Buscar

TERAPIA-OCUPACIONAL-NA-SAÚDE-DO-IDOSO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 
2 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ................................................................. 4 
2.1 Teorias do processo ........................................................................................... 5 
2.2 Alterações morfofisiológicas decorrentes do envelhecimento ............................ 8 
2.3 Envelhecimento cutâneo intrínseco .................................................................... 9 
2.4 Envelhecimento cutâneo extrínseco ................................................................. 12 
2.5 Manifestações do processo de envelhecimento cutâneo .................................. 13 
3 POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO .................................................................... 16 
3.1 História das políticas ......................................................................................... 18 
3.2 Políticas públicas de atenção à saúde do idoso ............................................... 21 
3.3 Os idosos no Brasil e a conquista de direitos ................................................... 23 
4.1 Métodos de Avaliação em Terapia Ocupacional ............................................... 31 
5 RISCO DE QUEDAS .......................................................................................... 32 
5.1 Alterações fisiológicas do envelhecimento que podem aumentar o risco de queda 
em idosos .............................................................................................................. 33 
6 NUTRIÇÃO DO IDOSO E SUAS DIFICULDADES ............................................ 36 
6.1 Características e alterações físicas dos idosos que comprometem o estado 
nutricional .............................................................................................................. 37 
6.2 Dificuldades na confecção de planos alimentares para idosos ......................... 39 
7 REABILITAÇÃO COGNITIVA ............................................................................ 42 
7.1 Doença de Parkinson ........................................................................................ 42 
7.2 Doença de Alzheimer ........................................................................................ 44 
7.3 Apoio às famílias de pacientes das doenças de Parkinson e Alzheimer .......... 46 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 48 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO 
 
Fonte: shre.ink/maud 
O processo de envelhecimento é caracterizado por uma série de modificações 
inevitáveis, de propriedades básica, fisiológica e bioquímica, que afetam todos os 
tecidos do organismo e levam à perda progressiva das funções dos vários órgãos. 
Entre os sistemas que sofrem ação do processo de envelhecimento está o sistema 
tegumentar. À medida que envelhece, o sistema tegumentar lida com diversas 
modificações que causam déficits funcionais e estéticos e que desencadeando alguns 
distúrbios cinético-funcionais (MATIELLO, 2020). 
O envelhecimento populacional é um fenômeno decorrente da diminuição das 
taxas de natalidade, mortalidade e consequente aumento da expectativa de vida. Este 
processo ocasionou alterações na estrutura etária dos países, exigindo mudanças nos 
padrões sociais, cabendo à sociedade e aos governantes a elaboração de estratégias 
que garantam a proteção, segurança e manutenção dos direitos das pessoas idosas 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006; MIRANDA et al., 2016). 
O envelhecimento é um processo complexo e multifatorial, que ocorre em todo 
o organismo e é influenciado por causas internas, como a genética, e por agentes 
externos, como fatores ambientes e comportamentais (RIBEIRO, 2010). É um 
processo que surge de maneira natural e inevitável, que tem início assim que 
nascemos - entretanto, fica mais evidente após a terceira idade (KAMIZATO; BRITO, 
2014). Mesmo sendo um processo natural, advém de diferentes maneiras entre as 
 
5 
 
pessoas, sendo que a qualidade com que o envelhecimento ocorre está diretamente 
relacionada com a qualidade de vida (BORGES, 2010). 
2.1 Teorias do processo 
Acerca da etiologia, as causas do envelhecimento ainda não são 
completamente compreendidas, de modo que diversas teorias buscam explicar esse 
processo. Dentre as teorias mais aceitas hoje em dia para explicar o processo de 
envelhecimento, destacam-se as elencadas a seguir. 
➢ Teoria das reações cruzadas de macromoléculas: defende que as 
macromoléculas existentes no organismo (proteínas, colágeno, DNA 
etc.) sofrem reações cruzadas com outras moléculas ao longo do tempo 
e, com isso, perdem as características básicas. Dessa forma, a 
mobilidade e a elasticidade dos tecidos são reduzidas, causando o 
envelhecimento (KAMIZATO; BRITO, 2014). 
➢ Teoria dos radicais livres: é a teoria mais aceita atualmente, devido à 
sua fidedignidade, e defende que o envelhecimento é causado pela ação 
de radicais livres. Segundo Kamizato e Brito (2014), os radicais livres 
são moléculas bastante instáveis, resultantes do metabolismo do 
oxigênio no organismo, e estão presentes, de maneira fisiológica, em 
pequenas concentrações nos tecidos. Em condições fisiológicas, o 
organismo possui algumas moléculas protetoras, que minimizam a ação 
dos radicais livres sobre os tecidos, chamadas de antioxidantes. 
Contudo, algumas situações podem contribuir para que a quantidade de 
radicais livres formada nos tecidos cresça, como em resposta à 
exposição solar, à má alimentação, à inflamação, à poluição, dentre 
outros fatores. 
➢ Teoria da multiplicação: defende que todas as células do organismo 
(com exceção das células cerebrais) possuem a capacidade de se 
multiplicar. À medida que os anos passam, as taxas se reduzem pouco 
a pouco, até a multiplicação cessar de modo completo (GUIRRO; 
GUIRRO, 2004). Atualmente não é uma teoria tão aceita, uma vez que 
 
6 
 
apenas explica uma consequência esperada do envelhecimento, e não 
a causa. 
➢ Teoria do relógio biológico: também chamada de teoria genética. Foi 
a primeira teoria que surgiu e se pauta na explicação de que o organismo 
possui um relógio biológico, que determinaria quando se inicia o 
envelhecimento e marcaria datas em que os sinais e sintomas ficariam 
mais evidentes. Acredita-se que esse relógio biológico seria controlado 
por níveis hormonais, cujo centro regulador seria o DNA e o RNA das 
células (GUIRRO; GUIRRO, 2004; KAMIZATO; BRITO, 2014). 
➢ Teoria do desgaste: defende que o organismo é semelhante a uma 
máquina e, como qualquer outra máquina, sofre desgaste com o tempo. 
Assim, pequenos desgastes dos vários componentes do organismo 
resultariam no envelhecimento tecidual (GUIRRO; GUIRRO, 2004). 
➢ Teoria autoimune:defende que mutações sucessivas levariam ao 
surgimento de células com DNA capaz de decodificar a síntese de 
produtos diferentes dos normais, de modo que o corpo pudesse 
reconhecê-los como estranhos e, com isso, desencadeasse uma 
resposta imune. Essa reação, mesmo discreta, seria capaz de acelerar 
o envelhecimento dos tecidos (GUIRRO; GUIRRO, 2004). 
Na prática, nenhuma dessas hipóteses consegue explicar com exatidão o 
processo de envelhecimento do organismo. Além disso, as teorias se conectam 
entre si, algumas citam aspectos intrínsecos referentes ao envelhecimento, 
enquanto outras citam aspectos extrínsecos, relacionados a condições externas 
ao organismo. Quando juntas, essas conjecturas conseguem criar explicações 
possíveis para as alterações que surgem nos tecidos à medida que se envelhece. 
Com base nas teorias citadas, determinados fatores de natureza interna ou 
externa ao organismo estão mais relacionados com o processo de 
envelhecimento. Considerando isso, Ribeiro (2010) comenta os mecanismos pelos 
quais alguns desses princípios atuam no organismo. Segundo o autor, agentes 
como radiação solar, genética, radicais livres, temperatura, tabagismo, perda 
súbita de peso, cor da pele, presença de certas patologias, nutrição hipercalórica, 
níveis hormonais e, ainda, quaisquer antecedentes comportamentais atuam 
 
7 
 
induzindo e acelerando o envelhecimento dos tecidos, conforme descrito a seguir 
(RIBEIRO, 2010). 
➢ Radiação solar: trata-se de um fator extrínseco que é atualmente um 
dos fatores externos mais aceitos e estudados em relação ao 
envelhecimento. 
➢ Genética: as diferenças de longevidade entre as raças corroboram com 
a ideia de que há influência genética no processo de envelhecimento. 
➢ Radicais livres: com o avançar da idade, a quantidade de moléculas 
antioxidantes no organismo decresce, enquanto a produção de radicais 
livres aumenta. Essa condição induz ao envelhecimento. 
➢ Temperatura: há relatos de que extremos de temperatura, tanto de frio 
como de calor, poderiam influenciar a velocidade do processo de 
envelhecimento dos tecidos. Altas temperaturas estariam associadas a 
danos proteicos nas moléculas de DNA e RNA, enquanto baixas 
temperaturas dificultariam a circulação. 
➢ Tabagismo: dentre diversos mecanismos patológicos, a nicotina 
presente no cigarro induz a produção de radicais livres, de modo que os 
tecidos envelhecem mais rapidamente em pessoas que fumam. Além 
disso, segundo Ribeiro (2010), o consumo de cigarro está relacionado a 
maiores taxas de elastose cutânea, que predispõem ao surgimento de 
rugas e aos aspectos de “face de fumante”. Ainda, a contração muscular 
das estruturas ao redor da boca para segurar o cigarro e a contração 
muscular ao redor dos olhos decorrente da irritação causada pela 
fumaça aumentam a formação de rugas na pele. 
➢ Perda súbita de peso: a redução rápida no peso causa diminuição do 
volume de células graxas, que suportam a pele, gerando peles flácidas 
e debilitadas em diversas áreas corporais e faciais. 
➢ Cor da pele: pessoas de pele negra apresentam sinais e sintomas 
relacionados ao envelhecimento mais tardiamente. Essa característica 
está relacionada com a presença de maior quantidade de melanina em 
peles de fototipos mais elevados, que absorve maiores quantidades de 
radiação solar, protegendo a pele. 
 
