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Tutoria - Depressão

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1 
Beatriz Machado de Almeida 
Depressão – Caso 10 
Síndromes depressivas 
• Problema de saúde pública. A depressão costuma 
ser crônica e recorrente, o que a torna a 3ª doença 
mais onerosa para a sociedade (causa mais prejuízo 
do que angina, asma, artrite, diabetes) e, a 
estimativa é que em 2030 será a 1ª causa de 
incapacidade. 
• As síndromes depressivas têm como elementos 
mais salientes o humor triste (tristeza intensa) e o 
desânimo (apatia). Entretanto, a depressão não é 
constituída apenas por esse sintoma, mas pela a 
persistência/duração dessas emoções, com 
abrangência das repercussões para diversas áreas 
da vida do indivíduo interferindo no seu 
funcionamento fisiológico, psicológico e funcional a 
partir de uma resposta desproporcional ao fator 
desencadeante. 
• Caracterizam-se por uma multiplicidade de 
sintomas afetivos, instintivos e neurovegetativos, 
ideativos e cognitivos, relativos à autovaloração, 
à vontade e à psicomotricidade. 
• Em formas graves de depressão, podem estar 
presentes: sintomas psicóticos (delírios e/ou 
alucinações), marcante alteração psicomotora 
(geralmente lentificação ou estupor) e fenômenos 
biológicos (neuronais ou neuroendócrinos) 
associados. 
• A síndrome depressiva é encontrada no transtorno 
depressivo maior, no transtorno bipolar e no 
transtorno esquizoafetivo. Ela também pode ser 
causada por diversas condições médicas gerais, 
como hipotireoidismo, carcinoma de pâncreas, 
infecção pelo vírus influenza etc.; e por várias 
substâncias, como anti-hipertensivos, 
neurolépticos, cinarizina (medicamento para o 
tratamento de labirintite). 
• É importante causa de morbidade, pois costuma 
estar presente em conjunto com outras doenças 
clínicas (DPOC, câncer, enxaqueca, problemas de 
coluna.) e, em pacientes com doenças crônicas, está 
associada ao aumento de sintomas físicos, 
prejuízo na funcionalidade e má adesão ao 
tratamento. 
• Os indivíduos com transtornos depressivos têm 
maiores riscos de apresentar outros transtornos 
comórbidos como: abuso/dependência alcoólica, 
transtorno do pânico, transtorno obsessivo-
compulsivo e transtorno de ansiedade. 
• Quanto à prevalência por sexo, fala-se de uma 
prevalência de depressão de 2 a 4 vezes maior em 
mulheres. 
• O acometimento em faixa etária possui pico 
bimodal: sendo maior entre 15-30 anos e depois 
entre 45-60 anos. 
Fisiopatologia 
❖ Possui origem multifatorial abrangendo fatores 
biológicos, genéticos e psicossociais. 
❖ A hipótese mais aceita no que diz respeito ao 
aspecto biológico é a dos neurotransmissores 
monoaminérgicos, sobretudo, serotonina e 
noraepinefrina (aminas biogênicas), que estariam 
em queda pela alteração nos receptores β2 pré-
sinápticos. 
❖ CURIOSIDADE: Estudos demonstram que a 
depleção de serotonina é mais pronunciada em 
pacientes com impulsos suicidas. 
Desencadeantes das síndromes depressivas 
• Fatores biológicos, genéticos e neuroquímicos têm 
importante peso nos diversos quadros depressivos. 
• Do ponto de vista psicológico, as síndromes 
depressivas têm uma relação fundamental com as 
experiências de perdas significativas: de pessoa 
muito querida, relações familiares, emprego, 
moradia, status socioeconômico, ou de algo 
puramente simbólico. 
• No aspecto genético, dados familiares indicam que 
se um dos genitores possui um transtorno de 
humor um dos filhos tem entre 10-25% de risco 
de também apresentar, já se ambos os genitores 
possuírem o risco praticamente duplica para o 
filho. 
• O risco é maior entre parentes de primeiro grau e 
aumenta quanto mais membros da família forem 
afetados. 
Depressão 
 
