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ESCOLA SUPERIOR BATISTA DA AMAZONAS – ESBAM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ATRIBUIÇÃO INVESTIGATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
NA ESFERA CRIMINAL 
 
 
 
 
 
 
 
MARCOS ANTONIO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
MANAUS 
2013 
 
1 
 
MARCOS ANTONIO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ATRIBUIÇÃO INVESTIGATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 NA ESFERA CRIMINAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANAUS 
2013 
Monografia desenvolvida como exigência da Disciplina de 
Orientação Monográfica II e requisito para obtenção do grau 
de Bacharelado do Curso de Direito da Faculdade de Direito 
da Escola Superior Batista do Amazonas – ESBAM. 
 
 
Orientador: Prof. MSc. Dillings Barbosa Maquiné 
 
 
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 FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Bibliotecária Responsável: Sônia Maria Monteiro Rodrigues – CRB/11ª – 366 
 
 Silva, Marcos Antônio 
 
 
S586a A atribuição investigativa do Ministério Público na esfera 
criminal / Marcos Antônio Silva. -- Manaus: [s.n.], 2013. 
 63p. 
 
 Monografia (Graduação em Direito) – Escola Superior 
Batista do Amazonas (ESBAM). 
 
 Orientador: Prof. MSc. Dillings Barbosa Maquiné 
 
 1. Brasil – Ministério Público 2. Investigação criminal – Brasil 
3. Ministério Público – Legislação – Brasil 3. Polícia judiciária - 
Brasil. Título 
 
 CDD – 345.81053 
 
ESCOLA SUPERIOR BATISTA DO AMAZONAS 
 
 
 
 
 
 
_____________________________________________________________________ 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
 
Esta Monografia, que tem como título: “A ATRIBUIÇÃO INVESTIGATIVA DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO NA ESFERA CRIMINAL” se submeteu a Defesa Pública, sob a 
sujeição da banca examinadora, como parte dos requisitos à obtenção do título de graduação 
do Curso de Bacharel em Direito. 
 
AUTOR 
 
Marcos Antonio da Silva 
 
 
 
Monografia aprovada em 24/06/2013. 
 
 
 
 
____________________________________________ 
Prof. MSc. Dillings Barbosa Maquiné 
Orientador 
 
 
____________________________________________ 
Prof. Ivo Henrique Moreira 
Primeiro Examinador 
 
____________________________________________ 
Prof. Fabrício Catunda da Silva 
Segundo Examinador 
 
 
 
 
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Aos meus pais, à minha esposa e à minha 
dádiva divina meu filho Gabriel, a quem 
tanto os amo, e não poderia deixar de 
retribuí-los neste momento de graça e glória, 
pois sempre estiveram presentes durante esse 
longo qüinqüênio de construção de amizades, 
esforços e dedicação aos estudos, onde nos 
momentos de fraqueza sentia-me fortalecido 
e estimulado em seguir em frente, e o 
maravilhoso é que conseguimos vencer mais 
uma etapa em nossas vidas, nunca esquecerei 
que minha família sempre acreditou no meu 
potencial. 
 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço ao Senhor Deus Todo Poderoso e Misericordioso pelo conhecimento e 
sabedoria, pois sem essa dádiva divina não poderia ser vitorioso. 
 
Agradeço aos meus pais, pois estiveram comigo nos momentos de tristeza e de 
alegria, incentivando-me e apoiando-me a concretizar meus ideais. 
 
Agradeço à minha esposa e ao meu filho pela compreensão e paciência do tempo em 
que estive ausente e abdicado de momentos com eles para que esse trabalho pudesse adquirir 
esse formato. 
 
Um agradecimento todo especial meu orientador Prof. MSc. Dillings Maquiné, uma 
pessoa com tamanha sabedoria, muito paciente e amiga, pois suas críticas sempre foram 
construtivas e em momento algum desmereceu seu orientando ou seu trabalho, pois é um 
grande incentivador. Meu muito obrigado ao Mestre Maquiné, valeu por tudo que o senhor 
proporcionou para que esse trabalho rumasse no caminho do conhecimento e da sabedoria. 
 
Agradeço a esta instituição de ensino superior que me oportunizou o curso de 
graduação ora cursado, e a todos os seus funcionários que colaboraram de qualquer forma. 
 
E agradeço a todas as pessoas que de forma direta ou indireta contribuíram para o 
meu sucesso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem por escopo demonstrar a legitimidade da investigação criminal pelo 
Ministério Público, demonstrando os amparos constitucionais e infraconstitucionais. Deste 
trabalho observamos: (a) a evolução histórica tanto do órgão ministerial como da polícia 
judiciária; (b) a conceituação da investigação criminal, da persecução penal e do inquérito 
policial, bem como os fundamentos constitucionais e infraconstitucionais da legitimidade do 
parquet em conduzir diretamente investigações criminais; (c) apresentação dos entendimentos 
doutrinários e jurisprudenciais sobre a importância do Ministério Público na ampliação da sua 
esfera de atuação com o advento da Constituição Federal de 1988, como órgão defensor das 
garantias individuais e coletivas em um Estado Democrático de Direito. Este trabalho tem 
como objetivo principal esclarecer a não exclusividade da Polícia Judiciária nas investigações 
criminais, tendo como fundamento o fato de que o Ministério Público é o dono da ação penal 
e que para a melhor formação da opinio delicti, nada mais natural do que a realização de atos 
investigatórios pelo titular da ação penal. Para elaboração desta monografia foi utilizada a 
pesquisa, em sua essência, bibliográfica, no entanto foi realizada consulta a sites da internet 
sobre o tema. 
 
 
Palavras-chave: Ministério Público; Polícia Judiciária; Investigação Criminal; Dono (Titular) 
da Ação Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
ABSTRACT 
 
The present work has the purpose to demonstrate the legitimacy of the criminal investigation 
by prosecutors, demonstrating the constitutional protections and infra. In this study, we: (a) 
the historical evolution of both the ministerial body as judicial police, (b) the 
conceptualization of the criminal investigation, the prosecution and the police investigation, 
as well as the fundamentals of constitutional and infra-constitutional legitimacy of parquet 
lead directly criminal investigations, (c) presentation of doctrinal and jurisprudential 
understanding of the importance of the prosecution in the expansion of its sphere of action 
with the advent of the 1988 Constitution as national advocate of individual and collective 
guarantees in a democratic state. This paper aims to clarify the main non-uniqueness of the 
Judicial Police in criminal investigations, and is based upon the fact that the prosecutor is the 
owner of the prosecution and that to the best training delicti of opinion, nothing more natural 
than performing investigative acts by the holder of the criminal action. For preparation of this 
thesis research was used, in essence, bibliographic, however was held consulting internet sites 
on the topic. 
 
Keywords: prosecutors; Judicial Police, Criminal Investigation; Owner (Owner) of the 
Criminal Action. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS 
 
MP – Ministério Público 
MPF – Ministério Público Federal 
PC – Polícia Civil 
PF - Polícia Federal 
Art. - Artigo 
Arts. - Artigos 
§ - Parágrafo 
CPP – Código de Processo Penal 
STJ – Superior Tribunal de Justiça 
STF – Supremo Tribunal Federal 
CF – Constituição Federal 
EC – Emenda Constitucional 
PEC – Proposta de Emenda Constitucional 
HC – Habeas Corpus 
RHC – Recurso de Habeas Corpus 
RE – Recurso Extraordinário 
ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade 
IP – Inquérito Policial 
LOMPU – Lei Orgânica do Ministério Público da União 
LONMP – Lei Orgânica Nacional do Ministério Público 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO…….....………………………………………………………….…. 9 
2 MINISTÉRIO PÚBLICO E POLÍCIA JUDICIÁRIA …………………………... 12 
2.1 Ministério Público ….………………………..………………………………….... 12 
2.1.1 Histórico ………………...………………………………………………………. 12 
2.1.2 Origem e desenvolvimento no Brasil …...……………………………………... 13 
2.1.3 Conceito…….………………………………………………………..................... 16 
2.1.4 Princípios constitucionais……………….………………………........................ 17 
2.1.5 Posicionamento constitucional.……………………………………………….... 18 
2.2 Polícia Judiciária no Brasil………………………………………………………. 19 
2.2.1 Histórico…………………………………..……..………………………………. 19 
2.2.2 Posicionamento constitucional………………………………………………..... 23 
3 INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E A PARTICIPAÇÃO DO ÓRGÃO 
MINISTERIAL………………………………………………………………………... 
 