8 
 
➢ Patologias: a presença de certas doenças pode refletir na velocidade e 
na intensidade dos sinais do envelhecimento, sobretudo patologias 
sistêmicas, que afetam os sistemas imunológico, hormonal etc. 
➢ Nutrição hipercalórica: a alimentação com níveis calóricos elevados 
está relacionada à maior intensidade nos sinais do envelhecimento, 
assim como ao surgimento deste precocemente. 
➢ Níveis hormonais: o declínio de certos hormônios, como o estrogênio, 
interfere nos tecidos do organismo, como na pele, tornando-a mais seca, 
fina e com redução da barreira de proteção. Ainda, ocorre redução de 
colágeno e elastina, causando o aparecimento precoce de 
envelhecimento. 
➢ Comportamentos: alimentação equilibrada, atividade física regular, 
consumo controlado de bebidas e não fumar estão relacionados a um 
ganho de aproximadamente 14 anos na idade, quando se consideram 
as características da pele (RIBEIRO, 2010). Em contrapartida, 
comportamentos baseados nesses hábitos aceleram o envelhecimento 
dos tecidos. Além desses fatores, outros aspectos relacionados a 
condições internas ou externas do organismo podem ser pontuados 
como causadores do envelhecimento. 
2.2 Alterações morfofisiológicas decorrentes do envelhecimento 
Destaca-se que o processo de envelhecimento afeta o organismo como um 
todo, incluindo todos os sistemas, como os sistemas tegumentar, muscular, ósseo, 
nervoso, dentre outros, resultando no surgimento de sinais e sintomas esperados do 
envelhecimento. Quando afeta o sistema tegumentar, o envelhecimento é chamado 
de cutâneo. No envelhecimento cutâneo, de forma geral, a pele de todo o organismo 
é afetada; entretanto, as regiões mais expostas, como a face, apresentam 
características mais visíveis. 
Atualmente, o envelhecimento cutâneo é visto como um fenômeno multifatorial, 
resultado da interação de fatores internos (relacionados à genética) e fatores externos 
(comportamentais), que interagem sobre o tecido tegumentar, de modo a 
 
9 
 
desencadear alterações fisiológicas. Estas geram distúrbios cinético-funcionais e, 
ainda, predispõem ao surgimento de afecções dermatológicas. 
Essa etiologia multifatorial do envelhecimento cutâneo nos faz entender por que 
há tantas diferenças no envelhecimento entre as pessoas - algumas envelhecem 
precocemente, enquanto outras apresentam sinais tardiamente. A ação de múltiplos 
fatores nesse processo faz com que cada organismo envelheça de forma particular, 
de acordo com as características genéticas e com os hábitos adquiridos ao longo da 
vida (BORGES; SCORZA, 2016). 
Conforme a ação desses fatores sobre a pele, o envelhecimento cutâneo é 
classificado como intrínseco ou extrínseco. 
2.3 Envelhecimento cutâneo intrínseco 
O envelhecimento cutâneo intrínseco é também designado por envelhecimento 
cutâneo cronológico, cronossenescência ou dermatocronossenescência (KEDE; 
SABOTOVICK, 2004). Essa classificação defende que a carga genética, hereditária e 
idade cronológica (em anos) do paciente é a responsável pelas mudanças que 
causam o envelhecimento da pele (BORGES; SCORZA, 2016). Esses fatores causais 
não são passíveis de controle pelo paciente, uma vez que estão relacionados a 
condições inacessíveis. 
Esse tipo de envelhecimento afeta todo a estrutura cutânea de maneira 
homogênea, pois toda a pele sofre a ação dos fatores internos do organismo. Ainda, 
afeta todas as pessoas de maneira geral, com sinais visíveis especialmente a partir 
da quarta década de vida (KEDE; SABOTIVICK, 2004). A ação desse tipo de 
envelhecimento sobre a pele provoca alterações morfofisiológicas que interferem no 
funcionamento das diferentes camadas teciduais, causando alterações específicas na 
epiderme e na derme, conforme descrito a seguir. 
Na epiderme, observa-se redução do número de queratinócitos, afinamento e 
redução nas taxas de proliferação celular. Além de haver redução no número de 
queratinócitos na epiderme, essas células ainda aumentam de tamanho, tornando-se 
menos aderentes umas às outras. Isso resulta em prejuízos na função de barreira 
desempenhada pela pele, interferindo inclusive na resistência a agressões externas, 
 
10 
 
representando maior fragilidade. Quando a pele é exposta ao sol, eles são 
responsáveis por causar distúrbios de pigmentação. 
A maior perda de água pela epiderme, aliada ao afinamento dessa camada, 
predispõem ao ressecamento da pele, o que é comum na pele envelhecida. A redução 
nas células receptivas interfere negativamente na capacidade de sensibilidade 
cutânea.Já as alterações nos melanócitos predispõem que a pele envelhecida seja 
mais facilmente acometida por manchas escuras. 
 Kede e Sabotovick (2004) comentam que, devido a essas alterações na 
epiderme, a pele resultante do envelhecimento intrínseco é fina, seca, lisa, com 
aparência de papel de cigarro. A cor observada nessa pele é pálida, podendo haver 
manchas acastanhadas no caso de disfunções dos melanócitos. Conforme apontam 
Guirro e Guirro (2004), essas características deixam a pele com aspecto hipotrófico. 
Na derme, observam-se alterações no funcionamento dos fibroblastos (células 
responsáveis pela síntese de colágeno e elastina na pele). Com o envelhecimento, 
tem-se redução no número dessas células na derme, assim como é observada 
redução na síntese de fibras de colágeno e elastina. Outra característica importante 
do envelhecimento intrínseco sobre a derme é a redução de glucosaminoglicanos, 
como o ácido hialurônico e o sulfato de dermatano, o que resulta em menor quantidade 
de água na derme. 
Acerca das fibras de colágeno, observam-se fibras mais compactas, com 
formação de ligações cruzadas entre essas macromoléculas, o que reduz a 
resistência desse tecido, ao mesmo tempo que o torna mais rígido (KAMIZATO; 
BRITO, 2014). As fibras de elastina também sofrem modificações, e, nesse caso, 
ocorre degradação dessas fibras de maneira progressiva, aliada a alterações na 
composição da elastina. Esta, na pele jovem, apresenta formação de fibras verticais; 
na pele envelhecida, essa disposição é perdida e substituída por fibras horizontais, 
comprometendo a elasticidade da pele (RIBEIRO, 2010). Observa-se ainda, na 
derme, elevação na ação de enzimas proteolíticas com o avançar da idade. Essas 
fibras degradam a matriz extracelular, incluindo as fibras de colágeno e elastina, 
aumentando o comprometimento tecidual. 
 Em síntese, a redução do número e da função dos fibroblastos culmina com 
prejuízos nas fibras proteicas da derme. As alterações nas fibras elásticas da derme 
culminam com a redução da elasticidade da pele, tornando-a menos elástica. As 
 
11 
 
alterações nas fibras de colágeno, aliadas à redução da matriz extracelular, 
comprometem a capacidade de sustentação dos tecidos, predispondo ao surgimento 
de flacidez da pele. A redução na quantidade de glucosaminoglicanos predispõe à 
desidratação da derme e à piora do quadro de ressecamento, que já existe em virtude 
das alterações epidérmicas. 
Além de ocorrerem alterações morfofisiológicas na pele (epiderme e derme), 
algumas alterações podem ser evidenciadas na hipoderme, camada tecidual que fica 
logo abaixo da derme. Pelo fato de a hipoderme dar suporte à derme e auxiliar na 
fixação da pele aos órgãos adjacentes, alterações nesse tecido influenciam também 
as camadas mais superficiais. 
Nessa camada, observa-se redução da densidade dos adipócitos, resultando 
em atrofia (KAMIZATO; BRITO, 2014). Essa alteração na hipoderme, associada à 
redução do tecido muscular, culmina com o aspecto de acolchoamento da pele, com 
redução do tecido de fixação da pele às demais estruturas. A atrofia da hipoderme, 
associada à hipotrofia do tecido muscular, reduzem a capacidade de suporte da pele 
e predispõem à flacidez tissular e muscular, respectivamente. 
 A comunicação entre a derme e a epiderme é prejudicada à medida que 
acontece o envelhecimento da pele, especialmente pelas alterações que acontecem 
em cada uma dessas camadas, resultando em modificações estruturais e funcionais. 
Ribeiro (2010) comenta que, na pele jovem, a ligação entre epiderme e derme é feita 
por meio de microvilosidades, o que garante boa adesão; já na pele envelhecida, 
essas vilosidades desaparecem, causando um aplainamento da junção 
dermoepidérmica e reduzindo a capacidade de comunicação entre essas camadas. 
Além dessas alterações morfofisiológicas que acontecem especificamente em 
cada camada da pele, há algumas modificações que ocorrem à medida que o 
envelhecimento intrínseco acontece e que interferem em todo o tecido cutâneo. Essas 
alterações envolvem: 
➢ redução da microcirculação sanguínea; 
➢ alterações na glândula sebácea e sudorípara; e 
➢ declínio na produção de vitamina D. 
Todas as camadas da pele sofrem com redução do suprimento sanguíneo, 
decorrente de alterações gerais na permeabilidade vascular e alterações na pressão 
 