2 
Beatriz Machado de Almeida 
Depressão – Caso 10 
• É importante também estar atento a condições 
hormonais como a gravidez/ puerpério em que 
quadros de depressão podem ocorrer. 
FATORES DE RISCO PARA TRANSTORNOS 
DEPRESSIVOS 
❖ História pessoal ou familiar de depressão; 
❖ Presença de doenças crônicas; 
❖ Gravidez/puerpério; 
❖ Luto, violência; 
❖ Condições socioeconômicas; 
❖ Outros transtornos psiquiátricos; 
❖ Fadiga e insônia; 
❖ Condições estressantes na família ou trabalho. 
Classificação 
• Os episódios depressivos são classificados, pela 
CID-10, em leve, moderado ou grave, de acordo 
com o número, a intensidade e a importância 
clínica dos sintomas. 
CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE DO QUADRO 
DEPRESSIVO 
❖ Leve: Sofrimento importante, mas sem repercussão 
pro funcionamento do indivíduo; 
❖ Moderado: Comprometimento das funções e 
incapacidade parcial. 
❖ Grave: Incapacidade mais acentuada. 
Subtipos de síndromes e transtornos 
depressivos 
• Os transtornos depressivos incluem transtorno 
disruptivo da desregulação do humor, transtorno 
depressivo maior (incluindo episódio depressivo 
maior), transtorno depressivo persistente 
(distimia), transtorno disfórico pré-menstrual, 
transtorno depressivo induzido por 
substância/medicamento, transtorno depressivo 
devido a outra condição médica, outro transtorno 
depressivo especificado e transtorno depressivo 
não especificado. 
• Os subtipos de síndromes e transtornos 
depressivos mais utilizados na prática clínica são: 
 
 
EPISÓDIO OU FASE DEPRESSIVA E 
TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE. 
❖ Evidentes sintomas depressivos devem estar 
presentes por pelo menos duas semanas, e não mais 
que por dois anos de forma ininterrupta. 
❖ Os episódios duram geralmente entre 3 e 12 
meses (com mediana de seis meses). 
❖ Quando o paciente apresenta, ao longo de sua vida, 
mais de um episódio depressivo, que nunca foram 
intercalados por episódios maníacos ou 
hipomaníacos, faz-se estão o diagnóstico de 
transtorno depressivo recorrente. 
TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR 
❖ Representa a condição clássica desse grupo de 
transtornos. 
❖ Caracteriza-se por episódios distintos de pelo 
menos duas semanas de duração envolvendo 
alterações nítidas no afeto, na cognição e em 
funções neurovegetativas, e remissões 
interepisódicas. 
DISTIMIA OU TRANSTORNO DEPRESSIVO 
PERSISTENTE 
❖ Trata-se de uma depressão crônica, geralmente de 
intensidade leve, muito duradoura. 
❖ Começa no início da vida adulta e persiste por 
vários anos. 
A característica comum desses transtornos é a presença 
de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de 
alterações somáticas e cognitivas que afetam 
significativamente a capacidade de funcionamento do 
indivíduo. O que difere entre eles são os aspectos de 
duração, momento ou etiologia presumida. 
 
3 
Beatriz Machado de Almeida 
Depressão – Caso 10 
❖ Os sintomas depressivos mais comuns são 
diminuição da autoestima, fatigabilidade 
aumentada, dificuldade em tomar decisões ou se 
concentrar, mau humor crônico, irritabilidade e 
sentimento de desesperança. 
❖ Os sintomas devem estar presentes de forma 
ininterrupta por, pelo menos, dois anos. 
DEPRESSÃO ATÍPICA 
❖ Subtipo de depressão que pode ocorrer em 
episódios depressivos de intensidade leve a grave, 
em transtorno unipolar ou bipolar. 
❖ Além dos sintomas depressivos gerais, ocorrem: 
Aumento do apetite (principalmente para doces, 
chocolate) e/ou ganho de peso; Hipersomnia 
(>10h/dia ou duas horas a mais que quando não-
deprimido); Sensação do corpo muito pesado 
(paralisia plúmbea ou inerte); Sensibilidade 
exacerbada a “indicativos” de rejeição; 
Reatividade do humor aumentada (melhora 
rapidamente com eventos positivos e também piora 
rapidamente com eventos negativos); Fobias e 
aspecto histriônico (afetação, teatralidade, 
sugestionabilidade) associados. 
DEPRESSÃO TIPO MELANCÓLICA OU 
ENDÓGENA 
❖ Tipo de depressão de natureza mais 
neurobiológica, com sintomas classicamente 
endógenos, mas independente de fatores 
psicológicos. 
❖ Sintomas típicos: Lentificação psicomotora, 
demora em responder às perguntas; Perda do 
apetite e de peso corporal; Alterações do sono, 
sobretudo se apresentar insônia terminal (indivíduo 
acorda de madrugadae não consegue mais dormir); 
Anedonia (incapacidade de sentir prazer em várias 
esferas da vida); Depressão pior pela manhã, 
melhorando ao longo do dia; Hiporreatividade 
geral; Tristeza vital “sentida no corpo” 
(qualitativamente diferente da tristeza normal); 
Diminuição da latência do sono REM (inversão da 
arquitetura do sono); Ideação de culpa. 
DEPRESSÃO PSICÓTICA 
❖ Depressão grave, na qual ocorrem, associados aos 
sintomas depressivos, um ou mais sintomas 
psicóticos, como delírio de ruína ou culpa, delírio 
hipocondríaco ou de negação de órgãos ou 
alucinações com conteúdos depressivos. 
❖ Se os sintomas psicóticos são de conteúdo 
negativo, depressivo, são classificados como 
sintomas psicóticos humor-congruentes (de culpa, 
doença, morte, punição, etc.). 
❖ Caso os sintomas psicóticos não sejam de conteúdo 
negativo, são denominados sintomas psicóticos 
humor-incongruentes (delírio de perseguição, de 
inserção de pensamentos, auto-referentes, etc.). 
ESTUPOR DEPRESSIVO 
❖ Estado depressivo grave, no qual o paciente 
permanece dias na cama ou sentado, em estado de 
catalepsia (imóvel; em geral rígido), com 
negativismo que se exprime pela ausência de 
respostas às solicitações ambientais, geralmente 
em estado de mutismo, recusando alimentação, 
muitas vezes urinando e defecando no leito. 
❖ O paciente pode, nesse estado, desidratar e vir a 
falecer por complicações clínicas (pneumonia, 
insuficiência pré-renal, desequilíbrios 
hidroeletrolíticos). 
DEPRESSÃO AGITADA OU ANSIOSA 
❖ É a depressão com forte componente de ansiedade 
e inquietação psicomotora. 
❖ O paciente queixa-se de angústia intensa 
associada aos sintomas depressivos; não para 
quieto; insone; irritado; anda de um lado para 
outro; desespera-se. 
❖ Aqui, nos casos graves, há sério risco de suicídio. 
DEPRESSÃO SECUNDÁRIA OU ORGÂNICA 
❖ Síndrome depressiva causada ou fortemente 
associada a uma doença ou um quadro clínico 
somático, seja ele primariamente cerebral ou 
sistêmico. 
❖ Síndromes e doenças como hipo ou hipertireoidismo, 
hipo ou hiperparatireoidismo, lúpus eritematoso 
sistêmico, doença de Parkinson e acidentes 
vasculares cerebrais (AVCs) apresentam, com 
significativa frequência, quadro depressivo que faz 
parte da própria condição patológica. 
❖ No caso dos AVCs, ocorre depressão após o 
episódio agudo, sendo que, de modo geral, AVCs no 
hemisfério esquerdo e mais próximos do pólo 
frontal desencadeiam mais frequentemente 
depressões secundárias. 
 
