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Infectologia - 8º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela Dengu�: AGENTE ETIOLÓGICO: Vírus arbovírus de RNA com filamento único, esférico e envelopado; gênero Flavivirus; família Flaviviridae (mesma do vírus da febre amarela) Há 4 sorotipos: DENV-1, DENV-2, DEV-3, DENV-4. EPIDEMIOLOGIA: Incidência tende a ser maior no verão (período quente e úmido, favorecendo a proliferação do vetor). Américas: praticamente todos os países, exceto Canadá e Chile por razões climáticas e de altitude. Transmissão pelo vetor: Vetores hematófagos: Aedes aegypti (espécie adaptada ao meio urbano) e Aedes albopictus (mantém a endemia asiática). Principal reservatório: homem Criadouros para as larvas do mosquito: qualquer água parada Aedes aegypti: ● Adquire o vírus se alimentando do sangue de um indivíduo infectado, na fase de viremia (um dia antes de aparecer a febre até o 6º dia de doença); ● Período da capacidade de transmissão: após 8-12 dias (o vírus se multiplica nas glândulas salivares da fêmea do mosquito); ● Atuam no início da manhã ou final da tarde; ● Autonomia de voo limitada; ● Ovos podem permanecer viáveis por até um ano. Outras formas de transmissão: Transmissão vertical (gestante): dengue neonatal (forma grave); Transmissão sanguínea: doação de sangue infectado na fase virêmica; Não há as transmissões: pessoa a pessoa; secreções; fômites PATOGÊNESE: Princípios gerais: 1. Inoculação pela picada do A. aegypti; 2. Replicação inicial do vírus: células mononucleares dos linfonodos locais ou nas células musculares esqueléticas, produzindo viremia. 3. 2ª replicação: no sangue, o vírus penetra nos monócitos. 4. Disseminação pelo organismo: interior dos monócitos ou livre no plasma. 5. Tropismo celular: macrófago/monócito (1º lugar) e células musculares esqueléticas (2º lugar) – intensa mialgia. 6. Replicação nos macrófagos presentes no sistema reticuloendotelial: mantém a viremia (Síndrome febril da dengue: Infectologia - 8º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela TNF-alfa e a IL-6 liberados por macrófagos e LT helper CD4+ específicos). 7. Resposta imunológica: 1ª semana de infecção (Imunidade humoral e a celular) a. Destruição das células infectadas pelo vírus: linfócitos T CD8+ citotóxicos + anticorpos específicos (citotoxicidade anticorpo-dependente) ou anticorpos diretamente. 8. Anticorpos IgM antidengue: começa a ser detectado no 6º dia de infecção; pico: final da 1ª semana; persistência no soro: alguns meses. 9. Anticorpos IgG antidengue: começa a ser detectado no 7º dia de infecção; pico: final da 2ª semana; persistência no soro: vários anos (imunidade sorotipo-específica, provavelmente por toda a vida) Forma grave: Pacientes que já se infectaram por algum sorotipo do vírus e, anos depois, voltam a se infectar por outro sorotipo (a chance de ser grave é maior quando o sorotipo é o 2). OBS: se houver predisposição genética, o paciente já pode evoluir para a forma grave já na primoinfecção. Virulência em ordem DECRESCENTE: 1. Sorotipo 2; 2. Sorotipo 3; 3. Sorotipo 4; 4. Sorotipo 1. Teoria patogênica da dengue grave (teoria de Halstead): ● 1ª infecção: anticorpos neutralizantes contra o primeiro sorotipo (anticorpos homólogos) ● Reinfecção por um sorotipo diferente anos depois (infecção secundária): anticorpos heterólogos, de caráter “subneutralizante”. ○ + proliferação viral; + viremia; “tempestade” de citocinas (TNF-alfa, IL-6), proteases ativadoras do sistema complemento e tromboplastina (fator pró-coagulante). ○ Mecanismo de retroalimentação positiva: linfócitos T helper CD4+ específicos com a expressão de moléculas do HLA classe II em sua membrana → um ativa o outro Quadro fisiopatológico: resultado da liberação maciça de fatores pró-inflamatórios. Ordem a seguir: 1. ↑ súbito e generalizado da permeabilidade capilar; 2. Transferência de líquido intravascular para o interstício; 3. Hipovolemia relativa e hemoconcentração (↓ volume plasmático e ↑ hematócrito); 4. Choque circulatório (má perfusão tecidual generalizada) e falência orgânica múltipla; Trombocitopenia: muito observada nos