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1. INQUÉRITO POLICIAL 114

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115
DIREITO PROCESSUAL PENAL
INQUÉRITO POLICIAL
SUMÁRIO
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS	4
1.1 CONCEITO	4
2. POLÍCIA JUDICIÁRIA, POLÍCIA INVESTIGATIVA E POLÍCIA ADMINISTRATIVA	6
2.1. FUNÇÕES	6
2.2. PRESIDÊNCIA DO INQUÉRITO POLICIAL	12
3. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL	18
3.1. ESCRITO	18
3.2. DISPENSÁVEL	19
3.3. SIGILOSO	19
3.4. *(ATUALIZADO EM 21/05/2020) PROCEDIMENTO INQUISITORIAL	23
3.5. DISCRICIONÁRIO	27
3.6. OFICIAL	29
3.7. OFICIOSO	29
3.8. PROCEDIMENTO INDISPONÍVEL	29
3.9. TEMPORÁRIO	29
4. VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL	30
5. ATRIBUIÇÃO DA POLÍCIA OU “COMPETÊNCIA” POLICIAL	33
6. PRAZO	39
7. INDICIAMENTO	43
7.1. CONCEITO	43
7.2. MOMENTO	43
7.3. ATRIBUIÇÃO	43
7.4. PRESSUPOSTOS	44
7.5. DESINDICIAMENTO	45
7.6. SUJEITO PASSIVO DO INDICIAMENTO	45
7.7. CLASSIFICAÇÃO	49
8. PROCEDIMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL	49
8.1. INÍCIO	49
8.1.1. CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA	52
8.1.2. CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA	54
8.1.3. CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA	55
8.2. DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS	55
8.3. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL DO INVESTIGADO *(ATUALIZADO EM 21/05/2020).	65
8.3.1. CONCEITO	65
8.3.2. ESPÉCIES DE IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL	66
8.3.3. AUTORIDADE COMPETENTE PARA A IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL	68
8.3.4. LEGISLAÇÃO SOBRE O TEMA	68
8.3.5. DOCUMENTOS ATESTADORES DA IDENTIFICAÇÃO CIVIL	71
8.3.6. HIPÓTESES AUTORIZADORAS DA IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL INDEPENDENTEMENTE DE ANTERIOR IDENTIFICAÇÃO CIVIL.	71
8.3.7. A IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL E O ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO, A REJEIÇÃO DA DENÚNCIA OU A PROLAÇÃO DE SENTENÇA ABSOLUTÓRIA	72
8.4. CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL	73
8.5. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL	84
8.5.1. FUNDAMENTOS PARA ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL	92
8.5.2. COISA JULGADA NA DECISÃO DE ARQUIVAMENTO	94
8.5.3. DESARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL E OFERECIMENTO DA DENÚNCIA.	100
8.5.4.	101
ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO DO INQUÉRITO POLICIAL	101
8.6. CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL	106
8.7. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA	108
9. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	108
10. JURISPRUDÊNCIA CORRELACIONADA	109
11. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	114
ATUALIZADO EM 07/07/2020[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
INQUÉRITO POLICIAL[footnoteRef:2] [2: Tássia N. Neumann Hammes.] 
1. Considerações iniciais
1.1 Conceito
Trata-se de procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, que consiste em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa objetivando a identificação das fontes de prova e a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal, a fim de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.
Em razão da sua natureza instrumental, se destina a esclarecer os fatos delituosos relatados na notícia de crime, fornecendo subsídios para o prosseguimento ou o arquivamento da persecução penal. De seu caráter instrumental sobressai sua dupla função:
a) preservadora: a existência prévia de um inquérito policial inibe a instauração de um processo penal infundado, temerário, resguardando a liberdade do inocente e evitando custos desnecessários para o Estado; 
b) preparatória: fornece elementos de informação para que o titular da ação penal ingresse em juízo, além de acautelar meios de prova que poderiam desaparecer com o decurso do tempo.
1.1. *(Atualizado em 21/05/2020) Natureza jurídica
Trata-se de procedimento de natureza administrativa, pois dele não resulta a imposição direta de nenhuma sanção.
Segundo a doutrina, o inquérito é um procedimento pois dele não resulta, pelo menos diretamente, a imposição de nenhuma sanção. Quando um crime é cometido, o Estado desencadeia um conjunto de atividades objetivando a punição do autor do fato delituoso (persecução penal).
A persecução penal é composta de duas fases bem distintas:
(i) fase investigatória;
(ii) fase judicial propriamente.
Ademais, eventuais vícios dele constantes não têm, em regra, o condão de contaminar o processo penal a que der origem, sendo que eventual irregularidade em ato praticado no curso do inquérito não conduz, por si só, à anulação do processo penal subsequente, salvo se se tratar de provas ilícitas:
#DEOLHONAJURIS:
 STJ: “(...) No caso em exame, é inquestionável o prejuízo acarretado pelas investigações realizadas em desconformidade com as normas legais, e não convalescem, sob qualquer ângulo que seja analisada a questão, porquanto é manifesta a nulidade das diligências perpetradas pelos agentes da ABIN e um ex-agente do SNI, ao arrepio da lei. Insta assinalar, por oportuno, que o juiz deve estrita fidelidade à lei penal, dela não podendo se afastar a não ser que imprudentemente se arrisque a percorrer, de forma isolada, o caminho tortuoso da subjetividade que, não poucas vezes, desemboca na odiosa perda da imparcialidade. Ele não deve, jamais, perder de vista a importância da democracia e do Estado Democrático de Direito. Portanto, inexistem dúvidas de que tais provas estão irremediavelmente maculadas, devendo ser consideradas ilícitas e inadmissíveis, circunstâncias que as tornam destituídas de qualquer eficácia jurídica, consoante entendimento já cristalizado pela doutrina pacífica e lastreado na torrencial jurisprudência dos nossos tribunais”. (STJ, 5ª Turma, HC 149.250/SP, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu, j. 07/06/2011, DJe 05/09/2011).
STF: “(...) Os vícios existentes no inquérito policial não repercutem na ação penal, que tem instrução probatória própria. Decisão fundada em outras provas constantes dos autos, e não somente na prova que se alega obtida por meio ilícito”. (STF, 2ª Turma, HC 85.286, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 29/11/2005, DJ 24/03/2006).
· Procedimento inquisitório: no curso do inquérito policial, não há contraditório nem ampla defesa. Segundo a doutrina majoritária, mesmo após a edição da Lei 13.245/16, o inquérito policial continua sendo inquisitório. Não há o contraditório, salvo em relação ao inquérito objetivando a expulsão de estrangeiro. Considerando a ausência das garantias constitucionais da ampla defesa e contraditório, considera-se que o inquérito policial possui valor probante relativo, ficando sua utilização como instrumento de convicção do juiz condicionada a que as provas nele produzidas sejam confirmadas pelas provas produzidas judicialmente.
Contudo, vale frisar que existem determinadas hipóteses em que a lei ou a jurisprudência estabelecem ressalvas, a exemplo:
a) Provas periciais: provas de caráter técnico realizadas no decorrer da investigação policial (ex: perícias destinadas à comprovação do vestígio deixado pela infração penal). Nesses casos, tem-se o contraditório postergado ou diferido, pois será apenas em momento posterior, por ocasião da fase judicial, que se garantirá ao acusado o direito de manifestação.
b) Provas cautelares, não sujeitas à repetição e produzidas antecipadamente: ex: interceptações telefônicas realizadas no curso do inquérito policial. Nesse caso, também haverá o contraditório ulterior (postergado ou diferido), facultando-se a ele, por ocasião do processo, o direito de impugnar a prova realizada sem a sua participação.
· Procedimento preparatório: o inquérito policial é procedimento preparatório para um possível processo penal, que ocorrerá caso haja justa causa (art. 395, III, CPP).
