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1 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 OBJETIVOS 1. Descrever os principais tipos de câncer de pele 2. Descrever a epidemiologia e os fatores de risco do câncer de pele 3. Explicar a importância da exposição solar nestes tumores 4. Explicar como é feita a prevenção e rastreamento 5. Explicar as manifestações clínicas e como é feito o diagnóstico nos tipos de câncer de pele mais frequentes 6. Descrever os fatores prognósticos, estadiamento e o tratamento. REFERÊNCIAS • AZULAY, Rubem David; AZULAY David Rubem; ABULAFIA, Luna Azulay. Dermatologia. 6ª ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. • Site do INCA: Câncer de pele melanoma - versão para Profissionais de Saúde • Site do INCA: Câncer de pele não melanoma- versão para Profissionais de Saúde • INCA. Detecção Precoce do Câncer, 2021 ANATOMIA A pele é composta por epiderme, derme e hipoderme. A epiderme constitui-se de quatro camadas: córnea, granulosa, espinhosa e camada basal (ou germinativa). Dessa forma, a pele fornece proteção contra a radiação solar, através de alguns dos seus componentes, como: pelos, melanina e células de defesa. FOTOTIPOS De acordo com a sua sensibilidade e sua resposta quando exposta à radiação solar, a pele pode ser classificada em 6 fototipos de Fitzpatrick. Fototipo I – Pele branca que sempre queima, nunca bronzeia e é muito sensível ao sol; Fototipo II – Pele branca que sempre queima, bronzeia muito pouco e é sensível ao sol; Fototipo III – Pele morena clara que queima moderadamente, bronzeia moderadamente e possui sensibilidade normal ao sol; Fototipo IV – Pele morena moderada que queima pouco, sempre bronzeia e possui sensibilidade normal ao sol; Fototipo V – Pele morena escura que queima raramente, sempre bronzeia e é pouco sensível ao sol; Fototipo VI – Pele negra que nunca queima e nunca bronzeia, porque é totalmente pigmentada e é insensível ao sol. INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLOGIA O câncer de pele pode ser dividido em melanoma e não melanoma, visto que, o não melanoma são ainda subdividos em carcinomas basocelulares e os espinocelulares. Câncer de pele não melanoma Carcinoma basocelular É o tipo mais comum no Brasil (30% de todos os tumores malignos registrados no país) e no mundo. É originado de células basais da epiderme (representa cerca de 80% dos cânceres de pele) Câncer de Pele Problema 09 2 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Os CBCs surgem mais frequentemente em regiões expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. Entre os tumores de pele, é o mais frequente e de menor mortalidade (o risco de metástase é de menos de 1%) Mais comum em pessoas com mais de 40 anos, o câncer de pele é raro em crianças e negros. carcinoma espinocelular É o 2° segundo mais prevalente dentre todos os tipos de câncer (corresponde a cerca de 20% dos cânceres cutâneos) Manifesta-se nas células escamosas, que constituem a maior parte das camadas superiores da pele. Pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora seja mais comum nas áreas expostas ao sol, como orelhas, rosto, couro cabeludo, pescoço etc. O CEC é 2x mais frequente em homens do que em mulheres. Ocorre com mais frequência após a 6+ década de vida (é mais tardio que o CBC) O risco de metástase é de 6%, mas, quando ocorre sobre cicatrizes, este risco aumenta para 40%. Câncer de pele melanoma Tem origem nos melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina (representam cerca de 1% dos cânceres de pele) É o tipo mais grave, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase. É mais frequente em adultos brancos e é raro em negros (nestes, a localização frequente é palmoplantar); Incidem com maior frequência em áreas mais próximas à região do Equador, o que sugere uma ação etiológica solar, pelo menos na raça branca. Na Austrália, onde dois fatores importantes estão reunidos (pele clara