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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 1 MÓDULO DE: DESIGNER INSTRUCIONAL AUTORIA: BEATRIZ CHRISTO GOBBI Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 2 Módulo de: Designer Instrucional Autoria: Beatriz Christo Gobbi Primeira edição: 2008 CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos. Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente na aplicação didática, beneficiando e divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização e direitos autorais. E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial. Todos os direitos desta edição reservados à ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA http://www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 Bairro Itaparica – Vila Velha, ES CEP: 29102-040 Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 3 Apresentação Este curso pretende discutir o processo de Design Instrucional. A proposta é a de pensar o Design Instrucional – DI nos novos espaços de aprendizagem decorrentes da educação a distância, nos quais se manifestam diferentes formas de representação e comunicação do pensamento e novas relações com o conhecimento. Trata-se de um curso teórico, quanto ao seu conteúdo explícito, que pretende fornecer um espaço para discussões e troca de experiências entre os alunos e o tutor. É importante que você execute as atividades complementares, tire suas dúvidas, junto ao tutor, participe do fórum ou chat, com outros alunos, e enriqueça sua própria experiência de curso. Objetivo O presente curso tem como objetivo capacitar o aluno a utilizar os conceitos do Design Instrucional em sua prática profissional de modo que os benefícios proporcionados pela metodologia de DI sejam compreendidos. Ementa Educação a distância: modelos e implicações para o DI; O que é DI; Breve histórico do DI; Paradigmas de Aprendizagem e Design Instrucional; Modelo de DI Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 4 Sobre o Autor Beatriz Christo Gobbi Graduada e Mestre em Administração pela Universidade do Espírito Santo e pela Universidade Federal de Lavras, respectivamente. Com experiência no desenvolvimento de pesquisa e orientação de trabalhos científicos, atua na docência do ensino superior e pós- graduação. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 5 SUMÁRIO UNIDADE 1 ........................................................................................................... 8 Introdução .......................................................................................................... 8 UNIDADE 2 ......................................................................................................... 10 Educação a distância: modelos e implicações para o DI ................................ 10 UNIDADE 3 ......................................................................................................... 16 O que é DI ........................................................................................................ 16 UNIDADE 4 ......................................................................................................... 20 Breve histórico do DI ........................................................................................ 20 UNIDADE 5 ......................................................................................................... 26 Paradigmas de Aprendizagem e Design Instrucional – parte I ....................... 26 UNIDADE 6 ......................................................................................................... 31 Paradigmas de Aprendizagem e Design Instrucional – parte II ...................... 31 UNIDADE 7 ......................................................................................................... 37 Paradigmas de Aprendizagem e Design Instrucional – parte III ..................... 37 UNIDADE 8 ......................................................................................................... 43 Modelo de DI .................................................................................................... 43 UNIDADE 9 ......................................................................................................... 46 Análise .............................................................................................................. 46 UNIDADE 10 ....................................................................................................... 51 Análise .............................................................................................................. 51 UNIDADE 11 ....................................................................................................... 58 Análise dos aprendizes .................................................................................... 58 UNIDADE 12 ....................................................................................................... 64 Análise da tarefa de aprendizagem ................................................................. 64 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 6 UNIDADE 13 ....................................................................................................... 69 Análise da tarefa de aprendizagem ................................................................. 69 UNIDADE 14 ....................................................................................................... 75 Análise da tarefa de aprendizagem ................................................................. 75 UNIDADE 15 ....................................................................................................... 78 Análise da tarefa de aprendizagem ................................................................. 78 UNIDADE 16 ....................................................................................................... 82 Análise da tarefa de aprendizagem ................................................................. 82 UNIDADE 17 ....................................................................................................... 91 O Planejamento da instrução ........................................................................... 91 UNIDADE 18 ....................................................................................................... 94 Planejamento da Instrução: mídias e estratégias instrucionais ...................... 94 UNIDADE 19 ....................................................................................................... 98 Planejamento da Instrução: mídias e estratégias instrucionais ...................... 98 UNIDADE 20 ..................................................................................................... 102 Planejamento da Instrução: mídias e estratégias instrucionais .................... 102 UNIDADE 21 ..................................................................................................... 105 Planejamento e desenvolvimento da Instrução ............................................. 105 UNIDADE 22 ..................................................................................................... 111 Planejamentoda Instrução: mídias e estratégias instrucionais .................... 111 UNIDADE 23 ..................................................................................................... 116 Planejamento da Instrução: mídias e estratégias instrucionais .................... 116 UNIDADE 24 ..................................................................................................... 119 Planejamento da Instrução: mídias e estratégias instrucionais .................... 119 UNIDADE 25 ..................................................................................................... 124 Planejamento da Instrução: mídias e estratégias instrucionais .................... 124 UNIDADE 26 ..................................................................................................... 127 Planejamento da Instrução: mídias e estratégias instrucionais .................... 127 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 7 UNIDADE 27 ..................................................................................................... 131 Planejamento da Instrução: mídias e estratégias instrucionais .................... 131 UNIDADE 28 ..................................................................................................... 144 Desenvolvimento e Implantação da solução de instrução ............................ 144 UNIDADE 29 ..................................................................................................... 146 Avaliação da instrução ................................................................................... 146 UNIDADE 30 ..................................................................................................... 152 Considerações Finais ..................................................................................... 152 GLOSSÁRIO ..................................................................................................... 153 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 154 Bibliografia sobre DI ....................................................................................... 