4 
Beatriz Machado de Almeida 
Depressão – Caso 10 
Manifestações clínicas 
Os sintomas depressivos costumam comprometer a 
qualidade de vida da pessoa, levando a incapacitação 
funcional e comprometimento da saúde física. 
Sintomas afetivas 
• Tristeza intensa, sentimento de melancolia; 
• Choro fácil e/ou frequente; 
• Apatia (indiferença afetiva; Tanto faz); 
• Sentimento de falta de sentimento (“É terrível: não 
consigo sentir mais nada!”); 
• Sentimento de tédio, de aborrecimento crônico; 
• Irritabilidade aumentada (a ruídos, pessoas, vozes); 
• Angústia ou ansiedade; desespero; desesperança. 
Sintomas de alteração instintiva e 
neurovegetativa 
• Anedonia (incapacidade de sentir prazer em várias 
esferas da vida); 
• Fadiga, cansaço fácil e constante (corpo pesado); 
• Desânimo, diminuição da vontade (hipobulia; “Não 
tenho pique para mais nada.”); 
• Insônia ou hipersomnia; 
• Perda ou aumento do apetite; 
• Constipação, palidez, pele fria com diminuição do 
turgor; 
• Diminuição da libido (do desejo sexual); 
• Diminuição da resposta sexual (disfunção erétil, 
orgasmo retardado ou anorgasmia). 
Alterações ideativas 
• Ideação negativa, pessimismo em relação a tudo; 
• Ideias de arrependimento e de culpa; 
• Ruminações com mágoas antigas; 
• Visão de mundo marcada pelo tédio (“A vida é 
vazia, sem sentido; nada vale a pena.”); 
• Ideias de morte, desejo de desaparecer, dormir 
para sempre; 
• Ideação, planos ou atos suicidas. 
Alterações cognitivas 
• Déficit de atenção e concentração; 
• Déficit secundário de memória; 
• Dificuldade de tomar decisões; 
• Pseudodemência depressiva. 
Alterações da autoavaliação 
• Sentimento de autoestima diminuída; 
• Sentimento de insuficiência, de incapacidade; 
• Sentimento de vergonha e autodepreciação. 
Alterações da volição e da 
psicomotricidade 
• Tendência a permanecer na cama por todo o dia 
(com o quarto escuro, recusando visitas, etc.); 
• Aumento na latência entre as perguntas e as 
respostas; 
• Lentificação psicomotora até o estupor; 
• Estupor hipertônico ou hipotônico; 
• Diminuição da fala, redução da voz, fala muito lenta; 
• Mutismo (negativismo verbal); 
• Negativismo (recusa à alimentação/interação). 
Sintomas psicóticos 
• Ideias delirantes de conteúdo negativo: 
❖ Delírio de ruína ou miséria; 
❖ Delírio de culpa; 
❖ Delírio hipocondríaco e/ou de negação dos órgãos; 
❖ Delírio de inexistência (de si e/ ou do mundo). 
• Alucinações, geralmente auditivas, com conteúdos 
depressivos. 
• Ilusões auditivas ou visuais. 
• Ideação paranóide e outros sintomas psicóticos 
humor-incongruentes. 
Marcadores biológicos (não específicos) 
• Inversão cronobiológica (p. ex., da arquitetura do 
sono, com diminuição da latência para o primeiro ciclo 
de sono REM). 
• Ausência de resposta ao teste de supressão do 
cortisol pela dexametasona. 
• Em depressões graves: SPECT, PET 
hipofrontalidade. 
• Em depressões graves: ventrículos e sulcos 
alargados, redução do volume do hipocampo. 
• Em adultos maduros ou idosos: sinais de alterações 
vasculares. 
Obs. Os 6 ¨AS¨da depressão: 
Anedonia, apatia, ansiedade, avolição, alteração do 
apetite, alteração do peso. 
 
