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A bolsa periodontal, definida como um sulco gengival patologicamente aprofundado, é uma das características mais importantes da doença periodontal. CLASSIFICAÇÃO O aprofundamento dos sulcos gengivais pode ocorrer pelo movimento coronal da gengiva marginal, pelo deslocamento apical da inserção gengival ou por uma combinação dos dois processos. Bolsas podem ser classificadas da seguinte maneira: Bolsa gengival (pseudobolsa): é formada pelo aumento gengival sem destruição dos tecidos periodontais subjacentes. - O sulco é aprofundado devido ao aumento do volume da gengiva. Bolsa periodontal: ocorre com a destruição dos tecidos periodontais de suporte, levando à perda e esfoliação dos dentes. Existem dois tipos de bolsas periodontais: - Supraóssea (supracrestal ou supra-alveolar): na qual o fundo da bolsa é coronal ao osso alveolar subjacente. - Intraóssea (infraossea, subcrestal ou intra-alveolar): em que o fundo da bolsa é apical ao nível do osso alveolar adjacente. Nesse segundo tipo, a parede lateral da bolsa se encontra entre a superfície dentária e o osso alveolar. Bolsas podem envolver uma, duas ou mais superfícies do dente e ter diferentes profundidades e tipos em diferentes superfícies do mesmo dente e sobre superfícies próximas do mesmo espaço interdental. Também podem ser espirais (i.e., originam-se sobre uma superfície dentária e rodeiam o dente, envolvendo uma ou mais superfícies adicionais). Esses tipos de bolsas são mais comuns em áreas de furca. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Sinais clínicos que sugerem a presença de bolsas periodontais incluem eritema, gengiva marginal delgada; uma zona vertical eritematosa da gengiva marginal para a mucosa alveolar; sangramento gengival e supuração; mobilidade dentária; formação de diastema; e sintomas como dor localizada ou “profunda no osso”. O único método seguro de localização de bolsas periodontais e determinação das suas extensões é a sondagem meticulosa da margem gengival ao longo de cada superfície dentária. No entanto, tomando-se por base somente a profundidade, às vezes é difícil diferenciar entre um sulco normal profundo e uma bolsa periodontal rasa. Nesses casos limítrofes, as alterações patológicas na gengiva se diferenciam em duas condições. RELAÇÃO ENTRE A BOLSA E O OSSO Em bolsas intraósseas, a base da bolsa é apical ao nível do osso alveolar e a parede da bolsa está localizada entre o dente e o osso. A perda óssea é em muitos casos vertical. Nas bolsas supraósseas, por outro lado, a base da bolsa está localizada coronariamente à crista óssea alveolar e a parede da bolsa continua coronariamente ao osso. O tipo de perda óssea é frequentemente horizontal. Após elevação do retalho para tratamento de bolsas intraósseas, a perda óssea vertical ao redor das raízes mesiais do primeiro e segundo molares inferiores pode ser observada. PATOGÊNESE A lesão inicial no desenvolvimento da periodontite é a inflamação da gengiva em resposta a uma ameaça bacteriana. As alterações envolvidas na transição de um sulco normal para uma bolsa periodontal patológica estão associadas a diferentes proporções de células bacterianas no biofilme dental. A gengiva saudável está associada a poucos microrganismos, na maior parte cocos e bastonetes simples. A gengiva doente está associada a um aumento no número de espiroquetas e bastonetes móveis. Conceitos anteriores consideravam que, após o desafio microbiano inicial, a destruição periodontal continuava relacionada à ação bacteriana. Mais recentemente, foi estabelecido que a resposta imunoinflamatória do hospedeiro ao desafio microbiano inicial e persistente desencadeia mecanismos que levam à destruição de colágeno e osso. Esses mecanismos estão relacionados a diversas citocinas, algumas produzidas normalmente pelas células em tecidos não inflamados e outras por células envolvidas no processo inflamatório, tais como leucócitos polimorfonucleares (PMNs), monócitos e outras células, levando à destruição de colágeno e osso. Colagenases e outras enzimas secretadas por várias células nos tecidos sadios inflamados (estas enzimas que degradam o colágeno e outras macromoléculas da matriz em pequenos peptídeos são chamadas de metaloproteinases da matriz. Como consequência da perda de colágeno, as células apicais do epitélio juncional proliferam ao longo da raiz, projetando-se em forma de dedo com duas ou três células de espessura. Corte com pequeno aumento da base da bolsa periodontal e área apical. Observe o denso infiltrado inflamatório na área de destruição de fibras colágenas e uma fina extensão de epitélio semelhante a um dedo cobrindo o cemento desnudo de fibras. A porção coronal do epitélio juncional separa-se da raiz à medida que a porção apical migra. Como resultado da inflamação, PMNs em números crescentes invadem o final da porção coronal do epitélio juncional. Dessa forma, a porção coronária do epitélio juncional se destaca da raiz conforme a porção apical migra, resultando em seu deslocamento apical e o epitélio sulcular ocupa gradualmente uma porção crescente do revestimento do sulco (então, bolsa). Com a continuação da inflamação, a gengiva aumenta em volume e o bordo da margem gengival se estende em direção à coroa. O epitélio juncional continua a migrar ao longo da raiz separando-se dela. O epitélio da parede lateral da bolsa prolifera e forma extensões bulbosas, semelhantes a cordas, no tecido conjuntivo inflamado. Leucócitos e edema do tecido conjuntivo inflamado infiltram o epitélio que reveste a bolsa, resultando em graus variados de degeneração e necrose. A. Parede lateral da bolsa periodontal mostrando alterações proliferativas epiteliais e atróficas, acentuado infiltrado inflamatório e destruição de fibras colágenas. B. Vista com pequeno aumento do mesmo caso, mostrando o epitélio juncional reduzido. Base da bolsa periodontal mostrando: Extensa proliferação do epitélio lateral próximo às áreas atróficas; Denso infiltrado inflamatório, remanescentes de fibras colágenas destruídas; e Epitélio juncional aparente-mente menos alterado do que o epitélio lateral da bolsa. - A degeneração e necrose progressivas do epitélio levam à ulceração da parede lateral, exposição do tecido conjuntivo subjacente infla-mado e supuração. - Em alguns casos, a inflamação aguda se superpõe às alterações crônicas subjacentes. ATIVIDADE DA DOENÇA PERIODONTAL De acordo com esse conceito, as bolsas periodontais passam por períodos de exacerbação e quiescência, resultando em surtos episódicos de atividade seguidos por períodos de remissão. PERDA DE INSERÇÃO x PROFUNDIDADE DE BOLSA A gravidade da perda de inserção está geralmente, mas nem sempre, relacionada com a profundidade da bolsa. Isto porque o grau de perda de inserção depende da localização do fundo da bolsa sobre a superfície radicular, enquanto a profundidade da bolsa é a distância entre o fundo da bolsa e a margem gengival. Bolsas com mesma profundidade podem estar associadas a diferentes graus de perda de inserção e bolsas de diferentes profundidades podem estar associadas ao mesmo grau de perda de inserção. A gravidade da perda óssea está geralmente, mas nem sempre, relacionada com a profundidade da bolsa. As extensas perdas ósseas e de inserçãopodem estar associadas a bolsas rasas, se a perda de inserção está acompanhada por retração da margem gengival, e pouca perda óssea pode ocorrer em bolsas profundas.
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