12 
 
arterial (KAMIZATO; BRITO, 2014). Esse déficit circulatório culmina com menor 
disponibilidade de nutrientes e oxigênio às células, gerando redução das atividades 
desempenhadas por elas, e, visivelmente, a pele se torna mais pálida. 
As glândulas sebáceas, se tornam hiperplásicas (aumentam de volume) à 
medida que envelhecem e à medida que a quantidade de secreção produzida reduz, 
decorrente da falta de estímulo hormonal, tornando a pele mais predisposta ao 
ressecamento. Enquanto isso, há redução do número das glândulas sudoríparas e, 
ainda, redução na liberação de secreção. 
 A redução na síntese de vitamina D, função relevante da pele, resulta em 
menor proteção da pele contra radiação solar e, ainda, interfere no metabolismo de 
todo o organismo. Salienta-se que a vitamina D é uma substância empregada no 
funcionamento de diversos sistemas. 
2.4 Envelhecimento cutâneo extrínseco 
O envelhecimento cutâneo extrínseco é também chamado de 
fotoenvelhecimento ou actinossenescência (KEDE; SABOTOVICK, 2004). Essa 
classificação defende que o envelhecimento da pele é decorrente da exposição 
repetida e excessiva a condições ambientes prejudiciais, como radiação solar, radicais 
livres, hábitos alimentares inadequados, tabagismo, temperatura, inatividade física, 
dentre outros fatores. Tais fatores tornam o processo de envelhecimento mais rápido, 
causando um envelhecimento precoce da pele (BORGES; SCORZA, 2016). 
 Dentre esses fatores, a exposição à radiação solar tem um peso etiológico 
importante, assim como o tabagismo. A radiação solar apresenta efeitos variados 
sobre a pele no que tange ao envelhecimento, uma vez que os efeitos dependem do 
tipo de pele, do tempo, da frequência e da intensidade da explanação ao sol. 
Assim como a radiação solar, o tabagismo possui uma ação deletéria sobre a 
pele, induzindo ao envelhecimento extrínseco. Destaca-se que o hábito de fumar, 
além de aumentar a produção de radicais livres, causa vasoconstricção tecidual, 
reduzindo o aporte de sangue que chega aos tecidos, incluindo a pele. Essa condição 
compromete a função desempenhada pelas células (BORGES; SCORZA, 2016). 
Destaca-se que, no caso do envelhecimento extrínseco, diferentemente do 
intrínseco, as alterações cutâneas não acontecem de forma homogênea em todo o 
 
13 
 
corpo, pois a exposição a alguns fatores causais é maior nas áreas de pele mais 
expostas. Quando o indivíduo envelhece, os sinais são mais perceptíveis em áreas 
de face, pescoço e dorso de mãos, resultantes da exposição crônica a sol, frio, calor 
extremo e poluição. Além disso, essas alterações não acometem todas as pessoas 
de maneira geral - apenas aquelas com comportamentos que desencadeiam esse tipo 
de (KEDE; SABOTOVICK, 2004). 
No processo do envelhecimento extrínseco, as condições ambientais 
prejudiciais à pele se somam às causas do intrínseco, de modo que há uma 
acentuação das alterações. De maneira geral, envelhecer pode sintetizar como 
alterações anatômicas e funcionais cutâneas: 
➢ diminuição da hidratação tecidual; 
➢ palidez; 
➢ aumento da fragilidade cutânea; 
➢ redução da elasticidade; 
➢ redução das taxas de renovação celular; 
➢ redução da capacidade de sustentação da pele; 
➢ rarefação e branqueamento dos pelos; 
➢ redução da capacidade de barreira da pele, predispondo a lesões 
externas; 
➢ redução da capacidade imune. 
Observa-se que o envelhecimento cutâneo evolui com um declínio funcional, 
que acomete as diferentes estruturas anatômicas e funcionais da pele e dos tecidos 
próximos.2.5 Manifestações do processo de envelhecimento cutâneo 
As rugas são as principais queixas relacionadas ao envelhecimento, por 
comprometerem a aparência facial, em especial. Segundo Kamizato e Brito (2014), 
de acordo com a profundidade, podem ser classificadas em superficiais ou profundas. 
Enquanto as rugas superficiais desaparecem ao estiramento da pele e são 
resultados da perda de fibras elásticas na derme, as rugas profundas não 
 
14 
 
desaparecem ao estiramento tecidual e normalmente estão relacionadas com a 
exposição à radiação solar. 
 Além da classificação de profundidade, as rugas podem ser classificadas em 
três categorias: estáticas, dinâmicas ou gravitacionais. Segundo Borges e Scorza 
(2016), as rugas estáticas se caracterizam pelo não desaparecimento dos sulcos e 
das dobras mesmo sem contração da musculatura e normalmente atingem a área dos 
olhos, a região frontal, o sulco nasogeniano e a região peribucal. As rugas dinâmicas 
são resultantes de expressões faciais e ocorrem pelo movimento repetitivo da 
musculatura, acometendo áreas semelhantes às das rugas estáticas. Por fim, 
existem as rugas gravitacionais, que são causadas pela ação da gravidade sobre a 
pele flácida, de modo que esse tipo de ruga causa a “queda” da pele. 
Ao avaliar a presença de rugas, é importante que o fisioterapeuta possa 
graduar a presença desses sinais de envelhecimento. Para isso, sugere-se o uso da 
escala de Glogau. O Quadro 1 traz uma breve explicação dessa graduação. 
Quadro 1. Escala de Glogau. 
Tipo Idade Características 
1 20 a 30 anos Ausência de rugas, poucas alterações de 
pigmentação e ausência de lesões querotósicas. 
2 30 a 40 anos Rugas dinâmicas, lentigos senis e queratoses 
palpáveis. 
3 50 a 60 anos Rugas estáticas, melanoses, telangiectasias, 
queratoses visíveis (lesão vermelha e escamosa) 
4 Acima de 60 anos Rugas estáticas e gravitacionais, pele de coloração 
amarelo-acinzentada, presença de discromias; pode 
haver lesões malignas e pele actínica. 
Fonte: Adaptado de Kamizato e Brito (2014). 
De modo geral, considerando-se todas as alterações morfofisiológicas que 
acontecem no envelhecimento cutâneo, pode-se dizer que a pele envelhecida, além 
de ser acometida por rugas, é também acometida por flacidez tissular, flacidez 
muscular, hipercromias e ressecamento. Essas disfunções são consideradas 
distúrbios cinético-funcionais, presentes de maneira associada e em diferentes níveis 
de acometimento, causando alterações na funcionalidade desses tecidos e na 
aparência. 
 
15 
 
Em relação à flacidez de pele, a fisiopatologia desse sinal do envelhecimento 
está relacionada à diminuição dos componentes responsáveis pela sustentação 
cutânea, incluindo a redução do número de fibroblastos, a maior rigidez das fibras de 
colágeno e abreviação de fibras de elastina, associadas a perdas de outros 
componentes da matriz extracelular (BORGES, 2010). A flacidez de pele é 
evidenciada por um aspecto de pele frouxa, e o principal sinal é o surgimento de 
ptoses. Estas são caracterizadas como “quedas teciduais”, que podem aparecer em 
diversas regiões, em especial na face. A Figura abaixo mostra um quadro de ptose na 
região do pescoço. 
Figura 1. Sinal de ptose. 
 
 
 
16 
 
3 POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO 
 
Fonte: shre.ink/mabQ 
Para amparar as necessidades do idoso, sancionou-se, em 1994, o primeiro 
registro jurídico brasileiro, desenvolvido para este público, denominado Política 
Nacional do Idoso, também conhecida como Lei do Idoso. Esta Lei visa a garantia dos 
direitos sociais, promovendo a autonomia, inclusão e participação dos usuários com 
idade igual ou superior a 60 anos em diversos âmbitos como: saúde, previdência 
social, habitação e educação (Lei nº 8.842, 1994; FONTINELE, 2019). 
A política nacional de saúde da pessoa idosa (PNSPI), instituída pela portaria 
2.528/GM de 19 de outubro de 2006, busca garantir a atenção adequada e digna para 
a população idosa brasileira, visando sua integração. Nesta política, estão definidas 
as diretrizes norteadoras de todas as ações no setor de saúde e indicadas as 
responsabilidades institucionais para o alcance da proposta. Além disso, ela orienta o 
processo contínuo de avaliação que deve acompanhar seu desenvolvimento, 
considerando possíveis ajustes determinados pela prática. 
Sua implementação compreende a definição e/ou readequação de planos, 
programas, projetos e atividades do setor da saúde, direta ou indiretamente 
relacionados com seu objeto. A PNSPI tem por objetivo permitir um envelhecimento 
saudável, o que significa preservar a sua capacidade funcional, sua autonomia e 
manter o nível de qualidade de vida, em consonância com os princípios e diretrizes 
do Sistema Único de Saúde (SUS) que direcionam medidas individuais e coletivas em 
 
17 
 
todos os níveis de atenção à saúde. São diretrizes norteadoras da Política Nacional 
de Saúde do Idoso: 
➢ Promoção do envelhecimento ativo e saudável; 
➢ Atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa; 
➢ Estímulo às ações intersetoriais, com vistas à integralidade da atenção; 
➢ Implantação de serviços de atenção domiciliar; 
➢ Acolhimento preferencial em unidades de saúde, com respeito ao 
critério de risco; 
➢ Provimento de recursos para assegurar qualidade da atenção à saúde 
da pessoa idosa; 
➢ Fortalecimento da participação social; 
➢ Formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS 
na área de saúde da pessoa idosa; 
➢ Divulgação e informação sobre a política nacional de saúde da pessoa 
idosa para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS; 
➢ Promoção de cooperação nacional e internacional das experiências na 
atenção à saúde da pessoa idosa; e 
➢ Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas. 
A PNSPI também aponta estratégias para: 
➢ Implantação da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa; 
➢ Edição e distribuição do caderno de atenção básica – Envelhecimento 
e Saúde da Pessoa Idosa, nº 19; 
➢ Realização do Curso de Educação a Distância em Envelhecimento e 
Saúde da Pessoa Idosa – EAD; 
➢ Elaboração do Plano Integrado de Ações de Proteção à Pessoa Idosa 
SUAS-SUS; 
➢ Edição e distribuição do Guia Prático do Cuidador; 
➢ Criação e implantação do Plano Nacional de Formação de Cuidadores 
de Idosos Dependentes na Rede de Escolas Técnicas do SUS (RET-
SUS); 
➢ Publicação da portaria sobre Prevenção e Cuidado à osteoporose e 
quedas (Portaria nº 3.213/GM de 20 dezembro de 2007); 
 