5 
Beatriz Machado de Almeida 
Depressão – Caso 10 
Critérios diagnósticos 
• Critérios diagnósticos para os transtornos 
depressivos segundo o DSM-IV-TR, pelo menos 
cinco critérios por duas semanas, com prejuízo no 
funcionamento psicossocial ou sofrimento 
significativo. Pelo menos um dos sintomas é humor 
deprimido ou perda do interesse ou prazer 
(anedonia). 
CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO 
Abordagem ao paciente depressivo 
• Ao se deparar com uma pessoa com tristeza 
intensa, perturbações depressivas ou outro tipo de 
sofrimento, o primeiro passo deve ser fazer uma boa 
escuta e permitir que a pessoa relate aquilo que 
está lhe afligindo. 
• É possível também realizar um breve teste de 
rastreio, com sensibilidade 96-97% e 
especificidade 57-67% o que o torna bom para 
triagem, questionando se: 
❖ Durante o último mês você se sentiu incomodado por 
estar ‘’pra baixo’’, deprimido ou sem esperança? 
❖ Durante o último mês você se sentiu incomodado por 
ter pouco interesse ou prazer pra fazer as coisas? 
• É fundamental que logo no primeiro momento o 
médico da Atenção Primária em Saúde (APS) faça a 
distinção entre os pacientes com quadro 
leve/moderado/grave. 
• A OMS defende que os cuidados com a saúde 
mental devem ser iniciados na APS, tratando o 
mais rápido possível e próximo da casa/comunidade 
do paciente. 
• SEMIOTÉCNICA DE EPISÓDIOS 
DEPRESSIVOS NO PASSADO 
• Você teve períodos em que se sentiu muito triste ou 
desanimado (claramente diferente do habitual)? 
Nesses períodos, não achava graça em nada, perdeu 
o interesse ou o prazer pelas coisas? Percebeu que o 
apetite diminuiu ou aumentou? Emagreceu ou 
engordou? Sentia-se também irritado ou nervoso? 
Tinha insônia ou dormia demais/ Sentia-se mais 
cansado que o habitual? Perdeu o ¨pique? Tinha 
dificuldade para trabalhar ou estudar? Sentia 
dificuldade para se concentrar ou tomar decisões? 
Tinha ideias negativas, como pensar em morrer? 
Sentia-se culpado ou arrependido? 
• Em caso positivo: Quando foi que isso aconteceu 
pela primeira vez? Ocorreu mais de uma vez? Quanto 
tempo duravam esses períodos? Quando foi o último 
período? O que o ajudou a melhorar? O que o fazia 
piorar? 
 
Abordagem terapêutica• É bastante diversa com orientações que passam 
por mudanças no estilo de vida/prática de 
exercícios, terapia cognitivo-comportamental 
(TCC), terapia de resolução de problemas (TRP) 
com o médico de família. 
• Tratamento medicamentoso: Inibidores seletivos 
da recaptação de serotonina (ISRS), inibidores 
seletivos da recaptação de serotonina e 
noradrenalina (ISRSN) ou antidepressivos 
tricíclicos (ADTC). 
• O objetivo do tratamento é a remissão total da 
depressão, pois estudos já evidenciaram que a 
presença de sintomas “residuais” está associada a 
Pelo menos 5 critérios por duas semanas 
 Humor deprimido; 
 Desânimo, perda de interesse; 
 Apetite; 
 Sono; 
 Anedonia; 
 Fadiga, perda de energia; 
 Pessimismo; 
 Baixa autoestima; 
 Concentração prejudicada; 
 Pensamentos de morte ou suicídio; 
 Retardo/agitação psicomotora. 
 
