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DIREITO CIVIL - SUCESSÕES 1. SUCESSÕES (art. 1784 a 2027, CC) CONCEITO É o ramo do direito positivo que disciplina a transmissão do patrimônio de uma pessoa falecida para os seus sucessores. A sucessão poderá ser positiva, quando o ativo é superior ao passivo, ou negativa, quando o passivo é superior ao passivo (sendo que os herdeiros respondem pelas dívidas do de cujus até os limites das forças da herança). CONTEÚDO 1. Sucessão - parte geral 2. Sucessão legítima; 3. Sucessão testamentária; 4. Inventário e partilha. ESPÉCIES DE SUCESSÕES 1. Quanto à forma/origem: a. Legítima: decorre da lei - irá dizer quem são os herdeiros e quais as partes correspondentes a cada um. Ocorre quando: - Não tem testamento; - Quando houver testamento, mas esse não abarcar a totalidade da herança; - Há testamento, mas esse foi declarado inválido ou eficaz; -Quando há testamento, mas esse se destina a disposições extrapatrimoniais ou apenas para deserdação; - Decorrente do artigo 1.857, §1º - a legítima pertencente aos herdeiros necessários não pode ser incluída em testamento, ou seja, aquela parte que cabe aos herdeiros necessários não pode ser incluída em testamento, de forma que quando houver herdeiros necessários, haverá sucessão legítima no que tange a parte que não pode ser incluída no testamento. A sucessão legítima se dá por meio da ordem de vocação hereditária (art.1829 ). Trata-se de uma presunção do legislador da vontade do autor da herança para quem ele gostaria de deixar a herança. Ordem de vocação hereditária (1829, CC): herdeiros legítimos I - Descendentes em concorrência com o cônjuge sobrevivente; * II - Ascendentes em concorrência com o cônjuge sobrevivente; * III - Cônjuge sobrevivente; * IV - Colaterais até 4º grau: herdeiros legítimos facultativos; * são herdeiros necessários (art. 1845): tem garantia indisponível, legítima e necessária, ou seja, metade do valor da herança líquida (50% - é o mínimo legal, salvo hipótese de deserdação ou indignidade). O cônjuge foi considerado herdeiro necessário no CC de 2002. Regra: A classe mais próxima exclui a classe mais remota, salvo o direito de concorrência sucessória. Na concorrência sucessória permite-se que o cônjuge concorra com os herdeiros mais próximos. A concorrência com os descendentes depende do regime de bens, já com os ascendentes o cônjuge concorre sempre, independentemente do regime de bens. Direito material: deve-se aplicar as regras do código vigente na data da morte. Último domicílio: ordem de vocação hereditária. Art. 1790, CC: companheiro - esse artigo, ainda que válido, foi declarado inconstitucional. Há o entendimento de que se aplicam aos companheiros as mesmas regras sucessórias aplicadas ao cônjuge do art. 1.720, CC. b. Testamentária: ocorrerá conforme a vontade expressa do testador, manifestada em testamento válido e eficaz. No Brasil, não há o costume de realizar a sucessão testamentária em razão da cultura, dos herdeiros legítimos, programação e sistema da extinção da pessoa física (no Brasil, tem continuidade mesmo sem testamento, por isso as pessoas não acabam realizando o testamento. Em outros lugares, como nos EUA, a extinção da pessoa física é a mesma que a da pessoa jurídica no Brasil, de forma que há extinção das relações jurídicas, assim somente haverá continuidade se houver testamento). 2. Efeitos: a. Título Universal: quem sucede, vai estar recebendo uma universalidade de bens ou uma fração de uma universalidade de bens. A pessoa não sabe o que vai receber. Esse tipo de título pode estar presente em testamento. Quem sucede a título universal é tecnicamente chamado de herdeiro. Os herdeiros podem ser legítimos ou testamentários. Os herdeiros legítimos podem se dividir em herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge/companheiro) e facultativos (parentes colaterais até 4° grau) *** Redução de disposição testamentária: quando falta recurso, a redução será feita nos herdeiros e depois no legitimatório caso não seja suficiente. Quando só tiver herdeiro legatário ou testamentário o valor do excesso será reduzido proporcionalmente. Ex: 30% da herança para A = Herdeiro - sofrerá a redução, se não for suficiente, vai para B e C proporcionalmente. Casa da Praia para B = Legatário Jóias da Família para C = Legatário Adiantamento de legítima - art. 2.002 e ss. b. Título Singular: quem sucede a título singular, recebe uma coisa certa e determinada dentro do espólio, chamado de legado, por isso diz-se que o titular singular é o legatário. A sucessão a título singular apenas é presente na sucessão testamentária. ABERTURA DA SUCESSÃO - É um sinônimo de morte, ocorre logo após a pessoa deixar essa pra melhor. - A regra aplicada será a do momento da morte (abertura da sucessão) do de cujus. Teorias que determinam o momento da morte: a) Quando cessam as atividades cardiorrespiratória e cardiovascular; b) Quando cessar a atividade bioquímica do corpo; c) Quando cessar as atividades cerebrais. Essas teorias são importantes quando ocorre comoriência (art. 8º, CC). Comoriência é quando duas ou mais pessoas que são herdeiras entre si falecem no mesmo momento. Entre comorientes não haverá transmissão sucessória. PRINCÍPIO DA SAISINE (art. 1784, CC) - No momento da abertura da sucessão ocorre a transmissão automática da posse e propriedade dos bens do autor da herança aos seus herdeiros, independente de qualquer ato. - Trocadilho para o rei morto rei posto. Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. - Não há delação no nosso ordenamento jurídico, a abertura da sucessão ocorre no momento da morte e como consequência a transmissão automática, sendo a aceitação dos herdeiros mera formalidade - não é requisito. REQUISITOS PARA SUCEDER 1) Capacidade sucessória; Não se confunde capacidade sucessória com capacidade civil, a capacidade sucessória é específica. Há a capacidade sucessória se você estiver vivo no momento da abertura da sucessão (art. 1.798, CC). Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Exceções: a) Nascituro: não está vivo, mas deve estar concebido (nidação) no momento da abertura da sucessão; b) Prole eventual: é possível o testador deixar a herança para os filhos de alguém que ainda não nasceram, mas podem vir a ter. A prole eventual tem que ser concebida até dois anos a ser contado da abertura da sucessão (1.800, §4º, CC). Deve ter testamento. Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz. § 4o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos. - O filho por reprodução humana após a morte não teria direito à sucessão, visto que não possui regulamentação para isso. Por isso, há correntes sobre o assunto. A primeira que é legalista diz que seria filho, mas não teria direito a herança. Outra corrente diz que o filho se assemelharia à prole eventual e teria direito a sucessão. A terceira teoria diz que não deve haver tratamento desigual entre os filhos, assim o filho por reprodução assistida não poderia ser prejudicado. Fala a respeito do princípio da igualdade e da tutela privilegiada do filho. c) Pessoa jurídica, que pode ser sucessora, mas tem que estar devidamente constituída no momento de abertura da sucessão. A exceção decorrente da lei, então, é quando o testador pode deixar em testamento um patrimônio para a constituição de uma pessoa jurídica após a sua morte.2) Estar na Ordem de Vocação Hereditária ou em testamento: se você não estiver em nenhum desses, a herança vai para o Município. 3) Legitimidade sucessória: legitimidade para reclamar os seus direitos sucessórios. É presumida. - Ilegitimidade: por lei (1.801, CC) ou por sentença (Ação Declaratória de Exclusão por Indignidade ou por Ação de Deserdação). a) Por lei: não precisa entrar com ação, basta comprovar que é ilegítimo; ● Concubino; ● Testemunha testamentária; ● Quem escreveu o testamento, seus descendentes, ascendentes e cônjuge; ● Tabelião; Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; II - as testemunhas do testamento; III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. b) Por sentença: ● Ação Declaratória de Exclusão por Indignidade: hipóteses específicas, prazo decadencial de 04 (quatro) anos, contados da abertura de sucessão. ● Ação de Deserdação: hipóteses taxativas, por testamento, prazo decadencial de de 04 (quatro) anos, a contar da abertura do testamento. ITCMD: o cálculo será realizado no momento da avaliação dos bens. Lugar da abertura da sucessão: último domicílio do de cujus, que coincidentemente é o lugar onde deve ser aberto o inventário (prazo de 2 meses a contar da abertu ra da sucessão - consequência: multa em caso de entrar nesse prazo - o Paraná não tem essa previsão). Indivisibilidade da herança e sua configuração como bem imóvel: até o momento da partilha é tratado como um bem unitário e indivisível e vigora as regras de condomínio. O direito à sucessão aberta e o direito à herança são reconhecidos por determinação legal como bens imóveis conforme consta do art. 80 do Código Civil. Esse reconhecimento legal de bens imóveis acontece mesmo quando a herança for composta por bens móveis. Escolha do inventariante (617 CPC e 1797 CC) Sempre o que for melhor para o espólio e os herdeiros, é um rol exemplificativo. Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente: I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão; II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho; III - ao testamenteiro; IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz. Art. 617. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem: I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste; II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados; III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio; IV - o herdeiro menor, por seu representante legal; V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança estiver distribuída em legados; VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário; VII - o inventariante judicial, se houver; VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial. Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (cinco) dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar a função. Papel do inventariante: fica na posse direta dos bens até o momento da partilha e também deve administrar os bens, novamente até o momento da partilha ACEITAÇÃO DA HERANÇA (art. 1.804 a 1.813 CC) Ainda hoje, a aceitação é exigida seja para legado, seja para herdeiro (herança), nesse último caso é mera formalidade legal. Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança. Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. § 1 o Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória. § 2 o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros. Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial. Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita. Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo. § 1 o O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los. § 2 o O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia. Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada. Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira. Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente. Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça. Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança. Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante. § 1 o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato. § 2 o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros. Espécies de aceitação: 1) Quanto a forma: a. Expressa: é quando o sucessor aceita expressamente sua herança/ legado, tem que ser por documento escrito; b. Tácita: o sucessor não se manifesta expressamente aceitando a herança, mas pratica atos próprios de quem está aceitando, levando a interpretação de que houve uma aceitação tácita. Ex: cessão onerosa de quotas hereditárias. Atos oficiosos que não se configuram como aceitação tácita: cuidar do velório/enterro do de cujus e atos de administração e manutenção dos bens; c. Presumida: não se confunde com a tácita, pois é a aceitação do silêncio, sendo literalmente a prática da máxima ‘quem cala, consente’. Esse tipo de aceitação configura a aceitação presumida quando há algum interessado na herança, pode ser pedido ao juízo para que até em 30 dias se manifeste acerca da sucessão (se aceita ou renúncia), caso nesses 30 dias o interessado vier aos autos e declarar que aceita, será aceitação expressa, caso não compareça aos autos, será interpretado que aceitou de forma presumida. Outra situação de aceitação presumida: não existe prazo final para aceitara herança, mas existe prazo final para renunciar a herança – até o final da partilha; o sucessor que não tenha se manifestado até o momento da partilha, presume-se que aceitou. Nunca se presume a renúncia da herança. QUEM CALA, PRESUME QUE CONSENTE. 