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Tutela Civil, Administrativa, Penal e Jurisdicional

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1 
 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 2 
UNIDADE 2 – AS TUTELAS GENÉRICAS E ESPECÍFICAS .................................... 4 
UNIDADE 3 – TUTELA CIVIL ..................................................................................... 9 
3.1 NOÇÕES GERAIS DE RESPONSABILIDADE CIVIL ............................................................ 9 
3.2 DEFEITOS E VÍCIOS ................................................................................................. 23 
3.3 GARANTIA LEGAL E CONTRATUAL ............................................................................. 25 
3.4 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA .................................................... 26 
UNIDADE 4 – TUTELA ADMINISTRATIVA ............................................................. 31 
4.1 LEGISLAÇÃO PROTETIVA ......................................................................................... 33 
4.2 ENTIDADES CIVIS .................................................................................................... 34 
4.3 ENTIDADES PRIVADAS ............................................................................................. 35 
4.4 NOTIFICAÇÕES E SANÇÕES ADMINISTRATIVAS........................................................... 37 
UNIDADE 5 – TUTELA PENAL ................................................................................ 44 
5.1 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES DE CONSUMO – ARTS. 61 A 80 DO CDC ........................ 48 
5.3 CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES ............................................................................... 62 
UNIDADE 6 – TUTELA JURISDICIONAL ................................................................ 65 
6.1 TUTELA INDIVIDUAL ................................................................................................ 66 
6.2 TUTELA COLETIVA .................................................................................................. 67 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 73 
 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 
2
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
Tutela, por definição no dicionário Aurélio, é o encargo ou autoridade que se 
confere a alguém, por lei ou por testamento, para administrar os bens e dirigir e 
proteger a pessoa de um menor que se acha fora do pátrio poder, bem como para 
representá-lo ou assistir-lhe nos atos da vida civil. É ainda assistência e 
representação; dar amparo, proteção e auxílio; tutoria. 
A partir do momento que os direitos fundamentais deixam de se resumir aos 
direitos de defesa contra a interferência estatal na esfera jurídica particular e que 
passam também a conferir aos particulares direitos de proteção, direitos à 
organização e ao procedimento e direitos a prestações sociais, enfim, a partir do 
momento que vimos o reconhecimento do Estado em dever a proteção integral do 
cidadão, isto quer dizer que ele deve proteger normativa, administrativa e 
jurisdicionalmente. 
No tocante ao cidadão enquanto consumidor, o Estado deve garantir sua 
segurança, impondo proibições ou condutas positivas, como por exemplo, a 
proibição da venda de produtos com alto grau de nocividade ou periculosidade (art. 
10 do CDC) ou o dever de informar de forma ostensiva (art. 9º do CDC). 
Essas regras, destinadas a proteger o consumidor contra os produtos e os 
serviços nocivos e perigosos, têm natureza preventiva, pois proíbem ou impõem 
condutas para evitar danos. Outras normas, objetivando garantir as relações 
obrigacionais, tratam da chamada responsabilidade in re ipsa, dando ao consumidor 
várias opções no caso de adimplemento imperfeito; fala-se, aqui, em 
responsabilidade por vício do produto e do serviço (art.18 e ss, CDC). Existem, 
ainda, normas que objetivam dar a devida proteção ao consumidor em caso de 
dano, quando importa a chamada responsabilidade pelo fato do produto e do serviço 
(art. 12 e ss, CDC). É claro que as normas materiais de proteção do consumidor não 
se limitam apenas a essas. Basta lembrar dos ditos direitos básicos do consumidor 
(art. 6º, CDC) e, especialmente, dos Capítulos que tratam das práticas comerciais e 
da proteção contratual (Capítulos V e V do Título I) (MARINONI, 2004). 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 
3
 
Pois bem, veremos neste momento as diversas tutelas específicas ao 
consumidor, cada uma em sua máxima amplitude. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como 
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um 
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados 
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas 
opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
inúmeras outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de 
todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao 
longo dos estudos. 
 