2. Polícia judiciária, polícia investigativa e polícia administrativa
2.1. Funções
*(Atualizado em 21/05/2020)
a) Polícia judiciária:visa auxiliar a Justiça, cumprindo determinações do Poder Judiciário. São exercidas, com exclusividade, pela polícia federal (art. 144, § 1.º, I e IV, da CF) e pela polícia civil, refere-se à polícia auxiliando o poder judiciário (cumprimento de suas ordens, mandados, investigação de delitos).
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Parágrafo único.  A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
b) Polícia investigativa: atribuição relacionada à colheita de provas da infração penal em todos os seus aspectos (autoria, materialidade, ilicitude etc.). A investigação criminal pode ser policial (inquérito policial presidido pelo delegado de policial civil ou federal) ou não policial, quando a investigação criminal é presidida pelo promotor de justiça (PIC), por exemplo.
Obs. Há doutrinadores que não separam a polícia investigativa como categoria autônoma, inserindo a função de colheita de provas da infração penal dentro das atribuições da polícia judiciária.
c) Polícia administrativa: trata-se de atividade de cunho preventivo, ligada à segurança, visando impedir a prática de atos lesivos à sociedade. Tem caráter ostensivo. Ex: policiamento ostensivo. Art. 144 CF.
Às vezes, uma mesma polícia pode exercer as duas funções, isto é, ora atuar como polícia administrativa ora atuar como polícia judiciária. Exemplo: polícia federal investigando crime, e atuando nas fronteiras e aeroportos internacionais.
*d) Polícia Penal: trata-se de um órgão de segurança pública, federal, estadual ou distrital, vinculado ao órgão que administra o sistema penal da União ou do Estado/DF, sendo responsável pela segurança dos estabelecimentos penais. A polícia penal foi prevista na CF por meio da EC 104/2019. 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
*VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
(...)
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
A EC 104/2019 também modificou o artigo 21 da CF, estabelecendo ser da competência da União:
Art. 21. Compete à União:
(...)
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019).
#DIZERODIREITO[footnoteRef:3]: [3: Disponível em: https://www.dizerodireito.com.br/2019/12/ec-1042019-cria-policia-penal.html] 
Por que foi necessário criar uma Polícia Penal?
Na última década, vários líderes de organizações criminosas foram presos e condenados a penas altíssimas. Eles se encontram cumprindo pena em estabelecimentos prisionais, alguns deles considerados de segurança máxima. A despeito disso, percebe-se que muitos desses indivíduos continuam comandando a organização criminosa de dentro dos presídios, ordenando a execução de crimes que ocorrem fora das unidades prisionais.
Observa-se também que muitos desses líderes, para desestabilizar o sistema de segurança pública ou como forma de retaliação, comandam rebeliões dentro dos presídios, situações que geram a morte de detentos, funcionários e agentes de segurança pública.
Percebeu-se, portanto, há algum tempo, que o problema da segurança pública não se encerra com a prisão dessas pessoas. Ao contrário. Iniciam-se inúmeros outros que merecem também a devida repressão do Estado.
Os agentes públicos que atuam nos presídios, por mais bem-intencionados que fossem, não recebiam o devido treinamento, estrutura, remuneração e segurança para enfrentarem esses desafios.
Não havia nem sequer uma uniformidade jurídica sobre a carreira que deveria fazer a segurança pública dos estabelecimentos penais. Alguns Estados adotavam a carreira de agentes penitenciários (que atuavam sem garantias jurídicas e sem estrutura), outros se valiam dos Policiais Militares para aturem em desvio de função dentro dos presídios e havia até mesmo os Estados que atuavam apenas com funcionários terceirizados de empresas privadas contratadas para fazer a segurança dos presídios.
Em suma, um problema muito grave, tratado sem uniformidade, segurança jurídica e com soluções improvisadas.
Pensando nisso, foi criada a figura da Polícia Penal, órgão constitucionalmente responsável pela segurança dos estabelecimentos penais.
Trata-se do primeiro passo para um enfrentamento mais organizado e efetivo dessa mazela.
Outra importante inovação decorrente da medida é que libera os Policiais Federais, Civis e Militares das atividades de escolta de presos, devendo isso agora ser feito pelas Polícias Penais.
Federal, estadual ou distrital
A Polícia Penal pode ser:
• federal; 
• estadual; ou
• distrital.
Assim como já ocorre com a Polícia Civil, Polícia Militar e com o Corpo de Bombeiros, a Polícia Penal Distrital é organizada e mantida pela União, conforme prevê expressamente o inciso XIV do art. 21 da CF/88: 
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL
	Antes da EC 104/2019
	Depois da EC 104/2019
	Art. 21. Compete à União:
(...)
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;
	Art. 21. Compete à União:
(...)
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;
O Governo do Distrito Federal poderá também se valer da Polícia Penal, conforme disposto em lei federal. É o que estabelece o § 4º do art. 32 da CF/88:
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL
	Antes da EC 104/2019
	Depois da EC 104/2019
	Art. 32 (...)
(...)
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar.
	Art. 32 (...)
(...)
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar e do corpo de bombeiros militar.
Vale ressaltar que as Polícias Penais estaduais e a Polícia Penal distrital estão subordinadas aos Governadores dos Estados e do Distrito Federal:
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL
	Antes da EC 104/2019
	Depois da EC 104/2019
	Art. 144 (...)
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
	Art. 144 (...)
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
Cuidado, portanto, para não confundir: a Polícia Penal distrital é organizada e mantida pela União. 
A despeitodisso, a Polícia Penal distrital:
• está subordinada ao Governador do Distrito Federal; e
• pode ser utilizada pelo Governo do Distrito Federal, na forma da lei federal.
Vinculação ao órgão administrador do sistema penal
A Polícia Penal fica vinculada ao órgão administrador do sistema penal da unidade federativa a que pertença.
Assim, a Polícia Penal estadual pode ficar vinculada à Secretaria de Administração Penitenciária, à Secretaria de Justiça ou até mesmo à Secretaria de Segurança Pública. Isso irá depender da Secretaria (ou outro órgão estadual) que for responsável por administrar o sistema penal naquele Estado.
A Polícia Penal federal, por sua vez, estará vinculada ao Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), que é o órgão executivo responsável pelo Sistema Penitenciário Federal.
Órgão de segurança pública
Conforme já explicado, a Polícia Penal é um órgão de segurança pública. Como só podem ser considerados órgãos de segurança pública aqueles expressamente listados no art. 144 da CF/88, este dispositivo foi alterado pela EC 104/2019 para inserir essa novidade:
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL
	Antes da EC 104/2019
	Depois da EC 104/2019
	Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
	Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
Foi acrescentado também o § 5º-A ao art. 144 prevendo expressamente a função das Polícias Penais:
Art. 144 (...)
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos penais.
Como serão preenchidos os cargos de Policiais Penais?
O preenchimento do quadro de servidores das polícias penais será feito de dois modos:
• pela transformação dos atuais cargos de agentes penitenciários (ou outro nome que seja dado pelo Estado) em Policiais Penais; e
• por meio de concurso público.
É o que determina o art. 4º da EC 104/2019:
Art. 4º O preenchimento do quadro de servidores das polícias penais será feito, exclusivamente, por meio de concurso público e por meio da transformação dos cargos isolados, dos cargos de carreira dos atuais agentes penitenciários e dos cargos públicos equivalentes.
Vigência imediata
A EC 104/2019 entrou em vigor na data de sua publicação (05/12/2019).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Agora que você entendeu a EC 104, vejamos algumas informações adicionais sobre os antigos agentes penitenciários (atuais Policiais Penais).
Os agentes penitenciários possuíam direito à aposentadoria especial? Se não há lei prevendo aposentadoria especial para os agentes penitenciários, estes servidores poderiam ingressar com mandado de injunção pedindo a concessão do benefício sob o argumento de que está havendo uma omissão inconstitucional?
SIM. Existem decisões monocráticas de praticamente todos os Ministros concedendo o benefício. Nesse sentido: STF. Decisão Monocrática. MI 6943, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11/09/2018.
Agora, com a transformação do cargo para Policiais, esse entendimento ganha mais força.
Os agentes penitenciários tinham porte de arma de fogo?
