Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
patologia dos ovários Lavínia Vasconcellos Patrus Pena 2021 2020-21 Anatomia e fisiologia · 3,0X1,5x1 cm · Revestido por um epitélio de superfície ou de revestimento do ovário · Abaixo = tecido conjuntivo -> túnica albugínea -> coloração brancacenta do ovário · Região cortical = maturação dos folículos ovarianos · Região medular = tecido conjuntivo e vasos · Amadurecimento do folículo ovariano · Folículo primordial · Folículo primário · Célula germinativa dentro de uma camada de células da granulosa, depois camada de células da Teca (estroma ovariano modificado = tecido que preenche o espaço que fica entre os folículos ovarianos) · Células da camada granulosa + separadas -> formando cavidades -> folículo antral · Cavidades se unem = antro -> folículo maduro -> pronto para ovular -> célula germinativa, antro, duas camadas de célula da granulosa (interna) e da Teca (externa) · Ciclo menstrual normal · Ovário com funções de reprodução e hormonal · Hormônio FSH -> folículo estimulante · 1 dos folículos -> folículo dominante · Outros: atresia: involuir · 1ª fase: estrógeno crescendo -> [] ideal · Pico de LH -> ovulação -> folículo libera o ovócito provocando uma pequena ruptura na superfície do ovário · 2ª fase: · O que restou do folículo vai fechar (junto com a superfície ovariana) -> corpo lúteo ou corpo amarelo -> produção da progesterona -> cicatrização = corpo albicans ou corpo branco · Estruturas que aparecem só se ocorrer ovulação · Folículo maduro e corpo lúteo = 20 mm · Corpo lúteo observado em exame de ultrassom Cistos funcionais e não neoplásicos Cistos foliculares · Surgem a partir dos folículos que deveriam sofrer atresia -> demoram + -> presença nos ovários originando os cistos foliculares · Resultantes de folículos não-rotos, considerados variação normal da evolução dos folículos ovarianos · Microscopia: · Camada de células da granulosa -> células hipercoradas · Estroma ovariano (no círculo) · Revestidos por células da granulosa ou da teca · Macroscopia · Podem causar aumento do volume do ovário · Podem produzir estrogênio e geralmente regridem · Não trazem repercussões importantes Cistos lúteos ou do corpo lúteo · Resultam de hemorragia excessiva no corpo lúteo e de fechamento precoce no ponto de ovulação -> represamento de um pouco + de sangue que o habitual · Diagnóstico diferencial: cisto endometriótico (também contém conteúdo hemorrágico) ou cisto achocolatado · Dor associada à ovulação, mas sem outras repercussões importantes · Revestidos por uma borda de tecido amarelo vivo contendo células granulosas luteinizadas Ovários policísticos · Síndrome de Stein-Leventhal · Frequente em jovens (6 a 10-15%) · Critérios de Rotherdam (2003): pelo menos 2 dos 3: 1) Ovários esclerocísticos (12 ou + folículos entre 2 e 9 mm, pequeno tamanho; ovário > 10cm3): com cistos e esclerose · Maioria não deve conseguir chegar no estado de maturação 2) Oligoamenorreia (menor quantidade de menstruação) e ciclos anovulatórios 3) Sinais de androgenismo (clínico e/ou laboratorial): às vezes só no exame de sangue · Pelos no rosto e na áurea, acne, alopecia · Patogênese: · Secreção ovariana aumentada de andrógeno -> ambiente rico em androgênio -> dificuldade do amadurecimento dos folículos que não conseguem ficar dominantes e dificuldade dos outros sofrerem atresia -> ovário policístico · Pequenos cistos · Hiperandrogenemia de forma clínica ou somente no exame laboratorial · Excesso de andrógeno -> convertido em estrógeno -> excesso sem contraposição da progesterona -> efeito proliferativo -> hiperplasia ou câncer de endométrio · Redução da produção de FSH -> recrutar menos folículos -> anovulação e infertilidade · Estrógeno leva ao aumento do LH -> sem pico de LH, somente um aumento basal ou linear -> aumento da secreção ovariano de andrógeno · Morfologia · Ovários geralmente com o dobro do tamanho normal e com um córtex externo liso · Pequenos cistos na região cortical do ovário · Associados a uma hiperplasia da teca interna (hipertecose folicular) · Distúrbio bilateral do estroma do ovário que apresenta hiperplasia celular e luteinização das células estromais (em ninhos diferenciados de células com citoplasmas vacuolados) · Ausência de corpo lúteo -> presença de área de esclerose · Alterações: · Clínicas: oligo/amenorreia, hirsutismo, acne, alopecia, infertilidade anovulatória, aborto recorrente · Endócrinas: elevação dos androgênios (produção aumentada de androgênios pelos ovários e pela adrenal), LH, estrogênios e prolactina · Metabólicas · Resistência periférica e defeito na excreção de insulina -> hiperinsulinemia · Aumento da produção de androgênios e da atividade do LH · Diminuição da síntese hepática