2) Quanto a quem aceita: a. Direta: quem está aceitando é o próprio sucessor; b. Indireta: quando alguém aceita em nome do sucessor (para o sucessor) - ato de aceitar não é personalíssimo. Quatro hipóteses de aceitação indireta: 1. Aceitação pelos pais, responsáveis legais, tutor ou curador (no caso de incapaz); 2. Aceitação feita por mandatário ou gestor de negócios (adjudica para o advogado); 3. Aceitação feita pelos credores do herdeiro devedor insolvente: dentro dos 30 dias, o herdeiro insolvente renuncia à herança, ele pode renunciar pelo direito ser personalíssimo, cabe somente a ele aceitar ou não. Em contra partida a lei não pode ser conivente com devedor indevido, e em até 30 dias a contar do conhecimento da renúncia, o credor do herdeiro devedor insolvente, pode se habilitar no inventário e aceitar a herança em nome do herdeiro. 4. Aceitação feita pelos sucessores do herdeiro falecido - a aceitação feita em nome de F1 está sendo feita pela sua sucessão. A (morreu em 01/03) F1 (morreu em 19/03) F2 N1 N2 N1 e N2 aceitam a herança de F1, assim de forma indireta aceitam a herança de A, mas não são herdeiros de A. F1 e F2 são herdeiros de A. A (morreu em 19/03) F1 (morreu em 01/03) F2 N1 N2 F2 é herdeiro de A e F1 não é herdeiro de A, visto que morreu antes. N1 e N2 vão ser herdeiros de A (aceitação direta - direito de representação), pois recebem a herança que seria devido à F1 se este estivesse vivo. N1 e N2 também são herdeiros de F1. Características da aceitação: ● É um ato não personalíssimo, visto que é possível a aceitação indireta; ● É um ato não receptício, ou seja, não depende da recepção ou concordância de qualquer uma das partes para ser válido e produzir efeitos. ● É um ato unilateral, que depende única e exclusivamente da vontade do sucessor para que seja válido e eficaz. ● Deve ser um ato puro e simples, ou seja, a aceitação não pode ser realizada por condição ou termo, pois geraria insegurança jurídica. ● Tem que ser total, não se admite a aceitação parcial. Entretanto, pode-se ser sucessora a dois títulos (ou seja, herdeiro ou legatário), nesse caso, é possível deliberar livremente sobre cada um deles e isso não se configurará aceitação parcial. ● Tem efeitos retroativos à data da abertura da sucessão. ● É irretratável e irrevogável, mas não quer dizer que o ato não seja passível de anulação. RENÚNCIA DA HERANÇA Conceito: é o ato solene pelo qual o sucessor manifesta-se contrário a aceitação da herança, ou seja, manifesta-se no sentido de não querer suceder nos direitos de seu antecessor. Tudo que foi falado de aceitação, aplica-se para renúncia, com algumas exceções. Requisitos: ● É um ato solene e apenas pode-se dar em modalidade expressa por instrumento público ou termo nos autos. ● Para renunciar deve ter capacidade jurídica, ou seja, capacidade jurídica para alienar (capacidade civil + requisito, nesse caso é preciso a autorização judicial). ● Não pode ter condição de termo - ato puro e simples (renúncia ) ● k ● É irrevogável, mas esse ato pode ser passível de invalidade. Efeitos da renúncia: 1. Uma vez anunciados, os efeitos retroagem a data da abertura da sucessão. 2. Se for uma sucessão legítima, a pessoa renuncia sempre a favor do espólio, ou seja, o conjunto patrimonial renunciado volta ao espólio e segue a ordem de vocação hereditária. 3. Se for uma sucessão testamentária, primeiramente tem que ser verificado se há substituição testamentária, caso não haja, deve-se verificar se há direito de acrescer. Apenas no caso de não haver substituição testamentária ou direito de acrescer é que volta para a ordem de vocação hereditária (sucessão legítima). CESSÃO DA HERANÇA (1.793 a 1.795 CC) Conceito: é a transferência onerosa ou gratuita dos direitos sobre o acervo hereditário ou de parte dele feito pelo sucessor a outra pessoa. Pode ser: a) Gratuita: apenas existe ônus para uma das partes e bônus para a outra. b) Onerosa: quando existir comutatividade, ou seja, ônus e bônus para as duas partes. Requisitos para a cessão: ● Exige o instrumento público, ou seja, tem que ocorrer mediante escritura pública ou termo nos autos. ● Se a pessoa que está cedendo as quotas for casada, salvo separação total de bens, dependerá da vênia conjugal (1.647, CC). Discussões quanto à cessão de herança: ● Quando for ceder a herança, sempre deverá ter o direito de preferência. ● Art. 1.793, §2º - sempre se questionou se poderia ceder as quotas. Segundo o Código, é ineficaz a cessão de direitos sobre bens considerados singularmente dentro da herança enquanto perdurar a indivisibilidade. O legislador, portanto, não disse que é inválida esse tipo de cessão, apenas disse que é ineficaz. Isso, na prática, após a partilha, volta a produzir os efeitos, pois ou fica com o imóvel ou com a partilha do imóvel, sendo portanto, divisível. Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública. § 2º É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente. ● Art. 1.793, §3º - os incisos e parágrafos, em tese, teriam que se submeter ao assunto do caput. O legislador, entretanto, no referido dispositivo legal, apresentou a ineficácia da disposição sem a prévia autorização do juiz, de qualquer bem do acervo hereditário, sem a prévia autorização do juiz, enquanto perdurar a indivisibilidade. Esse parágrafo, portanto, não tem nada a ver com cessão de herança, mas sim com a disposição de bens (doação ou compra e venda). § 3º Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade. EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE (1.814 a 1.818 CC) Conceito: é a privação ao direito à sucessão a quem cometeu atos previstos na lei, ofensivos à pessoa ou ao interesse do hereditando (sinônimo de autor da herança, de cujus). legitimidade do de cujus Causas de exclusão: são taxativas, que devem ser interpretadas de forma restritiva - previstas no art. 1.814, CC: Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. 