SIM. Em 2014, foi publicada a Lei nº 12.993/2014, que alterou o Estatuto do Desarmamento para permitir que agentes e guardas prisionais tenham porte de arma de fogo.
A Lei nº 12.993/2014 conferiu porte de arma de fogo aos agentes e guardas prisionais que atendam aos seguintes requisitos:
1º) Devem integrar o quadro efetivo do Estado (DF) ou União;
2º) Devem estar submetidos a regime de dedicação exclusiva.
3º) Devem estar sujeitos a cursos de formação funcional.
4º) Devem estar subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno.
Armas próprias ou fornecidas pelo ente público
A Lei autoriza que os agentes penitenciários portem tanto armas de fogos que sejam fornecidas pela corporação ou instituição como também armas de fogo de propriedade particular, ou seja, adquiridas pelos próprios guardas. 
Em serviço ou fora dele
A Lei autoriza que os agentes penitenciários portem armas de fogos não apenas em serviço (ex: durante uma escolta de presos), mas também fora dele, como em períodos de folga.
O raciocínio do legislador foi o de que a atividade de agente penitenciário tem o potencial de gerar a insatisfação de criminosos, sendo, portanto, necessário que ele tenha meios de se defender de eventuais retaliações mesmo quando estiver em períodos de folga.
2.2. Presidência do inquérito policial
Unicamente ao delegado de polícia compete a condução do inquérito policial ou outro procedimento investigativo de origem ou em curso nas delegacias de polícia, atribuição esta que não pode ser transferida a outras instituições ou ao particular.
Repisa-se que a previsão legal de que incumbe ao delegado a condução do inquérito policial não implica a proibição de que outros órgãos realizem investigações criminais, como é o caso do Ministério Público. Destarte, deve a lei ser interpretada no sentido de que a presidência do inquérito policial é incumbência do delegado, e não que a atividade investigatória, em qualquer caso, seja exclusividade absoluta da polícia.
*(Atualizado em 21/05/2020)
A Lei nº 12.830/2013 dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia: 
“Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.”
Ademais, o art. 1º da Lei 12.830/13 afirma que o delegado de polícia é a autoridade policial responsável pela condução do inquérito: 
“Art. 2º. § 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei.
Por exemplo: O termo Circunstanciado que é um registro de um fato tipificado como infração de menor potencial ofensivo, ou seja, os crimes de menor relevância, que tenham a pena máxima cominada em até 02 (dois) anos de cerceamento de liberdade ou multa. 
✓ Observação: Renato Brasileiro destaca que há muita polêmica sobre a possibilidade ou não de um policial militar lavrar termo circunstanciado. O professor ressalta que, para concurso público, o ideal é defender que, mesmo havendo simplicidade na lavratura do termo circunstanciado, este somente pode ser feito por delegado de polícia. 
O art. 2, §2º, Lei nº 12.830, traz um dispositivo que trata dos poderes do delegado frente a uma investigação criminal: 
“Art. 2, § 2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos.” 
✓ Obs.1: é necessário interpretar a Lei 12.830/2013 com certo cuidado, pois, no caso do art.2º, §2º, o legislador poderia ter acrescentado, no final do dispositivo, a expressão “salvo se houver necessidade de autorização judicial prévia.” Exemplo: em regra, o delegado pode determinar qualquer perícia. Exceção: não é possível determinar o exame de insanidade mental. Neste caso, é necessária a autorização judicial.
 ✓ Obs.2: em relação aos “dados” citados no art.2º, §2º, Lei 12.830/2013, o delegado não pode, por exemplo, requisitar diretamente dados bancários. Por outro lado, dados referentes à qualificação não dependem de autorização judicial prévia.
“Art. 2, § 4º. O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por superiorhierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação”. 
Os delegados de polícia não são dotados de independência funcional, o que pode ser considerado um grave entrave às investigações criminais. A avocação e a redistribuição exigem fundamentação. Dois requisitos: interesse público (ex: crime de maior repercussão, maior gravidade) ou inobservância dos procedimentos (ex: Delegado que esteja com inquéritos atrasados, fora do prazo).
“Art. 2, § 5º. A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato fundamentado”. 
Os delegados de polícia não gozam da garantia de inamovibilidade e, em última análise, estão subordinados ao Governador ou Presidente da República. Assim, através do ato fundamentado evita-se eventuais desvios de finalidade que possam existir.
#OLHAOGANCHO: Inquéritos não policiais são aqueles presididos por autoridades distintas da polícia judiciária. Hipóteses:
a) Inquérito Parlamentar: presidido pelos membros da CPI. Votado o relatório pela casa parlamentar, havendo indícios da ocorrência de crime, haverá a remessa ao MP que deverá analisar o inquérito parlamentar em caráter de urgência (lei 10.001/00).
b) Inquérito Militar: tem por objeto as infrações militares e será conduzido por um oficial da respectiva instituição militar. 
c) Inquérito judicial da lei de falências: ele tinha por objetivo a apuração das infrações falimentares e comportava, por disposição normativa, contraditório e ampla defesa. O instituto se encontra revogado, pois a nova Lei de Falência não disciplina a matéria. 
#ATENÇÃO! Havendo desejo político, o legislador poderá autorizar a aplicação de contraditório e ampla defesa em procedimento investigativo.
d) Inquérito em face de membro do MP: Havendo indícios de envolvimento de membro do MP em infração penal, o Procurador-Geral deve ser provocado, já que o delegado não tem atribuição para indiciar os membros do MP. Lei Orgânica Nacional do MP. LONMP. 
 e) Havendo indícios de que um magistrado contribuiu para o delito, os autos da investigação ou a notícia do fato serão remetidos ao tribunal a que o magistrado está vinculado (art. 33, parágrafo único, da Lei Complementar 35/79).
#SELIGA: Inquérito Ministerial – PIC (Procedimento Investigativo Criminal). 
Segundo o STF, o STJ e a doutrina amplamente majoritária, o Ministério Público poderá conduzir investigação criminal que conviverá harmonicamente com o inquérito policial, sem que exista usurpação de função. Promotor que investiga não é suspeito ou impedido de atuar na fase processual (Súmula 234 STJ - A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.). O embasamento normativo desse entendimento: a Ministra Ellen Gracie utilizou a teoria dos poderes implícitos, pois a Constituição Federal atribui ao Ministério Público expressamente o poder-dever de processar (art. 129, I, da CF), e quem pode o mais, implicitamente poderá o menos, que é investigar. Isto é, o Ministério Público pode se aparelhar de todos os meios para exercer o macropoder (HC 91.661). ATENÇÃO! A teoria dos poderes implícitos tem origem na Corte Americana no caso do Mc Culloch x Maryland de 1819.
- Posição contrária - Luiz Flávio Borges D’urso: O Ministério não pode presidir investigação criminal no Brasil, porquanto ofenderia o sistema acusatório (acúmulo ou aglutinação de funções não tolerada); não há lei federal disciplinando a matéria e o membro do Ministério Público estaria comprometido subjetivamente para atuar no processo, não sendo razoável a sua atuação. Essa posição é minoritária.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O STF reconheceu a legitimidade do Ministério Público para promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal, mas ressaltou que essa investigação deverá respeitar alguns parâmetros que podem ser a seguir listados: 
1) Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais dos investigados; 
2) Os atos investigatórios devem ser necessariamente documentados e praticados por membros do MP; 
3) Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição, ou seja, determinadas diligências somente podem ser autorizadas pelo Poder Judiciário nos casos em que a CF/88 assim exigir (ex: interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário etc); 
4) Devem ser respeitadas as prerrogativas profissionais asseguradas por lei aos advogados; 
5) Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula vinculante 14 do STF (“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”); 
6) A investigação deve ser realizada dentro de prazo razoável; 
7) Os atos de investigação conduzidos pelo MP estão sujeitos ao permanente controle do Poder Judiciário. 
A tese fixada em repercussão geral foi a seguinte: “O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante), praticados pelos membros dessa Instituição.”
