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Profa. Ma. Frances Illes UNIDADE I Nutrição Clínica A nutrição clínica tem como objetivo oferecer ao organismo debilitado nutrientes adequados ao tipo de doença, condições físicas, nutricionais e psicológicas do paciente, mantendo ou recuperando o estado nutricional para recuperar ou melhorar a saúde do paciente, tornando-o apto às suas atividades. Atuação do nutricionista: hospitais, consultórios, domicílio, centros de reabilitação. Em todas estas situações, o cuidado nutricional é fundamental para a recuperação ou manutenção da saúde. Princípio da prática nutricional – centralizar o atendimento ao paciente, baseando-se nas necessidades nutricionais inicialmente detectadas que devem ser atualizadas. Introdução à Nutrição Clínica As dietas hospitalares são modificações da dieta normal, padronizadas pela Unidade de Nutrição e Dietética (UND), a fim de atender às necessidades do paciente hospitalizado. Geralmente, as necessidades do paciente hospitalizado são modificadas se comparadas às necessidades de indivíduos sadios, portanto, a dieta a ser oferecida deve ser baseada nas principais Diretrizes Dietéticas, Guias Alimentares e Recomendações Nutricionais atuais. As dietas devem ser adequadas quanto à composição: cor, textura e principalmente sabor. É importante que a dieta seja flexível e possa ser individualmente adaptada. O nutricionista é o responsável pela prescrição dietética (composição do cardápio), avaliando a aceitação e a adequação da dieta prescrita. As dietas de rotina devem ser fracionadas da seguinte forma: café da manhã, colação, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. Dieta normal com modificações na consistência: branda, pastosa, líquida completa, líquida pastosa, líquida restrita Dieta geral: é uma dieta básica, destina-se a pacientes cuja condição clínica não exige modificações dietéticas. É um tipo de dieta elaborada com todos os alimentos normalmente acessíveis ao indivíduo e segundo sua preferência, com qualquer consistência, sem restrições, e tem por finalidade fornecer calorias e nutrientes nas quantidades diárias recomendadas. Dieta branda: é utilizada como uma dieta de transição. Apresenta níveis moderados de celulose que irão facilitar a digestão e diminuir o tempo em que esta será realizada. Normalmente esta dieta é prescrita em casos de: pós-operatório, algumas doenças gastrintestinais, pessoas com dificuldade de mastigação e má absorção. Os alimentos devem ser modificados pela cocção ou fornecerem quantidades pequenas de resíduos. Frituras, alimentos que fornecem resíduos não digeríveis devem ser excluídos. Dieta pastosa: esta dieta tem por finalidade favorecer a digestibilidade em situações especiais com comprometimento de fases mecânicas do processo digestivo. Como a dieta branda, a dieta pastosa tenta propiciar certo repouso digestivo, porém sua consistência é menos sólida e mais tenra. Os teores de nutrientes devem aproximar-se do normal e a fibra é diminuída ou modificada pela cocção. Dieta leve: tem por finalidade proporcionar repouso digestivo ou atender ás necessidades do paciente quando alimentos sólidos não são bem tolerados. Caracteriza-se por preparações constituídas de líquidos e alimentos semissólidos. Exclui parcialmente a mastigação e é constituída de pequena quantidade de resíduos. Dieta líquida completa: utiliza todos os alimentos que sejam líquidos a temperatura ambiente ou corpórea, tem por objetivo fornecer nutrientes de uma forma que não se exija esforço no processo digestivo e absortivo, sendo indicada quando se deseja obter repouso gastrintestinal Dieta líquida pastosa: é indicada para os pacientes que apresentam dificuldade de mastigação e deglutição. Normalmente é utilizada quando os pacientes apresentam comprometimento neurológico importante, que interfere no processo de deglutição. A dieta deve ter uma característica cremosa, sem a presença de pedaços de alimentos, mesmo bem cozidos. Dieta líquida restrita: normalmente indicada no pós-operatório de cirurgias gástricas para fornecer líquidos, alguns eletrólitos e pequena quantidade de calorias, para estimular o retorno da função gastrintestinal, pois proporciona repouso gástrico. Composta somente por líquidos claros, não deve conter alimentos que fermentem, tais como: leite e açúcar. Qual a importância da elaboração do manual de dietas para o serviço de nutrição e dietética de um hospital? Interatividade Padronizar as dietas de rotina utilizadas pelo serviço. Organizar o preparo e o pré-preparo das dietas. Divulgar as dietas à equipe de saúde do hospital. Resposta Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional – EMTN Instituída nos hospitais – Resolução 63/2000 Composição Atribuições: garantir o atendimento adequado aos pacientes que estão sob seu cuidado, ou