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4
 
UNIDADE 2 – AS TUTELAS GENÉRICAS E ESPECÍFICAS 
 
Segundo LUIZ OTÁVIO DE OLIVEIRA AMARAL (2010), a tutela geral do 
consumidor encontra justificativa, sem qualquer dúvida, no reconhecimento de sua 
vulnerabilidade geral, aliada à crescente consciência individual e coletiva dos seres 
humanos acerca do novo patamar evolutivo da eticidade que vem caracterizando o 
mundo dito civilizado e moderno, mais precisamente, desde o final dos anos 1800 e 
cujos marcos podem ser: o Sherman Act – EUA, de 1890 e a Rerum Renovarum, de 
1891, do papa Leão XIII. Esses acontecimentos dão a tônica para o surgimento das 
legislações sociais, bem como a nossa Consolidação das Leis do Trabalho, as 
Constituições com regras econômico-sociais e as leis de proteção ao consumidor. 
Da tutela genérica da ONU à tutela constitucional e legal, da qual decorrem 
as tutelas específicas (civil, administrativa, penal e jurisdicional) o caminho foi longo. 
A ONU cuidou específica e expressamente da tutela do consumidor, ao 
baixar a Resolução nº 39/248, de 10 de abril de 1985, reconhecendo a 
vulnerabilidade daquele a quem são endereçadas as normas protetivas, enunciando-
lhe os direitos básicos e propondo medidas que deveriam ser adotadas pelos 
países-membros no intuito de que todos, principalmente os do chamado Terceiro 
Mundo, viessem a instituir legislação e mecanismos protetivos do consumidor. 
Não se trata, como se vê, de uma tutela impositiva, e sim de uma 
manifestação de cunho político, abrangente, que procura despertar os Estados e 
suas populações para tema de grande significado para a promoção humana,como a 
defesa do consumidor. 
A tutela supranacional tem o grande mérito de induzir os países-membros a 
adotarem medidas protetivas, objetivo plenamente alcançado na quase totalidade de 
participantes, inclusive no Brasil, à constatação de que as legislações já positivadas 
e aquelas em fase de elaboração derivam do posicionamento do organismo 
supranacional. Aliás, pelo simples fato de a ONU se preocupar com a defesa do 
consumidor, resulta evidenciada a importância que dá ao assunto, em ordem a que 
idêntico tratamento lhe seja dado também pelos Estados-membros. 
 
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Trata-se de tutela genérica, política e não coercitiva, porém de alta 
relevância, pelo efeito de despertar consciências e induzir à adoção de normas e 
mecanismos de proteção ao consumidor. Esse, sem dúvida, é o grande mérito da 
tutela da ONU (ALMEIDA, 2010). 
No caso do Brasil, a CF/88 mostrou a que veio no tocante à proteção ao 
consumidor. Na nossa história jurídica nunca se havia dado tamanho tratamento 
constitucional ao consumidor. São vários os dispositivos da CF/88 que tratam o 
assunto como no art. 5º, XXXII, no art. 24, VIII, no art. 129, II e III, no art. 170, V, e 
ainda no art. 48 do ADCT. 
Mas, segundo ponderações de JOÃO BATISTA DE ALMEIDA (2010), 
apesar de seu conteúdo programático, a tutela constitucional do consumidor 
apresenta facetas interessantes, a saber: 
� em primeiro lugar, a tutela do consumidor foi alçada a direito básico 
fundamental (individual ou coletivo), em virtude de sua inclusão num dos 
incisos do art. 5º, atinente ao Capítulo I – Dos Direitos e Garantias 
Fundamentais. Referida tutela passou a ser, de forma expressa, um direito de 
cidadania, informado pelo direito à vida, à liberdade, à segurança e à 
propriedade, assumindo o Estado a postura de tutor legal. Em suma, a defesa 
ao consumidor, à luz do inciso XXXII do art. 5º do texto constitucional, passou 
a ser direito do cidadão e dever do Estado; 
� pretendeu-se, em segundo lugar, dar a essa mesma tutela um caráter 
nacional. Assim, por ela devem ser responsáveis os Poderes Públicos, ou 
seja, a União, os Estados-Membros, o Distrito Federal e os Municípios, em 
todas as suas manifestações. Delimitados pela competência legislativa (CF, 
art. 24, VIII), cada ente público terá explicitada sua área e forma de atuação; 
� em terceiro lugar, houve deliberada intenção do legislador constituinte de dar 
ao tema um caráter de permanência, em virtude do tratamento constitucional, 
pois, como é sabido, os dispositivos da Constituição só podem ser alterados 
por emendas, que requerem processo legislativo diferenciado e quorum de 
três quintos de cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, para 
aprovação (CF, art. 60, I, II e III, §§ 1º e 2º), sendo certo que não será objeto 
 
