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Nevos melanócitos e Melanomas

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1 Júlia Cristine 
 
NEVOS MELANOCÍTICOS 
• Neoplasia benigna mais comum da 
pele 
• Proliferação de células derivadas 
dos melanócitos, nas quais são 
dispostas em agregados ou ninhos 
em vários níveis da pele 
• Possuem presença dos genes que 
também são presentes no 
melanoma, o BRAF e NRAS, 
favorecendo a teoria que nevos 
melanócitos são neoplasias 
verdadeiras 
• São extremamente comuns, 
presentes em quase toda a 
população 
• São os principais marcadores de 
risco e precursores do melanoma 
NEVO MELANOCITICO ADQUIRIDO 
COMUM 
• São marcadores de risco para 
melanoma, sendo a quantidade de 
nevos proporcional ao risco 
• Acima de 50 nevos é FR importante 
para melanoma 
• Risco de 4,4 para 26 a 50 nevos; 
5,4 para 50 a 100 nevos e 9,6 para 
>100 nevos (2mm) 
• Lesões começam a aparecer na 
primeira infância com aumento do 
número, atingindo o pico na 
adolescência ou início da vida 
adulta, normalmente 
desaparecendo posteriormente ao 
decorrer dos anos 
• Um adulto de cor branca com 
média de 25 anos tem-se 
normalmente 20 a 30 nevos 
melanocíticos 
• O numero de nevos depende de 
fatores como exposição solar, 
traços fenotípicos, função 
imunológica e genética 
• Apresenta-se clinicamente com 
pequenas lesões (<5mm de 
diâmetro), simétrica, com 
pigmentação uniforme, bordas 
regulares e bem demarcadas 
• Predominam nas áreas com 
exposição ao sol, principalmente 
tronco 
• Negros possuem menos 
NEVO MELANOCÍTICO JUNCIONAL 
• Fase mais inicial do nevo 
• Mais comum em crianças, 
adolescentes e adultos jovens 
• Os ninhos das células névicas estão 
na junção dermoepidérmica 
• Superfície plana ou um pouco 
elevada, bordas regulares, marcas 
cutâneas preservadas(?), coloração 
marrom ou preta. Pigmentação 
mais escura no centro 
NEVO MELANÓCITICO COMPOSTO 
• Ninho tanto na junção 
dermoepidérmica quanto na 
derme 
• Mais frequentemente elevados, 
superfície lisa, cupuliforme ou 
papilomatosa 
NEVO MELANOCÍTICO INTRADÉRMICO 
• Fase mais tardia 
• Mais frequente em adultos 
• Células névicas apenas na derme, 
perdem a capacidade de sintetizar 
melanina, tendo então lesões 
castanho-claras, papulosas, 
cupuliformes, pedunculadas ou 
papilomatosas 
 
2 Júlia Cristine 
• Nevo de Unna quando for 
papilomatoso e no tronco 
• Nevo de Miescher quando é 
localizado na face com aspecto 
cupuliforme 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Dermatofibroma, carcinoma basocelular, 
queratose seborreica 
TRATAMENTO 
• Remoção se houver suspeita de 
malignidade 
• Como suspeitar? A quantidade de 
mudanças do nevo é inversamente 
proporcional à idade, ou seja, em 
um adulto, se há mudanças de cor, 
superfície ou tamanho, deve-se 
suspeitar, assim como se houver 
dor ou prurido 
• Deve-se prestar atenção se surge 
uma lesão melanocítica após os 35 
anos, podendo ser um melanoma, 
pois é comum aparecer nevos 
entre a 2ª e 3ª década de vida 
 
NEVO MELANÓCITICO CONGÊNITO 
• Presente ao nascimento 
• Tamanho atingido na vida adulta 
→ Pequenos (<1,5cm), médios 
(1,5-19,9cm), gigante(>20cm) 
• Risco de desenvolver um 
melanoma é proporcional ao 
tamanho 
• Nevo melanócito congênito 
pequeno é presente em 1% dos 
neonatos. Os médios e grandes em 
menor porcentagem ainda 
• 5% dos gigantes torna-se 
melanoma 
• Nevo pode se tornar gigante no 
adulto quando no recém-nascido 
atinge >6cm no corpo ou >9cm na 
cabeça 
• Lesão redonda a ovalada, 
pigmentação de marrom a preta. 
Superfície pode ser lisa, papulosa, 
verrucosa, cerebriforme ou lobular 
e muito comum ter Hipertricose. 
• As lesões maiores tendem a ser 
mais papulomatosas e maior 
variedade de cor 
• Áreas muito pigmentadas 
enegrecidas ou nodulares podem 
indicar malignidade 
HISTOPATOLOGIA 
Presença de infiltrados na derme reticular, 
infiltração dentro e ao redor dos anexos 
cutâneos, incluindo folículos pilosos e 
glândulas sudoríparas 
TRATAMENTO 
Individualizado, depende da localização do 
nevo, tamanho, aspecto clinico, presença 
de sintomas, preocupação dos pais, risco 
de acometimento neurológico e presença 
de fatores de risco para um melanoma 
NEVO MELANÓCITICO DISPLÁSICO 
• Sinônimo de nevo melanocítico 
atípico ou de Clark 
• Tem maior tamanho (>6mm), 
bordas irregulares, mal 
demarcadas e com apagamento 
gradual periférico, assimetria e 
variação de cor castanho claro, 
escuro e rósea 
• Pode ter componente papuloso no 
centro 
• Plano ou levemente elevado 
• ABCD do melanoma (assimetria, 
bordas irregulares, cor 
heterogênea, diâmetro >6mm) 
• Ocorre preferencialmente no 
tronco mas também no couro 
 