155 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 8 UNIDADE 1 Objetivos: apresentar o módulo de Design Instrucional com a sua ementa e objetivos e fazer a introdução da temática Introdução A disseminação do uso da tecnologia de informação e comunicação associada à necessidade de formação continuada dos indivíduos da sociedade do conhecimento vem provocando o incremento da utilização da educação a distância (EAD). Esse novo formato educacional remodela o tradicional processo de ensino-aprendizagem, modificando papéis, métodos, pressupostos filosóficos, formas de produção e disseminação do conhecimento o que gera novos desafios e perspectivas para a educação. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 9 Nesse contexto, surge um espaço de discussões relacionadas às conexões entre educação a distância e tecnologias de informação e comunicação – TIC. Entre os inúmeros pontos, questões como o planejamento, o desenvolvimento e a utilização sistemática de métodos, técnicas e atividades de ensino para projetos educacionais apoiados por tecnologias passam a ganhar proeminência. A nossa proposta é a de pensar o Design Instrucional – DI nos novos espaços de aprendizagem decorrentes da educação a distância, nos quais se manifestam diferentes formas de representação e comunicação do pensamento e novas relações com o conhecimento. Posto isto, o presente curso tem como objetivo capacitar o aluno a utilizar os conceitos relacionados ao Design Instrucional em sua prática profissional de modo que os benefícios proporcionados pela metodologia de DI sejam compreendidos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 10 UNIDADE 2 Objetivos: Apresentar algumas características dos cursos à distancia, focando no ensino on- line e iniciar a discussão sobre o DI Educação a distância: modelos e implicações para o DI Você já observou e refletiu sobre as diferenças entre os cursos que realizamos? Você já percebeu as diferentes propostas pedagógicas, as diversas estratégias didáticas adotadas, os diferenciados pressupostos filosóficos dos cursos ofertados? Para Souza (2006), entre os atributos que constituem o Design Instrucional, a abordagem pedagógica de EAD impacta diretamente na forma que o curso será concebido, planejado e executado. O entendimento dos pressupostos do curso, suas características e filosofia são essenciais para o início do trabalho do designer instrucional. Essas diferenças estão ainda relacionadas à teoria de aprendizagem adotada, o que discutiremos mais adiante. Então, nesta unidade teremos a oportunidade de perceber e diferenças entre alguns tipos de cursos à distancia, sem a pretensão de esgotar o tema. Nesse primeiro momento, o objetivo é que você a partir dessas diferenças reflita sobre a dinâmica diferenciada do processo de ensino-aprendizagem. Então, vamos lá! Para Peters (apud SOUZA, 2006), a variedade de conceitos que se tem de EAD se transformou historicamente, e alguns destes conceitos se cristalizaram em modelos já institucionalizados. O autor distingue sete modelos de educação a distância, dos mais tradicionais, ainda presentes nos dias de hoje, aos mais recentes que surgiram dentro da evolução da tecnologia e das mídias: Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 11 Modelo de EAD Características 1. Modelo de Preparação para o Exame A universidade limita a fazer exames, conferir graus mas se abstém de ensinar; o aluno ensina a si mesmo 2. Modelo de Educação por Correspondência É o mais antigo de todos, é a “preparação para o exame” mais o ensino regular. Com textos didáticos, tarefas prescritas e levadas ao aluno por meio de correspondência regular 3. Modelo Multimídia (de massa) Desenvolvido nos anos 60; uso mais ou menos integrado do rádio, televisão e material impresso. Amplamente difundido pelas universidades abertas 4. Modelo de Educação a distância em Grupo Uso de mídias (rádio e TV) para transmitir palestras proferidas por professores, assistidas por um grupo de alunos que fazem notas e discutem durante a aula, sem o uso de material impresso. 5. Modelo de Aluno Autônomo Professores orientam os alunos sem aulas expositivas; os alunos organizam a aprendizagem, assumem as suas tarefas, determinam os seus objetivos, selecionam os conteúdos e decidem as mídias a serem utilizadas. 6. Modelo de Educação a distância baseada na Web Alunos têm acesso aos programas didáticos e bancos de dados remotos disponibilizados na Web. Trabalham on-line ou off-line; participam de encontros com tutores e alunos e realizam projetos 7. Modelo de Sala de Aula estendido tecnologicamente O professor dá aulas em uma sala de aula (estúdio) da faculdade e as aulas ou instruções são transmitidas para duas ou mais salas de aula por meio de cabo, satélite ou videoconferências. É interativo e ocorre em tempo real Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 12 Quadro 1 - Modelos de Educação a distância Fonte: Peters apud Souza (2006) Pelos modelos expostos podemos perceber que a utilização da EAD pode implicar em maior ou menor separação espacial e temporal, maior ou menor interação face a face, maior ou menor interatividade, maior ou menor utilização de Tecnologia de Informação e Comunicação, maior ou menor conexão em rede, etc. Para Peters a escolha do modelo depende de vários fatores (econômicos, infra estrutura, filosóficos, etc.) e que qualquer que seja a decisão, não se deve esquecer que a educação a distância é sui generis e exige abordagens que diferem dos formatos tradicionais da educação. No Brasil,para Moran (2008), o modelo de EAD que mais cresce combina a aula com o atendimento on-line: teleaulas por satélite ao vivo, tutoria presencial e apoio da Internet. Nesse modelo, as aulas são ao vivo para dezenas ou centenas de telesalas, simultaneamente, onde em cada uma há uma turma de até cinquenta alunos, que assistem a essas aulas sob a supervisão de um tutor local e realiza algumas atividades complementares na sala. Há alguma interação entre alunos e professores através de perguntas mandadas via chat e que podem ser respondidas ao vivo via teleconferência, depois de passarem por um filtro de professores auxiliares ou tutores. Essas aulas são complementadas nas salas com atividades supervisionadas por um tutor presencial e outras, ao longo da semana, orientadas por um tutor on-line. Para o autor, é um modelo muito atraente, porque combina mobilidade com a tradição de aprender com o especialista. Principalmente para pessoas mais simples assusta menos e induz a pensar que educação a distância depende ainda da informação do professor. As atividades a distância, se bem feitas, conferem autonomia aos alunos, e, se combinadas com atividades colaborativas, podem compor um conjunto de estratégias combinadas muito interessantes e dinâmicas. O problema está na massificação, na manutenção de tutores generalistas mal pagos e tutores on-line sobrecarregados. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 13 Outro modelo a distância predominante é via redes, mais conhecido como educação on-line, onde o aluno se conecta a uma plataforma virtual e lá encontra materiais, tutoria e colegas para aprender com diferentes formas de organização da aprendizagem: umas mais focadas em conteúdos prontos e atividades até chegarmos a outras mais focadas em pesquisa, projetos e atividades colaborativas, onde há alguns conteúdos, mas o centro é o desenvolvimento de uma aprendizagem ativa e compartilhada. O foco em projetos colaborativos se desenvolve com rapidez e traz um dinamismo novo para a EAD. Há cursos que se apóiam em cases, em análise de situações concretas ou em jogos, o que lhes conferem muito dinamismo, participação e ligação grande com o mercado. Para Moram, hoje há muitas opções diferentes de estudos on-line e a tendência é termos ainda o on-line com muitas mais opções audiovisuais, interativas, fáceis de acessar e gerenciar e a custos bastante baixos. O autor classifica os cursos em: cursos on-line assíncronos; cursos on-line com períodos preestabelecidos, subdivididos e centrado em conteúdos e modelo de colaboração entre os participantes e, ainda, os cursos híbridos. Os cursos on-line assíncronos são baseados em conteúdos prontos e algum grau de tutoria, em que os alunos se inscrevem a qualquer momento. O termo assíncrono significa que no processo de comunicação a mensagem que é emitida por uma pessoa é recebida e respondida mais tarde pelas outras, como exemplo, podemos citar o correio eletrônico, fórum e lista de discussão. Em outras palavras, o processo de interação não acontece no momento de emissão da comunicação. Há o mesmo tipo de cursos, com mais interação. Os alunos participam de grupos, de debates como parte das estratégias de aprendizagem. Combinam atividades individuais e de grupo e têm também uma orientação mais permanente. O segundo tipo de curso é o on-line com períodos preestabelecidos. Ele começa em data prevista e vai até o final com a mesma turma, como acontece em muitos cursos presenciais atualmente. Dentro desse formato, há dois modelos básicos, com variáveis: O primeiro deles é o modelo centrado em conteúdos, no qual o que é importante é a compreensão de textos, a capacidade de selecionar, de comparar e de interpretar ideias e Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 14 análise de situações. Esses conteúdos podem estar disponíveis no ambiente virtual do curso e também em textos impressos ou em CDs que os alunos recebem. Geralmente há tutores para tirar dúvidas e alguma ferramenta de comunicação assíncrona como o fórum. O segundo modelo de cursos com períodos preestabelecidos pode ser entendido como modelo de colaboração entre os participantes. Combinam leituras, atividades de compreensão individuais, produção de textos individuais, discussões