e muito sol), ocorre o maior índice de melanomas do mundo. No Brasil, a maior incidência ocorre em Santa Catarina, e no Rio Grande do Sul (8,2/100.000 entre os homens e 7,2/100.000 entre as mulheres), sendo o pico de ocorrência aos 70 anos. Os melanomas tendem a ocorrer depois da puberdade e são mais comuns em adultos jovens (pico entre 30 e 40 anos), com exceção do lentigo maligno, que surge depois dos 50 anos de vida. Antes dos 60 anos há uma distribuição mais frequente no tronco entre os homens e nos membros inferiores entre as mulheres. No sexo feminino, o prognóstico é melhor em todos os estágios do melanoma (ainda não existe uma explicação) A taxa de mortalidade do melanoma da pele é 3x maior que o número de mortes de todas as demais neoplasias cutâneas em conjunto. Apesar da taxa de mortalidade do melanoma aumentar de acordo com a faixa etária, sua proporção em relação às outras neoplasias cutâneas cai para 44% nos indivíduos com mais de 85 anos, excetuando-se os casos de lentigo maligno. FATORES DE RISCO Exposição solar A radiação solar possui um espectro muito amplo, mas o subtipo que mais causa dano à pele é a radiação ultravioleta (UV), que pode ser UVA ou UVB. A radiação UVA penetra até a derme e é constante durante o dia, sendo responsável pelas lesões de foto-envelhecimento. Já a radiação UVB é aquela presente principalmente nos horários de 10 às 16 horas, que acomete as camadas mais superficiais da pele e causa as queimaduras solares. A pele mais vulnerável é aquela que nunca se pigmenta, isto é, que apenas se torna eritematosa após exposição solar, fototipo I. Profissões de maior exposição às radiações (médicos, técnicos, marinheiros e lavradores) entram como fator de risco. 3 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Essa duração da exposição solar durante a vida que justifica a maior frequência de carcinoma entre os homens; em determinadas regiões onde o homem é quem, por decorrência profissional, mais se expõe ao sol, a diferença é grande (16/1) com relação às mulheres. Em outras regiões onde ambos se expõem igualmente ao sol, essa diferença é nula. Exposição ao arsênico; existe um alto índice de ceratose, de doença de Bowen, de CEC e, até mesmo, CBC em pessoas que residem em áreas cuja água é rica em arsênico, ou em pessoas que, no passado, ingeriram arsênico como terapêutica (licor de Fowler). História prévia de câncer de pele História familiar de melanoma: Estima-se que 5 a 12% dos melanomas cutâneos ocorram em indivíduos com história familial de melanoma, os quais são denominados de melanoma familial que, em geral, são mais precoces, menos espessos e múltiplos. Câmaras de bronzeamento artificial também são fontes de radiação UV e estão associadas ao melanoma. No Brasil, desde 2009, essas câmeras foram proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária Mais recentemente, a associação do melanoma com a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) tem sido relatada, sendo as lesões frequentemente descritas como atípicas, múltiplas ou metastáticas. DERMATOSES PRÉ-CANCEROSAS Ceratose actínica É a lesão pré-maligna mais comum. Este tipo de lesão tem potencial risco de transformação em carcinoma espinocelular (CEC). É conhecida também com o nome de ceratose senil, por aparecer na idade avançada; não é sinal de velhice e, sim, manifestação de irradiação solar cumulativa, progressiva, persistente e duradoura; daí a sua localização preferencial nas áreas expostas ao sol (face, pescoço, mãos e braços) É, em geral, múltipla e caracteriza-se por pequenas lesões discretamente salientes, de coloração acastanhada, com superfície rugosa; àsvezes, o aspecto é de lesão atrófica e eritematosa com descamação. O tratamento consiste na retirada com cremes (imiquimod ou 5-fluorouracil) ou através da criocirurgia (com nitrogênio líquido) ou da curetagem (exérese mecânica) Corno cutâneo Lesão com aspecto de chifre que corresponde ao acúmulo de