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de deliberação proposta de emenda tendente a abolir os direitos e garantias 
individuais (CF, art. 60, § 4º, IV). 
Dessa forma, a defesa do consumidor passou a ser uma preocupação 
permanente e duradoura do Estado, já não estando sujeita aos caprichos dos 
governantes da ocasião, que, até então, poderiam caminhar no sentido da 
revogação da legislação protetiva, ordinariamente instituída, inclusive pelo atalho 
escancarado das medidas provisórias. Não resta dúvida de que o tratamento 
constitucional e a exigência de emenda para alterar a defesa do consumidor em 
termos de Carta Magna traduzem uma garantia de maior durabilidade da tutela. Não 
se exclui, por óbvio, a possibilidade de alterações, mas tal ocorrerá somente se essa 
for a vontade da sociedade brasileira, expressa por seus representantes no 
Congresso Nacional. 
A partir disso, com a vigência da nova CF/88, iniciou-se o trabalho de 
complementação legislativa, ou seja, da edição de legislação que vinha a completar 
e tornar exequível o texto constitucional. Nessa trilha, surgiu a Lei nº 8.078/90 ou 
Código de Defesa do Consumidor. Pelo fenômeno da recepção estão ab-rogadas as 
leis anteriores à vigência do texto constitucional que conflitavam com a nova ordem; 
quanto às demais, em que tal conflito não se apresenta, foram recepcionadas pela 
ordem constitucional instaurada em outubro de 1988. Nessa última hipótese, 
incluem-se a Lei nº 1.521/51 (Lei dos Crimes de Economia Popular), a Lei nº 
7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) e a Lei nº 7.492/86 (Repressão aos crimes 
contra o Sistema Financeiro Nacional), dentre outras, além de diplomas de natureza 
infralegal, como decretos, resoluções e portarias. 
Verifica-se, nesse passo, que da tutela constitucional do consumidor decorre 
a sua tutela legal, a exprimir o intrincado emaranhado de produção legislativa posto 
à sua disposição, e da qual são espécies a tutela administrativa, a tutela 
jurisdicional, a tutela penal e a tutela civil, contempladas no CDC e na legislação 
infraconstitucional pretérita e superveniente. 
Pode-se afirmar que hoje, com a nova CF, com a promulgação do CDC e 
com a recepção da legislação pretérita, o consumidor brasileiro está 
satisfatoriamente tutelado em termos legislativos, recomendando-se, por ora, 
 
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apenas pequenas alterações em temas como repressão ao abuso do poder 
econômico, concorrência desleal e efetividade dos aparelhos preventivo e 
fiscalizatório. 
O CDC constitui um microssistema jurídico multidisciplinar na medida em 
que possui normas que regulam todos os aspectos da proteção do consumidor, 
coordenadas entre si, permitindo uma visão de conjunto das relações de consumo. 
Preferiu o legislador tratar num único diploma legislativo, o CDC, do aspecto civil das 
relações de consumo, sem deixar o seu disciplinamento para uma futura alteração 
do Código Civil. Da mesma forma, em relação aos aspectos penal, administrativo e 
jurisdicional. Tais normas, como se sabe, são coordenadas entre si, interpenetram-
se, complementam o sentido de outras disposições ou lhes dão maior efetividade. A 
título de exemplo, a proteção contra a publicidade enganosa constitui direito básico 
do consumidor (CDC, art. 6º, IV), recebe tratamento cível (CDC, arts. 36 a 38), é 
sancionada na via administrativa (arts. 55 a 60), além de propiciar o uso das vias 
judiciais para a suspensão ou sua veiculação (arts. 81 e ss.). 
O microssistema codificado, como se vê, por força de seu caráter 
interdisciplinar, outorgou tutelas específicas ao consumidor nos campos civil (arts. 8º 
a 54), administrativo (arts. 55 a 60 e 1051106), penal (arts. 61 a 80) e jurisdicional 
(arts. 81 a 104), que serão estudadas detalhadamente. 
 