pacientes graves. Destruição periférica de plaquetas por imunocomplexos e sistema complemento, além do agravo, com surgimento de CIVD (coagulação intravascular disseminada). Lactentes: herdam anticorpos IgG antidengue da mãe (via transplacentária) Outras teorias para explicar a patogênese: ● Teoria de Rosen: quadro clínico causado por cepas mais virulentas do agente etiológico; ● Teoria da “multicausalidade”: integra a teoria de Rosen com a teoria de Halstead + outras variáveis (fatores individuais, fatores virais e fatores epidemiológicos). Evento fisiopatológico adicional: Infectologia - 8º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela ● Antígeno NSI (secretado em grande quantidade durante a infecção) → neutralizam moléculas do glicocálix (moléculas da “barreira da permeabilidade”) → ↑ permeabilidade vascular → ↑ extravasamento de líquido, albumina e outras macromoléculas plasmáticas para fora dos vasos sanguíneos. QUADRO CLÍNICO: Recomendação do Ministério da Saúde: abandonar termos como “dengue clássica”, “dengue hemorrágica” (ou febre hemorrágica da dengue), “síndrome do choque da dengue” e “dengue com complicações”. Nova classificação da dengue: ● Doença sistêmica única e dinâmica; ● Amplo espectro clínico (formas assintomáticas ou oligossintomáticas até casos rapidamente fatais). Evolução da doença: a maioria se recupera por completo após alguns dias. ● Evolução desfavorável: extravasamento plasmático após a melhora da febre (atenção aos sinais de alarme e alterações clinicolaboratoriais); e “dengue grave”: (hemorragias graves ou lesões de órgãos como coração, cérebro e fígado). Fases evolutivas da dengue: 1. Fase febril; 2. Fase crítica; 3. Fase de recuperação; Fase febril: Manifestações: ● Principal: febre alta (39° a 40°C), súbita, entre 2 e 7 dias; ● Acompanham a febre: adinamia, cefaleia, dor retro-orbitária, mialgia intensa (“febre quebra-ossos”) e artralgia. ● Queixas gastrointestinais: anorexia, náuseas, vômitos e diarreia (branda, fezes pastosas 3-4x / dia). ○ Diagnóstico diferencial com as enteroviroses: diarreia líquida, volumosa, > 5x/dia. ● Exantema maculopapular: pruriginoso ou não, acometendo, de forma aditiva, a face, o tronco e as extremidades, NÃO poupando as palmas das mãos ou as plantas dos pés. Surge na defervescência, e dura no máximo 36-48h. A maioria dos pacientes passa da fase febril diretamente para a fase de recuperação. Fase crítica: Tipo de paciente: fenômeno de extravasamento plasmático e/ou história prévia de infecção por um sorotipo diferente do vírus da dengue. Instalação: durante a defervescência (entre o 3° e o 7° dia após o início dos sintomas). Primeiras manifestações: sinais de alarme (pesquisar rotineiramente em casos de suspeita de dengue → possibilidade de rápida evolução para o estado de choque circulatório) ● Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua; ● Vômitos persistentes; Infectologia - 8º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela ● Hipotensão ortostática e/ou lipotimia; ● Hepatomegalia > 2 cm abaixo do rebordo costal; ● Sangramento de mucosas; ● Letargia e/ou irritabilidade; ● Acúmulo de líquido (ascite, derrame pleural e/ou pericárdico); ● Aumento progressivo do hematócrito. Choque circulatório: volume crítico de plasma sai do espaço intravascular → hipovolemia (↓ volume circulante efetivo) + má perfusão tecidual generalizada. ● 24-48 horas: intervalo de tempo entre o início do extravasamento plasmático e a conflagração do estado de choque (na maior parte das vezes o choque é evidente entre os dias 4 e 5 após o início da doença). ● Se não tratar: óbito em 12 a 24 horas, por falência orgânica múltipla. Dengue “grave” na ausência de extravasamento plasmático (hemoconcentração e choque): hemorragias vultuosas e/ou lesões de órgãos específicos. ● Hemorragia digestiva:história de doença ulcerosa péptica, uso de AAS, AINE ou anticoagulantes; ● Miocardite: podendo haver aumento dos marcadores de necrose miocárdica; ● Hepatite grave: ↑ aminotransferases > 10x o LSN + déficit sintético (ex.: alargamento do TAP/INR); ● Manifestações neurológicas: irritabilidade (crianças