18 
 
➢ Ampliação de acesso à consulta no Programa Olhar Brasil (Portaria 
n/33/ SAS de 23 de janeiro de 2008); 
➢ Fomento à pesquisa na área de Envelhecimento de Saúde da Pessoa 
Idosa; 
➢ Implementação do Programa de Internação Domiciliar; e 
➢ Fomento ao acesso e uso racional de medicamentos (Portaria nº 
2.529/GM de 19 de outubro de 2006). 
3.1 História das políticas 
O Brasil tem procurado se organizar para atender à crescente demanda 
relacionada com as necessidades que surgem em decorrência do envelhecimento da 
população, preparando-se para enfrentar as questões da saúde e do bem-estar dos 
idosos, ao mesmo tempo em que o SUS está sendo regulamentado. A Política 
Nacional do Idoso (PNI), promulgada em 1994 e regulamentada pelo Decreto nº 1948, 
de 03 de junho de 1996, assegura direitos sociais à pessoa idosa, ao criar condições 
para promover sua autonomia, sua integração e sua participação efetiva na sociedade 
e reafirmar seu direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS. 
É possível observar ações inespecíficas de cuidado ao idoso tanto na atenção 
primária quanto na estratégia saúde da família, o que tem impacto negativo na 
qualidade de vida e bem-estar dessa parte da população. O olhar de cautela ao idoso 
precisa estar focado na promoção da funcionalidade, e não na doença. Para a 
população idosa, a saúde não se restringe apenas ao controle e à prevenção de 
agravos à saúde causadospor doenças crônicas não transmissíveis, mas também à 
interação entre a saúde física e mental, a independência financeira, a capacidade 
funcional e o suporte social. 
A implantação de uma política pública de saúde voltada para as pessoas idosas 
no Brasil vem de janeiro de 1994. Em termos de proteção legal a esse segmento da 
sociedade, você pode destacar a Lei Eloy Chaves de 1923, que trata do sistema 
previdenciário, e algumas referências em artigos do Código Civil em 1916, do Código 
Penal em 1940 e do Código Eleitoral em 1965. Historicamente, as políticas públicas 
na área da saúde sempre foram direcionadas para um público de país jovem, com 
políticas sociais e sanitárias direcionadas à população materno-infantil. 
 
19 
 
Apenas nos anos 1970 é que o processo sociopolítico começou a operar 
mudanças diante do novo perfil da população, assim, alguns marcos históricos foram 
consagrados: 
➢ 1974 - Por meio da Lei nº 6.179, foi criada a Renda Mensal Vitalícia, pelo 
então Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) referente à 
aposentadoria. 
➢ 1977 - A Lei nº 6.439 cria o Sistema Nacional de Previdência e 
Assistência Social (SINPAS), que integra vários Institutos para unificar a 
assistência previdenciária. 
➢ 1982 - Foi realizada a I Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento da 
ONU, em Viena, que esboçou as diretrizes do Plano de Ação Mundial 
em relação ao Envelhecimento, publicado em Nova York em 1983, que 
teve como objetivo a sensibilização dos governos e sociedades para a 
necessidade de direcionar políticas públicas para os idosos, alertando 
para a necessidade de estudos futuros no que se refere à aspectos do 
envelhecimento. 
➢ 1986 - Foi realizada a 8ª conferência nacional de saúde que propôs a 
elaboração de uma política global de assistência à população idosa. 
➢ 1988 - Foi promulgada a constituição cidadã – constituição federal, com 
destaque à referência ao idoso. pela primeira vez uma constituição 
brasileira assegurou ao idoso o direito à vida e à cidadania: “a família, a 
sociedade e o estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, 
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua 
dignidade e bem-estar e garantindo-lhe o direito à vida. 
 § 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente 
em seus lares. 
 § 2º Aos maiores de 65 anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos 
urbanos “(CF, art. 230, 1988). 
➢ 1993 - Aprovada a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS, Lei 
8.742/93), que regulamenta o capítulo II da Seguridade Social da 
Constituição Federal, que garantiu à Assistência Social o status de 
política pública de seguridade social, direito ao cidadão e dever do 
Estado. 
 
20 
 
➢ 1994 - Aprovada a Lei nº 8.842/1994 que estabelece a Política Nacional 
do Idoso (PNI), regulamentada pelo Decreto nº 1.948/96.6, e cria o 
Conselho Nacional do Idoso. Essa Lei tem por finalidade assegurar 
direitos sociais que garantam a promoção da autonomia, a integração e 
a participação efetiva do idoso na sociedade, de modo a exercer sua 
cidadania. Estipula o limite de 60 anos e mais, de idade, para uma 
pessoa ser considerada idosa. A Lei assegura ao idoso todos os direitos 
de cidadania. A família, a sociedade e o Estado são os responsáveis em 
garantir a participação do idoso na comunidade, defender sua dignidade, 
bem-estar e direito à vida. O idoso não deve sofrer discriminação de 
nenhuma natureza, bem como deve ser o principal agente e o 
destinatário das transformações indicadas por essa política. 
➢ 1999 - Foi implantada a Política Nacional da Saúde do Idoso pela 
Portaria 1.395/1999 do Ministério da Saúde (MS) que estabelece as 
diretrizes que norteiam a definição ou a redefinição dos programas, 
planos, projetos e atividades do setor na atenção integral às pessoas em 
processo de envelhecimento e à população idosa. Essas diretrizes são: 
a promoção do envelhecimento saudável, a prevenção de doenças, a 
manutenção da capacidade funcional, a assistência às necessidades de 
saúde dos idosos, à reabilitação da capacidade funcional comprometida, 
a capacitação de recursos humanos, o apoio ao desenvolvimento de 
cuidados informais, e o apoio aos estudos e pesquisas. 
➢ 2002 - Foi realizada a II Assembleia Mundial sobre Envelhecimento em 
Madrid – Plano Internacional do Envelhecimento – com o objetivo de 
servir de orientação às medidas normativas sobre o envelhecimento no 
século XXI, fundamentado em três princípios básicos: 
1) participação ativa dos idosos na sociedade, no desenvolvimento, na 
força de trabalho e na erradicação da pobreza; 
2) promoção da saúde e bem-estar na velhice; e 
3) criação de um ambiente propício e favorável ao envelhecimento. 
➢ 2003 - Realizada a Conferência Regional Intergovernamental sobre 
Envelhecimento da América Latina e Caribe, no Chile, na qual foram 
elaboradas as estratégias regionais para implantar as metas e objetivos 
 
21 
 
acordados em Madri. Na área da saúde, a meta geral foi oferecer acesso 
aos serviços de saúde integrais e adequados à necessidade do idoso, 
de forma a garantir melhor qualidade de vida com manutenção da 
funcionalidade e da autonomia. 
➢ 2003 - No Brasil, entra em vigor a Lei nº 10.741, que aprova o Estatuto 
do Idoso destinado a regular os direitos assegurados aos idosos. A 
aprovação do Estatuto do Idoso representou um passo importante da 
legislação brasileira rumo à adequação às orientações do Plano de 
Madri. 
➢ 2006 - Foi realizada a I Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa 
Idosa, na qual foram aprovadas deliberações que tinha como objetivo 
ajudar a construir a Rede Nacional de Proteção e Defesa da Pessoa 
Idosa (RENADI). 
Do ponto de vista legal, o envelhecimento é protegido no Brasil. Contudo, 
embora existam diretrizes a serem seguidas, suas implementações ainda não foram 
feitas completamente. Cabe aos poderes públicos e à sociedade em geral a aplicação 
dessa política com o respeito às diferenças econômicas, sociais e regionais de cada 
localidade. 
3.2 Políticas públicas de atenção à saúde do idoso 
No Brasil, o direito universal e integral à saúde foi instituído na Constituição de 
1988 e reafirmado com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Lei 
Orgânica da Saúde nº 8.080/90. Esse direito passa pelo acesso universal e equânime 
aos serviços e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com garantia 
da integralidade da atenção, considerando as diferentes realidades e necessidades 
de saúde da população. 
Você encontra a reafirmação desses princípios constitucionais na Lei nº 8.142, 
de 28 de dezembro de 1990, que dispôs sobre a participação da comunidade na 
gestão do Sistema Único de Saúde As políticas de saúde do idoso devem criar 
condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na 
sociedade, reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS. 
O processo de envelhecimento envolve a sociedade de forma geral, e o idoso não 
 
22 
 
deve sofrer discriminações, ele deve ser o principal agente e o destinatário das 
transformações indicadas pelas políticas de saúde referentes ao idoso. 
Em 2003, foi aprovado o Estatuto do Idoso que junto à Política Nacional do 
Idoso, representam importantes documentos que ampliaram os conhecimentos na 
área do envelhecimento e da saúde da pessoa idosa, fundamentais para a afirmação 
de ações dinâmicas e consistentes. O Estatuto do Idoso corrobora os princípios que 
nortearam as discussões sobre os direitos humanos da pessoa idosa. Esses 
documentos representam uma conquista para a efetivação dos direitos do idoso, 
especialmente por protegerem e formarem uma base para a reivindicação de atuação 
de todos (família, sociedade e Estado) no amparo e respeito aos idosos. O Estatuto 
do Idoso veio priorizar tanto o atendimento de um modo geral, como também daqueles 
que já apresentamdeterminado grau de dependência. É com essas ações 
fundamentais de prevenção secundária, de reabilitação, de promoção da saúde, além 
do cuidado e do tratamento, que é possível garantir melhor qualidade de vida para 
idosos, na vida em família e em sociedade. 
O Estatuto do Idoso enfatiza a interface entre diferentes setores e o direito à 
saúde, incorporando no artigo II o conceito de integralidade da atenção, afirmando 
que o idoso goza de todos os direitos inerentes ao ser humano, inclusive a 
preservação da saúde física e mental, além do aperfeiçoamento moral, intelectual, 
espiritual e social, com condições de liberdade e dignidade. É assegurada a atenção 
integral à saúde do idoso, por meio do SUS, garantindo-lhe o acesso universal e 
igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, 
promoção, proteção e recuperação da saúde (Art. 15). 
Coerentemente, o Estatuto do Idoso aborda a problemática dos recursos 
humanos, apontando que as instituições de saúde devem atender aos critérios 
mínimos para o atendimento às necessidades do idoso, promovendo o treinamento e 
a capacitação dos profissionais, assim como orientação a cuidadores familiares e 
grupos de autoajuda (Art. 18). Ainda, o Estatuto do Idoso recomenda a inserção, nos 
currículos dos diversos níveis de ensino formal, de conteúdos relativos ao processo 
de envelhecimento, à eliminação de preconceitos e à valorização social dos idosos 
(Art. 22). 
 
