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AO JUIZO DA 4ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE ITAPERUNA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Distribuição por dependência ao processo n. 6002/2015 (dez linhas) JOSÉ AFONSO, nacionalidade, solteiro, engenheiro, portador da cédula de identidade n°..., expedida pelo..., inscrito no CPF sob n °..., residente e domiciliado à rua Central, nº 123, bairro Funcionários, na cidade de Mucurici, CEP nº..., Estado do Espirito Santo, endereço eletrônico ...@..., por intermédio do seu advogado infra-assinado, com endereço profissional constante da procuração em anexo, endereço eletrônico ...@..., onde recebe intimação e notificações, para fins do art. 77, inciso V, do CPC, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 674 e seguintes do CPC, propor: EMBARGOS DE TERCEIRO em face de CARLOS BATISTA, nacionalidade, solteiro, contador, portador da cédula de identidade n°..., expedida pelo..., inscrito no CPF sob n °..., residente e domiciliado à rua Rio Branco, nº 600, bairro..., na cidade de Itaperuna, CEP nº..., Estado do Rio de Janeiro, endereço eletrônico ...@..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I - DOS FATOS Em 10/01/2015, José Afonso adquiriu de Lúcia Maria nacionalidade, solteira, enfermeira, portadora da cédula de identidade n°..., expedida pelo..., inscrita no CPF sob n °..., residente e domiciliada na Avenida do Bandeirantes, nº 555, bairro..., na cidade de São Paulo, CEP nº..., Estado de São Paulo, pelo valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) uma casa para sua moradia, situada na cidade de Mucurici/ES, Rua Central, nº 123, bairro Funcionários. Tendo sido efetuada a aquisição através de instrumento particular de compromisso de compra e venda, sem cláusula de arrependimento e assinado por ambas as partes nesta data. O valor combinado adimplido através depósito bancário em uma única parcela. Sete meses após a aquisição do imóvel onde passou a residir, ao levantar as certidões necessárias à lavratura de Escritura Pública de compra e venda e consequentemente efetivar o Registro, José Afonso tomou conhecimento da existência de penhora sobre o imóvel, determinada pelo Juízo da 4ª Vara Cível de Itaperuna/RJ, amparada nos autos da execução de título extrajudicial nº 6002/2015. A determinação de penhora do imóvel se deu, motivado por expresso requerimento formulado na inicial da execução por Carlos Batista em face de Lúcia Maria, no intento de receber valor representado por cheque emitido e vencido três meses após a venda do imóvel, neste momento o credor desprezou a existência de outros imóveis livres e desimpedidos de titularidade de Lúcia Maria, cidadã de posses na cidade onde reside. II - DOS FUNDAMENTOS Considera-se que, quando um procedimento judicial alcança uma relação jurídica de uma das partes com terceiros que não participou do feito, resta permitido a esse último intervir no processo, visando obter sentença que lhe seja favorável aos seus interesses, ainda que indiretamente. Dessa forma, conforme estabelece o artigo 674 do CPC, poderá o embargante, que não é parte no processo principal quando sofrer constrição sobre seu bem como no caso em epígrafe com a penhora indevida de seu imóvel, pleitear seu desfazimento através de embargos de terceiro, visto que estes podem ser de terceiro proprietário ou possuidor. Perante os fatos, a Súmula 84 do STJ também protege o direito do embargante ao dispor que é admissível a oposição de embargos de terceiro embasados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desamparado de registro. Faz-se importante ressaltar, que os embargos de terceiro não desconstituem ou invalidam a sentença proferida em processo alheio, apenas impede que a eficácia de decisão atinja patrimônio alheio que não pode ser responsabilizado e ante o exposto, tratando-se de cheque emitido e vencido três meses após a venda do referido imóvel. III - DA LIMINAR O embargante apresentou cópia do instrumento particular de compromisso de compra e venda, sem clausula de arrependimento, assinados por ambas as partes em 10/01/2015 (anexo 01), e a cópia de comprovante de deposito bancário no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) pagos em parcela única (anexo 02) a Sr.