material queratinizado. Abaixo dele pode haver lesões malignas ou benignas, mas como não é possível diferenciá-las, deve ser feita a excisão. Seu tamanho varia de alguns centímetros a decímetros, podendo atingir as dimensões e o aspecto de um verdadeiro chifre. Queilites É preciso atenção, sobretudo, para a queilite actínica ou para sua forma mais evolutiva (queilite Corno cutâneo cuja base era ceratose actínica Corno cutâneo cuja base era CEC Corno cutâneo cuja base era verruga vulgar 4 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 abrasiva pré-cancerosa de Manganotti), que se caracteriza por eritema, descamação, fissuras e erosão do lábio inferior, com acentuação após exposição solar e, consequentemente, piora durante o verão; Em cerca de 10 a 20% dos casos, ocorre a transformação para CEC. Doença de Bowen Na verdade, não é uma lesão pré-maligna, e sim um carcinoma espinocelular in situ, possui risco de invasão de 5% e se caracteriza por ser uma lesão eritematoescamosa, bordas bem delimitadas porém irregulares, superfície por vezes velvética, outras vezes exsudativa, pouco infiltrada, com crescimento centrífugo lento. Em cerca de 20% dos pacientes, as lesões são mú ltiplas. Eritroplasia de Queyrat É a denominação dada à lesão aveludada, em placa, localizada no pênis, em geral de homens não circuncidados. Ulceração, sangramento e vegetação são sinais de transformação para CEC que ocorrem em cerca de 10% das lesões. HISTOLOGIA NÃO MELANOMA Carcinoma basocelular Os núcleos são grandes, uniformes, pouco anaplásicos e com raras mitoses; as células não apresentam pontes intercelulares. O tumor pode apresentar diferenciação ou não. Quando indiferenciado, é dito sólido e é a Apresentação mais frequente; neste caso, ser denominado indiferenciado não guarda nenhuma relação com agressividade, ao contrário de todas as demais neoplasias. A diferenciação ocorre no sentido dos anexos: pelo (ceratótico), glândulas sudoríparas (adenoide) e glândula sebácea (cístico). Carcinoma espinocelular O aspecto histopatológico do CEC é o de uma hiperplasia, em ninhos ou cordões, de células epiteliais com certa tendência à ceratinização e com anaplasia celular, invadindo a derme; as pérolas córneas são muito expressivas. Quanto mais desdiferenciada a neoplasia, maior a sua malignidade; daí a classificação de Broders em quatro grau. CBC indiferenciado. Observam- se massas de células basofílicas, paliçada periférica e retração justatumoral. CBC superficial. Observam-se múltiplos brotos a partir da epiderme de células basofílicas, paliçada periférica e retração justatumoral. CBC esclerodermiforme. Observam-se, na derme, numerosos agregados de células tumorais,alongados e estreitos, por entre as fibras colágenas, o que o torna infiltrativo 5 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 MELANOMA No melanoma, as principais características histopatológicas são assimetria da arquitetura, margens mal definidas e perda da arquitetura névica, com variação no tamanho e na forma dos ninhos; As células são volumosas, com núcleos atípicos, hipercromáticos,e nucléolos proeminentes. CLASSIFICAÇÕES E QUADRO CLÍNICO NÃO MELANOMA Carcinoma basocelular A lesão mais característica do CBC é a lesão “perolada”, ou seja, lesão papulosa translúcida e brilhante de coloração amarelo-palha, que é frequente em quase todas as suas manifestações clínicas. Em torno das lesões, não há inflamação. A localização preferencial é na região cefálica (cerca de 90%), seguida do tronco e, finalmente, dos membros. Papulonodular, globosa ou nodulocística A pápula é a lesão inicial (alguns milímetros, com aspecto perolado); seu crescimento, após anos, leva à forma globosa ou nodular, que pode medir vários centímetros e que, se não for tratada, certamente ulcerará. É a apresentação mais comum. Ulcerada Pode iniciar-se já como pequena úlcera ou em consequência do crescimento da forma globosa; A inflamação é mínima, e a secreção serosa