em grupo, pesquisas e projetos em grupo, produção de grupo e tutoria bastante intensa. Nos cursos on-line que começam em períodos certos, com tempos predeterminados é mais fácil formar grupos, trabalhar com módulos. O conteúdo do curso e as atividades em parte estão preparados, mas dependem muito da qualidade e integração do grupo, da colaboração. É mais focado em colaboração do que em leitura de textos. O importante neste grupo são as discussões, o desenvolvimento de projetos e as atividades colaborativas. O curso em parte está pronto e em parte é construído por cada grupo. Uma variável deste modelo inclui alguns encontros ao vivo, que podem ser para aulas expositivas, ou para tirar dúvidas ou para apresentação de pesquisas. É um curso on-line, mas semipresencial. Já o modelo híbrido on-line pode ter atividades síncronas e assíncronas. As atividades síncronas são aquelas em que todos participam ao mesmo tempo, como por exemplo, o chat e a videoconferência. É mais adequado para estudantes iniciantes, em fase de formação e progressivamente é possível diminuir os tempos síncronos, na medida em que os alunos vão adquirindo maior autonomia. Os cursos mais individualizados e assíncronos, nos quais o aluno se inscreve quando acha conveniente e segue o ritmo que lhe parecer melhor (dentro de certos limites), são mais indicados para alunos mais adultos e com bastante experiência profissional. O on-line atual mais assíncrono e personalizado é para pessoas mais adultas, com experiência e que precisam de flexibilidade e têm motivação e autodisciplina. Para Moran, no Brasil a tendência é caminhamos para o on-line mais audiovisual, com plataformas com todos os recursos integrados, audiovisuais e interativos. O on-line mais Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 15 colaborativo pode ajudar a alunos que têm dificuldade de concentração, de gerenciamento do tempo com a criação de grupos para pesquisa, atividades colaborativas e também com o acompanhamento de professores orientadores de aprendizagem. Se cada aluno tiver seu orientador se sentirá mais seguro, terá a quem recorrer. A combinação de atividades em grupo e de orientação personalizada é um dos caminhos para que realmente a educação on- line avance. Vimos no texto alguns tipos de cursos a distância. Entendemos a EAD como atividade pedagógica caracterizada por um processo de ensino aprendizagem realizado por mediação docente e com a utilização de recursos didáticos sistematicamente organizados e com o suporte de tecnologia de informação e comunicação, sem a frequência obrigatória de alunos e professores. Direcionamos atenção para os cursos on-line, ou seja, os cursos que são desenvolvidos a partir do uso da internet. Vimos que há cursos que exigem maior ou menor interatividade, com período de formação de turmas, com mais flexibilidade, com maior ou menor número de atividades colaborativas, maior ou menor uso de tecnologia de informação e comunicação, cursos que exigem mais autonomia dos aprendizes, etc. Agora pense na sua experiência como discente. É a sua primeira experiência num curso a distância? Quais características você identifica no curso da ESAB? E os outros cursos, quais características eles apresentavam? Esse é um primeiro exercício para sua reflexão. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 16 UNIDADE 3 Objetivos: Apresentar o Design Instrucional, envidenciando suas características e importância. O que é DI Tendo discutido sobre as diferenças entre as abordagens pedagógicas de cursosa distância, partiremos agora para o entendimento do Design Instrucional. Design Instrucional ou DI pode ser entendido como “a ação intencional e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de facilitar a aprendizagem humana a partir dos princípios de aprendizagem e instrução conhecidos” (FILATRO, 2007, p. 65). Para Tractenberg (2007), essa metodologia se distingue de outras formas de criação de materiais educacionais pelo seu caráter metódico e cuidadoso aplicado aos processos de análise, planejamento, desenvolvimento e avaliação. Sua prática se orienta por resultados de pesquisas principalmente na área de Educação, Psicologia e Comunicação. Trata-se de uma abordagem sistêmica, que pondera múltiplos fatores que afetam e/ou podem ser afetados pela implementação de uma iniciativa de educação ou treinamento. Para esse autor, o DI possui 4 propósitos básicos: Criar processos e materiais didáticos efetivos, isto é, que atinjam seus objetivos pedagógicos; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 17 Que estes materiais e processos sejam eficientes, consumindo o menor tempo possível; Que sejam agradáveis para os aprendizes, e Que sejam viáveis em seu custo-benefício. Para Filatro (2007), quando o DI se refere à produção de materiais instrucionais – no formato tradicional ou em sua versão on-line – aproxima-se do sistema de entrega de conteúdos que caracteriza a imprensa, os meios editoriais, a publicidade e recentemente a mídia eletrônica. No entanto, a autora afirma que o conceito de Design Instrucional não se restringe ao tratamento, publicação e entrega da informação e o diferencia da ciência da informação, como demonstrado no quadro 2 adiante: Ciência da informação Design Instrucional Definição Organização, seleção e apresentação de informações para a recuperação rápida e precisa. Uso de estratégias de aprendizagem testadas para projetar atividades de aprendizagem que permitam a construção de habilidades e conhecimentos. Propósito Apresentar a informação de modo claro e efetivo. Otimizar a construção de habilidades e conhecimentos conforme definida pelos objetivos de aprendizagem. Origens Teoria da comunicação, design da mensagem e pesquisa sobre a interface homem-computador. Psicologia, ciência da computação, engenharia, educação e negócios. Resultados desejados Informação facilmente acessível e útil. Habilidades demonstráveis e conhecimento construído pelo aluno. Estratégias de Interface de navegação e Estratégias de demonstração Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 18 design ferramentas de recuperação de informação orientadas empiricamente, prática orientada, prática não orientada e avaliação. Escopo do conhecimento Definido por especialistas de conteúdo e designers da informação. Orientado pelo conjunto de habilidades e resultados de aprendizagem desejados. Sequenciamento Sob o controle do usuário; baixa previsibilidade de quais nós de informação serão visitados. Varia do controle total pelo sistema até o controle total pelo aluno, dependendo dos resultados de aprendizagem desejados. Medidas de eficiência O tempo necessário para recuperar a informação desejada. O tempo necessário para que o aluno domine o conteúdo. Medidas de efetividade Uma informação complexa se torna mais facilmente navegável e compreensível O aluno demonstra domínio sobre o conteúdo e transfere a aprendizagem para outras situações. Quadro 2 - Diferenças entre Ciência da Informação e Design Instrucional Fonte: adaptado de Filatro (2007) O Design Instrucional apresenta ainda seguintes vantagens (SMITH e RAGAN apud TRACTENBERG, 2007): Situa o foco do processo de ensino-aprendizagem no aluno; Integra o trabalho de designers instrucionais, designers gráficos, instrutores, gerentes e outros profissionais através de um processo de trabalho sistemático; Facilita o desenvolvimento de soluções alternativas às práticas usuais em um determinado campo de ensino; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 19 Leva à convergência dos objetivos, atividades e avaliações. O DI pode ser utilizado por qualquer pessoa que precise criar alguma forma de instrução. Sua prática não está restrita aos designers instrucionais, profissionais especializados em todas as etapas dessa metodologia. Bem como sendo uma construção, Design Instrucional também é um campo da teoria e prática dentro do domínio da tecnologia instrucional. O DI pode ser aplicado em muitos ambientes, incluindo escolas, colégios e universidades, empresas, organizações militares e agências governamentais. Agora que você já entendeu o que é o Design Instrucional leia o texto Domínios, Competências e Padrões de Desempenho do Design Instrucional (DI) (The Instructional Design (ID) Domains, Competencies and Performance Statements) da International Board of Standards for Training, Performance and Instruction (IBSTPI) - Tradução de Hermelina P. Romiszowski Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 20 UNIDADE 4 Objetivos: Evidenciar o histórico do Design Instrucional Breve histórico do DI O DI atualmente é utilizado principalmente na Europa e nos Estados Unidos onde teve sua origem. Como anteriormente relatado, os seus princípios são originados da educação, psicologia, ciência cognitiva, teoria de sistemas, filosofia, antropologia e teoria organizacional. Reiser (2001) apresenta um panorama sobre a história do DI que nos ajuda a compreender a integração de todos os seus elementos teóricos e as práticas atuais. Para o autor, o Design Instrucional ganha impulso significativo durante a II Guerra Mundial. Nesse período, um grande número de psicólogos e educadores foi chamado pelo exército dos EUA para realizar pesquisas e desenvolver materiais de treinamento com fins militares. Robert Gagné e Leslie Briggs, Jonh Flanagan, dentre outros, passaram a pesquisar meios mais efetivos de planejar a instrução. Esses pesquisadores tiveram significativa influência sobre o modo com o qual os materiais de educação e treinamento vinham sendo