerem ataques surpresa, 
a inteligência militar dos EUA criou um protocolo de transmissão de dados 
remotos entre computadores por meio de uma rede e esse feito deu origem à 
internet que conhecemos hoje. Como você pôde perceber, em sua gênese, a 
internet tinha como objetivo a estratégia militar para garantir a segurança das 
informações, preservar o conhecimento acumulado por anos de pesquisas e 
que poderia se perder se o local onde estava armazenado fosse atacado por 
37
países opositores, e com o compartilhamento via rede de conexão remota, em 
instantes, todas as informações poderiam se deslocar de um local para outro.
Pelo exemplo da gênese da internet, é possível perceber que na origem de 
uma tecnologia são empregados interesses diversificados, o conhecimento 
pode ser direcionado para conseguir vantagens sobre aqueles que dispõem 
de menos informações e desenvolvimento. Isso demonstra que as tecnologias 
não são neutras, podem ser criadas, também, para fins ideológicos.
Avançando na prática
O surgimento da política também é de origem grega
Assim como na Grécia, as mudanças são inevitáveis em qualquer período 
ou sociedade da história. A política, desde o seu surgimento, está ligada à 
ampliação e estruturação da vida urbana que exigiu tomadas de decisão 
tendo em vista o bem comum da “Polis”.
Você faz parte da associação de moradores do seu bairro, e o objetivo 
dessa organização de pessoas é buscar o bem comum das pessoas que moram 
no seu bairro. Foi marcada uma reunião para decidirem quais ações preci-
sariam ser desenvolvidas em caráter de urgência para conter o aumento da 
epidemia de dengue no bairro. Essa preocupação também partiu da queixa 
de que existiriam várias casas com acúmulo e armazenamento inadequado 
de lixo de diversas categorias (plásticos, latas, utensílios de cozinha), uma 
vez que os moradores dessas casas são catadores de lixo para reciclagem, mas 
estariam contribuindo para surto de dengue no bairro. Como os integrantes 
da Associação de Moradores devem tratar essa questão? Alguns do grupo 
apontaram que o problema da epidemia tem relação direta com o lixo 
acumulado pelos catadores de reciclagem, já um segundo grupo opina que 
a falta de assistência da prefeitura e de visitas dos agentes de endemias é o 
motivo da epidemia de dengue, e uma terceira parte dos membros exige que 
a própria comunidade enfrente a situação realizando a limpeza das casas 
que acumularam o lixo. Como você resolveria essa situação? Como decidir 
democraticamente a ação para resolver esse problema?
Resolução da situação-problema
A política para os gregos tinha como objetivo a organização e a estrutu-
ração do urbano. A necessidade de estruturação da vida nas cidades pode ser 
entendida como “tomada de decisões de maneira democrática”, tornando a 
38
resolução de conflitos em maneiras mais práticas. Em todas as sociedades, 
onde há aglomeração de pessoas em centros urbanos, comono caso do bairro 
que sofre com a epidemia de dengue, é necessária a criação de formas de 
organização social por meio da política. Desse modo, as discussões políticas 
podem ser debatidas de forma que as soluções para o enfrentamento dos 
problemas sejam decididas democraticamente.
A partir da situação descrita sobre o bairro, a associação de moradores 
pode elencar as medidas de enfrentamento da epidemia de dengue em 
parceria com o sistema de atendimento a endemias do município e também 
promover a conscientização das pessoas que acumulam o lixo reciclável 
coletado nas ruas. Essa conscientização pode ser realizada em parceria com a 
secretaria de assistência social também do município.
Faça valer a pena
1. Para os gregos, ao empreenderem as viagens marítimas, tornou-se possível 
o contato com outros povos, incluindo os povos orientais – diversos cultural-
mente, possuidores de conhecimentos, religiosidades e explicações distintas 
da visão de mundo grega. Esse contato com outras populações influenciou a 
formação do povo grego em diversos aspectos (CHAUI, 2000).
Qual ideia caracterizava a visão de mundo grega antes do empreendimento 
das viagens marítimas?
a. Visão de mundo ideológica.
b. Visão de mundo psicológica.
c. Visão de mundo mítica.
d. Visão de mundo rural.
e. Visão de mundo inferior.
2. A invenção da moeda permitiu uma forma de troca que não se realiza por 
meio das coisas concretas ou dos objetos concretos trocados por semelhança, 
mas uma troca abstrata, uma troca feita pelo cálculo do valor semelhante das 
coisas diferentes, revelando, portanto, uma nova capacidade de abstração e 
de generalização. A atividade filosófica é uma “experiência” do pensamento 
que tem suas particularidades e, assim, trata-se de uma maneira diferente de 
pensar sobre as coisas que fogem à rotina (CHAUI, 2000, p. 36).
Quais características do pensamento são próprias da atividade filosófica?
a. Desenvolvimento de ferramentas e de aceitação.
39
b. Desenvolvimento humano e social.
c. Desenvolvimento de habilidades motoras.
d. Desenvolvimento do estranhamento e do questionamento.
e. Desenvolvimento da resiliência e da aceitação.
3. O calendário de criação grega originalmente tinha como base os 
fenômenos do ciclo lunar. Sua organização seguia o ciclo completo da Lua, 
com suas quatro fases, tem uma duração que pode variar entre 29 dias e 6 
horas e 29 dias e 20 horas. Assim, a duração média do ciclo é de 29 dias, 12 
horas, 44 minutos, 2 segundos e 8 décimos de segundo. Esse período variável 
entre 29 e 30 dias deu origem ao conceito que hoje conhecemos como mês. 
Um mês do calendário lunar normalmente inicia-se na lua nova.