1. Primeira causa: praticar crime de homicídio doloso, tentado ou consumado, em face do autor da herança, ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro. Homicídio culposo não é uma causa de exclusão por indignidade. Pela legislação, não teria que haver um trânsito em julgado ou condenação, pois o que se pretende penalizar é o ato de desamor. Não precisa ser necessariamente o autor, poderá ser coautor, mandante, entre outros. Pode ser consumado ou tentado. 2. Segunda causa: acusar caluniosamente em juízo o autor da herança ou praticar os crimescontra a honra do autor da herança, cônjuge ou companheiro. São dois tipos penais, acusar caluniosamente ou contra a honra. Nesses casos, a doutrina tende a exigir a condenação penal. Exemplo: difamação da madrasta, casada ou união estável, gerando B.O. 3. Terceira causa: praticar atos mediante violência ou fraude, que impeçam o autor da herança de manifestar livremente a sua vontade. É a mais difícil de provar. Captação de vontade: é o uso de artifícios para obter a benevolência em seu favor ou de terceiros. A captação de vontade pura e simples não enseja exclusão por indignidade, apenas a dolosa. Exemplo: enfermeira que impede dos irmãos de visitarem o idoso Efeitos da exclusão por indignidade: 1 - Uma vez sentenciado como indigno, ele é equiparado a pré- morto, para que seus descendentes possam suceder - os filhos recebem aquilo que seria devido ao pai considerado indigno. 2 - Com a sentença de indignidade, os efeitos retroagem a data da abertura da sucessão. Se o indigno praticou negócios com os bens do espólio, será considerado nulo, salvo se houver o princípio da aparência (terceiro de boa-fé que desconhece a indignidade, negócio deve ser oneroso, negócio deve ser anterior à sentença de indignidade) - terceiro poderá pedir a validade do negócio. 3 - Todos os frutos que tenham sido produzidos por bens, que porventura estivessem com posse direta do indigno, deverão ser devolvidos para o espólio. Se o indigno tem benfeitorias úteis e necessárias, ele tem direito aos frutos, porém não tem direito de retenção. Existe a possibilidade do indigno receber créditos pendentes em relação ao espólio, como por exemplo o pagamento do funeral. 4- Reabilitação (art. 1.818), ocorre quando o indigno é perdoado pelo autor da herança. Para que esse perdão seja válido e eficaz, deve ser realizado expressamente, não pode ser tácito, por escritura pública ou outro ato autêntico - termo nos autos, e vai impedir a declaração de nulidade. Se o ato de indignidade ocorrer após a morte do de cujus, o indigno terá direito ao que está previsto expressamente no testamento. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INDIGNIDADE Para que ocorra a declaração de exclusão, precisa que os interessados ingressem com a ação declaratória de indignidade. Uma vez sentenciada, ocorre a declaração da indignação e perderá o direito à herança. Os diretamente interessados são os legitimados para ingressar com a ação, o MP ainda teria legitimidade caso fosse representar interesse de criança/adolescente e no caso de homicídio doloso (art. 1814, inciso I), mas a legitimação ativa nos outros casos é apenas para os interessados. Tem prazo decadencial de 4 anos a contar da abertura da sucessão. Ação de rito comum, com amplo contraditório SUCESSÃO DO CÔNJUGE SOBREVIVENTE ● 3ª classe: na ausência de descendentes/ascendentes sucessíveis ● Herdeiro necessário (1.845, CC/02). No Código Civil de 1916 era considerado herdeiro facultativo. Não confundir regime de bens com direito sucessório, meação não é direito sucessório. O cônjuge sobrevivente é chamado na ordem pois é cônjuge, então herda independentemente do regime de bens. O regime de bens regula o patrimônio de bens na vida e sucessão regula os bens após a morte. Art. 1.830: Para que o cônjuge possa suceder, quer por direito próprio da classe ou por concorrência sucessória da classe, não poderá estar divorciado, separado judicialmente ou separado de fato a mais de 2 anos, salvo se o cônjuge sobrevivente provar que a separação ocorreu por culpa de quem está morto. Ex: A tinha antes de casar o patrimônio de 300, se casou com B em comunhão parcial de bens, não teve filhos e não tinha ascendentes e descendentes, no casamento tinham o patrimônio de 1200 e A tinha uma dívida de 150, porém morreu. B: vai receber 600 (meação) - não é herança A: vai receber 600 (meação) + 300 - 150 = 750 (herança) vai tudo para B (ITCMD incide sobre esse valor apenas) ● Direito sucessório do cônjuge no caso de classes anteriores: Código civil de 1916 Eram assegurados dois direitos – usufruto vidual e direito real de habitação: a) Usufruto vidual: em função da morte: se sobrevivessem descendentes, ao cônjuge seria assegurado ¼ de usufruto sobre os bens do de cujos; se sobrevivessem ascendentes ao cônjuge seria assegurado metade dos bens do usufruto, sendo um direito temporário, até morrer ou constituir nova família. Era assegurado a todos os regimes de bens, salvo comunhão universal de bens. b) Direito real de habitação: só era assegurado para comunhão universal de bens. Conceito: direito que o cônjuge tem de permanecer no imóvel destinado à família, se esse for o único imovel a ser inventariado. O imóvel tem que ser inteiramente de um cônjuge ou de ambos. Ninguém é obrigado a viver em condomínio (entre cônjuge sobrevivente e seus filhos), metade da casa ficaria com o cônjuge sobrevivente (pela meação) e o restante com os descendentes, por exemplo. Para o cônjuge não ser tirado de casa, ficará o usufruto colado a cláusula de venda se ela for realizada. Extingue-se com a morte ou constituição de nova