desenvolvidos. Seus trabalhos se baseavam em princípios derivados de pesquisas na área da aprendizagem e do comportamento humano. Também usavam seus conhecimentos sobre avaliação e testagem para verificar as competências dos indivíduos mais capazes de se beneficiarem de um determinado programa de treinamento. Depois da II Guerra Mundial, ao final da década de 40 e ao longo da década de 50, muitos destes psicólogos continuaram a trabalhar em pesquisas nessa área. Desenvolveram uma Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 21 série de abordagens novas para a análise, desenvolvimento e avaliação de materiais didáticos que foram resumidas na obra “Psychological Principles in System Development”, editada por Gagné em 1962. Nesse período, e até meados da década de 60, começou o movimento da instrução programada, influenciada pela obra de Skinner “The Science of Learning and the Art of Teaching”. Nela são descritos os requisitos necessários para a aprendizagem humana e são especificadas as características de materiais instrucionais efetivos. Esses materiais, chamados de “instrução programada”, deviam apresentar a instrução em pequenos passos, exigir respostas abertas para perguntas frequentes, fornecer feedback imediato e permitir que o aprendiz seguisse seu próprio ritmo. Além disso, como cada passo na instrução era pequeno, assim os aprendizes responderiam corretamente às questões e receberiam um reforço positivo pelo feedback recebido. Nesseperíodo, Skinner e outros autores já utilizavam processos empíricos no desenvolvimento da instrução programada para a resolução de problemas de instrução: analisavam conteúdos e os reduziam a objetivos específicos de aprendizagem, criavam os passos necessários para atingir os objetivos, e aplicavam procedimentos para avaliação dos resultados e revisão dos materiais. A popularização dos objetivos comportamentais Em 1962 Robert Mager publicou “Preparing Objectives for Programmed Instruction” que vendeu até hoje mais de um milhão e meio de exemplares. O livro explora a forma de escrever objetivos que correspondam aos comportamentos desejados por parte dos aprendizes, as condições sob as quais tais comportamentos devem ser realizados e os critérios de avaliação dos mesmos. Tal forma de redigir objetivos instrucionais, contendo os três elementos continua em uso por muitos designers instrucionais. Outra contribuição foi a Benjamim Bloom, em meados da década de 1950, com a publicação da obra “Taxonomy of Educational Objectives”, na qual formulou a taxionomia dos objetivos Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 22 educacionais com base em três domínios de aprendizagem: cognitivo (que trata da recuperação do conhecimento e do desenvolvimento de habilidades intelectuais), afetivo (que descreve a mudança nos interesses, atitudes e valores) e psicomotor (que inclui os sentidos humanos). Domínios de aprendizagem, análise de tarefa e eventos instrucionais. Outro importante marco no desenvolvimento do DI ocorreu com a publicação de “The Conditions of Learning”, por Robert Gagné em 1965, onde descreveu cinco domínios ou tipos de objetivos de aprendizagem: informação verbal, habilidades intelectuais, habilidades psicomotoras, atitudes e estratégias cognitivas. Cada um desses domínios requer condições específicas para que se possa promover a aprendizagem. O trabalho de Gagné mostrou que dentro do âmbito da aprendizagem de habilidades intelectuais, as habilidades específicas possuem uma relação hierárquica, isto é, para que se possa aprender uma habilidade complexa é preciso assimilar aquelas mais simples com as quais têm relação. Partindo de tal premissa, Gagné desenvolveu a “análise de tarefa instrucional”, processo onde um objetivo maior é decomposto em unidades de aprendizagem. Com isso torna-se possível verificar a hierarquia dos domínios de aprendizagem envolvidos, e então garantir que ao longo da instrução o aluno domine os prerequisitos necessários antes de chegar a objetivos mais complexos. O Sputnik e a avaliação formativa Em 1957, quando a União Soviética lançou o Sputnik, primeiro satélite orbital, os Estados Unidos decidiram investir milhões no ensino de Matemática e Ciências, com o objetivo de se equiparar à educação Soviética. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 23 Os materiais didáticos desenvolvidos com esses fundos foram criados por especialistas e produzidos sem a realização de testes com estudantes. Anos mais tarde verificou-se que os materiais não eram efetivos. Scriven (apud REISES, 2001) indicou a necessidade realizar testes junto aos alunos antes da produção final dos materiais. Ele deu a esse processo o nome de “avaliação formativa, em contraste com a “avaliação somativa” que, segundo ele, seria a avaliação dos materiais instrucionais após sua implementação. Os primeiros modelos de Design Instrucional No início da década de 60 diversos conceitos como a análise de tarefa, a definição de objetivos comportamentais e o uso de pretestes foram ligados para formar métodos coesos de desenvolvimento instrucional. Ao final da década de 70, já se contava mais de 40 modelos diferentes de DI. Nesse período o interesse pelo processo se disseminou por vários setores: as forças armadas aplicaram o DI ao treinamento militar, enquanto nas universidades foram criados centros de desenvolvimento instrucional para auxiliar professores a melhorar suas aulas. Também criaram cursos de Design Instrucional em nível de bacharelado. Muitas organizações da indústria e comércio perceberam o valor do DI na melhoria dos processos de treinamento e começaram a utilizá-lo. Países como a Coréia do Sul, Libéria e Indonésia viram no DI benefícios para a solução de seus problemas educacionais e criaram organizações para capacitar profissionais nessa área. Década de 80: Crescimento e o novo direcionamento Na década de 80 o DI continuou a se expandir no comércio, na indústria e nas forças armadas. Contudo, sua influência nas escolas e universidades se revelou reduzida pois os centros de desenvolvimento instrucional entraram em crise, sendo fechados ou tiveram suas verbas limitadas. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 24 Nesse período houve interesse da aplicação dos princípios do cognitivismo ao DI. Surge também o interesse no uso de computadores para fins instrucionais. Muitos profissionais voltaram sua atenção para essa área, e criaram novos modelos para desenvolver instrução interativa com a nova mídia. Além disso, os computadores começaram a ser utilizados para automatizar tarefas de planejamento instrucional como a redação de objetivos gerais, objetivos específicos, itens de avaliação etc. Anos 90: novas direções Nos anos 90 a difusão do construtivismo influenciou o DI. Os princípios instrucionais associados ao construtivismo indicam aos aprendizes que: a) resolvam problemas complexos e realistas; b) trabalhem em conjunto para a solução desses problemas; c) examinem os problemas a partir de múltiplas perspectivas; d) assumam sua autonomia sobre o processo de aprendizagem ao invés de serem recipientes passivos da instrução, e e) tornem-se conscientes de seu papel na construção do conhecimento. Tais orientações começaram a fazer parte das soluções de educação e treinamento propostas a partir desse período. A utilização de sistemas computacionais se intensifica e altera o trabalho dos designers instrucionais. Esses sistemas de informação foram projetados para oferecer ajuda a trabalhadores que desempenham determinadas tarefas, no momento e no formato em que são necessárias. Alguns programas possuem bases de dados relacionadas ao trabalho (no formato de simulações ou tutoriais), outros oferecem automatização de tarefas ou ainda “consultoria especializada” para determinadas atividades. Associada a estes sistemas, a gestão do conhecimento está entre as tendências mais recentes no campo da gestão de RH e Design Instrucional. Bases de dados, intranets, e software para comunicação e cooperação entre grupos permitem às organizações documentar e disseminar o conhecimento explícito e tácito existente com o objetivo de melhorar a performance de seus funcionários. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 25 Ao disponibilizar informações pertinentes no momento certo, os sistemas reduzem a necessidade de treinamento. Desse modo, alguns profissionais voltaram sua atenção para o planejamento de sistemas de apoio, ao invés de programas de treinamento. Dentre as principais tendências na área de DI tem sido apontada: a possibilidade de aprendizagem através de dispositivos portáteis, como celulares ou palmtops (mobile learning), e a construção de objetos de aprendizagem, conceito ainda cercado de ampla discussão, que sugere a classificação e armazenamento de materiais didáticos em diversos formatos (principalmente formatos digitais), em bases de dados. Tal classificação permitiria aos educadores reduzir a redundância de esforços no desenvolvimento instrucional através do reaproveitamento de conteúdos e mídias projetadas em formato modular. Outra tendência expressiva desse período foi o uso da Internet para realizar educação a distância. Com tal crescimento, aumentou a consciência de que, para seremefetivos, os programas de EAD precisam ser cuidadosamente planejados. Isso criou ainda mais oportunidades para os profissionais de DI. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 26 UNIDADE 5 Objetivo: Apresentar a influência do paradigma de aprendizagem Comportamentalista, Cognitivismo e Socioconstrutivismo no Design Instrucional e discutir especificamente sobre o Comportamentalismo. Paradigmas de Aprendizagem e Design Instrucional – parte I Relatada a história do DI, é interessante recorrer a Filatro (2007) para visualizar as contribuições das teorias da educação para o desenvolvimento do Design Instrucional. Essas diferentes teorias relacionam-se ainda aos variados modelos de cursos de EAD, como visto na Unidade 2 do nosso curso. Para a autora, o Design Instrucional tem caminhado lado a lado com o desenvolvimento das teorias educacionais, formulando práticas de ensino alinhadas às descobertas científicas sobre a aprendizagem humana. As contribuições dos paradigmas dominantes de ensino-aprendizagem ao Design Instrucional identificam uma sucessão temporal de pensamentos e práticas, com fronteiras claramente definidas rumo à adoção de uma perspectiva de diversidade do DI. O quadro adiante (quadro 3) mostra resumidamente as influências dos paradigmas Comportamentalista (ou Behaviorismo), do Cognitivismo e do Construtivismo sobre o desenvolvimento do Design Instrucional como campo teórico e prático. Logo após o quadro, iniciaremos discussão sobre essa correlação. Período 1960-1975 1976-1988 1989-atualmente Teoria da instrução Comportamentalista Movendo-se em direção ao cognitivismo Seguindo a corrente em direção ao construtivismo Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 27 Ênfase Comportamento observável Processamento interno Construção individual e coletiva de conhecimento Paradigma psicológico Psicologia comportamental Psicologia do processamento da informação Construção do conhecimento/mediação social Status do Design Instrucional Emergente Engajado no desenvolvimento de teorias e modelos Engajado na redefinição Quadro 3 - lnfluências dos paradigmas de aprendizagem sobre o Design Instrucional a partir da década dê 1960 Fonte: adaptado de Filatro (2007) Comportamentalismo / behaviorismo Como anteriormente abordado, as contribuições de autores como Gagné, Mager, Bloom, Skinner, entre outros tiveram implicações para o DI. Esses autores passaram a pesquisar meios mais efetivos de planejar a instrução, cujos objetivos se traduziam em descrição de condutas que deveriam resultar em comportamentos observáveis e mensuráveis. Para Filatro (2007), apesar da existência de uma verdadeira cruzada contra a abordagem comportamentalista nos dias atuais, pode-se demonstrar uma série de contribuições-chave que essa corrente teórica representa para o Design Instrucional, como demonstrado no quadro 4: Aprender fazendo. As pessoas aprendem melhor engajando-se ativamente em tarefas. Isso é comumente chamado de "prática". Taxonomias. Os resultados de aprendizagem podem ser diferenciados conforme seu tipo e complexidade - por exemplo, ligações estímulo-resposta simples, classificação Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 28 conceitual e cumprimento de regras. Esses resultados são compilados em esquemas de classificação chamados taxonomias de aprendizagem, que por sua vez guiam a seleção de objetivos de aprendizagem e estratégias instrumentais. Condições de aprendizagem. Para cada tipo de aprendizagem podem ser identificadas condições que conduzem à aprendizagem efetiva. Identificar as condições de aprendizagem compõe a base da teoria instrucional prescritiva, usando a fórmula: para alcançar o objetivo X, aplique ou organize as condições Y. Objetivos comportamentais. A instrução deve basear-se em objetivos de aprendizagem claramente especificados em termos de comportamento. Explicitar a formulação de objetivos ajuda a relacionar os objetivos instrucionais com a avaliação, promovendo um controle mais apurado. Foco nos resultados. Professores e escolas são responsáveis pela aprendizagem de seus alunos. Comportamentos mensuráveis são considerados o melhor índice de resultados de aprendizagem e devem ser usados para medir a efetividade instrucional. Alinhamento. A boa instrução apresenta um alinhamento ou consistência entre objetivos de aprendizagem, estratégias instrucionais e estratégias usadas para avaliar a aprendizagem do aluno. O desalinhamento desses componentes resulta em instrução inadequada ou injusta. Decomposição de tarefas. As pessoas aprendem melhor quando tarefas complexas são divididas em tarefas menores, mais manipuláveis, e aprendidas separadamente. Prerequisitos. Subtarefas frequentemente se tornam prerequisitos para tarefas maiores. Ou seja, os alunos aprendem uma tarefa maior facilmente quando dominaram primeiro as subtarefas. Isso leva à sequência instrucional que vai das partes para o todo. Pequenos sucessos. As subtarefas têm outra vantagem: permitem aos alunos alcançarem o sucesso, que é reforçado, resultando em maior motivação para continuar. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 29 Feedback sensível à resposta. As pessoas aprendem melhor quando sabem que seus esforços estão corretos. Quando o desempenho não estiver correto, deve ser fornecida informação específica sobre o que está errado e como melhorar na próxima tentativa. Ciência da instrução. Os educadores necessitam ser precisos e sistemáticos em seu pensamento, ensino e avaliação dos alunos. A educação pode ser tratada como uma ciência ou tecnologia aplicada, em que, mediante investigação empírica, são descobertos e aplicados princípios. Suporte ao desempenho. As pessoas precisam de suporte à medida que desempenham suas tarefas, por meio de auxílios à tarefa, sistemas de ajuda e sistemas de feedback e incentivo. Instrução e suporte no trabalho (on-the-job), no momento exato (just-in-time), funcionam melhor. Em geral, quanto mais próximo o ensino estiver das condições de transferência, mais efetiva será a aprendizagem. Instrução direta. Oferecer direções claras, apresentações bem preparadas, exemplos adequados e oportunidades para praticar e transferir - são métodos comprovados que resultam em aprendizagem substancial pelo aluno. Preteste, diagnóstico e contextualização. Os alunos não devem ser forçados a suportar um mesmo programa instrucional para todos. Em vez disso, a instrução deve ramificar-se em tratamentos alternativos conforme as habilidades prévias, a motivação e outras variáveis críticas. Transferência. A fim de ser capaz de transferir habilidades de uma tarefa para outra, os alunos precisam praticá-Ias. Se os alunos nunca tiverem oportunidades de praticar a transferência de suas habilidades, não se deve esperar que sejam capazes de desempenhá-Ias em situações de teste. Quadro 4 - Amostra dos insights comportamentalistas para o design de ambientes de aprendizagem Fonte: adaptado de Filatro (2007) Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 30 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 31 UNIDADE 6 Objetivos: Apresentar a influência do paradigma de aprendizagem Comportamentalista, Cognitivismo e Socioconstrutivismo no Design Instrucional e discutir especificamente sobre o cognitivismo e o Socioconstrutivismo. Paradigmas de Aprendizagem e Design Instrucional – parte II Continuaremos nossa discussão sobre a influência de alguns paradigmas de educação e o Design Instrucional. Abordaremos nessa unidade o cognitivismo e o Socioconstrutivismo Cognitivismo Em oposição ao comportamentalismo, cujo foco principal é a manipulação do ambiente externo como mecanismos de mudançasdas condutas observáveis, nessa corrente, Piaget e de Wilson e Myers, principalmente, estudam cientificamente a aprendizagem, direcionando atenção aos esquemas mentais. A pesquisa cognitiva buscou compreender os mecanismos internos de representação do mundo exterior e as estratégias de retenção das informações. As teorias cognitivistas procuram mostrar que o sujeito deixa de ser somente um receptor de conhecimentos, não importando como ele os armazena e organiza em sua mente, e passa a ser considerado o agente da construção de sua própria estrutura cognitiva por meio de treino e prática. As principais contribuições desse paradigma são apresentadas no quadro 5. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 32 Estágios de processamento da Informação. Os seres humanos processam a informação em estágios estáveis, sequenciais, injetando informação sensorial na memória perceptiva e depois na memória de trabalho de longo prazo, e finalmente gerando resposta. Em muitos aspectos, as pessoas são máquinas de processamento da informação cujos pensamentos e comportamentos podem ser modelados e simulados. Modelagem de tarefas. As tarefas podem ser modeladas usando fluxogramas e outras representações sequenciais. Esses modelos - chamados "análise de tarefa cognitiva" - podem ser usados para apontar prováveis erros e fazer a instrução mirar mais especificamente no alvo para a habilidade. Atenção. A atenção é frequentemente dirigida para as novidades ou mudanças no ambiente. A atenção pode ser comprometida quando a instrução oferece novidade demasiada ou insuficiente, provocando ansiedade ou tédio, respectivamente. Percepção seletiva. Nossos objetivos, expectativas e compreensões atuais colorem nossas percepções. Servem como filtros para o mundo e modelam nossas estruturas e respostas cognitivas. Essa natureza seletiva da percepção tem implicações para o sequenciamento instrucional, a motivação e o treinamento metacognitivo. Sobrecarga da memória. Somente somos capazes de manter na mente cerca de cinco a sete pedaços (chunks) de informação de cada vez. Quando a instrução exige demais dos limites da memória de trabalho, os problemas aparecem. Os maiores