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Anticoncepção- Freitas

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Anticoncepção - Freitas 
Usar método contraceptivo não inibe 100% gravidez, 
ainda mais quando se considera o uso inadequado. 
Atenção com gravidez de pessoas mais jovens, como de 
10 a 19 anos→ Reflete falta de adesão e orientação em 
relação aos métodos anticoncepcionais (AC) entre 
adolescentes. 
O índice de Pearl mede a eficácia da contracepção (uso 
em condições ideais): número de gestações (falha) 
ocorridas em 100 mulheres que utilizaram, 
sistematicamente, o método durante um ano. A 
efetividade resulta do corrente, seja incorreto, seja 
correto. 
A facilidade do uso do método AC é um fator muito 
importante, considerando que, normalmente, é usado 
por um tempo longo. 
A falha existe em todos os métodos, mas é menor 
naqueles usados durante a relação sexual. 
 
 
Fatores a se considerar na hora de escolher AC: se a 
gravidez é proibitiva ou opcional para o casal, se o 
relacionamento sexual é eventual ou sistemático, 
estável ou não, com um ou mais parceiros. Idade, 
condição socioeconômicocultural, paridade e estado 
de saúde. 
Métodos Reversíveis 
Métodos Comportamentais 
Baseados na percepção da fertilidade pela mulher → 
precisa de conhecimento adequado do ciclo 
menstrual, abstinência sexual periódica ou 
interrupção do coito. 
Métodos de Barreira 
Preservativo masculino 
Método mais acessível e de primeira escolha para 
prevenção de infecção sexualmente transmissível 
(IST). Majoritariamente, não tem efeitos adversos. 
Preservativo feminino 
Inserido previamente à relação sexual, não se desloca 
com a ereção peniana e não precisa ser retirado 
imediatamente após a ejaculação. 
Também na prevenção de ISTs. 
Tem baixa adesão por ser caro e pouco prático, que 
pode ser barulhento e inadequado para algumas 
posições sexuais. Por isso, juntamente com uso 
incorreto, tem menor eficácia do que o preservativo 
masculino. 
 
Espermicida 
Disponível em tabletes de espuma, geleia ou creme → 
funciona provocando a ruptura da membrana das 
células dos espermatozoides, matando-os ou 
desacelerando seu movimento. A substância mais 
usada é o nonoxinol-9 → introduzido no interior da 
vagina, antes do sexo, podendo acompanhar o 
diafragma. Proscrito pela OMS em associação com 
preservativos masculinos, pois pode aumentar o risco 
de contaminação pelo vírus da imunodeficiência 
humana (HIV). 
Diafragma 
Tem formato de capuz e cobre o colo. Tem tamanhos 
diferentes. Ação mecânica, impedindo a ascensão dos 
espermatozoides no trato genital. Sua eficácia 
depende da colocação correta antes do sexo. 
Contracepção hormonal 
Anticoncepcional oral 
ACOs combinados associam etinilestradiol (EE) a 
diversos progestágenos. Se a concentração dos dois 
hormônios for a mesma em todos os comprimidos da 
cartela, são monofásicos. Se não, são bifásicos (2 []) ou 
trifásicos (3[]). Sem vantagens para um ou outro. A 
eficácia dos ACOs combinados é de 99,9% e sua 
efetividade varia entre 97 e 98%. 
Não há consenso sobre classificação em gerações. 
Exemplo é por dose: 
 
ACOs combinados inibem a secreção de 
gonadotrofinas, impedindo a ovulação. O 
componente progestagênico inibe a secreção de LH, 
bloqueando o pico dele, que é necessário para 
ovulação. É quem, efetivamente, garante a 
contracepção. Já o estrogênico age sobre o FSH, 
impedindo o desenvolvimento folicular e a 
emergência do folículo dominante. Além disso, 
estrogênio estabiliza o endométrio (evita descamação 
irregular) e potencializa a ação do progestágeno, por 
meio do aumento do número de receptores 
intracelulares para ele. 
Como resultado do efeito progestacional das pílulas 
combinadas, tem-se: endométrio atrófico, não 
receptivo à nidação; muco cervical espesso e hostil à 
ascensão dos espermatozoides; transporte tubário do 
óvulo prejudicado. 