6 
Beatriz Machado de Almeida 
Depressão – Caso 10 
pior prognóstico a longo prazo, piora da qualidade 
de vida e aumento do risco de suicídio. 
• A redução dos sintomas nos primeiros 6 meses 
chega a 50% com permanência da queda ao longo 
dos meses. 
❖ Fase aguda do tratamento: Abrange 2-3 primeiros 
meses de sintomas; Já aqui é possível reduzir os 
sintomas depressivos ou até mesmo eliminá-los 
completamente. 
❖ Fase continuada do tratamento: 4-6 meses de 
sintomas; O objetivo visa manter a melhora obtida 
na fase anterior e evitar recaídas. 
❖ Fase de manutenção: Consiste em evitar novas 
crises e é recomendada nos pacientes em que se 
prevê uma probabilidade de recaídas. 
 
• O tratamento leva em consideração a classificação 
de gravidade do quadro: 
❖ Quadro leve: Pode ser manejado a partir de 
medidas não farmacológicas como prática de 
exercício físico, o qual já tem se mostrado efetivo 
para o tratamento da depressão em adultos, mas 
também podem ser oferecidas outras medidas, tais 
como: psicoterapia, psicoeducação, uso de práticas 
integrativas e complementares, etc. 
❖ Quadro moderado/grave: além das medidas não 
farmacológicas, deve ser inserido o tratamento 
farmacológico sendo a 1º escolha os ISRS 
(sertralina, fluoxetina, citalopram). 
• OBS. Como a diferença na efetividade dos 
antidepressivos é pequena, a escolha pode ser 
direcionada pelas necessidades da pessoa, 
disponibilidade e preço do remédio, ponderando se 
o paciente já fez uso prévio de algumas das 
classes e como foi a resposta e informando os 
efeitos colaterais de cada uma delas. 
• Os ISRS e ISRSN (venlafaxina, duloxetina, 
milnaciprano) costumam causar reações adversas 
em cerca de 63% dos pacientes, tais como: 
náuseas, diarreia, tontura, boca seca, disfunção 
sexual, cefaleia e ganho de peso. 
• Já os ADTC (amitriptilina, clomipramina, 
nortriptilina) têm como efeitos colaterais a 
presença de efeitos colinérgicos (boca seca, visão 
turva, constipação, retenção urinária), maior 
sedação, hipotensão postural e ganho de peso. 
 
Erros ao lidar com a depressão e quando 
referenciar 
• Rotular de depressão sem explorar o verdadeiro 
contexto; 
• Manter/renovar prescrições de medicamentos sem 
reavaliar o paciente; 
• Não aprofundar no sofrimento de pacientes que 
se apresentam com dores crônicas inespecíficas e 
mal-estar; 
• Evitar oferecer terapia medicamentosa como 
opção de tratamento ou prescrever dose 
inadequada/insuficiente; 
• Não conversar sobre suicídio ou não pedir ajuda 
da equipe multiprofissional. 
INDICAÇÃO PARA REFERENCIAR 
❖ Na presença daqueles alertas vermelhos; 
(isolamento social, prostração intensa, grande 
perda de peso, sintomas psicóticos, tentativa de 
suicídio ou plano elaborado), a equipe de saúde 
mental deve ser prontamente acionada, assim como 
em situações de dúvida diagnóstica ou presença de 
sintomas psicóticos. 
❖ Em caso de risco de suicídio, o paciente deve ser 
encaminhado para um serviço de urgência. 
Depressão e hipotireoidismo 
• O hipotireoidismo (disfunção no eixo hipotálamo-
hipófise-tireoide que altera a síntese e a secreção 
de T4 e T3), pode manifestar-se com alterações 
psicocognitivas, como déficit cognitivo, depressão 
e, quando severo, melancolia e demência. Logo, os 
pacientes com distúrbios da glândula tireoide 
podem apresentar desde alterações do humor até 
distúrbios da cognição. 
• A depressão é frequente em disfunções 
tireoidianas, surgindo como primeira manifestação 
da doença em pacientes sintomáticos, com 
prevalência de 50%. 
• Vale ressaltar que a via tireoidianapsíquica é 
bidirecional, portanto, tanto alterações 
tireoidianas podem provocar sintomas depressivos 
ou exacerbar uma patologia psiquiátrica prévia, 
quanto a depressão pode promover distúrbios 
tireoidianos, sendo este segundo caso menos 
frequente. 
 