23 
 
3.3 Os idosos no Brasil e a conquista de direitos 
Um dos consensos que existem hoje no País é que o número de idosos tem 
aumentado consideravelmente, fato que não se restringe ao Brasil, mas que ocorre 
também em outras partes do mundo. O que difere o envelhecimento nos países 
desenvolvidos daquele dos países em desenvolvimento é o fato de que, nos primeiros, 
o processo de envelhecimento ocorre de forma mais lenta, acompanhado de 
melhorias nas condições de vida. Já em países como o Brasil, esse processo acontece 
de forma mais rápida, não sendo acompanhado de políticas públicas que possam 
atender às necessidades dos idosos (BANCO MUNDIAL, 2011). 
A mudança na estrutura etária brasileira deve-se principalmente ao declínio nas 
taxas de fecundidade e à maior longevidade da população. Pode-se dizer que o 
indivíduo envelhece à medida que a sua idade aumenta; considerando essa 
perspectiva, o envelhecimento é um processo individual e irreversível que acompanha 
mudanças progressivas nas funções e no desempenho de papéis sociais 
(CAMARANO; KANSO, 2011). 
A contagem de idosos no Brasil é bastante expressivo. Conforme dados 
coletados no censo de 2010, os idosos representam 10,8% da população, 
concentrando-se nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul e no 
Distrito Federal (IBGE, 2010). Além do aumento na cifra de idosos, as projeções 
apontam para um aumento no número de pessoas com mais de 80 anos, com a 
perspectiva de que esse contingente triplique até 2050 e aumente sete vezes mais em 
2100 (ONU, 2015). 
O envelhecimento pode ser considerado um processo multifatorial, influenciado 
por fatores cronológicos, biológicos e sociais. Do ponto de vista cronológico, no Brasil, 
considera-se idoso todo indivíduo com 60 anos ou mais. O que ocorre no País é que, 
para efeito de concessão de benefícios, muitas vezes se consideram idosos aqueles 
sujeitos que têm a partir de 65 anos, como é o caso do Benefício de Prestação 
Continuada (BPC). 
Do ponto de vista biológico, Ciosak et al. (2011) assinalam que as modificações 
biológicas e funcionais iniciam-se a partir da secunda década de vida, ainda que sejam 
pouco observáveis. Ao final da terceira década, as alterações funcionais e estruturais 
ficam mais evidentes, mas as principais mudanças, começam a acontecer a partir dos 
40 anos, com registro de redução de 1% das funções orgânicas. Por fim, do ponto de 
 
24 
 
vista social, há que se considerar que fatores como sexo, origem, dinâmica familiar, 
experiências vividas, exposição a fatores de risco, alimentação, entre outros, 
contribuem para a qualidade do processo de envelhecimento (CIOSAK et al., 2011). 
As primeiras discussões organizadas sobre essa temática aconteceram em 
1976 e foram promovidas pelo Serviço Social do Comércio (SESC). Elas tiveram como 
resultado a elaboração de um documento intitulado “Políticas para a terceira idade — 
Diretrizes Básicas”, que relata a situação dos idosos no Brasil e assinala a 
responsabilidade e a importância do Estado em promover políticas públicas de 
atenção a esse grupo populacional (MACHADO, 2019). 
A partir daí, algumas iniciativas começam a surgir. Uma delas é o Programa de 
Assistência ao Idoso (PAI), responsável pela criação de grupos de convivência nas 
agências do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Esse programa foi depois 
transferido para a Legião Brasileira de Assistência (LBA), que ficou responsável pelo 
atendimento ao idoso no País. Assim, “[...] começam a surgir grupos de idosos 
organizados por clubes de serviços e junto a instituições religiosas que, contando com 
o apoio de técnicos, passaram a se organizar, dando visibilidade a essa nova 
problemática social” (MACHADO, 2019, documento on-line). 
Registra-se ainda a fundação da Sociedade Brasileira de Geriatria, que 
reconhece o envelhecimento como uma área mais ampla do que apenas a saúde. 
Com o apoio de profissionais de várias áreas do saber, em 1979, foi criada uma 
comissão especial de gerontologia social. Na década de 1980, foi criada a Associação 
Nacional de Gerontologia, com a finalidade de lutar por melhores condições de vida 
para os idosos no Brasil. Ao mesmo tempo, os aposentados começaram a se 
organizar em associações e grupos que participaram ativamente da elaboração da 
Constituição Federal de 1988 (MACHADO, 2019). Com a promulgação da 
Constituição, começam a surgir Conselhos de Direitos dos Idosos, derivados dos 
movimentos sociais existentes na época. Veja o que afirma Machado (2019, 
documento on-line): 
Configurava-se dessa forma, no início dos anos 1990, um campo de lutas 
composto por vários segmentos de idosos, com orientações diferentes, mas 
apontando todos para a necessidade de luta pela conquista de direitos de 
cidadania dos idosos. As Associações de Aposentados lutavam pela defesa 
de direitos previdenciários de seus associados, os Conselhos e, depois, 
Fóruns, os grupos e os movimentos de idosos voltavam-se para as questões 
gerais do envelhecimento, de direitos sociais e cidadania, envolvendo todos 
os idosos do país. Os participantes dessas primeiras organizações contavam 
 
25 
 
sempre com o apoio dos técnicos da LBA e também do SESC, que os 
representavam, e assim sua participação direta era ainda bastante incipiente. 
Iam se organizando na luta enquanto as Associações de Aposentados tinham 
uma organização formal com apoio dos sindicatos e trabalhavam com pautas 
fixas, previamente definidas. 
O Brasil vivenciou um acelerado crescimento da população idosa e, a partir da 
década de 1990, novos movimentos começaram a surgir de forma independente e 
diferenciada, mas com o propósito de defender e lutar pelos direitos desse grupo etário 
no País (MACHADO, 2019). Na década de 1990, mais precisamente em 1997, a 
sociedade começa a discutir o Estatuto do Idoso, que ficou aguardando análise 
durante oito anos até ser aprovado em 2003 (MACHADO, 2019). 
Como você pode observar, esses movimentos impulsionaram a luta pela 
conquista dos direitos dos idosos no País. Vale lembrar que o envelhecimento não é 
homogêneo e não acontece da mesma forma para todas as pessoas. Assim, em um 
país muito desigual como o Brasil, é necessário atentar para as diferenças, 
especialmente ao se pensar na definição de estratégias de trabalho, na elaboração 
de prioridades e no estabelecimento de políticas públicas. 
As políticas públicas de atenção ao idoso continuaram avançando.Assim, três 
anos depois da aprovação do Estatuto do Idoso, foi proposto o Pacto pela Saúde, que 
busca implantar a Política Nacional do Idoso de forma integral (BRASIL, 2003). Do 
ponto de vista das políticas sociais, os direitos assegurados na Constituição Federal 
de 1988 foram regulamentados pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e, 
posteriormente, ratificados pela Política Nacional de Assistência Social (PNAS). Um 
dos principais benefícios assegurados é o BPC, que garante um salário mínimo 
mensal ao idoso ou à pessoa com deficiência que não tenha condições de manter a 
própria subsistência nem de tê-la provida por sua família e que possua renda familiar 
per capita de até 25% do salário mínimo (BRASIL, 2004). O BPC independe de 
contribuição previdenciária, uma vez que está vinculado à política de assistência 
social (DORETO, 2015). 
Realizando uma análise desse benefício, Sposati (2013) aponta que ele 
contribui muito pouco para a cidadania dos idosos, pois quem se encontra nos critérios 
para a concessão do BPC normalmente possui tantas necessidades básicas não 
atendidas que a renda acaba sendo insuficiente para satisfazer demandas básicas 
como alimentação, moradia, segurança, entre outras. Outra fonte de renda para os 
idosos, é a aposentadoria. É com ela que muitos mantêm a sua subsistência e a de 
 
26 
 
sua família (considerando as modificações ocorridas nas famílias ao longo dos tempos 
e as situações que os idosos são chefes desse núcleo). 
No entanto, vive-se um período social, político e econômico de retrocessos dos 
direitos conquistados após a Constituição Federal de 1988. Exemplos disso são a 
reforma trabalhista (Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017) e a reforma da Previdência 
Social. 
Ocorre, atualmente, ampla mudança nas regras para a concessão de 
aposentadorias, sob a alegação de que o aumento no número de idosos é o 
responsável pelo déficit orçamentário nesse sistema. Contudo, estudos científicos 
comprovam que há superávit e, ao mesmo tempo, dívidas expressivas de grandes 
empresas e bancos junto à Previdência Social. Para compreender esse contexto, 
tenha em mente que hoje o neoliberalismo e o capitalismo avançado se sobrepõem 
às necessidades básicas da população mais vulnerável e que as políticas sociais, em 
consequência, são entendidas como “despesas públicas”. Nesse sentido, a aprovação 
das regras propostas pela reforma da Previdência prejudicaria muito a população 
idosa, que teria de trabalhar por um período maior de tempo para assegurar a sua 
fonte de renda. 
 