permitam a identificação dos pacientes que necessitam de terapia nutricional. Atribuições do nutricionista: atendimento ao paciente e aos seus familiares, prescrição dietética, manipulação das dietas, escolha dos fornecedores, entre outras. Terapia Nutricional Enteral Pode ser definida como: nutrição administrada por sonda, excluindo a fase de mastigação e deglutição do processo de alimentação. Suporte Nutricional: Terapia Nutricional Enteral Vantagens da utilização da nutrição enteral A nutrição enteral aproxima-se mais da alimentação natural, sendo, portanto, mais fisiológica; Pode receber nutrientes complexos; A presença dos nutrientes no trato digestivo estimula o trofismo intestinal. Pode ser utilizada em domicilio. Indicações É indicada todas as vezes que o paciente: não pode comer, não deve, não consegue ou o faz de maneira insuficiente. Algumas situações onde a NE é utilizada: Crianças desnutridas; Doenças congênitas; Pacientes graves, em UTI; Alterações do sistema neurológico. Vias de acesso da nutrição enteral Fonte: Autoria própria. Localização da sonda Gástrica. Vantagens e desvantagens: Enteral; Em duodeno; Em jejuno. Administração da nutrição enteral A dieta enteral pode ser administrada pelo sistema contínuo ou intermitente. Independentemente do sistema de administração adotado, a nutrição enteral deve ser iniciada com pequenos volumes e gradativamente evoluir até atingir as necessidades nutricionais do paciente. É indicado que em até uma semana o volume da dieta oferecida consiga atender as necessidades nutricionais do paciente. Sistema contínuo – pode ser feita de dois modos: gotejamento gravitacional ou por bomba de infusão. Dependendo da localização da sonda, deve-se observar o volume inicial. É recomendado que a administração se inicie com no máximo 45ml/h, quando a sonda estiver localizada no estômago, e 05 a 25ml/h, quando a sonda estiver localizada no duodeno ou jejuno. Determinar o período de administração. Limitações da sua utilização. Sistema intermitente – a administração pode ser feita em bolo ou por queda gravitacional. A infusão da dieta deve ser lenta. Determinar o número de refeições que serão oferecidas. Pode ser utilizada em domicílio com maior facilidade. O volume inicial deve ser de 50 a 100ml e deve ser aumentado em 50 a 100ml/dose a cada 24 horas, conforme a tolerância do paciente. Quando você é o nutricionista da EMTN e participa das decisões referentes à utilização do suporte nutricional enteral pelos pacientes, quais os fatores que irão contribuir para que esta via de administração seja escolhida? Após a escolha do suporte nutricional enteral, quais critérios devem ser utilizados para se determinar a via de administração, o volume inicial e a evolução do volume? Interatividade Estado de consciência do paciente. Condição clínica. Funcionamento do TGI. Posicionamento da sonda. Início. Tipo de dieta. Controle – realizar o controle dovolume infundido. Evolução. Resposta Escolha dos nutrientes da dieta: Proteínas; Carboidratos; Lipídeos; Fibras. Classificação das dietas: De acordo com o preparo: Artesanal; Mista; Industrializada – dieta completa: padrão ou especial, suplementos ou incompletas e módulos – podem ser encontradas na forma líquida ou em pó. De acordo com a complexidade – polimérica, oligomérica. De acordo com a osmolaridade. Preparo da dieta: Determinar a rotina dos funcionários e o local de preparo. Como escolher a dieta? Fonte: Autoria própria. Digestão e absorção normais? Complicações da dieta enteral As complicações da nutrição enteral podem ser classificadas, em três grupos: Mecânicas se relacionam com a introdução e manutenção da sonda; Pneumonia por aspiração – causada pelo refluxo do conteúdo gástrico contaminado para a orofaringe, que seria aspirado inicialmente para a traqueia e, dependente de inúmeras condições, responsável pela pneumonia. Limpeza da sonda – é importante realizar a lavagem da sonda após a administração da dieta ou de medicamentos. Gastrintestinais estão relacionadas com a infusão da dieta no tubo digestivo. Náuseas e vômitos – é importante determinar a causa destes sintomas, que podem ocorrer pela condição clínica do paciente ou por situações externas como: osmolaridade e aroma da dieta. Distensão abdominal – pode estar relacionada com o paciente ou com a dieta. As principais causas relacionadas ao paciente são: piora da condição clínica quando este apresenta processos infecciosos. A constipação intestinal é outra situação em que o paciente pode apresentar distensão abdominal, este quadro é frequente quando ocorre deficiência na ingestão de líquidos, falta de fibras na dieta ou uso de medicamentos. Administração ou gotejamento rápido. Temperatura da dieta inadequada – dietas geladas. Diarreia – condição comum nos pacientes que estão utilizando dieta enteral. As