7 
Beatriz Machado de Almeida 
Depressão – Caso 10 
• Um estudo observou a presença de disfunção 
tireoidiana entre os depressivos, o que é mais 
frequentemente caracterizado como "Síndrome da 
Tireoide Baixa", supondo que haja uma forte 
evidência que a etiologia e os resultados do 
tratamento da depressão podem estar 
relacionados com o estado da tireoide. 
• Ainda que não seja claro o papel desempenhado 
pelos hormônios tireoidianos na fisiopatologia dos 
transtornos mentais, tem sido sugerido que 
pequenas mudanças nos níveis de hormônio da 
tireoide, mesmo dentro da faixa normal, podem 
estar relacionadas à alteração da função cerebral 
na depressão. 
• Atualmente, existem 2 hipóteses explicativas: 
❖ Déficit de serotonina no sistema nervoso central; 
❖ Déficit de noradrenalina no sistema nervoso 
central. 
• Sabe-se que o hipotireoidismo tem uma ação 
depressora sobre as vias serotonérgica e 
noradrenérgica. 
• Na depressão há um aumento de T4 que pode ser 
explicado pela hipercortisolemia. 
• O cortisol estimularia o hipotálamo a produzir o 
hormônio estimulador de tireotropina (TRH) e, com 
isso, haveria um estímulo da função tireoidiana. 
• A hipercortisolemia deve-se a um defeito no 
funcionamento do hipocampo, o que leva a um efeito 
inibidor do eixo hipotálamo-hipófise. 
• Por isso, em alguns casos de depressão, uma 
desconexão funcional entre o hipotálamo e outras 
áreas do cérebro removeria a influência inibitória 
do hipocampo que iria favorecer a 
hipercortisolemia levando a um aumento do T4. 
• Assim, sugere-se que a inclusão de um teste de 
triagem da tireoide entre os pacientes depressivos 
pode ser útil para o manejo adequado dos casos. 
• Em doentes hipotireoideos, evento depressivo 
precipitado (depressão secundária ao 
hipotireoidismo), a sintomatologia psiquiátrica é 
abolida após a reversão para o estado eutireoideo. 
• Essas manifestações serão revertidas a partir da 
administração da levotiroxina quando o paciente 
atingir a estabilidade de seu quadro clínico. 
• Por outro lado, pacientes com depressão primária 
necessitam de tratamento com antidepressivos a 
fim da estabilização do quadro psiquiátrico com 
consequente abolição da disfunção tireoidiana. 
• Entretanto, o tratamento com antidepressivos 
pode alterar a fisiologia da tireoide. Assim, é 
necessário monitorar sua função antes, durante e 
após a realização desse tratamento 
• Em casos refratários, indica-se, com efeito 
potencializador, a administração associada de 
antidepressivos e de levotiroxina. 
Suicídio 
• Ato deliberado executado pelo próprio indivíduo 
cuja intenção seja a morte, de forma consciente e 
intencional, usando um meio que ele acredita ser 
letal. 
• Alguns outros elementos fazem parte do que se 
chama de comportamento suicida: pensamentos, 
planos e tentativa. 
• O suicídio deve ser considerado como o desfecho 
de uma série de fatores que se acumulam na 
história do indivíduo, não podendo ser considerado 
de forma causal e simplista apenas a determinados 
acontecimentos pontuais da vida do sujeito. É a 
consequência final de um processo. 
• O Brasil é o 8º país em números absolutos de 
suicídio, com uma variabilidadegrande de taxas 
entre as regiões do país, além de uma provável 
subnotificação. 
• Estudos revelam que cerca de 17% das pessoas no 
Brasil já pensaram, em algum momento, em tirar a 
própria vida. 
• É possível prevenir o suicídio, por isso, é tão 
importante sua abordagem e que os profissionais de 
saúde saibam identificar aqueles pacientes que 
possuem fatores de risco para tal. 
• Aqueles pacientes que possuem um plano definido, 
os meios e planeja realizar ou aquela que tentou 
recentemente ou tentou várias vezes em curto 
espaço de tempo, são consideradas de alto risco de 
cometer suicídio. 
• O risco de suicídio é uma urgência, devendo a 
avaliação sistemática do risco ser feita na rotina 
da prática clínica. 
• Os 2 principais fatores de risco para suicídio são: 
1. Tentativa prévia; 
2. Presença de algum transtorno psiquiátrico (quanto 
mais comorbidades psiquiátricas, maior o risco. 
 