 
 
 
 
27 
 
4 TREINAMENTO PARA IDOSO 
 
Fonte: shre.ink/mabt 
O processo de envelhecimento pode trazer consigo um considerável peso 
social, tendo em vista principalmente a costumeira perda de capacidade física e 
cognitiva para realização de atividades laborais, bem como as mudanças de 
comportamento em decorrência da idade. Contudo, se por um lado existe menor 
capacidade física e cognitiva, por outro, a sociedade poderia aproveitar melhor a 
experiência do idoso, a sua estabilidade emocional e conhecimento adquirido ao longo 
do tempo. É fato inquestionável que o Brasil está envelhecendo. Dados 
epidemiológicos revelam um crescimento de 26% da população idosa entre 2012 e 
2018, o que acabará gerando consequências sobre as faixas etárias mais produtivas, 
se o Estado e a sociedade não se prepararem para tal. Além da preocupação 
produtiva, é necessário prover melhores condições de saúde para população idosa. 
Conhecer os limites fisiológicos e emocionais, bem como os exercícios mais 
adequados para os idosos, é de suma importância (LEHNEN, 2019). 
De forma geral, os programas de treinamento físico visam a melhoria de uma 
ou mais aptidões físicas relacionadas à saúde: capacidade cardiorrespiratória; força, 
potência e resistência muscular; nível de flexibilidade; composição corporal (isto é, a 
relação adequada entre massa gorda e massa magra). Em relação à população idosa, 
este cenário não muda. No entanto, o maior desafio para montar os programas de 
treinamento físico específicos para idosos é equilibrar os riscos com os benefícios. 
 
28 
 
Além disso, a prioridade, a estratégia primordial do treinamento físico voltado à 
população idosa é o aumento de força e massa muscular. Essa recomendação é 
indiscutível para os idosos senescentes, ou seja, aqueles que apresentam um 
envelhecimento saudável e na ausência de um risco cardiometabólico relevante. Caso 
o idoso apresente alguma condição de maior risco, como HAS ou DM2, acompanhada 
de baixos níveis de controle por parte do idoso, o objetivo primeiro do programa de 
exercício físico deve ser o de mitigar essas condições. 
Para a condição de HAS controlada, tanto sessões agudas de exercícios 
aeróbicos quanto crônicas têm gerado diminuição da pressão arterial entre indivíduos 
adultos hipertensos. A redução média em reposta ao exercício físico fica em torno de 
5 a 7 mmHg (PESCATELLO et al., 2015). 
As recomendações de prescrição de exercícios para indivíduos hipertensos 
preconizam exercícios aeróbicos, em intensidade moderada (50 a 75% da FC 
reserva), 30 a 60 minutos por sessão, 3 a 5 dias por semana, de preferência todos os 
dias (PESCATELLO et al., 2015; MALACHIAS et al., 2016). Contudo, sabe-se que 
quase metade dos indivíduos hipertensos (46%) não adere a essas recomendações 
(MOZAFFARIAN et al., 2015). Assim, uma atenção especial aos aspectos 
psicológicos, incluindo a motivação, deve ser estudada e reforçada. Uma alternativa 
são os exercícios aquáticos, entre eles a hidroginástica. Esta modalidade é 
comumente recomendada para a população idosa, por apresentar baixo risco de 
quedas e menor impacto (diminuição em torno de 80% do peso corporal total). 
A redução média nos níveis pressóricos em reposta a uma sessão de 
hidroginástica assemelha-se às obtidas por sessões aeróbicas de modalidades 
terrestres (caminhadas, corridas leves, bicicleta, etc.). Quanto aos exercícios de força 
ou sessões combinadas (aeróbico + força, ou força + aeróbico), os dados na literatura 
ainda são controversos e reticentes para inclusão desses programas como estratégia 
não farmacológica única para a HAS. As principais diretrizes para hipertensão citam 
o treinamento de força como estratégia adjuvante, ou seja, complementar aos 
exercícios de característica aeróbica, mas como estratégia primária ou única no 
combate ou tratamento da HAS. 
Por sua vez, a recomendação para o DM2 baseia-se nas diretrizes para a 
população geral (ACSM, 2018): acumular um mínimo de 150 minutos de exercícios 
aeróbicos de intensidade moderada (50 a 75% FC reserva) ou 75 minutos de 
 
29 
 
exercícios de intensidade vigorosa (intensidade superior a 75–80% FC reserva). 
Devido à fisiopatologia do DM2, o controle glicêmico é, em grande parte, dependente 
da musculatura esquelética (entre 70–80% da captação de glicose são realizados pelo 
músculo esquelético). 
Assim, é fácil imaginar que o aumento do volume muscular, bem como o 
incremento do seu metabolismo, favorece o controle (diminuição) da glicose 
plasmática. As diretrizes para treinamento forçam para o DM2, então, são mais 
contundentes do que as diretrizes para HAS. São recomendadas 3 sessões de 
intensidade moderada por semana (aproximadamente 75% da carga máxima), com 
exercícios priorizando grupos musculares maiores. Desta forma, o treinamento 
aeróbico tende a favorecer o controle glicêmico durante a prática dos exercícios, e o 
treinamento de força contribui para o aumento da área tecidual, potencializando o 
controle glicêmico. 
Em relação à sarcopenia e/ou osteoporose, as recomendações envolvem 
estritamente os exercícios de força, contra uma resistência qualquer. O principal 
objetivo é garantir maior autonomia aos idosos e diminuir seu risco de quedas. 
Segundo Perracini e Ramos (2002), idosos que necessitam de ajuda para realização 
de atividades cotidianas têm14 vezes maior probabilidade de sofrer quedas do que 
pessoas independentes. Evidências sugerem que o índice de potência muscular do 
quadríceps femoral em homens idosos apresenta associação com o desempenho e 
aptidão física relacionados à saúde. Além disso, tal associação é mais proeminente 
do que o próprio índice de massa muscular (WILHELM et al., 2014). 
Em outras palavras, não basta objetivar o aumento “puro” da massa muscular 
e, sim, realizar trabalhos de potência para que o idoso obtenha maior reflexo nas 
atividades da vida diária. É importante ressaltar que, assim com a sarcopenia também 
está associada à menor ingestão de proteínas de alto valor biológico, a osteoporose 
está associada à diminuição de ingestão e absorção de cálcio pelos ossos. 
 Assim, paralelamente à prática regular de exercícios físicos, os idosos devem 
receber apoio nutricional adequado por parte de profissionais habilitados para tal. O 
Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2018) aponta que os benefícios 
do exercício físico, se bem orientados, devem envolver: ganhos de capacidade 
cardiovascular, força e potência muscular, além da densidade óssea; prevenção de 
 
30 
 
quedas e nível de flexibilidade; e, por fim, benefícios psicológicos. Examinemos ponto 
a ponto algumas orientações que os profissionais da saúde podem seguir: 
➢ Capacidade cardiovascular: por especificidade, devem ser realizados 
exercícios como caminhadas, corridas e pedaladas. Ademais, atividades 
aquáticas são uma excelente alternativa. A intensidade recomenda é de 
leve a moderada. Além da eficácia sobre aspectos cardiovasculares, 
estudos apontam melhora cognitiva em reposta a este tipo de exercício 
físico. 
➢ Treinamento de força e potência: é a estratégia primária para idosos 
senescentes. Exercícios de força de intensidade leve a moderada 
determinam incrementos na força em idosos. Trabalhando sobre a 
relação entre força e velocidade de execução, você estará 
incrementando a potência muscular. Priorize membros inferiores e da 
cadeia posterior para melhor a postura e a reação à situação de 
desequilíbrio corporal. 
➢ Prevenção de quedas e flexibilidade: deve ser incluído um programa 
específico de exercícios para equilíbrio, envolvendo, por exemplo, 
caminhadas e transferência de peso, com aspectos proprioceptivos. A 
flexibilidade é um componente importante na prevenção de lesão 
muscular e risco de quedas, e pode ser trabalhado especificamente ou 
como complemento às sessões de força. 
➢ Benefícios psicológicos e cognitivos: a atividade física e a função 
psicológica na pessoa idosa estão bastante relacionadas. O exercício 
físico conduz o idoso à sensação de prazer e bem-estar e à percepção 
de controle (autonomia). Além disso, a função de socialização durante 
as sessões de exercício também agrega ao estado psicológico benéfico. 
Apesar das estratégias elaboradas pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério 
dos esportes para colocarem em pauta a prioridade de prática regular de exercício 
físico por parte da população idosa, os resultados alcançados ainda estão aquém do 
efeito desejado. 
 
31 
 
4.1 Métodos de Avaliação em Terapia Ocupacional 
O terapeuta ocupacional, na produção da linha de cuidado, contribui para a 
preservação da capacidade funcional e para o desempenho satisfatório das 
ocupações humanas, haja vista que as visitas domiciliares, as atividades grupais e 
individuais, que são realizadas nas ações com a população, propiciam espaços de 
participação social, educação, promoção da saúde e prevenção de doenças (CABRAL 
& BREGALDA, 2017; OLIVEIRA, 2018; REIS et al., 2012). 
Dessa forma, este profissional desenvolve atividades individuais tanto em 
unidades de saúde quanto em domicílio, buscando envolver o idoso e a família no 
processo de saúde, proporcionando intervenções mais precisas, conforme as 
necessidades, contextos, ambientes, interesses e ocupações (CARDOSO et al., 2019; 
REIS et al., 2012; ALVES & PAULIN, 2015). Além disso, utiliza as atividades grupais, 
como ferramenta de promoção da participação social, fortalecendo os vínculos com 
os profissionais e comunidade, implicando positivamente na manutenção da saúde, 
conforme os objetivos propostos, por meio de práticas corporais e integrativas, ações 
educativas, oficinas terapêuticas e oficinas cooperativas (REIS et al., 2012; ALVES & 
PAULIN, 2015; CARDOSO et al., 2019). 
Já as visitas domiciliares são utilizadas como instrumento de identificação e 
avaliação do contexto familiar e favorecem a elaboração de um plano de intervenção 
pautado nas necessidades da pessoa idosa (ALVES & PAULIN, 2015; CARDOSO et 
al., 2019), permitindo a garantia da produção da linha de cuidado a estes usuários. 
Por ser uma prática cotidiana dos agentes comunitários e das equipes 
multiprofissionais, as visitas domiciliares são relevantes para a vigilância em saúde e 
para o estabelecimento de metas nesse nível de atenção. Contudo, estas podem se 
tornar ineficientes quando o profissional não consegue conhecer as reais 
necessidades do território, pois compromete o planejamento de ações e a produção 
do cuidado (SANTOS et al., 2016). 
Desse modo, compreende-se que, na produção da linha de cuidado ao idoso, 
o terapeuta ocupacional desenvolve ações com a população, com a equipe 
multiprofissional e condutas no território adscrito, garantidas a partir da 
interdisciplinaridade e da ampliação dos espaços de socialização, pautando-se no 
acolhimento, na criação e no fortalecimento de vínculos necessários para a 
 
