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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA .................................................................... 2 1.1 Conceito De Anatomia................................................................................................. 2 1.2 Normal e Variação Anatômica ..................................................................................... 4 2 NOMENCLATURA ANATÔMICA ........................................................................................ 4 3 POSIÇÃO ANATÔMICA ...................................................................................................... 5 4 DIVISÃO DO CORPO HUMANO ........................................................................................ 6 4.1 Cabeça ........................................................................................................................ 6 4.2 Tronco.......................................................................................................................... 6 4.3 Pescoço ....................................................................................................................... 7 4.4 Tórax............................................................................................................................ 7 5 PLANOS DE DELIMITAÇÃO E SECÇÃO DO CORPO HUMANO ..................................... 7 5.1 TERMOS DE POSIÇÃO E DIREÇÃO ......................................................................... 8 6 VARIAÇÕES ANATÔMICAS NORMAIS ........................................................................... 10 7 SISTEMAS DE SUSTENTAÇÃO ...................................................................................... 11 7.1 Sistema Esquelético .................................................................................................. 11 8 TECIDOS QUE FORMAM O ESQUELETO ...................................................................... 12 8.1 O Tecido Ósseo ......................................................................................................... 12 9 O TECIDO CARTILAGINOSO .......................................................................................... 17 10 SISTEMA ARTICULAR ................................................................................................. 18 10.1 Classificação das articulações .............................................................................. 19 11 O ENVELHECIMENTO E SUAS IMPLICAÇÕES FISIOLÓGICAS ............................... 19 12 ALTERAÇÕES MORFOFISIOLÓGICAS E EXERCÍCIO NA TERCEIRA IDADE ......... 22 13 DOENÇAS RELACIONADAS À TERCEIRA IDADE E A PARTICIPAÇÃO DO EXERCÍCIO 25 14 ATIVIDADE FÍSICA E NUTRIÇÃO NA TERCEIRA IDADE .......................................... 26 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 30 15 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 31 2 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA Fonte: www.souenfermagem.com.br 1.1 Conceito De Anatomia No seu conceito mais amplo, a Anatomia é a ciência que estuda, macro e microscopicamente, a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados. Um excelente e amplo conceito de Anatomia foi proposto em 1981 pela American Association of Anatomists: anatomia é a análise da estrutura biológica, sua correlação com a função e com as modulações de estrutura em resposta a fatores temporais, genéticos e ambientais. Tem como metas principais a compreensão dos princípios arquitetônicos da construção dos organismos vivos, a descoberta da base estrutural do funcionamento das várias partes e a compreensão dos mecanismos formativos envolvidos no desenvolvimento destas. A amplitude da anatomia compreende, em termos temporais, desde o estudo das mudanças a longo prazo da estrutura, no curso de evolução, passando pelas das mudanças de duração intermediária em desenvolvimento, crescimento e envelhecimento; até as mudanças de curto prazo, associadas com fases diferentes de atividade funcional normal. 3 Fonte: wwww.estudosaudavel.com.br Em termos do tamanho da estrutura estudada vai desde todo um sistema biológico, passando por organismos inteiros e/ou seus órgãos até as organelas celulares e macromoléculas. A palavra Anatomia é derivada do grego anatome (ana = através de; tome = corte). Dissecação deriva do latim (dis = separar; secare = cortar) e é equivalente etimologicamente a anatomia. Contudo, atualmente, Anatomia é a ciência, enquanto dissecar é um dos métodos desta ciência. Seu estudo tem uma longa e interessante história, desde os primórdios da civilização humana. Inicialmente limitada ao observável a olho nu e pela manipulação dos corpos, expandiu-se, ao longo do tempo, graças a aquisição de tecnologias inovadoras. Atualmente, a Anatomia pode ser subdividida em três grandes grupos: Anatomia macroscópica, Anatomia microscópica e Anatomia do desenvolvimento. A Anatomia Macroscópica é o estudo das estruturas observáveis a olho nu, utilizando ou não recursos tecnológicos os mais variáveis possíveis, enquanto a Anatomia Microscópica é aquela relacionada com as estruturas corporais invisíveis a olho nu e requer o uso de instrumental para ampliação, como lupas, microscópios ópticos e eletrônicos. Este grupo é dividido em Citologia (estudo da célula) e Histologia (estudo dos tecidos e de como estes se organizam para a formação de órgãos). 4 A Anatomia do desenvolvimento estuda o desenvolvimento do indivíduo a partir do ovo fertilizado até a forma adulta. Ela engloba a Embriologia que é o estudo do desenvolvimento até o nascimento. Embora não sejam estanques, a complexidade destes grupos torna necessária a existência de estudos específicos. 1.2 Normal e Variação Anatômica Normal, para o anatomista, é o estatisticamente mais comum, ou seja, o que é encontrado na maioria dos casos. Variação anatômica é qualquer fuga do padrão sem prejuízo da função. Assim, a artéria braquial mais comumente divide-se na fossa cubital. Este é o padrão. Entretanto, em alguns indivíduos esta divisão ocorre ao nível da axila. Como não existe perda funcional esta é uma variação. Quando ocorre prejuízo funcional trata-se de uma anomalia e não de uma variação. Se a anomalia for tão acentuada que deforme profundamente a construção do corpo, sendo, em geral, incompatível com a vida, é uma monstruosidade. 2 NOMENCLATURA ANATÔMICA Como toda ciência, a Anatomia tem sua linguagem própria. Ao conjunto de termos empregados para designar e descrever o organismo ou suas partes dá-se o nome de Nomenclatura Anatômica. Com o extraordinário acúmulo de conhecimentos no final do século passado, graças aos trabalhos de importantes “escolas anatômicas” (sobretudo na Itália, França, Inglaterra e Alemanha), as mesmas estruturas do corpo humano recebiam denominações diferentes nestes centros de estudos e pesquisas. Em razão desta falta de metodologia e de inevitáveis arbitrariedades, mais de 20 000 termos anatômicos chegaram a ser consignados (hoje reduzidos a poucos mais de 5 000). A primeira tentativa de uniformizar e criar uma nomenclatura anatômica internacional ocorreu em 1895. Em sucessivos congressos de Anatomia em 1933, 1936 e 1950 foram feitas revisões e finalmente em 1955, em Paris, foi aprovada 5 oficialmente a Nomenclatura Anatômica, conhecida sob a sigla de P.N.A. (Paris Nomina Anatômica). Revisões subsequentes foram feitas em 1960, 1965 e 1970, visto que a nomenclatura anatômica tem caráter dinâmico, podendo ser sempre criticada e modificada, desde que haja razões suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas em Congressos Internacionais de Anatomia. A língua oficialmente adotada é o latim (por ser “língua morta”), porém cada país pode traduzi-la para seupróprio vernáculo. Ao designar uma estrutura do organismo, a nomenclatura procura utilizar termos que não sejam apenas sinais para a memória, mas tragam também alguma informação ou descrição sobre a referida estrutura. Dentro deste princípio, foram abolidos os epônimos (nome de pessoas para designar coisas) e os termos indicam: a forma (músculo trapézio); a sua posição ou situação (nervo mediano); o seu trajeto (artéria circunflexa da escápula); as suas conexões ou inter-relações (ligamento sacroilíaco); a sua relação com o esqueleto (artéria radial); sua função (m. levantador da escápula); critério misto (m. flexor superficial dos dedos – função e situação). Entretanto, há nomes impróprios ou não muito lógicos que foram conservados, porque estão consagrados pelo uso. 3 POSIÇÃO ANATÔMICA Fonte:www.vivaazonanorte.com.br 6 Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas, considerando-se que a posição pode ser variável, optou-se por uma posição padrão, denominada posição de descrição anatômica (posição anatômica). Deste modo, os anatomistas, quando escrevem seus textos, referem-se ao objeto de descrição considerando o indivíduo como se estivesse sempre na posição padronizada. Nela o indivíduo está em posição ereta (em pé, posição ortostática ou bípede), com a face voltada para a frente, o olhar dirigido para o horizonte, membros superiores estendidos, aplicados ao tronco e com as palmas voltadas para frente, membros inferiores unidos, com as pontas dos pés dirigidas para frente. 