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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 2 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ................................................................. 4 2.1 Teorias do processo ........................................................................................... 5 2.2 Alterações morfofisiológicas decorrentes do envelhecimento ............................ 8 2.3 Envelhecimento cutâneo intrínseco .................................................................... 9 2.4 Envelhecimento cutâneo extrínseco ................................................................. 12 2.5 Manifestações do processo de envelhecimento cutâneo .................................. 13 3 POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO .................................................................... 16 3.1 História das políticas ......................................................................................... 18 3.2 Políticas públicas de atenção à saúde do idoso ............................................... 21 3.3 Os idosos no Brasil e a conquista de direitos ................................................... 23 4.1 Métodos de Avaliação em Terapia Ocupacional ............................................... 31 5 RISCO DE QUEDAS .......................................................................................... 32 5.1 Alterações fisiológicas do envelhecimento que podem aumentar o risco de queda em idosos .............................................................................................................. 33 6 NUTRIÇÃO DO IDOSO E SUAS DIFICULDADES ............................................ 36 6.1 Características e alterações físicas dos idosos que comprometem o estado nutricional .............................................................................................................. 37 6.2 Dificuldades na confecção de planos alimentares para idosos ......................... 39 7 REABILITAÇÃO COGNITIVA ............................................................................ 42 7.1 Doença de Parkinson ........................................................................................ 42 7.2 Doença de Alzheimer ........................................................................................ 44 7.3 Apoio às famílias de pacientes das doenças de Parkinson e Alzheimer .......... 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 48 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO Fonte: shre.ink/maud O processo de envelhecimento é caracterizado por uma série de modificações inevitáveis, de propriedades básica, fisiológica e bioquímica, que afetam todos os tecidos do organismo e levam à perda progressiva das funções dos vários órgãos. Entre os sistemas que sofrem ação do processo de envelhecimento está o sistema tegumentar. À medida que envelhece, o sistema tegumentar lida com diversas modificações que causam déficits funcionais e estéticos e que desencadeando alguns distúrbios cinético-funcionais (MATIELLO, 2020). O envelhecimento populacional é um fenômeno decorrente da diminuição das taxas de natalidade, mortalidade e consequente aumento da expectativa de vida. Este processo ocasionou alterações na estrutura etária dos países, exigindo mudanças nos padrões sociais, cabendo à sociedade e aos governantes a elaboração de estratégias que garantam a proteção, segurança e manutenção dos direitos das pessoas idosas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006; MIRANDA et al., 2016). O envelhecimento é um processo complexo e multifatorial, que ocorre em todo o organismo e é influenciado por causas internas, como a genética, e por agentes externos, como fatores ambientes e comportamentais (RIBEIRO, 2010). É um processo que surge de maneira natural e inevitável, que tem início assim que nascemos - entretanto, fica mais evidente após a terceira idade (KAMIZATO; BRITO, 2014). Mesmo sendo um processo natural, advém de diferentes maneiras entre as 5 pessoas, sendo que a qualidade com que o envelhecimento ocorre está diretamente relacionada com a qualidade de vida (BORGES, 2010). 2.1 Teorias do processo Acerca da etiologia, as causas do envelhecimento ainda não são completamente compreendidas, de modo que diversas teorias buscam explicar esse processo. Dentre as teorias mais aceitas hoje em dia para explicar o processo de envelhecimento, destacam-se as elencadas a seguir. ➢ Teoria das reações cruzadas de macromoléculas: defende que as macromoléculas existentes no organismo (proteínas, colágeno, DNA etc.) sofrem reações cruzadas com outras moléculas ao longo do tempo e, com isso, perdem as características básicas. Dessa forma, a mobilidade e a elasticidade dos tecidos são reduzidas, causando o envelhecimento (KAMIZATO; BRITO, 2014). ➢ Teoria dos radicais livres: é a teoria mais aceita atualmente, devido à sua fidedignidade, e defende que o envelhecimento é causado pela ação de radicais livres. Segundo Kamizato e Brito (2014), os radicais livres são moléculas bastante instáveis, resultantes do metabolismo do oxigênio no organismo, e estão presentes, de maneira fisiológica, em pequenas concentrações nos tecidos. Em condições fisiológicas, o organismo possui algumas moléculas protetoras, que minimizam a ação dos radicais livres sobre os tecidos, chamadas de antioxidantes. Contudo, algumas situações podem contribuir para que a quantidade de radicais livres formada nos tecidos cresça, como em resposta à exposição solar, à má alimentação, à inflamação, à poluição, dentre outros fatores. ➢ Teoria da multiplicação: defende que todas as células do organismo (com exceção das células cerebrais) possuem a capacidade de se multiplicar. À medida que os anos passam, as taxas se reduzem pouco a pouco, até a multiplicação cessar de modo completo (GUIRRO; GUIRRO, 2004). Atualmente não é uma teoria tão aceita, uma vez que 6 apenas explica uma consequência esperada do envelhecimento, e não a causa. ➢ Teoria do relógio biológico: também chamada de teoria genética. Foi a primeira teoria que surgiu e se pauta na explicação de que o organismo possui um relógio biológico, que determinaria quando se inicia o envelhecimento e marcaria datas em que os sinais e sintomas ficariam mais evidentes. Acredita-se que esse relógio biológico seria controlado por níveis hormonais, cujo centro regulador seria o DNA e o RNA das células (GUIRRO; GUIRRO, 2004; KAMIZATO; BRITO, 2014). ➢ Teoria do desgaste: defende que o organismo é semelhante a uma máquina e, como qualquer outra máquina, sofre desgaste com o tempo. Assim, pequenos desgastes dos vários componentes do organismo resultariam no envelhecimento tecidual (GUIRRO; GUIRRO, 2004). ➢ Teoria autoimune:defende que mutações sucessivas levariam ao surgimento de células com DNA capaz de decodificar a síntese de produtos diferentes dos normais, de modo que o corpo pudesse reconhecê-los como estranhos e, com isso, desencadeasse uma resposta imune. Essa reação, mesmo discreta, seria capaz de acelerar o envelhecimento dos tecidos (GUIRRO; GUIRRO, 2004). Na prática, nenhuma dessas hipóteses consegue explicar com exatidão o processo de envelhecimento do organismo. Além disso, as teorias se conectam entre si, algumas citam aspectos intrínsecos referentes ao envelhecimento, enquanto outras citam aspectos extrínsecos, relacionados a condições externas ao organismo. Quando juntas, essas conjecturas conseguem criar explicações possíveis para as alterações que surgem nos tecidos à medida que se envelhece. Com base nas teorias citadas, determinados fatores de natureza interna ou externa ao organismo estão mais relacionados com o processo de envelhecimento. Considerando isso, Ribeiro (2010) comenta os mecanismos pelos quais alguns desses princípios atuam no organismo. Segundo o autor, agentes como radiação solar, genética, radicais livres, temperatura, tabagismo, perda súbita de peso, cor da pele, presença de certas patologias, nutrição hipercalórica, níveis hormonais e, ainda, quaisquer antecedentes comportamentais atuam 7 induzindo e acelerando o envelhecimento dos tecidos, conforme descrito a seguir (RIBEIRO, 2010). ➢ Radiação solar: trata-se de um fator extrínseco que é atualmente um dos fatores externos mais aceitos e estudados em relação ao envelhecimento. ➢ Genética: as diferenças de longevidade entre as raças corroboram com a ideia de que há influência genética no processo de envelhecimento. ➢ Radicais livres: com o avançar da idade, a quantidade de moléculas antioxidantes no organismo decresce, enquanto a produção de radicais livres aumenta. Essa condição induz ao envelhecimento. ➢ Temperatura: há relatos de que extremos de temperatura, tanto de frio como de calor, poderiam influenciar a velocidade do processo de envelhecimento dos tecidos. Altas temperaturas estariam associadas a danos proteicos nas moléculas de DNA e RNA, enquanto baixas temperaturas dificultariam a circulação. ➢ Tabagismo: dentre diversos mecanismos patológicos, a nicotina presente no cigarro induz a produção de radicais livres, de modo que os tecidos envelhecem mais rapidamente em pessoas que fumam. Além disso, segundo Ribeiro (2010), o consumo de cigarro está relacionado a maiores taxas de elastose cutânea, que predispõem ao surgimento de rugas e aos aspectos de “face de fumante”. Ainda, a contração muscular das estruturas ao redor da boca para segurar o cigarro e a contração muscular ao redor dos olhos decorrente da irritação causada pela fumaça aumentam a formação de rugas na pele. ➢ Perda súbita de peso: a redução rápida no peso causa diminuição do volume de células graxas, que suportam a pele, gerando peles flácidas e debilitadas em diversas áreas corporais e faciais. ➢ Cor da pele: pessoas de pele negra apresentam sinais e sintomas relacionados ao envelhecimento mais tardiamente. Essa característica está relacionada com a presença de maior quantidade de melanina em peles de fototipos mais elevados, que absorve maiores quantidades de radiação solar, protegendo a pele. 8 ➢ Patologias: a presença de certas doenças pode refletir na velocidade e na intensidade dos sinais do envelhecimento, sobretudo patologias sistêmicas, que afetam os sistemas imunológico, hormonal etc. ➢ Nutrição hipercalórica: a alimentação com níveis calóricos elevados está relacionada à maior intensidade nos sinais do envelhecimento, assim como ao surgimento deste precocemente. ➢ Níveis hormonais: o declínio de certos hormônios, como o estrogênio, interfere nos tecidos do organismo, como na pele, tornando-a mais seca, fina e com redução da barreira de proteção. Ainda, ocorre redução de colágeno e elastina, causando o aparecimento precoce de envelhecimento. ➢ Comportamentos: alimentação equilibrada, atividade física regular, consumo controlado de bebidas e não fumar estão relacionados a um ganho de aproximadamente 14 anos na idade, quando se consideram as características da pele (RIBEIRO, 2010). Em contrapartida, comportamentos baseados nesses hábitos aceleram o envelhecimento dos tecidos. Além desses fatores, outros aspectos relacionados a condições internas ou externas do organismo podem ser pontuados como causadores do envelhecimento. 2.2 Alterações morfofisiológicas decorrentes do envelhecimento Destaca-se que o processo de envelhecimento afeta o organismo como um todo, incluindo todos os sistemas, como os sistemas tegumentar, muscular, ósseo, nervoso, dentre outros, resultando no surgimento de sinais e sintomas esperados do envelhecimento. Quando afeta o sistema tegumentar, o envelhecimento é chamado de cutâneo. No envelhecimento cutâneo, de forma geral, a pele de todo o organismo é afetada; entretanto, as regiões mais expostas, como a face, apresentam características mais visíveis. Atualmente, o envelhecimento cutâneo é visto como um fenômeno multifatorial, resultado da interação de fatores internos (relacionados à genética) e fatores externos (comportamentais), que interagem sobre o tecido tegumentar, de modo a 9 desencadear alterações fisiológicas. Estas geram distúrbios cinético-funcionais e, ainda, predispõem ao surgimento de afecções dermatológicas. Essa etiologia multifatorial do envelhecimento cutâneo nos faz entender por que há tantas diferenças no envelhecimento entre as pessoas - algumas envelhecem precocemente, enquanto outras apresentam sinais tardiamente. A ação de múltiplos fatores nesse processo faz com que cada organismo envelheça de forma particular, de acordo com as características genéticas e com os hábitos adquiridos ao longo da vida (BORGES; SCORZA, 2016). Conforme a ação desses fatores sobre a pele, o envelhecimento cutâneo é classificado como intrínseco ou extrínseco. 2.3 Envelhecimento cutâneo intrínseco O envelhecimento cutâneo intrínseco é também designado por envelhecimento cutâneo cronológico, cronossenescência ou dermatocronossenescência (KEDE; SABOTOVICK, 2004). Essa classificação defende que a carga genética, hereditária e idade cronológica (em anos) do paciente é a responsável pelas mudanças que causam o envelhecimento da pele (BORGES; SCORZA, 2016). Esses fatores causais não são passíveis de controle pelo paciente, uma vez que estão relacionados a condições inacessíveis. Esse tipo de envelhecimento afeta todo a estrutura cutânea de maneira homogênea, pois toda a pele sofre a ação dos fatores internos do organismo. Ainda, afeta todas as pessoas de maneira geral, com sinais visíveis especialmente a partir da quarta década de vida (KEDE; SABOTIVICK, 2004). A ação desse tipo de envelhecimento sobre a pele provoca alterações morfofisiológicas que interferem no funcionamento das diferentes camadas teciduais, causando alterações específicas na epiderme e na derme, conforme descrito a seguir. Na epiderme, observa-se redução do número de queratinócitos, afinamento e redução nas taxas de proliferação celular. Além de haver redução no número de queratinócitos na epiderme, essas células ainda aumentam de tamanho, tornando-se menos aderentes umas às outras. Isso resulta em prejuízos na função de barreira desempenhada pela pele, interferindo inclusive na resistência a agressões externas, 10 representando maior fragilidade. Quando a pele é exposta ao sol, eles são responsáveis por causar distúrbios de pigmentação. A maior perda de água pela epiderme, aliada ao afinamento dessa camada, predispõem ao ressecamento da pele, o que é comum na pele envelhecida. A redução nas células receptivas interfere negativamente na capacidade de sensibilidade cutânea.Já as alterações nos melanócitos predispõem que a pele envelhecida seja mais facilmente acometida por manchas escuras. Kede e Sabotovick (2004) comentam que, devido a essas alterações na epiderme, a pele resultante do envelhecimento intrínseco é fina, seca, lisa, com aparência de papel de cigarro. A cor observada nessa pele é pálida, podendo haver manchas acastanhadas no caso de disfunções dos melanócitos. Conforme apontam Guirro e Guirro (2004), essas características deixam a pele com aspecto hipotrófico. Na derme, observam-se alterações no funcionamento dos fibroblastos (células responsáveis pela síntese de colágeno e elastina na pele). Com o envelhecimento, tem-se redução no número dessas células na derme, assim como é observada redução na síntese de fibras de colágeno e elastina. Outra característica importante do envelhecimento intrínseco sobre a derme é a redução de glucosaminoglicanos, como o ácido hialurônico e o sulfato de dermatano, o que resulta em menor quantidade de água na derme. Acerca das fibras de colágeno, observam-se fibras mais compactas, com formação de ligações cruzadas entre essas macromoléculas, o que reduz a resistência desse tecido, ao mesmo tempo que o torna mais rígido (KAMIZATO; BRITO, 2014). As fibras de elastina também sofrem modificações, e, nesse caso, ocorre degradação dessas fibras de maneira progressiva, aliada a alterações na composição da elastina. Esta, na pele jovem, apresenta formação de fibras verticais; na pele envelhecida, essa disposição é perdida e substituída por fibras horizontais, comprometendo a elasticidade da pele (RIBEIRO, 2010). Observa-se ainda, na derme, elevação na ação de enzimas proteolíticas com o avançar da idade. Essas fibras degradam a matriz extracelular, incluindo as fibras de colágeno e elastina, aumentando o comprometimento tecidual. Em síntese, a redução do número e da função dos fibroblastos culmina com prejuízos nas fibras proteicas da derme. As alterações nas fibras elásticas da derme culminam com a redução da elasticidade da pele, tornando-a menos elástica. As 11 alterações nas fibras de colágeno, aliadas à redução da matriz extracelular, comprometem a capacidade de sustentação dos tecidos, predispondo ao surgimento de flacidez da pele. A redução na quantidade de glucosaminoglicanos predispõe à desidratação da derme e à piora do quadro de ressecamento, que já existe em virtude das alterações epidérmicas. Além de ocorrerem alterações morfofisiológicas na pele (epiderme e derme), algumas alterações podem ser evidenciadas na hipoderme, camada tecidual que fica logo abaixo da derme. Pelo fato de a hipoderme dar suporte à derme e auxiliar na fixação da pele aos órgãos adjacentes, alterações nesse tecido influenciam também as camadas mais superficiais. Nessa camada, observa-se redução da densidade dos adipócitos, resultando em atrofia (KAMIZATO; BRITO, 2014). Essa alteração na hipoderme, associada à redução do tecido muscular, culmina com o aspecto de acolchoamento da pele, com redução do tecido de fixação da pele às demais estruturas. A atrofia da hipoderme, associada à hipotrofia do tecido muscular, reduzem a capacidade de suporte da pele e predispõem à flacidez tissular e muscular, respectivamente. A comunicação entre a derme e a epiderme é prejudicada à medida que acontece o envelhecimento da pele, especialmente pelas alterações que acontecem em cada uma dessas camadas, resultando em modificações estruturais e funcionais. Ribeiro (2010) comenta que, na pele jovem, a ligação entre epiderme e derme é feita por meio de microvilosidades, o que garante boa adesão; já na pele envelhecida, essas vilosidades desaparecem, causando um aplainamento da junção dermoepidérmica e reduzindo a capacidade de comunicação entre essas camadas. Além dessas alterações morfofisiológicas que acontecem especificamente em cada camada da pele, há algumas modificações que ocorrem à medida que o envelhecimento intrínseco acontece e que interferem em todo o tecido cutâneo. Essas alterações envolvem: ➢ redução da microcirculação sanguínea; ➢ alterações na glândula sebácea e sudorípara; e ➢ declínio na produção de vitamina D. Todas as camadas da pele sofrem com redução do suprimento sanguíneo, decorrente de alterações gerais na permeabilidade vascular e alterações na pressão 12 arterial (KAMIZATO; BRITO, 2014). Esse déficit circulatório culmina com menor disponibilidade de nutrientes e oxigênio às células, gerando redução das atividades desempenhadas por elas, e, visivelmente, a pele se torna mais pálida. As glândulas sebáceas, se tornam hiperplásicas (aumentam de volume) à medida que envelhecem e à medida que a quantidade de secreção produzida reduz, decorrente da falta de estímulo hormonal, tornando a pele mais predisposta ao ressecamento. Enquanto isso, há redução do número das glândulas sudoríparas e, ainda, redução na liberação de secreção. A redução na síntese de vitamina D, função relevante da pele, resulta em menor proteção da pele contra radiação solar e, ainda, interfere no metabolismo de todo o organismo. Salienta-se que a vitamina D é uma substância empregada no funcionamento de diversos sistemas. 