aprimoramentos podem ser feitos por meio de análise cuidadosa e revisão da instrução para reduzir as demandas de memória. Estratégias sensíveis à memória incluem: sequenciar a instrução do mais simples para o mais complexo; permitir acesso a guias de referência; e progredir em pequenos passos com repetição frequente e elaboração. Tipos de conhecimento. Dois tipos de conhecimento são fundamentais: a) conhecimento declarativo (saber o quê): armazenado como proposições em redes semânticas; b) conhecimento procedimental (saber como): armazenado como regras E-SE (IF-THEN) e gabaritos de reconhecimento de padrões. Esses tipos de conhecimento são Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 33 frequentemente identificados na linguagem cotidiana como conhecimento e habilidade. Tanto o conhecimento declarativo como o conhecimento procedimental dependem das representações de regras ou informações armazenadas na memória. Codificação significativa. A informação é armazenada na memória de longo prazo de maneira que se torne acessível para recuperação sempre que for conveniente. Decomposição (chunking). A informação é quebrada em pedaços (chunks) conforme se organiza em unidades significativas, tornando-se mais fácil de ser lembrada. A informação assim quebrada em pedaços se ajusta melhor e ajuda-nos a superar os limites da memória de trabalho. Compilação de habilidades. Pela prática repetida, as habilidades se tornam compilações ou rotinas. Vários passos procedimentais são combinados em um todo único, facilitando o desempenho e disponibilizando os recursos cognitivos para outras partes de uma tarefa complexa. Falar sobre ou desaprender um procedimento transformado em rotina pode ser difícil, porque os detalhes da tarefa são perdidos e precisam ser reconstruídos. A automaticidade é conseguida quando uma segunda tarefa pode ser desempenhada simultaneamente sem prejuízo da primeira tarefa. Elaboração. As pessoas fazem ligações entre os materiais e seus conhecimentos anteriores utilizando o pensamento ativo e a reflexão. Quanto mais conexões, mais significativa e mais estável será a aprendizagem. Metacognição. A solução de problemas envolve conhecimento declarativo e procedimental, e algo mais: aquilo que chamamos conhecimento metacognitivo, envolvendo automonitoramento, autorregulação, sabendo quando e onde desenvolver nossas estratégias e conhecimento. Motivação. Motivação é o que faz as pessoas agir. Enquanto as explicações comportamentalistas se referem tradicionalmente a instintos, impulsos, estímulos e reforços, os teóricos cognitivistas confiam em modelos de processamento e estrutura Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 34 cognitiva. Os conceitos-chave são incentivos, autoeficácia, expectativa x valor, atribuições de sucesso/ fracasso, desempenho x objetivos de aprendizagem, motivação intrínseca x extrínseca. Especialistas x novatos. Os especialistas diferem dos novatos em uma série de aspectos, entre os quais: a) mais informação de domínio específico para explorar; b) rotinas de desempenho de domínio específico mais refinadas; c) um compromisso com períodos estáveis de prática deliberada (prática reflexiva com a intenção específica de aperfeiçoar a habilidade). Desenvolvimento humano. O crescimento das crianças em conhecimento e habilidade pode ser interpretado como uma série de estágios das formas de raciocínio concreto para abstrato, ou uma acumulação de conhecimento procedimental e declarativo sobre o mundo. Os adultos também crescem em sua compreensão epistemológica; esse crescimento pode ser caracterizado em termos de estágios, movendo-se de concepções de conhecimento fixas e autoritárias para concepções que reconhecem a importância da interpretação e da perspectiva. Em ambos os casos, a instrução deve corresponder aos níveis de desenvolvimento. Mudança conceitual. As pessoas constroem o sentido de seus mundos a partir da referência a esquemas, modelos mentais e outras estruturas complexas de memória. As diferenças entre a exigência encontrada e os esquemas podem promover investigação e reflexão para resolver o conflito. A instrução deve ajudar os alunos a assimilar e acomodar novas informações aos esquemas e às estruturas cognitivas existentes. Quadro 5 - Princípios de processamento da informação relacionados ao design de ambientes de aprendizagem Fonte: adaptado de Filatro (2007) Socioconstrutivismo Dewey, Bruner e Vygótski enfatizam a necessidade da educação estar engajada com as experiências da vida. O Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 35 conhecimento passa a ser visto como um processo, não o acúmulo de sabedoria científica armazenada em livros textos. O ensino deve estar relacionado aos contextos e experiências pessoais. É a aprendizagem que sustenta o desenvolvimento humano, não o contrário. Aprender é um fenômeno social, um processo dialético que envolve interação com outras pessoas, ferramentas e o mundo físico. Inspirados pelos pressupostos do construtivismo alguns autores vêm pesquisando o desenvolvimento de modelos de Design Instrucional que possibilitem a criação de um espaço favorável à construção do conhecimento, um ambiente construtivista de aprendizagem. Nesse espaço de aprendizagem, grupos de alunos (e não alunos individualmente) são encorajados e apoiados (não controlados ou programados) a explorar suportes de informação como livros, materiais impressos, vídeos, etc. e ferramentas tecnológicas como programas de processamento de texto, e-mail, ferramentas de pesquisa, etc., formando verdadeiras "comunidadesde aprendizagem". As implicações da teoria Socioconstrutivista para o Design Instrucional on-line são sintetizadas no quadro 6. A aprendizagem é orientada à demanda. Os ambientes virtuais de aprendizagem podem rastrear a história, o perfil e o progresso do aluno, bem como estratégias e conteúdos personalizados, organizados segundo as prioridades de aprendizagem e relacionados a tarefas e projetos embutidos em um contexto de atividades significativas. A aprendizagem é uma construção social mediada pelos atores sociais por meio de linguagem, signos e ferramentas. Os ambientes virtuais de aprendizagem devem capitalizar as dimensões social, comunicativa e colaborativa, possibilitando o discurso mediado. Devem dispor de ferramentas facilitadoras para o engajamento nas tarefas (por exemplo, mapas conceituais) que enfatizem a construção do conhecimento. A aprendizagem se refere à formação de identidade ou ao ato de tornar-se membro de Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 36 uma cultura dentro de zonas de desenvolvimento proximal estipuladas. Os ambientes virtuais de aprendizagem devem criar uma dependência estrutural entre os indivíduos, capitalizando os diversos níveis de conhecimento da comunidade, e permitindo o crescimento e a interação contínua entre os novatos e os mais capazes. A aprendizagem é reflexiva e metacognitiva, internalizando do social para o individual. Os ambientes virtuais de aprendizagem podem facilitar a reflexão e a metacognição, permitindo a aprendizagem pela prática e pela reflexão na ação. A aprendizagem está incorporada em ricos contextos culturais e sociais envolvendo conhecimento implícito e explícito. Os ambientes virtuais de aprendizagem devem ser baseados na internet de modo que, por uma plataforma de rede, os alunos possam acessar os ambientes em seus próprios contextos, por diferentes tipos de interação e pela emergência do conhecimento tácito. A aprendizagem é socialmente distribuída entre as pessoas, as regras e as ferramentas. Os ambientes virtuais de aprendizagem devem facilitar a localização da informação e oferecer ferramentas que otimizem o desempenho humano. A aprendizagem equivale a transferir conhecimentos de uma situação à outra, descobrindo significados relacionais e associados nos conceitos. Os ambientes virtuais de aprendizagem podem desafiar os alunos a refletir sobre os princípios e conceitos aplicáveis a outros contextos, por meio da observação e análise de informações organizadas visualmente e de padrões ou variáveis relativamente estáveis. Quadro 6 - Princípios do pensamento vigotskiniano e suas implicações para o Design Instrucional on-Iine Fonte: adaptado de Filatro (2007) Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 37 UNIDADE 7 Objetivos: Discutir brevemente sobre a Andragogia, Pedagogia Freireana e o Humanismo e as suas implicações no Design Instrucional Paradigmas de Aprendizagem e Design Instrucional – parte III Tomando por base o contexto de mudanças, caracterizado por uma sociedade em constante aprendizado, com cidadãos e trabalhadores aprendendo por toda a vida, Filatro (2007) explica que é necessária uma teoria de Design Instrucional que considere cada vez mais a natureza e as condições específicas do aprendiz adulto. A autora complementa sua análise com algumas correntes teóricas que proporcionam subsídios à compreensão da educação de adultos: a andragogia, a pedagogia freireana e a abordagem humanista. Esses serão os assuntos que abordaremos nessa unidade. Dimensão Andragógica Para Filatro (2007) a andragogia é uma concepção relevante. O termo que foi cunhado por Alexander Kapp em 1933 e que nos anos seguintes circulou pelos países europeus suscitando oposições e defesas até se incorporar à teoria instrucional americana por meio de Knowles nos anos 1970. Inicialmente contraposta à pedagogia, a andragogia buscou sua identidade desvinculando-se do sentido de condução por um guia, por um líder, tal como o