STF. Plenário. RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/5/2015 (repercussão geral) (Info 785).
O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado. A controvérsia sobre a legitimidade constitucional do poder de investigação do Ministério Público foi pacificada pelo STF com o julgamento do RE 593.727/MG (Info 785). STF. 1ª Turma. HC 85011/RS, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgado em 26/5/2015 (Info 787). 
#DIZERODIREITO[footnoteRef:4]: [4: http://www.dizerodireito.com.br/2017/04/lei-134322017-detetive-particular-e.html.] 
Lei 13.432/2017, detetive particular e investigação criminal defensiva.
A investigação de crimes no Brasil é uma atividade exclusiva dos órgãos públicos (polícia, Ministério Público, Tribunais de Contas etc.)?
NÃO. Não existe uma determinação de que somente o Poder Público possa apurar crimes. A imprensa, os órgãos sindicais, a OAB, as organizações não governamentais e até mesmo a defesa do investigado também podem investigar infrações penais.
Qualquer pessoa (física ou jurídica) pode investigar delitos, até mesmo porque a segurança pública é “responsabilidade de todos” (art. 144, caput, da CF/88).
Obviamente que a investigação realizada por particulares não goza dos atributos inerentes aos atos estatais, como a imperatividade, nem da mesma força probante, devendo ser analisada com extremo critério, não sendo suficiente, por si só, para a edição de um decreto condenatório (art. 155 do CPP). Contudo, isso não permite concluir que tais elementos colhidos em uma investigação particular sejam ilícitos ou ilegítimos, salvo se violarem a lei ou a Constituição.
Investigação criminal defensiva
Com base no que foi explicado acima, a doutrina defende que é plenamente possível que ocorra a chamada "investigação criminal defensiva".
A investigação criminal defensiva pode ser conceituada como a possibilidade de oinvestigado, acusado ou mesmo condenado realizar diligências a fim de conseguir elementos informativos ("provas") de que não houve crime ou de que ele não foi o seu autor.
Renato Brasileiro aponta alguns objetivos da investigação criminal defensiva:
"a) comprovação do álibi ou de ouras razões demonstrativas da inocência do imputado;
b) desresponsabilização do imputado em virtude da ação de terceiros;
c) exploração de fatos que revelam a ocorrência de causas excludentes de ilicitude ou de culpabilidade;
d) eliminação de possíveis erros de raciocínio a quem possam induzir determinados fatos;
e) revelação da vulnerabilidade técnica ou material de determinadas diligências realizadas na investigação pública;
f) exame do local e a reconstituição do crime para demonstrar a impropriedade das teses acusatórias;
g) identificação e localização de possíveis peritos e testemunhas." 
(Manual de Processo Penal. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 188).
Apesar de ser mais comum durante a fase do inquérito policial, nada impede que a investigação criminal defensiva ocorra também na fase judicial e mesmo após a sentença penal condenatória considerando a possibilidade de revisão criminal.
Obviamente, a investigação criminal defensiva deverá respeitar a lei e a Constituição, não podendo ser adotadas diligências que violem a ordem jurídica ou direitos fundamentais. Ex: não é possível a realização de uma interceptação telefônica.
O projeto do novo Código de Processo Penal (Projeto de Lei nº 156/2009) prevê, expressamente, o instituto da “investigação criminal defensiva”.
Lei nº 13.432/2017
A Lei nº 13.432/2017 dispõe sobre o exercício da profissão de detetive particular.
Considera-se detetive particular "o profissional que, habitualmente, por conta própria ou na forma de sociedade civil ou empresarial, planeje e execute coleta de dados e informações de natureza não criminal, com conhecimento técnico e utilizando recursos e meios tecnológicos permitidos, visando ao esclarecimento de assuntos de interesse privado do contratante." (art. 2º).
O detetive particular pode colaborar formalmente com a investigação conduzida pelo Delegado no inquérito policial?
SIM. Essa possibilidade foi expressamente prevista no art. 5º da Lei nº 13.432/2017:
Art. 5º - O detetive particular pode colaborar com investigação policial em curso, desde que expressamente autorizado pelo contratante.
Vale ressaltar, no entanto, que esta participação somente ocorrerá se a autoridade policial expressamente concordar:
Art. 5º (...)
Parágrafo único. O aceite da colaboração ficará a critério do delegado de polícia, que poderá admiti-la ou rejeitá-la a qualquer tempo.
Assim, como o responsável pelo inquérito policial é o Delegado de Polícia (art. 2º, § 1º, da Lei nº 12.830/2013), ele tem o poder de rejeitar a participação formal do detetive particular no inquérito.
O detetive particular pode acompanhar o Delegado ou investigadores nas diligências realizadas? Ex: participar de uma busca e apreensão?
NÃO. A Lei nº 13.432/2017 afirma que, mesmo quando for admitida a colaboração do detetive particular na investigação policial, ainda assim ele não poderá participar das diligências policiais:
Art. 10.  É vedado ao detetive particular:
(...)
IV - participar diretamente de diligências policiais;
Uma última pergunta mais polêmica: vimos acima que, pelo texto da Lei, "o detetive particular pode colaborar com investigação policial em curso, desde que expressamente autorizado pelo contratante." (art. 5º). Se o Delegado não autorizar a colaboração do detetive, mesmo assim este poderá realizar, fora do inquérito policial, diligências investigativas a pedido da defesa?
Penso que sim. O art. 5º da Lei nº 13.432/2017 refere-se à autorização do Delegado de Polícia para que o detetive particular colabore formalmente com o inquérito policial. No entanto, ainda que o Delegado rejeite esta participação por entendê-la desnecessária ou impertinente, ele não pode impedir que o investigado realize investigação criminal defensiva utilizando-se dos serviços de um detetive particular.
A investigação criminal defensiva, desde que respeitado o ordenamento jurídico, é possível independentemente de autorização do Delegado, do Ministério Público, do Poder Judiciário ou de quem quer seja. Isso porque essa atividade é uma consequência da ampla defesa e do contraditório, garantias constitucionais asseguradas a todo e qualquer investigado. Em outras palavras, pelo fato de o investigado poder se defender amplamente, ele tem o direito de buscar "provas" de sua inocência.
Para fins de concurso público, contudo, importante conhecer e assinalar, na prova, a redação literal do art. 5º da Lei nº 13.432/2017.
3. Características do inquérito policial
3.1. Escrito
Todos os atos serão formalizados de forma escrita e rubricados pela autoridade.
Art. 9º CPP: Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
#ATENÇÃO: Pode o delegado, havendo estrutura, utilizar as novas ferramentas tecnológicas para documentar o inquérito, como captação de som e imagem e até mesmo a estenotipia, que nada mais é do que uma técnica de redução de palavras por símbolos. (Lei 11.719/08).
3.2. Dispensável
Para que o processo comece não é necessária a prévia elaboração de inquérito policial e o titular da ação poderá buscar lastro indiciário de outras fontes autônomas. Ex. sindicância.
3.3. Sigiloso
Ao contrário do que ocorre em relação ao processo criminal, que se rege pelo princípio da publicidade (salvo exceções legais), no inquérito policial é possível resguardar sigilo durante a sua realização. O sigilo é cabível quando necessário para a elucidação do fato. Mas há casos que é a publicidade que auxiliará na elucidação do fato. Ex. retrato falado.
Art. 20 CPP - A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
· Classificação do sigilo (Luigi Ferrajoli):
a) Sigilo externo: é o aplicado aos terceiros desinteressados, como a imprensa, preservando-se a imagem do sujeito, em razão do seu estado de inocência. Publicidade restrita ou interna.
#OLHAOGANCHO: A veiculação de matéria jornalística informando a investigação de determinada pessoa gera direito à indenização?