2.4 Envelhecimento cutâneo extrínseco O envelhecimento cutâneo extrínseco é também chamado de fotoenvelhecimento ou actinossenescência (KEDE; SABOTOVICK, 2004). Essa classificação defende que o envelhecimento da pele é decorrente da exposição repetida e excessiva a condições ambientes prejudiciais, como radiação solar, radicais livres, hábitos alimentares inadequados, tabagismo, temperatura, inatividade física, dentre outros fatores. Tais fatores tornam o processo de envelhecimento mais rápido, causando um envelhecimento precoce da pele (BORGES; SCORZA, 2016). Dentre esses fatores, a exposição à radiação solar tem um peso etiológico importante, assim como o tabagismo. A radiação solar apresenta efeitos variados sobre a pele no que tange ao envelhecimento, uma vez que os efeitos dependem do tipo de pele, do tempo, da frequência e da intensidade da explanação ao sol. Assim como a radiação solar, o tabagismo possui uma ação deletéria sobre a pele, induzindo ao envelhecimento extrínseco. Destaca-se que o hábito de fumar, além de aumentar a produção de radicais livres, causa vasoconstricção tecidual, reduzindo o aporte de sangue que chega aos tecidos, incluindo a pele. Essa condição compromete a função desempenhada pelas células (BORGES; SCORZA, 2016). Destaca-se que, no caso do envelhecimento extrínseco, diferentemente do intrínseco, as alterações cutâneas não acontecem de forma homogênea em todo o 13 corpo, pois a exposição a alguns fatores causais é maior nas áreas de pele mais expostas. Quando o indivíduo envelhece, os sinais são mais perceptíveis em áreas de face, pescoço e dorso de mãos, resultantes da exposição crônica a sol, frio, calor extremo e poluição. Além disso, essas alterações não acometem todas as pessoas de maneira geral - apenas aquelas com comportamentos que desencadeiam esse tipo de (KEDE; SABOTOVICK, 2004). No processo do envelhecimento extrínseco, as condições ambientais prejudiciais à pele se somam às causas do intrínseco, de modo que há uma acentuação das alterações. De maneira geral, envelhecer pode sintetizar como alterações anatômicas e funcionais cutâneas: ➢ diminuição da hidratação tecidual; ➢ palidez; ➢ aumento da fragilidade cutânea; ➢ redução da elasticidade; ➢ redução das taxas de renovação celular; ➢ redução da capacidade de sustentação da pele; ➢ rarefação e branqueamento dos pelos; ➢ redução da capacidade de barreira da pele, predispondo a lesões externas; ➢ redução da capacidade imune. Observa-se que o envelhecimento cutâneo evolui com um declínio funcional, que acomete as diferentes estruturas anatômicas e funcionais da pele e dos tecidos próximos.2.5 Manifestações do processo de envelhecimento cutâneo As rugas são as principais queixas relacionadas ao envelhecimento, por comprometerem a aparência facial, em especial. Segundo Kamizato e Brito (2014), de acordo com a profundidade, podem ser classificadas em superficiais ou profundas. Enquanto as rugas superficiais desaparecem ao estiramento da pele e são resultados da perda de fibras elásticas na derme, as rugas profundas não 14 desaparecem ao estiramento tecidual e normalmente estão relacionadas com a exposição à radiação solar. Além da classificação de profundidade, as rugas podem ser classificadas em três categorias: estáticas, dinâmicas ou gravitacionais. Segundo Borges e Scorza (2016), as rugas estáticas se caracterizam pelo não desaparecimento dos sulcos e das dobras mesmo sem contração da musculatura e normalmente atingem a área dos olhos, a região frontal, o sulco nasogeniano e a região peribucal. As rugas dinâmicas são resultantes de expressões faciais e ocorrem pelo movimento repetitivo da musculatura, acometendo áreas semelhantes às das rugas estáticas. Por fim, existem as rugas gravitacionais, que são causadas pela ação da gravidade sobre a pele flácida, de modo que esse tipo de ruga causa a “queda” da pele. Ao avaliar a presença de rugas, é importante que o fisioterapeuta possa graduar a presença desses sinais de envelhecimento. Para isso, sugere-se o uso da escala de Glogau. O Quadro 1 traz uma breve explicação dessa graduação. Quadro 1. Escala de Glogau. Tipo Idade Características 1 20 a 30 anos Ausência de rugas, poucas alterações de pigmentação e ausência de lesões querotósicas. 2 30 a 40 anos Rugas dinâmicas, lentigos senis e queratoses palpáveis. 3 50 a 60 anos Rugas estáticas, melanoses, telangiectasias, queratoses visíveis (lesão vermelha e escamosa) 4 Acima de 60 anos Rugas estáticas e gravitacionais, pele de coloração amarelo-acinzentada, presença de discromias; pode haver lesões malignas e pele actínica. Fonte: Adaptado de Kamizato e Brito (2014). De modo geral, considerando-se todas as alterações morfofisiológicas que acontecem no envelhecimento cutâneo, pode-se dizer que a pele envelhecida, além de ser acometida por rugas, é também acometida por flacidez tissular, flacidez muscular, hipercromias e ressecamento. Essas disfunções são consideradas distúrbios cinético-funcionais, presentes de maneira associada e em diferentes níveis de acometimento, causando alterações na funcionalidade desses tecidos e na aparência. 15 Em relação à flacidez de pele, a fisiopatologia desse sinal do envelhecimento está relacionada à diminuição dos componentes responsáveis pela sustentação cutânea, incluindo a redução do número de fibroblastos, a maior rigidez das fibras de colágeno e abreviação de fibras de elastina, associadas a perdas de outros componentes da matriz extracelular (BORGES, 2010). A flacidez de pele é evidenciada por um aspecto de pele frouxa, e o principal sinal é o surgimento de ptoses. Estas são caracterizadas como “quedas teciduais”, que podem aparecer em diversas regiões, em especial na face. A Figura abaixo mostra um quadro de ptose na região do pescoço. Figura 1. Sinal de ptose. 16 3 POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO Fonte: shre.ink/mabQ Para amparar as necessidades do idoso, sancionou-se, em 1994, o primeiro registro jurídico brasileiro, desenvolvido para este público, denominado Política Nacional do Idoso, também conhecida como Lei do Idoso. Esta Lei visa a garantia dos direitos sociais, promovendo a autonomia, inclusão e participação dos usuários com idade igual ou superior a 60 anos em diversos âmbitos como: saúde, previdência social, habitação e educação (Lei nº 8.842, 1994; FONTINELE, 2019). A política nacional de saúde da pessoa idosa (PNSPI), instituída pela portaria 2.528/GM de 19 de outubro de 2006, busca garantir a atenção adequada e digna para a população idosa brasileira, visando sua integração. Nesta política, estão definidas as diretrizes norteadoras de todas as ações no setor de saúde e indicadas as responsabilidades institucionais para o alcance da proposta. Além disso, ela orienta o processo contínuo de avaliação que deve acompanhar seu desenvolvimento, considerando possíveis ajustes determinados pela prática. Sua implementação compreende a definição e/ou readequação de planos, programas, projetos e atividades do setor da saúde, direta ou indiretamente relacionados com seu objeto. A PNSPI tem por objetivo permitir um envelhecimento saudável, o que significa preservar a sua capacidade funcional, sua autonomia e manter o nível de qualidade de vida, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) que direcionam medidas individuais e coletivas em 17 todos os níveis de atenção à saúde. São diretrizes norteadoras da Política Nacional de Saúde do Idoso: ➢ Promoção do envelhecimento ativo e saudável; ➢ Atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa; ➢ Estímulo às ações intersetoriais, com vistas à integralidade da atenção; ➢ Implantação de serviços de atenção domiciliar; ➢ Acolhimento preferencial em unidades de saúde, com respeito ao critério de risco; ➢ Provimento de recursos para assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa; ➢ Fortalecimento da participação social; ➢ Formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa idosa; ➢ Divulgação e informação sobre a política nacional de saúde da pessoa idosa para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS; ➢ Promoção de cooperação nacional e internacional das experiências na atenção à saúde da pessoa idosa; e ➢ Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas. A PNSPI também aponta estratégias para: ➢ Implantação da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa; ➢ Edição e distribuição do caderno de atenção básica – Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa, nº 19; ➢ Realização do Curso de Educação a Distância em Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa – EAD; ➢ Elaboração do Plano Integrado de Ações de Proteção à Pessoa Idosa SUAS-SUS; ➢ Edição e distribuição do Guia Prático do Cuidador; ➢ Criação e implantação do Plano Nacional de Formação de Cuidadores de Idosos Dependentes na Rede de Escolas Técnicas do SUS (RET- SUS); ➢ Publicação da portaria sobre Prevenção e Cuidado à osteoporose e quedas (Portaria nº 3.213/GM de 20 dezembro de 2007); 18 ➢ Ampliação de acesso à consulta no Programa Olhar Brasil (Portaria n/33/ SAS de 23 de janeiro de 2008); ➢ Fomento à pesquisa na área de Envelhecimento de Saúde da Pessoa Idosa; ➢ Implementação do Programa de Internação Domiciliar; e ➢ Fomento ao acesso e uso racional de medicamentos (Portaria nº 2.529/GM de 19 de outubro de 2006). 