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A crítica ao construtivismo Por Luis Nassif 20/12/2010 Sabe o que eu acho? Que o que está estragar nossa educação, fora outras coisas, chama-se Espírito do Construtitivismo. A partir de uma teoria (sim, teoria), exposta a analfabetos científicos (que não sabem a diferença entre uma teoria e uma prática), que dá resultados econômicos fantásticos e justifica uma série de atrocidades educacionais (sim, o construtuvismo é usado para justificar uma série de atrocidades educacionais) é que muitos teóricos da educação e educadores de escritório desenharam uma série de procedimentos e práticas destrutivas, as quais foram reunidas e justificadas sobre a pecha de uma teoria sem comprovação empírica: uma teoria linda, com resultados questionáveis (e como!) Essa maneira de ver a educação (que atende no Brasil sobre o nome de construtivismo) dá ao aluno uma importância inflada dentro do processo de transmissão do conhecimento, o que reduz o protagonismo do professor na educação. Tal posicionamento de redução do professor no processo de aprendizagem (já que o aluno é quem constrói o conhecimento) gera conseqüências muito interessantes para aqueles que lidam com as verbas, ou seja, falando em dinheiro, porque assim se o aluno constrói seu conhecimento, o professor é um mero bedel de um processo que pode ser conseguido sozinho. Oras, esse professor que serve apenas para catalisar um processo – que não é reagente na formação de um cidadão e de um sujeito preparado do ponto de vista escolar para a sociedade – é um sujeito que não precisa ganhar muito, que pode ser qualquer um, e que pode ser tratado como operário. O que se esquecem é que há uma interação entre o professor e o aluno, e o protagonismo do professor é quem alavanca processos internos nos estudantes de forma a elevá-los em suas habilidades e aptidões. Isso não sou em quem diz, mas Vigotsky, um teórico que testou suas teorias na prática um número grande de vezes, e desenvolveu procedimentos educacionais mil vezes superiores ao construtivismo piagetiano. No entanto, aí o professor é o sujeito mais capacitado, o sujeito que guia o aluno ao longo de sua zona de desenvolvimento atual para uma nova, mais elevada. Mas há um problema na abordagem de Vigotsky: o professor é importante, porque ele é admitido como indivíduo mais capaz que o aluno. Admitir um professor capaz é ter que pagá-lo melhor, é ter que lhe dar condições para atuar de tal forma que essa capacidade, que leva a uma liderança, seja reconhecida em sala de aula. E professor líder quer ganhar mais, professor protagonista quer ganhar mais, professor importante no processo de aprendizagem entende que é importante e por isso sabe que deve ganhar mais, que deve ser reconhecido. No construtivismo não é assim. Essa teoria que nunca foi balizada na prática com resultados positivos, que nunca foi utilizada com benefícios sociais consideráveis, é uma vergonha para nosso país. Mas enquanto professor for tratado como mero catalisador de um processo em que o único construtor é o aluno, não haverá diferença entre os dois. Aliás, já há onde o aluno é considerado como árbitro mais importante do ensino, talvez porque seja o cliente, talvez porque seja capaz de construir seu próprio conhecimento. E professor para quê? Eu desafio qualquer um que se oponha a esse meu posicionamento duro em relação ao construtivismo (esse lixo de teoria pedagógica que não dá resultados positivos) que se manifeste mostrando, objetivamente, dados que comprovem a eficácia de tal abordagem. Vou gostar de aprender. Mas ainda assim, deixarei claro que a maneira de ver o mundo educacional gerada pelo construtivismo é o que corrobora absurdamente com a favelizaçãoda profissão de professor. ABAIXO AO CONSTRUTIVISMO! Por Jaime Balbino O autor do texto faz uma confusão entre o senso comum sobre o Construtivismo e a teoria construtivista em si. Assim fica fácil descer o pau em toda a Teoria do Construtivismo com base no senso comum que muitos profissionais praticam. Mais fácil ainda porque o texto da crítica pode ser tão superficial quanto o senso comum no qual se baseia. Em primeiro lugar, Piaget não criou uma metodologia de ensino com o sua Teoria do Desenvolvimento Cognitivo (que serviu de base à Teoria Construtivista). Seu objetivo científico era única e exclusivamente compreender o desenvolvimento da lógica formal na criança. E ponto. Mas seu trabalho foi Revolucionário e é uma das produções intelectuais mais significativas da humanidade. Não por acaso serviu de base para muitas metodologias de ensino que, por se diferenciarem do que era feito até então, convencionou-se chamar deconstrutivistas. Não é exagero comparar a complexidade da Teoria do Desenvolvimento Cognitivo com a Teoria da Relatividade de Einstein. Além do que Piaget viveu quase até os 100 anos e trabalhou nela até sua morte, complementando-a e até contradizendo-a. Mas NUNCA escreveu uma única linha sobre sua aplicação prática. Daí dá para imaginar a dificuldade de se compreender algo tão científico e histórico. Porém, não faltaram discípulos e admiradores para criar trabalhos derivados, muitos de excelente nível, que aplicam na prática a teoria de Piaget ou, melhor dizendo, que explicam a aprendizagem escolar a partir da teoria piagetiana. O fato é que o senso comum, mesmo quando aplicado em larga escala, não é síntese de uma teoria ou das práticas verdadeiras que enseja. Vários fatores culturais previstos por Piaget e comprovados por seus discípulos dificultam enormemente a massificação do construtivismo no ensino público, por exemplo. O desconhecimento da teoria principal inviabiliza definitivamente esse exercício e transforma o construtivismo em menos do que um arremedo de teoria quando se torna senso-comum. Não sou piagetiano. Prefiro Vigotsky, exatamente porque sua base teórica é outra completamente diferente e, a meu ver, mais baseada na prática (como você já apontou). Não se trata de ‘jogar fora” Piaget em benefício do seu contemporâneo Vigotsky, mas de se aproveitar do pragmatismo vigotskyano e dos benefícios de uma teoria mais rústica. (ele viveu só até os 30 anos e deixou boa parte de sua obra incompleta). Vygotsky debate bem com Piaget. Agora, para esta crítica se tornar um desafio aos piagetianos é necessário, primeiro, se tornar uma crítica embasada. https://jornalggn.com.br/politicas-sociais/educacao-politicas-sociais/a-critica-ao-construtivismo/