de SHBG (globulina ligadora de hormônios sexuais) -> menos: + forma livre do hormônio · Acantose nigricante: manchas amarronzadas na pele · Obesidade · Dislipidemia · Aumento do risco de intolerância à glicose e DM tipo 2 Neoplasias · Cerca de 80% dos tumores são benignos · Neoplasia oculta do abdome: diagnóstico tardio : detectados já com disseminação além do ovário · Metástases: linfática, hematogênica e disseminação peritoneal (implantes) · Clínica: · Assintomática · Distensão/dor abdominal, massa palpável, desconforto pélvico, alterações urinárias e digestivas, emagrecimento e ascite · Sintomatologia inespecífica · Fatores de risco · Genéticos (BRCA 1, BRCA 2, síndrome de Lynch: ovários, mama e cólon) · Retirada do ovário junto com a tuba uterina · Nuliparidade, não-uso de ACO combinado · Paciente em idade fértil sem ACO -> ovulação todo mês -> ruptura na superfície do ovário -> fechamento por meio de proliferação celular -> mutações que podem levar ao desenvolvimento de metaplasias · História familiar · Disgenesia gonadal: alteração no desenvolvimento das gônadas · Laqueadura tubária reduz risco · Tumores poderiam vir de um epitélio atípico da tuba uterina -> descamação para o ovário -> desenvolvimento da neoplasia no ovário · Diagnóstico · Avaliação clínica + US + doppler colorido + marcadores tumorais (não devem ser utilizados de forma isolada) · Podem ser utilizados outros exames de imagem, como ressonância · Classificação · Origem histogenética: OMS -> de onde veio essa neoplasia de ovário · Do epitélio de superfície do ovário (maioria) · Das células germinativas · Da região dos cordões sexuais ou estroma ovariano (+ frequentemente produtores de hormônios) · De outro órgão · Aspecto funcional · Funcionante: produz hormônios -> auxilia na clínica · Não funcionantes: não produz hormônio · Comportamento biológico: benigno (geralmente assintomáticos), borderline (pode se comportar de forma benigna ou maligna) ou maligno Tumores do epitélio de revestimento · Epitélio celômico -> pode crescer para fora ou invadir o estroma do ovário (maior presença de vasos -> metástases) · Maioria das neoplasias primárias do ovário Tipo de diferenciação · Epitélio celômico tem capacidade de se diferenciar em diferentes tipos de epitélio: seroso, mucinoso e endometrioide Tumor seroso · Proliferação de células colunares ciliadas (epitélio tipo tubário) produtoras de um material seroso (fluido e líquido) · 30-40% dos tumores primários e tumores ovarianos malignos + comuns · Maioria benigna; císticos ou mistos apresentando áreas sólidas · + agressivos = + áreas sólidas -> característica macroscópica · Certeza absoluta se é maligno ou borderline: avaliar a histologia · Bilateral em 20-60% (maligno -> maior probabilidade de ser bilateral) · Marcador: ca 125 (sempre em associação com outros critérios) · Morfologia · Tumor benigno = cistoadenoma seroso · Lesão cística de parede finas, sem áreas sólidas ou projeções · Líquido amarelo claro = líquido seroso · Célula colunar (alta) ciliada com citoplasma róseo e núcleo no centro -> parte do revestimento da lesão -> revestimento fino = camada única sem atipias · Embaixo -> parte do estroma ovariano · Sem formação de papilas = projeções para dentro da área císticada lesão (em cima) · Podem ter papilas, mas serão simples · Sem invasão do estroma · Tumor borderline · Papilas complexas (ramificadas) geralmente revestidas por várias camadas de células · Sem invasão do estroma · Tumor maligno = cistoadenocarcinoma seroso · Presença de áreas sólidas · Pode ser uma lesão mista · Papilas complexas com várias camadas de células as revestindo · Estruturas semelhantes às papilas dentro do estroma (seta azul) = invasão do estroma · Células + atípicas com figuras de mitose · Malha rosa = estroma · Seta laranja: estruturas arredondadas e roxas = focos de calcificação = corpos psanomadosos = áreas de calcificação em associação com o tumor tumor Mucinoso · Epitélio colunar produtor de mucina (aspecto gelatinoso) · Epitélio colunar mucossecretor (tipo gastrointestinal) · 20 % dos tumores primários · Maioria benigna; císticos; às vezes pesados (presença de massas enormes muito pesadas) · Bilateral em 10-15% · Probabilidade maior se for maligno · Câncer com prognóstico melhor que seroso · Pseudomixoma peritoneal: extensa ascite mucinosa, implantes epiteliais císticos na superfície peritoneal, aderência e frequentemente um tumor mucinoso envolvendo os ovários · Podem romper e espalhar muco para a região abdominal -> ascite mucinosa · Outros tumores da região abdominal que produzem muco podem levar a esse quadro -> carcinomas do apêndice cecal · Marcador: ca 19-9 · Morfologia · Benigno = cistoadenoma mucinoso · Tumor multiloculado preenchido