é praticamente inexistente; a borda, no entanto, é sempre perolada. Terebrante (ulcus rodens) É uma forma ulcerada com invasão rápida, provocando grande destruição do maciço central da face, reunindo em um só orifício boca e fossas nasais; instala-se, assim, a síndrome da gangosa. Outras vezes, a forma terebrante destrói o globo ocular, podendo invadir até mesmo a calota craniana. Melanoma in situ. Melanócitos atípicos, com amplo citoplasma claro, agrupados em ninhos ou isolados e confinados na epiderme. Processo inflamatório na derme. CBC – forma papulonodular. Observe o “brilho perolado” da lesão. CBC – forma noduloulcerada. Observe, além da perolação da lesão, numerosas telangiectasias CEC – massas de células escamosas invadindo a derme: pérolas córneas. 6 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Plano cicatricial É relativamente superficial e cresce centrifugamente, de modo que a parte central apresenta um aspecto cicatricial e a periferia é sempre perolada. Na lesão, podem ocorrer microulcerações com cicatrização posterior e, assim, ir crescendo. É relativamente comum na região orbitária. Superficial, eritematosa ou pagetoide É representada por área geralmente oval, eritematoescamosa ou superficial, lembrando o lúpus eritematoso; a borda é nítida, no entanto, delimitada por um cordão muito fino, nem sempre perceptível. É mais frequente no tronco; tem certa correlação com a ingestão de arsênico; lembra a doença de Bowen (DB). É a apresentação do CBC própria dos pacientes submetidos à radioterapia, porém sem evidências clínicas de radiodermite. Na patologia, há vários brotos superficiais do tumor, a partir da epiderme. Esclerodermiforme, fibrosante ou morfeia-símile Assemelha-se a uma placa de esclerodermia, e a borda não é nítida nem perolada; a superfície é lisa e brilhante, de cor amarelada; à palpação, sente-se certo grau de dureza devido à fibrose; É uma forma rara, de limites pouco definidos e infiltrativa. É altamente recidivante. Pigmentada Trata-se de uma lesão papulosa, globosa ou ulcerada, com grande quantidade de melanina, o que provoca certa confusão com o melanoma. É mais comum em negros Vegetante É muito rara CBC – forma terebrante CBC – forma plano cicatricial. CBC – forma superficial. A. Observe discreta pigmentação na periferia. CBC – forma pigmentada 7 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Carcinoma espinocelular Pode surgir em pele sã, embora origine-se mais frequentemente em pele alterada por um processo anterior. A lesão inicial surge como uma pequena pápula com certo grau de ceratose. Seu crescimento é mais rápido do que nos CBC, isto é, se processa em função de semestres: ocorre no sentido vertical para fora (vegetante) ou para dentro (invasão para a derme e hipoderme); O crescimento pode ser no sentido longitudinal, resultando em área de infiltração mais palpável do que visível, o que é relativamente comum no lábio inferior e em mucosas, de maneira geral. Além do crescimento, um ponto de referência importante é o sangramento discreto, embora frequente. As localizações mais comuns são as áreas expostas ao sol, sobretudoface e dorso das mãos; o tronco (dependendo dos hábitos e da raça). Em geral e com certo valor prático, verifica-se que os carcinomas acima de uma linha que vai da comissura labial ao lóbulo da orelha são CBC, enquanto os abaixo são CEC; Ao contrário dos CBC, os CEC localizam-se, com certa frequência, em mucosas e semimucosas (boca, lábio inferior, glande e vulva). MELANOMA Os melanoma pode advir de lesão preexistente como NMC, nevos displásicos, nevus spilus e proliferações melanocíticas de mucosas e extremidades ou névicas. Modificações indicadoras de malignização são: sensação de prurido, alterações da pigmentação e do crescimento assimétrico da lesão, inflamação, ulceração e sangramento; um sinal indubitável é o derrame de pigmento além das bordas da lesão; quando ultrapassa a borda do tecido