4 DIVISÃO DO CORPO HUMANO O corpo humano divide-se em cabeça, tronco e membros. 4.1 Cabeça A cabeça é dividida em duas partes: crânio e face. Uma linha imaginária passando pelo topo das orelhas e dos olhos é o limite aproximada entre estas duas regiões. O crânio contém o encéfalo no seu interior, na chamada cavidade craniana. As lesões crânio encefálicas são as causas mais frequentes de óbito nas vítimas de trauma. A face é a sede dos órgãos dos sentidos da visão, audição, olfato e paladar. Abriga as aberturas externas do aparelho respiratório e digestivo. As lesões da face podem ameaçar a vida devido ao sangramento e obstrução das vias aéreas. 4.2 Tronco O tronco é dividido em pescoço, tórax, abdome e pelve. 7 4.3 Pescoço Contém várias estruturas importantes. É suportado pela coluna cervical que abriga no seu interior a porção cervical da medula espinhal. As porções superiores do trato respiratório e digestivo passam pelo pescoço em direção ao tórax e abdome. Contém também vasos sanguíneos calibrosos responsáveis pela irrigação da cabeça. As lesões do pescoço de maior gravidade são as fraturas da coluna cervical com ou sem lesão medular, as lesões do trato respiratório e as lesões de grandes vasos com hemorragia severa. 4.4 Tórax Contém no seu interior, na chamada cavidade torácica, a parte inferior do trato respiratório (vias aéreas inferiores), os pulmões, o esôfago, o coração e os grandes vasos sanguíneos que chegam ou saem do coração. É sustentado por uma estrutura óssea da qual fazem parte a coluna vertebral torácica, as costelas, o esterno, as clavículas e a escápula. As lesões do tórax são a segunda causa mais frequente de morte nas vítimas de trauma. 5 PLANOS DE DELIMITAÇÃO E SECÇÃO DO CORPO HUMANO Fonte: www.tudointeressante.com.br 8 Na posição anatômica o corpo humano pode ser delimitado por planos tangentes à sua superfície, os quais, com suas intersecções, determinam a formação de um sólido geométrico, um paralelepípedo. Tem-se assim, para as faces desse sólido, os seguintes planos correspondentes: dois planos verticais, um tangente ao ventre – plano ventral ou anterior – e outro ao dorso – plano dorsal ou posterior. Estes e outros a eles paralelos são também designados como planos frontais, por serem paralelos à “fronte”; dois planos verticais tangentes aos lados do corpo – planos laterais direito e esquerdo e, finalmente, dois planos horizontais, um tangente à cabeça – plano cranial ou superior – e outro à planta dos pés – plano podálico – (de podos = pé) ou inferior. O tronco isolado é limitado, inferiormente, pelo plano horizontal que tangencia o vértice do cóccix, ou seja, o osso que no homem é o vestígio da cauda de outros animais. Por esta razão, este plano é denominado caudal. Os planos descritos são de delimitação. É possível traçar também planos de secção: o plano que divide o corpo humano em metades direita e esquerda é denominado mediano. Toda secção do corpo feita por planos paralelos ao mediano é uma secção sagital (corte sagital) e os planos de secção são também chamados sagitais; os planos de secção que são paralelos aos planos ventral e dorsal são ditos frontais e a secção é também denominada frontal (corte frontal); os planos de secção que são paralelos aos planos cranial, podálico e caudal são horizontais. A secção é denominada transversal. 5.1 TERMOS DE POSIÇÃO E DIREÇÃO A situação e a posição das estruturas anatômicas são indicadas em função dos planos de delimitação e secção. Assim, duas estruturas dispostas em um plano frontal serão chamadas de medial e lateral conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do plano mediano do corpo. Duas estruturas localizadas em um plano sagital serão chamadas de anterior (ou ventral) e posterior (ou dorsal) conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do plano anterior. 9 Fonte:www.vidaesaude.org Para estruturas dispostas longitudinalmente, os termos são superiores (ou cranial) para a mais próxima ao plano cranial e inferior (ou caudal) para a mais distante deste plano. Para estruturas dispostas longitudinalmente nos membros emprega-se, comumente, os termos proximal e distal referindo-se às estruturas respectivamente mais próxima e mais distante da raiz do membro. Para o tubo digestivo emprega-se os termos oral e aboral, referindo-se às estruturas respectivamente mais próxima e mais distante da boca. Uma terceira estrutura situada entre uma lateral e outra medial é chamada de intermédia. Nos outros casos (terceira estrutura situada entre uma anterior e outra posterior, ou entre uma superior e outra inferior, ou entre uma proximal e outra distal ou ainda uma oral e outra aboral) é denominada de média. Estruturas situadas ao longo do plano mediano são denominadas de medianas, sendo este um conceito absoluto, ou seja, uma estrutura mediana será sempre mediana, enquanto os outros termos de posição e direção são relativos, pois baseiam- se na comparação da posição de uma estrutura em relação a posição de outra. 10 Fonte:www.portaldoprofessor.mec.gov.br A anatomia é o estudo da forma e da constituição do corpo, pré-requisito indispensável para o estudo da fisiologia dos órgãos. Seu estudo compreende tanto a evolução do indivíduo desde a fase de zigoto até a velhice (ontogenia), como o desenvolvimento de uma estrutura no reino animal (filogenia). A anatomia macroscópica pode ser estudada de duas formas: (1) anatomia sistemática ou descritiva, que estuda os vários sistemas separadamente e (2) anatomia topográfica ou cirúrgica, que estuda todas as estruturas de uma região e suas relações entre si. 6 VARIAÇÕES ANATÔMICAS NORMAIS Existem algumas circunstâncias que determinam variações anatômicas normais e que devem ser descritas: Idade: os testículos no feto estão situados na cavidade abdominal, migrando para a bolsa escrotal e nela se localizando durante a vida adulta; Sexo: no homem a gordura subcutânea se deposita principalmente na região tricipital, enquanto na mulher o depósito se dá preferencialmente na região abdominal; 11 Raça: nos brancos a medula espinhal termina entre a primeira e segunda vértebra lombar, enquanto que nos negros ela termina um pouco mais abaixo, entre a segunda e a terceiravértebra lombar; Tipo morfológico constitucional: é o principal fator das diferenças morfológicas. Os principais tipos são: A- longilíneo: indivíduo alto e esguio, com pescoço, tórax e membros longos. Nessas pessoas o estômago geralmente é mais alongado e as vísceras dispostas mais verticalmente; B- brevilíneo: indivíduo baixo com pescoço, tórax e membros curtos. Aqui as vísceras costumam estar dispostas mais horizontalmente; C- mediolíneo: características intermediárias. A identificação do tipo morfológico é importante devido às diferentes técnicas de abordagem semiológica, avaliação das variações da normalidade e até mesmo maior incidência de doenças, como por exemplo a hipertensão, que é sabidamente mais comum em brevilíneos. 7 SISTEMAS DE SUSTENTAÇÃO 7.1 Sistema Esquelético Além de dar sustentação ao corpo, o esqueleto protege os órgãos internos e fornece pontos de apoio para a fixação dos músculos. Ele constitui-se de peças ósseas (ao todo 208 ossos no indivíduo adulto) e cartilaginosas articuladas, que formam um sistema de alavancas movimentadas pelos músculos. O esqueleto humano pode ser dividido em duas partes: 1-Esqueleto axial: formado pela caixa craniana, coluna vertebral caixa torácica. 2-Esqueleto apendicular: compreende a cintura escapular, formada pelas escápulas e clavículas; cintura pélvica, formada pelos ossos ilíacos (da bacia) e o esqueleto dos membros (superiores ou anteriores e inferiores ou posteriores). 