8 
Beatriz Machado de Almeida 
Depressão – Caso 10 
Sendo a depressão a doença que está mais 
associada ao suicídio). 
 
• Outros fatores de risco são: ser jovem, homem 
(óbitos é maior em H, mas as tentativas são 
maiores em M), sentimentos de 
desesperança/desamparo/desespero, presença de 
doenças clínicas, histórico familiar e poucos laços 
sociais. 
• Os fatores protetores são menos estudados, mas 
considera-se que suporte familiar e de amigos, 
religiosidade, ausência de doença psiquiátrica, 
estar empregado, etc. 
• Quando se identifica alto risco: é importante dar 
suporte à pessoa, não deixando-a sozinha, tomar 
cuidado com possíveis meios de realizar o ato, 
informar a família e fazer um “contrato de não 
suicídio”. 
• Além disso, deve-se encaminhar o paciente para um 
serviço de psiquiatria ou para um serviço de 
emergência mais próximo, acionando a equipe de 
saúde mental da Unidade. 
Mitos e verdades sobre o suicídio 
❖ Mito - O suicídio é uma decisão individual, já que 
cada um tem pleno direito a exercitar o seu livre 
arbítrio; Verdade – Os suicidas estão passando 
quase invariavelmente por uma doença mental que 
altera, de forma radical, a sua percepção da 
realidade e interfere em seu livre arbítrio. O 
tratamento eficaz da doença mental é o pilar mais 
importante da prevenção do suicídio. Após o 
tratamento da doença mental, o desejo de se 
matar desaparece. 
❖ Mito - Quando uma pessoa pensa em se suicidar terá 
risco de suicídio para o resto da vida; Verdade – O 
risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, 
após isso, a pessoa não estará mais em risco. 
❖ Mito - As pessoas que ameaçam se matar não farão 
isso, querem apenas chamar a atenção; Verdade – A 
maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas 
ideias de morte. 
❖ Mito - Se uma pessoa que se sentia deprimida e 
pensa em suicidar-se, em um momento seguinte 
passa a se sentir melhor, normalmente significa que 
o problema já passou; Verdade – Se alguém pensava 
em suicidar-se e, de repente, parece tranquilo, 
não significa que o problema passou. Uma pessoa 
que decidiu suicidar-se pode sentir-se ¨melhor¨ e 
¨aliviada¨ simplesmente por ter tomado a decisão 
de se matar. 
❖ Mito - Quando o indivíduo mostra sinais de melhora 
ou sobrevive à uma tentativa de suicídio, está fora 
de perigo; Verdade – Um dos períodos mais 
perigosos é quando se está melhorando da crise 
que motivou a tentativa, ou quando a pessoa ainda 
está no hospital, na sequência de uma tentativa. A 
semana que se segue à alta do hospital é um 
período durante o qual a pessoa está 
particularmente fragilizada. Como um preditor do 
comportamento futuro é o comportamento 
passado, a pessoa suicida muitas vezes continua em 
alto risco. 
❖ Mito - Não devemos falar sobre suicídio, pois isso 
pode aumentar o risco; Verdade – Falar sobre o 
suicídio não aumenta o risco. Muito pelo contrário, 
falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a 
angústia e a tensão que esses pensamentos 
trazem. 
❖ Mito - É proibido que a mídia aborde o tema suicídio. 
Verdade – A mídia tem obrigação social de tratar 
desse importante assunto de saúde pública e 
abordar esse tema de forma adequada. Isto não 
aumenta o risco de uma pessoa se matar; ao 
contrário, é fundamental dar informações à 
população sobre o problema, onde buscar ajuda ... 
Cronologia suicida 
1. Sofrimento psíquico: Paciente e sofrimento, porém, 
sem pensamento de morte. 
2. Pensamento de morte: ¨seria bom se eu morresse¨ 
3. Ideação suicida: ¨Seria bom se eu me matasse¨, 
¨sou um peso¨. 
 
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Beatriz Machado de Almeida 
Depressão – Caso 10 
4. Planejamento: A família precisa estar avisada sobre 
a estratégia do paciente. 
5. Tentativa de suicídio: precisamos descobrir como, 
quando e onde foi realizada. 
6. Suicídio. 
Avaliação e manejo do paciente 
• O primeiro passo é a identificação dos indivíduos de 
risco por meio da avaliação clínica periódica, 
considerando que o risco pode mudar rapidamente; 
• A OMS aponta 3 características psicopatológicas 
comuns no estado mental dos suicidas: 
1. AMBIVALÊNCIA: O desejo de viver e de morrer 
se confundem no sujeito. Há urgência em sair da 
dor e do sofrimento com a morte, entretanto há o 
desejo de sobreviver a esta tormenta. Se for dado 
oportunamente o apoio emocional necessário para 
reforçar o desejo de viver, logo a intenção e o 
risco de suicídio diminuirão. 
2. IMPULSIVIDADE: O suicídio, por mais planejado 
que seja, parte de um ato que é usualmente 
motivado por eventos negativos. O impulso para 
cometer suicídio é transitório e tem duração de 
alguns minutos ou horas. Acolher a pessoa durante 
a crise com ajuda empática adequada pode 
interromper o impulso suicida do paciente. 
3. RIGIDEZ: Quando uma pessoa decide terminar 
com a sua vida, os seus pensamentos, sentimentos 
e ações apresentam-se muito restritivos, ou seja, 
ela pensa constantemente sobre o suicídio e é 
incapaz de perceber outras maneiras de enfrentar 
ou de sair do problema. Todo o comportamento 
está inflexível quanto à sua decisão: as ações 
estão direcionadas ao suicídio e a única saída 
possível que se apresenta é a morte; por isso é tão 
difícil encontrar, sozinho, alguma alternativa. 
NA AVALIAÇÃO DEVE-SE QUESTIONAR: 
❖ Presença de doença mental; 
❖ História pessoal e familiar de comportamento 
suicida; 
❖ Suicidabilidade – pensamentos atuais de suicídio; 
❖ Características de personalidade; 
❖ Fatores estressores crônicos e recentes – falência, 
prisão e traição; 
❖ Fatores psicossociais e demográficos – trabalho, 
matrimônio, religião, abuso físico ou sexual; 
❖ Outras doenças – HIV/AIDS, doenças neurológicas, 
neoplasias, AVE... 
 