família. Também é temporário. Código Civil de 2002 Também são assegurados dois direitos sucessórios: direito real de habitação (art. 1.831 - assegurado a qualquer regime de bens, e só se extingue com a morte) e direito de concorrência sucessória (direito de propriedade): Descendentes: o cônjuge concorre dependendo do regime de bens. Ascendentes: o cônjuge concorre sempre, independentemente do regime. SUCESSÃO DOS COLATERAIS ATÉ O 4º GRAU - 4ª classe da vocação hereditária - É chamado na ausência de descendentes/ascendentes/cônjuge ou companheiro sucessíveis; - Os colaterais não são herdeiros necessários, são herdeiros facultativos (art. 1.850) - não sou obrigada a deixar nada para eles, não têm a garantia do mínimo legal; - Três regras importantes: a) Ordem sucessória (art. 1.843) PARENTES GRAU ORDEM SUCESSÓRIA Irmãos 2º 1ºs Sobrinhos 3º 2°s Tios 3º 3°s Sobrinho- Neto 4º 4°s Tio - Avô 4º 4°s Primos 4º 4°s ** parente mais próximo exclui parente mais remoto. - Sobrinho - neto, tio - avô e primos são chamados em CONJUNTO. b) Irmãos bilaterais e unilaterais (art. 1.841) → Se cair questão de divisão, melhor fazer com as quotas. Pode ser feito com x ou fração também. Exemplo: Se meus 4 irmãos são pré mortos a mim. U porque é unilateral, irmão de um pai; e B de bilateral, de ambos os pais, nesse caso, só a Fabiana. c) Direito de representação (art. 1.853): é uma exceção à regra que o parente mais próximo exclui parente mais remoto, pois permite que parente de graus distintos concorram na mesma sucessão. Na representação chama os herdeiros de parente falecido para que ela receba em seu lugar o que teria direito se viva fosse representando o grau desse falecido. Só é permitida no caso de irmãos e sobrinhos do de cujos concorrerem. Exemplo: A morre e deixa dois irmãos, três sobrinhos, dois sobrinhos - neto e dois tios. T1 I1 -- S1 A (600) T2 I2 -- S2 --- SN1 e SN2 -- S3 1° exemplo: A faleceu e deixou um patrimônio de 600 mil: São herdeiros os irmãos, pois parente de maior grau repele parentes de grau menor (cada um com 300 mil) 2º exemplo: irmão 2 é pré-morto a A. Não pode ser herdeiro nesse caso. Irmão 1 pode e sobrinhos podem ser chamados para representar seu pai se vivo fosse. ● S2 e S3 estão herdando por direito de representação, e o irmão 1 está herdando por direito próprio. Cada sobrinho fica com 150 mil e o irmão com 300 mil. 3º exemplo: Irmãos são pré- mortos, os sobrinhos serão chamados herdandoem direito próprio (próprio grau). A herança é dividida em partes iguais, sendo todos bilaterais ou todos unilaterais (S1,S2 e S3) ***Para ter representação é necessário que haja parentes em graus diferentes; cada um deles representará o pré- morto, recebendo apenas o que este teria direito se vivo fosse. 4º exemplo: A está morto, I1 e I2 são pré-mortos, S2 morreu. A representação só é permitida entre irmãos e sobrinhos. Sobrinho-neto não representa. ● S1 e S3 herdariam 300 cada. Direito próprio. 5º exemplo: A está morto, I1 e I2 são pré-mortos, S2 morreu e S3 e S1 renunciaram. A herança irá para os tios que são parentes de 3° grau, sobressaindo-se sobre sobrinhos-netos que são de 4° grau. Se fosse permitido que sobrinhos netos representassem, os tios ficariam atrás de parentes de 4° grau, sendo que eles são de 3°. Na falta de sobrinhos, a herança vai para os tios (T1 e T2). SUCESSÃO DE DESCENDENTES São a primeira classe de vocação hereditária. São, também, herdeiros necessários (art. 1.845), tem obrigação de colação, pois não podem receber de forma diferenciada. Os descendentes podem suceder de duas formas: a) Direito próprio/Por cabeça: quando estão herdando pelo próprio grau deles. Neste caso a herança será dividida pelo número de herdeiros daquele grau, ou seja, por cabeça. Macete: quando todos os possíveis herdeiros são de mesmo grau hereditário, a sucessão é por direito próprio. b) Direito de representação/Por estirpe: é uma exceção à regra que o parente mais próximo em grau exclui o parente mais remoto. E, na linha descendente, a representação é permitida até o infinito. Neste caso, a lei chama os herdeiros de pessoa falecida para suceder aquilo que ela teria direito se viva fosse. A representação será permitida quando o herdeiro for pré-morto ou co-morto ao autor da herança ou quando o herdeiro tiver sido excluído da sucessão. A renúncia do herdeiro (possível representado) não possibilita o direito de representação dos seus descendentes, mas não impede que os mesmos sejam chamados por direito próprio. Na sucessão por representação, a herança não é dividida pelo número de herdeiros, mas sim pelo número de estirpes (que são linhas descendentes). 1º Exemplo: A faleceu (900), tem filhos, netos e bisnetos - quem herdará será F1, F2 e F3 por direito próprio/por cabeça. Cada um herdará 300. 2º Exemplo: F1 morre antes de A, que também morre. Nesse caso, é possível o direito de representação de F1, será dividido aos herdeiros de F1 aquilo que ele teria direito se vivo fosse. F1 não é herdeiro, pois estava morto no momento da sucessão. F2 (300) e F3 (300) herdam por direito próprio/por cabeça e N1 (150) e N2 (150) por representação. 3º Exemplo: F2 renunciou, a parte de N3 não poderia representar. F1 é pré morto. F3 (450) herda por direito próprio e N1 (225) e N2 (225) por representação. 4º Exemplo: F3 é co-morto com A, F1 é pré-morto, F2 renunciou. Agora não é mais sucessão de 1º grau, passa a ser sucessão de 2º grau - netos. N1, N2, N3 e N4 herdarão por direito próprio, de forma que a herança é dividida por cabeça. Cada um herdará 225. Macete: Só terá representação se houver herdeiros de graus diferentes concorrendo na mesma sucessão, quando forem do mesmo grau herdarão por direito próprio. 