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Obesidade Definição Doença crônica caracterizada pela presença de acúmulo excessivo de gordura corporal. Aumento crescente com características epidêmicas. Desequilíbrio entre a ingesta e o gasto calórico; Forma acessível para mensuração e classificação através do cálculo do índice de massa corporal Prevalência: · Aumento dramático nas últimas décadas → epidemia mundial · EUA – 33,4% das mulheres adultas e 27,5% dos homens adultos tem obesidade (65% sobrepeso) · Brasil 16,9% das mulheres adultas e 12,4% dos homens adultos tem obesidade (48 a 50,1% se considerarmos sobrepeso, respectivamente) · EUA - 5% com obesidade mórbida → mortalidade é 3,9 vezes maior do que nos não obesos · Custos com sobrepeso e obesidade são de mais de 117 bilhões de dólares ao ano · Brasil está no 6º lugar no ranking mundial da obesidade Classificação da obesidade no adulto (baseado no IMC) · Peso normal = 18,5 a 24,9 · Sobrepeso = 25 a 29,9 · Obesidade grau I = 30 a 34,9 · Obesidade grau II = 35 a 39,9 · Obesidade grau III > 40 · Obs: são valores para triagem pois não diferencia massa gorda de massa magra Classificação da obesidade infantil e na adolescência · Sobrepeso se IMC > percentil 85th < 95 · Obesidade IMC > percentil 95th Etiopatogenia: Multifatorial: predisposição genética + interação com diversos fatores . O balanço energético depende 40% da herança genética · Herança genética é poligênica (+400 genes) · Fatores ambientais · Socioculturais · Alterações metabólicas · Hábitos alimentares · Sedentarismo · Fatores psicológicos Mecanismo de regulação do apetite: O comportamento alimentar é controlado pelas sensações de fome, apetite e saciedade · Estômago: grelina e orexinas - atuam no hipotálamo, estimulando a fome estimulam a via orexígena no núcleo arqueado · Duodeno: colecistoquinase (CCK) e GLP1 - atuam no hipotálamo diminuindo a fome e aumentando a saciedade · Jejuno/íleo: oximodulina - atua no hipotálamo diminuindo a fome · Cólon e reto: PYY - atua no hipotálamo diminuindo a fome · Pâncreas: insulina - atua no hipotálamo diminuindo a fome · Células adiposas: leptina e adiponectina - leptina atua no hipotálamo diminuindo a fome/estimulando a saciedade e a adiponectina aumenta a sensibilidade das células à insulina · Além disso existem outros hormônios, como os tireoidianos, e os sinais neurais simpáticos e parassimpáticos que atuam estimulando a termogênese, e podem controlar o ganho de peso · Ambiente obesogênico (Supersize das porções): ex: as porções de comida com maior custo benefício é a grande, por isso, o paciente acaba consumindo não pela necessidade ou fome e sim pela imposição industrial · Métodos para avaliação do percentual de gordura corporal: · Pregas Cutâneas: é fidedigno e prático, de baixo custo, existem vários protocolos (3 dobras/7dobras). Depende da técnica correta usada pelo avaliador · Bioimpedância: é exato, não tem risco de erro humano, baixo custo, dependendo do aparelho pode dar a segmentação do acúmulo e gordura e a taxa de metabolismo basal. · Densitometria: custo elevado · Tomografia computadorizada: custo elevado · Ressonância magnética: custo elevado · Distribuição da gordura corporal: · O acúmulo de gordura em região central/abdominal tem maior risco cardiovascular que o acúmulo em quadril/coxas: · Formato androide (maçã): mais gordura visceral, maior risco a saúde relacionado ao peso · Formato ginoide (pera): menos gordura visceral, menor risco a saúde relacionado ao peso. O acúmulo é abaixo da linha da cintura Isso será avaliado através da medição da circunferência abdominal: linha traçada no ponto médio entre a região inferior da última costela e a