3 Júlia Cristine 
cabeludo e em regiões cobertas 
como o glúteos, púbis e mama. 
• Tender a surgir progressivamente 
na vida até mesmo depois dos 35 a 
40 anos 
• Quando tem-se múltiplos, 
respeitam um padrão sendo 
chamado de assinatura de nevos 
• É importante ver esse padrão, pois 
se houver uma lesão diferente das 
demais, pode-se tratar de um 
melanoma, sendo o sinal do 
patinho feio 
• Presença de mais de 100 nevos 
melanocíticos 
• Importante fator de risco para 
melanoma 
 
DERMATOSCOPIA 
• Imprescindível e primordial 
• Nevos respeitam um padrão e 
deve-se prestar atenção se houver 
lesões destoantes das demais 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Melanoma, queratose seborreica, 
queratose liquenoide, queratose actinica 
pigmentada, dermofibroma e os demais 
nevos melanocíticos 
TRATAMENTO 
• Remoção por estética ou 
desconforto, tendo como indicação 
principal, a suspeita clinica ou 
dermatoscópica de melanoma 
• Remove-se muitas lesões para 
avaliar e excluir possível 
melanoma, sendo necessário 
margem de 2mm, permitindo o 
estudo histológico de toda a 
espécime 
• Lesões com modificação de cor, 
tamanho ou aspecto, 
principalmente em menos de 3 
meses são consideradas para 
remoção 
MELANOMAS 
• Forma mais grave de câncer de 
pele, devido alta taxa de metástase 
• Origina-se de células da linhagem 
melanocitica, ocorrendo 
principalmente na pele, mas pode 
acometer olhos, ouvidos, TGI, etc. 
EPIDEMIOLOGIA 
• 3 a 4% dos tumores cutâneos 
malignos 
• Alta malignidade 
• Aumentou incidência nos últimos 
anos 
• Mais comum na faixa etária de 20 a 
50 anos. Acima dos 50 anos é mais 
comum em homens e abaixo dos 
40, mulheres 
• Maiores taxas na região Sul do 
Brasil 
ETIOLOGIA 
• Genética e história familiar 
• Radiação UV 
• Fenótipo → Caucasianos 
• Lesões precursoras → Pode 
desenvolver a partir de nevos 
como o displásico e congênito. O 
congênito gigante representa risco 
por toda vida, sendo excisado 
sempre que possível 
• Fatores de risco demográficos → 
Homem tem 1,6 mais risco. Idade 
>50 anos é mais incidente 
• História pessoal de melanoma 
• Imunossupressão 
FORMAS CLINICAS 
 
4 Júlia Cristine 
LENTIGO MALIGNO 
• Ocorre em geral na face ou áreas 
expostas ao sol, principalmente 
nos idosos. 
• Lesoa pre maligna obrigatoria para 
melatoma 
• Ocorre pela ação da luz solar sobre 
os melanócitos epidérmicos 
• Aumento da atividade dos 
melanócitos (melanose solar) → 
Proliferação de melanócitos 
atípicos na epiderme (melanose 
maligna) → invasão da derme 
pelas células atípicas (lentigo 
maligno) 
• Tem evolução mais favorável que 
melanomas com origem de células 
névicas 
• Mancha castanha a negra que 
estende lentamente, atingindo 
após anos vários cm. Bordas 
irregulares e pigmentação não 
uniforme. 
• Histopatologia mostra epiderme 
atrófica e retificada, com numero 
aumentado de melanócitos 
atípicos. Derme mostra 
degenerações da pele foto-lesada 
• Tratamento → criocirurgia, creme 
imiquimod ou exérese quando o 
histopatológico mostrar invasão na 
derme 
LENTIGO MALIGNO MELANOMA 
• Surge a partir do lentigo maligno 
• Ocorre em áreas expostas de 
idosos de pele clara 
• Evolução é lenta de 3 a 15 anos 
• Clinicamente sobre lesão de 
lentigo maligno, surgempápulas 
e/ou nódulos irregularmente 
pigmentados 
• Cresce horizontalmente 
• Histopato mostra ninhos e 
melanócitos atípicos na derme. 
Com evolução pode ocorrer 
invasão de linfonodos regionais 
• Tratamento é a exérese e 
linfadenectomia se comprometer 
linfonodos 
• Prognose favorável 
MELANOMA EXTENSIVO SUPERFICIAL 
• O que mais se associa com lesões 
nevicas prévias 
• Cresce horizontalmente 
• Forma mais frequente de 
melanoma 
• Mais frequente na 4 e 5ª década 
de vida 
• Mais frequente em tronco, dorso 
nos homens, e MMII nas mulheres 
• Lesão leve ou fracamente elevada, 
arciforme (em arco) com margens 
denteadas e coloração variada 
MELANOMA NODULAR 
• O segundo mais frequente 
melanoma 
• Lesão nodular ou em placa, ou 
polipoide de coloração negro 
azulada, evolução rápida 
• Mais frequente em tronco nos 
homens e pernas nas mulheres 
• Mais frequente na 5ª década de 
vida 
• Histologicamente mostra 
crescimento vertical com agressão 
predominantemente dérmica, 
formando lesões altas 
• Prognóstico mais desfavorável 
devido rápida evolução e 
considerável espessura 
MELANOMA LENTIGINOSO ACRAL 
• Raros na pele branca 
• A forma mais comum nos negros e 
asiáticos 
• Mais frequente em idosos, na 6ª 
década 
• Regiões palmares, plantares e 
falanges terminais 
 