 Segundo o STJ, em regra, o jornal não tem o dever de indenizar a pessoa noticiada como investigada, ainda que ela venha a ser absolvida no processo criminal. Nos termos do REsp 1297567-RJ, para que haja a responsabilização da imprensa pelos fatos por ela noticiados é necessário que exista prova de que o agente divulgador conhecia ou poderia conhecer a falsidade da informação divulgada. A mera divulgação de informação não se mostra apta a ensejar o abuso do direito de informação.
b) Sigilo interno: é o aplicado aos interessados. O sigilo interno é frágil, pois não atinge o acesso aos autos. Conclusão: o MP, o “juiz”, e até mesmo o advogado e o defensor, poderão acessar os autos da investigação, tendo contato com as diligências já realizadas e documentadas. Esse é o chamado direito retrospectivo, direito de ter acesso ao que já foi produzido e está documentado. 
 *(Atualizado em 21/05/2020) 
ATENÇÃO! Acesso do advogado aos autos do procedimento investigatório:
Previsão normativa na Constituição Federal, art. 5º, LXIII: 
“o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado”
O direito do advogado também está substanciado no art. 7º, XIV, do Estatuto da OAB: examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; 
E, ainda, na Súmula vinculante 14 do STF: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimentoinvestigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
✓ O acesso do advogado não se limita aos inquéritos policiais. 
✓ A súmula em questão permite o acesso do advogado àquilo que já foi documentado no procedimento investigatório. Assim sendo, podemos concluir que, se o elemento não foi documentado no procedimento investigatório, o advogado não terá acesso a ele. 
✓ Quem determina se se trata ou não de diligência em andamento é a autoridade policial e, portanto, há certa discricionariedade da autoridade. Lei n. 8.906/94 (redação dada pela Lei n. 13.245/16):
“Art. 7º. São direitos do advogado: (...) §11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.”
· Em regra, não há necessidade de que o advogado tenha procuração para ter acesso aos autos. A exceção ocorre quando o procedimento investigatório envolve segredo de justiça. Exemplo: quebra de sigilo bancário.
 Lei n. 8.906/94 (redação dada pela Lei n. 13.245/16) 
“Art. 7º. São direitos do advogado: (...) §10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV.” 
Consequências decorrentes da negativa de acesso aos autos da investigação preliminar e instrumentos processuais a serem utilizados pelo defensor: 
Lei n. 8.906/94 (redação dada pela Lei n. 13.245/16) “Art. 7º. §12. A inobservância dos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente.”
 Se o advogado não conseguir acesso aos autos da investigação preliminar, ele poderá requerer acesso aos autos ao juiz competente. Caso o juiz não defira o pedido, é possível ingressar com uma reclamação perante o STF sem prejuízo do manejo de MS e HC.
#OLHAOGANCHO: As consequências da negativa de acesso envolvem a responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade: 
Lei n. 13869/19, art. 32: “Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.” 
(Des) necessidade de autorização judicial para o acesso do advogado aos autos do inquérito policial: 
Em regra, não é necessária a autorização judicial para que o advogado tenha acesso aos autos do IP. A exceção ocorre nos casos da Lei de Organização Criminosa: 
Lei n. 12.850/13 (Nova Lei das Organizações Criminosas) “Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento.”
*#DEOLHONAJURIS: 
	*(Atualizado em 07.07.2020): A SV 14 prevê: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Terceiros que tenham sido mencionados pelos colaboradores podem obter acesso integral aos termos dos colaboradores para viabilizar, de forma plena e adequada, sua defesa, invocando a SV 14? SIM, desde que estejam presentes os requisitos positivo e negativo. a) Requisito positivo: o acesso deve abranger somente documentos em que o requerente é de fato mencionado como tendo praticado crime (o ato de colaboração deve apontar a responsabilidade criminal do requerente); e b) Requisito negativo: o ato de colaboração não se deve referir a diligência em andamento (devem ser excluídos os atos investigativos e diligências que ainda se encontram em andamento e não foram consubstanciados e relatados no inquérito ou na ação penal em tramitação). STF. 2ª Turma. Pet 7494 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/5/2020 (Info 978).
Mesmo que a investigação criminal tramite em segredo de justiça será possível que o investigado tenha acesso amplo autos, inclusive a eventual relatório de inteligência financeira do COAF, sendo permitido, contudo, que se negue o acesso a peças que digam respeito a dados de terceiros protegidos pelo segredo de justiça. Essa restrição parcial não viola a súmula vinculante 14. Isso porque é excessivo o acesso de um dos investigados a informações, de caráter privado de diversas pessoas, que não dizem respeito ao direito de defesa dele. STF. 1ª Turma. Rcl 25872 AgR-AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 17/12/2019 (Info 964).
Não há violação da súmula vinculante 14 no caso em que, ao contrário do que alega a defesa, os áudios interceptados foram juntados ao inquérito policial e sempre estiveram disponíveis para as partes, inclusive na forma digitalizada depois de deflagrada a investigação. Súmula vinculante 14-STF: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Caso concreto: defesa ingressou com reclamação no STF alegando que o magistrado não permitiu que ela tivesse acesso ao procedimento de interceptação telefônica que serviu de base ao oferecimento da denúncia. Ficou provado, no entanto, que o procedimento estava disponível para a defesa, de forma que não houve violação à SV 14. STF. 1ª Turma. Rcl 27919 AgR/GO, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 27/8/2019 (Info 949)
Não viola o entendimento da SV 14-STF a decisão do juiz que nega a réu denunciado com base em um acordo de colaboração premiada o acesso a outros termos de declarações que não digam respeito aos fatos pelos quais ele está sendo acusado, especialmente se tais declarações ainda estão sendo investigadas, situação na qual existe previsão de sigilo, nos termos do art. 7º da Lei nº 12.850/2013. STF. 2ª Turma. Rcl 22009 AgR/PR, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/2/2016 (Info 814).
Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito policial. Não haverá nulidade dos atos processuais caso essa intimação não ocorra. O inquérito policial é um procedimento informativo, de natureza inquisitorial, destinado precipuamente à formação da opinio delicti do órgão acusatório. Logo, no inquérito há uma regular mitigação das garantias do contraditório e da ampla defesa. Esse entendimento justifica-se porque os elementos de informação colhidos no inquérito não se prestam, por si sós, a fundamentar uma condenação criminal. A Lei nº 13.245/2016 implicou um reforço das prerrogativas da defesa técnica, sem, contudo, conferir ao advogado o direito subjetivo de intimação prévia e tempestiva do calendário de inquirições a ser definido pela autoridade policial. STF. 2ª Turma. Pet 7612/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/03/2019 (Info 933). 
#ATENÇÃO: Havendo denegação de acesso aos autos do Inquérito, caberá Mandado de Segurança, Reclamação Constitucional(o cabimento de Reclamação não impede o ajuizamento do MS (art. 103-A, §3º, da CF)) e, segundo o STJ, até mesmo Habeas Corpus, já que existe risco indireto à liberdade. Esse HC é denominado de HC profilático. 
Contudo, se o objeto da investigação tiver pena de multa como a única cominada (art. 51 do CP) ou for pessoa jurídica, por exemplo, não caberá HC. 
Súmula 693 do STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
#SELIGA: Foco na vítima (Movimento de tutela e resgate do ofendido - Ada Pellegrini). Pode o Juiz, de ofício ou por provocação, decretar segredo de Justiça da persecução, de forma que informações não mais poderão ser partilhadas com a imprensa, preservando-se a vítima. 
Art. 201, §6º, do CPP O juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação.
3.4. *(Atualizado em 21/05/2020) Procedimento inquisitorial
Há quem diga que inquérito não é procedimento inquisitorial. Assim, há duas correntes:
 
a) 1ª corrente: afirma que o inquérito não é procedimento inquisitorial, mas sim procedimento sujeito ao contraditório e à ampla defesa. Os doutrinadores que defendem essa corrente apontam como fundamento os incisos LV e LXIII do art. 5º, CF: 
Constituição Federal “Art. 5º LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral (fazer interpretação extensiva) são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; (...) LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;”
Aqui eles defendem que se a própria CF/1988 assegura ao preso a assistência de advogado, é por que há contraditório, ainda que diferido, e ampla defesa. 
#SELIGA: Processualização do procedimento.
