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❖ Câncer de colo uterino (CCU) - Único câncer genital feminino que pode ser realmente PREVENIDO por uma técnica de rastreamento efetiva e barata, que permite a detecção e tratamento na fase pré-maligna, ainda na forma de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) EPIDEMIOLOGIA - 2º mais comum em mulheres - Causa mais comum de morte por câncer em mulheres, nos países em desenvolvimento - Comumente diagnosticado em torno da 5ª década de vida (mais precocemente que a média de idade para CA de mama, pulmão e ovário) FATORES DE RISCO o Infecção pelo HPV de alto risco (16, 18) – presente em +90% dos casos de tumor invasor! o Idade (maioria das infecções por HPV em mulheres <30 anos regride espontaneamente) o Baixo nível socioeconômico o Início precoce das atividades sexuais o Aumento do nº de parceiros sexuais o nº total de parceiros durante a vida / nº parceiras sexuais do cônjuge o Gravidez precoce o Multíparas o Prostitutas o Outras ISTs (herpes, gonorreia, sífilis, clamídia) o Tabagismo o Deficiência de alfa-1-antitripsina (rara alteração genética associada ao CA de colo uterino; mais comum na raça NEGRA) PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) - Subtipos 16 e 18 são responsáveis por aproximadamente 70% dos carcinomas cervicais - Subtipo 16 – mais prevalente; mais frequente entre os carcinomas de células escamosas - Subtipo 18 – 20% dos tumores; mais comum entre os adenocarcinomas - Subtipos 6, 11 – mais comumente associados a lesões de condiloma acuminado - Condiloma acuminado – estão associados principalmente a vírus de baixo risco (HPV 6 e 11), no entanto, em 5% dos casos, pode-se encontram também vírus de alto risco Câncer em ginecologia Colo uterino e Endométrio PATOLOGIA - Carcinoma de células escamosas normalmente se origina na junção escamocolunar (JEC) do colo uterino; ele é precedido, na maioria das vezes, por NIC e carcinoma in situ que, se não tratado, evolui para carcinoma invasor em 10-30% dos casos - Na grande maioria das vezes, a NIC III já aparece nessa fase, sem passar pelas fases anteriores; a progressão de NIC I para NIC III se dá, somente, em 10% dos casos - Epidermoide escamoso (75-90%) – se originam na junção escamocolunar (JEC) o De grandes células não queratinizado (+ comum) o De grandes células queratinizado o De pequenas células não queratinizado - Adenocarcinoma (15-25%) – se originam das células colunares endocervicais o Associados à maior recorrência, maior nº de linfonodos comprometidos e diminuição da sobrevida = pior prognóstico! - Adenoescamoso - Outros tipos histológicos mais raros – Células claras, neuroendócrino, sarcomas, linfomas, melanomas, tumores metastáticos QUADRO CLÍNICO - Assintomático, na fase inicial - Apresentação clínica é inespecífica, e depende da localização e extensão da doença: o Secreção vaginal amarelada fétida ou sanguinolenta o Ciclos menstruais irregulares o Spotting intermenstrual o Sangramento pós-coito o Dor em baixo ventre - Estádios mais avançados: o Dor em baixo ventre + importante o Anemia (sangramento) o Dor lombar (comprometimento ureteral) o Hematúria, alterações miccionais (invasão da bexiga) o Alteração do hábito intestinal (invasão do reto) o Dor na coluna lombar e bacia pélvica (comprometimento da parede pélvica) - Disseminação linfática (linfonodos pélvicos e para-aórticos) Tratamento condiloma acuminado – Objetivos: - Estética - Evitar infecções secundárias - Prevenção de malignidade (5%) - Prevenção de transmissão vertical? - Prevenção de transmissão horizontal (IST) – destruição de lesões clínicas e subclínicas diminui a possibilidade de transmissão a outros contatos o Cauterização com eletrocautério, laser, substâncias químicas (ácido tricloroacético, 5-fluoracil*, imiquimod*), imunomoduladores, ressecção cirúrgica o Gestantes – tratamento após revisão nos 4-6 meses pós-parto (ácido tricloroacético, retirada com eletrocautério, CAF) o Cesariana indicada apenas nos casos de condilomas gigantes que obstruem o canal de parto DIAGNÓSTICO - Citologia + colposcopia + histologia o Colposcopia – imagens sugestivas de invasão tumoral (vasos atípicos, necrose, erosões, aspecto vegetante e circunvoluções na lesão) o Histologia (padrão-ouro) – biópsia direta da lesão, curetagem endocervical*, conização* - Toque vaginal – poderá mostrar colo uterino com aspecto irregular, tumoral e vegetante - Toque retal – avaliar invasão tumoral ESTADIAMENTO - Clínico (FIGO) o Exame físico o Colposcopia o Anatomopatológico o Exames de imagem (RX tórax) o Uretrocistoscopia, retossigmoidoscopia – quando há suspeita de invasão de bexiga ou reto - TC, RM, PET-CT - Cirúrgico o Linfadenectomia pélvica, para-aórtica* TRATAMENTO - Cirurgia de Wertheim-Meigs (histerectomia total ampliada - Piver III) – são retirados: o Útero o Terço superior da vagina o Ligamentos uterossacros e vesicouterinos, paramétrio o Linfadenectomia