27 
3.1 Conceito……………………………………………………………………………. 27 
3.2 Persecução penal………………………………………………….………………. 28 
3.3 Inquérito Policial………………………………………………………………….. 32 
3.4 Fundamentos constitucionais e infraconstitucionais............................................. 36 
4 VALIDADE DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PELO MINISTÉRIO 
PÚBLICO……………………………………………………………………………… 
 
43 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………………. 55 
6 REFERÊNCIAS ……………………………………………………………………. 57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
INTRODUÇÃO 
 
O Ministério Público é um órgão que sofreu profundas alterações estruturais pela 
Constituição Federal de 1988, e que atualmente se caracteriza pela sua independência em 
relação aos três poderes e por sua titularidadeexclusiva da ação penal pública. A presente 
monografia tem como proposta apresentar a legitimidade da investigação criminal pelo 
Ministério Público na fase pré-processual, com o objetivo de fundamentar a sua denúncia, 
sem deixar de mencionar que, trata-se de um tema atual e recorrente, e ainda, sem ter a 
pretensão de querer estabelecer qualquer tipo de axioma ou verdade absoluta sobre o tema. 
Sendo precípuo esclarecer aqui de que forma o parquet foi instituído pela nossa Constituição, 
que em seu Art. 127 diz o seguinte: “O Ministério Público é instituição permanente, essencial 
à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime 
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.” 
Analisando este artigo de nossa Carta Magna, vemos que o Ministério Público possui 
caráter contínuo e que sem ele, o nosso sistema jurídico seria incompleto. Dentre as suas 
finalidades maiores estão: a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses 
sociais e individuais indisponíveis, e para conseguir esses feitos são-lhe conferidas uma série 
de atribuições, das quais podemos destacar: “promover, privativamente, a ação penal pública; 
zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos 
direitos assegurados na Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; 
promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e 
social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; promover a ação de 
inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos 
casos previstos na Constituição; exercer o controle externo da atividade policial.” 
A investigação criminal é atividade constitucionalmente atribuída à Polícia Judiciária, 
seja Polícia Civil ou Federal, dentro de suas atribuições, respectivamente. Nesse sentido, do 
ponto de vista prático parece absolutamente lógico que a função de investigar infrações penais 
seja privativa das Polícias Judiciárias. Tal afirmação é subsidiada por diversos fatores, quais 
sejam: trata-se de um órgão especializado na investigação criminal; a polícia, por sua 
essência, está muito mais próxima da atividade criminosa; por fim, a polícia é um órgão 
estatal que se faz presente em todas as cidades do território brasileiro, o que possibilita uma 
maior interação com os problemas de uma comunidade. 
Contudo, não se tratando de atribuição exclusiva de polícia judiciária, pode o parquet 
atuar diretamente, em casos específicos, nas investigações criminais. Atualmente, o tema não 
11 
 
se encontra pacificado, ocorrendo inúmeras discussões doutrinárias e jurisprudenciais a cerca 
da questão, havendo corrente favorável e contrária à atribuição do Ministério Público à frente 
de investigações criminais. Para tanto, utilizando como bússola a Carta Constitucional, 
procura-se navegar no conturbado cenário nacional, em que posições antagônicas são 
defendidas por renomados doutrinadores, bem como pelos mais variados Tribunais e 
entidades de classe, descortinando a contemporaneidade e relevância da temática. 
Neste contexto, deve-se destacar que as posições contrárias à atuação do Ministério 
Público na investigação criminal ganharam força quando a elite brasileira, anteriormente, 
“imune” ao Direito Penal, passou a ser trazida à Justiça Criminal. 
Superada a impunidade secular de uma elite econômica, que sempre elogiou a atuação 
ministerial no combate aos crimes, sobretudo patrimoniais, cometidos contra a mesma, passa 
a ser o Ministério Público, a partir de então, alvo de investidas, buscando aplacar a 
investigação ministerial, como colocar medo, freio e, até mesmo, mordaça nos seus membros, 
como se numa ditadura estivesse o Brasil. 
Mas pode-se perceber que na atual conjuntura social, com a sensação de impunidade e 
da falta de segurança pública que assola a país, é normal e natural que a sociedade aceite toda 
e qualquer providência administrativa por parte dos órgãos e instituições públicas voltadas a 
bater de frente com a crescente onda de criminalidade. A soma de esforços parece não 
constituir nenhuma infringência ao ordenamento jurídico em vigor. 
As investigações criminais conduzidas pelo Ministério Público, em determinados 
casos, e mais, sendo esta uma instituição permanente e essencial à função jurisdicional do 
Estado, presume-se haver isenção e imparcialidade na condução de investigações criminais. 
Existe uma decisão pendente no Supremo Tribunal Federal (STF) do Recurso 
Extraordinário (RE) 593727, sobre a atribuição do MP em tais investigações, onde o voto do 
relator Min. Cesar Peluso, datado de 21.06.2012, foi no sentido que a instituição em questão 
apenas poderá realizar investigações criminais quando a investigação tiver por objeto fatos 
teoricamente criminosos praticados por membros ou servidores do próprio MP, por 
autoridades ou agentes policiais e, ainda, por terceiros, quando a autoridade policial, 
notificada sobre o caso, não tiver instaurado o devido inquérito policial. Esse procedimento 
investigatório deverá obedecer, por analogia, as normas que regem o inquérito policial, que 
deve ser, em regra, público e sempre supervisionado pelo Poder Judiciário. E voto este 
acompanhado por outros ministros. 
O reconhecimento pela Corte Suprema, indubitavelmente, trará uma grande 
contribuição ao ordenamento jurídico no sentido de pacificar e orientar tribunais pátrios 
12 
 
quanto à legitimação do parquet na condução de investigações na esfera criminal em 
determinados casos, possa diminuir as divergências funcionais ou, até mesmo, o conflito de 
vaidades entre este e a Polícia Judiciária. Sem contar que, essa atribuição já se encontra 
prevista no ordenamento jurídico, portanto, como tal, não há que se falar de uma usurpação de 
atribuição, ou ainda, de uma inconstitucionalidade ou ilegalidade pelo Ministério Público. E 
creio que o valoroso guardião da ordem constitucional pátria, e que, com certeza, qualquer 
que seja ele, não retirará do Ministério Público a nobre missão de velar pela promoção da 
Justiça. 
Além do mais, muita celeuma tem sido provocada por conta de discussões acerca deste 
tópico, tanto entre os membros do Poder Judiciário como também entre os legisladores. 
Alguns acreditam que a investigação seja um monopólio da polícia, em contrapartida, outros 
entendem que quanto maior o número de órgãos investigadores, mais eficiente e legítima será 
a investigação, de forma que haja um maior cuidado na garantia da não violação dos direitos 
fundamentais individuais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
2 MINISTÉRIO PÚBLICO E POLÍCIA JUDICIÁRIA 
 
2.1 Ministério Público 
 
2.1.1 Histórico 
 
O órgão ministerial é uma instituição que remonta à antiguidade e que no decorrer do 
tempo vem evoluindo e ganhando um papel de destaque na sociedade. Contudo, não é 
possível situar-se com exatidão o aparecimento do Ministério Público na história da 
humanidade. 
Segundo Alexandre Pinto de Moraes (2010, p. 605), em estudo sobre a origem do 
Ministério Público, esclarece que determinados autores encontram a sua origem já no antigo 
Egito, há cerca de quatro mil anos, no funcionário real do Egito Magiai, que possuía funções 
de castigar os rebeldes, reprimir os violentos e proteger os cidadãos pacíficos. Nos Éforos de 
Esparta havia um Ministério Público embrionário, pois tinham por função, embora juízes, 
contrabalancear o poder real e o poder estatal, exercendo o ius accusationis, ou, ainda, nos 
thesmotetis ou tesmãtetas gregos, forma rudimentar de acusador público. 
Muito embora alguns autores remontam as origens do Ministério Público aos tempos 
do Direito Romano, encontrando traços da instituição no ofício dos rationalis e dos 
procuratores Caesaris (órgão mais ligado à atividade administrativo-fiscal, e muito pouco 
assemelhadoao Ministério Público), a verdade é que na França, no século XIV, que o 
Ministério Público encontrou seu berço (MARQUES, 2000a, p. 36). 
Seguindo no curso da história, outras tantas possíveis fontes são apontadas para o 
Ministério Público, tais como os saions, bailos, senecais, missi dominici, gastaldi ou 
gemeiner anklager encartados na Idade Média, bem como o vindex religionis do direito 
canônico e o advocatus de parte publica ou os advogadori di comum della repubblica ou os 
conservatori delle leggi di Firenz, de origem italiana (MAZZILLI, 1995, p. 3). 
Na França com caráter de continuidade – Ce corps de magistrals, apesar de antes do 
século XVI, os procurateurs ou procureus du roi serem simplesmente representantes dos 
interesses privados dos monarcas ante os Tribunais, quando o processo acusatório foi 
substituído pelo inquisitório, tornando-se os procureurs verdadeiros representantes dos 
interesses sociais (MORAES, 2010, p. 605). 
14 
 
Em 1302, coube à França criar o Ministério Público, referindo-se aos procuradores do 
rei. Em 1690, houve um decreto na França que atribuía vitaliciedade aos agentes do 
Ministério Público (MORAES, 2010, p. 606). 
Por fim, tendo em vista que todas as tentativas de encontrar as raízes do Ministério 
Público utilizam como premissa a fiscalização de atos ilegais, é na figura dos procureurs du 
roi (procuradores do rei) do direito francês que se encontra sua origem mais precisa, como 
relata Paulo Rangel (2005, p. 124): 
 
A origem, assim, mais aceita e bem delimitada do Ministério Público se dá no 
Direito Francês que, com o advento da Revolução Francesa, em 1789, deu uma 
estrutura mais adequada à instituição, tanto que a expressão até hoje usada por nós 
para significar o Ministério Público é francesa: parquet, que significa assoalho. 
 