professor. Knowles e outros autores se basearam na premissa de que o adulto se caracteriza fundamentalmente pelo autodirecionamento, decorrente de uma maturação orgânica (prontidão) que o faz um ser independente e autônomo. Além da maturação orgânica, o adulto segue acumulando cada vez mais experiências, que se constituem num importante banco de recursos para o desenvolvimento da sua aprendizagem autônoma. Sua capacidade Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 38 de aprender se torna progressivamente orientada para tarefas relacionadas aos seus papéis sociais, e sua perspectiva quanto à aplicabilidade do conhecimento é imediata. Assim, o adulto enxerga a aprendizagem como algo relacionado a problemas práticos a serem solucionados. Em consequência, não há por que aplicar a ele os princípios pedagógicos formulados para crianças. No quadro 7, Ballestero-Alvarez (2004) apresenta um comparativo entre os conceitos trabalhados na pedagogia e da andragogia. Pressuposto Andragogia Pedagogia Aprendizagem Autodirigida pelo aluno Dirigida pelo professor Personalidade Independente e autodirigida Dependente, em formação Experiência Fonte para a aprendizagem Construída mais do que usada Orientação Centrada em tarefas e problemas Centrada em conteúdos Motivação Curiosidade, estímulos internos Punições, recompensas externas Clima Informal, respeito mútuo, colaboração, consenso, apoio Autoridade formal, orientado, competitivo Planejamento Mútua contribuição e definição Basicamente pelo professor Objetivos Fixados por negociação mútua Fixados pelo professor Conteúdo Projeto sequencial em função de necessidades e disposição Ementa de curso, unidade de conteúdo, sequência lógica Avaliação Entre todos os envolvidos com ênfase na autoavaliação Basicamente pelo professor Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 39 Quadro 7 – Diferença entre a Andragogia e a Pedagogia Fonte: adaptado de Ballestero-Alverez (2004) Pedagogia Freireana Outras contribuições para o DI são oriundas da pedagogia freireana. Para Paulo Freire, a aprendizagem acontece pela interação entre o sujeito e o objeto dentro de contexto determinado, e leva à tomada de consciência que permite transformar o mundo. É a educação progressista e emancipatória que faz crescer a consciência histórica e libertária. E, em consonância, as tecnologias têm um potencial transformador da sociedade e facilitador da solidariedade humana. Dimensão Humanista A corrente humanista coloca a ênfase no sujeito como principal elaborador do conhecimento e acredita no potencial de todos os seres humanos para o desenvolvimento. A educação humanista é centrada no aluno, visto como um ser único que traz para a situação didática um conjunto também único de experiências e necessidades. O ato de aprender é, por essa razão, extremamente pessoal e experiencial. A experiência constitui um conjunto de realidades vivenciadas que possuem significados reais e funcionam como ponto de partida para o crescimento. O currículo (ou o conteúdo) não é um fim em si mesmo, mas um meio de promover os objetivos de desenvolvimento humano. Apesar de pessoal, a aprendizagem não ocorre em isolamento, pois é mais bem suportada em um ambiente cooperativo. Cabe ao professor o papel de facilitador, auxiliador e parceiro no processo de aprendizagem. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 40 Ao valorizar o afeto, a abordagem humanista contribui para uma visão holística e integradora do processo de ensino-aprendizagem e para uma teoria abrangente da instrução, respondendo a questões ignoradas por outras correntes teóricas. Embora as estratégias instrucionais assumam importância secundária na educação humanista, e a não diretividade deva impulsionaras práticas de ensino, Filatro (2007) indica contribuições da abordagem para o Design Instrucional (quadro 8). Contribuições da abordagem humanista para o Design Instrucional Ênfase no processo de aprendizagem. Autodeterminação, refletida na autonomia, autodireção e autoavaliação do aluno. Cuidado e compreensão mútuos entre professores, alunos e outras pessoas (conectividade). Relevância dos materiais, incluindo prontidão do aluno para aprender. Integração de afeto e cognição no processo de ensino-aprendizagem. Consciência das condições ambientais, culturais, históricas, políticas e econômicas nas quais ocorre a aprendizagem. Preferência por abordagens afetivas e experienciais de aprendizagem. Abordagem da mudança social que é antiautoritária, com o propósito de servir à sociedade, melhorando suas instituições educacionais. Equidade, consenso e colaboração por meio da participação democrática no processo de aprendizagem. Orientação ao crescimento pessoal que enfatiza a autoatualização por meio da autoconsciência. Orientação às pessoas com base na confiança e em uma visão positiva da humanidade, Ênfase no individualismo, Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 41 Perspectiva concreta e pragmática da realidade Autoavaliação com ênfase na avaliação formativa sobre a avaliação somativa, Variedade e criatividade, refletidas em espontaneidade, originalidade e diversidade na aprendizagem Orientação transpessoal que salienta o desenvolvimento holístico da pessoa, incluindo seu potencial para a espiritualidade, Quadro 8 - Contribuições da dimensão humanista para o Design Instrucional. Fonte: adaptado de Filatro (2007) Para a autora um Design Instrucional humanista possibilita, principalmente, a criação de um clima de equidade dentro do qual os alunos são tratados com respeito e dignidade, já que encara cada indivíduo como possuidor de potencial para alcançar o sucesso. Essa explanação dos paradigmas de aprendizagem não teve a pretensão de aprofundar as discussões de um assunto tão denso e amplo. Coube aqui pontuar as características de alguns paradigmas e suas implicações paro o Design Instrucional. É importante para o profissional que irá prover o Design Instrucional, que esse seja um curso um sólido conhecimento das teorias educacionais. Dependendo da análise da necessidade de aprendizagem, da audiência do curso e de outros fatores que o caracterizam, diferentes teorias podem ser aplicadas. O profissional de DI deve ter conhecimento dos pontos fortes e fracos de cada teoria de aprendizagem para aperfeiçoar o seu uso nas estratégias apropriadas (PINHEIRO, 2002; MERGEL, 1998). Mergel (1998) defende uma abordagem eclética para o Design Instrucional. Ele explica que a tentativa de fazer o design do curso atrelado a uma teoria apenas pode ser comparado à escola versus o mundo real. O que se aprende no ambiente escolar nem sempre está atrelado ao mundo real, da mesma forma que as concepções teóricas não sempre podem Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 42 ser aplicadas ao mundo real. É preciso então fazer modificações e adaptações para se adequar à realidade. A partir da próxima unidade aprenderemos, mais um pouco, sobre o modelo de Design Instrucional e as suas etapas. Abordamos no nosso curso o Design Instrucional como “a ação intencional e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de facilitar a aprendizagem humana a partir dos princípios de aprendizagem e instrução conhecidos” (FILATRO, 2007, p. 65). Apresentamos também um resumido histórico e as implicações de alguns paradigmas da educação para o DI. Agora é hora de você interagir com os colegas de curso. Apresente-se no fórum “Troca de experiências - EAD”. Fale resumidamente suas intenções em realizar esse curso, a experiência em educação, cursos a distância e Design Instrucional. Encontrar-nos-emos lá! Não deixe de participar. É a oportunidade de conhecer os colegas e adquirir novos conhecimentos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 43 UNIDADE 8 Objetivo: Apresentar o modelo de Design Instrucional Modelo de DI Para Filatro (2007) “as mudanças sociais, econômicas e tecnológicas da sociedade refletem em um movimento bem caracterizado dentro da teoria e prática do Design Instrucional, que passa a ser entendido como “situado”, “flexível”, “reflexivo”, recursivo”, ou simplesmente “construtivista”. A autora defende o design contextualizado, que envolve a perspectiva individual, característica do aluno; a perspectiva imediata, característica do entorno e a perspectiva cultural ou institucional, característica de uma organização, instituição ou sociedade. Essa concepção permite a partir dos fatores contextuais, maior personalização dos percursos individuais e possibilidade real de interação entre os atores do processo. Em termos de personalização, atribui-se às tecnologias a função de prover padrões de aprendizagem mais flexíveis, que permitam aos alunos fazer escolhas em termos dos seguintes itens: Tempo de participação no curso: data de início e conclusão, frequência de participação; conteúdo: tópicos abordados, sequência, quantidade de atividades de aprendizagem, nível de dificuldade, padrões de avaliação; Prerequisitos para participação; Abordagens instrucionais: organização social da aprendizagem, linguagem utilizada, fundamentos pedagógicos e andragógicos; materiais de aprendizagem; Entrega e logística do curso: métodos e condições temporais e espaciais para obter suporte, tipos de suporte disponíveis; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 44 Local de estudo e participação no curso; canais de distribuição: sessões presenciais, ensino por correspondência, teleconferências, rede de computadores. Isso envolve uma compreensão mais ampla do que, por meio da tecnologia, os alunos