Seleção 
Os combinados estão preferencialmente indicados em 
mulheres sadias (incluindo não obesas, com PA normal, 
não lactantes, sem câncer, sem problema no fígado, no 
coração, trombose ou histórico de AVC), não fumantes, 
com menos de 35 anos. 
Critérios de elegibilidade para prescrição feitos pela 
OMS- relação risco X benefício. 
 
Não há justificativa para uso de fármacos de primeira 
geração, sendo que os ACOs com menor concentração 
de EE têm a mesma eficácia contraceptiva, com menor 
risco de eventos tromboembólicos e 
cardiovasculares. 
Nos de 3ª geração, parecem ter menor efeito 
androgênico, mas o dobro do risco de fenômenos 
tromboembólicos quando comparados aos de 2ª 
geração. Maior risco no começo do uso. Se a paciente 
já usa e é adaptada, não precisa trocar. 
Para pacientes que vão iniciar o ACO ou para aquelas 
com perfil de risco para TVP (história familiar, 
sobrepeso ou sedentarismo), entretanto, devemos 
preferir sempre as combinações com levonorgestrel. 
As evidências atuais permitem informar que os ACOs 
atualmente comercializados não determinam 
variações significativas no peso corporal. 
Orais 
Orientações para uso de anticoncepcionais orais 
combinados com 35 a 20 microgramas de EE. 
Tomar 1 comprimido via oral (VO) 1 vez ao dia, no 
mesmo horário, por 21 dias. Parar 7 dias 
(sangramento de privação) e reiniciar nova cartela no 
8º dia. 
Observações 
- A primeira cartela deve ser iniciada no 1º dia de fluxo 
menstrual. Lembrar que são necessários sete dias de 
uso contínuo para obter efeito contraceptivo (se 
relações antes desse período, usar preservativos). 
- Não reiniciar o uso se não houver fluxo menstrual, 
pela possibilidade de gestação. 
- Se esquecer 1 comprimido por menos de 12 horas, 
tomar o comprimido esquecido assim que lembrar 
(inclui a possibilidade de tomar 2 comprimidos de uma 
só vez) e o seguinte no horário habitual – não há perda 
de eficácia. Se esquecer 1 comprimido por mais de 12 
horas, a proteção contraceptiva pode ser reduzida. 
- Não fazer pausa anual para preservar a ovulação, pois 
mesmo em uso prolongado a pílula é reversível. 
Orientações de uso para anticoncepcionais orais 
combinados com 15 microgramas de EE 
Tomar 1 comprimido, VO, diariamente, no mesmo 
horário, por 24 dias. Parar 4 dias (sangramento de 
privação) e reiniciar no 5º dia de pausa. 
Observações: 
- A primeira cartela deve ser iniciada no 1º dia do ciclo 
menstrual. 
- Na troca de contraceptivo, iniciar no dia posterior ao 
término da cartela anterior (não fazer a pausa). 
- Não reiniciar se não houver menstruação; excluir 
possibilidade de gestação. 
- Se esquecer 1 comprimido por menos de 12 horas, 
tomar o comprimido esquecido assim que lembrar 
(inclui a possibilidade de tomar 2 comprimidos de uma 
só vez) e o seguinte no horário habitual – não há perda 
de eficácia. Se esquecer 1 comprimido por mais de 12 
horas, a proteção contraceptiva pode ser reduzida. 
Das gestações que ocorrem durante o uso, muito 
poucas podem ser atribuídas à falha do método. Na 
maioria dos casos, a concepção ocorreu por 
irregularidade na tomada ou má absorção do fármaco 
(vômitos, gastrenterite etc). 
 
 
Seguimento 
Usuárias de ACO devem ser vistas após os primeiros 
três meses de uso e, subsequentemente, a cada 6 a 12 
meses, na busca de efeitos adversos menores, controle 
de pressão arterial (PA) e peso. As pacientes devem ser 
alertadas para os sinais e sintomas dos efeitos 
adversos maiores, basicamente para TVP e embolia 
pulmonar (EP), quando se faz necessário atendimento 
médico imediato. Em cada consulta, deve ser 
reforçada a adesão da paciente ao tratamento. 
ACO são eficazes na redução de risco de câncer de 
ovário relacionado ao tempo de uso. 