crista ilíaca. NÃO é na linha da cicatriz umbilical Homens: risco aumentado se > 94cm e risco muito aumentado se > 102cm Mulheres: risco aumentado se > 80cm e risco muito aumentado se > 88cm · Relação cintura/quadril (C/Q): · Maior que 0,85 na mulher: risco cardiovascular aumentado. · Maior que 1 no homem: risco cardiovascular aumentado. Síndrome metabólica · National Cholesterol education program (NCEP): precisa ter alteração em pelo menos 3 dos 5 critérios avaliados para classificar em síndrome metabólica: 1. Circunferência abdominal: >102cm em homens e >88cm em mulheres; 2. Níveis de triglicerídeos: ≥150mg/dl; 3. Níveis de HDL-colesterol: <40mg/dl em homens e <50mg/dl em mulheres; 4. PA: ≥130/85 mmHg; 5. Glicemia em jejum: ≥110mg/dl. A federação internacional de diabetes (IDF) considera síndromes metabólica se houver aumento da circunferência abdominal (>94 em homens e > 80 nas mulheres) + 2 outros critérios. OBS.: MESMO QUE O PCTE TENHA POR EXEMPLO PA 13/8, SE ELE ESTIVER EM TTO, É CONSIDERADO SD METABÓLICA. · A Organização Mundial da Saúde (WHO), considera que tem que ter hiperinsulinêmicas + 2 dos outros critérios. Microbiota intestinal Se considera que a microbiota do paciente obeso é DIFERENTE do paciente com peso saudável. Isso faz com que ele tenha uma absorção à nível intestinal diferente. Paciente obeso: possui um aumento de Firmicutes em relação a Bacterioidetes. Paciente normal: possui um aumento de Bacterioidetes em relação a Firmicutes As bactérias firmicutes promovem maior extração e estocagem de calorias dos alimentos ingeridos, inclusive de fibras não digeríveis, e aumento da resistência insulínica - paciente pode engordar comendo salada Consequências da obesidade visceral: O excesso de gordura visceral leva a um aumento do aporte de ácidos graxos livres na veia porta, aumentando a concentração de gordura hepática. Ocorre resistência à insulina, com hiperinsulinemia. O metabolismo da glicose é prejudicado, havendo dislipidemias e hipertensão. Efeitos cardiometabólicos adversos dos produtos dos adipócitos · Quanto maior o tecido adiposo, maior a produção de substâncias inflamatórias que levam a um maior risco de aterosclerose, trombose, hipertensão e diabetes tipo II · ↑ Substancias inflamatórias: IL-6, lipoproteína-lipase, angiotensinogêneo, insulina, ácidos graxos livres, resistina, leptina, lactato, inibidor de ativação do plasminogenio, adipsina e TNF-alfa · ↓ Adiponectina Doenças e comorbidades associadas a obesidade: · Risco maior de apneia de sono · Maior risco de pancreatite · Relacionados com alguns tumores: mama, uterino, cervical · Maior risco de gota · Alterações ginecológicas e férteis · Diminuição da libido · HAS, dislipidemia, DM, DAC, cataratas, maior risco de AVC; Apneia do sono · 65-75% dos indivíduos com apnéia obstrutiva do sono são obesos · A prevalência aumenta com o aumento da faixa etária · Mais em homens e mulheres pós-menopausa · Roncos e sonolência diurna (7x mais risco de acidentes) · Risco de 32% de óbito em 9 anos se Índice apnéia/hipopnéia (IAH) >30/hora Doença hepática gordurosa não alcoolica (NAFDL) · Doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD): excesso de gordura hepático não atribuível ao consumo de álcool - resistência à insulina. · Esteatose hepática – superprodução de glicose, VLDL, PCR e fatores de coagulação = aumento de risco cardiovascular associada à síndrome metabólica e à NAFLD. São mais propensos a ter excesso de gordura intra-abdominal e alterações inflamatórias no tecido adiposo. · A CONFIRMAÇÃO É POR BIÓPSIA, o LAB só sugere. Doenças que levam ao ganho de peso: devem ser excluídas como causa da obesidade · Síndrome de Cushing · Hipotireoidismo · Distúrbio hipotalâmico: compromete o controle da fome e saciedade · Hipoglicemia: para corrigir a hipoglicemia, o paciente faz hiperalimentação · Síndrome dos Ovários Policísticos: associada a resistência insulínica · Doenças e medicamentos psiquiátricos: aumentam a fome Exame físico do paciente obeso: · Peso + estatura: fazer cálculo do IMC · Circunferência abdominal + circunferência do quadril: cálculo da relação abdômen/quadril (RAQ) · Pressão arterial (PA) · Frequência cardíaca (FC) · Acantose e outros sinais de resistência insulínica · Aumento de pelos Exames laboratoriais: · Para descartar que o paciente tenha alguma patologia endócrina, deve-se fazer: . TSH e T4L; . Perfil lipídico;. Glicemia; . Função renal e hepática; Dietas: · O maior impacto para a perda de peso é restrição de calorias · O maior impacto para a manutenção do peso corporal é a composição da dieta. · Todas as dietas de 1200 a 1500 calorias favorecem a redução de peso corporal de adultos. Dietas menores que isso são extremamente restritivas, pode até ser feita por um período, mas não muito prolongado, para não causar deficiências alimentares. Tratamento: · Modificação dos hábitos de vida: educação nutricional + atividade física + mudança comportamental · Medicamentos · Cirurgia Mudança de comportamento · Atividades diárias: . Reduzir o sedentarismo, tempo na TV e computador . Subir escadas, reduzir uso de carros . Atividades domésticas · Atividade física programada . Aeróbica (para perda de peso): . Fazer 20 – 60 minutos de exercício contínuo 4 -5 vezes por semana . Atingir 50 – 60% da frequência cardíaca máxima . Associar atividade de resistência muscular 2 x/sem · Recomendações para prevenção de doenças (não para perda de peso): . 30 minutos de atividade física na maioria dos dias da semana em intensidade moderada . Velocidade: 5 – 7 Km/hora = andar rápido · Tratamento medicamentoso · Indicações clinicas: . IMC > 30 . IMC > 25 + comorbidades . Falência dos tratamentos anteriores: perda de peso inferior a 1% do peso inicial por mês, após 3 meses de tratamento não farmacológico Medicamentos aprovados pela ANVISA Sibutramina (IRNS): bloqueia a recaptação pré-sinaptica de noradrenalina e de serotonina . Maior quantidade de Serotonina e Noradrenalina na fenda sináptica e neurônio pós-sináptico - AUMENTO DA SACIEDADE e REDUÇÃO DA FOME . Tem efeito termogênico, acelerando o metabolismo em pequeno grau. . Efeitos adversos: constipação, boca seca, insônia (mais no início), aumento da frequência cardíaca, palpitações, aumento da pressão arterial, vasodilatação, náuseas, agravamento de hemorroidas existentes, delírio, tonturas Orlistate: inibidor de lipases gastrointestinais (diminui a absorção de 1/3 dos triglicerídeos ingeridos) . Dose – 120mg – 1 - 3x/dia. Ideal é tomar medicação junto com a refeição ou até 1h depois . Resulta em: perda de peso, melhora da resistência a insulina, melhora dos níveis colesterol e melhora da pressão arterial . Efeitos adversos: diarreia, perdas ou evacuações oleosas, flatulência com perdas oleosas, urgência para evacuar, aumento das evacuações, desconforto/dor abdominal, fezes líquidas, infecções do trato respiratório superior (resfriado e dor de garganta), hipoglicemia, cefaleia Liraglutina: agonista do GLP-1 . Age de maneira semelhante ao hormônio GLP-1 . Retarda o esvaziamento gástrico . Atua no hipotálamo, prolongando a sensação de saciedade . A dose utilizada é praticamente o dobro (até 3mg) daquela indicada para diabetes mellitus . Efeitos adversos: náuseas (40%), vômitos, diarreia (20%) e cefaleias. Risco de pancreatite e câncer medular de tireoide, mas é muito baixo. Lorcasserina: agonista receptor serotonina subtipo 