periungueal tem-se o sinal de Hutchinson Também podem surgir ab initio em pele sã. Nesse caso, surge uma pequena mancha hipercrômica, com crescimento lento, às vezes apenas em superfície, entretanto, outras vezes, também em profundidade, originando-se uma pápula e, depois, um nódulo. Devem ser considerados dois tipos de crescimento: o horizontal (expansão em superfície), que ocorre na maioria das lesões por um tempo que pode ser longo (até mesmo muitos anos); e o vertical (expansão para a profundidade) sendo esta última a mais grave. Na fase de crescimento vertical, com exceção do melanoma nodular, os melanomas passam por um período denominado microinvasivo, quando as células tumorais ainda não apresentam capacidade de metastatização. Classicamente, o melanoma é dividido em quatro formas clínicas: lentigo maligno, melanoma extensivo superficial, nodular e acral. Lentigo maligno: Idade média: 70 anos CBC- forma vegetante. Observe o “brilho perolado” da lesão. CEC – lesão ulcerada com ceratose central em pele fotoenvelhecida. CEC – pé. CEC – lábios 8 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Sexo: 2F/1M Duração média: 5 a 20 anos Principais localizações: Cabeça, pescoço, dorso e mãos Lesão: Maculosa com margem irregular, grandes diâmetros Cor: Diferentes tonalidades, castanho ao preto; hiperpigmentação frequente Padrão de crescimento: Radial com vertical tardio (5%) Histologia: Pleomorfismo celular, com melanócitos bizarros lados a lado, sobretudo na região basal Prognóstico: Bom Melanoma extensivo superficial Idade média: 45/55 anos Sexo: Indiferente Duração média: 1 a 5 anos Principais localizações: Dorso, em homens; membros inferiores, em mulheres Lesão: Maculopápula com margem pouco menor que 2,5 cm; comum hipopigmentação, halo irregular Cor: Diferentes tonalidades, do castanho ao preto acinzentado e róseo Padrão de crescimento: Período longo radial, seguido tardiamente de vertical Histologia: Distribuição intradérmica difusa de grandes melanócitos atípicos que lembram as células de Paget. Prognóstico: Moderado Melanoma nodular Idade média: 45 anos Sexo: 2F/1M Duração média: Meses Principais localizações: Dorso, cabeça e pescoço Lesão: Nódulo hemisférico ou lesão ulcerovegetante Cor: Negra Padrão de crescimento: Vertical precoce Histologia: Invasão da derme profunda e, até mesmo, da hipoderme Prognóstico: Ruim Melanoma acral Idade média: 50/60 anos Sexo: Indiferente Duração média: 1 a 10 anos Melanoma extensivo superficial Variação de cor com área de regressão e satelitose. Áreas de nodulação e acromia Melanoma nodular amelanótico. Melanoma lentigo maligno. 9 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Principais localizações: Extremidades digitais com predileção sobretudo pelo polegar ou 1º pododáctilo; peri ou subungueal e palmoplantar Lesão: Mancha negra inicial; depois, nódulo ou ulceração Cor: Negra Padrão de crescimento: Horizontal e, mais tarde, vertical Histologia: Semelhante ao do lentigo maligno, com cones alongados e hiperceratose Prognóstico: Ruim Obs: Qualquer das formas clínicas, com o tempo, pode ulcerar e sangrar e pode tornar-se, parcial ou totalmente, acrômica (melanoma amelanótico). Os melanomas amelanóticos, em geral, são mais espessos, provavelmente pela demora em se reconhecer a lesão como maligna. Acredita-se que, pelo fato de serem incapazes de produzir melanina, que é sua função básica, essas células estariam em um estágio tal de indiferenciação que teriam maior capacidade de metastatização, justificando seu comportamento mais agressivo. Outros tipos histológicos menos frequentes são os melanomas desmoplásicos, neurotrópicos que se caracterizam por serem localmente agressivos e com altos índices de recorrência, em torno de 25%. Clinicamente, esses melanomas manifestam-se como mácula pigmentada com ou sem componente nodular ou, então, como um nódulo eritematoso despigmentado, podendo assemelhar-se a lesões