Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DENGUE doença febril aguda, viral, transmitida por mosquito arbovirose + comum do planeta Flavivirus, RNA, sorotipos 1, 2, 3, 4 e 5 (único ausente no BR) Vetor: - fêmea do Aedes aegypti → diurno e vespertino - na Ásia há também o Aedes albopictus Fêmea: ovos na água (resistem por até 1 ano) < larvas < mosquitos (autonomia de até 200m) ciclo humano - mosquito - humano humano = fonte de infecção e reservatório Mortes por dengue hemorrágica ocorrem especialmente em crianças de países tropicais Ciclo evolutivo: ciclo intrínseco = no humano + ciclo extrínseco = no vetor - no período de viremia, mosquito pica o homem e se contamina - na fêmea, há multiplicação viral no TGI e após 8-12 dias chega às glândulas salivares - permanece por 6-8 sem - no humano, PI 3-15 dias - 1ª replicação é nos linfonodos locais, céls musculares estriadas, lisas e fibroblastos - plasma - macrófagos = céls alvo do vírus Possibilidade de transmissão vertical do sorotipo 2 Fisiopatogenia infecção primária = imunidade ao sorotipo específico e imunidade cruzada temporária resposta humoral + citotóxica acometimento do nervo oculomotor febre hemorrágica: histamina < complemento < aumento da permeabilidade vascular elevação de TNFa < plaquetopenia extravasamento de proteína teorias: - Rosen: cepa mais virulenta - Halstead: resposta a 2ª infecção é exacerbada, causando doença mais grave - Multicausalidade: - fatores individuais = < 15 anos, lactentes, mulheres, brancos, bom estado nutricional, doenças crônicas - fatores virais = sorotipos circulantes, virulência - fatores epidemiológicos = 3m - 5 anos desde a última infecção, população suscetível, vetor eficiente, circulação de mais de 1 sorotipo Viremia = 1 dia antes da febre - 6° dia de doença Quadro clínico: FEBRE ALTA DE INÍCIO ABRUPTO POR 2-7 DIAS + 2 OU MAIS CRITÉRIOS: FASE FEBRIL: 1-3° dia - desidratação - pico da viremia FASE DE DEFERVESCÊNCIA DA FEBRE = 3°-7° dia de doença → fase crítica - aumento do Ht + aumento da permeabilidade capilar - leucopenia + plaquetopenia - DP, ascite - choque em 4-5 dias - acidose, CIVD FASE DE RECUPERAÇÃO = a partir do 6° dia - reabsorção e sobrecarga de fluidos - recuperação de plaquetas e Ht - sorologia+ Prova do laço = fragilidade capilar - realizar se não há sangramento espontâneo - quadrado de 2,5cm, manter inflado por 5min ou até aparecerem petéquias/equimoses na média entre PAs e PAd - é positiva se > 20 petéquias Classificação: Dengue clássica: febre alta abrupta por 2-7 dias + pelo menos 2 critérios abaixo: - N/V - exantema maculopapular na face, tronco e membros, geralmente com o desaparecimento da febre, prurido - mialgia, artralgia, astenia - cefaleia retro-orbitária - petéquias, prova do laço+ - leucopenia com linfocitose Plaquetopenia geralmente leve Ht costuma estar normal TGO até 2-3x LSN Diarreia pode ocorrer, 3-4x/dia, pastosa Duração de 5-7 dias, podendo se prolongar por várias semanas Dengue com sinais de alarme: antes de se tornar grave, no declínio da febre (fase de defervescência) - dor abdominal intensa e contínua, dor a palpação de abdome - vômitos persistentes - acúmulo de líquidos = ascite, DP, derrame pericárdico - sangramento de mucosas - letargia, irritabilidade - hipotensão postural/ lipotímia - hepatomegalia > 2 cm - aumento progressivo do Ht Dengue grave: - choque (extravasamento de plasma) = taquicardia, extremidades frias, TEC > 3s, pulso débil, PA convergente, hipotensão, IRpA, oligúria (< 1,5 ml/kg/h) - sangramento grave = hematêmese, melena, metrorragia, epistaxe, sangramento SNC - comprometimento de órgãos = TGO ou TGP > 1000, alteração de consciência, miocardite Caso suspeito de dengue: área endêmica + febre por 2-7 dias + pelo menos 2 manifestações clínicas Caso confirmado de dengue: caso suspeito de dengue + confirmação laboratorial Exames específicos: Identificação do agente etiológico: - isolamento viral: P.O., até o 5° dia de doença - RT-PCR: diagnóstico precoce - antígeno NS1: a partir do 1° dia de doença, ideal até o 3° dia, baixa S e alta E - histopatologia - imunohistoquímica Pesquisa de anticorpos contra o agente etiológico: - sorologia IgM: se negativo entre 6-10 dias de doença não exclui o diagnóstico → recoleta entre 11-30° dias - IgG - hemaglutinação Solicitar sempre que em períodos não epidêmicos ou a partir do grupo C de períodos epidêmicos Exames inespecíficos: - HMG = acm se grupo A, obrigatório a partir do grupo B → avaliar hemoconcentração - Alb, TGP, TGP, Rx tórax, US abd = a partir do grupo C - Glicose, cr, ur, eletrólitos, GA, TP, KTTP, ecocardio = acm a partir do grupo C Estadiamento: Grupo A: não é B/C/D → atendimento conforme horário de chegada = ambulatório Grupo B: sangramento de pele, prova do laço+, risco social, comorbidade (DVC, DM2, DPOC, doença hematológica crônica, DRC, doenças autoimunes), gestante, < 2 anos ou > 65 anos → prioridade não urgente = labs + observação Grupo C: sinais de alarme → urgência, atendimento o mais rápido possível = enfermaria Grupo D: grave → emergência, atendimento imediato = UTI Tratamento = suporte Critérios para internação: - grupos C ou D - recusa na ingestão de líquidos e alimentos - comprometimento respiratório = dor torácica, dificuldade respiratória, redução de MV - impossibilidade de seguimento na ESF - comorbidades descompensadas = ICC, Dm2, HAS, crise asmática Grupo A: - 60 ml/kg/dia, sendo ⅓ de SRO e ⅔ de demais líquidos - reavaliar no 3-6° dia de doença (início da fase crítica) o se sinais de alarme - não é necessário confirmação diagnóstica - paracetamol, dipirona, metoclopramida, bromoprida, dexclorfeniramina, cetirizina, hidroxizina, loratadina Grupo B: - exames complementares em 2-4h + hidratação oral conforme grupo A - Ht normal = tto ambulatorial + reavaliação clínica diária + HMG diário até 48h após queda da febre + repouso - se sinais de alarme = tto de grupo C + repetir Ht em 4h + repouso Grupo C: - internação por no mínimo 48h + exame confirmatório de dengue - fase de expansão = 10ml/h EV por 2h + repetir Ht após essas 2h - HMG + Alb + TGO + TGP - Rx tórax em PA + P + Laurell - US abd - acm = glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, GA, TP, ecocardio - monitorar SV e diurese (manter 1 ml/kg/h) - fase de expansão pode ser repetida até 3x, conforme resposta clínica e do Ht - fase de manutenção: 25 ml/h por 6h + 25ml/h em 8h (⅓ SF + ⅔ SG) - se sem melhora, partir para grupo C Critérios para alta hospitalar: - estabilização hemodinâmica por 48h + - ausência de febre por 48h + - melhora do quadro clínico + - Ht normal e estável por 24h = - plaq em elevação e > 50mil - após alta, reavaliação clínica diária + HMG diário até 48h após queda da febre + repouso Grupo D: - UTI + labs + Rx + US abd + exame confirmatório de dengue - fase de expansão: 20ml/kg em 20min (por até 3x) + repetir Ht em 2h - fase de expansão do grupo C + fase de manutenção do grupo D ou, se sem resposta - Ht aumentando + choque = Alb 0,5-1 g/kg (75ml SF + 25ml Alb 20%) - Ht em queda + choque: - se hemorragia, CHAD (10-15ml/kg/dia) - se CIVD, PFC 10ml/kg + vitK + crioprecipitado (1U : 5-10kg) - se sangramento persistente, trombocitopenia e INR > 1,5, transfundir plaquetas - tratar ICC, hipervolume - se necessidade de inotrópicos no choque: - dopamina 5-10 ug/kg/min - dobutamina 5-20 ug/kg/min - milrinona 0,5-0,8 ug/kg/min Monitorização: diurese, SV e Ht Medicamentos contra-indicados: - AAS - AINE Situações especiais: Insuficiência cardíaca: CF I = hidratação normal CF II e III: - oligúrico/hipoperfusão sem congestão = 10ml/kg em 30 min (até 3x) - oligúrico/hipoperfusão com congestão = 10m/kg + dopamina ou noradrenalina ou dobutamina (disfunção ventricular) - manutenção: após normalização do DU e PA, 15-25 ml/kg 12/12h CF IV = UTI Hipertensão arterial: suspender diurético e vasodilatador se desidratação ou hipovolemia risco de hipertensão rebote com uso de BB e clonidina Distúrbios da coagulação, hemorragias e uso de hemoderivados: transfusão de plaquetas (1 UI : 10 kg acada 8-12h) se: - < 50 mil + sangramento SNC ou TGI - < 20 mil + sangramento ativo importante PFC (10 ml/kg a cada 8-12h) + vitK se sangramento + INR > 1,25 CHAD (10 ml/kg) se hemorragia + instabilidade hemodinâmica Uso de antiagregantes plaquetários: AAS + clopidogrel + stent farmacológico < 6 meses ou stent convencional < 1 mês - plaq > 50 mil = manter dupla antiagregação + hmg diário + tto grupo B - plaq 30-50 mil = manter dupla antiagregação + hmg diário + internação - < 30 mil = suspender dupla antiagregação + hmg diário + internação AAS + stent farmacológico > 6 meses ou stent convencional > 1 mês ou profilaxia secundária - plaq > 50 mil = manter AAS + hmg diário + tto grupo B - plaq 30-50 mil = manter AAS + hmg diário + internação - < 30 mil = suspender AAS + hmg diário + internação suspender se sangramento moderado-grave transfusão, se necessário, de 1 Ui : 10 kg plaquetas Uso de varfarina: - plaq > 50 mil = tp + hmg diários - plaq 30-50 mil = trocar varfarina por HNF + internação - < 30 mil = suspender varfarina + hmg + tp diários + internação se sangramento grave, 15 ml/kg PFC até INR < 1,5 + 10 ml vitK VO
Compartilhar