5-HT2c . Ativação dos receptores específicos de serotonina subtipo 5-HT2c, que estão localizados no hipotálamo, região do sistema nervoso central que controla nossa sensação de fome, saciedade e regula o gasto energético. . Reações adeversas: cefaléia, nauseas. . Não associar com inibidores de recaptação de serotonina pois pode gerar síndrome serotoninérgica . Ajuda aquelas pessoas que comem por ansiedade e por tristeza. . Aumenta o risco de CA de mama e outros tipos de CA e foi retirado do mercado no início de 2020. · Derivados anfetaminicos (mazindol, femproporex e detilpropiona): · Aumentam a liberação da noradrenalina dentro da fenda sináptica = aceleram o metabolismo · Atua no núcleo lateral do hipotálamo – Efeito anorético (perde a fome) · Efeito periférico: Aumenta a lipólise por ação nos receptores beta adrenérgicos. · Tem um efeito rebote de ganho de peso importante Medicamentos com uso off label: · Conselho Federal de Medicina: uso é ético quando houver evidência de potencial benefício no tratamento e a terapia padrão teve resposta inadequada ou contraindicada · Responsabilidade do prescritor informar o paciente que o medicamento não tem aprovação para essa indicação Topiramato: aumenta a sensibilidade a leptina, expressão de neuropeptídios da termogênese e de enzimas lipolíticas . Inibe os receptores gabaminérgicos no hipotálamo. . Doses eficazes 68 – 384 mg/dia . Efeitos adversos: alterações de memória, parestesias, disfunção cognitiva, alterações de humor e interferência com ACO . Pouco utilizado porque dá muitos efeitos adversos com doses superiores a 50 Bupropiona em associação com Naltrexona: . Inibidor seletivo da receptação de catecolaminas + antagonista de receptores opioides (90/8mg até 2 x/dia) leva ao sinergismo de ação em neurônios da POMC . Não tem Naltrexona no Brasil Lisdexafentamina: inibe receptação de dopamina e norepinefrina . Aprovado em novembro/18 para tratamento de transtorno compulsório alimentar moderado (4 -7 episódios de compulsão alimentar/semana) ou grave (8 a 13 episódios/ semana) . Estimula diminuição da fome e aumenta o metabolismo basal, fazendo com que ocorra a lipólise . Pró fármaco da dextroanfetamina . Dose: inicial 30 mg/dia (dose terapêutica 50 – 70 mg/dia) . Efeitos adversos: insônia, agitação, ansiedade, redução da libido, cefaleia, tontura Serotoninérgicos: Fluoxetina, Sertralina (efeito a curto prazo): coadjuvante no tratamento da ansiedade Cirurgia bariátrica · Indicações: · IMC > 40 kg/m2 · IMC > 35 kg/m2 associado a uma ou mais comorbidades · Falha no tratamento clínico após 2 anos. · Obesidade grave há mais de 5 anos · Idade de 18 a 65 anos · Precauções para indicação: · Ausência de uso de drogas ilícitas e etilismo; · Ausência de quadros psicóticos ou demenciais moderados a graves; · Compreensão dos riscos e mudanças de hábitos inerentes à cirurgia · Necessidade de acompanhamento multidisciplinar a longo prazo · Pós-operatório · Redução de até 60% do peso · Nadir na redução de peso em 12 – 18 meses · Reganho de 10% do peso na década seguinte · Complicações agudas · Tromboembolismo · Fistulas · Deiscência de suturas · Estenoses · Infecções · Hemorragias · Hérnias · Obstrução intestinal · Complicações tardias · Anemia ferropriva · Deficiências vitamínicas (B12 e D) · Diarreia com flatulência excessiva · Síndrome de dumping: paciente come doce e evolui com hipoglicemia · Doenças osteometabólicas Balão intragástrico: balão preenche o estomago para a pessoa comer menos. O balão fica no máximo 6 meses, e nesse período o paciente trabalha a reeducação alimentar. Colocada via endoscópica (baixo risco) Balão x bariátrica
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