Importante recomendação deve ser feita em relação à 
pressão arterial → uso de ACOs combinados aumenta 
em duas vezes a chance de desenvolver hipertensão a 
longo prazo. 
Anel Vaginal 
É um anel de evastane, transparente, leve, flexível, que 
tem um diâmetro externo de 54 mm e espessura de 4 
mm. Cada anel contém 2,7 mg de etinilestradiol e 11,7 
mg de etonogestrel, metabólito biologicamente ativo 
do desogestrel, dispersos uniformemente no núcleode 
evastane. A membrana de evastane circundante 
controla a liberação de 15 μg de etinilestradiol/dia e 
120 μg de etonogestrel/dia. 
A taxa de falha, o perfil de efeitos adversos e as 
contraindicações são similares aos contraceptivos 
combinados orais. São vantagens não exigir o uso 
diário e o fato de manter a proteção contraceptiva por 
mais sete dias em caso de esquecimento da data da 
troca. 
Os efeitos adversos podem ser sangramento de 
escape, cefaleia, vaginite, leucorreia, ganho de peso, 
náusea e expulsão do anel. 
Os critérios de elegibilidade da OMS são os mesmos 
para os ACOs combinados. 
Iniciar o uso entre o 1º e o 5º dia do ciclo. Inserir em 
forma de “8”; não necessita circundar o colo. Usar por 
três semanas consecutivas. Retirar ao final da terceira 
semana (21º dia) para ocorrer sangramento de 
privação. Realizar pausa de sete dias. Após a pausa, é 
reiniciado novo ciclo com a colocação de outro anel. 
Observação: usar preservativos nos primeiros sete dias 
de uso na ausência de método contraceptivo prévio ou 
na troca de outros métodos (exceto para uso prévio de 
ACO). 
 
Adesivo transdérmico (patch) 
É necessário apenas a troca semanal do produto. 
Libera diariamente 30 μg de EE e 150 μg de 
norelgestromina, que, após metabolismo hepático, 
resulta em levonorgestrel. 
Concentrações séricas hormonais são obtidas 
rapidamente após a colocação. Farmacocinética: 
flutuações hormonais são evitadas, e a concentração 
sérica atingida é capaz de manter a eficácia 
contraceptiva mesmo que haja atraso de até dois dias 
na substituição do adesivo. 
OBS: Pacientes com mais de 90 kg podem apresentar 
redução de eficácia, não sendo recomendado o 
emprego dessa via. 
Os critérios de elegibilidade são semelhantes aos ACOs 
combinados. 
O adesivo deve ser colocado sobre a pele limpa e seca, 
podendo ser aplicado no abdome inferior, na parte 
externa do braço ou na parte superior das nádegas. 
Pressionar o adesivo por 10 segundos, até que os 
bordos estejam bem aderidos. Usar um adesivo a cada 
sete dias, realizando a troca no mesmo dia da 
primeira aplicação (o horário não precisa ser o 
mesmo). Usar por três semanas consecutivas, 
retirando o terceiro adesivo ao final dos 21 dias e 
aguardar o sangramento de privação. 
Observação: 
- O primeiro adesivo deverá ser aplicado no primeiro 
dia da menstruação. 
- O uso contínuo, sem pausa, também poderá ser 
empregado, se a paciente desejar. 
- Evitar aplicar sobre locais em que não haja contato 
com roupas apertadas e região das mamas. 
- Rodiziar semanalmente os locais de aplicação. 
- Descolamento do adesivo total ou parcial (5% dos 
adesivos) por menos de 24 horas: recolocar o mesmo 
adesivo (se permanecer bem aderido) ou colar um 
novo adesivo – não há perda da eficácia. Mais de 24 
horas: colar um novo adesivo e reiniciar um novo ciclo, 
com novo dia de troca. Empregar método de barreira 
por sete dias. 
 
Anticoncepção combinada injetável 
É especialmente recomendada para pacientes com 
dificuldade de aderir à tomada diária do ACO ou que 
apresentam problemas de absorção entérica (doença 
inflamatória intestinal). As seguintes combinações 
estão disponíveis: enantato de estradiol 10 mg + 
acetato de di-hidroxiprogesterona 150 mg; valerato de 
estradiol 5 mg + enantato de noretisterona 50 mg; e 
cipionato de estradiol 5 mg + acetato de 
medroxiprogesterona 25 mg. 