5º Exemplo: N3 assassinou A e foi declarado indigno, F3 é co-morto com A, F1 é pré-morto, F2 renunciou. Uma vez declarada indigna é tida como pré-morta. Serão herdeiros N1 (225), N2 (225), N4 (225) por direito próprio e BN1 (112,5) e BN2 (112,5) por representação. SUCESSÃO DE DESCENDENTES EM CONCORRÊNCIA COM CÔNJUGE SOBREVIVENTE A regra é que o cônjuge concorre com os descendentes, salvo se casado em C.U.B. ou S.O.B. Se o cônjuge não irá concorrer, ele não será herdeiro, apenas terá o que cabe a título de bens. Não será herdeiro se for casado em regime de Comunhão Universal de Bens e no regime de Separação Obrigatória de Bens. Também não será herdeiro o cônjuge casado em Comunhão Parcial de Bens que não possui bens particulares, pois se assemelha à Comunhão Universal de Bens. C.U.B. S.O.B. NÃO CONCORRE São herdeiros se for casado em Comunhão Parcial de Bens c/ bens particulares, Participação Final dos Aquestos e Separação de Bens (pactual). Quando se dará a concorrência? Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; Os bens particulares da Comunhão Parcial de Bens seriam os anteriores ao casamento e os recebidos a título gratuito. Dessa forma, uma comunhão parcial de bens sem bens particulares é exatamente igual uma CUB e, portanto, não concorre. Como se dará a concorrência? Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer. a) Regra: o cônjuge concorrendo com os descendentes, ele terá direito a uma quota igual ao número de cabeças. Exemplo: eu morri, sobreviveu meu filho e meu cônjuge - dividido por cabeça. b) Exceção: o cônjuge terá direito a ¼ da herança, será aplicado caso verificado dois requisitos: deve haver mais de três descendentes por cabeça/direito próprio e quando o cônjuge for ascendente de todos os descendentes com quem ele está concorrendo. Exemplo: eu morri, sobreviveu meu marido e quatro filhos - são descendentes do cônjuge e têm mais de três, ¼ irá para o cônjuge e o resto para os filhos. SEPARAÇÃO DE BENS Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer. Analisou e percebeu-se que o cônjuge concorre de fato, e sendo assim ele terá direito a quota igual aos demais herdeiros que sucedem por cabeça REGRA: quota igual aos demais que concorrem por cabeça. Exceção: ¼ para o cônjuge, sob os seguintes requisitos Para ser assegurado um ¼ para cônjuge deve ser preenchido dois requisitos: - Quando forem mais de três linhas descendentes (mais de três descendentes deste cônjuge) e não número de herdeiros. E CUMULATIVAMENTE - Se o cônjuge for ascendente de todos com quem estiver concorrendo Se um dos requisitos não for preenchido concorre por quota igual Exemplo 1: A casou com B sob o regime de separação de bens pactuada pelas partes Tinha 300 mil antes de casar-se, 500 mil durante o casamento, e tiveram dois filhos Primeira coisa: resolver (extinção) o regime de bens Não tem meação! Cada um sai com seu próprio patrimônio Totaliza 800 mil reais em bens de A. Quem são os herdeiros? Filho 1 e Filho 2, e o cônjuge sobrevivente (B) em concorrência. Não existem mais de três linhas descendentes e, portanto, são quotas iguais. Cada um dos herdeiros sairá com 266,66 mil reais. Exemplo 2: Ao invés de dois filhos eles tiveram 4 filhos Herdeiros: 4 filhos e o cônjuge em concorrência São mais de três linhas descendentes? Sim O cônjuge e ascendentes de todos eles? Sim É assegurado ¼ da herança para o cônjuge e os filhos dividem o restante 800 mil/4 = 200 mil do cônjuge; restante é dividido pelos demais filhos deixando cada um deles com 150 mil reais Exemplo 3: Tem 4 filhos, porém são todos apenas do de cujus, a cônjuge concorrerá do mesmo jeito São mais de três linhas descendentes? Sim, mas o cônjuge concorrente não é ascendente de todos eles, e portanto será dividido por quotas iguais Ficandocada um com 160 mil reais. Exemplo 4: Dois filhos do primeiro casamento e dois filhos de um segundo casamento. Quem são herdeiros e o cônjuge em concorrência. Como será dividido: existe descendência híbrida (filhos comuns com não comuns), e será dividido por quotas iguais porque não é ascendente de todos, ele tem que ser descendente dos que estão concorrendo. Não tem expresso a expressão todos, mas o benefício deve ser em favor do descendente, e não do cônjuge, portanto por isso há essa interpretação para que isso se aplica. Se for para garantir o ¼ que seja para quando for ficar na mesma família, se não o for, que não possa ser assegurado. Adendo: interpretação majoritária de doutrina e jurisprudência, tem entendimento contrário a isso, Pouquíssimos doutrinadores têm entendimento contrário, aplicaria-se o 2º exemplo. Comunhão parcial de bens Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; Exemplo: A casou com B, e tinha 300 mil e um filho, tiveram um segundo filho e um patrimônio de 1 milhão e duzentos mil; A faleceu; tem meação, B fica com 600, consequentemente o patrimônio de A é de 900. São herdeiros de A: F1,F2 e B *** prova 1° Teoria (totalidade): interpretação literal da lei, ou seja, todos os bens particulares concorrem. 2ª Teoria (majoritária): faz uma interpretação teleológica, conforme a vontade do legislador, o que ele não escreveu mas quis. Ele não escreveu, mas quis escrever que a concorrência somente se daria sobre os bens particulares, pois sobre os bens comuns haveria a meação. 3º Teoria: a concorrência se daria sobre os bens comuns, assim a sucessão fica excluída na hipótese de o falecido deixar somente bens particulares. SUCESSÃO DE DESCENDENTES EM CONCORRÊNCIA COM O COMPANHEIRO SOBREVIVENTE http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4100069 O artigo 1.790 que regula a sucessão de descendentes em concorrência com o companheiro sobrevivente foi considerado inconstitucional desde 2017, aplicando ao companheiro as mesmas regras sucessórias aplicadas ao cônjuge quando aplicadas aos descendentes. SUCESSÃO DE ASCENDENTES Os ascendentes são a segunda classe na ordem de vocação hereditária, ou seja, só serão chamados na ausência de descendentes sucessíveis. São considerados herdeiros necessários (art. 1.845), têm direito a herança. Eles sucedem por direito próprio e por linhas, metade para a linha paterna e metade para linha materna. Na linha ascendente é proibido o direito de representação (art. 1.852). Exemplo 1: A faleceu e deixou 900 de patrimônio; tem pai e mãe vivos e os avós paternos e maternos. Os herdeiros serão pai (450) e mãe (450). Exemplo 2: Pai pré-morto a A. O herdeiro será somente a mãe, pois na linha ascendente não cabe direito de representação. Assim, parente mais próximo exclui parente mais remoto. Mãe receberá 900. Exemplo 3: Pai e mãe pré-mortos. Os herdeiros são avô e avó paternos e avô e avó maternas. Cada um ficará com 225 mil reais. Exemplo 4: Pai, mãe e avó materna são pré-mortos a A. Os herdeiros serão a avó paterna (225), avô paterno (225) e avô materna (450). Não se divide em quantidade iguais, pois metade vai para a linha paterna e metade para a linha materna. Exemplo 5: Pai, mãe, avó e avô materno. Vai tudo para os avós paternos, 450 mil para cada. SUCESSÃO DE ASCENDENTES EM CONCORRÊNCIA COM O CÔNJUGE SOBREVIVENTE Art. 1.829, inc. II (quando?) e 1.837 (como?). Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge. - A concorrência de cônjuge com ascendente acontece independentemente do regime de bens. O cônjuge sempre concorre. Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau. - Cônjuge concorrendo com ascendente de 1° grau terá direito a ⅓ da herança; - Metade da herança se não houver ascendentes de 1° grau; - MACETE: pai, mãe e cônjuge, são três herdeiros, cada um recebe 1/3 da herança. Só pai ou mãe vivos e cônjuge, são dois herdeiros, portanto, cada um receberá metade da herança. O esquema só não funciona se houver multiparentalidade e, nesse caso, pelo que está escrito expressamente na lei, no mínimo 1/3, portanto mesmo em casos de multiparentalidade deverá herdar 1/3. Exemplo 1: A é casada com B (cônjuge) em comunhão universal de bens, tem patrimônio cada um de 900 (meação) e pai, mãe, avós paternos e maternos. A falece, será herdeiro o Pai (300) a Mãe (300) e o B (300 - que é o 1/3). Exemplo 2: Mãe é pré-morta, serão herdeiros o pai e o cônjuge. Cada um fica com 450 mil. Exemplo 3: mãe e pai pré-mortos, os herdeiros serão o avô paterno (225), avó materna (112,5), avô materno (112,5) e a cônjuge (450). SUCESSÃO DE ASCENDENTES EM CONCORRÊNCIA COM O COMPANHEIRO SOBREVIVENTE Em razão da inconstitucionalidade do art. 1790, declarada desde 2017 pelo STF, aplica-se a essa sucessão as mesmas regras aplicadas ao cônjuge sobrevivente. Antes do CC/02: Art. 226, §3º da CF. Pela Lei nº 8.971/94, a ordem de sucessão hereditária seria: 1º descendentes; 2º ascendentes; 3º companheiro; 4º colaterais. Os descendentes e ascendentes teriam usufruto vidual, com ¼ ou ½. A Lei nº 9.278/96 estipulou o direito real de habitação. Após o CC/02: A sucessão do companheiro, após o CC de 2002, é regida pelo art. 1.790, invertendo toda a ordem de sucessão hereditária conhecida anteriormente. O companheiro participará da sucessão hereditária quanto aos bens adquiridos onerosamente após a união estável. Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: (Vide Recurso Extraordinário nº 646.721) (Vide Recurso Extraordinário nº 878.694) I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. Sucessão hereditária: 1. Descendentes em concorrência com o companheiro (I e II) I - Na concorrência com filhos comuns, o companheiro terá a mesma cota dos filhos. Neste inciso o legislador deveria ter colocado o nome descendentes ao invés de filhos. Exemplo: (300) A ---------1200------------ C B = 600 (meação) F1 F2 A falece. Meação seria 600 para C. Os 300 adquiridos antes da união estável seriam somente dos filhos e o companheiro concorre com os filhos no valor de 600. Cada um ficará com 200. II - Se concorrer com descendentes apenas do autor da herança, caberia à companheira apenas METADE do que caberia aos descendentes. (parte em azul) No caso de incidência de descendência híbrida, se aplicaria o inciso I, porque como não há uma decisão específica, equiparando todos os descendentes como se fossem comuns, haja vista que o inciso II seria para questões de descendentes do autor. A segunda teoria dizia que caso houvesse um descendente que fosse só do autor, ele já asseguraria o que é estipulado no inciso II. Nesse sentido, apesar de ser descendência híbrida, se equipararia aos descendentes apenas do autor. 2. Ascendentes em concorrência com o companheiro (III)3. Colaterais em concorrência com companheiro (III) III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança. São parentes sucessíveis: descendentes, ascendentes e colaterais até 4° grau. Nesse caso abarcou os descendentes e colaterais. Colocou os colaterais em concorrência com o companheiro - Inconstitucional. 4. Companheiro (IV) IV - Não sobrevivendo parentes sucessíveis, tocar-lhe-á a totalidade da herança - totalidade que foi adquirida onerosamente. Os valores anteriores iriam para o município. - Este artigo foi declarado inconstitucional, mas não foi revogado, ou seja, continua previsto no Código. Diante da inconstitucionalidade, aplicar-se-á às regras previstas para o cônjuge ao companheiro/união estável. - Direito real de habitação (art. 1813): Art 1790 declarada inconstitucional - mas antes, havia uma vertente que o direito real de habitação deveria ter a mesma regra para companheiro e cônjuge. Aplicação e interpretação por analogia. O 1813 é mais garantido para o garantido pois extingue-se somente com a sua morte. HERANÇA JACENTE E HERANÇA VACANTE - Art. 1844, art. 1819 e 1820 e seguintes Na prática é um processo único que inicia com a herança jacente e termina com a vacante. 1. Herança Jacente: é a herança aparentemente sem sucessores/herdeiros. Quando isso acontece é necessário entrar com a herança jacente seguida da vacante, para que a herança vá para o Município ou DF, onde os bens se encontram, ou para a União quando não tem local específico. Município, DF e União não são herdeiros. Na decisão, o juiz declarará a jacente e determinará a publicação de 3 editais no Diário Oficial ou em jornal de grande circulação com o intervalo de 30 dias cada um deles. Além disso, o juiz nomeará curador para cuidar dos bens. Se aparecer um herdeiro serão habilitados no processo, se a habilitação for julgada procedente o juiz converterá a herança em vacante. Transcorrida um ano da publicação do edital de chamamento de herdeiros sem que tenha aparecido nenhum sucessor ou a habilitação tenha sido julgada improcedente, o juiz, por sentença, declarará vacante a herança. 