Assim, com o transcorrer dos anos, a Instituição deixou de defender apenas os 
interesses pessoais do soberano francês, passando a desempenhar um mister público de 
interesse do Estado. 
Desse modo, ainda que a doutrina possua os mais variados posicionamentos sobre o 
assunto, e com isso, não resolva a questão acerca de sua origem, que pode ter sido verificada 
em qualquer momento histórico, bem como na mais desconhecida localidade, serve-nos pelo 
menos à conclusão a respeito dos contornos primários dessa importante instituição no 
contexto de um Estado. 
Sendo predominante o entendimento de que foi na França que a Instituição conseguiu 
dar seus primeiros passos em busca da sua atual formatação, sendo inconsistente a tese de que 
a Instituição já tenha surgido com a missão hodierna de patrocinar a tutela dos pobres e 
oprimidos e a defesa dos direitos sociais, tendo surgido de forma lenta e gradual no curso da 
História. 
À medida que os conflitos sociais se avolumavam, e o Soberano se sentia impotente 
para administrar a Justiça, tornou-se imprescindível instituir um órgão estável e permanente, 
com a finalidade de promover a ação penal pública, a defesa dos hipossuficientes e dos 
interesses sociais e individuais indisponíveis. 
 
 
2.1.2 Origem e desenvolvimento no Brasil 
 
De forte influência lusitana em seu primórdio, a formação histórica do Ministério 
Público no Brasil iniciou-se com as Ordenações Afonsinas de 1447, ante a previsão da figura 
15 
 
do procurador de justiça a quem competia levar à Justiça, as viúvas, órfãos e pessoas 
miseráveis, conforme o disposto no Título VIII (Do procurados dos nossos feitos), no Título 
XIII (Dos procuradores, e dos que nom podem fazer procuradores) (CARNEIRO, 2007, p. 
79-80). 
Outrossim, foram as Ordenações Manuelinas de 1521 que fizeram a primeira menção 
expressa aos deveres do Promotor de Justiça, o qual deveria ser: 
 
[...] letrado e bem entendido pera saber espertar, e aleguar as causas e razoes, que 
para lume e clareza da Justiça e para inteira conseruaçam della conuem, ao qual 
Mandamos que com grande cuidado, e diligência requeira todas as cousas que 
pertencem aa Justiça, em tal guisa que por sua culpa, e negrigencia nom pereça, 
porque fazendo o contrairo, Nós lhe estranharemos segundo a culpa nello teur 
(MAZZILLI, 1995, p.7). 
 
Já com as Ordenações Filipinas de 1603 criou-se a figura do Promotor de Justiça, 
nomeado pelo Rei e intitulado de Promotor de Justiça da Casa da Suplicação, tendo como 
funções básicas “[...] requerer todas as cousas que tocam à Justiça, com cuidado e diligência, 
em tal maneira que por sua culpa e diligência não pereça; [...] formar libelos contra os 
seguros, ou presos, que por parte da justiça hão de ser acusados na Casa de Suplicação pôr 
acordo da Relação” (MACHADO, 1998, p. 15). 
De outro lado, o primeiro texto genuinamente brasileiro a fazer menção à figura do 
“Promotor de Justiça” (MELLO JÚNIOR, 2001, p. 46) foi o diploma de 09 de janeiro de 1609 
que regulamentou o Tribunal de Relação da Bahia, trazendo em sua composição 10 (dez) 
desembargadores, 1 (um) procurador dos feitos da Coroa e da Fazenda e 1 (um) promotor de 
justiça. 
Com a Independência do Brasil, exsurge a Constituição Imperial de 1824, a qual, não 
se referiu à Instituição do Ministério público. Somente em 1932 com o Código de Processo 
Criminal, surge o Ministério Público no Brasil, contudo com uma rápida referência como 
“promotor da ação penal” (MORAES, 2010, p. 606). 
O Código de Processo Criminal foi reformado em 1841, sendo criada a figura do 
Promotor Público, nomeado e demitido pelo Imperador ou pelos Presidentes das províncias, 
preferindo sempre os Bacharéis formados, que foram “idôneos”, podendo o Juiz de Direito, na 
falta ou impedimento, nomear outro interinamente. (GARCIA, 2008, p. 30) 
A primeira Constituição da República (1891) ainda não aludiu ao Ministério Público 
enquanto instituição: apenas fez referência à escolha do Procurador-geral e à sua iniciativa na 
revisão criminal pro reo. O Ministério Público passou a ser tratado como instituição no 
Decreto n.º 848, de 11 de outubro de 1890, que organizou a justiça federal (todo o Capítulo 
16 
 
VI), o mesmo acontecendo com o Decreto n.º 1.030, de 14 de novembro de 1890, que 
organizou a justiça do Distrito Federal (MAZZILLI, 1991, p. 7). 
Com a Constituição de 1934, houve uma preocupação mais profunda com o Ministério 
Público, sendo institucionalizado no seio constitucional, separado do Poder Judiciário, 
conseguindo seus membros estabilidade, a regulamentação do ingresso na carreira e a 
paridade de vencimentos com a magistratura (MORAES, 2010, p. 606). 
Já a Carta Política de 1937, diminuiu a previsão constitucional da instituição 
ministerial, caracterizando-se como um severo retrocesso, apenas fazendo breves referências 
no título referente ao Poder Judiciário, onde previa a investidura do chefe do Ministério 
Público Federal, a cláusula do chamado “quinto constitucional” a ser aplicada somente nos 
tribunais superiores (MORAES, 2010, p. 607). 
Com a queda do regime ditatorial, editada a nova Lei Maior do País, de 1946, o 
Ministério Público alcançou sua autonomia em relação aos demais poderes. E com isso, foram 
restauradas as garantias da estabilidade, da inamovibilidade dos seus membros e do ingresso 
mediante concurso público (SANTANA, 2008, p. 32-33). 
A Carta de 1967 recoloca o Ministério Público no capítulo do Poder Judiciário, 
mantendo a representação da União em Juízo e a nomeação do Procurador-Geral da República 
sob competência do Presidente da República. As prerrogativas de estabilidade e 
inamovibilidade foram preservadas, ficando o acesso inicial à carreira dependente de 
aprovação em concurso de provas e títulos (MORAES, 2010, p. 608). 
Com a Carta de 1969 (Emenda Constitucional nº 1/69), volta a posicionar o Ministério 
Público dentro do Poder Executivo, sendo mantidas as regras do concurso público, 
estabilidade e inamovibilidade (MORAES, 2010, p. 608-609). E assim, num período 
ditatorial, o parquet teve sua independência funcional suprimida, ante asubmissão do Chefe 
da Instituição ao Poder Executivo. 
No entanto, a grande conquista obtida pelo Ministério Público na Carta da República 
de 1988 foi a sua retirada do âmbito do Poder Executivo, situando-o em capítulo especial, fora 
da estrutura dos demais Poderes da República. Pontuando-o como uma instituição de defesa 
dos interesses do Estado e da sociedade, bem como assegurou a seus integrantes garantias 
constitucionais equiparadas aos membros do Poder Judiciário e definiu-lhe inúmeras 
atribuições, dispondo ainda acerca de sua exclusividade na titularidade da ação penal pública. 
E que, a magistratura de pé passou por inúmeras mudanças, estrutural e funcional, e 
tais modificações sofridas pela instituição na histórica do país foram, nada mais nada menos, 
que para atender aos interesses daqueles que se mantinham na condução política brasileira. 
17 
 
2.1.3 Conceito 
 
 A palavra Ministério vem do latim ministerium, i, que significa o ofício do minister; ri 
(servidor), vale dizer, o ofício do servidor. 
Entende-se por Ministério a função, a profissão, ou o lapso de tempo durante o qual se 
exerce tal função. Já o vocábulo Público significa tudo aquilo que pertence à coletividade ou 
ao povo em geral, sob domínio do Estado. 
 São expressões equivalentes: Ministério Público (MP), Instituição Ministerial, 
“Parquet” e Magistratura de Pé. 
Crê-se que a expressão Ministère Public foi empregada pela primeira vez pela lei 
francesa de 27 de janeiro de 1801 (TOURINHO FILHO, 2010b, p. 402). 
A nossa Lei Maior no caput do Art. 127 conceitua de modo primordial, o Ministério 
Público, como: “instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e 
individuais indisponíveis”. 
Asseverou Hugo Nigro Mazzilli (2002, p. 61 apud TOURINHO FILHO, 2010b, p. 
401), com propriedade, que os legisladores constituintes, com a expressão “instituição 
permanente essencial à função jurisdicional”, disseram menos do que deveriam, porquanto o 
MP desenvolve inúmeras atividades, independentemente da prestação jurisdicional, e, 
paradoxalmente, disseram mais do que deveriam, pois o MP não oficia em todos os feitos 
judiciais. 
 Tratando de uma Instituição com as seguintes características: permanente, porque é 
parte integrante do Estado; essencial à função jurisdicional do Estado, porque, sem a mesma, 
a prestação jurisdicional ficaria mutilada; defensora da ordem jurídica e do regime 
democrático; defensora também dos interesses sociais e individuais; autônoma, sob o aspecto 
funcional, administrativo e financeiro (SANTANA, 2008, p. 21). 
O Art. 127 da Constituição Federal fala que “o Ministério Público é instituição 
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem 
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.” Também 
no Art. 129, o legislador arrolou deveres e instrumentos para a sua melhor persecução. 
O Ministério Público atua para ajudar na independência, imparcialidade e inércia do 
Judiciário. A verdadeira função do Ministério Público é complementar a função judiciária. O 
juiz é o “contra-poder” por natureza, pois ele representa a norma e, em um Estado 
Democrático, a norma válida, que está conforme todos os princípios e valores constitucionais. 
18 
 
Não como negar que a Carta Magna atual elegeu o Ministério Público como um 
verdadeiro “advogado” da sociedade brasileira, incumbindo-lhe de diversas atribuições, o que 
inclui não só a atuação em processos judiciais, mas também em diversos setores do Estado e 
da sociedade. 
 