Mecanismo de ação: supressão da ovulação, 
supressão do desenvolvimento folicular, 
espessamento do muco cervical e redução de 
espessura endometrial. 
O padrão de sangramento menstrual com o injetável 
mensal é previsível, com fluxos ocorrendo por privação 
hormonal a cada três semanas após a injeção (22º dia). 
Os critérios de elegibilidade da OMS são os mesmos 
dos ACOs combinados. 
Aplicar uma ampola intramuscular (IM) profunda (no 
deltoide) a cada 30 dias, com tolerância de 
aproximadamente três dias para a aplicação. O ideal é 
que a primeira ampola seja administrada no primeiro 
dia do ciclo menstrual (no máximo até o 8º dia do 
ciclo). 
Observação: não se deve massagear ou colocar bolsa 
de água quente no local da aplicação para não acelerar 
sua absorção. 
Anticoncepcionais só de progestágenos 
Minipílulas 
São acetato de noretindrona e levonorgestrel. Tem 
índice de falha maior que ACOs. A eficácia 
contraceptiva pode ser perdida em 27 horas após a 
última dose. Sua ação envolve espessamento do 
muco cervical e inibição da implantação do embrião 
no endométrio. As concentrações de progestágenos 
encontradas em minipílulas são insuficientes para 
bloquear a ovulação. 
Indicadas quando há intolerância ou contraindicação 
formal ao uso de estrogênios e durante a 
amamentação, já que não inibem a produção do leite. 
O uso de minipílulas é contínuo. Quando prescritas no 
puerpério de mulheres que amamentam, podem ser 
seis semanas após o parto ou, no mínimo, 14 dias antes 
do retorno da atividade sexual. O uso deve ser 
bastante regular, respeitando rigorosamente o 
horário de tomada. Se a paciente esquecer 1 ou 2 
comprimidos, tomar um assim que lembrar e outro no 
horário habitual, utilizando métodos adicionais até que 
14 comprimidos tenham sido tomados. Se esquecer 
mais de 2 comprimidos, iniciar outro método de 
contracepção até que ocorra fluxo menstrual. 
Uma contraindicação relativa ao uso de 
anticoncepcionais com progestágeno isolado é o 
diabete mélito gestacional (DMG) prévio. 
Minipílulas 
Constituído de 75 μg de desogestrel, provoca 
anovulação em 97% das usuárias e torna o muco 
cervical espesso, dificultando a ascensão dos 
espermatozoides. É mais eficaz do que as minipílulas, 
pois como os anticoncepcionais combinados, é capaz 
de inibir o eixo HHG. 
Está indicado durante a amamentação, em mulheres 
que não podem ou não desejam usar pílulas com 
estrogênio. O uso deve ser contínuo, isto é, uma pílula 
por dia, sem interrupção. Tem a vantagem de poder 
ser tomado com atraso de até 12 horas, sem 
comprometer a sua eficácia. Os anticonvulsivantes, a 
rifampicina e a griseofluvina podem diminuir a sua 
eficácia. 
Os eventos adversos mais comuns são sangramento 
irregular, oligomenorreia ou amenorreia, acne, 
mastalgia, náuseas, aumento de peso, alterações do 
humor e diminuição da libido. 
Seleção 
Anticoncepção de emergência 
Está indicada em situações de relação sexual não 
planejada, portanto, sem uso de método 
anticoncepcional; percepção de falha do método em 
uso, como ruptura do preservativo, diafragma 
deslocado ou esquecimento de uso de 
anticoncepcionais orais por mais de 48 horas, e em 
casos de violência sexual (estupro). Recomenda-se 
também o uso de anticoncepção de emergência 
quando as pílulas não forem usadas corretamente, em 
presença de vômitos e diarreia ou no caso de intervalo 
maior do que sete dias entre as cartelas. 
Contracepção de emergência deve ser feita com dose 
única de 1,5 mg de levonorgestrel, administrada 
preferencialmente até 72 horas após relação sexual 
na ausência de contracepção. 