32 
 
valorização da subjetividade do usuário, buscando oferecer o suporte adequado para 
a manutenção do envelhecimento ativo e saudável. 
Logo, as ações desenvolvidas com a população idosa pelo terapeuta 
ocupacional compreendem o cotidiano e a história de vida do usuário, organizando 
seus papéis, hábitos e rotinas, a fim de alcançar um desempenho ocupacional 
satisfatório e a descoberta de novas ocupações, tornando-se fundamentais para a 
promoção da qualidade de vida, preconizadas na linha de cuidado e para a eficácia 
dos serviços prestados nesse nível de atenção (ALVES & PAULIN, 2015; CARDOSO 
et al., 2019). 
5 RISCO DE QUEDAS 
 
Fonte: shre.ink/mabe 
Todo mundo já sofreu alguma queda, pelo menos, uma vez na vida. Durante a 
infância, é muito comum que isso ocorra e normalmente não gera nenhuma 
consequência grave. Entretanto, nos idosos, cair pode levar a danos severos à saúde, 
podendo ter diversas causas, como acidentes, doenças neurológicas ou cardíacas, 
perda de equilíbrio postural ou doenças do sistema osteomuscular. De acordo com a 
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (2021, documento on-line), as 
fraturas devido a tombos são, hoje, responsáveis por cerca de 70% das mortes 
acidentais em pessoas com mais de 75 anos; além disso, há dez vezes mais 
hospitalizações e oito vezes mais mortes por este motivo em idosos. Por isso, toda 
 
33 
 
avaliação do idoso deve levar em consideração a ocorrência passada desses 
declínios e o risco futuro (AMADOR, 2021). 
5.1 Alterações fisiológicas do envelhecimento que podem aumentar o risco de 
queda em idosos 
O envelhecimento é um processo natural que gera alterações fisiológicas em 
todo o organismo e causa diminuição funcional. Essas alterações ocorrem na 
composição corporal, na pele, nos sistemas cardiovascular, nervoso, respiratório, 
hematopoiético, urinário, endócrino, digestório e musculoesquelético. Mas quais 
dessas alterações, de fato, podem interferir diretamente no risco de queda em idosos? 
Na musculatura ocorre a diminuição das fibras do tipo II, conhecidas como 
fibras de contração rápida, causando a redução da força. Entre 20 e 90 anos, a massa 
muscular diminui quase 50%. Após os 50 anos, o indivíduo perde cerca de 15% de 
massa muscular a cada década, podendo chegar a 30% por década aos 70 anos e a 
praticamente 50% aos 80 anos (FREITAS; PY, 2018).Os principais resultados da diminuição da massa muscular são as alterações 
na marcha, no movimento e no equilíbrio do indivíduo. Além do prejuízo motor, a 
diminuição e a fraqueza da musculatura também podem causar incontinência urinária. 
A incontinência urinária pode ocasionar a “urgência urinária”. Na pressa para 
chegar ao banheiro, o idoso pode cair no trajeto ou no próprio banheiro, ocorre com 
maior frequência à noite. Esses despertares noturnos aumentam expressivamente o 
risco de quedas nessa faixa etária. 
As alterações cardíacas, como contração prolongada, diminuição da resposta 
beta-adrenérgica, aumento da rigidez miocárdica e vascular, alteração do controle do 
sistema nervoso autônomo, diminuição dos barorreflexos arteriais, aumento do fluxo 
simpático, diminuição do fluxo vagal e decréscimo no consumo de oxigênio (VO2), 
influenciam diretamente na frequência cardíaca e no débito cardíaco, prejudicando o 
controle da pressão arterial (PA) sistêmica (FREITAS; PY, 2018). 
A hipotensão ortostática pode ocasionar síncope, tonturas e desequilíbrio 
motor, que são causas de queda comumente citadas por pessoas idosas. No sistema 
nervoso central, a perda do volume cerebral é de 2 a 3% a cada década depois dos 
50 anos. A perda neuronal é mais evidente nos neurônios maiores no cerebelo e no 
córtex cerebral (FREITAS; PY, 2018). 
 
34 
 
Essas duas áreas estão envolvidas na modulação do controle motor, portanto, 
perdas neuronais mais severas nessas áreas podem causar sérios problemas na 
movimentação, no controle do movimento e na coordenação motora. Alterações 
estruturais e bioquímicas no encéfalo, como ocorrem nas doenças 
neurodegenerativas, também interferem diretamente no risco de queda. Patologias 
como Alzheimer e doenças de Parkinson causam morte neuronal desse modo, geram 
alterações cognitivas, comportamentais e motoras que aumentam a chance de queda 
no idoso. “Distúrbios cerebelares, tumores intracranianos e hematomas subdurais 
também podem causar instabilidade, com uma tendência à queda” (KANE et al., 2015, 
p. 249). 
 As modificações que ocorrem na pele também interferem no risco de queda. 
No idoso, as pálpebras superiores tornam-se flácidas devido ao menor número de 
fibras elásticas e colágenas na pele. Essa flacidez pode impedir ou prejudicar a visão 
lateral, aumentando o risco de o idoso se chocar com objetos em casa ou na rua. 
Algumas alterações fisiológicas do envelhecimento podem agravar a queda no 
indivíduo idoso. 
A desidratação da pele, em razão da diminuição das glândulas sebáceas, e a 
redução de fibras elásticas e colágenas, ocasionando uma perda da resistência 
cutânea, aumentam o risco de lesão de tecidos moles após a queda. A lesão dos 
tecidos moles, associada ao aumento da rigidez vascular, à diminuição da 
vascularização da pele e à alteração do controle do sistema nervoso autônomo pode 
dificultar o processo de cicatrização. A deficiência de vitamina D, vista em muitos 
idosos, pode aumentar o risco de fraturas após queda. 
A hipovitaminose D favorece a ocorrência de osteomalácia, osteopenia e 
osteoporose. A fraqueza muscular também pode ocorrer, o que contribui para elevar 
ainda mais o risco de quedas e de fraturas ósseas em pacientes com baixa massa 
óssea (MAEDA et al., 2014). 
Todas as alterações fisiológicas supracitadas devem ser avaliadas com cautela 
e atenção durante a avaliação multidimensional do idoso. Entretanto, “[...] as causas 
exatas de muitas quedas permanecerão desconhecidas, mesmo após uma avaliação 
completa” (KANE et al., 2015, p. 249). 
As principais causas de quedas em idosos são (KANE et al., 2015): 
➢ acidentes verdadeiros (tropeções, escorregões); 
 
35 
 
➢ interações entre riscos ambientais e fatores que aumentam a 
suscetibilidade; 
➢ síncope (perda súbita da consciência); 
➢ crises de queda (fraqueza súbita das pernas sem perda de consciência); 
➢ tontura e/ou vertigem; 
➢ doença vestibular; 
➢ doença do sistema nervoso central; 
➢ hipotensão ortostática; 
➢ hipovolemia e débito cardíaco baixo; 
➢ disfunção autonômica; 
➢ comprometimento do retorno venoso; 
➢ repouso prolongado no leito; 
➢ hipotensão induzida por medicamentos; 
➢ hipotensão pós-prandial; 
➢ causas relacionadas a medicamentos (anti-hipertensivos, 
antidepressivos, antiparkinsonianos, diuréticos, sedativos, 
antipsicóticos, hipoglicemiantes); 
➢ uso de álcool; 
➢ doença aguda de qualquer tipo (“queda premonitória”); 
➢ doença cardiovascular (arritmias, doença cardíaca valvular); 
➢ hipersensibilidade do seio carotídeo; 
➢ doenças neurológicas (ataque isquêmico transitório); 
➢ acidente vascular encefálico; 
➢ distúrbio convulsivo; 
➢ doença de Parkinson; 
➢ espondilose cervical ou lombar (com compressão medular ou de raiz 
nervosa); 
➢ doença cerebelar; 
➢ hidrocefalia de pressão normal (distúrbio da marcha); 
➢ lesões do sistema nervoso central (p. ex., tumor, hematoma subdural); 
➢ causas urinárias (bexiga hiperativa; incontinência de urgência e 
noctúria). 
 
 
36 
 
6 NUTRIÇÃO DO IDOSO E SUAS DIFICULDADES 
 
Fonte: /shre.ink/maNG 
A nutrição é um elemento importante na saúde da população idosa, afetando o 
seu processo de envelhecimento, uma vez que a desnutrição está associada a um 
declínio no estado funcional, como por exemplo, prejuízo na função muscular, 
diminuição da massa óssea, disfunção imunológica, redução da função cognitiva, 
entre outros. Ao se considerar o aumento na expectativa de vida de um indivíduo, se 
deve analisar não só a longevidade, mas também, a sobrevida e a ausência de 
doenças. Sabe-se que, atualmente, os aspectos da nutrição e alimentação, no 
envelhecimento, exigem um olhar amplo sobre a saúde do idoso, não apenas no seu 
bem-estar físico (SANT’ANNA, 2019). 
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 9% da 
população brasileira é constituída por idosos. O Brasil será considerado a 6ª maior 
população de idosos do mundo (cerca de 31,8 milhões de pessoas), de acordo com 
projeções realizadas para 2025. Devido a esse envelhecimento populacional, é 
exigida uma preparação para as consequências sociais e econômicas proporcionadas 
por ele. No entanto, países em desenvolvimento não se mostram preparados para 
esse crescimento. Muitas vezes, o idoso é tratado como se estivesse na faixa etária 
adulta, não considerando que ele se encontra em uma fase diferenciada (VITOLO, 
2008). 
 