 
2.1.4 Princípios constitucionais 
 
Os princípios constitucionais do Ministério Público encontram-se consagrados no § 1º 
do Art. 127 da CF/88, sendo eles: a unidade a indivisibilidade e a independência funcional. 
Nas palavras de Hugo Nigro Mazzilli (p. 53, 1989), o qual define o Princípio da 
Unidade do MP como “[...] a unidade é o conceito de que os promotores de um Estado 
integram um só órgão sob a direção de um só chefe; indivisibilidade significa que seus 
membros podem ser substituídos uns pelos outros [...]”. 
Nas expressões unidade, indivisibilidade e independência funcional torna-se evidente 
que as duas primeiras querem limitar, enquanto a última visa a ampliar as possibilidades de 
ação do membro da Instituição. Com efeito, pelos princípios da unidade e da indivisibilidade, 
o membro é apenas expressão do todo, sem identidade própria; já pelo princípio da 
independência funcional, o membro expressa-se por convicção própria, não condicionada 
sequer por orientação emanada daquele todo – “a Instituição” (MAZZILLI, 1989, p. 57). 
Segundo os ensinamentos de Fernando da C. Tourinho Filho (2010, p. 418): 
 
A unidade manifesta-se porque os órgãos do Ministério Público atuam como parte 
de um todo indivisível e não como órgãos isolados. Segundo a comunis opinio, a 
indivisibilidade evidencia-se na circunstância de poderem seus membros da 
Instituição substituírem-se uns aos outros em um mesmo processo. É que eles falam 
pela Instituição. Os membros do Ministério Público são considerados juridicamente 
uma só pessoa. A função, diz-se, absorve a personalidade de cada um de seus 
membros. Aquele que age ou fala não o faz em seu nome, mas em nome de toda a 
Instituição. Assim, os membros do Ministério Público podem ser substituir-se 
mutuamente. 
 
E, verifica-se que independência funcional refere-se ao agente individualmente 
considerado, enquanto a unidade e indivisibilidade tem em consideração a ação dos diversos 
agentes, reportando-se, pois, à Instituição. Ou seja: independência funcional é conceito cujo 
conteúdo extrai-se do centro (Instituição) e se localiza na extremidade (membro) – o membro 
é o titular do princípio; unidade e indivisibilidade são conceitos cujo conteúdo é extraído das 
extremidades (membros) para o centro (Instituição) – a Instituição é o titular dos princípios. A 
19 
 
unidade e a indivisibilidade supõem, portanto, uma instância garantidora das mesmas 
(=Instituição), ao passo que o principal garantidor da independência funcional é o próprio 
membro, pessoa humana, que exerce imediatamente uma função e possui liberdade para 
exercê-la (TEIXEIRA, 2002, p. 77-78). 
E nesse sentido, Tourinho Filho (2010, p. 419) assevera que, 
 
O órgão do Ministério Público, no exercício de suas funções, é independente. Não 
fica sujeito a ordens de quem quer que seja. Presta conta de seus atos à lei e à sua 
consciência. […] a expressão independência não quer dizer que os membros do 
Ministério Público não estejam sujeitos a poderes de disciplina, direção e 
fiscalização. […] Nem seus superiores hierárquicos podem dar-lhes ordens no 
sentido de agir ou daquele modo dentro de um processo […]. A função conferida 
aos juízes, de direção do processo, não implica nem importa gradação funcional dos 
órgãos jurisdicionais sobre os membros Ministério Público […]. 
 
Portanto, verifica-se que a Instituição Ministerial é um ente só, encontra-se sob a 
mesma chefia ou direção, cuja hierarquia é meramente administrativa, e não funcional, visto 
que seus integrantes gozam de independência no exercício de suas funções. Sendo indivisível 
porque seus membros exercem uma só função, onde podem ser substituídos uns pelos outros 
sem que cause prejuízo ou quebra da missão institucional. Quanto à sua independência 
funcional, os seus membros tem uma atuação funcional plenamente independente, sem 
nenhum vínculo de subordinação hierárquica. 
 
 
2.1.5 Posicionamento constitucional 
 
A Constituição de República Federativa do Brasil inseriu o Ministério Público no 
Título IV, “Da Organização dos Poderes”, no Capítulo IV, “Das Funções Essenciais à 
Justiça”, contudo, encontra-se separado dos demais Poderes juntamente com a Advocacia 
Pública, a Advocacia Privada e a Defensoria Pública.O órgão ministerial integra o título que organiza os Poderes da República em capítulo 
separado, situado no mesmo nível hierárquico dos demais órgãos, com princípios garantias e 
prerrogativas constitucionais da instituição e de seus membros, ficando demonstrado que o 
parquet não está vinculado à estrutura de nenhum dos Poderes do Estado. 
Para Alexandre de Moraes (2010, p. 610), o posicionamento constitucional do 
Ministério Público sempre provocou análise e perplexidade na doutrina, não só pelas 
constantes alterações no texto constitucional, mas também pelas transformações evolutivas 
jurídico-sociais que sofreu a instituição, culminando com o moderno texto de 1988. 
20 
 
Nesse contexto, prossegue Alexandre de Moraes (2010, p. 610) destacando a citação 
do Ministro Sepúlveda Pertence, do Supremo Tribunal Federal, 
 
a seção dedicada ao Ministério Público insere-se, na Constituição de 1988, ao final 
do título IV – Da organização dos Poderes, no seu capítulo III – Das funções 
Essenciais à Justiça. A colocação tópica e o conteúdo normativo da Seção revelam a 
renúncia, por parte do constituinte, de definir explicitamente a posição do Ministério 
Público entre os poderes do Estado. 
 
 
E concluiu que o Ministério Público, 
 
desvinculado do seu compromisso original com a defesa judicial do Erário e a 
defesa dos atos governamentais aos laços de confiança do Executivo, está agora 
cercado de contraforte de independência e autonomia que o credenciam ao efetivo 
desempenho de uma magistratura ativa de defesa impessoal da ordem jurídica 
democrática, dos direitos coletivos e dos direitos da cidadania. 
 
 A atual Carta Magna concedeu ao Ministério Público uma organização diferenciada e 
inovadora com relação ao que vinha sido estabelecido pelas Constituições brasileiras, 
conceituando e caracterizando este instituto essencial ao justo exercício do Direito. 
 O novo perfil do Ministério Público representa, portanto, resposta significativa aos 
anseios e postulações dos que, perseguidos pelo arbítrio e oprimidos pela onipotência do 
Estado, a ele recorrem, na justa expectativa de verem restaurados os seus direitos. 
 
 
2.2 Polícia Judiciária no Brasil 
 
2.2.1 Histórico 
 
Analisando-se o vernáculo no conceito de Aulete (2007, p. 784), polícia (po.lí.ci:a) sf. 
1. Conjunto de leis que têm o objetivo de garantir a segurança e a ordem pública. 2. 
Corporação composta por instituições responsáveis pela manutenção desses valores. 3. Os 
membros dessa corporação. sm. 4. Pop. Ver policial (1). 
De acordo com os ensinamentos de Tourinho Filho (2008, p. 191) o vocábulo polícia, 
do grego politéia – de polis (cidade) – significou, a princípio, o ordenamento jurídico do 
Estado, governo da cidade e até mesmo, a arte de governar. Em Roma, o termo politia 
adquiriu um sentido todo especial, significando a ação do governo no sentido “de manter a 
ordem pública, a tranqüilidade e paz interna”; posteriormente, passou a indicar o próprio 
órgão estatal incumbindo de zelar sobre a segurança dos cidadãos”. 
21 
 
O nome polícia se generalizou nos países ocidentais de uma forma enganosa, pois sob 
o mesmo nome podem aparecer instituições com formas e atribuições muito diversas. […] se 
origina das instituições ligadas ao estado francês do século XVII, que se espalham pelas 
monarquias absolutistas similares, como Portugal e daí para o Brasil, ou mais tarde, a partir da 
expansão napoleônica, pelo próprio emprego de forças policiais pelo invasor francês, em 
seguida conservadas pelos governos de restauração (BRETAS, 1997, p. 80-81). 
Bobbio (1998, p. 944) define polícia como sendo, 
 
Uma função do Estado que se concretiza numa instituição de administração positiva 
e visa a por em ação as limitações que a lei impõe a liberdade dos indivíduos e dos 
grupos para salvaguarda e manutenção da ordem pública, em suas várias 
manifestações: da segurança das pessoas à segurança da propriedade, da 
tranqüilidade dos agregados humanos à proteção de qualquer outro bem tutelado 
com disposições penais. 
 