2. Herança Vacante: Efeitos da vacância: o efeito prático da declaração de vacância é a transferência do patrimônio da pessoa falecida para o Município, Distrito Federal ou União – a localização do bem irá determinar quem irá receber . O ente ficará como depositária fiel, durante cinco anos. Conceito: Vacância - herança vaga, de ninguém. Não tem para quem deixar a herança. Está declarada vaga a herança. Após a sentença de vacância: os colaterais até 4º grau perdem os seus direitos sucessórios, porém se aparecer herdeiro necessário ele pleiteia ação de petição de herança (prazo prescricional de 10 anos) para reclamar seus direitos sucessórios. DIREITO DE REPRESENTAÇÃO Arts. 1.851-1.856, CC. O direito de representação apenas existe na sucessão legítima, e não na testamentária. Isso porque é uma presunção do que o autor da herança gostaria. Ainda, o direito de representação é uma EXCEÇÃO à regra que o parente mais próximo em grau exclui o ma is remoto, isso porque haverão parentes de graus distintos concorrendo na mesma sucessão. O direito de representação é também conhecido como representação por estirpe, porque não irá dividir pelo número de herdeiros, mas sim pelo número de linhas. Ocorre o direito de representação quando a lei chama os herdeiros de pessoa falecida ou excluída por indignidade a suceder em todos os direitos que ela sucederia se viva fosse. Requisitos do direito de representação: 1. A não sobrevivência (pré-moriência ou comoriência) do representado em face do autor da herança ou a sua exclusão por indignidade; 2. A legitimidade dos representantes para reclamar os seus direitos sucessórios; Para saber em face de quem irá ser a legitimidade, é necessário saber em qual das teorias irá se apoiar: - Teoria da ficção jurídica: o direito de representação é interpretado como se fosse um contrato de representação passado de F1 para N1 e N2 para representarem os seus interesses. Nesse caso, a legitimidade dos representantes deveriam ser interpretadas em face do representado. - Teoria da expressão real da vontade do autor da herança: é a teoria majoritária. Entende que o direito de representação não tem a ver com o contrato, mas com uma presunção de uma vontade do autor da herança. Nessas circunstâncias, a legitimidade dos representantes deveria ser interpretada em face do autor da herança. Para a maioria dos casos, independente das teorias adotadas, os legitimados irão ter a herança. Exemplo 1: A falece, F1 já está morto, fica F2, N1 e N2. F1: representado N1 e N2: representantes Exemplo 2: Em situações específicas, por exemplo no caso de praticar o crime contra a honra, caso se utilize de determinada teoria, não será possível o acesso à herança. P. ex., se N1 e N2 cometem crime contra a honra de F1, pela teoria da ficção jurídica, não teriam direito de representação. Na segunda teoria, N1 e N2 teriam legitimidade. Exemplo 3: A falece. F1 é um adotante simples e N1 e N2 são adotados simples (não criam vínculo com a família do adotante). Nesse caso, adotando a primeira teoria, N1 e N2 teriam legitimidade. Na segunda teoria, por sua vez, N1 e N2 não teriam legitimidade, visto que não possuem vínculo com a família de F1. 3. Na classe de cônjuges, não há representação - cônjuge não representa e não é representado. O cônjuge só teria direito de representação se F1 estivesse vivo no momento em que recebeu a herança, assim, tendo em vista que F1 era pré-morto a A, o cônjuge não terá direito de representação, somente N1 e N2. 4. Na classe de colaterais o direito de representação somente é permitido (art. 1.853), entre o irmão do autor da herança e os sobrinhos do autor da herança. 5. Na classe de ascendentes o direito de representação é proibido. 6. Na classe de descendentes o direito de representação é permitido até o infinito. Efeitos do Direito de Representação 1. O representante herda como se estivesse no grau do representado; 2. O representante herda o que herdaria o representado; 3. Se vários forem os representantes, eles dividem entre si de maneira igualitária o que caberia à cota do representado. Ex: F1 receberia 150 se vivo fosse, assim N1 e N2 receberão a quantia de 75 cada. 4. A cota do representante só responde pelos débitos do autor da herança, e nunca do representado. Ex: F1 é devedor insolvente, N1 e N2 exercem direito de representação. Os credores não têm direito à herança do autor.; 5. Os representantes devem trazer à colação/conferência os eventuais adiantamentos de legítima recebidos pelo representado do autor da herança. Ex: se F1 não estivesse morto e tivesse recebido umas doações de A, o que seria adiantamento de herança, deve haver uma conferência para que N1 e N2 recebam o mesmo valor. 6. A renúncia do eventual representado não possibilita que seus descendentes exerçam direito de representação, mas não impedem que os mesmos sejam chamados na sucessão por direito próprio. Ex: Se F1 renunciar, N1 e N2 não tem direito de representação, por isso iria tudo para F2. Se F1 e F2 renunciarem, N1 e N2 serão chamados por direito próprio; 7. Os renunciantes da sucessão do representado podem ser representantes na sucessão do autor da herança. Ex: quando F1 morreu, N1 e N2 renunciaram à herança de F1, agora A faleceu. N1 e N2 podem aceitar a herança de A? SIM, visto que são duas sucessões distintas. 8. Diz respeito a deserdação, O código civil expressamente equiparou o indigno a pré- morto (excluído por indignidade). Para deserdação não há dispositivo que permita expressamente a representação como no caso do indigno. Antes do código civil de 2002 já se discutia a representação nos dois casos, mas hoje em dia tem-se uma lacuna já que em um caso(exclusão) foi tratado pela legislação após 2002, e em outro não (deserdação), fazendo surgir duas teorias: a) Legalista: como não tem na lei que o deserdado deve ser equiparado a pré- morto como ocorre com o indigno, ele não teria direito de representação. b) Majoritária: a deserdação tem a mesma finalidade da exclusão, por analogia aplica-se a mesma regra do indigno ao deserdado, fazendo assim que a representação seja possível.
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