3.1 História das políticas O Brasil tem procurado se organizar para atender à crescente demanda relacionada com as necessidades que surgem em decorrência do envelhecimento da população, preparando-se para enfrentar as questões da saúde e do bem-estar dos idosos, ao mesmo tempo em que o SUS está sendo regulamentado. A Política Nacional do Idoso (PNI), promulgada em 1994 e regulamentada pelo Decreto nº 1948, de 03 de junho de 1996, assegura direitos sociais à pessoa idosa, ao criar condições para promover sua autonomia, sua integração e sua participação efetiva na sociedade e reafirmar seu direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS. É possível observar ações inespecíficas de cuidado ao idoso tanto na atenção primária quanto na estratégia saúde da família, o que tem impacto negativo na qualidade de vida e bem-estar dessa parte da população. O olhar de cautela ao idoso precisa estar focado na promoção da funcionalidade, e não na doença. Para a população idosa, a saúde não se restringe apenas ao controle e à prevenção de agravos à saúde causadospor doenças crônicas não transmissíveis, mas também à interação entre a saúde física e mental, a independência financeira, a capacidade funcional e o suporte social. A implantação de uma política pública de saúde voltada para as pessoas idosas no Brasil vem de janeiro de 1994. Em termos de proteção legal a esse segmento da sociedade, você pode destacar a Lei Eloy Chaves de 1923, que trata do sistema previdenciário, e algumas referências em artigos do Código Civil em 1916, do Código Penal em 1940 e do Código Eleitoral em 1965. Historicamente, as políticas públicas na área da saúde sempre foram direcionadas para um público de país jovem, com políticas sociais e sanitárias direcionadas à população materno-infantil. 19 Apenas nos anos 1970 é que o processo sociopolítico começou a operar mudanças diante do novo perfil da população, assim, alguns marcos históricos foram consagrados: ➢ 1974 - Por meio da Lei nº 6.179, foi criada a Renda Mensal Vitalícia, pelo então Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) referente à aposentadoria. ➢ 1977 - A Lei nº 6.439 cria o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), que integra vários Institutos para unificar a assistência previdenciária. ➢ 1982 - Foi realizada a I Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento da ONU, em Viena, que esboçou as diretrizes do Plano de Ação Mundial em relação ao Envelhecimento, publicado em Nova York em 1983, que teve como objetivo a sensibilização dos governos e sociedades para a necessidade de direcionar políticas públicas para os idosos, alertando para a necessidade de estudos futuros no que se refere à aspectos do envelhecimento. ➢ 1986 - Foi realizada a 8ª conferência nacional de saúde que propôs a elaboração de uma política global de assistência à população idosa. ➢ 1988 - Foi promulgada a constituição cidadã – constituição federal, com destaque à referência ao idoso. pela primeira vez uma constituição brasileira assegurou ao idoso o direito à vida e à cidadania: “a família, a sociedade e o estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhe o direito à vida. § 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares. § 2º Aos maiores de 65 anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos “(CF, art. 230, 1988). ➢ 1993 - Aprovada a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS, Lei 8.742/93), que regulamenta o capítulo II da Seguridade Social da Constituição Federal, que garantiu à Assistência Social o status de política pública de seguridade social, direito ao cidadão e dever do Estado. 20 ➢ 1994 - Aprovada a Lei nº 8.842/1994 que estabelece a Política Nacional do Idoso (PNI), regulamentada pelo Decreto nº 1.948/96.6, e cria o Conselho Nacional do Idoso. Essa Lei tem por finalidade assegurar direitos sociais que garantam a promoção da autonomia, a integração e a participação efetiva do idoso na sociedade, de modo a exercer sua cidadania. Estipula o limite de 60 anos e mais, de idade, para uma pessoa ser considerada idosa. A Lei assegura ao idoso todos os direitos de cidadania. A família, a sociedade e o Estado são os responsáveis em garantir a participação do idoso na comunidade, defender sua dignidade, bem-estar e direito à vida. O idoso não deve sofrer discriminação de nenhuma natureza, bem como deve ser o principal agente e o destinatário das transformações indicadas por essa política. ➢ 1999 - Foi implantada a Política Nacional da Saúde do Idoso pela Portaria 1.395/1999 do Ministério da Saúde (MS) que estabelece as diretrizes que norteiam a definição ou a redefinição dos programas, planos, projetos e atividades do setor na atenção integral às pessoas em processo de envelhecimento e à população idosa. Essas diretrizes são: a promoção do envelhecimento saudável, a prevenção de doenças, a manutenção da capacidade funcional, a assistência às necessidades de saúde dos idosos, à reabilitação da capacidade funcional comprometida, a capacitação de recursos humanos, o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais, e o apoio aos estudos e pesquisas. ➢ 2002 - Foi realizada a II Assembleia Mundial sobre Envelhecimento em Madrid – Plano Internacional do Envelhecimento – com o objetivo de servir de orientação às medidas normativas sobre o envelhecimento no século XXI, fundamentado em três princípios básicos: 1) participação ativa dos idosos na sociedade, no desenvolvimento, na força de trabalho e na erradicação da pobreza; 2) promoção da saúde e bem-estar na velhice; e 3) criação de um ambiente propício e favorável ao envelhecimento. ➢ 2003 - Realizada a Conferência Regional Intergovernamental sobre Envelhecimento da América Latina e Caribe, no Chile, na qual foram elaboradas as estratégias regionais para implantar as metas e objetivos 21 acordados em Madri. Na área da saúde, a meta geral foi oferecer acesso aos serviços de saúde integrais e adequados à necessidade do idoso, de forma a garantir melhor qualidade de vida com manutenção da funcionalidade e da autonomia. ➢ 2003 - No Brasil, entra em vigor a Lei nº 10.741, que aprova o Estatuto do Idoso destinado a regular os direitos assegurados aos idosos. A aprovação do Estatuto do Idoso representou um passo importante da legislação brasileira rumo à adequação às orientações do Plano de Madri. ➢ 2006 - Foi realizada a I Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, na qual foram aprovadas deliberações que tinha como objetivo ajudar a construir a Rede Nacional de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa (RENADI). Do ponto de vista legal, o envelhecimento é protegido no Brasil. Contudo, embora existam diretrizes a serem seguidas, suas implementações ainda não foram feitas completamente. Cabe aos poderes públicos e à sociedade em geral a aplicação dessa política com o respeito às diferenças econômicas, sociais e regionais de cada localidade. 3.2 Políticas públicas de atenção à saúde do idoso No Brasil, o direito universal e integral à saúde foi instituído na Constituição de 1988 e reafirmado com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90. Esse direito passa pelo acesso universal e equânime aos serviços e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com garantia da integralidade da atenção, considerando as diferentes realidades e necessidades de saúde da população. Você encontra a reafirmação desses princípios constitucionais na Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que dispôs sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde As políticas de saúde do idoso devem criar condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade, reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS. O processo de envelhecimento envolve a sociedade de forma geral, e o idoso não 22 deve sofrer discriminações, ele deve ser o principal agente e o destinatário das transformações indicadas pelas políticas de saúde referentes ao idoso. Em 2003, foi aprovado o Estatuto do Idoso que junto à Política Nacional do Idoso, representam importantes documentos que ampliaram os conhecimentos na área do envelhecimento e da saúde da pessoa idosa, fundamentais para a afirmação de ações dinâmicas e consistentes. O Estatuto do Idoso corrobora os princípios que nortearam as discussões sobre os direitos humanos da pessoa idosa. Esses documentos representam uma conquista para a efetivação dos direitos do idoso, especialmente por protegerem e formarem uma base para a reivindicação de atuação de todos (família, sociedade e Estado) no amparo e respeito aos idosos. O Estatuto do Idoso veio priorizar tanto o atendimento de um modo geral, como também daqueles que já apresentamdeterminado grau de dependência. É com essas ações fundamentais de prevenção secundária, de reabilitação, de promoção da saúde, além do cuidado e do tratamento, que é possível garantir melhor qualidade de vida para idosos, na vida em família e em sociedade. O Estatuto do Idoso enfatiza a interface entre diferentes setores e o direito à saúde, incorporando no artigo II o conceito de integralidade da atenção, afirmando que o idoso goza de todos os direitos inerentes ao ser humano, inclusive a preservação da saúde física e mental, além do aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, com condições de liberdade e dignidade. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por meio do SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde (Art. 15). Coerentemente, o Estatuto do Idoso aborda a problemática dos recursos humanos, apontando que as instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o atendimento às necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como orientação a cuidadores familiares e grupos de autoajuda (Art. 18). Ainda, o Estatuto do Idoso recomenda a inserção, nos currículos dos diversos níveis de ensino formal, de conteúdos relativos ao processo de envelhecimento, à eliminação de preconceitos e à valorização social dos idosos (Art. 22). 23 3.3 Os idosos no Brasil e a conquista de direitos Um dos consensos que existem hoje no País é que o número de idosos tem aumentado consideravelmente, fato que não se restringe ao Brasil, mas que ocorre também em outras partes do mundo. O que difere o envelhecimento nos países desenvolvidos daquele dos países em desenvolvimento é o fato de que, nos primeiros, o processo de envelhecimento ocorre de forma mais lenta, acompanhado de melhorias nas condições de vida. Já em países como o Brasil, esse processo acontece de forma mais rápida, não sendo acompanhado de políticas públicas que possam atender às necessidades dos idosos (BANCO MUNDIAL, 2011). A mudança na estrutura etária brasileira deve-se principalmente ao declínio nas taxas de fecundidade e à maior longevidade da população. Pode-se dizer que o indivíduo envelhece à medida que a sua idade aumenta; considerando essa perspectiva, o envelhecimento é um processo individual e irreversível que acompanha mudanças progressivas nas funções e no desempenho de papéis sociais (CAMARANO; KANSO, 2011). A contagem de idosos no Brasil é bastante expressivo. Conforme dados coletados no censo de 2010, os idosos representam 10,8% da população, concentrando-se nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul e no Distrito Federal (IBGE, 2010). Além do aumento na cifra de idosos, as projeções apontam para um aumento no número de pessoas com mais de 80 anos, com a perspectiva de que esse contingente triplique até 2050 e aumente sete vezes mais em 2100 (ONU, 2015). O envelhecimento pode ser considerado um processo multifatorial, influenciado por fatores cronológicos, biológicos e sociais. Do ponto de vista cronológico, no Brasil, considera-se idoso todo indivíduo com 60 anos ou mais. O que ocorre no País é que, para efeito de concessão de benefícios, muitas vezes se consideram idosos aqueles sujeitos que têm a partir de 65 anos, como é o caso do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Do ponto de vista biológico, Ciosak et al. (2011) assinalam que as modificações biológicas e funcionais iniciam-se a partir da secunda década de vida, ainda que sejam pouco observáveis. Ao final da terceira década, as alterações funcionais e estruturais ficam mais evidentes, mas as principais mudanças, começam a acontecer a partir dos 40 anos, com registro de redução de 1% das funções orgânicas. Por fim, do ponto de 24 vista social, há que se considerar que fatores como sexo, origem, dinâmica familiar, experiências vividas, exposição a fatores de risco, alimentação, entre outros, contribuem para a qualidade do processo de envelhecimento (CIOSAK et al., 2011). As primeiras discussões organizadas sobre essa temática aconteceram em 1976 e foram promovidas pelo Serviço Social do Comércio (SESC). Elas tiveram como resultado a elaboração de um documento intitulado “Políticas para a terceira idade — Diretrizes Básicas”, que relata a situação dos idosos no Brasil e assinala a responsabilidade e a importância do Estado em promover políticas públicas de atenção a esse grupo populacional (MACHADO, 2019). A partir daí, algumas iniciativas começam a surgir. Uma delas é o Programa de Assistência ao Idoso (PAI), responsável pela criação de grupos de convivência nas agências do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Esse programa foi depois transferido para a Legião Brasileira de Assistência (LBA), que ficou responsável pelo atendimento ao idoso no País. Assim, “[...] começam a surgir grupos de idosos organizados por clubes de serviços e junto a instituições religiosas que, contando com o apoio de técnicos, passaram a se organizar, dando visibilidade a essa nova problemática social” (MACHADO, 2019, documento on-line). Registra-se ainda a fundação da Sociedade Brasileira de Geriatria, que reconhece o envelhecimento como uma área mais ampla do que apenas a saúde. Com o apoio de profissionais de várias áreas do saber, em 1979, foi criada uma comissão especial de gerontologia social. Na década de 1980, foi criada a Associação Nacional de Gerontologia, com a finalidade de lutar por melhores condições de vida para os idosos no Brasil. Ao mesmo tempo, os aposentados começaram a se organizar em associações e grupos que participaram ativamente da elaboração da Constituição Federal de 1988 (MACHADO, 2019). Com a promulgação da Constituição, começam a surgir Conselhos de Direitos dos Idosos, derivados dos movimentos sociais existentes na época. Veja o que afirma Machado (2019, documento on-line): Configurava-se dessa forma, no início dos anos 1990, um campo de lutas composto por vários segmentos de idosos, com orientações diferentes, mas apontando todos para a necessidade de luta pela conquista de direitos de cidadania dos idosos. As Associações de Aposentados lutavam pela defesa de direitos previdenciários de seus associados, os Conselhos e, depois, Fóruns, os grupos e os movimentos de idosos voltavam-se para as questões gerais do envelhecimento, de direitos sociais e cidadania, envolvendo todos os idosos do país. Os participantes dessas primeiras organizações contavam 25 sempre com o apoio dos técnicos da LBA e também do SESC, que os representavam, e assim sua participação direta era ainda bastante incipiente. Iam se organizando na luta enquanto as Associações de Aposentados tinham uma organização formal com apoio dos sindicatos e trabalhavam com pautas fixas, previamente definidas. O Brasil vivenciou um acelerado crescimento da população idosa e, a partir da década de 1990, novos movimentos começaram a surgir de forma independente e diferenciada, mas com o propósito de defender e lutar pelos direitos desse grupo etário no País (MACHADO, 2019). Na década de 1990, mais precisamente em 1997, a sociedade começa a discutir o Estatuto do Idoso, que ficou aguardando análise durante oito anos até ser aprovado em 2003 (MACHADO, 2019). Como você pode observar, esses movimentos impulsionaram a luta pela conquista dos direitos dos idosos no País. Vale lembrar que o envelhecimento não é homogêneo e não acontece da mesma forma para todas as pessoas. Assim, em um país muito desigual como o Brasil, é necessário atentar para as diferenças, especialmente ao se pensar na definição de estratégias de trabalho, na elaboração de prioridades e no estabelecimento de políticas públicas. As políticas públicas de atenção ao idoso continuaram avançando.Assim, três anos depois da aprovação do Estatuto do Idoso, foi proposto o Pacto pela Saúde, que busca implantar a Política Nacional do Idoso de forma integral (BRASIL, 2003). Do ponto de vista das políticas sociais, os direitos assegurados na Constituição Federal de 1988 foram regulamentados pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e, posteriormente, ratificados pela Política Nacional de Assistência Social (PNAS). Um dos principais benefícios assegurados é o BPC, que garante um salário mínimo mensal ao idoso ou à pessoa com deficiência que não tenha condições de manter a própria subsistência nem de tê-la provida por sua família e que possua renda familiar per capita de até 25% do salário mínimo (BRASIL, 2004). O BPC independe de contribuição previdenciária, uma vez que está vinculado à política de assistência social (DORETO, 2015). Realizando uma análise desse benefício, Sposati (2013) aponta que ele contribui muito pouco para a cidadania dos idosos, pois quem se encontra nos critérios para a concessão do BPC normalmente possui tantas necessidades básicas não atendidas que a renda acaba sendo insuficiente para satisfazer demandas básicas como alimentação, moradia, segurança, entre outras. Outra fonte de renda para os idosos, é a aposentadoria. É com ela que muitos mantêm a sua subsistência e a de 26 sua família (considerando as modificações ocorridas nas famílias ao longo dos tempos e as situações que os idosos são chefes desse núcleo). No entanto, vive-se um período social, político e econômico de retrocessos dos direitos conquistados após a Constituição Federal de 1988. Exemplos disso são a reforma trabalhista (Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017) e a reforma da Previdência Social. Ocorre, atualmente, ampla mudança nas regras para a concessão de aposentadorias, sob a alegação de que o aumento no número de idosos é o responsável pelo déficit orçamentário nesse sistema. Contudo, estudos científicos comprovam que há superávit e, ao mesmo tempo, dívidas expressivas de grandes empresas e bancos junto à Previdência Social. Para compreender esse contexto, tenha em mente que hoje o neoliberalismo e o capitalismo avançado se sobrepõem às necessidades básicas da população mais vulnerável e que as políticas sociais, em consequência, são entendidas como “despesas públicas”. Nesse sentido, a aprovação das regras propostas pela reforma da Previdência prejudicaria muito a população idosa, que teria de trabalhar por um período maior de tempo para assegurar a sua fonte de renda. 