Progestágeno injetável 
O progestágeno injetável bloqueia a ovulação pela 
inibição da secreção de LH, assim como os ACOs. Além 
disso, os efeitos progestagênicos colaboram para a 
contracepção: maior viscosidade do muco e atrofia 
endometrial. Ocorre retorno lento à fertilidade 
(ovulação): cerca de nove meses após a última injeção. 
A eficácia desse método é igual à da ligadura tubária 
e superior a todos os outros métodos reversíveis. 
Outros efeitos benéficos podem resultar do emprego 
dessa medicação incluem alívio da dismenorreia e 
melhora da anemia; redução dos sintomas associados 
à endometriose, TPM e DPC; redução do câncer de 
endométrio e da ocorrência de convulsões; e possível 
redução das crises na anemia falciforme. 
Contraindicações do injetável trimestral (AMPD): em 
casos de gravidez, sangramento vaginal de etiologia 
desconhecida, doença trofoblástica e patologias 
malignas. 
Em vigência do seu uso, pode ocorrer sangramento 
intermenstrual (ciclos menstruais imprevisíveisnos 
primeiros meses de uso, com melhora após uso 
prolongado), amenorreia, edema, ganho de peso, 
acne, náuseas, mastalgia, cefaleia, alterações do 
humor e redução da densidade mineral óssea. 
Aplicar 150 mg de AMPD via IM profunda (na nádega 
ou no deltoide) a cada três meses. A primeira dose 
deverá ser aplicada nos primeiros cinco dias da 
menstruação para confirmar ausência de gestação. Se 
aplicada nesse período, o efeito contraceptivo é 
alcançado em 24 horas. Após esse período, usar 
preservativos por duas semanas. Aplicações 
subsequentes deverão ser realizadas a cada 90 dias 
(cerca de 12 semanas). 
Esquecimento: se a última dose ocorreu há menos de 
14 semanas (atraso na aplicação de 14 dias), uma nova 
injeção poderá ser aplicada. Se a última dose ocorreu 
há mais de 14 semanas, uma nova injeção só poderá 
ser aplicada se a paciente não teve relações sexuais nos 
últimos 10 dias e se o β-hCG for negativo. Ela deve usar 
preservativos por duas semanas por segurança 
(backup). Se a paciente teve relações sexuais nos 
últimos 10 dias e o β-hCG é negativo, ela poderá fazer 
a aplicação, mas deverá repetir o β-hCG em duas 
semanas (pois só é positivo após 8 dias da concepção). 
Usar preservativos por duas semanas por segurança 
(backup). 
Implante subdérmico 
O implante subdérmico consiste em dispositivos 
contendo progestágenos como o etonogestrel 
(Implanon) e o levonorgestrel (Norplant). 
O implante de etonogestrel é composto de bastonete 
único, que contém aproximadamente 68 mg de 
etonogestrel (um metabólito ativo do desogestrel) e 
tem duração de aproximadamente três anos. Ele libera 
aproximadamente 60 a 70 μg/dia, reduzindo para 40 
μg/dia em 1 ano e para 25 a 20 μg/dia em três anos. 
Seu mecanismo de ação consiste em inibir a ovulação, 
aumentar a viscosidade do muco cervical, inibindo a 
penetração do espermatozoide, e diminuir a 
espessura endometrial. A taxa de gravidez acumulada 
entre 2 e 5 anos foi igual a zero, sendo o índice de Pearl 
0,0. 
Efeitos adversos: sangramento irregular, acne, 
dismenorreia e aumento do peso corporal. Após a 
remoção do implante, o retorno à fertilidade é rápido, 
variando entre 1 e 18 semanas. 
O implante de etonogestrel tem uso seguro durante a 
amamentação. 
O implante anticoncepcional de levonorgestrel 
(Norplant) é composto também por um 
progestágeno, tem efeito antiestrogênico importante 
e previne a gestação por meio da ação sobre o muco 
cervical, que se torna impenetrável aos 
espermatozoides. Tem duração de cinco anos. 
As contraindicações ao seu uso são tromboflebite, 
doença tromboembólica aguda, sangramento vaginal 
não diagnosticado, doença hepática aguda, tumor de 
fígado e câncer de mama. 