pélvica bilateral *Não é necessário retirar os ovários; são retirados apenas nas pacientes pós-menopausadas - Quimioterapia (QT) o Doença recidivada e/ou metastática - Radioterapia (RT) o Monoterapia – apenas se comorbidade, idade avançada, contraindicação cirúrgica o Tratamento complementar a cirurgia (critérios específicos) *A RT esteriliza os ovários e afeta a função sexual, por meio de sequelas em nível vaginal - Radioquimioterapia (RQ) adjuvante o Linfonodos pélvicos positivos, margens comprometidas e envolvimento parametrial - Conização a frio (estádio IA-1) - Cirurgia preservadora de fertilidade (traquelectomia radical) - Biópsia do linfonodo sentinela (evitar a linfadenectomia pélvica bilateral total) PREVEÇÃO - Primária – vacinação o Bivalente (16, 18) o Quadrivalente (6, 11, 16, 18) – SUS o Meninas 9-14 anos / Meninos 11-14 anos - Secundária – rastreamento (Citologia) o 25 aos 64 anos, para mulheres que já tiveram atividade sexual o >64 anos, pode interromper com pelo menos 2 exames negativos consecutivos nos últimos 5 anos o Intervalo – anual / após 2 exames anuais negativos – a cada 3 anos LESÕES PRE-MALIGNAS DO COLO UTERINO - NIC (Neoplasia intraepitelial cervical) o NIC I – baixo grau o NIC II e III – alto grau - Grande maioria das NICs de baixo grau não irá progredir para câncer ou requer tratamento - Fatores associados ao risco de progressão de NIC I: o Infecção por subtipos de alto risco (ex. 16 e 18) o Persistência da lesão o Tamanho da lesão o Tabagismo o Imunodeficiência o Coinfecções genitais por ISTs o Idade - NICs de alto grau apresentam grande risco de progressão para carcinoma invasor (recomendação formal para tratamento) ❖ Câncer de endométrio EPIDEMIOLOGIA - 2º tumor genital maligno que mais acomete mulheres no Brasil (atrás do CCU) - Acomete principalmente pacientes no período peri e pós-menopáusico (50 e 65 anos) - 70% dos casos ocorrem em mulheres >50 anos - Apenas 25% dos adenocarcinomas são diagnosticados antes da menopausa - Somente 5% dos casos ocorrem em mulheres <40 anos - Principais fatores de risco associam-se aos efeitos proliferativos da exposição prolongada do estrogênio, principalmente quando contínua e sem oposição progestogênica NIC I 10% NIC III 1% Carcinoma invasor FATORES DE RISCO o Idade >60 anos o Raça branca (no entanto, as mulheres negras apresentam maior índice de mortalidade) o Nível socioeconômico elevado o Antecedentes familiares e hereditários de câncer de endométrio o Instabilidade de microssatélites (problema nos genes de reparo – MLH1, MSH2, MSH5, PMS2, EpCAM) o Síndrome de Lynch tipo II (neoplasias de cólon, endométrio e ovário) – 10x o Anovulação crônica (SOP) o Estrogênio – Menarca precoce, menopausa tardia, nuliparidade, TRH não associada a progestágenos o Obesidade (IMC≥25) – fonte de excessode estrogênio, devido a esteroidogênese adrenal o Diabete melito o Hiperplasia endometrial atípica (lesão precursora – 5-19%) o Tamoxifeno QUADRO CLÍNICO - Sangramento vaginal anormal, pós-menopáusico (90%) - Hematometra ou piometra (acúmulo de sangue ou secreção purulenta na cavidade endometrial) - Massa amolecida em hipogástrio (aumento do volume uterino) - Distensão abdominal secundária à ascite – doença avançada - Assintomático, com células endometriais presentes no exame de citologia cervical (carcinoma? hiperplasia endometrial?) - Sangramento irregular ou abundante, com história de anovulação em pacientes pré-menopáusicas DIAGNÓSTICO - US transvaginal – avaliar espessura e textura endometrial (1º exame a ser solicitado nas pacientes com sangramento vaginal pós-menopausa) o < 5mm, sem TRH, pós-menopausa – descartar CA de endométrio o 8-10mm, com uso de TRH o 12mm, menacme, pós-menstrual - Exame histológico – diagnóstico: o Biópsia excisional (espessamento difuso) o Dilatação e curetagem uterina (espessamento difuso) o Histeroscopia diagnóstica com biópsia excisional sob visão direta (espessamento FOCAL, ou difuso) – considerada padrão-ouro nos centros maiores CLASSIFICAÇÃO - Adenocarcinoma endometrioide o Endometrioide típico (57-80%) o Adenoacantoma o Carcinoma adenoescamoso - Adenocarcinoma não endometrioide (pior prognóstico) o Papilar seroso o Células claras o Menos frequentes – indiferenciado, secretor, misto ESTADIAMENTO - Cirúrgico (FIGO) o Citologia do lavado peritoneal o Histerectomia total + salpingo-oforectomia bilateral o Pesquisa de linfonodo sentinela (linfonodo sentinela pélvico direito e esquerdo) o Linfadenectomia sistemática TRATAMENTO - Cirurgia (histerectomia e anexectomia bilateral e cirurgia de estadiamento) - Hormonioterapia – progestágeno o Pacientes jovens com neoplasia endometrial bem diferenciada e desejo da preservação da fertilidade o Pacientes muito idosas, obesas, com alto risco cirúrgico – alta dose de progestágeno ou RT exclusiva - RT (tratamento complementar) - QT adjuvante o Pacientes com doença avançada
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