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Esquema resumo das tutelas do consumidor, previstas no CDC: 
 Tutela 
Internacional 
/externa: ONU 
Res. 39/284/85 
 
Tutelas do 
consumidor 
 Constitucional 
(art. 5º, XXXII, 
170, V) 
 
 Tutela 
nacional/interna 
 Legal (CDC e 
outras leis) 
Tutela 
administrativa 
Tutela penal 
Tutela civil 
Tutela 
jurisdicional 
 Infraconstitucional 
 Decretos 
Portaria 
 
Não podemos esquecer que a tutela do consumidor no microssistema 
previsto no CDC brasileiro perpassa pelos direitos privado (civil e 
mercantil/empresarial), processual, administrativos, econômico e penal/criminal 
(AMARAL, 2010). 
 
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UNIDADE 3 – TUTELA CIVIL 
 
Para efetivar a prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, 
individuais, coletivos e difusos que são direitos básicos do consumidor, temos três 
importantes capítulos do CDC que são: Cap. IV – Da qualidade de produtos e 
serviços, da prevenção e da reparação dos danos; Cap. V – Das práticas comerciais 
e Cap. VI – Da proteção contratual (arts. 8º a 54). 
O que se busca com a tutela civil nada mais é do que garantir o 
ressarcimento ou a reparação de danos por ele (consumidor) sofridos ou o 
impedimento de que venham a ser concretizados, por meio de mecanismos que a 
própria lei prevê. 
 
3.1 Noções gerais de responsabilidade civil 
A responsabilidade civil é tida como a obrigação de reparar, mediante 
indenização, geralmente pecuniária, o dano causado a outrem. É uma garantia, uma 
correspondência, uma equivalência de contraprestação, uma repercussão 
obrigacional da atividade humana danosa à outra pessoa (PETROUCIC; FUNES, 
2007). 
Para MARIA HELENA DINIZ (2003, p. 35), a responsabilidade civil é a 
aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou 
patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por 
pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples 
imposição legal. 
O CDC cuida do instituto da responsabilidade civil porque, como em 
qualquer relação obrigacional decorrente da lei ou de um simples contrato, a quebra 
dos deveres impostos aos devedores, em favor dos credores, pode importar em 
prejuízos; prejuízos de ordem material e moral, que deverão ser reparados 
(KHOURI, 2006; VITAL, 2010). 
De acordo com SÉRGIO CAVALIERI FILHO (1999, p. 20), o dever, em si, é 
originário, sendo a obrigação de reparar o dano um dever jurídico sucessivo ou 
secundário. Se o dever originário não for violado não nasce o dever jurídico 
 