12 Fonte: www.todamateria.com.br 8 TECIDOS QUE FORMAM O ESQUELETO 8.1 O Tecido Ósseo O tecido ósseo possui um alto grau de rigidez e resistência à pressão. Por isso, suas principais funções estão relacionadas à proteção e à sustentação. Também 13 funciona como alavanca e apoio para os músculos, aumentando a coordenação e a força do movimento proporcionado pela contração do tecido muscular. Os ossos ainda são grandes armazenadores de substâncias, sobretudo de íons de cálcio e fosfato. Com o envelhecimento, o tecido adiposo também vai se acumulando dentro dos ossos longos, substituindo a medula vermelha que ali existia previamente. A extrema rigidez do tecido ósseo é resultado da interação entre o componente orgânico e o componente mineral da matriz. A nutrição das células que se localizam dentro da matriz é feita por canais. No tecido ósseo, destacam-se os seguintes tipos celulares típicos: Osteócitos: os osteócitos estão localizados em cavidades ou lacunas dentro da matriz óssea. Destas lacunas formam-se canalículos que se dirigem para outras lacunas, tornando assim a difusão de nutrientes possível graças à comunicação entre os osteócitos. Os osteócitos têm um papel fundamental na manutenção da integridade da matriz óssea. Osteoblastos: os osteoblastos sintetizam a parte orgânica da matriz óssea, composta por colágeno tipo I, glicoproteínas e proteoglicanas. Também concentram fosfato de cálcio, participando da mineralização da matriz. Durante a alta atividade sintética, os osteoblastos destacam-se por apresentar muita basofilia (afinidade por corantes básicos). Possuem sistema de comunicação intercelular semelhante ao existente entre os osteócitos. Os osteócitos inclusive originam-se de osteoblastos, quando estes são envolvidos completamente por matriz óssea. Então, sua síntese proteica diminui e o seu citoplasma torna-se menos basófilo. Osteoclastos: os osteoclastos participam dos processos de absorção e remodelação do tecido ósseo. São células gigantes e multinucleadas, extensamente ramificadas, derivadas de monócitos que atravessam os capilares sanguíneos. Nos osteoclastos jovens, o citoplasma apresenta uma leve basofilia que vai progressivamente diminuindo com o amadurecimento da célula, até que o citoplasma finalmente se torna acidófilo (com afinidade por corantes ácidos). Dilatações dos osteoclastos, através da sua ação enzimática, escavam a matriz óssea, formando depressões conhecidas como lacunas de Howship. 14 Matriz óssea: a matriz óssea é composta por uma parte orgânica (já mencionada anteriormente) e uma parte inorgânica cuja composição é dada basicamente por íons fosfato e cálcio formando cristais de hidroxiapatita. A matriz orgânica, quando o osso se apresenta descalcificado, cora-se com os corantes específicos do colágeno (pois ela é composta por 95% de colágeno tipo I). Fonte: www.icb.usp.br A classificação baseada no critério histológico admite apenas duas variantes de tecido ósseo: o tecido ósseo compacto ou denso e o tecido ósseo esponjoso ou lacunar ou reticulado. Essas variedades apresentam o mesmo tipo de célula e de substância intercelular, diferindo entre si apenas na disposição de seus elementos e na quantidade de espaços medulares. O tecido ósseo esponjoso apresenta espaços medulares mais amplos, sendo formado por várias trabéculas, que dão aspecto poroso ao tecido. O tecido ósseo compacto praticamente não apresenta espaços medulares, existindo, no entanto, além dos canalículos, um conjunto de canais que são percorridos por nervos e vasos sanguíneos: canais de Volkmann e canais de Havers. Por ser uma estrutura inervada e irrigada, os ossos apresentam grande sensibilidade e capacidade de regeneração. Os canais de Volkmann partem da superfície do osso (interna ou externa), possuindo uma trajetória perpendicular em relação ao eixo maior do osso. 15 Esses canais comunicam-se com os canais de Havers, que percorrem o osso longitudinalmente e que podem comunicar-se por projeções laterais. Ao redor de cada canal de Havers, pode-se observar várias lamelas concêntricas de substância intercelular e de células ósseas. Cada conjunto deste, formado pelo canal central de Havers e por lamelas concêntricas é denominado sistema de Havers ou sistema haversiano. Os canais de Volkmann não apresentam lamelas concêntricas. Os tecidos ósseos descritos são os tecidos mais abundantes dos ossos (órgãos): externamente temos uma camada de tecido ósseo compacto e internamente, de tecido ósseo esponjoso. Os ossos são revestidos externa e internamente por membranas denominadas periósteo e endósteo, respectivamente. Ambas as membranas são vascularizadas e suas células transformam-se em osteoblastos. Portanto, são importantes na nutrição e oxigenação das células do tecido ósseo e como fonte de osteoblastos para o crescimento dos ossos e reparação das fraturas. Além disto, nas regiões articulares encontramos as cartilagens fibrosas. Por ser uma estrutura inervada e irrigada, os ossos apresentam grande sensibilidade e capacidade de regeneração. No interior dos ossos está a medula óssea, que pode ser: Vermelha: formadora de células do sangue e plaquetas (tecido reticular ou hematopoiético): constituída por células reticulares associadas a fibras reticulares. Amarela: constituída por tecido adiposo (não produz células do sangue). No recém-nascido, toda a medula óssea e vermelha. Já no adulto, a medula vermelha fica restrita aos ossos chatos do corpo (esterno, costelas, ossos do crânio), as vertebras e as epífises do fêmur e do úmero (ossos longos). 16 www.histologianerd.blogspot.com.br Com o passar dos anos, a medula óssea vermelha presente no fêmur e no úmero transforma-se em amarela. 17 9 O TECIDO CARTILAGINOSO Fonte: www.infotecidos.blogspot.com.br O tecido cartilaginoso e uma forma especializada de tecido conjuntivo de consistência rígida. Desempenha a função de suporte de tecidos moles, reveste superfícies articulares onde absorve choques, facilita os deslizamentos e é essencial para a formação e crescimento dos ossos longos. A cartilagem e um tipo de tecido conjuntivo composto exclusivamente de células chamadas conócitos e de uma matriz extracelular altamente especializada. E um tecido avascular, não possui vasos sanguíneos, sendo nutrido pelos capilares do conjuntivo envolvente(pericôndrio) ou através do líquido sinovial das cavidades articulares. Em alguns casos, vasos sanguíneos atravessam as cartilagens, indo nutrir outros tecidos. O tecido cartilaginoso também e desprovido de vasos linfáticos e de nervos. Dessa forma, a matriz extracelular serve de trajeto para a difusão de substancias entre os vasos sanguíneos do tecido conjuntivo circundante e os condrocitos. As cavidades da matriz, ocupadas pelos condrocitos, são chamadas lacunas; uma lacuna pode conter um ou mais condrocitos. 18 A matriz extracelular da cartilagem e solida e firme, embora com alguma flexibilidade, sendo responsável pelas suas propriedades elásticas. As propriedades do tecido cartilaginoso, relacionadas ao seu papel fisiológico, dependem da estrutura da matriz, que e constituída por colágeno ou colágeno mais elastina, em associação com macromoléculas de proteoglicanas (proteina + glicosaminoglicanas). Como o colágeno e a elastina são flexíveis, a consistência firme das cartilagens se deve as ligações eletrostáticas entre as glicosaminoglicanas das proteoglicanas e o colágeno, e a grande quantidade de moléculas de agua presas a estas glicosaminoglicanas (agua de solvatação) que conferem turgidez a matriz. 10 SISTEMA ARTICULAR Fonte:www.anatomiadocorpo.com Articulação ou juntura e a conexão entre duas ou mais pecas esqueléticas (ossos ou cartilagens). Essas uniões não só colocam as peças do esqueleto em contato, como também permitem que o crescimento ósseo ocorra e que certas partes do esqueleto mudem de forma durante o parto. Além disto, capacitam que partes do corpo se movimentem em resposta a contração muscular. 19 Embora apresentem consideráveis variações entre elas, as articulações possuem certos aspectos estruturais e funcionais em comum que permitem classifica- las em três grandes grupos: fibrosas, cartilaginosas e sinoviais. O critério para esta divisão e o da natureza do elemento que se interpõe as peças que se articulam. 10.1 Classificação das articulações a- Quanto a duração; b- Quanto a maneira de fixação aos ossos; c- Quanto a natureza do tecido interposto; d- Quanto ao número de eixos. e- Quanto ao número de ossos. 11 O ENVELHECIMENTO E SUAS IMPLICAÇÕES FISIOLÓGICAS O processo de envelhecimento é algo presente na vida de todos os seres vivos. Seja em uma planta, seja no ser humano. É um princípio universal. Nascemos, crescemos, desenvolvemos, reproduzimos, envelhecemos e morremos. Existe, portanto, uma preocupação das famílias nesse sentido. O mundo globalizado e as exigências do dia-a-dia contribuem para a formação de famílias cada vez mais planejadas. Essas famílias tendem a buscar qualidade de vida e longevidade, pois, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), existe uma previsão para que em 2025 cerca de 1,2 bilhões de pessoas no mundo possuam mais de 60 anos (SOUSA; GALANTE; FIGUEIREDO, 2003). A queda da mortalidade ocorre muito em função do controle de doenças infecciosas e mudanças em relação ao estilo de vida, adotando hábitos higiênicos e saudáveis. 