As primeiras manifestações de polícia no Brasil foram trazidas por Portugal, sendo 
que na época vigiam naquele país as chamadas Ordenações Afonsinas, tratando a polícia e a 
magistratura de forma unitária. Em 1521 vieram as Ordenações Manoelinas, porém, no Brasil, 
apesar de todo o poder ser exercido em nome do rei de Portugal, na prática, os governadores 
das cidades eram quem acumulavam o poder de polícia, acusação e julgamento, de acordo 
com o sistema inquisitório da época (GUIMARÃES, 2006, p. 24). 
De acordo com informação contida no site oficial da Polícia Civil do Rio de Janeiro, a 
polícia judiciária brasileira teve sua raiz com a chegada do monarca Dom João VI. O sistema 
policial experimentou, com a criação da Intendência Geral de Polícia da Corte e do Estado do 
Brasil, uma fase de efetivo progresso, através do Alvará de 10 de maio de 1808, sendo criada 
com as mesmas atribuições que tinha em Portugal (apenas quatro meses após o desembarque 
da Família Real, no Rio de Janeiro, 27 de março daquele ano, revogando a Intendência Geral 
de Polícia de Portugal, de 16 de janeiro de 1780, quanto à sua competência jurisdicional no 
território da Colônia), o cargo de Intendente Geral de Polícia da Corte, nomeando para 
exercê-lo o Conselheiro do Paço e Desembargador, Paulo Fernandes Viana, iniciando, assim, 
uma nova fase para a vida da cidade e grandes modificações no organismo policial
1
. 
O século XIX trouxe, com a chegada da coroa portuguesa ao Rio de Janeiro, a 
Intendência Geral de Polícia para o Brasil, que, baseada em sua congênere lisboeta, foi 
estabelecida a partir do molde da L’intendance de Police francesa, constituindo, de um lado, 
 
1
 POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Uma breve exposição da História 
da Polícia Civil: início da colonização até dezembro de 1994. Disponível em: 
<http://www.policiacivil.rj.gov.br/historia.asp>. Acesso em 28 jan. 2013. 
http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=policia%20civil%20do%20rio%20de%20janeiro&source=web&cd=1&cad=rja&ved=0CDEQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.policiacivil.rj.gov.br%2F&ei=X8EGUcKLE5LcqQH93IAo&usg=AFQjCNE7jfN7kBuY1Vyiwn4IRsMKO0FZxw&bvm=bv.41524429,d.aWM
http://www.policiacivil.rj.gov.br/historia.asp
22 
 
“instrumento do príncipe para impor sua própria presença e autoridade contra as forças 
tradicionais da sociedade imperial” (CARVALHO, 2008, p. 110). De fato, além das funções 
de polícia política, segurança pública e promoção do bem-estar geral, a Intendência de Polícia 
também trazia uma ideia mais ilustrada à renovação da sociedade colonial, “o instrumento do 
governo português que levaria à transformação da cidade do Rio de Janeiro em sede do 
Império” (CARVALHO, 2008, p. 131). 
O intendente ocupava o cargo de desembargador, com status de ministro de Estado e, 
no que se refere à segurança pública, detinha o poder de decidir sobre os comportamentos a 
serem considerados criminosos, estabelecer a punição que julgasse apropriada e então 
prender, levar a julgamento, condenar e supervisionar a execução da sentença. Representava o 
monarca absoluto e, de forma coerente com a sobreposição de poderes típica da administração 
colonial, seu cargo englobava poderes legislativos, executivos e judiciários (HOLLOWAY, 
1997, p. 46). O Intendente possuía poder ilimitado, na esfera policial, sendo que todos os 
órgãos policiais do Brasil Império, era nele centralizado e, em 1810 ocorreu uma nova 
estruturação na polícia judiciária, onde através do Aviso de 25/05/1810, fora criado o cargo de 
Comissário de Polícia
2
. 
As funções policiais e judiciárias eram acumuladas e exercidas através da Autoridade 
Policial, desde 1808 até 1827, quando em outubro, foi criado o Juizado de Paz, em uma 
tentativa de desvincular a alçada Judiciária, da Policial. Em 1832, com a promulgação do 
Código de Processo Criminal doImpério, houve nova organização na esfera de polícia 
judiciária. Com o decorrer do tempo, tendo em vista as necessidades prementes de 
aprimoramento do sistema, a instituição foi submetida a inúmeras transformações em sua 
estrutura, tanto que, com a reforma de 1841, devido ao aumento da criminalidade, àquela 
época, quando a instituição ainda era subordinada à Justiça
3
. 
A partir de 1841, os delegados, subordinados aos chefes de polícia provincial, 
assumiram a maioria das funções dos juízes de paz, podendo acusar, reunir provas, ouvir 
testemunhas e apresentar ao juiz municipal um relatório escrito da investigação, no qual este 
baseava o seu veredicto. Além disso, o delegado expedia mandatos de prisão e estabelecia 
fianças, assim como julgava, ele mesmo, delitos menores, tais como a infração de posturas 
municipais. Ele podia contar com instrumentos legais poderosos para o exercício de suas 
atividades, tais como o direito de decretar prisão preventiva e de exigir “termos de bem viver” 
 
2
 FRANCELIN, Antonio Edison. Com duzentos anos, Polícia Civil já foi judiciária. Revista Consultor 
Jurídico, 9 ago. 2010. 
3 Idem ibidem. 
23 
 
que, se violados, poderiam resultar em prisão e condenação praticamente certa (GRAHAM, 
1997, p. 88). 
O governo central reformou a estrutura judiciária, redefinindo poderes e atribuições, 
promovendo a centralização do sistema de justiça e retirando poder das instâncias locais. A 
maioria das atribuições do juiz de paz foi transferida para os delegados de polícia, submetidos 
ao chefe de polícia da província, recrutado entre os juízes de direito e subordinado 
diretamente ao Ministério da Justiça (VELLASCO, 2004, p. 135-145). 
Com o avançar do século, ficava clara a necessidade de profissionalização de todo o 
corpo policial, em suas várias dimensões. O fracasso da Guarda Urbana (HOLLOWAY, 
1997, p. 221) evidenciava a necessidade de profundas mudanças no sistema, consolidadas na 
reforma judicial de 1871, que separava definitivamente a polícia da justiça. A partir daquele 
momento, o chefe de polícia estava impedido de julgar qualquer caso, encaminhando o 
resultado de suas investigações (o Inquérito Policial) aos juízes de direito e seus auxiliares, 
que passaram a se encarregar do julgamento de todas as causas criminais. Assim, pela nova 
Lei, os chefes de polícia continuavam encarregados de reunir provas para a formação de culpa 
do acusado, mas os resultados desse inquérito eram entregues aos promotores públicos ou 
juízes para sua avaliação e decisão final. Assim, nem o chefe de polícia ou os seus delegados 
podiam tomar uma decisão final sobre culpa ou inocência, embora mantivessem considerável 
poder de facto nos casos de crime, conforme a diligência ou morosidade através das quais 
dirigiam as investigações (HOLLOWAY, 1997:228). 
Segundo Rodrigo R. Chemim Guimarães (2006, p. 26-27), após a proclamação da 
independência, surgiu uma figura semelhante a do Delegado de Polícia, o qual era exercido 
por juízes de paz, pois a polícia e a magistratura confundiam-se num único órgão. 
Em 1891, com a queda do império e a promulgação da Constituição Republicana, os 
Estados-membros passaram a ter administração própria e autônoma, o que resultou nas 
organizações policiais nos estados. Em 1902, a polícia foi novamente reformulada, surgindo a 
polícia civil e a militar, e que, várias alterações na legislação continuam presentes até os dias 
atuais, segundo Guimarães (2006, p. 28-29). 
Com a Proclamação da República, a Polícia Judiciária, grassou um período áureo entre 
1902 a 1916, havendo uma reformulação organizacional da polícia. Em 1917, elevou-se a 
uma polícia de carreira, realmente profissionalizada através de cursos específicos e, admissão 
somente mediante concursos públicos
4
. 
 
