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MÓDULO DOR ABDOMINAL | Luíza Moura e Vitória Neves FÁRMACOS USADOS PARA TRATAR ÚLCERAS PÉPTICAS E REFLUXO GASTRESOFÁGICO As duas principais causas de úlcera péptica são infecção com o H. pylori e o uso de AINEs. O aumento da secreção de ácido clorídrico (HCl) e a defesa inadequada da mucosa contra o HCl também têm papel nesse processo. O tratamento inclui: 1) Erradicação da H. pylori; 2) Diminuição da secreção de HCl com uso de IBPs ou antagonistas de receptor H2; e/ou 3) Administração de fármacos que protejam a mucosa gástrica da lesão. A figura resume os fármacos que são eficazes no tratamento da úlcera péptica. Nesse resumo, será falado os medicamentos utilizados no problema 1 da tutoria. ANTAGONISTAS DE RECEPTOR H2 E REGULAÇÃO DA SECREÇÃO GÁSTRICA (NO PB FAMOTIDINA - RANITIDINA) A secreção gástrica é estimulada por: Acetilcolina (ACh); Histamina; Gastrina. As ligações de ACh, histamina ou gastrina com seus receptores resulta na ativação de proteinocinases, que, por sua vez, estimulam a bomba de prótons H+ /K+ - ATPase a secretar íons hidrogênio em troca de K+ para o lúmen do estômago. Bloqueando competitivamente a ligação da histamina aos receptores H2, esses fármacos reduzem a secreção do ácido gástrico. MECANISMO DE AÇÃO Os antagonistas do receptor H2 da histamina inibem, competitivamente, as ações da histamina em todos os receptores H2, mas seu principal uso clínico é como inibidores da secreção de ácido gástrico – ou seja, são antagonistas competitivos da histamina e totalmente reversíveis. Não têm efeito nos receptores H1. Podem inibir a secreção de ácido estimulada pela histamina e pela gastrina. A secreção de pepsina também cai com a redução de volume do suco gástrico. Esses agentes: Diminuem a secreção de ácido basal e quando estimulada por alimentos em 90% ou mais; Promovem fechamento de úlceras duodenais. No entanto, são prováveis as recidivas depois da suspensão do tratamento. USO TERAPÊUTICO Os principais fármacos usados são: Cimetidina; Ranitidina (as vezes combinada a bismuto); Nizatidina; e Famotidina. MÓDULO DOR ABDOMINAL | Luíza Moura e Vitória Neves A!! Há poucas diferenças entre eles. O uso desses fármacos diminuiu com o advento dos IBPs. ÚLCERAS PÉPTICAS Os quatro fármacos são igualmente eficazes para a cicatrização das úlceras gástricas e duodenais. Contudo, a recorrência é comum se houver presença de H. pylori, e o paciente for tratado somente com esses fármacos. Os pacientes com úlceras induzidas por AINEs devem ser tratados com IBPs, pois esses fármacos curam e previnem úlceras futuras de modo mais efetivo do que os antagonistas H2. ÚLCERAS DE ESTRESSE AGUDO Os anti-histamínicos H2 são usados normalmente por infusão intravenosa (IV) para prevenir e lidar com úlceras de estresse agudo associadas com pacientes de alto risco nas unidades de tratamento intensivo. Entretanto, como pode ocorrer tolerância com esses fármacos, o uso dos IBPs também vem avançando nessa indicação. DRGE Doses baixas de antagonistas H2, atualmente disponíveis em medicamentos de venda livre, parecem eficazes na prevenção e no tratamento da queimação (DRGE) somente em cerca de 50% dos pacientes. Os antagonistas H2 atuam somente no controle da secreção ácida. Por isso, eles não aliviam os sintomas por, pelo menos, 45 minutos. Os antiácidos neutralizam de forma mais rápida e eficaz o ácido gástrico, mas sua ação é temporária. Por isso, os IBPs são preferidos no tratamento da DRGE, especialmente em pacientes com azia grave. EFEITOS ADVERSOS Em geral, os antagonistas H2 são bem tolerados, por isso os efeitos adversos são raros. Pode ser relatado casos de: Diarreia, tonturas, dores musculares, alopecia, rashes transitórios, confusão em idosos e hipergastrinemia. Em homens, a cimetidina ocasionalmente provoca ginecomastia e, raramente, diminuição da função sexual. Isso provavelmente é causado por sua pequena afinidade por receptores de andrógenos. Além disso, todos os antagonistas H2 podem reduzir a eficácia de fármacos que exigem um ambiente ácido para absorção, como o cetoconazol. A!! A cimetidina (mas não outros antagonistas do receptor H2) também inibe o citocromo P450 e pode retardar