20 Fonte: www.fisioterapia.com Os países do chamado Terceiro Mundo vêm apresentando, nas últimas décadas, um progressivo declínio nas suas taxas de mortalidade e, mais recentemente, também nas suas taxas de fecundidade. Esses dois fatores associados promovem a base demográfica para um envelhecimento real dessas populações, à semelhança do processo que continua ocorrendo, ainda que em escala menos acentuada, nos países desenvolvidos (RAMOS et al, 1987). Seguindo esse raciocínio, o desenvolvimento tecnológico e cientifico contribui para que a expectativa de vida das pessoas seja cada vez mais prolongada. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2003 a expectativa de vida do brasileiro ao nascer era de aproximadamente 71,3 anos. Esse número representa e é influenciado por um conjunto de relações sociais complexas, como por exemplo a morte prematura de jovens por violência e doenças. O envelhecimento populacional é, portanto, um fenômeno mundial. Os idosos representam uma grande faixa da população e tendem a aumentar essa proporção. No Brasil, não é diferente, pois podemos observar com as pesquisas que a expectativa de vida no nosso país dobrou ao longo do século XX. Espera-se que no Brasil de 2020 tenhamos 1 idoso para cada 13 pessoas (DUARTE, 2003). 21 Essa alteração do perfil demográfico e social do Brasil deve ser motivo de discussões e estudos, pois acarretará em consequências sociais, políticas e econômicas que nortearão o futuro do país. Esse aumento da expectativa de vida fez aumentar o interesse pelas questões relacionadas ao envelhecimento. Para estudos desse tipo, Hayflick (1996 apud DUARTE, 2003) chama de gerontologia, pois, segundo o autor, é derivado do radical grego géron (homem velho) e o radical logo (o estudo de). Basicamente, a gerontologia busca estudar e entender cientificamente o processo do envelhecimento em toda sua dimensão: biológica, psicológica, cultural e social. Apresenta um campo de pesquisa vasto. A sociedade Brasileira tende a envelhecer a cada ano, pois, segundo Wong (et.al, 2006, p.20), Em 2050, o Brasil defrontar-se-á com a difícil situação de atender uma sociedade mais envelhecida do que a da Europa atual, onde uma transição etária muito mais lenta, concomitante com o desenvolvimento social e econômico, não foi capaz, ainda, de convertê-la numa sociedade justa para todas as idades. A questão é saber se, num curto período de tempo, o Brasil – que tem uma distribuição, tanto de renda como de serviços sociais notavelmente injusta – será capaz de enfrentar, com êxito, este desafio. A velhice pode ser entendida como um período da vida que compreende uma idade avançada. Porém, varia de acordo com características culturais, sociais, físicas, psicológicas e ambientais de cada população. A medida mais utilizada para classificar a velhice é a idade cronológica. Essa medida é útil para estudos epidemiológicos e levantamentos estatísticos, mas não dá suporte necessário para ilustrar o real quadro de saúde e das capacidades físicas dos idosos (PU; NELSON, 2001). Sobre os aspectos sociais do idoso no Brasil, apoiamo-nos em Camarano (2002) para afirmar que um dos fatores recorrentes e comuns nessa fase da vida é a solidão, o viver sozinho. Esse dado pode indicar tanto abandono por parte dos familiares, quanto opção de vida. Segundo esse mesmo autor, há maior prevalência de mulheres vivendo sozinhas em relação aos homens. A partir dessa constatação, torna-se importante entender e estudar a constituição familiar e a inserção do idoso na mesma. Camarano (2002) diz que as famílias brasileiras que contém idosos em casa possuem melhores condições financeiras. 22 12 ALTERAÇÕES MORFOFISIOLÓGICAS E EXERCÍCIO NA TERCEIRA IDADE Fonte: www.vivomaissaudavel.com.br O processo de envelhecimento é determinado por variações e mudanças biológicas, fisiológicas e anatômicas que o ser humano sofre ao longo dos anos. Tomando Matsudo (2001) como referência, podemos classificar um indivíduo como idoso a partir dos 60 anos e que essas modificações tem crescimento após os 40 anos e ficam mais evidentes em média aos 70 anos de idade. Aspectos fisiológicos e anatômicos com alterações facilmente percebidas são as perdas de força, tônus muscular e as perdas ósseas, porém não são apenas essas, também não ocorrem de forma isolada. Das principais modificações fisiológicas (físicas e antropométricas) relacionadas às capacidades físicas ocorridas nos idosos, a sarcopenia (alterações musculoesqueléticas), a alteração de massa óssea e alterações no sistema nervoso, são as que sofrem influência e também provocam consequências no estilo de vida do indivíduo. No músculo, há perda de massa muscular com diminuição do peso,da área de secção transversal e do número de células, pois muitas células atrofiam e morrem e outras são substituídas por tecido adiposo e conjuntivo, ocorrendo um aumento do tecido adiposo e do colágeno intersticial na musculatura do idoso. O grau de sarcopenia não é o mesmo para diferentes músculos e varia entre os indivíduos sendo 23 importante destacar que o declínio muscular é maior nos membros inferiores, o que compromete o equilíbrio, a marcha e a ortostase (SOUZA, 2002). Tem sido sugerido que a diminuição da massa muscular é o principal fator para a redução da força com o avanço da idade, e esse declínio é causado pela redução no tamanho e/ou pela perda das fibras musculares individuais, que afetam diretamente o metabolismo basal e até a capacidade de exercício total de pessoas mais velhas, ao contrário de adultos jovens. Com essa diminuição de massa muscular existe uma perda preferencial das fibras do tipo II (contração rápida) com o envelhecimento (FRONTERA et al., 2001). No entanto o exercício contribui diretamente para a inversão desse processo, pois exercícios de resistência aumenta a síntese proteica muscular também em idosos além de melhoras nas funções respiratórias, no transporte de glicose e glicogênio (FOSS & KETEYIAN, 2000). Já a parte óssea que é considerada um tecido dinâmico, está em constante remodelação, não uniforme, por toda vida. O processo de remodelação é realizado por dois tipos especiais de células: os osteoblastos, células formadoras de osso e os osteoclastos, células responsáveis pela reabsorção óssea. O envelhecimento modifica a atividade celular na medula óssea, ocasionando reabastecimento inadequado de osteoclastos e osteoblastos e também desequilíbrio no processo de reabsorção e formação óssea, resultando em perda óssea. A osteoclastogênese excessiva e a osteoblastogênese inadequada são responsáveis pela desarmonia entre formação e reabsorção óssea observada na menopausa e no envelhecimento (ROSSI; SADER, 2006). O sistema nervoso é o sistema biológico mais comprometido com o processo do envelhecimento, pois é responsável pela vida de relação, ou seja, sensações, movimentos, funções psíquicas, entre outros, e pela vida vegetativa, funções biológicas internas. As alterações mais importantes do envelhecimento ocorrem no cérebro, que diminui de volume e peso. Nota-se uma redução de 5% aos 70 anos e cerca de 20% aos 90 anos de idade, ocorrendo um certo grau de atrofia cortical, com consequente aumento volumétrico do sistema ventricular, que é bem evidenciado pelo estudo tomográfico. A maneira como a perda de células nervosas afetam as funções do sistema nervoso, varia entre as pessoas e depende de vários fatores, entre os quais da região em que ela é mais intensa, e essa diminuição tem como consequência 24 da perda de células nervosas, e há um menor número de axônios nos nervos e também em sistema nervoso central (SOUZA, 2002; CANÇADO, 2006). Uma das mais evidentes alterações que acontecem com o aumento da idade cronológica é a mudança nas dimensões corporais. Com o envelhecimento existe uma diminuição da estatura, com o passar dos anos, por causa da compressão vertebral, o estreitamento dos discos e a cifose, e a perda de peso é um fenômeno multifatorial que envolve mudanças nos neurotransmissores e fatores hormonais que controlam a fome e à saciedade, a dependência funcional nas atividades da vida diária, relacionadas à nutrição, o uso excessivo de medicamentos, depressão e o isolamento, estresse financeiro, alterações na dentição, alcoolismo, sedentarismo extremo, atrofia muscular e catabolismo associado à doenças agudas e certas doenças crônicas. Com essas mudanças no peso e na estatura, o índice de massa corporal (IMC) também se modifica, com o transcorrer dos anos (MATSUDO et al., 2000). Portanto, o exercício físico pode ser usado no sentido de retardar e, até mesmo, atenuar o processo de declínio das funções orgânicas que são observadas com o envelhecimento, onde a capacidade aeróbica e a função muscular devem ser trabalhadas, pois acabam perdendo sua força, e fazendo com que a execução dos exercícios não seja mais a mesma (CHEIK et al., 2003). Sendo assim, o treinamento de força pode estimular o aumento da densidade óssea e reverter a sarcopenia no idoso aumentando a força muscular e beneficiando as atividades da vida diária, além de manter e melhorar a capacidade aeróbica. De acordo com Costa (2001), pode-se esperar que o resultado prático das alterações ocorridas através da prática do treinamento de força na terceira idade, seja um complexo mioesqueleto mais forte e mais resistente a lesões, que melhoram os esforços comuns da vida diária, refletindo num bem estar geral e consequentemente, no prolongamento da vida do indivíduo. 