pequenas), crises convulsivas, meningite linfomonocítica, polirradiculoneurite (síndrome de Guillain-Barré) e encefalite. ● Insuficiência renal aguda: incomum na ausência de choque, mas com piora do prognóstico se presente. Fase de recuperação: Atingida poucos dias após terapia apropriada durante a fase crítica ● Início da reabsorção do líquido extravasado para o espaço extravascular; ● Melhora gradual do estado clínico; Complicações com a hiper-hidratação: ● Hipervolemia (ex.: HAS, edema agudo de pulmão); ● Débito urinário aumentado: mudanças no padrão eletrocardiográfico (bradicardia). Peculiaridades clínicas: Crianças pequenas (< 2 anos): não são capazes de verbalizar suas queixas Infectologia - 8º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela ● Febre + choro persistente, adinamia e irritabilidade → indícios de dor intensa, como cefaleia, mialgia, artralgia; ● Sinais de alarme podem passar despercebidos (evolução para a forma grave da doença). Gestantes: algumas alterações fisiológicas do organismo materno se sobrepõem às manifestações clínicas da doença, podendo gerar dúvidas diagnósticas (ex: ↑ FC relacionada apenas à gestação); ● Principal risco para a mãe: ↑incidência de hemorragias obstétricas. ○ Analisar bem a indicação de parto cesáreo: complicações pós-operatórias em mulheres recém-acometidas por dengue. ● Principais riscos para o feto: abortamento (1º trimestre), parto prematuro (3º trimestre) e baixo peso ao nascer (dengue a qualquer momento durante a gestação). DIAGNÓSTICO: Diagnóstico diferencial: Dengue pode ser confundida com: ● Gripe (influenza); ● Novas arboviroses que circulam em nosso território (Zika e Chikungunya); ● Leptospirose (forma anictérica); ● Viroses exantemáticas (sarampo, rubéola, mononucleose, enterovirose); ● Hepatites virais; ● Infecções bacterianas agudas (pielonefrite, pneumonia, colecistite, endocardite, faringoamigdalite estreptocócica). Leucocitose significativa, com “desvio à esquerda”: sugere uma doença bacteriana piogênica ou leptospirose. Formas graves de dengue: podem ser confundidas com sepse bacteriana, meningococcemia , malária, febre amarela, febre maculosa brasileira, leptospirose, hantavirose, etc. ● Petéquias ou equimoses: meningococcemia → podem aparecer no 1º dia da síndrome febril; dengue → após o 3º ou 4º dia; ● Icterícia: mais comum em malária, leptospirose, hepatite viral, sepse e febre amarela. Confirmação diagnóstica: Infectologia - 8º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela Métodos laboratoriais: ● Até o 5º dia de doença: identificação direta do vírus e suas partículas. A negatividade desses testes não descarta o diagnóstico. ○ Pesquisa de antígenos virais (antígeno NS1 no sangue) → realizar dentro dos primeiros 3 dias. História prévia de dengue diminui a sensibilidade do NS1 (a negatividade não descarta o diagnóstico) ○ Isolamento viral (cultura); ○ Teste de amplificação gênica (RT-PCR); ○ Imunohistoquímica tecidual (biópsia ou autópsia). ● A partir do 6º dia de doença: sorologia pelo ELISA (pesquisa de anticorpos IgM antidengue). ○ Sorologia negativa: descarta diagnóstico de dengue; ○ Anticorpos IgG antidengue: se positivos neste momento, refletem apenas contato prévio com o vírus Classificação de caso: De acordo com o Ministério da Saúde Classificação final só pode ser feita após análise de todas as informações clínicas, laboratoriais e epidemiológicas do paciente Caso suspeito: vive em área com transmissão de dengue (ou presença de Aedes aegypti), ou que tenha viajado para esses locais nos últimos 14 dias, com febre, durante 2-7 dias, e > 2 dos seguintes comemorativos: ● Náusea, vômitos; ● Exantema; ● Mialgias, artralgias; ● Cefaleia, dor retro-orbital; ● Petéquias; ● Prova do laço positiva; ● Leucopenia Crianças com suspeita de dengue: não é necessário ter dois ou mais dos comemorativos citados, basta ter febre e contato recente com área de risco. Prova do laço: deve ser feita em todos os casos suspeitos de dengue que não apresentam sangramentos espontâneos ● Como fazer: 1. Insuflação do manguito do esfigmomanômetro até o valor médio da pressão arterial aferida, de acordo