4 FRANCELIN, Antonio Edison. Com duzentos anos, Polícia Civil já foi judiciária. Revista Consultor 
Jurídico, 9 ago. 2010. 
24 
 
Em março de 1944, época de Getulio Vargas, a Polícia Civil do Distrito Federal (Rio 
de Janeiro), é alterada, originando o Departamento Federal de Segurança Pública (DFSP), 
aproveitando a gama de experiência policial, para atuar a nível nacional e, em fevereiro/1967, 
passa a ser denominado Departamento de Policia Federal
5
. 
Durante o período militar (1964-1983), as polícias brasileiras tiveram um forte 
conteúdo de controle social, administrado pelo governo federal que estabelecia as regras e 
normas para atuação das Polícias Estaduais. 
Em 1988, a Constituição Federal consagra o papel das Polícias Judiciárias Brasileiras: 
Polícia Civil e Polícia Federal. 
No Brasil, a própria história da Polícia Judiciária passou pelas mais diversas 
transformações estruturais, sendo que em determinados momentos, passando por mudanças 
no seu aspecto funcional. No entanto, tais transformações foram necessárias, não para atender 
aos clamores da sociedade, mas sim para satisfazer aos anseios daqueles que detinham o 
poder político do país. 
 
 
2.2.2 Posicionamento constitucional 
 
A segurança pública ganhou um capítulo exclusivo (III) na Lei Suprema do país, tendo 
um artigo que trata sobre o tema, é o seu Art. 144 que consagra os órgãos que integram o 
sistema de segurança pública (Incisos I a V e § 8°) e suas respectivas atribuições 
constitucionais. Dedicação do texto constitucional que se preocupou em definir as polícias 
judiciárias, assim como suas respectivas missões institucionais (§§ 1°, Incisos I a IV e 4º). 
As Polícias Civis são instituições que exercem funções de polícia judiciária, nas 
unidades federativas do Brasil, cuja função é, de acordo com o Art. 144, § 4º da CF/88, o 
exercício da segurança pública para a preservação da ordem pública, da incolumidade das 
pessoas e do patrimônio. As polícias civis são subordinadas aos Governadores dos Estados ou 
do Distrito Federal e Territórios e dirigidas por delegados de polícia de carreira, são órgãos 
pertencentes ao Sistema de Segurança Pública, assim como, encontram-se inseridas nas 
estruturas organizacionais das Secretarias de Segurança Pública dos estados da federação e no 
Distrito Federal. 
 
5 FRANCELIN, Antonio Edison. Com duzentos anos, Polícia Civil já foi judiciária. Revista Consultor 
Jurídico, 9 ago. 2010. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Unidades_federativas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
http://pt.wikipedia.org/wiki/Constituição_Federal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Segurança_pública
http://pt.wikipedia.org/wiki/Governadores
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados
http://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_Federal
25 
 
A Polícia Civil tem, assim, por finalidade investigar as infrações penais e apurar a 
respectiva autoria, a fim de que o titular da ação penal disponha de elementos para ingressar 
em juízo. Ela desenvolve a primeira etapa, o primeiro momento da atividade repressiva do 
Estado. Indaga de todos os fatos suspeitos, recebe os avisos, as notícias, forma os corpos de 
delito para comprovar a existência dos atos criminosos, sequestra os instrumentos dos crimes, 
colige todos os indícios e provas que pode conseguir, rastreia os delinquentes, captura-os nos 
termos da lei e entrega-os à Justiça Criminal, juntamente com a investigação feita, para que a 
Justiça examine e julgue maduramente (TOURINHO FILHO, 2008, p. 194-195). 
E ainda sobre a atividade da Polícia Civil, Denilson Feitoza (apud GRECO, R., 2012, 
p. 4) destaca que a Constituição Federal utilizou a expressão polícia judiciária no sentido 
original com o qual ingressou em nosso idioma há mais de cem anos, ou seja, como órgão que 
tem o dever de auxiliar o Poder Judiciário, cumprindo as ordens judiciárias relativas à 
execução de mandado de prisão ou mandado de busca e apreensão, à condução de presos para 
oitiva pelo juiz, à condução coercitiva de testemunhas etc. Além dessas funções,consideradas 
como de polícia judiciária, ou seja, auxiliares do Poder Judiciário, também competirá à 
Polícia Civil a apuração das infrações penais, ocasião em que exercerá uma função de 
natureza investigativa. 
Na visão de Plácido e Silva (1990, p. 387), o conceito de Polícia Judiciária, a saber: 
 
Denominação dada ao órgão policia, a qual se comte a missão de averiguar a 
respeito dos fatos delituosos ocorridos ou das contravenções verificadas, a fim de 
que sejam os respectivos delinqüentes ou contraventores punidos pela prática das 
Infrações cometidas. A polícia judiciária é repressiva, porque, não se tendo podido 
evitar o mal, por não ter sido previsto de modo efetivo, ou por qualquer outra 
circunstância, procura, pela investigação dos fatos, recolher as provas que os 
demonstram, descobrir os seus autores, entregando-os às autoridades judiciárias para 
que cumpram a lei. 
 
E ainda seguindo sua linha de raciocínio, Plácido e Silva (1990, p. 387) também 
conceitua Polícia Civil: 
 
Em oposição à polícia militar, é a designação que se dá ao conjunto de autoridades 
designadas pelo governo para que cumpram as prescrições estabelecidas para a 
manutenção da ordem pública. A Polícia Civil, em certos casos, é meramente 
administrativa, isto é, quando age preventivamente. Quando trata de reparar o mal, 
que não pôde ser evitado, procurando meio de trazer o criminoso ou infrator à 
sanção penal, é judicial ou Polícia Judiciária. 
 
No mesmo sentido, Rodrigo Réginer Chemim Guimarães (2002, p. 49), aduz que a 
polícia judiciária é constituída pelas polícias civis dos Estados, bem como, pela polícia 
federal, e cujas delegações visam a apuração dos delitos conjuntamente com as suas autorias. 
26 
 
Para Chemim, existem duas polícias, aquelas de cunho administrativo, e aí adentram as 
polícias militares, as quais têm atuação plena e ostensiva, ou seja, previnem para que o crime 
não venha a se consumar; e a polícia judiciária, a qual diante da consumação do delito, inicia 
as investigações a fim de que o agente responsável pela ação, seja primeiramente identificado, 
após, punido de acordo com as leis que se aplicarem ao crime em questão. O autor conclui o 
seu pensamento, destacando tanto Polícia Judiciária como Ministério Público devem laborar 
em uníssono para que a justiça possa ser aplicada com precisão. 
Já a Polícia Federal, de acordo com o Art. 144, § 1º, da CF/88, é instituída por lei 
como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira. Atua, 
assim, na clássica função institucional de polícia. O Departamento de Polícia Federal é órgão 
estatal que está hierarquicamente subordinado ao Ministério da Justiça. 
No mesmo dispositivo constitucional dispõe que são funções adicionais da Polícia 
Federal: 
 
I - Apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de 
bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas 
públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual 
ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; 
II - Prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos 
públicos nas respectivas áreas de competência; 
III - Exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; 
IV - Exercer, com exclusividade, as funções de Polícia Judiciária da União. 
 
 
Com isso, não se pode afirmar que nossa Polícia Federal é uma polícia exclusivamente 
judiciária, pois esta função auxiliar do Poder Judiciário, ainda que seja priorizada em relação 
às demais, é apenas uma das atribuições constitucionais e legais do órgão. Em razão disso, a 
Polícia Federal detém o ciclo completo de polícia, exercendo atividades de polícia preventiva 
e repressiva, da mesma forma que as polícias legislativas brasileiras em âmbito estadual e 
federal. 
E, quanto à exclusividade a que se refere o artigo visou a um tempo ressaltar a 
competência da Polícia Federal e afastar a eventual ingerência da polícia judiciária dos 
Estados e do Distrito Federal nas infrações penais de competência da Polícia Federal, além 
das demais polícias federais (Rodoviária Ferroviária etc.). 
Esse é o entendimento na visão de Aury Lopes Júnior (2006, p. 154-155) que escreve: 
 
Não dispôs a Constituição que a polícia judiciária tenha competência exclusiva para 
investigar, pois o Art. 144, §§ 1º, I, e 4º, simplesmente prevê que a Polícia Federal e 
a Civil deverão exercer as funções de polícia judiciária, apurando as infrações 
penais. Não existe exclusividade desta tarefa, inclusive porque quando pretendeu 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Constituição_Brasileira
http://pt.wikipedia.org/wiki/União_(Brasil)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Polícia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tráfico_de_drogas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Contrabando
http://pt.wikipedia.org/wiki/Polícia_marítima
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Polícia_aeroportuária&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Polícia_de_fronteiras
http://pt.wikipedia.org/wiki/Polícia_Judiciária
http://pt.wikipedia.org/wiki/União_(Brasil)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Polícia_de_ciclo_completo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Polícia_do_Brasil#Pol.C3.ADcia_Legislativa_Federal
27 
 
estabelecer a exclusividade de competência o legislador o fez de forma expressa e 
inequívoca. Tampouco a natureza da atividade ou dos órgãos em discussão permite 
ou exige uma interpretação restritiva; ao contrário, trata-se de buscar a melhor forma 
de administrar justiça. 
 