causas mais comuns são: osmolaridade da dieta, contaminação microbiana, utilização de medicamentos e desnutrição. Você é nutricionista de um serviço de home care. Quando vai fazer sua visita de rotina ao paciente JRF, 56 anos, do sexo masculino, que sofreu um AVC e está utilizando suporte nutricional enteral há 3 meses, sua cuidadora relata que o gotejamento da dieta está muito lento, mesmo quando a pinça do equipo está totalmente aberta. Há 15 dias foi ao PS, pois apresentou febre, onde foi diagnosticado com pneumonia, o paciente foi medicado e o tratamento realizado em casa. Quais as possíveis complicações que estão ocorrendo com o paciente? a) Distensão abdominal e pneumonia por aspiração. b) Hiperglicemia e constipação intestinal. c) Obstrução da sonda e pneumonia por aspiração. d) Diarreia e hiperglicemia. e) Obstrução da sonda e diarreia. Interatividade Obstrução da sonda e pneumonia por aspiração. Para evitar que estas complicações possam ocorrer, há necessidade de realizar a lavagem com água após a administração da dieta ou de medicamentos e verificar a posição do paciente durante uma hora após a administração da dieta, além de verificar se a higiene oral está sendo feita adequadamente. É necessário seguir sempre as orientações dos profissionais da EMTN para evitar qualquer complicação na administração da nutrição enteral. Resposta Terapia Nutricional Parenteral Tem por objetivo fornecer todos os nutrientes necessários para garantir que as necessidades nutricionais dos pacientes sejam atendidas, sempre que a via oral ou enteral não puder ser utilizada. A nutrição parenteral é a administração de nutrientes diretamente na corrente sanguínea. Indicação da Nutrição Parenteral É indicada sempre que o trato gastrointestinal não pode ser utilizado ou quando a ingestão alimentar não é suficiente para manter o estado nutricional adequado, sendo necessário complementar com a nutrição parenteral. As principais situações onde a nutrição deve ser indicada são: pacientes que apresentam fístulas gástricas ou intestinais, sempre que os pacientes apresentarem risco de desenvolver desnutrição ou estiverem desnutridos. Componentes da Nutrição Parenteral Deve fornecer todos os nutrientes necessários para a manutenção ou recuperação da saúde, tanto em relação à quantidade quanto em relação a qualidade. Assim, as soluções devem ser compostas pelos macros e micronutrientes. A glicose é o carboidrato utilizado nas soluções de nutrição parenteral, e normalmente é o principal componente. A glicose é uma substância importante no metabolismo do organismo e principal fonte de energia. É necessário utilizar este nutriente com cautela, pois é indispensável a presença de insulina para o seu metabolismo. Os lipídeos estão disponíveis sob a forma de ácidos graxos, são importantes e devem compor a solução, pois têm a função de fornecer os ácidos graxos essenciais e fornecer calorias, com a vantagem de ser metabolizados independentemente da presença de insulina. As proteínas devem estar sempre presentes nas soluções de nutrição parenteral, e normalmente são disponibilizadas na forma de aminoácidos. As vitaminas e os minerais devem fazer parte da solução parenteral, no entanto, a quantidade necessária irá depender do estado clínico do paciente e deve ser prescrita diariamente, de acordo com a necessidade. A nutrição parenteral pode ser prescrita individualmente, de acordo com a necessidade do paciente, ou a equipe pode utilizar uma solução padrão disponível no hospital. Preparo da dieta. Administração da dieta. De acordo com a Food and Drug Administration (FDA), um suplemento dietético é uma substância tomada por via oral que se destina a acrescentar valor nutricional à dieta. Os suplementos dietéticos estão disponíveis em várias formas, incluindo comprimidos, cápsulas, pós e líquidos. Indicação: quando os pacientes não conseguem ou não vão comer o suficiente para atender suas necessidades nutricionais, a terapia nutricional deve ser considerada parte do plano de cuidados integrados. A alimentação oral é a mais fisiológica e deve ser a via preferida para a nutrição. Suplementos orais Os tipos mais comuns de suplementos orais são as fórmulas comerciais destinadas primariamente a aumentar a ingestão. Alguns suplementos orais fornecem uma dieta completa em termos nutricionais, caso sejam tomados em volume suficiente. Terapia Nutricional Oral Espessantes: produtos que modificam a consistência dos alimentos, podem favorecer a deglutição e diminuir o risco para a aspiração dos alimentos. Alteram a consistência do alimento É uma conduta que tenta contornar os problemas de deglutição e manter a alimentação via oral. Podem ser utilizados quando o paciente apresenta dificuldade de deglutição e/ou mastigação. ATÉ A PRÓXIMA!
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