37 
 
Entender as repercussões e consequências do crescimento da população idosa 
brasileira é um grande desafio para saúde pública, visto que houve uma transição 
nutricional ao longo das últimas décadas, ocorrendo a substituição de processos 
agudos ou de óbito por aumento do número de indivíduos acometidos por doenças 
crônicas não transmissíveis e suas complicações, que possuem relação direta com o 
consumo alimentar. Há, também, que se considerar que os idosos são muito 
susceptíveis à desnutrição em razão das alterações fisiológicas e anatômicas do 
próprio processo de envelhecimento que reduzem a sua capacidade funcional. 
6.1 Características e alterações físicas dos idosos que comprometem o estado 
nutricional 
As alterações da composição corporal, durante o processo de envelhecimento, 
incluem perda de massa magra, de massa óssea, de água corporal e aumento 
proporcional da massa de gordura. A massa de gordura, também, é redistribuída, de 
forma resumida dos tecidos subcutâneos à gordura abdominal. A redução da massa 
magra é causada, principalmente, pelas perdas de tamanho e força dos músculos 
esqueléticos. Em média, o declínio acentuado da massa magra começa entre os 60 e 
70 anos e chega a quase 40%, em comparação com os adultos jovens (MANN; 
TRUSWELL, 2011). 
A estabilidade do peso corporal, durante este processo, pode ser explicada pelo 
aumento simultâneo da gordura corporal e diminuição da massa magra, igualmente 
conhecida como sarcopenia.As causas da sarcopenia são multifatoriais e envolvem: 
➢ redução da atividade física; 
➢ redução da secreção do hormônio do crescimento; 
➢ diminuição dos hormônios sexuais e taxa metabólica de repouso 
diminuída (AHMED; HABOUBI, 2010). 
 
Além disso, por causa da redução do consumo máximo de oxigênio e da atrofia 
das fibras musculares, os idosos precisam de um maior esforço físico para fazer a 
mesma tarefa. Por essa razão, os idosos diminuem ainda mais as suas atividades 
físicas e têm consumo energético menor. A Figura 2 demonstra um exemplo de 
sarcopenia: 
 
38 
 
 
Figura 2. Exemplo de sarcopenia em pessoa idosa. 
 
Fonte: Adaptado de Medeiros (2018). 
A perda involuntária de peso ocorre, principalmente, devido à má ingestão 
alimentar que pode ser causada por doença e fatores psicológicos. A caquexia é uma 
perda involuntária de massa isenta de gordura (músculo, órgão, tecido, pele e osso), 
sendo causada pelo aumento do catabolismo (AHMED; HABOUBI, 2010). Outra 
condição relacionada ao envelhecimento é a perda de massa óssea, conhecida como 
osteopenia, que pode progredir para a osteoporose. Ambas as condições são 
multifatoriais, mas a genética, a nutrição e o estilo de vida demonstraram estar 
associados a esses distúrbios (COLÓN et al., 2018). 
A deficiência de vitamina D é detectada comumente nos idosos em razão da 
síntese cutânea reduzida e, também, pela falta de exposição à luz solar. As ingestões 
de vitamina D, recomendadas para idosos que não podem se expor ao sol variam de 
10 a 15ug/dia (MANN; TRUSWELL, 2011). 
As alterações no sistema renal incluem desgaste do córtex renal, esclerose das 
artérias glomerulares e espessamento da membrana basal glomerular que podem 
levar à diminuição da capacidade de concentrar a urina, menores níveis de renina e 
aldosterona, bem como a baixa hidroxilação da vitamina D (COLÓN et al., 2018). 
A desidratação pode causar constipação intestinal, impacção fecal, disfunção 
cognitiva e até levar à morte. A ingestão hídrica recomendada é de cerca de 
 
39 
 
1.500ml/dia e este volume deve ser ingerido, principalmente, entre as refeições para 
não ocasionar perda de apetite. 
As alterações na função cardiovascular fazem com que ocorra um depósito 
maior de matriz de colágeno na túnica média, além da perda de fibras de elastina e 
hipertrofia cardíaca com espessamento do septo. Também, há diminuição dos 
cardiomiócitos e aumento da matriz extracelular. Estas alterações causam rigidez 
vascular, disfunção endotelial e aumento do risco de arritmias (COLÓN et al., 2018). 
As intervenções dietéticas voltadas para o controle da hipertensão arterial (redução 
do peso, se houver sobrepeso, restrição do sal e limitação do consumo de álcool) são, 
particularmente, importantes para os idosos que são mais suscetíveis às reações 
adversas graves aos fármacos e podem responder, de forma mais favorável, à 
restrição de sal (MANN; TRUSWELL, 2011). 
6.2 Dificuldades na confecção de planos alimentares para idosos 
Nas últimas décadas, a importância do estado nutricional em idosos tem sido 
reconhecida em várias condições mórbidas, como desnutrição, câncer, doenças 
cardiovasculares, demência e outras doenças crônicas não transmissíveis, portanto, 
a nutrição é um importante determinante da saúde em idosos. Normalmente, o padrão 
dietético do idoso continua semelhante àquele estabelecido pelos hábitos da 
juventude e, para a elaboração de planos alimentares nessa faixa etária, há que se 
considerar os seus hábitos alimentares que, provavelmente, se encontram muito 
enraizados, proporcionando dificuldade de memorização das novas informações. No 
entanto, se estes fatores forem bem investigados, o plano alimentar poderá ser mais 
bem definido e os resultados mais efetivos. 
Em relação ao metabolismo glicídico, ocorre o aumento da gordura visceral e 
infiltração de tecido adiposo, além da redução da massa de células beta pancreáticas. 
Estes fatores podem levar ao aumento da produção de adipocinas, fatores 
inflamatórios e maior resistência à insulina e, consequentemente, o diabetes melito 
tipo II. Esta enfermidade deve ser controlada por meio de redução do peso, dieta 
controlada, atividade física e uso de agentes hipoglicemiantes (COLÓN et al., 2018; 
MANN; TRUSWELL, 2011). 
 
40 
 
À medida que as pessoas envelhecem, ocorrem várias mudanças no 
organismo que podem ou não afetar o estado nutricional de um indivíduo e, 
especialmente, para os idosos, estas mudanças são causadas pelo próprio processo 
de envelhecimento ou, ainda, estarem relacionadas a condições médicas ou ao estilo 
de vida. Algumas das condições que dificultam a ingestão alimentar do idoso e, assim, 
a confecção de planos alimentares para essa faixa etária serão descritas a seguir. 
Condições que dificultam a ingestão alimentar do idoso 
➢ Perda de apetite: Na maioria das vezes, a diminuição de energia é uma 
resposta ao declínio no gasto de energia que acontece em virtude da 
idade. No entanto, em muitos idosos, a diminuição na ingestão de 
energia é maior que a diminuição no gasto de energia e, portanto, o peso 
corporal é perdido. Esta redução fisiológica relacionada ao apetite e ao 
consumo de energia tem sido denominada anorexia do envelhecimento 
(AHMED; HABOUBI, 2010). A perda de apetite no idoso é 
frequentemente associada à redução do paladar e do olfato, que ocorre 
em até 50% dos idosos. Os efeitos do envelhecimento sobre as 
percepções de olfato e paladar podem alterar ou diminuir a ingestão de 
alimentos, pois ocorre uma perda progressiva no número de papilas 
gustativas e um aumento das papilas gustativas específicas para 
sabores amargos ou azedos (AMARYA; SINGH; SABHARWAL, 2015). 
➢ Inabilidade para preparar/ingerir alimentos: A inabilidade para ingerir 
alimentos pelo idoso pode ser causada por confusão, diminuição da 
consciência, demência, fraqueza ou artrite nos braços, ou mãos, 
disfagia, vômitos, condições dolorosas da boca, má higiene bucal ou 
problemas de dentição, restrições impostas por cirurgia, falta de ajuda 
durante a alimentação em hospitais ou instituições de longa 
permanência para idosos (MCLEOD, 2011). 
➢ Disfagia: O reflexo de deglutição é primordial para alimentação 
adequada. Para que aconteçam todos os fenômenos mecânicos que 
compõem o ato de deglutir, a mandíbula precisa estar estabilizada em 
uma posição específica. Nos idosos, além de ocorrerem alterações na 
função da laringe e do osso hioide, que participam da deglutição, a 
 
41 
 
estabilidade da mandíbula de forma regular é comprometida por 
problemas na deglutição e na capacidade cognitiva. A necessidade de 
se avaliar a dentição e a presença de disfagia em idosos, mesmo quando 
não se queixam, é muito importante para a manutenção da nutrição oral 
(MAGNONI; CUKIER, 2005). Próteses mal ajustadas podem, 
inconscientemente, mudar padrões alimentares devido à dificuldade de 
mastigar, levando à ingestão de uma dieta macia, pobre em fibras 
(presentes em frutas e legumes) e à redução do consumo de carnes. 
➢ Isolamento social e más condições socioeconômicas: Fatores que 
podem influenciar negativamente a saúde e a nutrição dos idosos são a 
falta de apoio familiar em momentos de necessidade, sentimento de não 
ser desejado, falta de sistema de valores entre os membros da família, 
condições estressantes que levam a tensões e à solidão desencadeiam 
desinteresse em viver e comer, resultando em desnutrição (MCLEOD, 
2011). Por não terem alguém que os ajude em suas atividades rotineiras, 
sirva de companhia e lhes dedique cuidados, acabam sofrendo com o 
isolamento, tendo decréscimo na qualidade de vida e agravamento da 
morbidade, constituindo, até mesmo, um indicador de risco de 
mortalidade. Assim, os idosos que residem sozinhos estariam mais 
vulneráveis a apresentar distúrbios nutricionais, sejam por déficit ou de 
excessos na alimentação (PEREIRA; SPYRIDES; ANDRADE,

Outros materiais