No mesmo sentido, Elmir Duclerc (2006, p. 109): 
 
Não nos convence o argumento conforme o qual os órgãos policiais têm 
exclusividade na tarefa de investigar. O que se pode depreender do Art. 144 da CF é 
que a Polícia Civil e a Polícia Federal devem investigar infrações penais no âmbito 
de suas atribuições, e que à última cabe, com exclusividade, a função de polícia 
judiciária da União. Levando-se em conta, todavia, a noção de polícia judiciária 
(manifestação do poder de polícia do Estado, que visa restringir certas liberdades 
para apurar infrações penais) já estabelecida linhas acima, parece claro que 
exclusividade nessa atividade não significa, necessariamente, exclusividade na 
função de reunir informações para exercício da ação penal, coisa que pode ser 
realizada até mesmo pela própria vítima. A exclusividade a que se refere o legislador 
constituinte, assim, só tem sentido quando considerada em face de outros órgãos 
(como as policias civis), que também exercem a atividade policial. 
 
As Polícias Judiciárias são instituições públicas que integram o sistema de segurança 
pública, no âmbito nacional a Polícia Federal e no estadual ou distrital, as Polícias Civis, cada 
uma com atribuição definida na CF/88, assim como nas Constituições Estaduais, no caso da 
PC. Sendo que, no próprio texto constitucional que atribui as missões dos órgãos integrantes 
da segurança pública não restringe a ação de outros órgãos em investigações criminais, como 
o MP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
3 INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E A PARTICIPAÇÃO DO ÓRGÃO MINISTERIAL 
 
3.1 Conceito 
 
De acordo com Aurélio B. de Holanda Ferreira (2001, p. 430), o vocábulo investigar 
significa seguir os vestígios, pesquisar, examinar com atenção. 
A investigação criminal é um procedimento administrativo pré-processual, de 
cognição sumária, cujo objetivo imediato é averiguar o delito e sua autoria, fornecendo 
elementos para que o titular da ação penal proponha o processo (oferecimento da peça 
exordial) ou o não processo (arquivamento). Ao contrário do que muitos pensam, a 
investigação não visa, tão somente, a obter indícios para a acusação, mas sim apurar a 
verdade, seja ela a favor da acusação ou da defesa. (CABETTE, 2001, p. 197). 
A investigação criminal pode ser definida como um métodopara a reconstrução de 
fatos passados que pretende responder a quatro perguntas básicas: onde, quando e como 
ocorreu o fato, e quem o praticou. (GARRIDO, STANGELAND y REDONDO, 2006, p. 853 
apud PEREIRA, 2011, p. 59) 
Para Manzini (1951, p. 173), a investigação tem a finalidade característica de recolher 
e selecionar o material que haverá de servir para o juízo, eliminando tudo o que resulte 
confuso, supérfluo ou inatendível. Com isso, evitar-se-iam os debates inúteis e se prepararia 
um material selecionado para os debates necessários. 
Fundamentalmente, a atividade de investigação criminal é um conjunto de ações – 
lógicas e organizadas – desenvolvidas por órgãos estatais, a partir da notícia de um crime, 
objetivando o fornecimento de elementos mínimos sobre autoria e materialidade do delito, 
bem como fornecer elementos e indícios para o desencadeamento da pretensão punitiva 
estatal, ou seja, para a posterior formação, pelo Ministério Público, da opinio delicti 
(CHOUKE, 1995, p. 71). 
Nesse sentido, a investigação é a atividade da persecução criminal destinada à ação 
penal; por isso apresenta caráter preparatório e informativo, visto que seu objetivo é o de levar 
aos órgãos da ação penal os elementos necessários para a dedução da pretensão punitiva em 
juízo: inquisitio nihil est quam informatio delicti
6
 (MARQUES, 2000a, p. 152). 
 
 
6 
Expressão em latim que significa “o interrogatório nada mais é do que informação de um delito”. 
29 
 
A investigação é o momento pré-processual da persecução criminal, sendo que ela não 
integra a instância que se instaura somente com a propositura da ação penal (MARQUES, 
2000a, p. 153). 
Para Garcia (2004, p. 4), as diligências investigatórias ou investigações criminais, 
podem ser entendidas como atividade estatal destinada a preparar a ação penal. A 
investigação preocupa-se com o esclarecimento do fato delituoso e a descoberta da autoria, 
pois é necessário que o representante do Ministério Público tenha em mãos os dados 
necessários para formular a denúncia. É um procedimento preparatório, informativo e 
inquisitório, constituindo-se num conjunto de providências desenvolvidas para se esclarecer 
conduta, pelo menos, aparentemente, delituosa. 
Em síntese, a investigação criminal é - nada mais que - a coleta de provas no sentido 
de identificar a autoria e materialidade de uma conduta penalmente ilícita, constituindo uma 
fase basilar da manutenção da ordem pública, pois quando destinada ao insucesso, alimentará 
a impunidade e, por conseguinte aumentando a criminalidade, tendo em vista que será um 
combustível a mais e servirá como estímulo aos criminosos a se organizarem e terem mais 
adeptos a prática de novos delitos, considerando que um dos fatores preponderantes da 
intimidação é a certeza de uma futura punição. 
O Código de Processo Penal de 1941, ou ainda, no século anterior, foi elaborado para 
um contexto social completamente diferente da realidade atual. Isso fica evidente se for 
levado em conta à evolução das formas de comunicação e das relações sociais, que acontece 
constantemente, exigindo-se profundas e significativas alterações no ordenamento jurídico 
pátrio, no tocante ao processo penal, de modo que haja uma evolução que acompanhe aos 
clamores da sociedade, a qual deve alcançar a polícia judiciária em todos os seus aspectos, 
não apenas nas suas atribuições processuais. 
 
 
3.2 Persecução penal 
 
A persecução penal no ordenamento jurídico brasileiro, até chegar sua situação atual, 
passou por significativas modificações, e isto não significa que hoje tenhamos um sistema 
ideal para nossa realidade. No entanto, é relevante mostrar sua evolução histórica e assim, 
constatar que tais mudanças foram e ainda são necessárias aos anseios de uma sociedade com 
descrédito nos órgãos estatais que contribuem para o alcance de uma justiça mais justa. 
30 
 
Segundo Júlio Fabrini Mirabete (2007, p. 56) a persecução penal significa a ação de 
perseguir o crime. Além da ideia da ação de justiça para punição ou condenação do 
responsável pela infração penal, em processo regular, inclui ela os atos praticados para 
capturar ou prender o criminoso, a fim de que se veja processar e sofrer a pena que lhe for 
imposta. 
Com o advento da primeira Constituição Imperial (1824), o sistema de investigação 
dos delitos não foi alterado, e somente em 1832, dez anos depois da Proclamação da 
Independência do Brasil e oito anos após a primeira Carta Política, surge o Código de 
Processo Criminal, chamado de Código Criminal do Império, publicado por imposição do 
artigo 179, parágrafo 18, da Constituição do Império. (MARQUES, 2000b, p. 99-100) 
Foram restringidas, em 1841, as atribuições dos Juízes de Paz, conferindo-se às 
autoridades policiais as funções da investigação criminal. Dentre as atribuições das 
autoridades policiais estavam a de “remeter, quando julgarem convenientes, todos os dados, 
provas e esclarecimentos que houverem obtido sobre um delito, com uma exposição do caso e 
das circunstâncias, aos juízes competentes para a formação de culpa”. (SANTIM, 2001, p. 27-
30) 
Ainda no ano de 1841, com a promulgação da Lei nº 261, de 3 de dezembro, são 
criados os cargos de Chefe de Polícia, Delegados e Subdelegados em cada província da Corte, 
com atribuições para investigar o crime e formalizar o conjunto de todos os dados, provas e 
esclarecimentos acerca de um delito, com a exposição do caso e de suas circunstâncias, 
remetendo-os ao juiz competente para formação da culpa. Era a fase preliminar do processo e 
já se caracterizava pela forma inquisitiva e não judicial
7
. 
Porém, ainda pela influência do Código de 1832, os crimes proliferaram de tal forma 
que no ano 1871 separou-se justiça e polícia, em virtude de considerar “incompatível o cargo 
de juiz municipal e substituto, com o de qualquer autoridade policial” - Art. 1º, § 4º, da Lei 
2.033/1871 (SANTIM, 2001, p. 29). 
Apesar do cenário político conturbado, o Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 
(atual Código de Processo Penal), foi promulgado, vigorando a partir de 1º de janeiro de 
1942. Ele foi orientado pelo sistema acusatório, e sedimentado na tradição canônica e ibérica 
da suspeição progressiva, assegurando o princípio do contraditório na fase judicial, e 
mantendo o inquérito policial 
 
7 TAQUARY, Eneida Orbage de Brito. A investigação criminal, atividade exclusiva da autoridade 
policial. Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul – ASDEP, artigos. 
31 
 