o metabolismo (e, desse modo, potencializar a ação) de vários fármacos, incluindo anticoagulantes orais e antidepressivos tricíclicos. AINE (NO PB DIPIRONA) A prostaglandina E2, produzida pela mucosa gástrica: Inibe a secreção de ácido; e Estimula a secreção de muco e bicarbonato: efeito citoprotetor. A deficiência de prostaglandinas pode estar envolvida na patogênese das úlceras pépticas. A!! Misoprostol, um análogo da prostaglandina E1, está aprovada para a prevenção de úlceras gástricas causadas por AINEs. O uso profilático do misoprostol deve ser considerado em pacientes que usam AINEs e tem risco moderado ou alto de úlceras induzidas por esses fármacos, como: Pacientes idosos ou com úlceras prévias. MÓDULO DOR ABDOMINAL | Luíza Moura e Vitória Neves EFEITO ADVERSO Os efeitos adversos mais comuns são: Diarreia e náuseas dose-dependentes – e limitam seu uso. Além disso, o misoprostol é contraindicado na gravidez, pois pode estimular as contrações do útero e causar aborto. A!! Assim, os IBPs são os fármacos preferidos para a prevenção de úlceras causadas por AINEs. ANTIÁCIDOS Os antiácidos são o modo mais simples de tratar os sintomas da secreção excessiva de ácido gástrico. Eles são bases fracas que reagem com o ácido gástrico formando água e um sal, para diminuir a acidez gástrica. Como a pepsina (uma enzima proteolítica) é inativa em pH acima de 4, os antiácidos reduzem a atividade da pepsina. QUÍMICA Os antiácidos variam em: Composição química; Capacidade de neutralizar o ácido; Conteúdo de sódio; Palatabilidade; e Preço. A eficácia de um antiácido depende da sua capacidade de neutralizar o HCl gástrico e do fato de o estômago estar repleto ou vazio (o alimento retarda o esvaziamento do estômago, permitindo mais tempo para o antiácido reagir). Os antiácidos comumente usados são combinações de sais de alumínio e magnésio, como hidróxido de alumínio e hidróxido de magnésio. HIDRÓXIDO DE MAGNÉSIO O hidróxido de magnésio é um pó insolúvel que forma cloreto de magnésio no estômago. Não produz alcalose sistêmica porque o Mg 2+ é pouco absorvido no intestino. Outro sal, o trissilicato de magnésio, é um pó insolúvel que reage lentamente com o suco gástrico, formando cloreto de magnésio e sílica coloidal. Esse agente tem um efeito antiácido prolongado e também adsorve pepsina. A!! O carbonato de magnésio também é usado. HIDRÓXIDO DE ALUMÍNIO O gel de hidróxido de alumínio forma cloreto de alumínio no estômago; Quando este chega ao intestino, o cloreto é liberado e reabsorvido. O hidróxido de alumínio eleva o pH do suco gástrico para cerca de 4 e também adsorve pepsina. Sua ação é gradual e seu efeito continua por várias horas. O hidróxido de alumínio coloidal combina-se com fosfatos no TGI, e o aumento de eliminação de fosfato que ocorre nas fezes resulta em diminuição da eliminação de fosfato através do rim. Esse efeito tem sido usado para tratar pacientes com insuficiência renal crônica. ________________________________________ Alginatos ou simeticona algumas vezes são combinados aos antiácidos. Os alginatos aumentam a viscosidade e a aderência do muco à mucosa esofágica, formando uma barreira protetora; A simeticona é um agente “antiespumante”, com a intensão de aliviar a distensão abdominal e a flatulência. MÓDULO DOR ABDOMINAL | Luíza Moura e Vitória Neves USOS TERAPÊUTICOSOs antiácidos são usados para o alívio sintomático da úlcera péptica e da DRGE. Quando administrados em quantidade suficiente, por tempo suficiente, podem produzir fechamento de úlceras duodenais, mas são menos eficazes para úlceras gástricas. Para eficácia máxima, devem ser administrados após a refeição. A!! Preparações de carbonato de cálcio também são usadas como suplementação de cálcio para o tratamento da osteoporose. EFEITOS ADVERSOS O hidróxido de alumínio tende a causar constipação e hidróxido de magnésio tende a produzir diarreia. Quando associados, normalização a função intestinal. A absorção dos cátions dos antiácidos (Mg2+, Al3+, Ca2+), em geral, não é problema em pacientes com função renal normal; Entretanto, podem ocorrer acúmulo e efeitos adversos em pacientes com comprometimento renal.
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