Existe uma corrente no Brasil, minoritária (Miguel Calmon), que define que o princípio do devido processo legal e sua carga axiológica sejam adotados nos procedimentos administrativos, o que permite a tolerância do contraditório e da ampla defesa na dosagem adequada para a preservação dos direitos e garantias fundamentais. No mesmo sentido, Fredie Didier Jr. ao tratar do Inquérito Civil Público e Aury Lopes Jr. ao tratar do Inquérito Policial.
	
a.1. Exercício do direito de defesa na investigação preliminar:
 Na lição de Marta Saad, constante na obra “O direito de defesa no inquérito policial”, o direito de defesa, na investigação preliminar, pode ser feito de duas maneiras diversas:
 a) exercício exógeno: é o exercício do direito de defesa fora dos autos do inquérito policial. Exemplos: utilização dos remédios constitucionais: impetração de habeas corpus e impetração de Mandado de Segurança. Outro exemplo citado por Marta Saad são os eventuais requerimentos ao juiz ou ao MP. 
b) exercício endógeno: é o exercício do direito de defesa dentro dos autos do inquérito policial. Exemplos: interrogatório policial; possibilidade de solicitar diligências ao delegado de polícia (art. 14, CPP); e apresentação de razões e quesitos.
 A Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB), alterada pela Lei 13.245/2016, prevê, no art. 7º, os direitos do advogado: 
“Art. 7º. São direitos do advogado: (...) XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesitos; (espécie de exercício endógeno do direito de defesa no inquérito policial). b) (VETADO).” 
A lei não explica o que são “quesitos” e “razões”. Entretanto, pode-se entender que aqueles são perguntas aos peritos e estas são fundamentos.
#ATENÇÃO: o art. 7º, XXI, “b”, antes de ser vetado, dizia que o advogado poderia requisitar (“mandar”) diligências e isso não seria viável. O advogado pode solicitar/requerer a realização de diligência, mas não pode requisitar. Isso porque tais diligências serão realizadas a critério do delegado.
 #PACOTEANTICRIME: Ainda quanto a primeira corrente, a qual defende a existência de contraditório e ampla defesa no inquérito policial, há uma novidade trazida pelo Pacote Anticrime. Nos casos de instauração de inquéritos policiais em face de servidores vinculados aos órgãos de segurança pública (CF, art. 144) para fins de investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício funcional, deve ser dada assistência jurídica. Exemplo: imagine que um atirador de elite da polícia (sniper), entendendo que estão presentes todos os requisitos da legítima defesa de terceiros, realiza um disparo letal. Nesta situação, será aplicado o novo art. 14-A do CPP. 
	*ANTES DA LEI Nº 13.964/2019
	DEPOIS DA LEI Nº 13.964/2019
	
Sem artigo correspondente
	“Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Constituição Federal (polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária federal; polícias civis; polícias militares e corpos de bombeiros militares; polícias penais federal, estaduais e distrital) figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação.
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado.
§ 3º (VETADO).
§ 4º (VETADO).
§ 5º (VETADO).
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.”
✓ Observação: no CPPM, há um artigo muito similar, constante no art. 16-A. CPP.
# Comentários sobre o art. 14-A do CPP: 
1º) Os servidores vinculados aos órgãos de segurança pública são: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias militares e polícias penais. O professor acrescenta que, apesar de não estarem citadas nos incisos do art. 144, CF, as guardas municipais estão citadas no § 8º do mesmo dispositivo.
2º) a instauração de inquérito policial tratada neste tópico refere-se à investigação de fatos relacionados ao uso da força letal. 
3º) O emprego da força letal deve ser praticado no exercício profissional. Caso contrário, não há que se falar na aplicação do art. 14-A do CPP.
 4º) Mesmo antes do Pacote Anticrime, à luz do EAOAB, o indiciado já podia constituir defensor. 
5º) O legislador utilizou o termo “citado” no art. 14-A, §1º do CPP. Citação é ato de comunicação quando um processo criminal é instaurado. O ideal seria dizer que o investigado será “notificado” (ato de comunicação que diz respeito a fato futuro). 
6º) O art. 14-A, §2º do CPP traz uma grande novidade. Isso porque, se o prazo de 48 horas do §1º do dispositivo se esgotar sem nomeaçãode defensor, a instituição a que o investigado estava vinculado (PF ou Ministério da Justiça) providenciará, no prazo de 48 horas, a indicação de um defensor para a representação do investigado.
 ✓ Renato Brasileiro destaca que, algumas pessoas, erroneamente, afirmam que o defensor citado seria o defensor público, no entanto, os 3 parágrafos que foram vetados previam que se tratava de defesa feita por defensor público, no entanto a defensoria atua na defesa de necessitados. Havendo, inclusive, antiga ADI 3.022/RS que vedou que o defensor público atue em favor do servidor. 
✓ O defensor que será indicado, portanto, é o representante judicial da União, Estado ou Município (Advogado da União, Procurador do Estado ou Procurador do Município, respectivamente), a depender do caso. 
✓ Questão: e se a instituição não nomear defensor? O inquérito pode prosseguir? A investigação prossegue normalmente, podendo o defensor, a qualquer momento, intervir no processo.
b) 2ª corrente: Salvo na hipótese do inquérito instaurado pela polícia federal visando à expulsão do estrangeiro, não são aplicadas aqui as garantias do contraditório e da ampla defesa. Trata-se o inquérito, assim, de um procedimento inquisitivo, voltado, precipuamente, à obtenção de elementos que sirvam de suporte ao oferecimento de denúncia ou de queixa-crime (função preparatória do inquérito).
Esta é a posição majoritária (pelo menos em concursos), não sendo possível conceber que o inquérito policial preveja o contraditório e a ampla defesa, sob pena de que o procedimento não alcance os seus objetivos. Lembrando que, em regra, tudo o que é produzido na fase investigatória (elementos informativos) será confirmado em juízo como prova judicial, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa. 
Não é possível arguir suspeição do delegado de polícia, conforme o art. 107 do CPP.
Outro argumento é a Súmula vinculante n°. 5: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”. 
Se inquérito policial não é processo, mas sim procedimento, pois dele não resulta a imposição de sanção. E, se nem mesmo em um processo administrativo disciplinar, o qual pode geral penas graves, a defesa técnica é indispensável, seria contraditório exigir a presença de advogado em um procedimento investigatório policial.
#NÃOCONFUNDA: É obrigatória a presença de advogado no interrogatório?
a) Se tratar de interrogatório policial: atente-se para a novidade trazida pelo art. 15, parágrafo único, II, da Lei de Abuso de Autoridade, em que a lei passou a criminalizar o mero prosseguimento do interrogatório de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado:
Art. 15.  Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório:        
 I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono.
Para Renato Brasileiro, diante desse dispositivo, no caso de interrogatório policial, a presença do advogado é obrigatória desde que o interrogando faça essa opção.
b) Se tratar de interrogatório judicial: a presença do advogado é sempre obrigatória. 
3.5. Discricionário
Ao contrário da fase judicial, em que há um rigor procedimental, a fase preliminar de investigações é conduzida de maneira discricionária pela autoridade policial, que deve determinar o rumo das diligências de acordo com as peculiaridades do caso concreto.
#SELIGA: Isso quer dizer que, no início da investigação e no seu curso, cabe ao delegado proceder ao que tem sido chamado pela doutrina de juízo de prognose, a partir do qual decidirá quais providências são necessárias para elucidar a infração penal investigada. A este juízo, mais tarde, quando finalizada a investigação, sucederá o juízo de diagnose, momento em que o delegado, examinando o conjunto probatório angariado, informará, no relatório do procedimento policial, as conclusões da apuração realizada.
Frise-se que discricionariedade implica liberdade de atuação nos limites impostos pela lei. Se a autoridade policial ultrapassa esses limites, sua atuação passa a ser arbitrária, ou seja, contrária à lei. Logo, não se permite à autoridade policial a adoção de diligências investigatórias contrárias à Constituição Federal e à legislação infraconstitucional.