5 Júlia Cristine 
• Fase de crescimento horizontal 
seguida de fase de crescimento 
vertical com grande potencial de 
metástase 
DIAGNÓSTICO 
• Anamnese e exame físico 
• 20 a 40% dos casos vem de lesões 
névicas preexistentes e 60 a 80% 
de ocorrer de novo 
• Reconhecimento do ABCDE do 
melanoma 
• Assimetria, bordas irregulares, 
coloração heterogênea, diâmetro 
(>6mm) e expansão 
HISTOPATOLOGIA - BIOPSIA 
• Exame para confirmar 
• Biopsia excisional e profunda com 
margem de 1-3mm (ir até a 
hipoderme), pois profundidade é o 
principal fator de prognóstico e 
tratamento porque é onde estão 
os vasos, nervos, etc onde o 
melanoma pode migrar e 
metastatizar. 
• A exérese total da lesão com 
margem de 1-3mm é mais 
adequada que uma simples biopsia 
incisional. 
• Biópsia por punch ou incisional 
indicada apenas quando a lesão é 
muito grande ou localização 
complicada da lesão. 
Profundidade da lesão de Clark 
I Melanoma 
confinado na 
epiderme e 
epitélio anexial. 
Melanoma in situ 
II Invasão papilar 
III Comprometimento 
de toda a derme 
até a transição 
derme reticular 
IV Invasão da derme 
reticular 
V Invasão da 
hipoderme 
 
• Espessura da lesão Breslow: 
o Medida da granulosa até a ultima 
célula neoplásica 
o 4 níveis 
▪ <1mm 
▪ 1-2mm 
▪ 2-4mm 
▪ >4mm 
• Diz respeito ao prognóstico, pois, 
quanto mais espesso o tumor, maior a 
probabilidade de metástase. Tumores 
de até 0,75mm são considerados “in 
situ” e, portanto, ainda não sofreram 
metástase. 
• Presença ou ausência de ulceração 
• Presença ou ausência de regressão 
• Situação das margens de segurança 
• Existência de lesão preexistente 
• Número de mitoses 
• Fase de crescimento (radial ou vertical) 
ESTADIAMENTO 
Avaliação do tumor primário com 
espessura de Breslow e ulceração; 
presença ou ausência de metástase para 
linfonodos regionais e metástase a 
distância 
4 níveis de Breslow (T1, T2, T2 E T4) 
A – Sem ulceração na lesão 
B – Com ulceração na lesão 
CONDUTA 
ESTADIOS IB E II – LESÃO PRIMÁRIA 
Cirurgia com as seguintes margens 
cirúrgicas: 
• Melanoma in situ →0,5cm 
• Melanoma 0,5-1,5mm →1cm 
• Melanoma 1,5-4mm →1-2cm 
• Melanoma acima de 4mm →2-3cm 
Pesquisas de linfonodos sentinela, 
 
6 Júlia Cristine 
ESTADIO III – LINFADENECTOMIA 
TERAPEUTICA DA REGIAO ENVOLVIDA 
Radioterapia adjuvante 
ESTADIO IV 
Quimioterapia citotóxica 
SEGUIMENTO 
OLHAR DIRETRIZ 
Estádio 0 → EF completo anual 
Estádio Ia, Ib, IIa → Anamnese e EF 
completos a cada 3 a 12 meses por 5 anos 
e a partir daí, uma vez ao ano 
Estádio IIb, IIc, III, IV → Anamnese e EF 
completos a cada 3 a 6 meses por 2 anos, 
depois 3 a 12 meses por 3 anos e depois 
anual 
EXAMES DE IMAGEM 
A partir do estágio III a cada 6 meses 
radiografia torácica intercalada com 
tomografia de tórax, abdome e pelve ou 
PET-TC e ressonância magnética de crânio. 
Conduta recomendada por 5 anos e após 
isso apenas se houver sintomas.

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