com a fórmula (PAS + PAD)/2 (isto NÃO é PAM) 2. Desenhar um quadrado com 2,5 cm de lado no antebraço do paciente; 3. Observar surgimento de petéquias ou equimoses dentro do quadrado ● Tempo de realização: adulto por até cinco e criança no máximo três minutos. ● Positividade: adultos → > 20 petéquias; crianças → > 10 petéquias na criança, até o tempo máximo ou antes dele. ● Falso-negativa: indivíduos obesos e casos de choque. OBS!!! Todo caso suspeito de dengue deve ser notificado!!! Caso suspeito com sinais de alarme: desenvolve os sinais do período de defervescência (sinais descritos anteriormente na parte “fase crítica”). Caso suspeito de dengue grave: suspeição + alguns achados, como: ● Choque “compensado” ou “descompensado” (detalhado na tabela da fase crítica); Infectologia - 8º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela ● Sangramento “grave” (ex.: hematêmese, melena, metrorragia vultuosa e hemorragia intracraniana); ● Lesão grave de órgãos específicos: dano hepático importante (ALT ou AST > 1.000 U/L), acometimento do SNC (alterações do nível de consciência), do coração (miocardite), etc. Caso confirmado: foi feita a confirmação laboratorial da infecção. ● Situação de epidemia: confirmação laboratorial obrigatória nos primeiros casos. Casos subsequentes podem ser confirmados sem a realização de exames específicos; ● Dengue grave: deve ser confirmado por exames laboratoriais específicos, independentemente da situação epidêmica. Caso descartado: ● Exames laboratoriais negativos (desde que a coleta tenha sido feita no período adequado); ● Confirmação laboratorial de outra doença; ● Ausência de exames laboratoriais, porém, investigação clínica e epidemiológica sugestiva de outra doença. TRATAMENTO: Não há uma droga específica. Baseia-se em: ● Alívio sintomático (analgésicos, antitérmicos, antieméticos e antipruriginosos); ○ Contraindicados: salicilatos (AAS) e demais AINE → risco de sangramento (inibição plaquetária). ● Ênfase na hidratação (oral nos casos brandos, intravenosa nos casos graves). Abordagem clinicoevolutiva: estratificação dinâmica e contínua dos pacientes em 4 grupos de risco, de acordo com as informações colhidas pela anamnese e exame físico. Possibilidade de tomar a conduta mais acertada mesmo sem confirmação diagnóstica, visando evitar a rápida deterioração clínica. ● Grupo A ● Grupo B ● Grupo C ● Grupo D Grupo A: caso suspeito de dengue + ausência de sinais de alarme + ausência de sangramentos espontâneos ou induzidos (prova do laço negativa); Infectologia - 8º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela sem comorbidades crônicas importantes; sem condições clínicas especiais ou risco social. ● Conduta diagnóstica: exames específicos para a confirmação são obrigatórios apenas em situações não epidêmicas. Hemograma e outros exames não específicos NÃO são obrigatórios. ● Tratamento: ambulatorial; hidratação oral ○ Adultos: ■ 60 ml/kg/dia → 1/3 com solução salina (Soro de Reidratação Oral – SRO) e os 2/3 restantes com líquidos caseiros (água, sucos, chás, etc.). ■ 1/3 do volume total deve ser ofertado logo no início do tratamento. ■ Manter a hidratação durante todo o período febril e por 24-48h após a defervescência. ○ Crianças < 13 anos: regra de Holliday-Segar acrescido da reposição de possíveis perdas de 3%. ■ 1/3 do volume total também deve ser dado logo no início do tratamento; ■ até 10 kg = 130 ml/kg/dia; ■ 10-20 kg = 100 ml/kg/dia;■ > 20 kg = 80 ml/kg/dia. Grupo B: caso suspeito de dengue + ausência de sinais de alarme + PRESENÇA de sangramentos espontâneos (ex.: petéquias, equimoses) ou induzidos (prova do laço positiva). Há comorbidades crônicas (HAS, DM, DPOC, IRC, doenças hematológicas – anemia falciforme ou púrpura –, doença péptica gastroduodenal, hepatopatias e doenças autoimunes) ou condições clínicas especiais (idade < 2 anos ou > 65 anos, gestantes) ou risco social. ● Conduta diagnóstica: exames específicos obrigatórios em epidemias; hemograma é OBRIGATÓRIO (avaliar hemoconcentração) e resultado no máximo em 4 horas; exames inespecíficos NÃO são obrigatórios. ● Tratamento: em leito de observação até