#ATENÇÃO: Os artigos 6º e 7º do CPP apresentam um rol de diligências para melhor aparelhar a investigação. Esse é o mínimo contingencial das diligências. 
O artigo 2º da lei 12.830, de forma não exaustiva, também nos apresenta um rol de diligências que poderão ser adotadas.
#SELIGA: Os requerimentos apresentados pela vítima ou pelo suspeito poderão ser indeferidos se o delegado reputá-los impertinentes (art. 14 CPP: O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade), ressalve-se, contudo, o exame de corpo de delito quando o crime apresentar vestígios (art. 158 CPP: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.). Em que pese à omissão da lei, por analogia para combater o indeferimento caberá recurso administrativo endereçado ao chefe de polícia. Nada impede que o MP seja acionado para requisitar a diligência. Art. 184. Ou até mesmo o juiz, como já decidiu o STJ. 
#OLHAOGANCHO: foi publicada a Lei 13.721/2018, que altera o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), para estabelecer que será dada prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva violência doméstica e familiar contra mulher ou violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
Art. 1º Esta Lei altera o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), para estabelecer que será dada prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva violência doméstica e familiar contra mulher ou violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
Art. 2º O art. 158 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 158.  ..................................................................
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva:
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. ”
#SLIGA: As requisições emanadas do MP ou do Juiz serão obrigatoriamente cumpridas, por imposição normativa, salvo se forem manifestamente ilegais (*art. 13, II do CPP). Há uma corrente minoritária que afirma que, por filtragem constitucional, ele não estaria obrigado.
*(Atualizado em 21/05/2020) Mas lembre-se: 
1ª) Não há subordinação do delegado ao MP. O delegado cumpre a requisição do MP porque ambos estão sujeitos ao princípio da obrigatoriedade. 
2ª) O delegado não é obrigado a atender requisições absurdas ou ilegais. Neste caso, o delegado deve recusar o cumprimento de maneira fundamentada. Além disso, o delegado deve informar o ocorrido aos órgãos correcionais.
#DEOLHONAJURIS: O delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de inquérito policial, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se manifestar, sem caráter vinculante, previamente à decisão judicial. Os §§ 2º e 6º do art. 4º da Lei nº 12.850/2013, que preveem essa possibilidade, são constitucionais e não ofendem a titularidade da ação penal pública conferida ao Ministério Público pela Constituição (art. 129, I). STF. Plenário. ADI 5508/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 20/6/2018 (Info907).
3.6. Oficial
Incumbe ao Delegado de Polícia a presidência do inquérito policial. Assim, o inquérito policial fica a cargo de órgão oficial do Estado, nos termos do art. 144, § 1º, I, c/c art. 144, § 4º, da CF. Assim, promotor de justiça jamais preside o inquérito policial, sendo possível que ele também investigue por meio do PIC (procedimento investigatório criminal). 
3.7. Oficioso
Salvo nas hipóteses de crimes de ação penal pública condicionada à representação e dos delitos de ação penal privada, o inquérito policial deve ser instaurado de ofício pela autoridade policial, sempre que tiver conhecimento da prática de um delito (art. 5.º, I, do CPP). Aqui não há discricionariedade!
3.8. Procedimento indisponível
Instaurado o inquérito, não pode a autoridade policial, por sua iniciativa, promover o seu arquivamento (art. 17, do CPP), ainda que venha a constatar a atipicidade do fato apurado ou que não tenha detectado indícios que apontem o seu autor. 
3.9. Temporário
O inquérito policial não pode ter seu prazo de conclusão prorrogado indefinidamente, sendo que as diligências devem ser realizadas pela autoridade policial apenas enquanto houver necessidade.
3.10. Unidirecional
De acordo com Paulo Rangel, dizer que o inquérito policial é unidirecional é dizer que não pode à autoridade policial emitir nenhum juízo de valor na apuração dos fatos. Ex: não pode a autoridade policial dizer que o indiciado agiu em legítima defesa ou que foi movido por violenta emoção ao cometer o homicídio.
4. Valor probatório do inquérito policial
*(Atualizado em 21/05/2020)
Tecnicamente, o inquérito policial não produz provas, e sim elementos indiciários ou de informação. 
	ELEMENTOS INDICIÁRIOS OU DE INFORMAÇÃO
	ELEMENTOS DE PROVA[footnoteRef:5] [5: Enquadramento classificatório: Por Fauzi Hassan e Rômulo Moreira.] 
	São produzidos na fase do inquérito;
	Em regra, são produzidos na fase processual e, excepcionalmente, de maneira extraprocessual (provas cautelares, não repetíveis, antecipadas);
	São produzidos de maneira inquisitiva;
	São produzidos de maneira dialética, com respeito ao contraditório e a ampla defesa, real (imediato) ou diferido;
	O juiz é provocado nas hipóteses de cláusula de reserva jurisdicional e funciona como órgão de controle do procedimento, preservando as regras do jogo; No entanto, ele não possui iniciativa probatória (Art. 3- A CPP).
	As provas serão produzidas na presença do magistrado (princípio da imediatidade ou judicialização da prova) e, além disso, o CPP adotou expressamente o princípio da identidade física do juiz (art. 399, §2º, do CPP), de forma que o juiz que preside a instrução deverá, em regra, proferir a sentença;
ATENÇÃO! Presença do julgador direta (presença física do juiz na audiência) ou remota (quando se utiliza a videoconferência, Lei nº 11.900/09);
#POLÊMICA: O tema polêmico, após o pacote anticrime é se juiz continua podendo agir de ofício na fase processual na produção de provas. Para Renato Brasileiro, juiz não tem mais nenhuma iniciativa probatória, ante o art. 3-A, 282, §2 e 4, que afastaram a possibilidade de o juiz decretar medidas cautelares de ofício, inclusive durante a fase processual, por isso também não poderia determinar a produção de provas de ofício.
	Finalidade (teleologia): fomentar a formação da opinião delitiva do titular da ação penal e contribuir na adoção de medidas cautelares no transcorrer da persecução.
	Finalidade (teologia): objetiva contribuir no convencimento do juiz para prolação do provimento jurisdicional adequado.
Art. 155: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
#ATENÇÃO: O art. 155 faz a distinção entre provas (em regra produzidas judicialmente) de elementos informativos. Pergunta-se, será que os elementos informativos podem ser usados para a fundamentação do convencimento do juiz? 
Como já mencionado, o inquérito e seus elementos de informação tem valor probatório relativo, pois serve de base para oferta da inicial acusatória, mas não se presta sozinho a sustentar uma condenação, já que seus elementos foram colhidos de maneira inquisitiva, portanto, os elementos informativos podem ser usados para fundamentar o convencimento do juiz, desde que o juiz não se valha exclusivamente apenas desses elementos.
#PACOTEANTICRIME: O tema enfrentará sérias controvérsias diante do art. 3º-C, §3º do CPP (atualmente suspenso): CPP, art. 3º-C, §3º: 
“Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado.” 
Em relação a esse dispositivo, há duas correntes:
 1ª Corrente: Realiza uma interpretação sistemática para afirmar que o juiz da instrução e julgamento não mais poderá ter contato com os elementos informativos colhidos no inquérito. De acordo com essa visão, portanto, os elementos informativos nem mesmo subsidiariamente serão usados para formar o convencimento do julgador, salvo nos casos de provas irrepetíveis, provas antecipadas e meios de obtenção de prova (elementos migratórios). 
2ª Corrente: Entende que o art. 3º-C do CPP deve ser interpretado restritivamente, ou seja, segundo essa corrente, o dispositivo se refere apenas aos “autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias”, e os autos do inquérito policial não se confundem com estes autos, ou seja, os autos do inquérito policial, e os elementos informativos colhidos, continuam podendo ser ponderados no julgamento. Ou seja, o art. 3ºC não alterou nada, sendo que o juiz da instrução e julgamento pode continuar se valendo dos elementos de informação no seu julgamento.