ª Lúcia Maria, ficando devidamente comprovado a probabilidade do direito substancial e ainda o perigo do dano ao resultado do processo, caso não haja a suspensão da medida constritiva. Resta comprovado por documentação apresentada, os fatos relatados pelo embargante, e com isso, que seja adotada de pronto a suspensão das medidas constritivas sobre o bem imóvel, bem como a manutenção da posse ao embargante conforme determina o artigo 678, do CPC. III - DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer: a) Que seja suspensa a medida constritiva referente à penhora que incide sobre o bem imóvel do embargante localizado rua Central, nº 123, bairro Funcionários, na cidade de Mucurici, Cep nº..., Estado do Espírito Santo. b) Que seja liminarmente concedida a manutenção da posse do imóvel ao embargante. c) Citação do embargado para contestar os embargos no prazo de 15 dias. d) Julgar procedente o pedido para desconstituir a penhora que incide sobre o bem do embargante, localizado rua Central, nº 123, bairro Funcionários, na cidade de Mucurici, Cep nº..., Estado do Espírito Santo, reconhecendo o domínio definitivo do bem ao embargante. e) Condenação do embargado aos ônus da sucumbência IV - DAS PROVAS Requer a produção de provas, conforme artigo 369 do CPC, para provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, especialmente pela produção de prova documental. V - DO VALOR DA CAUSA Dá-se à causa o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). Nestes termos, Pede deferimento Local e data Advogado OAB/UF n.º... ROL DE DOCUMENTOS - Anexo 01 - instrumento particular de compromisso de compra e venda - Anexo 02 - comprovante de deposito bancário no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. EXECUÇÃO FISCAL. ART. 185 DO CTN. PENHORA DE IMÓVEL. CONTRATOS DE COMPRA E VENDA E CESSÃO DE DIREITOS NÃO REGISTRADOS. PRIMEIRA ALIENAÇÃO PELO DEVEDOR FISCAL, ANTERIOR À CITAÇÃO NA DEMANDA EXECUTIVA. EMBARGANTE, TERCEIRA ADQUIRENTE DE BOA-FÉ. CONTRATOS PARTICULARES DESPROVIDO DE REGISTRO. COMPROVAÇÃO DA POSSE. ADMISSIBILIDADE. SÚMULA 84 DO STJ. SUCUMBÊNCIA. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE.(...) 12. Dessa forma, mesmo que a transferência da propriedade dos bens imóveis ocorra somente pelo registro no Cartório de Registro de Imóveis (art. 1245 do Código Civil), nada impede a propositura de embargos de terceiro, pela ora autora, para defesa de sua posse proveniente do próprio contrato, conforme estipulado na cláusula terceira do Instrumento Particular de Cessão de Direitos juntado aos autos. Precedentes.13. Resta, portanto, descaracterizada a fraude à execução, visto que o negócio jurídico entre a executada, Santos Henrique & Cia Ltda. e Wellison Moreira Vieira, antecedeu à citação válida daquela no executivo fiscal. Precedentes.14. Mantida a condenação da embargante nos ônus da sucumbência, pelo princípio da causalidade.15. Apelação a que se dá parcial provimento. (TRF 3ª Região, SEGUNDA TURMA, Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1923713 - 0003526-51.2012.4.03.6105, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA RIBEIRO, julgado em 20/02/2018, e-DJF3 Judicial 1 DATA:01/03/2018) Cândido Rangel Dinamarco (2004, p. 732), com sua envolvente sabedoria, definiu o vocábulo terceiro como sendo aquele que não é parte no processo, que se dá o ato impugnado, não tendo sido incluído como tal pelo demandante, nem incluído nele pela citação. “Terceiro é o não-parte”. Diz ainda, que “parte é aquele que figura em um dos polos da relação processual e no contraditório instituído perante o juiz, será terceirotodo aquele que ali não figurar”. Vicente Greco Filho (2003, pág. 256) magnificamente diz: “a qualidade de terceiro é estabelecida por exclusão: é terceiro quem não é parte no feito, ainda que possa vir a ser; é também terceiro quem, a despeito de participar do processo, participar em determinada qualidade diferente da qualidade que, pelo título de aquisição ou outro fundamento jurídico, pode levar à defesa do bem que não pode ser atingido pela apreensão judicial (art. 1.046, § 2º).” Luiz Felipe Silveira Difini (1992, pág. 21) define os embargos de terceiro da seguinte forma: “ação autônoma, especial e de procedimento sumário, destinada a excluir de constrição judicial, bens de que terceiro tem a posse ou a posse e o domínio”.
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