o resultado dos exames e reavaliação clínica, recebendo hidratação oral, conforme as recomendações do grupo A.; ○ Hematócrito normal: manter a prescrição e tratar em regime ambulatorial, reavaliando-o DIARIAMENTE, por até 48h após o desaparecimento da febre (fornecer “Cartão de Acompanhamento da Dengue”); ○ Hematócrito aumentado: sinal de alarme (hemoconcentração) → manter o paciente internado e conduzir como GRUPO C Grupo C: caso suspeito de dengue + PRESENÇA de algum sinal de alarme (rever “fase crítica”). ● Conduta diagnóstica: exames obrigatórios (específicos, alguns inespecíficos e hemograma) e exames conforme indicação médica (ex.: glicose, gasometria arterial, eletrólitos, ecocardiograma). ● Tratamento: em leito de internação até estabilização (no mínimo 448 horas. Iniciar reposição volêmica intravenosa imediata. ○ FASE DE EXPANSÃO (20 ml/kg em 2h, infusão gradual) 1. 1ª hora do atendimento: soro fisiológico 10 ml/kg/h; 2. Reavaliação clínica após esta etapa.; 3. 2ª hora do atendimento: manter soro fisiológico 10 ml/kg/h → hematócrito deve estar disponível ao término dessa etapa. 4. Se ausência de melhora do hematócrito e/ou dos sinais hemodinâmicos = repetir a fase de expansão até 3x; 5. Se após três repetições não houver melhora = conduzir como grupo D; 6. Melhora do hematócrito e dos sinais hemodinâmicos = iniciar fase de manutenção. ○ FASE DE MANUTENÇÃO: 1. Primeira etapa = 25 ml/kg em 6h. 2. Se houver melhora: iniciar a 2ª etapa. 3. Segunda etapa = 25 ml/kg em 8h ( 1/3 com SF 0,9% e 2/3 com SG 5%). Infectologia - 8º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela 4. Se houver piora clínica e/ou laboratorial a qualquer momento: conduzir como grupo D. Grupo D: caso suspeito de dengue + presença de sinais de choque, sangramento grave ou disfunção grave de órgãos. ● Sinais de choque: taquicardia; extremidades frias; pulso fraco e filiforme; enchimento capilar > 2 segundos; PA convergente (< 20 mmHg); taquipneia; oligúria (< 1,5 ml/kg/h); hipotensão arterial e/ou cianose (fase tardia do choque). ● Conduta diagnóstica: mesma do grupo C Exames Inespecíficos Obrigatórios para os GRUPOS C e D: ● Hemograma; ● Aminotransferases; ● Albumina sérica; ● RX de tórax (PA, perfil e incidência de Laurell) → avaliar presença de derrame cavitário; ● USG de abdome Tratamento grupo D (adultos e crianças): ● FASE DE EXPANSÃO RÁPIDA: SF 0,9% ou Ringer lactato 20 ml/kg em até 20min. 1. Se não houver melhora clínica, repetir a fase de expansão rápida até 3x. 2. Reavaliação clínica a cada 15-30min, hematócrito em 2h. 3. Se houver melhora clínica e laboratorial = CONDUZIR COMO GRUPO C (iniciar pela fase de expansão e, posteriormente, manutenção). 4. Se não houver melhora clínica após 3 etapas de expansão rápida, avaliar hemoconcentração: ○ ↑ Ht + choque: infundir albumina 0,5-1 g/kg ou coloides sintéticos 10 ml/kg/h; ○ ↓ Ht + CHOQUE = investigar hemorragias e coagulopatia de consumo; ○ ↓ Ht sem hemorragia ou coagulopatia de consumo: hemodinâmica instável (provável ICC → ↓ infusão de líquidos, ministrar diuréticos e inotrópicos) ou hemodinâmica estável (melhora clínica). Indicações para internação hospitalar: ● Presença de sinais de alarme, choque, sangramento grave ou disfunção grave de órgão. ● Recusa na ingestão de alimentos e líquidos. ● Comprometimento respiratório: dor torácica, dificuldade respiratória, ↓ MV ou outros sinais de gravidade. ● Impossibilidade de seguimento ou retorno à unidade de saúde. ● Comorbidades descompensadas (ex: DM, HAS, ICC, uso de cumarínicos, crise asmática, etc). ● Outras situações a critério médico. Critérios para alta hospitalar: ● Ausência de febre durante 48 horas, sem uso de terapia antitérmica. ● Melhora visível do quadro clínico. ● Hematócrito normal e estável por 24 horas. ● Plaquetas em ascensão e acima de 50.000/mm³. ● Estabilização hemodinâmica durante 48 horas. PROFILAXIA: ● Controle vetorial; ● Vacinação: indicada para idade entre 9 e 45 anos; 3 doses subcutâneas, com intervalo de 6 meses entre cada dose (0, 6 e 12 meses). CONTRAINDICADA em grávidas e imunodeprimidos.
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