27 4 TREINAMENTO PARA IDOSO Fonte: shre.ink/mabt O processo de envelhecimento pode trazer consigo um considerável peso social, tendo em vista principalmente a costumeira perda de capacidade física e cognitiva para realização de atividades laborais, bem como as mudanças de comportamento em decorrência da idade. Contudo, se por um lado existe menor capacidade física e cognitiva, por outro, a sociedade poderia aproveitar melhor a experiência do idoso, a sua estabilidade emocional e conhecimento adquirido ao longo do tempo. É fato inquestionável que o Brasil está envelhecendo. Dados epidemiológicos revelam um crescimento de 26% da população idosa entre 2012 e 2018, o que acabará gerando consequências sobre as faixas etárias mais produtivas, se o Estado e a sociedade não se prepararem para tal. Além da preocupação produtiva, é necessário prover melhores condições de saúde para população idosa. Conhecer os limites fisiológicos e emocionais, bem como os exercícios mais adequados para os idosos, é de suma importância (LEHNEN, 2019). De forma geral, os programas de treinamento físico visam a melhoria de uma ou mais aptidões físicas relacionadas à saúde: capacidade cardiorrespiratória; força, potência e resistência muscular; nível de flexibilidade; composição corporal (isto é, a relação adequada entre massa gorda e massa magra). Em relação à população idosa, este cenário não muda. No entanto, o maior desafio para montar os programas de treinamento físico específicos para idosos é equilibrar os riscos com os benefícios. 28 Além disso, a prioridade, a estratégia primordial do treinamento físico voltado à população idosa é o aumento de força e massa muscular. Essa recomendação é indiscutível para os idosos senescentes, ou seja, aqueles que apresentam um envelhecimento saudável e na ausência de um risco cardiometabólico relevante. Caso o idoso apresente alguma condição de maior risco, como HAS ou DM2, acompanhada de baixos níveis de controle por parte do idoso, o objetivo primeiro do programa de exercício físico deve ser o de mitigar essas condições. Para a condição de HAS controlada, tanto sessões agudas de exercícios aeróbicos quanto crônicas têm gerado diminuição da pressão arterial entre indivíduos adultos hipertensos. A redução média em reposta ao exercício físico fica em torno de 5 a 7 mmHg (PESCATELLO et al., 2015). As recomendações de prescrição de exercícios para indivíduos hipertensos preconizam exercícios aeróbicos, em intensidade moderada (50 a 75% da FC reserva), 30 a 60 minutos por sessão, 3 a 5 dias por semana, de preferência todos os dias (PESCATELLO et al., 2015; MALACHIAS et al., 2016). Contudo, sabe-se que quase metade dos indivíduos hipertensos (46%) não adere a essas recomendações (MOZAFFARIAN et al., 2015). Assim, uma atenção especial aos aspectos psicológicos, incluindo a motivação, deve ser estudada e reforçada. Uma alternativa são os exercícios aquáticos, entre eles a hidroginástica. Esta modalidade é comumente recomendada para a população idosa, por apresentar baixo risco de quedas e menor impacto (diminuição em torno de 80% do peso corporal total). A redução média nos níveis pressóricos em reposta a uma sessão de hidroginástica assemelha-se às obtidas por sessões aeróbicas de modalidades terrestres (caminhadas, corridas leves, bicicleta, etc.). Quanto aos exercícios de força ou sessões combinadas (aeróbico + força, ou força + aeróbico), os dados na literatura ainda são controversos e reticentes para inclusão desses programas como estratégia não farmacológica única para a HAS. As principais diretrizes para hipertensão citam o treinamento de força como estratégia adjuvante, ou seja, complementar aos exercícios de característica aeróbica, mas como estratégia primária ou única no combate ou tratamento da HAS. Por sua vez, a recomendação para o DM2 baseia-se nas diretrizes para a população geral (ACSM, 2018): acumular um mínimo de 150 minutos de exercícios aeróbicos de intensidade moderada (50 a 75% FC reserva) ou 75 minutos de 29 exercícios de intensidade vigorosa (intensidade superior a 75–80% FC reserva). Devido à fisiopatologia do DM2, o controle glicêmico é, em grande parte, dependente da musculatura esquelética (entre 70–80% da captação de glicose são realizados pelo músculo esquelético). Assim, é fácil imaginar que o aumento do volume muscular, bem como o incremento do seu metabolismo, favorece o controle (diminuição) da glicose plasmática. As diretrizes para treinamento forçam para o DM2, então, são mais contundentes do que as diretrizes para HAS. São recomendadas 3 sessões de intensidade moderada por semana (aproximadamente 75% da carga máxima), com exercícios priorizando grupos musculares maiores. Desta forma, o treinamento aeróbico tende a favorecer o controle glicêmico durante a prática dos exercícios, e o treinamento de força contribui para o aumento da área tecidual, potencializando o controle glicêmico. Em relação à sarcopenia e/ou osteoporose, as recomendações envolvem estritamente os exercícios de força, contra uma resistência qualquer. O principal objetivo é garantir maior autonomia aos idosos e diminuir seu risco de quedas. Segundo Perracini e Ramos (2002), idosos que necessitam de ajuda para realização de atividades cotidianas têm14 vezes maior probabilidade de sofrer quedas do que pessoas independentes. Evidências sugerem que o índice de potência muscular do quadríceps femoral em homens idosos apresenta associação com o desempenho e aptidão física relacionados à saúde. Além disso, tal associação é mais proeminente do que o próprio índice de massa muscular (WILHELM et al., 2014). Em outras palavras, não basta objetivar o aumento “puro” da massa muscular e, sim, realizar trabalhos de potência para que o idoso obtenha maior reflexo nas atividades da vida diária. É importante ressaltar que, assim com a sarcopenia também está associada à menor ingestão de proteínas de alto valor biológico, a osteoporose está associada à diminuição de ingestão e absorção de cálcio pelos ossos. Assim, paralelamente à prática regular de exercícios físicos, os idosos devem receber apoio nutricional adequado por parte de profissionais habilitados para tal. O Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2018) aponta que os benefícios do exercício físico, se bem orientados, devem envolver: ganhos de capacidade cardiovascular, força e potência muscular, além da densidade óssea; prevenção de 30 quedas e nível de flexibilidade; e, por fim, benefícios psicológicos. Examinemos ponto a ponto algumas orientações que os profissionais da saúde podem seguir: ➢ Capacidade cardiovascular: por especificidade, devem ser realizados exercícios como caminhadas, corridas e pedaladas. Ademais, atividades aquáticas são uma excelente alternativa. A intensidade recomenda é de leve a moderada. Além da eficácia sobre aspectos cardiovasculares, estudos apontam melhora cognitiva em reposta a este tipo de exercício físico. ➢ Treinamento de força e potência: é a estratégia primária para idosos senescentes. Exercícios de força de intensidade leve a moderada determinam incrementos na força em idosos. Trabalhando sobre a relação entre força e velocidade de execução, você estará incrementando a potência muscular. Priorize membros inferiores e da cadeia posterior para melhor a postura e a reação à situação de desequilíbrio corporal. ➢ Prevenção de quedas e flexibilidade: deve ser incluído um programa específico de exercícios para equilíbrio, envolvendo, por exemplo, caminhadas e transferência de peso, com aspectos proprioceptivos. A flexibilidade é um componente importante na prevenção de lesão muscular e risco de quedas, e pode ser trabalhado especificamente ou como complemento às sessões de força. ➢ Benefícios psicológicos e cognitivos: a atividade física e a função psicológica na pessoa idosa estão bastante relacionadas. O exercício físico conduz o idoso à sensação de prazer e bem-estar e à percepção de controle (autonomia). Além disso, a função de socialização durante as sessões de exercício também agrega ao estado psicológico benéfico. Apesar das estratégias elaboradas pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério dos esportes para colocarem em pauta a prioridade de prática regular de exercício físico por parte da população idosa, os resultados alcançados ainda estão aquém do efeito desejado. 