25 13 DOENÇAS RELACIONADAS À TERCEIRA IDADE E A PARTICIPAÇÃO DO EXERCÍCIO Fonte: www.studiovippersonal.com.br Doenças comuns à toda população são evidenciadas na terceira idade e outras são mais frequentes principalmente nessa fase do ser humano. A obesidade, por exemplo, pode ocorrer em varia idades, porém, no idoso, devido às várias mudanças fisiológicas isso pode ser percebida quando se fala de maior deposito de células adiposas no lugar de células musculares, devido a sarcopenia decorrente à idade. A sarcopenia é a perda da massa muscular e consequentemente da força e qualidade do músculo esquelético. Isso pode ocasionar problemas na mobilidade e realização de atividades da vida diária aumentando também a incidência de doenças crônicas como diabetes e osteoporose (MATSUDO, 2001). O diabetes mellitus tipo II pode ser evitado combinando exercícios e dieta adequada e o controle da glicemia pode ser melhorado. A sensibilidade a insulina melhora no tecido muscular e em outros tecidos também, uma possível explicação é devida ao aumento de transportadores de glicose da membrana celular (GALLO et. al., 1999). 26 O momento de máxima produção óssea no ser humano é durante a terceira década de vida, depois a produção cai ao longo dos anos e na velhice acelera ainda mais essa queda. A doença que se relaciona bem com essa perda óssea é a osteoporose. Ela ocorre especialmente em pessoas que fizeram uso crônico de esteroides, tabaco e álcool, em homens com hipogonadismo e em mulheres após a menopausa devido a diminuição do hormônio estrógeno, um dos responsáveis pela manutenção óssea (GALLO et. al., 1999). Além da idade, essa perda óssea também está relacionada à genética, estado nutricional, níveis hormonais e o nível de prática de exercícios dos indivíduos (MATSUDO, 2001). A hipertensão sistólica é bastante comum aos idosos. O percentual de pacientes com hipertensão grave cresce ao longo dos anos dos idosos. A parede das artérias dos idosos é menos flexível comparada a de pessoas mais jovens e isso justifica a maior pressão sistólica. Essa diminuição da flexibilidade das artérias acontece pela perda de elasticidade do tecido conjuntivo e aumento de aterosclerose. Dessa forma novamente os exercícios tem papel fundamento na forma de tratamento não medicamentoso ou auxiliando este, onde a atividade aeróbia moderada pode trazer benefícios relevantes a esse idoso, exceto casos de contra indicação (GALLO et. al., 1999). 14 ATIVIDADE FÍSICA E NUTRIÇÃO NA TERCEIRA IDADE Cada vez mais se pesquisam formas de deter ou retardar o processo do envelhecimento ou estratégias que garantam uma manutenção da capacidade funcional e da autonomia nas últimas décadas da vida. As pesquisas realizadas, nos últimos 20 anos têm analisado praticamente todos os aspectos referentes à saúde no processo de envelhecimento como a aptidão física, nutrição e doenças. Sendo assim os cientistas enfatizam a necessidade de que a atividade física seja parte fundamental dos programas mundiais de promoção da saúde, afirmando que nãose pode pensar em prevenir ou minimizar os efeitos do envelhecimento sem que além das medidas gerais de saúde, inclua-se a atividade física (MATSUDO et al., 2009). 27 Fonte: www.doutissima.com.br O Ministério da Saúde propôs ações para favorecer um modo de vida que atenda uma maneira saudável através da Política Nacional de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa, sugerindo que para alcançar o envelhecimento saudável e ativo faz-se necessária a prática regular de atividade física, pois está tem um papel fundamental na promoção da saúde e nas diferentes estratégias de prevenção de doenças (MALTA et al., 2009). Para a terceira idade especificadamente a atividade física tem sido crescentemente promovida pelos reconhecidos benefícios físicos, psicológicos e sociais, pois favorece a manutenção da independência, da saúde e da qualidade de vida e pode reduzir o uso de serviços de saúde e de medicamentos, diminuindo também os riscos de desenvolvimento de doenças ou agravos crônicos, de morte e de institucionalização (NELSON et al., 2007; MALTA et al., 2009). Porém apesar da atividade física conter inúmeros benefícios aos idosos, alguns estudo têm verificado algumas dificuldades que permeiam o engajamento destes na atividade física, como o medo de queda ou lesão, ou o medo de ser vítima de violência ao exercitar-se ao ar livre, sensação de cansaço e dor por limitações físicas, morbidades, falta de companhia ou de tempo para exercitar-se (SALLINEN et al., 2009). 28 www.vivomaissaudavel.com.br As alterações fisiológicas do envelhecimento também incluem alterações endócrinas, gastrointestinais, renais e da capacidade cardiorrespiratória que podem comprometer o desempenho de tarefas diversas, inclusive as mais simples do dia-a- dia e afetar as necessidades de nutrientes. Essas necessidades nutricionais também podem ser diminuídas, pois com a perda de massa muscular o envelhecimento também acarreta alterações do metabolismo basal que não estão sob comando do indivíduo, e a diminuição da atividade física que gera o gasto energético, que varia de acordo com os padrões de nível e intensidade dessa prática fazendo com que a atividade física tenha uma responsabilidade maior na manutenção do balanço energético (OMRAN; SALEM, 2002; SEALE et al., 2002; ZAITUNE et al., 2010). A diminuição da taxa metabólica basal, de uma forma geral, torna as necessidades energéticas do indivíduo idoso menores que as dos indivíduos jovens, fazendo com que de certa forma a alimentação adequada leve a uma velhice saudável, com maior capacidade funcional e menor incidência de doenças (TRAMONTINO et al., 2009). Na questão nutricional o apetite e o paladar são responsáveis pela diminuição de 30% da ingestão de alimentos. Em reposta ao jejum, idosos aparentam ter menos fome do que pessoas jovens, e à saciedade ocorre mais rapidamente. Essas alterações no apetite podem estar relacionadas com redução do esvaziamento 29 gástrico, reduções em opióides, neuropeptídeos Y, hormônio sexual, e concentração de insulina. O envelhecimento também afeta a qualidade hedônica do alimento, e as alterações no odor e paladar podem também afetar negativamente o apetite. Outra alteração hormonal importante é o aumento da colecistoquinina circulante que faz com que a saciedade ocorra mais rapidamente. Assim a inabilidade para desenvolver uma resposta no apetite tem sido sugerida como o mecanismo responsável pela dificuldade de idosos em readquirir o peso perdido (CLARKSTON et al., 1997; SALGADO, 2002). Desse modo a disponibilidade de nutrientes pode estar comprometida, pois a disfunção do paladar e olfato em idosos resulta em um consumo de uma dieta mais monótona. Estudos populacionais prévios sobre o estado nutricional de idosos institucionalizados demostraram uma alta prevalência de desnutrição calórica, proteica e de micronutrientes, frequentemente refletindo, bem como colaborando para os sintomas clínicos de doenças crônicas e também representando isolamento associado com as características sociais e econômicas da idade. 30 BIBLIOGRAFIA Moreira MM. Envelhecimento da população brasileira. Belo Horizonte. Tese [Doutorado em Saúde]. -Universidade Federal de Minas Gerais; 1997. Dias Júnior CS, Costa CS, Lacerda MA. O envelhecimento da população brasileira: uma análise de conteúdo das páginas da REBEP. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol 2006; 9 (2). Beltrão KI, Camarano AA, Kanso S. Dinâmica populacional brasileira na virada do século XX. Rio de Janeiro: Ipea; 2004. Lima-Costa MF, Veras R. Saúde pública e envelhecimento. Cad. Saúde Pública 2003; 19: 700-701. Haddad EGM. A velhice em movimento. Gerontol 1993; 1(1)29-30. Camarano AA. Envelhecimento da População Brasileira: uma contribuição demográfica. In: Freitas EV. Tratado de Geriatria e Gerontologia 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. p 88. Biblioteca Virtual em Saúde. Literatura científica e técnica. São Paulo: BVS; 2009. Disponível em: http://www.bireme.br/php/index.php. Truelsen T, Bonita R, Jamrozik K. Survillance of stroke: a global perspective. Int J Epidemiol 2001 ; 30(S11-S12). Santos-Filho SD,et al. O interesse científico no estudo do envelhecimento e prevenção em ciências biomédicas. Rev Bras Ciênc Envelhec Humano 2006 jul/dez; 9(2): 70-78. http://www.bireme.br/php/index.php 31 15 LEITURA COMPLEMENTAR Nome do autor: Fernanda Carvalho Bezerra; Maria Irismar de Almeida; Sílvia Maria Nóbrega-Therrien Data de acesso: 16/12/16 Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid S1809-98232012000100017 ESTUDOS SOBRE ENVELHECIMENTO NO BRASIL: REVISÃO RESUMO O objetivo do presente trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica dos estudos sobre envelhecimento no âmbito das ciências da saúde, a fim de apresentar um panorama do que tem sido pesquisado sobre o assunto na América Latina e no Brasil no período de 1982 a 2010. Utilizou-se a bases de dados LILACS disponível on line na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Constatou-se um aumento expressivo do número de publicações a partir de 2006, principalmente nas categorias: estado de saúde (51%, n=318), avaliação cognitiva (12,72%, n=66), estudos sociodemográficos (6,16% n=32), medicamentos (3,27% n=17) e avaliação funcional (3,08% n=16). Na categoria estado de saúde, houve maior número de publicações relativas a atividade física (17,9% n=57), doenças cardiovasculares (11,95% n=38), dieta (7,6% n=24), saúde bucal (6,6% n=21), menopausa/andropausa (6,3% n=20), quedas (5,97% n=19), atividade sexual (5,03% n=16) e depressão (4,1% n=13). Concluiu-se que é importante estudar estes temas relacionados à senescência, para contribuir com a qualidade de vida nesta faixa etária. Palavras-chave: Envelhecimento. Revisão bibliográfica. Ciências da Saúde. INTRODUÇÃO Estudos sobre as consequências do envelhecimento populacional nos países em desenvolvimento são bastante escassos e centram-se, principalmente, nos processos relacionados às condições de saúde, como aposentadoria e arranjos familiares para o suporte dos idosos. O interesse em pesquisar o envelhecimento passou a ganhar maior importância recentemente nos países em desenvolvimento. Isso decorreu, sobretudo, do aumento 32 acelerado da população acima de 60 anos em relação à população geral.2 O número de indivíduos com idade acima de 60 anos mais do que dobrou nos últimos 50 anos.2 Projeções recentes indicam que, em 2020, esse segmento poderá ser responsável por cerca de 14% (n= 30, 9 milhões) da população brasileira. No Brasil, o número de idosos com idade acima de 60 anos passou de três milhões em 1960 para sete milhões em 1975, 14 milhões em 2002 e 20 milhões (20.590.599) em 2010, um aumento de 600% em cinquenta anos e estima-se que em 2020 tal número alcançará 32 milhões.4 O desafio maior no séculoXXI será cuidar dessa população crescente de idosos, a maioria com níveis socioeconômico e educacional baixos e elevada prevalência de doenças crônicas e incapacitantes. Os sistemas de saúde terão de fazer frente a uma crescente demanda por procedimentos diagnósticos e terapêuticos de doenças crônicas não-transmissíveis, principalmente as cardiovasculares e as neurodegenerativas, e a uma demanda ainda maior por serviços de reabilitação física e mental. Idosos, nas diferentes classes sociais, vivem a velhice de forma diversificada, como se o fim da vida reproduzisse e ampliasse as desigualdades sociais. O aumento do número de idosos em nosso país resulta da melhoria nas condições de saúde cujo reflexo é a maior sobrevivência da população. Embora isso represente um resultado positivo das ações governamentais, com o decorrer do tempo poderá constituir um problema de saúde. Com efeito, é preciso, além da perspectiva adotada, que as ações dos profissionais da área da saúde e das ciências humanas sejam dirigidas à transformação dessa realidade, não apenas enfocando a velhice, mas também todas as fases da vida, nas suas diferentes abrangências - habitação, educação, saneamento, previdência, dentre outras. O papel do idoso mostra-se diferente na sociedade atual, visto que a representação da velhice, como processo de perdas, foi objeto de uma inversão. Observa-se atualmente que essa etapa da vida é valorizada e privilegiada, tendo em vista as novas conquistas em busca de prazer, da satisfação e da realização pessoal, o que faz da Gerontologia objeto de crescente estudo. O tema do envelhecimento da população brasileira só entrou realmente na agenda de pesquisa da Associação Nacional de Estudos Populacionais (ABEP) em 1988, durante o VI Encontro Nacional de Estudos Populacionais.7 A ABEP tem a finalidade de congregar estudiosos de Demografia para fomentar o intercâmbio 33 científico na área, bem como ampliar e fortalecer o conhecimento da realidade demográfica nacional. Desde então, 51 trabalhos foram apresentados nos nove Encontros Nacionais e nove artigos foram publicados na Revista Brasileira de Estudos Populacionais, também da ABEP. No Brasil, observa-se que o crescimento da população idosa desperta interesse para o desenvolvimento de pesquisas que abordem essa temática. Nota-se no cômputo dos trabalhos aqui mapeados, uma preocupação, ainda, com a necessidade de formação e capacitação de recursos humanos, fundamentada no cuidar gerontológico, para atender aos idosos. Com base nestas considerações sobre o envelhecimento da população no Brasil, o objetivo desta pesquisa foi realizar uma revisão bibliográfica acerca de estudos do envelhecimento no âmbito das ciências da saúde. Acredita-se que a importância deste mapeamento na literatura está principalmente em poder fornecer um panorama sobre o que é pesquisado sobre o assunto no Brasil, evidenciar a realidade encontrada e elaborar algumas propostas de enfrentamento do desafio que o envelhecimento aporta para a atenção a saúde no Brasil. ] METODOLOGIA Foi realizada pesquisa bibliográfica descritiva, de caráter inventariante, com o objetivo de identificar produções científicas em periódicos nacionais e também em outros países da América Latina sobre o envelhecimento. Para isso, foi utilizado o banco de dados on line da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).8 Foram selecionados, ainda, os artigos na base de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), um índice bibliográfico relevante da literatura relativa às ciências da saúde que disponibiliza publicações, a partir de 1982, dos países da América Latina e Caribe. Assim, o mapeamento foi realizado com origem no acima referido ano. A pesquisa foi realizada em janeiro de 2011, e utilizou-se a palavra- chave envelhecimento, tendo sido encontradas 3.193 publicações. Para trabalhar os dados, foi empregado um formulário avançado disponível em <http://bases.bvs.br/public/scripts/php/page_show_main.php?lang=pt&form=advance d&expression >. http://bases.bvs.br/public/scripts/php/page_show_main.php?lang=pt&form=advanced&expression http://bases.bvs.br/public/scripts/php/page_show_main.php?lang=pt&form=advanced&expression 34 Como critérios de inclusão, foram selecionadas publicações envolvendo seres humanos, na faixa etária acima de 60 anos e cuja palavra-chave foi envelhecimento. Quanto ao tipo de publicação, optou-se por artigos de revista, publicados no período de 1982 a 2010. Foram excluídas publicações que envolviam animais, faixa etária inferior a 60 anos e outros tipos de publicação, como ensaio clínico, relato de caso, publicações em livro ou congresso, por dificuldade de acesso às obras. Assim, o número de publicações encontradas, após refinamento dos dados, foi de 718 artigos, dos quais 519 (n = 72,3%) abordavam assuntos relacionados aos tópicos do questionário do projeto SABE e 199 (n = 27,7%) se referiam a outros assuntos. Dos 519 artigos selecionados, 318 (n=61,3%) se referiam ao tópico estado da saúde assunto abordado com maior frequência e 201 (n = 38,7%) abordavam outros temas que contabilizavam nas categorias avaliação cognitiva 66 (12,72%) publicações, estudos sociodemográficos 32 (6,16%), medicamentos 17 (3,27%) e avaliação funcional 16 (3,08%). Os resultados obtidos foram organizados por ano e por temática em gráficos e quadro. Para condensar os temas abordados na literatura sobre envelhecimento, utilizou-se como aporte de referência o questionário aplicado pelo Projeto Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE), desenvolvido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) com o objetivo de coletar informações sobre as condições de vida do idoso. Assim, surgiram os tópicos: avaliação cognitiva, estado de saúde, estado funcional, medicamentos, uso e acesso aos serviços de saúde, rede de apoio familiar e social, história de trabalho e fonte de receita, características da moradia, antropometria, mobilidade e flexibilidade, maus-tratos, avaliação da sobrecarga dos cuidadores, institucionalização, estudos epidemiossociodemográficos, estado da questão e lazer. Vale ressaltar que o tópico estado de saúde, no questionário do projeto SABE, é organizado nos subtópicos hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM), doenças reumáticas, quedas, osteoporose, incontinência urinária e fecal, depressão, câncer, visão, audição, saúde bucal, prevenção de câncer de mama e de colo de útero, câncer de próstata, doenças sexualmente transmissíveis (DST), atividade sexual, hepatite, dieta, alcoolismo, tabagismo, atividade física, doenças pulmonares, cardiovasculares e acidente vascular encefálico (AVE) 35 RESULTADOS Os dados provenientes do mapeamento realizado foram organizados, portanto, após duas etapas de refinamento, quanto ao ano de publicação e temática em formato de gráficos e quadro, com a intenção de evidenciar um panorama de estudos sobre envelhecimento. Ao quantificar a abordagem do tema envelhecimento, somente em revistas brasileiras, utilizando a base de dados LILACS, foram encontradas 350 publicações. Conforme mostra o gráfico 1, observou-se que o número de publicações era relativamente pequeno e que passou a aumentar progressivamente a partir do ano 2000. Esse aumento foi mais expressivo no período compreendido entre os anos de 2006 e 2009. Quando se quantificou a abordagem do tema envelhecimento em revistas nacionais e internacionais na base de dados LILACS, foram encontradas 519 publicações. Conforme mostra o gráfico 2, observou-se aumento progressivo do número de publicações por ano, a partir de 1997, tendo sido o aumento mais expressivo no período compreendido entre 2006 e 2009. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-98232012000100017#g1 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-98232012000100017#g236 Conforme citado anteriormente, utilizou-se como referência o questionário SABE para enumerar os tópicos dentro da temática envelhecimento abordados em revistas nacionais e internacionais. Do total de 718 artigos encontrados, 519 (n = 72,3%) publicações abordavam assuntos relacionados aos tópicos do questionário do projeto SABE e 199 (n = 27,7%) publicações se referiam a outros assuntos. O tópico estado da saúde foi abordado com maior frequência, num total de 318 (n = 61,3%) artigos, e decidiu-se analisá-lo separadamente. Vale citar como são tratados outros tópicos relevantes dentro da área de ciências da saúde que contabilizaram 201 (n = 38,7%) publicações. Assim, avaliação cognitiva contabilizou 66 (12,72%) publicações, estudos sociodemográficos 32 (6,16%), medicamentos 17 (3,27%) e avaliação funcional 16 (3,08%), do total de 519 artigos selecionados. Conforme mostra o gráfico 3, verificou-se maior interesse nas seguintes temáticas: estado de saúde (n = 51%), avaliação cognitiva (n = 12,72%), estudos sócio demográficos n = 6,16%), medicamentos (n = 3,27%) e estado funcional (n = 3,08%). http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-98232012000100017#g3 37 O tópico estado de saúde foi analisado separadamente, conforme pode ser observado no gráfico 4. Verificou-se maior interesse pelos subtópicos: atividade física (17,9%, n = 57), doenças cardiovasculares (11,95% n = 38) dieta (7,6% n = 24), saúde bucal (6,6% n = 21), menopausa/andropausa (6,3% n = 20), quedas (5,97% n = 19), atividade sexual (5,03% n = 16) e depressão (4,1% n = 13). Observou-se também que 15,3% (n = 49) das publicações foram enquadradas como outros subtemas, pois não se relacionavam com as questões do tópico estado de saúde do projeto SABE. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-98232012000100017#g4 38 Para avaliar se dentro das áreas de saúde houve mudança no interesse em estudar o envelhecimento, comparou-se a frequência com que o tema foi abordado no período de 1982 a 1999, em relação ao período de 2000 a 2010. De acordo com os dados apresentados no quadro 1, nota-se que houve aumento do número de publicações em praticamente todas as áreas de saúde, exceto na Fisiologia, em que se detectou um decréscimo de 3,08% (n = 19). Vale ressaltar que, na área de Educação Física, o aumento do número de publicações foi mais marcante: 8,67%. (n = 45). http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-98232012000100017#q1 39 DISCUSSÃO Ao avaliar o número de publicações por ano sobre o tema envelhecimento, verificou-se que, tanto no Brasil como nos demais países da América Latina, houve aumento do número de artigos a partir de 2000, tendo sido mais expressivo entre 2006 e 2009 (gráficos 1 e 2). O interesse em estudar o envelhecimento populacional poderia ser explicado pela transição demográfica experimentada pelos países em desenvolvimento. Houve aumento considerável da população acima de 60 anos de idade no Brasil e são esperados aumentos de até 300% na população idosa nos países da América Latina nos próximos 30 anos. Outro fator é a aprovação do Estatuto do Idoso no Brasil, em setembro de 2003, e sua repercussão entre os países vizinhos. Além desses fatores, a criação de faculdades e cursos de pós-graduação, que impulsionaram o estudo e a produção dos grupos e das linhas de pesquisa na área, bem como a implementação das especializações em Geriatria e Gerontologia na área de saúde do idoso, também pode ter contribuído para despertar o interesse em estudar o tema ora focalizado. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-98232012000100017#g1 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-98232012000100017#g2 40 Para fins de comparação, cita-se o trabalho de Santos-Filho et al., que realizaram revisão de literatura com o intuito de analisar o número de publicações científicas por ano sobre o tema do envelhecimento, no período compreendido entre 1949 e 2004, em indexadores como o Pubmed, um banco de dados que possibilita a pesquisa bibliográfica em mais de 17 milhões de referências de artigos médicos. Ao contrário do observado neste estudo, em que se detectou aumento do número de publicações a partir de 2000, Santos-Filho et al.verificaram um crescente interesse em estudar o envelhecimento mais precocemente a partir de 1986. Uma justificativa para tal disparidade de resultados poderia decorrer do fato de a transição demográfica nos países desenvolvidos ter ocorrido mais cedo do que na América Latina. Quando se analisou o número de publicações por temática em revistas nacionais e internacionais, verificou-se maior interesse nos seguintes tópicos: estado de saúde, avaliação cognitiva, estudos sócio demográficos, medicamentos e estado funcional (gráfico 3). Notou-se número expressivo de artigos que abordavam o estado de saúde. Assim, decidiu-se dividi-lo em subtópicos (gráfico 4) e constatou-se que os subtemas atividade física, doenças cardiovasculares, dieta, saúde bucal, menopausa/andropausa, quedas, atividade sexual e depressão eram abordados com maior frequência. A idade é um fator de risco para cardiopatias. Assim, com o aumento da expectativa de vida, torna-se necessário estudar as doenças cardiovasculares. Foram encontrados diversos artigos de revisão com objetivo de compartilhar e difundir conhecimentos a respeito das particularidades da propedêutica cardiovascular no idoso. Escobar relata que as cardiopatias mais frequentes entre os idosos são doença coronariana, hipertensão arterial e as valvopatias. Escobar também chama atenção para o fato de que o uso de fármacos deve ser cuidadoso e iniciado com doses menores do que as habituais. Cunha et al. avaliaram a frequência da prescrição de digital em idosos admitidos a unidade de Geriatria de um hospital geral e detectaram elevada prevalência de prescrição deste medicamento nos idosos admitidos e, quando avaliaram a indicação da prescrição, observaram razões consideradas inadequadas ou questionáveis. Em decorrência do maior risco de intoxicação digitálica nessa faixa etária, a droga deveria ser prescrita sob indicações mais criteriosas. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-98232012000100017#g3 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-98232012000100017#g4 41 Em outro estudo, Duarte et al. avaliaram em pacientes submetidos a cintiografia de reperfusão do miocárdio (CPM) o grau de associação entre fatores de risco cardiovascular e a presença de doença arterial coronária (DAC). Envelhecimento e sexo masculino foram os principais fatores de risco encontrados para DAC. Diabetes mellitus (DM) e dislipidemia apresentaram maior associação com a presença de DAC no homem e o DM na mulher, sendo tais fatores de risco passíveis de controle por meio da dieta. Loures et al. avaliaram, retrospectivamente, 75 pacientes com idade entre três e 70 anos submetidos a operação cardíaca no HC-UFPR, entre 1995 e 1999, com o objetivo de analisar os resultados pós-operatórios imediatos e tardios. Concluíram que, apesar de serem pacientes de maior complexidade clínica pela maior incidência de doenças crônicas e acometimento de outros órgãos, os avanços na cirurgia cardíaca e terapia intensiva tornaram possível a intervenção com baixa morbimortalidade. O envelhecimento pode também predispor a alterações fisiológicas e patológicas na dentição e na articulação temporomandibular (ATM), bem como modificações sistêmicas. Assim, o aumento da expectativa de vida é acompanhado por necessidades odontológicas cada vez mais complexas e em maior quantidade. No âmbito da saúde bucal, observou-se interesse em abordar a influência dessas particularidades do idoso na escolha da conduta mais apropriada e na resposta ao tratamento. Dessaforma, Rivaldo et al. realizaram uma revisão sobre alterações fisiológicas e patológicas relacionadas com a saúde e as condições bucais dos idosos, de maneira a contribuir para a disseminação desta informação entre os profissionais da Odontologia. Umbelino et al. avaliaram 512 pacientes idosos atendidos na Disciplina Estomatologia II, da Faculdade de Odontologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FO/UERJ), e observaram que a reabsorção do rebordo alveolar e varicosidades linguais foram alterações de desenvolvimento prevalentes. Com relação às alterações patológicas, a língua saburrosa caracterizou a lesão dominante em ambos os gêneros, seguida pela hiperplasia fibrosa inflamatória e candidíase atrófica. Azcona ressaltou a importância de o odontólogo estudar as características da deterioração da ATM antes de escolher o tratamento, porque algumas vezes não é fácil distinguir um processo involutivo próprio da idade de uma enfermidade. 