com um fluido pegajoso e gelatinoso rico em glicoproteínas · Seta laranja = lesão ovariana · Seta verde = útero · Parede cística revestida por epitélio simples, colunar, mucossecretor · Seta azul: estroma ovariano · Seta vermelha: células que revestem a lesão · Células colunar com citoplasma claro e núcleo + basal · Parte superior: área cavitada da lesão cheia de muco · Sem papilas complexas e sem invasão do estroma · Borderline · Material mucoso = aspecto brilhante · Áreas sólidas (área brancacenta) · Estratificação do epitélio e atipias celulares, mas sem invasão do estroma · Seta azul: estroma com um vaso · Seta vermelha: células revestindo papilas complexas (várias camadas) · Citoplasma claro Endometrioide · 20% dos câncer de ovário · Semelhante a um câncer de endométrio · Glândulas tubulares semelhantes às do endométrio · Podem surgir no contexto da endometriose (= fator de risco) -> cerca de 15-20% coexistem com endometriose · Maioria: malignos · Combinação de áreas sólidas e císticas Comportamento biológico · Benigno · Borderline: comportamento incerto · Evolui para maligno -> de baixo grau · Maligno: invasão do estroma · Tipo 1: baixo grau, evolui de forma indolente, alterações em oncogenes como KRAS e BRAF · Tipo 2: alto grau, evolui de forma agressiva, alterações e genes supressores de tumor como p53 Localização da proliferação epitelial · Superficial ou intracística Tumores derivados dos cordões sexuais ou do estroma · Neoplasias derivadas do estroma do ovário que por sua vez é derivado dos cordões sexuais da gônada embrionária · Grupo especial de tumores ovarianos: quase todos são funcionantes = hormonalmente ativos · Provocam quadros de alterações sexuais secundárias: · Produção de estrógenos: feminilizantes · Produção de andrógenos: virilizantes · + frequentes na idade adulta (40% na pós-menopausa) · Marcador: α-inibina Tumores de células da granulosa · + frequente na perimenopausa · Elevada produção de estrógeno · Paciente adulta: sem contraposição de progesterona -> espessamento do endométrio, neoplasia ou carcinoma de endométrio · Em crianças: puberdade precoce · Maioria benigna (75-95%) · Pleomorfismo nuclear, mitoses atípicas, necrose, recorrência pélvico-abdominal, metástases: maligno · Morfologia · Tumor volumoso, sólido, amarelado (devido aos lipídeos intracelulares -> alta produção hormonal de estrógeno que surge a partir do colesterol) · Células com núcleos em grão de café, dispostas em trabéculas ou folículos (corpúsculos de Call-Exner) · Núcleo ovalado com um fenda/risco no meio Tecoma · Células da teca e do estroma · Elevada produção de estrógeno · Morfologia · Tumor sólido, firme e encapsulado, amarelado com áreas brancacentas · Células alongadas dispostas em feixes, com gotículas lipídicas (imagem negativa) no citoplasma Tumores de células germinativas · Preferem crianças: quanto + jovem a criança, maior a chance de malignidade do tumor germinativo · Célula germinativa neoplásica pode seguir qualquer linhagem de diferenciação, originando tumores variados e os + diversos tecidos · + comum: teratoma: produz tecidos derivados dos 3 folhetos embrionários · Marcador tumoral: alfa-fetoproteína (pode estar presente nos tumores malignos, principalmente teratomas) · Grau de maturação ou de diferenciação dos tecidos · Maduros: semelhantes aos da idade adulta = benigna · Imaturos: período fetal e embrionário = maligno Teratoma cístico maduro · Morfologia · Presença de pelo e sebo dentro do ovário · Presença de pelo, sebo, dentes · Presença de pelo e sebo -> tamanho grande do teratoma em comparação ao útero · Parede fina revestida por uma epiderme enrugada, opaca, cinza-brancacenta · Epitélio escamoso com ceratina, folículos pilosos, glândulas sebáceas · Tecido fibroso de colágeno, glândula do tipo intestinal, tecido nervoso central · A direita: cartilagem (superior), tecido adiposo (no centro) · Seta vermelha: tecido tiroidiano -> pode ser funcionante -> quadro tireotoxicose = struma ovarii = teratoma exclusivo de tecido tireoidiano funcionante que pode levar a paciente para um quadro de tireotoxicose Tumores metastáticos · 30% das mulheres com câncer terminal · Origem + frequente: mama, estômago, cólon, pâncreas, vias biliares e útero, linfomas também podem acometer os ovários · Metástases de tumores do tubo digestivo (bilateral: tumor de Krukenberg) -> origem no estômago e cólon + comuns, com células em anel de sinete · Morfologia · Macroscopia: · Comprometimento dos 2 ovários · Áreas brancacentas nem todas bem delimitadas (áreas da metástase para o ovário) · Histologia: células em anel de cinete = células ovaladas ou arredondadas com núcleo para periferia com citoplasma vacuolado 3 lAVÍNIA VASCONCELLOS PATRUS pena
Compartilhar