31 4.1 Métodos de Avaliação em Terapia Ocupacional O terapeuta ocupacional, na produção da linha de cuidado, contribui para a preservação da capacidade funcional e para o desempenho satisfatório das ocupações humanas, haja vista que as visitas domiciliares, as atividades grupais e individuais, que são realizadas nas ações com a população, propiciam espaços de participação social, educação, promoção da saúde e prevenção de doenças (CABRAL & BREGALDA, 2017; OLIVEIRA, 2018; REIS et al., 2012). Dessa forma, este profissional desenvolve atividades individuais tanto em unidades de saúde quanto em domicílio, buscando envolver o idoso e a família no processo de saúde, proporcionando intervenções mais precisas, conforme as necessidades, contextos, ambientes, interesses e ocupações (CARDOSO et al., 2019; REIS et al., 2012; ALVES & PAULIN, 2015). Além disso, utiliza as atividades grupais, como ferramenta de promoção da participação social, fortalecendo os vínculos com os profissionais e comunidade, implicando positivamente na manutenção da saúde, conforme os objetivos propostos, por meio de práticas corporais e integrativas, ações educativas, oficinas terapêuticas e oficinas cooperativas (REIS et al., 2012; ALVES & PAULIN, 2015; CARDOSO et al., 2019). Já as visitas domiciliares são utilizadas como instrumento de identificação e avaliação do contexto familiar e favorecem a elaboração de um plano de intervenção pautado nas necessidades da pessoa idosa (ALVES & PAULIN, 2015; CARDOSO et al., 2019), permitindo a garantia da produção da linha de cuidado a estes usuários. Por ser uma prática cotidiana dos agentes comunitários e das equipes multiprofissionais, as visitas domiciliares são relevantes para a vigilância em saúde e para o estabelecimento de metas nesse nível de atenção. Contudo, estas podem se tornar ineficientes quando o profissional não consegue conhecer as reais necessidades do território, pois compromete o planejamento de ações e a produção do cuidado (SANTOS et al., 2016). Desse modo, compreende-se que, na produção da linha de cuidado ao idoso, o terapeuta ocupacional desenvolve ações com a população, com a equipe multiprofissional e condutas no território adscrito, garantidas a partir da interdisciplinaridade e da ampliação dos espaços de socialização, pautando-se no acolhimento, na criação e no fortalecimento de vínculos necessários para a 32 valorização da subjetividade do usuário, buscando oferecer o suporte adequado para a manutenção do envelhecimento ativo e saudável. Logo, as ações desenvolvidas com a população idosa pelo terapeuta ocupacional compreendem o cotidiano e a história de vida do usuário, organizando seus papéis, hábitos e rotinas, a fim de alcançar um desempenho ocupacional satisfatório e a descoberta de novas ocupações, tornando-se fundamentais para a promoção da qualidade de vida, preconizadas na linha de cuidado e para a eficácia dos serviços prestados nesse nível de atenção (ALVES & PAULIN, 2015; CARDOSO et al., 2019). 5 RISCO DE QUEDAS Fonte: shre.ink/mabe Todo mundo já sofreu alguma queda, pelo menos, uma vez na vida. Durante a infância, é muito comum que isso ocorra e normalmente não gera nenhuma consequência grave. Entretanto, nos idosos, cair pode levar a danos severos à saúde, podendo ter diversas causas, como acidentes, doenças neurológicas ou cardíacas, perda de equilíbrio postural ou doenças do sistema osteomuscular. De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (2021, documento on-line), as fraturas devido a tombos são, hoje, responsáveis por cerca de 70% das mortes acidentais em pessoas com mais de 75 anos; além disso, há dez vezes mais hospitalizações e oito vezes mais mortes por este motivo em idosos. Por isso, toda 33 avaliação do idoso deve levar em consideração a ocorrência passada desses declínios e o risco futuro (AMADOR, 2021). 5.1 Alterações fisiológicas do envelhecimento que podem aumentar o risco de queda em idosos O envelhecimento é um processo natural que gera alterações fisiológicas em todo o organismo e causa diminuição funcional. Essas alterações ocorrem na composição corporal, na pele, nos sistemas cardiovascular, nervoso, respiratório, hematopoiético, urinário, endócrino, digestório e musculoesquelético. Mas quais dessas alterações, de fato, podem interferir diretamente no risco de queda em idosos? Na musculatura ocorre a diminuição das fibras do tipo II, conhecidas como fibras de contração rápida, causando a redução da força. Entre 20 e 90 anos, a massa muscular diminui quase 50%. Após os 50 anos, o indivíduo perde cerca de 15% de massa muscular a cada década, podendo chegar a 30% por década aos 70 anos e a praticamente 50% aos 80 anos (FREITAS; PY, 2018).Os principais resultados da diminuição da massa muscular são as alterações na marcha, no movimento e no equilíbrio do indivíduo. Além do prejuízo motor, a diminuição e a fraqueza da musculatura também podem causar incontinência urinária. A incontinência urinária pode ocasionar a “urgência urinária”. Na pressa para chegar ao banheiro, o idoso pode cair no trajeto ou no próprio banheiro, ocorre com maior frequência à noite. Esses despertares noturnos aumentam expressivamente o risco de quedas nessa faixa etária. As alterações cardíacas, como contração prolongada, diminuição da resposta beta-adrenérgica, aumento da rigidez miocárdica e vascular, alteração do controle do sistema nervoso autônomo, diminuição dos barorreflexos arteriais, aumento do fluxo simpático, diminuição do fluxo vagal e decréscimo no consumo de oxigênio (VO2), influenciam diretamente na frequência cardíaca e no débito cardíaco, prejudicando o controle da pressão arterial (PA) sistêmica (FREITAS; PY, 2018). A hipotensão ortostática pode ocasionar síncope, tonturas e desequilíbrio motor, que são causas de queda comumente citadas por pessoas idosas. No sistema nervoso central, a perda do volume cerebral é de 2 a 3% a cada década depois dos 50 anos. A perda neuronal é mais evidente nos neurônios maiores no cerebelo e no córtex cerebral (FREITAS; PY, 2018). 34 Essas duas áreas estão envolvidas na modulação do controle motor, portanto, perdas neuronais mais severas nessas áreas podem causar sérios problemas na movimentação, no controle do movimento e na coordenação motora. Alterações estruturais e bioquímicas no encéfalo, como ocorrem nas doenças neurodegenerativas, também interferem diretamente no risco de queda. Patologias como Alzheimer e doenças de Parkinson causam morte neuronal desse modo, geram alterações cognitivas, comportamentais e motoras que aumentam a chance de queda no idoso. “Distúrbios cerebelares, tumores intracranianos e hematomas subdurais também podem causar instabilidade, com uma tendência à queda” (KANE et al., 2015, p. 249). As modificações que ocorrem na pele também interferem no risco de queda. No idoso, as pálpebras superiores tornam-se flácidas devido ao menor número de fibras elásticas e colágenas na pele. Essa flacidez pode impedir ou prejudicar a visão lateral, aumentando o risco de o idoso se chocar com objetos em casa ou na rua. Algumas alterações fisiológicas do envelhecimento podem agravar a queda no indivíduo idoso. A desidratação da pele, em razão da diminuição das glândulas sebáceas, e a redução de fibras elásticas e colágenas, ocasionando uma perda da resistência cutânea, aumentam o risco de lesão de tecidos moles após a queda. A lesão dos tecidos moles, associada ao aumento da rigidez vascular, à diminuição da vascularização da pele e à alteração do controle do sistema nervoso autônomo pode dificultar o processo de cicatrização. A deficiência de vitamina D, vista em muitos idosos, pode aumentar o risco de fraturas após queda. A hipovitaminose D favorece a ocorrência de osteomalácia, osteopenia e osteoporose. A fraqueza muscular também pode ocorrer, o que contribui para elevar ainda mais o risco de quedas e de fraturas ósseas em pacientes com baixa massa óssea (MAEDA et al., 2014). Todas as alterações fisiológicas supracitadas devem ser avaliadas com cautela e atenção durante a avaliação multidimensional do idoso. Entretanto, “[...] as causas exatas de muitas quedas permanecerão desconhecidas, mesmo após uma avaliação completa” (KANE et al., 2015, p. 249). As principais causas de quedas em idosos são (KANE et al., 2015): ➢ acidentes verdadeiros (tropeções, escorregões); 35 ➢ interações entre riscos ambientais e fatores que aumentam a suscetibilidade; ➢ síncope (perda súbita da consciência); ➢ crises de queda (fraqueza súbita das pernas sem perda de consciência); ➢ tontura e/ou vertigem; ➢ doença vestibular; ➢ doença do sistema nervoso central; ➢ hipotensão ortostática; ➢ hipovolemia e débito cardíaco baixo; ➢ disfunção autonômica; ➢ comprometimento do retorno venoso; ➢ repouso prolongado no leito; ➢ hipotensão induzida por medicamentos; ➢ hipotensão pós-prandial; ➢ causas relacionadas a medicamentos (anti-hipertensivos, antidepressivos, antiparkinsonianos, diuréticos, sedativos, antipsicóticos, hipoglicemiantes); ➢ uso de álcool; ➢ doença aguda de qualquer tipo (“queda premonitória”); ➢ doença cardiovascular (arritmias, doença cardíaca valvular); ➢ hipersensibilidade do seio carotídeo; ➢ doenças neurológicas (ataque isquêmico transitório); ➢ acidente vascular encefálico; ➢ distúrbio convulsivo; ➢ doença de Parkinson; ➢ espondilose cervical ou lombar (com compressão medular ou de raiz nervosa); ➢ doença cerebelar; ➢ hidrocefalia de pressão normal (distúrbio da marcha); ➢ lesões do sistema nervoso central (p. ex., tumor, hematoma subdural); ➢ causas urinárias (bexiga hiperativa; incontinência de urgência e noctúria). 36 6 NUTRIÇÃO DO IDOSO E SUAS DIFICULDADES Fonte: /shre.ink/maNG A nutrição é um elemento importante na saúde da população idosa, afetando o seu processo de envelhecimento, uma vez que a desnutrição está associada a um declínio no estado funcional, como por exemplo, prejuízo na função muscular, diminuição da massa óssea, disfunção imunológica, redução da função cognitiva, entre outros. Ao se considerar o aumento na expectativa de vida de um indivíduo, se deve analisar não só a longevidade, mas também, a sobrevida e a ausência de doenças. Sabe-se que, atualmente, os aspectos da nutrição e alimentação, no envelhecimento, exigem um olhar amplo sobre a saúde do idoso, não apenas no seu bem-estar físico (SANT’ANNA, 2019). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 9% da população brasileira é constituída por idosos. O Brasil será considerado a 6ª maior população de idosos do mundo (cerca de 31,8 milhões de pessoas), de acordo com projeções realizadas para 2025. Devido a esse envelhecimento populacional, é exigida uma preparação para as consequências sociais e econômicas proporcionadas por ele. No entanto, países em desenvolvimento não se mostram preparados para esse crescimento. Muitas vezes, o idoso é tratado como se estivesse na faixa etária adulta, não considerando que ele se encontra em uma fase diferenciada (VITOLO, 2008). 