O que a invenção do calendário proporcionou aos gregos?
a. A invenção do calendário proporcionou aos gregos maior organi-
zação das guerras e conflitos.
b. A invenção do calendário proporcionou aos gregos navegar à noite. 
c. A invenção do calendário proporcionou aos gregos melhora na quali-
dade de vida em função da relação entre trabalho e tempo.
d. A invenção do calendário proporcionou aos gregos melhor divisão 
do trabalho.
e. A invenção do calendário proporcionou aos gregos melhora na quali-
dade de vida, aumento na aquisição de alimentos, mais tempo para se 
dedicarem a questões abstratas.
40
Seção 3
A passagem do mito ao logos
Diálogo aberto
Caro aluno, seja bem-vindo a nossa terceira seção. Vejamos alguns 
questionamentos que podem nos introduzir aos tópicos de estudos: tudo que 
existe tem ou teve uma causa? O que é o universo? Qual o fundamento de 
todas as coisas? O que é a realidade? Perguntas como essas fazem parte dos 
questionamentos chamados filosóficos, mas você saberia dizer quando, onde 
e porque esse tipo de questionamento surgiu?
Assim como a história é dividida em períodos para um melhor enten-
dimento, do mesmo modo a História da Filosofia é, também, dividida em 
épocas para melhor contextualizar a origem das ideias filosóficas, bem como 
os fatores que as causaram. O mito é considerado uma dessas causas. 
Nesta seção, você vai entrar em contato com os fatores que contribuíram 
para o que chamamos de passagem do mito ao logos, ou seja, o processo pelo 
qual a consciência racional teria suplantado a consciência mítica, ainda na 
Grécia Antiga – local de nascimento da filosofia e também do pensamento 
racional do qual surgiriam todas as demais ciências .
Vamos acompanhar o professor Luciano, que começa a preparar o conteúdo 
para a sua aula e, então, ao ler sobre o início da filosofia, ele se depara com a 
questão do mito. Como o conteúdo sobre o mito pode ser apresentado para 
a turma de filosofia? Qual papel o mito teve na sociedade grega? Luciano se 
questiona: “Como um adolescente entenderia que este tipo de explicação, no 
caso da explicação mitológica, era baseado nas representações das verdades 
mais profundas da mente, tidas como verdades absolutas? ”.
Luciano segue com a leitura para a preparação da sua aula e, entre as 
diversas informações, um fator interessante que encontra sobre os mitos é a 
ideia da representação dos desejos humanos. Um exemplo da representação 
desse desejo foram os mitos de Hércules, Perseu e Teseu, todos personagens 
da filosofia clássica. E nos dias de hoje? Em pleno século XX, nós temos 
alguma representação mitológica de herói? O pensamento mítico ainda se faz 
presente na atualidade? Quais seriam as manifestações que podemos consi-
derar como míticas em nosso dia a dia?
No decorrer da abordagem, você vai acompanhar o desfecho da aula do 
professor Luciano e junto dos alunos da turma de filosofia, você vai conhecer 
como se deu a transposição do pensamento mítico para o pensamento 
41
racional, processo que inaugurou a razão como forma de compreensão da 
realidade e que não parou mais.
Não pode faltar
A porta da livraria está aberta, pelo vidro pode-se ler na pequena placa 
pendurada na maçaneta “Estamos abertos”. O professor Luciano está folhe-
ando alguns livros dentro da livraria, mas não é em qualquer livraria, trata-se 
da Livraria Lello, localizada na cidade do Porto, em Portugal. Assim como 
a cena dessa livraria, muitas são as livrarias nas quais podemos repetir o 
mesmo ato de folhear um livro. No entanto, essa possibilidade de encontrar, 
com facilidade, conhecimento de forma escrita não existia no mundo grego. 
O conhecimento, na época, era transmitido por meio dos mitos, a primeira 
tentativa de compreensão da realidade.
A filosofia nasceu na Grécia entre os séculos VII e VI a.C. e esse fato 
marca a passagem do pensamento mítico (alegórico) ao pensamento racional 
(logos), essa mudança não ocorreu repentinamente, mas foi fruto de um 
longo processo histórico (WARBURTON, 2012). 
Vamos conhecer como se desenvolveu a transição de pensamento na 
Grécia Antiga no decorrer dos tópicos a seguir.
O mito no mundo grego
Ulisses e seus companheiros aportam em uma terra desconhecida. Eles 
levavam consigo odres cheios de vinho para, como de costume, oferecer como 
“penhor de hospitalidade” aos habitantes da nova localidade que encon-
trassem. Eles iniciam, então, a caminhada e logo encontram uma caverna. Ao 
entrarem, deparam-se com comida e em seguida começaram a matar a fome. 
Mal sabiam eles que a terra desconhecida era “o país dos Ciclopes” (Sicília). 
De repente, eles foram surpreendidos por alguém que retorna da caverna, 
era o Ciclope Polifemo (criatura gigantesca que possuía um único olho na 
testa), e era tarde demais para Ulisses e seus companheiros, que foram feitos 
prisioneiros (HOMERO, 2013).
O trecho que você acabou de ler apresenta o início de uma cena das 
viagens de Ulisses, personagem dos poemas homéricos, ou seja, trata-se de 
um relato mítico. Mas você sabe o que foi o mito? Qual a importância do 
mito para o mundo grego?
O mito no mundo grego foi uma forma de expressão que empregava 
características de uma linguagem metafórica e sagrada ao mesmo tempo. 
Sua mensagem tinha o objetivo de “contar” histórias que eram consideradas 
42
verdadeiras, como uma

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