O implante deve ser introduzido pelo médico com um 
aplicador específico (acompanha o produto) sob 
anestesia local no consultório. O tempo de inserção 
do implante é de aproximadamente 5 minutos, e de 
remoção, 3,5 minutos, devendo ser inserido abaixo da 
derme, na face interna do braço, entre os músculos 
bíceps e tríceps. Para ser retirado, é preciso pequena 
incisão sob anestesia local. Normalmente não há 
necessidade de realizar pontos, colocando-se apenas 
pequeno curativo com esparadrapo. Os implantes têm 
efeito contraceptivo imediato quando inseridos nos 
primeiros sete dias do ciclo menstrual; contudo, se a 
inserção ocorrer após o 7º dia do ciclo menstrual, uma 
contracepção adicional é necessária por pelo menos 
três dias. 
Os critérios de elegibilidade da OMS são semelhantes 
aos dos progestágenos isolados. 
 Sistema intrauterino de levonorgestrel 
É um endoconceptivo em forma de T. 
A taxa de liberação de levonorgestrel é de 20 μg/dia no 
primeiro ano da inserção, 15 μg/dia do 2o ao 5º ano e 
12 μg/dia do 6º ao 7º ano. O período mínimo de 
eficácia do SIU-LNG 20 é de cinco anos, e sua troca é 
recomendada após esse período. 
O mecanismo de ação é sobre o muco cervical, com 
efeitos endometriais, inibição da motilidade 
espermática, reação a corpo estranho, mecanismos 
moleculares e efeito mínimo no eixo HHG, com mais 
de 85% das mulheres ovulando durante o seu uso. 
 
O efeito local do levonorgestrel no endométrio leva à 
redução do fluxo menstrual e à oligomenorreia. É 
importante informar à paciente que a amenorreia não 
reduz a capacidade de reprodução após a extração do 
SIU-LNG 20. O retorno da fertilidade é rápido. 
Alguns efeitos sistêmicos, como acne, cefaleia, 
mastalgia e depressão, podem ser relatados, têm 
baixa incidência e parecem ser máximos no terceiro 
mês após a inserção, com redução gradual 
posteriormente. 
A forma de colocação é semelhante ao DIU de cobre, 
sendo mais aceito por adolescentes pelo padrão de 
sangramento menstrual. 
A eficácia contraceptiva do SIU-LNG 20 é comparável à 
da esterilização feminina, com índice de Pearl de 0,2 no 
primeiro ano e taxa cumulativa de falha de 0,7 aos 
cinco anos. 
É comum o sangramento vaginal persistente ou 
spotting nos 3 a 6 meses iniciais. 
Dispositivo Intrauterino (DIU) 
O DIU de cobre é uma estrutura de polietileno, em 
forma de T ou de 7, revestida parcialmente por cobre. 
Taxa de falha entre 1-3%. O tipo DIU de cobre TCu380A 
é o mais eficaz, tendo taxa de 0,3 a 0,6% de gestação. 
O DIU age por meio de uma resposta inflamatória 
citotóxica que é espermicida, com aumento na 
produção local de prostaglandinas e inibição da 
implantação. Além disso, há alteração na mobilidade 
espermática, com menor ascensão dos 
espermatozoides para o trato genital superior. A ação 
contraceptiva depende de um complexo e variado 
conjunto de alterações espermáticas, ovulares, 
cervicais, endometriais e tubárias que dificultam a 
fertilização. 
A discussão em torno da melhor época de colocação 
persiste. Alguns autores sugerem a inserção na época 
da menstruação, pois a paciente tem certeza de que 
não está grávida, o útero está mais permeável e 
menor cólica será percebida. Porém, sabe-se que o 
DIU pode ser inserido em qualquer época do ciclo 
menstrual, principalmente em usuárias regulares de 
outra forma de contracepção. 
Inserção: o DIU deve ser inserido por profissional 
médico experiente, no consultório, sem anestesia, ou 
no hospital, sob sedação. Primeiramente se realiza o 
exame de toque bimanual para avaliar a posição e o 
tamanho do útero, em seguida realiza-se a assepsia 
do colo, pinça-se o lábio anterior com pinça de Pozzi, 
realiza-se a histerometria para, após, ser realizada a 
inserção do DIU. Deixa-se aproximadamente 1 cm de 
fio exteriorizado pelo colo uterino. 