#ATENÇÃO: O art. 155 do CPP diz também, na parte final, que existem provas que não necessariamente são produzidas em juízo, são elas:
1) Provas cautelares; 
2) Provas não repetíveis; 
 3) Provas antecipadas. 
E ainda, que por serem provas, embora colhidas na investigação, podem ser usadas exclusivamente para o convencimento do juiz, por que não são meros elementos de informação, mas sim provas. Elas também são chamadas de elementos migratórios. 
#OLHAOGANCHO:
Elementos migratórios: são extraídos do inquérito e levados ao processo, podendo ser validamente valorados em eventual sentença condenatória. São provas que, excepcionalmente, não são produzidas em juízo, podendo o juiz se fundar exclusivamente nelas para formar seu convencimento.
Quais são os elementos migratórios?
a) Provas irrepetíveis: são aquelas provas de iminente perecimento que não tem como serem repetidas na fase processual (a evidência do fato desaparece depois). O contraditório é diferido. Ex: constatação de embriaguez ao volante; 
#ATENÇÃO: Independe de autorização judicial. O delegado, em regra, autorizará a confecção da prova irrepetível. 
Atenção com art. 3º-B, VII do CPP: 
CPP, art. 3ºB, VII: “O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (...) VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
✓ Renato destaca que, este artigo deve ser interpretado restritivamente, pois é inviável a autorização judicial para prova não repetível, apenas a prova antecipada depende de autorização judicial.
b) Provas cautelares: a cautelaridadeé justificada pela necessidade e urgência e, depende de autorização judicial. Contraditório diferido, postergado. Podem ser produzidos na fase investigatória e em juízo. Ex: interceptação telefônica. 
#DETALHE: quem conduz toda a prova é a polícia e de forma inquisitiva.
c) Incidente de produção antecipada de prova: instaurado perante o magistrado e respeitados o contraditório real, em momento distinto do legalmente previsto, podendo ser produzida na fase investigatória (pelo juiz das garantias) ou na fase judicia (pelo juiz da instrução e julgamento). Dessa forma, o fruto do incidente poderá ser usado validamente na fase processual. Conta com a intervenção das futuras partes do processo. 
Ex. delegado sabe de uma única testemunha que presenciou o crime, e ela está hospitalizada com risco de vida, então ele faz requerimento ao juiz das garantias para ouvir a testemunha, então o juiz das garantias, o promotor e a defesa vão até o hospital, por isso o contraditório é real.
Art. 225, CPP - Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.
Ex.2 Depoimento especial (sem dano): a criança é ouvida no inquérito como prova antecipada, podendo ser usada em juízo para, sozinha, formar a convicção do juízo. 
Art. 11. O depoimento especial reger-se-á por protocolos e, sempre que possível, será realizado uma única vez, em sede de produção antecipada prova judicial, garantida a ampla defesa do investigado.
§ 1º O depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de prova:
I - quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos;
II - em caso de violência sexual.
§ 2º Não será admitida a tomada de novo depoimento especial, salvo quando justificada a sua imprescindibilidade pela autoridade competente e houver a concordância da vítima ou da testemunha, ou de seu representante legal.
5. Atribuição da polícia ou “competência” policial
*(Atualizado e 21/05/2020)
É a quantidade de poder prefixada em lei que vai delimitar a margem de atividade de determinada autoridade. São critérios definidores da atribuição:
a) Territorial: a circunscrição em que o crime se consumou figura como linha mestra na definição da atribuição. 
#ATENÇÃO: Nas comarcas com mais de uma circunscrição estão dispensadas as precatórias entre delegados. Apenas nas circunscrições localizadas em outras comarcas é preciso usar precatórias;
b) Material: permite especializar a atuação da polícia para determinado conjunto de infrações penais. Teremos delegados especializados no combate a um determinado tipo de delito. Ex: Delegacia de Homicídios. 
#OBS: Pelo critério material teremos a bifurcação da polícia judiciária em estadual e federal, já que materialmente, esta última, em regra, investiga os crimes federais. Disciplinando o art. 144 da CF, a Lei nº 10.446/2002 autoriza que a Polícia Federal investigue, excepcionalmente, crimes estaduais que exijam retaliação uniforme por sua repercussão no plano interestadual ou internacional. Nesse caso, porém, a intervenção da polícia federal não afasta a atuação da polícia dos Estados, determinando a remessa do procedimento para o Ministério Público Estadual, e não federal;
c) Pessoal: defendido por Luiz Flávio Gomes, define que a figura da vítima poderá ser usada como exponencial para delimitação da atribuição da polícia. Contudo, esse critério é ocioso, pois integra o critério material. Ex: Delegacia da Mulher.
E se o cumprimento de quaisquer desses critérios for desrespeitado? Não é relevante, pois os vícios do inquérito, em regra, não contaminam o processo.
#SELIGA: Avocatória. O chefe de polícia poderá avocar o inquérito e redistribuir a outro delegado por despacho fundamentado, desde que exista interesse público ou quando as regras procedimentais na condução da investigação sejam violadas (§4º e §5º, do art. 2º, da Lei nº 12.830/2013).
#ATENÇÃO: É a natureza do crime que define a polícia judiciária que irá investigá-lo. Veja a divisão abaixo:
a) Crime militar da competência da Justiça Militar da União: Neste caso, quem investiga é o encarregado de 
inquérito policial militar. Trata-se de um oficial das Forças Armadas.
b) Crime militar da competência da Justiça Militar Estadual: No caso em questão, as funções serão exercidas por oficial da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros.
c) Crime eleitoral: Em relação a crimes eleitorais, a investigação é feita, em regra*, pela Polícia Federal.
*Atenção: o TSE afirma que, se na comarca em questão não houver Delegacia de Polícia Federal, as investigações poderão ser feitas pela Polícia Civil.
d) Crime “federal”: Os crimes federais são de competência da Polícia Federal.
e) Crime comum da competência da Justiça Estadual:
Os crimes comuns de competência da Justiça Estadual são, em regra*, investigados pela Polícia Civil.
*Atenção: segundo a Constituição Federal, o crime comum também pode ser investigado pela Polícia Federal, desde que haja o cumprimento de dois requisitos:
• Quando crime for dotado de repercussão interestadual ou internacional; e
• Quando o crime demande uma repressão uniforme, conforme previsão legal.
A lei mencionada pelo art. 144, §1º da CF é a Lei nº 10.446/2002, a qual versa sobre crimes que podem ser investigados pela Polícia Federal. No entanto, deve se atentar também para a Lei do Terrorismo (Lei 13.260/2016), que diz que a Polícia Federal tem atribuições investigatórias.
#MUITAATENÇÃO:
ATRIBUIÇÕES DA POLÍCIA FEDERAL
A Polícia Federal investiga apenas crimes de competência da Justiça Federal?
NÃO. Em regra, a Polícia Federal é responsável pela investigação dos crimes que são de competência da Justiça Federal. Isso porque uma das principais funções da PF é exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
No entanto, a Polícia Federal investiga também outros delitos que não são de competência da Justiça Federal.
As atribuições da Polícia Federal estão previstas inicialmente no art. 144 da CF/88:
Art. 144 (...)
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
INCISO I DO § 1º DO ART. 144 DA CF/88
Se você observar a redação do inciso I do § 1º do art. 144, acima transcrita, verá que ela é bem ampla, especialmente na sua parte final. Veja novamente:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
Crimes que tenham repercussão interestadual ou internacional
Desse modo, a Polícia Federal tem atribuição para investigar crimes que tenham repercussão interestadual ou internacional e exijam repressão uniforme.
Que crimes são esses?
A CF/88 afirma que a relação desses crimes deverá ser prevista em lei.
Que lei é esta?
A Lei n. 10.446/2002, cuja ementa é a seguinte:
Dispõe sobre infrações penais de repercussão interestadual ou internacional que exigem repressão uniforme, para os fins do disposto no inciso I do § 1º do art. 144 da Constituição.
LEI 10.446/2002
A Lei n. 10.446/2002,

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