podem decidir não apenas “como”, “quando” e “”onde” estudar, mas também “o que” estudar. Não se trata na verdade de um novo modelo. A autora apresenta o Design Instrucional Contextualizado com cada uma das fases tradicionais do Design Instrucional (análise, design e desenvolvimento, implementação e avaliação), defendendo em geral menos rigor e maior flexibilidade em cada uma dessas fases. Corroborando com essa concepção, apresentaremos no texto o modelo explorado por Tractenberg (2006), com as fases clássicas do Design Instrucional e conhecido como modelo ADDIE (Analysis, Design, Development, Implement, Evaluate): Fase de análise: é a base das demais fases. Durante esta etapa o problema de instrução deve ser identificado e analisado. A fase de análise envolve a identificação das necessidades de aprendizagem, a definição dos objetivos instrucionais, a caracterização dos alunos e o levantamento das restrições. Design (Planejamento): envolve a definição de como alcançar os objetivos determinados durante a análise. Nesta fase selecionam-se as mídias que melhor atendem à instrução em seu contexto, o tipo de curso, o tipo de agrupamento, a forma de avaliação, a forma de motivar os alunos, etc. Fase de desenvolvimento: tem como suporte as fases de análise e de design. Nesta fase serão desenvolvidas a instrução, as mídias usadas e a documentação. Pode incluir também hardware e software. Na fase do desenvolvimento, os materiais instrucionais e os procedimentos didáticos são criados. Conforme o caso, será necessário treinar professores, comprar equipamentos ou recursos didáticos que existam no mercado. Análise Design / Planejamento Desenvolvimento Implementação Avaliação Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta doBrasil 45 Fase de implementação: Em seguida, a instrução é oferecida aos aprendizes conforme definido no plano instrucional. Com a finalidade de fazer ajustes e correções, é comum implementar a instrução em uma amostra piloto antes de aplicá-la em grande escala. Avaliação: é a fase que mede a eficiência da instrução. Deve ocorrer ao longo de todo o processo do Design Instrucional - dentro das fases, entre as fases e após a implementação. A avaliação pode ser formativa ou somativa. Avaliação formativa ocorre durante e entre as fases. Avaliação somativa, em geral, ocorre após a versão final da implementação. Este tipo de avaliação verifica a eficiência da instrução. A partir de agora no nosso curso exploraremos cada fase do Design Instrucional. Agora que você já teve a oportunidade de entender o que é o Design Instrucional, o seu histórico e alguns paradigmas de aprendizagem que o influenciam, resolva a lista de exercícios 1 no “link” ATIVIDADES. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 46 UNIDADE 9 Objetivos: Discutir sobre a fase de Análise do Design Instrucional, especificamente a análise do problema e do contexto de aprendizagem Análise Análise do problema e do contexto de aprendizagem A fase de análise envolve a identificação das necessidades de aprendizagem, a definição dos objetivos instrucionais, a caracterização dos alunos e o levantamento das restrições (FILATRO, 2007). Nesta unidade abordaremos dentro da fase de Análise, a análise do problema e do contexto de aprendizagem. Para Tractenberg (2006), a fase de análise é iniciada com o exame e descrição do problema instrucional que deve ser solucionado. O “problema instrucional” se refere a uma diferença entre o desempenho atual e o desempenho desejado para um determinado público alvo. Esse desempenho pode ser acadêmico ou profissional. O autor alerta para a importância do discernimento entre desempenho insatisfatório e falta de competências ou conhecimentos. Ele explica que diversos outros fatores influenciam na performance humana, tais como: baixa motivação, equipamentos de trabalho inadequados ou processos de trabalho ineficientes ou mal definidos e nem sempre se referem à problemas de instrução. No seu ponto de vista, é um erro comum das organizações é o de criar cursos ou materiais didáticos na expectativa de resolver problemas que não podem ser completamente Análise Análise do Problema Análise do Contexto da Aprendizagem Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 47 resolvidos, por iniciativas de educação ou treinamento. Em muitos casos a solução exige ações integradas de treinamento e comunicação além de mudanças em práticas organizacionais. Já a falta de conhecimento ou de competências é um elemento real e necessário para o aprimoramento do desempenho, seja este profissional ou acadêmico, então isso é o que se chama de “problema instrucional”. Assim, o designer instrucional precisa compreender os problemas com os quais se depara e ainda, saber diferenciar os aspectos organizacionais/administrativos dos aspectos instrucionais. Para ilustrar, o autor apresenta o quadro adiante que relata uma situação observada numa escola. Vejamos no quadro abaixo: O Colégio X caiu 23 posições na classificação geral do vestibular e a diretoria deseja melhorar essa situação. Após um diagnóstico cuidadoso um designer instrucional identificou o seguinte: Problemas organizacionais: os professores estão insatisfeitos com seus salários e não se dedicam o suficiente; a coordenadora educacional não ouve as sugestões dos professores no sentido de melhorar o ensino no colégio; e por desorientação vocacional os alunos concentraram suas inscrições nos cursos universitários mais badalados e disputados. Problemas instrucionais: após a saída de dois bons professores de Matemática e Física, a qualidade do ensino nessas duas áreas se tornou deficiente. Análise combinatória e Termodinâmica são os assuntos que revelaram maior queda de desempenho frente às provas de vestibular anteriores. Os alunos também revelam baixo interesse nos estudos, pois não compreendem como aquilo tudo poderá ser-lhes útil um dia. Considerando o exemplo acima. Adiantaria mudar apenas os livros didáticos ou contratar novos professores? Provavelmente não. Uma solução com chances de sucesso precisaria atender a vários elementos. Um designer instrucional poderia propor mudanças na didática de Matemática e Física, um psicólogo poderia orientar melhor os alunos, permitindo dar mais Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 48 sentido aos estudos, e finalmente à escola poderia estudar formas de aumentar os salários e encaminhar melhor as propostas de melhoria no currículo. Mesmo quando existe de fato um problema que pode ser resolvido ou minimizado através de instrução, é preciso que esta seja bem planejada. Outro erro comum é a implementação de medidas desproporcionais ou inadequadas ao problema. Por esse motivo é necessário analisar fatores, como o contexto, as características dos aprendizes e os objetivos de aprendizagem, no intuito de fundamentar decisões a respeito de uma solução viável e com boas chances de sucesso. Identificado o problema de instrução, passa-se “A análise do contexto de aprendizagem” que inclui fatores como a infraestrutura tecnológica, as verbas disponíveis, elementos restritivos, políticas organizacionais, cultura local, etc. Para Filatro (2007) é preciso localizar com precisão aqueles fatores considerados inibidores (por exemplo, instalações físicas impróprias), ausentes (por exemplo, inexistência de sistemas de feedback) e facilitadores (por exemplo, coerência entre as percepções de alunos e professores quanto ao papel do aluno). Para a identificação do problema e do contexto de aprendizagem, Tractenberg (2006) nos dá as seguintes orientações: Para identificar o problema e o contexto de aprendizagem, o designer instrucional deve fazer algumas reflexões como: Existe um problema que consiste na deficiência de desempenho profissional ou em aprender temas acadêmicos/escolares? Onde existe esse problema? Numa empresa? Numa escola? Numa determinada categoria profissional? Quais são as causas do problema? Ele se deve a programas de formação ou treinamento insuficientes? Em caso afirmativo, explique porque a instrução atual não é boa o bastante Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 49 Para exemplificar segue um exemplo de problema de instrução identificado na criação desse curso, baseado em Tractenberg (2006). Projeto: Curso de Design Instrucional - ESAB Exemplo de descrição do problema e análise de contexto No Brasil, os profissionais que trabalham com projetos educacionais como pedagogos, psicólogos, profissionais da área de RH, professores, gerentes de projetos educacionais e coordenadores de curso de diferentes níveis desconhecem, de modo geral, a metodologia de Design Instrucional - DI. O DI facilita o planejamento de currículos, cursos e materiais educativos e oferece os seguintes benefícios (TRACTENBERG, 2007): · Identificação e solução de problemas instrucionais; · Melhor eficiência e eficácia dos projetos de Educação e treinamento; · Melhor custo-benefício dos recursos investidos; · Maior motivação e satisfação dos alunos e professores. Considerando o crescimento da educação à distância no país e a decorrente demanda por materiais didáticos bem produzidos, faz-se necessário que os profissionais da área de Educação e Treinamento sejam capazes de aplicar metodologias que os auxiliem a atingir tais objetivos. Entende-se que a falta de qualificação dos profissionais que trabalham com educação à distância com relação à preparação do projeto instrucional constitui um problema que, se bem atendido, trará benefícios
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