42 A respeito dos temas menopausa/andropausa, observou-se que este é abordado com maior frequência por especialistas em Ginecologia e Endocrinologia. Santos & Jeckel-Neto relatam que, com o aumento da expectativa de vida em ambos os sexos, surgiu o interesse em estudar o descenso genital numa perspectiva de propiciar melhor qualidade de vida para o idoso, uma vez que tal condição não diminui a longevidade, mas pode limitar o convívio social e o desempenho das atividades diárias. Moreira elaborou uma revisão sobre as alterações na estrutura do músculo estriado da mulher durante o climatério e ressaltou a importância de discutir as causas e consequências da perda de volume de músculo, conhecida como sarcopenia, pois suas consequências alteram substancialmente a qualidade de vida. Yabur discutiu doenças crônicas degenerativas relacionadas com os níveis de estrógeno, tais como doenças cardiovasculares e doença de Alzheimer; bem como os efeitos da terapia de reposição hormonal (TRH) na redução de fraturas por osteoporose e no aumento do risco de câncer de mama e de endométrio. O declínio progressivo da produção androgênica pode ser encontrado em pelo menos 20% dos homens com idade entre 60 e 70 anos, e algumas vezes se inicia a partir dos 50 anos. Bonaccorsi sugere, entretanto, que a TRH deve somente ser considerada em presença de níveis séricos de testosterona abaixo dos limites normais mínimos para adultos jovens, acompanhada de sinais inequívocos de insuficiência androgênica, e que é necessário, antes de iniciar a TRH, excluir outras causas reversíveis de hipoandrogenismo e contraindicações ao tratamento. O tema atividade sexual foi abordado com relativa frequência. Bohórquez & Julián discutiram a negação, por parte da população, inclusive por profissionais de saúde, da sexualidade na senilidade. A atividade sexual nos idosos tem características particulares que obedecem às mudanças anatômicas e fisiológicas do envelhecimento. Além disso, condições como a poli farmácia e a multipatologia podem afetar de maneiras diversas a função sexual. Assim, é necessário que médicos e outros profissionais intervenham, possibilitando o diagnóstico de disfunções, a terapia farmacológica e a desmistificação do tema. 43 Em outro estudo, Polizer & Alves avaliaram o perfil de satisfação e função sexual de mulheres idosas e detectaram que a maioria das entrevistadas teve padrão de desempenho/satisfação regular a bom, sem grandes alterações da função sexual. Também relataram que as alterações da resposta sexual consideradas fisiológicas nesta fase da vida não determinam o fim da vida sexual das mulheres idosas entrevistadas. Vale ressaltar a importância de trabalhos a respeito da presença de Aids/HIV na terceira idade. Assim, Jailson & Silva observaram aumento da incidência de Aids em indivíduos acima de 50 anos, em 1998, após a introdução de medicamentos para disfunção erétil. Vasconcelos et al. estudaram o perfil epidemiológico de pacientes com HIV/Aids no Hospital Correia Picanço (Recife-PE) e detectaram aumento no número de casos em mulheres, principalmente as casadas, em heterossexuais e predomínio em indivíduos de baixa escolaridade. Em razão de tais resultados, sugeriram a necessidade da elaboração de trabalhos educativos de maneira a atingir os maiores de 60 anos. Diversos profissionais da área de saúde, como médicos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, estudam o tema quedas. Os artigos que abordavam este tema tinham como objetivo reunir os fatores que contribuíam para a maior prevalência de quedas nos idosos em comparação com a população mais jovem e apresentar opções para a prevenção. Dessa forma, Guimarães & Farinatti observaram que a deterioração da visão, uso simultâneo de medicamentos (especialmente diuréticos e psicoativos) e flexibilidade reduzida (quadril e tornozelos) parecem associar-se com a frequência de quedas. Ishizuka et al. relataram depressão e fraqueza muscular como fatores relacionados ao risco de queda. Cartier relata uma relação entre alteração da marcha no idoso e maior frequência de queda. Assim, a menor amplitude de movimento da pelve e doenças que alteram o centro de equilíbrio do corpo como doença de Parkinson, paraparesias espásticas, AVE ou neuropatias podem prejudicar a marcha. No tema depressão, alguns artigos sugeriam que a prática de exercícios físicos, bem como a participação em grupos de educação permanente, como as universidades para a terceira idade, poderiam ser fatores de melhora da depressão. Assim, Irigaray et al.apontaram para a existência de uma associação entre menor intensidade de sintomatologia depressiva e tempo de participação na UNITI 44 (Universidade para a Terceira Idade) superior a um ano. Moraes et al.35 realizaram revisão de literatura para investigar o papel protetor do exercício físico e sua eficácia no tratamento da depressão. Concluíram que a depressão promove redução da prática de atividades físicas e que a atividade física pode ser um coadjuvante na prevenção e no tratamento da depressão no idoso. Quando se avaliou, dentro das áreas de saúde, se houve mudança ao longo do tempo no interesse em estudar o envelhecimento (quadro 1), notou-se aumento do número de publicações em praticamente todas as áreas de saúde, exceto na de Fisiologia, como já se adiantou, em que se detectou decréscimo de 3,08% (n = 19). Tal redução pode ser resultado da ampliação dos cursos de graduação e pós- graduação nas diversas especialidades. Assim, os assuntos podem ter sido canalizados para outras áreas de saúde. Observação importante foi o aumento do número de publicações mais expressivo na área de Educação Física. Tal fenômeno pode decorrer do consenso atual acerca da importância de cultivar estilos de vida mais saudáveis para prevenir doenças e reduzir custos para o sistema de saúde. Detectou-se o fato de que não apenas estudiosos do curso de Educação Física, mas também médicos, psicólogos e fisioterapeutas, se interessam por comprovar o efeito benéfico da prática contínua de exercícios por idosos. Em trabalho realizado por Garrett et al., foram avaliados os custos do sedentarismo entre os membros de um plano de saúde do Estado de Minesota, nos Estados Unidos, tendo-se constatado que a doença cardíaca representou a maior despesa para o plano de saúde, custando 35,3 milhões de dólares em 2000. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este ensaio revela a ausência de trabalhos sobre alguns temas relevantes, no período 1982 a 2010 e na base de dados pesquisada, tais como tabagismo, alcoolismo, hepatite e AVE. Também foram escassas publicações sobre câncer de mama, colo de útero e próstata. Por outro lado, um maior número de trabalhos está situado na temática de estado de saúde, mais precisamente nos subtemas atividade física e doenças cardiovasculares. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-98232012000100017#q145 É importante que se realizem estudos tanto nos temas em que existem poucas publicações como naqueles que já são abordados com certa frequência. Com o aumento da expectativa de vida, os processos relacionados ao envelhecimento precisam ser estudados pelas diversas áreas de saúde, com um enfoque interdisciplinar, a fim de possibilitar a promoção de saúde e prevenção de doenças. A base de dados LILACS contempla publicações pertinentes a 27 países, a partir de 1982, o que representa limitações ao estudo. Assim, não foi possível detectar o panorama dos estudos sobre envelhecimento antes do ano supracitado e em países europeus e da América do Norte. 46 BIBLIOGRAFIA CAMARANO, A.A. 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