cicatriciais. DIAGNÓSTICO Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de pele melanoma na população geral traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado. O diagnóstico é feito a partir dos principais sinais e sintomas através da regra do ABCDE. • Assimetria: uma metade do sinal é diferente da outra; • Bordas irregulares: contorno mal definido; • Cor variável: presença de várias cores em uma mesma lesão (preta, castanha, branca, avermelhada ou azul); • Diâmetro: maior que 6 milímetros; • Evolução: mudanças observadas em suas características (tamanho, forma ou cor). Atualmente a dermatoscopia é uma ferramenta fundamental no diagnóstico precoce, que torna possível identificar, de imediato, a origem celular da lesão e, no caso de lesão melanocítica, se é benigna ou maligna, a não ser nos casos limítrofes, o que é frequente. Entretanto, ela precisa ser complementada com o exame histopatológico (biópsia), que além de confirmar o diagnóstico apontará a indicação precisa do tratamento. A biópsia deve incluir a parte mais elevada da lesão e a mais pigmentada nas planas. imuno-histoquímica: é um método de extrema valia na identificação da natureza da linhagem celular da lesão. São dois os marcadores mais utilizados: a proteína S100 e o HMB-45. O HMB-45 é específico para lesões melanocíticas, porém é negativo em melanomas desmoplásicos, enquanto a proteína S100 é positiva. Esta, por sua vez, também é positiva para células de Langerhans, nervos, células de Schwann, condrócitos, glândulas écrinas, apócrinas, bem como nos respectivos tumores. Infelizmente esses marcadores não tornam possível diferenciar se a lesão melanocítica é maligna ou benigna. Reação de transcriptase reversa associada à reação em cadeia da polimerase (RT-PCR): Melanoma acral Melanoma acral com sinal de Hutchinson 10 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 detecção de micrometástases no linfonodo sentinela, demonstrando maior sensibilidade em relação às análises imuno-histoquímicas (S100 e HMB-45) e histopatológicas (HE). ESTADIAMENTO A pesquisa do linfonodo sentinela é uma importante ferramenta para o estadiamento do melanoma, porém, até o momento, não há comprovação consistente de que ela ocasione um aumento da sobrevida desses pacientes. A ulceração tem sido descrita como o melhor indicador de probabilidade do envolvimento linfonodal, sendo capaz de redefinir o estágio do melanoma entre A e B e, junto ao número aumentado de mitoses, ajudar a definir os tumores finos, menores que 1 mm de espessura, como de mau prognóstico. No Brasil, o Grupo Brasileiro de Melanoma (GBM) definiu como tumores finos os menores que 0,76 mm; os intermediários, entre 0,76 e 4 mm; e os espessos, maiores que 4 mm. TRATAMENTONÃO MELANOMA Cirurgia excisional: remoção do tumor com um bisturi, e também de uma borda adicional de pele sadia, como margem de segurança. A técnica possui altos índices de cura, e pode ser empregada no caso de tumores recorrentes. Curetagem e eletrodissecção: usadas em tumores menores, promovem a raspagem da lesão com cureta, enquanto um bisturi elétrico destrói as células cancerígenas. Não recomendáveis para tumores mais invasivos. Criocirurgia: promove a destruição do tumor por meio do congelamento com nitrogênio líquido. Não há cortes ou sangramentos. Também não é recomendável para tumores mais invasivos. Cirurgia a laser: remove as células tumorais usando o laser de dióxido de carbono ou erbium YAG laser. Por não causar sangramentos, é uma opção eficiente para aqueles que têm desordens sanguíneas. Cirurgia Micrográfica de Mohs: o cirurgião retira o tumor e um fragmento de pele ao redor com uma cureta. Em seguida, esse material é analisado ao microscópio. Tal procedimento é repetido sucessivamente, até não restarem vestígios de células tumorais. A técnica preserva boa parte dos tecidos sadios, e é indicada para casos de tumores mal-delimitados ou em áreas críticas principalmente do rosto, onde cirurgias