Uma das complicações descritas é o deslocamento 
parcial ou total (resulta em expulsão) do DIU. É mais 
comum entre jovens, nulíparas e nas inserções pós-
parto. Se a expulsão ocorreu e não há sinais de 
infecção, um novo DIU pode ser inserido. Porém, a 
reinserção é de sucesso somente em dois terços dos 
casos de expulsão. Úteros com dimensão menor do 
que 6 cm tendem a expulsar com maior facilidade. 
O DIU de cobre pode aumentar o sangramento 
menstrual e causar spotting, principalmente nos 
primeiros 3 a 6 meses após a inserção. Também 
podem ocorrer dismenorreia e sangramento 
abundante, que são as causas mais frequentes de 
remoção do DIU no primeiro ano de uso. 
Previamente à colocação, pode-se administrar 
misoprostol intravaginal para dilatar o colo uterino. 
Contudo, a dose não está ainda estabelecida, assim 
como a de AINES esteroides pré-colocação para 
diminuir a dor. 
O DIU não aumenta o risco de DIP, esse risco apenas 
existe em decorrência do momento da inserção, 
principalmente em mulheres com cervicite no 
momento da colocação. 
 
Métodos Irreversíveis 
Contracepção cirúrgica 
Vasectomia ou ligadura tubária (LT). 
A vasectomia liga o ducto deferente e pode ser 
realizada com anestesia local. É segura e tem alta 
efetividade. A vasectomia não altera o aspecto do 
sêmen e não afeta o desempenho sexual do homem. 
Para se ter certeza de que o procedimento foi eficaz, é 
indicado realizar um espermograma após três meses 
do procedimento ouapós 20 ejaculações. 
Na LT, realiza-se a obstrução do lúmen tubário, 
impedindo o transporte do óvulo e o encontro dos 
gametas femininos e masculinos. O local ideal para o 
procedimento cirúrgico é a região ístmica. Pode ser 
realizada por videolaparoscopia, laparotomia 
(minilaparotomia) ou pelo fundo de saco vaginal 
(culdoscopia). A anestesia deve ser geral. 
A via videolaparoscópica é a preferencial, pois 
apresenta menor tempo cirúrgico, menor morbidade, 
recuperação mais rápida e cicatriz esteticamente mais 
aceitável. 
Outras possibilidades: ligadura com fio cirúrgico e 
posterior secção da trompa na porção ligada; ressecção 
de um segmento tubário; obstrução mecânica usando 
clips ou anéis ou eletrocoagulação. 
Índice de Pearl entre 0,1 e 0,3%. 
Artigo 10: 
Somente é permitida a esterilização voluntária nas 
seguintes situações: 
I. Em homens e mulheres com capacidade civil plena e 
maiores de 25 anos de idade ou, pelo menos, com dois 
filhos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias 
entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, 
período no qual será propiciado à pessoa interessada 
acesso a serviço de regulação da fecundidade, 
incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, 
com o objetivo de desencorajar a esterilização precoce; 
II. Risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro 
concepto, testemunhado em relatório escrito e 
assinado por dois médicos. 
- 1º É condição para que se realize a esterilização o 
registro da expressa manifestação da vontade em 
documento escrito e firmado, após a informação a 
respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos 
colaterais, dificuldade de sua realização e opções de 
contracepção reversíveis existentes. 
- 2º É vedada a esterilização cirúrgica em mulher 
durante os períodos de parto ou aborto, exceto nos 
casos de comprovada necessidade, por cesarianas 
sucessivas anteriores. 
- 3º Não será considerada a manifestação da vontade 
na forma do 1º, expressa durante ocorrência de 
alterações na capacidade de discernimento por 
influência de drogas, estados emocionais alterados ou 
incapacidade mental temporária ou permanente. 
- 4º A esterilização cirúrgica como método 
contraceptivo somente será executada por meio da 
laqueadura tubária, vasectomia ou de outro método 
cientificamente aceito, sendo vedada pela 
histerectomia e ooforectomia. 
- 5º Na vigência de sociedade conjugal, a esterilização 
depende do consentimento expresso de ambos os 
cônjuges. 
- 6º A esterilização cirúrgica em pessoas 
absolutamente incapazes somente poderá ocorrer 
mediante autorização judicial, regulamentada na 
forma de lei.

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