A Constituição de 1946 recepcionou o Código de Processo Penal que vigorava há 
quatro anos. Ela manteve o sistema processual penal acusatório e a investigação criminal 
continuou a ser feita de forma extrajudicial, conduzida pela autoridade policial
8
. 
A Constituição Federal promulgada em 1988, da mesma forma que a anterior, recebeu 
o diploma processual penal de 1941. A primeira fase da persecução penal foi mantida como 
instrumento de defesa do Estado na obtenção de seus objetivos, desenvolvida pelas Polícias 
Civil e Federal
9
. 
No Brasil, encontramos uma solução mista para essa fase preparatória da persecução 
penal: cabe à polícia a investigação preliminar e a produção de um relatório juridicamente 
orientado do resultado dessas investigações. A responsabilidade pela condução do inquérito 
cabe a uma autoridade policial - o delegado de polícia, que recebe essa delegação do Chefe de 
Polícia. A ambivalência aqui resulta da fusão das prerrogativas de “investigar” e de “formar a 
culpa”, de iniciar, através do indiciamento e da tomada de depoimentos, uma etapa que, na 
prática, adquire um status pré-instrucional, sob um enquadramento funcional administrativo e 
não judiciário (MISSE, 2010, p. 10-11). Combinando o estatuto de neutralidade da 
investigação policial com a potencial atribuição e formaçãoda culpa, o inquérito policial não 
tem parâmetros de comparação com outros modelos de investigação preliminar. 
A realização das investigações para a produção do inquérito policial gera algumas 
tensões entre os diferentes âmbitos do Sistema de Justiça Criminal. A discricionariedade 
policial, utilizada para decidir que tipo de ocorrência gerará ou não um inquérito policial e, 
quando produzido, decidir o que ali constará ou não, é apontada por alguns operadores do 
Sistema de Justiça Criminal como um elemento que gera consequências em todo o fluxo da 
Justiça. Nesse sentido, promotores e juízes concordam com a necessidade de adoção de 
estratégias de regulamentação e controle mais efetivas sobre o trabalho da Polícia Civil 
(RATTON, 2010, p. 288-289), uma vez que, diante do aumento da demanda, é cada vez maior 
a distância entre os delitos registrados e os que são efetivamente investigados, obrigando os 
policiais a desenvolverem critérios informais para selecionar os casos que serão priorizados. 
 O Estado Soberano é o titular do direito de punir. Onde o Estado-Administração leva a 
notícia ao conhecimento do Estado-Juiz (apontando-lhe o autor do delito), vindo a apreciá-la, 
declarando procedente ou improcedente, se é fundada ou infundada a pretensão estatal. Para 
tanto, desenvolve intensa atividade que se denomina persecutio criminis in judicio, por meio 
 
8 TAQUARY, Eneida Orbage de Brito. A investigação criminal, atividade exclusiva da autoridade 
policial. Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul – ASDEP, artigos. 
9 Idem ibidem. 
32 
 
do órgão do Ministério Público, por ele criado para, preferencialmente, exercer tal função, 
personificando o interesse da sociedade na repressão às infrações penais (TOURINHO 
FILHO, 2008, p. 190). 
 Para consecução da atividade persecutória, o Estado para fazer valer o seu direito de 
punir, procura os elementos comprobatórios do fato infringente da norma e os de quem tenha 
sido o seu autor, entregando-os, a seguir, ao parquet para promover a competente ação penal. 
O Estado realiza essa tarefa por meio dos órgãos da Polícia e do Ministério Público; cabendo 
ao órgão da Polícia Judiciária investigar o fato infringente da norma e quem tenha sido o seu 
autor, colhendo os necessários elementos probatórios a respeito, e essas informações que a 
compõem são levadas ao Ministério Público para promoção da competente ação penal, caso 
seja necessário (TOURINHO FILHO, 2008, p. 190). 
Nas palavras de Júlio F. Mirabete (2007, p. 332-333) menciona que 
 
Dispõe o Art. 257, do CPP que o Ministério Público promoverá e fiscalizará a 
execução da lei. Pelo Art. 129, I, da CF/88 tem o MP função institucional de 
promover, privativamente, a ação penal pública. Portanto, cabendo-lhe 
precipuamente, no âmbito criminal a persecutio criminis; sendo o MP o titular da 
pretensão punitiva do Estado quando esta é levada a juízo. Tem legitimidade ad 
causam e capacidade postulatória, é representante do interesse público e estar 
credenciado a todos os atos destinados a efetivação do jus puniendi. 
 
 Além do mais, o órgão ministerial é detentor da função delegada pelo Estado-
Administração (sujeito ativo da pretensão punitiva) para tornar o efetivo direito de punir; 
órgão este defensor dos interesses da sociedade e fiscal da aplicação e execução da lei. Não 
pode por capricho daqueles que se dizem “representantes do povo”, amordaçar uma 
instituição séria, imparcial e com muita credibilidade que busca a todo custo, nesse caso da 
esfera criminal, o direito de punir do Estado, e retirar do MP as investigações criminais será 
um duro golpe para imperar ainda mais a sensação de impunidade no país. 
 
 
3.3 Inquérito Policial 
 
Segundo Joel Bino de Oliveira (2002, p. 27), “o inquérito policial, provém, do latim 
quaerere, conjunto de atos e diligências, reduzidos a termo em processo, para sindicar e apurar 
determinado fato irregular ou ilegal.” Aduzindo ainda que “quaeritare do latim, significa 
andar sempre em busca, ato ou efeito de inquirir, conjunto de atos e diligências com que se 
visa apurar alguma coisa”. 
33 
 
A Lei n.º 2.033, de 20-9-1871, regulamentada pelo Decreto-lei n.º 4.824, de 23-11-
1871, que surgiu, entre nós, o inquérito policial com essa denominação, e o Art. 42 da referida 
lei chegava inclusive a defini-lo: “O inquérito policial consiste em todas as diligências 
necessárias para o descobrimento dos fatos criminosos, de suas circunstâncias e de seus 
autores e cúmplices, devendo ser reduzido a instrumento escrito” (TOURINHO FILHO, 2008, 
p. 194). 
O inquérito policial encontra-se disciplinado no ordenamento jurídico pátrio nos Arts. 
4º ao 23, do CPP. Encontrando-se conceituado no Art. 4º do referido diploma legal como “um 
procedimento investigatório prévio, constituído por uma série de diligências, cuja finalidade é 
a obtenção de indícios para que o titular da ação possa propô-la contra o autor da infração 
penal. O Estado deve buscar provas acerca da autoria e da materialidade”. 
Kant de Lima (p. 174, 1997) entende ser o inquérito policial: 
 
 Um procedimento no qual quem detém a iniciativa é um Estado imaginário, todo 
poderoso, onipresente e onisciente, sempre em sua busca incansável da verdade, 
representado pela autoridade policial, que, embora sendo um funcionário do 
Executivo, tem uma delegação do judiciário e a ele está subordinado quando da 
realização de investigações. 
 
Para Tourinho Filho (2008, p. 196), o inquérito policial “é o conjunto de diligências 
realizadas pela Policia Judiciária para a apuração de uma infração penal e sua autoria, a fim de 
que o titular da ação penal possa ingressar em juízo”. 
Nas palavras de Júlio F. Mirabete (2007, p. 60), o IP é tido como todo procedimento 
policial destinado a reunir os elementos necessários a apuração de uma infração penal e de sua 
autoria. Trata-se de uma instrução provisória, preparatória, informativa, em que se colhem 
elementos por vezes difíceis de obter na instrução judiciária, como auto de flagrante, exames 
periciais, etc. Seu destinatário imediato é o Ministério Público (no caso de crime que se apura 
mediante ação penal pública) ou o ofendido (na hipótese de ação penal privada), que com ele 
formam sua opinio delicti para a propositura da denúncia ou queixa. O destinatário mediato é 
o Juiz, que nele também podem encontrar fundamentos para julgar. Encontra-se expresso no 
Art. 12, do CPP que “o inquérito policial acompanhara a denúncia ou queixa, sempre que 
servir de base para uma outra”. 
Segundo Guilherme de S. Nucci (2012, p. 151), o inquérito policial é um 
procedimento preparatório da ação penal, de caráter administrativo, conduzido pela polícia 
judiciária e voltado à colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração 
penal e da autoria. Seu objetivo precípuo é a formação da convicção do representante do 
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Ministério Público, mas também a colheita de provas urgentes, que podem desaparecer, após 
o cometimento do crime. 
Visto como procedimento administrativo, que se utiliza de meios cabíveis para a 
apuração do fato delituoso e a reunião de fundamentação probatória mínima. 
Ainda nas palavras de Afrânio Silva Jardim (1999, p. 45 e 49), que dispõe: 
 
[...] o inquérito policial é um procedimento administrativo-investigatório 
absolutamente sumário, voltado exclusivamente para viabilização da ação penal. [...] 
mero procedimento administrativo-investigativo prévio, destinado tão somente a dar 
lastro probatório mínimo à acusação penal, podendo ser dispensado quando tal 
finalidade venha a ser alcançada através das chamadas peças de informação. 
 
E ainda, sobre o tema, Rômulo de Andrade Moreira (2003, p. 157), ensina: 
 
O inquérito é um procedimento preliminar, extrajudicial e preparatório para ação 
penal, sendo por isso considerado como a primeira fase da persecutio criminis