amplas levam a cicatrizes extensas e desfiguração. Terapia Fotodinâmica (PDT): o médico aplica um agente fotossensibilizante, como o ácido 5- aminolevulínico (5-ALA) na pele lesada. Após algumas horas, as áreas são expostas a uma luz intensa que ativa o 5-ALA e destrói as células tumorais, com mínimos danos aos tecidos sadios. Além das modalidades cirúrgicas, a radioterapia, a quimioterapia, a imunoterapia e as medicações orais e tópicas são outras opções de tratamentos para os carcinomas. MELANOMA 11 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 O tratamento da lesão primária consiste na ampliação das margens cirúrgicas da biopsia excisional prévia. A extensão dessa ampliação é determinada pela espessura do tumor. Embora não tenha cura, o tratamento do melanoma avançado evoluiu muito nas últimas décadas; hoje já é possível viver por mais tempo e com mais qualidade, controlando a doença em longo prazo. Para isso, é importante que os pacientes passem por testes genéticos capazes de determinar quais mutações apresentam (como BRAF, cKIT, NRAS, CDKN2A, CDK4), possibilitando, assim, a escolha dos tratamentos que podem trazer melhores resultados em cada caso. Mais de 90% dos pacientes com a alteração genética BRAF, por exemplo, podem se beneficiar do tratamento com terapia-alvo oral, capaz de retardar a progressão do melanoma e melhorar a qualidade a vida. PROGNÓSTICO NÃO MELANOMAS Carcinoma basocelular A evolução é extremamente lenta (até vários anos); o prognóstico só passa a ser ruim dependendo da localização e da manifestação clínica (destruição da órbita ou do maciço central da face nas formas terebrantes). A ausência de metástase no CBC é a regra (0,0028 a 0,55%); quando ocorre, se faz para os linfonodos, pulmão, ossos e fígado. Neste caso, o prognóstico muda radicalmente com sobrevida média de 8 a 14 meses; 10% apresentam sobrevida de 5 anos. Carcinoma espinocelular A evolução do CEC é lenta, no entanto, bem mais rápida que a do CBC. Seu prognóstico é mais grave que o do CBC, em virtude de possibilidade, mais cedo ou mais tarde, de metastatização. A frequência de metástase do CEC varia de acordo com a lesão que lhe deu origem; assim: ceratose actínica 0,5%; cicatriz de queimadura 17%; radiodermite crônica 20%; e fístula de osteomielite crônica 31% MELANOMAS As metástases ocorrem por via linfática, nas adjacências do tumor (microssatelitose e lesõessatélite)e nos gânglios regionais; por via sanguínea, atingem, com maior frequência, a pele, os pulmões, o fígado e o encéfalo. Fatores prognósticos desfavoráveis incluem a localização na cabeça, no pescoço e no tronco, o sexo masculino e a idade superior a 60 anos, a intensidade da infiltração linfocitária, o tipo histológico, a regressão tumoral, o índice mitótico, a microssatelitose, o tipo celular predominante, os marcadores imuno-histoquímicos e a citomorfometria nucleolar. PREVENÇÃO Para a prevenção do câncer de pele e de outras lesões provocadas pelos raios UV, é necessário evitar a exposição ao sol sempre que possível, principalmente nos horários mais intensos, ou seja, das 10 às 16 horas.sem proteção. Se a exposição for inevitável, deve-se incentivar o uso de chapéus, guarda-sóis, óculos escuros, camisas de mangas longas e filtros solares durante qualquer atividade ao ar livre. Áreas de sombra reduzem em até 50% a intensidade das radiações UV. A cada 300 metros de altitude, aproximadamente, aumenta em 4% a intensidade da vermelhidão produzida na pele pela luz ultravioleta. A neve, a areia branca e as superfícies pintadas de branco É recomendado que durante a exposição ao sol sejam usados filtros com FPS 15 ou mais e que protejam também contra os raios UV-A. Os filtros solares devem ser aplicados 30 minutos antes da exposição ao sol e reaplicados a cada 2 horas ou após nadar, suar e se secar com toalhas. 12 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021
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