• OBS. Todo paciente que fala sobre suicídio tem 
risco em potencial e merece investigação e 
atenção especial. São fundamentais a escuta e o 
bom julgamento clínico. 
• A abordagem verbal deve ser estimulada para 
auxiliar o tratamento medicamentoso, visto que ela 
estimula o paciente a se sentir aliviado, acolhido 
e valorizado, fortalecendo a aliança terapêutica. 
• Identificação e tratamento prévio de transtorno 
psiquiátrico existente. 
• As perguntas devem ser feitas em dois blocos: o 
primeiro para todos os pacientes, e o segundo 
apenas para aqueles indivíduos que responderam 
às três perguntas iniciais que sugerem, pelas 
respostas, um risco de suicídio. 
 
 
 
 
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Beatriz Machado de Almeida 
Depressão – Caso 10 
Depressão e luto 
• O luto pode induzir grande sofrimento, mas não 
costuma provocar um episódio de transtorno 
depressivo maior. 
• Quando ocorrem em conjunto, os sintomas 
depressivos e o prejuízo funcional tendem a ser 
mais graves, e o prognóstico é pior comparado com 
o luto que não é acompanhado de transtorno 
depressivo maior. 
• A depressão relacionada ao luto tende a ocorrer 
em pessoas com outras vulnerabilidades a 
transtornos depressivos, e a recuperação pode ser 
facilitada pelo tratamento com antidepressivos. 
• Não precisa esperaro tempo do luto (3 meses a 1 
ano) para diagnosticar a depressão. 
• Se perdeu alguém e parou de comer, perdeu peso, 
não levanta da cama hora nenhuma, chora o tempo 
todo, para de se cuidar (tomar banho, escovar os 
dentes...), apresenta tristeza o tempo todo, não 
tem prazer nas coisas que antes tinha, isso já 
caracteriza um episódio depressivo (só precisar ter 
pelo menos 15 dias de sintoma). 
O médico diante da violência doméstica 
• Informar à mulher sobre seus direitos e que o 
comportamento violento não deve ser tolerado. 
• Explicar que a agressão não precisa ser 
necessariamente física para configurar em situação 
de violência. Agressões verbais também são 
situações de violência doméstica. 
PARA ALÉM DA DETECÇÃO, 
COMPETE AINDA AO MÉDICO 
❖ Tratar as lesões físicas. 
❖ Avaliar as repercussões psicológicas da violência e 
apoiar psicologicamente a vítima, mostrando 
disponibilidade, ajudando a aumentar a autoestima 
e a descobrir estratégias para lidar com a 
agressão. 
❖ Avaliar a segurança da vítima e dos filhos e 
elaborar com a vítima um plano de segurança; o 
acesso fácil a dinheiro e documentos pessoais e 
dos filhos para a eventualidade de fuga, o ter à 
mão telefones da polícia, de familiares ou amigos 
ou a combinação de códigos com familiares e 
amigos para comunicar em caso de agressão; 
esconder armas ou munições existentes em casa 
são exemplos de medidas de segurança a ter 
presentes. 
❖ Proceder ao registo clínico completo e 
pormenorizado das lesões e patologias observadas 
e elaborar um atestado médico quando solicitado 
pela vítima. 
❖ Fornecer informação sobre os recursos disponíveis 
na comunidade. 
❖ Referenciar a outros especialistas ou instituições, 
nomeadamente, serviços sociais, serviços jurídicos 
e serviços de acompanhamento de vítimas de 
violência doméstica. 
❖ Encaminhamento de agressores quando o problema 
for expresso por estes; terapias cognitivo-
comportamentais parecem ser uma opção adequada. 
 
• Sempre que possível o médico não deverá trabalhar 
isoladamente neste tipo de situações, pelo que a 
procura ativa de outros parceiros que na comunidade 
trabalhem nesta área se torna necessário; o 
trabalho em rede é imprescindível. 
• Também na prevenção primária da violência 
familiar, o médico tem um papel importante a 
desempenhar: 
❖ Participando com outros profissionais em ações de 
educação para a saúde onde o problema de violência 
seja abordado. 
❖ Procedendo ao encaminhamento de adolescentes e 
jovens da sua lista para grupos ou atividades onde 
a aprendizagem da negociação na resolução de 
conflitos seja estimulada. 
❖ Oriente a mulher a fazer a denúncia. Para isto, ela 
terá que ser encaminhada a uma Delegacia da 
Mulher ou à Delegacia da Polícia. A vítima também 
deverá ser orientada a fazer exame de corpo de 
delito no Departamento Médico-Legal, 
principalmente se houver marcas de agressão. 
❖ Caso a paciente se recuse a denunciar neste 
momento, ou os encaminhamentos anteriores não 
forem possíveis, solicite informações e orientações 
através do “Ligue 180”. As vítimas também podem 
e devem usar o serviço.

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