37 Entender as repercussões e consequências do crescimento da população idosa brasileira é um grande desafio para saúde pública, visto que houve uma transição nutricional ao longo das últimas décadas, ocorrendo a substituição de processos agudos ou de óbito por aumento do número de indivíduos acometidos por doenças crônicas não transmissíveis e suas complicações, que possuem relação direta com o consumo alimentar. Há, também, que se considerar que os idosos são muito susceptíveis à desnutrição em razão das alterações fisiológicas e anatômicas do próprio processo de envelhecimento que reduzem a sua capacidade funcional. 6.1 Características e alterações físicas dos idosos que comprometem o estado nutricional As alterações da composição corporal, durante o processo de envelhecimento, incluem perda de massa magra, de massa óssea, de água corporal e aumento proporcional da massa de gordura. A massa de gordura, também, é redistribuída, de forma resumida dos tecidos subcutâneos à gordura abdominal. A redução da massa magra é causada, principalmente, pelas perdas de tamanho e força dos músculos esqueléticos. Em média, o declínio acentuado da massa magra começa entre os 60 e 70 anos e chega a quase 40%, em comparação com os adultos jovens (MANN; TRUSWELL, 2011). A estabilidade do peso corporal, durante este processo, pode ser explicada pelo aumento simultâneo da gordura corporal e diminuição da massa magra, igualmente conhecida como sarcopenia.As causas da sarcopenia são multifatoriais e envolvem: ➢ redução da atividade física; ➢ redução da secreção do hormônio do crescimento; ➢ diminuição dos hormônios sexuais e taxa metabólica de repouso diminuída (AHMED; HABOUBI, 2010). Além disso, por causa da redução do consumo máximo de oxigênio e da atrofia das fibras musculares, os idosos precisam de um maior esforço físico para fazer a mesma tarefa. Por essa razão, os idosos diminuem ainda mais as suas atividades físicas e têm consumo energético menor. A Figura 2 demonstra um exemplo de sarcopenia: 38 Figura 2. Exemplo de sarcopenia em pessoa idosa. Fonte: Adaptado de Medeiros (2018). A perda involuntária de peso ocorre, principalmente, devido à má ingestão alimentar que pode ser causada por doença e fatores psicológicos. A caquexia é uma perda involuntária de massa isenta de gordura (músculo, órgão, tecido, pele e osso), sendo causada pelo aumento do catabolismo (AHMED; HABOUBI, 2010). Outra condição relacionada ao envelhecimento é a perda de massa óssea, conhecida como osteopenia, que pode progredir para a osteoporose. Ambas as condições são multifatoriais, mas a genética, a nutrição e o estilo de vida demonstraram estar associados a esses distúrbios (COLÓN et al., 2018). A deficiência de vitamina D é detectada comumente nos idosos em razão da síntese cutânea reduzida e, também, pela falta de exposição à luz solar. As ingestões de vitamina D, recomendadas para idosos que não podem se expor ao sol variam de 10 a 15ug/dia (MANN; TRUSWELL, 2011). As alterações no sistema renal incluem desgaste do córtex renal, esclerose das artérias glomerulares e espessamento da membrana basal glomerular que podem levar à diminuição da capacidade de concentrar a urina, menores níveis de renina e aldosterona, bem como a baixa hidroxilação da vitamina D (COLÓN et al., 2018). A desidratação pode causar constipação intestinal, impacção fecal, disfunção cognitiva e até levar à morte. A ingestão hídrica recomendada é de cerca de 39 1.500ml/dia e este volume deve ser ingerido, principalmente, entre as refeições para não ocasionar perda de apetite. As alterações na função cardiovascular fazem com que ocorra um depósito maior de matriz de colágeno na túnica média, além da perda de fibras de elastina e hipertrofia cardíaca com espessamento do septo. Também, há diminuição dos cardiomiócitos e aumento da matriz extracelular. Estas alterações causam rigidez vascular, disfunção endotelial e aumento do risco de arritmias (COLÓN et al., 2018). As intervenções dietéticas voltadas para o controle da hipertensão arterial (redução do peso, se houver sobrepeso, restrição do sal e limitação do consumo de álcool) são, particularmente, importantes para os idosos que são mais suscetíveis às reações adversas graves aos fármacos e podem responder, de forma mais favorável, à restrição de sal (MANN; TRUSWELL, 2011). 6.2 Dificuldades na confecção de planos alimentares para idosos Nas últimas décadas, a importância do estado nutricional em idosos tem sido reconhecida em várias condições mórbidas, como desnutrição, câncer, doenças cardiovasculares, demência e outras doenças crônicas não transmissíveis, portanto, a nutrição é um importante determinante da saúde em idosos. Normalmente, o padrão dietético do idoso continua semelhante àquele estabelecido pelos hábitos da juventude e, para a elaboração de planos alimentares nessa faixa etária, há que se considerar os seus hábitos alimentares que, provavelmente, se encontram muito enraizados, proporcionando dificuldade de memorização das novas informações. No entanto, se estes fatores forem bem investigados, o plano alimentar poderá ser mais bem definido e os resultados mais efetivos. Em relação ao metabolismo glicídico, ocorre o aumento da gordura visceral e infiltração de tecido adiposo, além da redução da massa de células beta pancreáticas. Estes fatores podem levar ao aumento da produção de adipocinas, fatores inflamatórios e maior resistência à insulina e, consequentemente, o diabetes melito tipo II. Esta enfermidade deve ser controlada por meio de redução do peso, dieta controlada, atividade física e uso de agentes hipoglicemiantes (COLÓN et al., 2018; MANN; TRUSWELL, 2011). 40 À medida que as pessoas envelhecem, ocorrem várias mudanças no organismo que podem ou não afetar o estado nutricional de um indivíduo e, especialmente, para os idosos, estas mudanças são causadas pelo próprio processo de envelhecimento ou, ainda, estarem relacionadas a condições médicas ou ao estilo de vida. Algumas das condições que dificultam a ingestão alimentar do idoso e, assim, a confecção de planos alimentares para essa faixa etária serão descritas a seguir. Condições que dificultam a ingestão alimentar do idoso ➢ Perda de apetite: Na maioria das vezes, a diminuição de energia é uma resposta ao declínio no gasto de energia que acontece em virtude da idade. No entanto, em muitos idosos, a diminuição na ingestão de energia é maior que a diminuição no gasto de energia e, portanto, o peso corporal é perdido. Esta redução fisiológica relacionada ao apetite e ao consumo de energia tem sido denominada anorexia do envelhecimento (AHMED; HABOUBI, 2010). A perda de apetite no idoso é frequentemente associada à redução do paladar e do olfato, que ocorre em até 50% dos idosos. Os efeitos do envelhecimento sobre as percepções de olfato e paladar podem alterar ou diminuir a ingestão de alimentos, pois ocorre uma perda progressiva no número de papilas gustativas e um aumento das papilas gustativas específicas para sabores amargos ou azedos (AMARYA; SINGH; SABHARWAL, 2015). ➢ Inabilidade para preparar/ingerir alimentos: A inabilidade para ingerir alimentos pelo idoso pode ser causada por confusão, diminuição da consciência, demência, fraqueza ou artrite nos braços, ou mãos, disfagia, vômitos, condições dolorosas da boca, má higiene bucal ou problemas de dentição, restrições impostas por cirurgia, falta de ajuda durante a alimentação em hospitais ou instituições de longa permanência para idosos (MCLEOD, 2011). ➢ Disfagia: O reflexo de deglutição é primordial para alimentação adequada. Para que aconteçam todos os fenômenos mecânicos que compõem o ato de deglutir, a mandíbula precisa estar estabilizada em uma posição específica. Nos idosos, além de ocorrerem alterações na função da laringe e do osso hioide, que participam da deglutição, a 41 estabilidade da mandíbula de forma regular é comprometida por problemas na deglutição e na capacidade cognitiva. A necessidade de se avaliar a dentição e a presença de disfagia em idosos, mesmo quando não se queixam, é muito importante para a manutenção da nutrição oral (MAGNONI; CUKIER, 2005). Próteses mal ajustadas podem, inconscientemente, mudar padrões alimentares devido à dificuldade de mastigar, levando à ingestão de uma dieta macia, pobre em fibras (presentes em frutas e legumes) e à redução do consumo de carnes. ➢ Isolamento social e más condições socioeconômicas: Fatores que podem influenciar negativamente a saúde e a nutrição dos idosos são a falta de apoio familiar em momentos de necessidade, sentimento de não ser desejado, falta de sistema de valores entre os membros da família, condições estressantes que levam a tensões e à solidão desencadeiam desinteresse em viver e comer, resultando em desnutrição (MCLEOD, 2011). Por não terem alguém que os ajude em suas atividades rotineiras, sirva de companhia e lhes dedique cuidados, acabam sofrendo com o isolamento, tendo decréscimo na qualidade de vida e agravamento da morbidade, constituindo, até mesmo, um indicador de risco de mortalidade. Assim, os idosos que residem sozinhos estariam mais vulneráveis a apresentar distúrbios nutricionais, sejam por déficit ou de excessos na alimentação (PEREIRA; SPYRIDES; ANDRADE,
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