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sucessivo, qual seja, a obrigação de reparar o dano. Nunca é demais lembrar que a 
simples quebra de um dever jurídico, em si, por mais relevante que seja, não 
acionará o dever sucessivo, na órbita cível, se não for provada a existência de um 
dano. À prova do dano, deve somar-se a demonstração do nexo causal, ou seja, de 
que a causa do dano é a quebra do dever jurídico originário. 
No CDC, o descumprimento de uma relação obrigacional ou contrato, seja 
por parte do fornecedor ou do consumidor, sujeitará o devedor à obrigação de 
reparar o dano, tal como determina o art. 389 do novo Código Civil. Entretanto a 
reparação de danos a que o Código se refere nesse dispositivo é a ordinária, 
fundada na conduta subjetiva do devedor, ou seja, na culpa. No CDC, há tantos 
casos de responsabilidade fundada na culpa ou subjetiva, como casos e 
responsabilidade objetiva ou sem culpa. É desta última que se ocupa o Capítulo IV 
do Código, particularmente os arts. 12 e 14 (KHOURI, 2006). 
O CDC promete ao consumidor brasileiro, seguindo a pré-ordenação 
constitucional, além do atendimento de suas necessidades, o respeito a sua 
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos e ainda a 
melhoria da sua qualidade de vida (art. 4º), a efetividade na prevenção e na 
reparação de todos os danos patrimoniais/materiais e morais, individuais, coletivos e 
difusos (art. 6º, VII). 
Assim, como dito no primeiro parágrafo desta unidade, para cumprir essas 
promessas, o Código abre três capítulos de instrumentos de efetivação dessas 
promessas: Capítulo IV - “Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção e da 
Reparação dos Danos”; Capítulo V - “Das Práticas Comerciais”; Capítulo VI - “Da 
Proteção Contratual”, cada capítulo desses está dividido em várias seções. 
Nesse plano de tutela, a civil, percebe-se que há um intrassistema de regras, 
bem ordenado, que busca alcançar, no plano civil, aquelas promessas da 
Constituição Federal (valores, princípios e regras máximas que, como farol, iluminam 
os que navegam pelo mundo jurídico, pelo menos os que seguem a carta náutica da 
justiça concreta como fim e da técnica como meio), do próprio CDC e até mesmo e 
mais difusamente da evolução ético-jurídica do gênero humano (AMARAL, 2010). 
 
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Contudo, essa proteção/tutela civil do consumidor não está restrita ao CDC. 
Há, pois, muitas outras legislações, nesse setor que, paralela e harmonicamente, 
tutelam o consumidor brasileiro. 
Nesse campo da tutela civil do consumidor brasileiro destaca-se a 
responsabilidade civil do fornecedor (antítese do consumidor). A locução 
responsabilidade civil costuma ser utilizada num sentido amplo e em outro mais 
restrito/específico. Na acepção ampla é a situação jurídica em que alguém tem a 
obrigação de indenizar outrem, mas significa, também, a própria obrigação derivada 
dessa situação. Ainda nesse sentido pode significar o instituto jurídico constituído 
pelo conjunto de normas e princípios jurídicos que regem o surgimento, o conteúdo 
e cumprimento daquela obrigação. Já no sentido mais estreito ou restrito, 
responsabilidade civil, é o dever (a obrigação) de indenizar, de reparar (reparar = 
parar/voltar antes do dano) que o fato lesivo (logo ilícito) gera quando imputável 
dada pessoa. 
Enquanto RENÉ SAVATIER (s.d apud RODRIGUES, 2002) define 
responsabilidade civil, a obrigação que pode incumbir a uma pessoa de reparar o 
prejuízo causado a outrem por fato seu, ou pelo fato das pessoas ou das coisas dela 
dependentes, LUIZ OTÁVIO DE OLIVEIRA AMARAL (2010) resume em dever de 
responder pelo dano que se causou a outrem. 
Em geral, a responsabilidade civil é constituída pelos seguintes elementos: 
ação ou omissão voluntária, nexo de causalidade, dano e culpa. Esse dano 
(pessoal/material/patrimonial ou moral/extrapatrimonial) que é uma lesão, uma perda 
ilícita (violação do direito) para outrem, precisa estar vinculado à ação ou omissão 
(quando há o dever de agir), enquanto efeito dessa conduta (dolosa ou culposa: 
negligência, imperícia e imprudência) do agente a quem se imputa a 
responsabilidade (responder pelo efeito danoso de sua conduta). 
A responsabilização civil tem por finalidade precípua o restabelecimento do 
equilíbrio violado pelo dano. Por isso, há em nosso ordenamento jurídicoa 
responsabilidade civil não só abrangida pela ideia do ato ilícito, mas também há o 
ressarcimento de prejuízos em que não se cogita da ilicitude da ação do agente ou 
até da ocorrência de ato ilícito, o que se garante pela teoria do risco, haja vista a 
 
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ideia de reparação ser mais ampla do que meramente o ato ilícito. O princípio que 
sustenta a responsabilidade civil contemporânea é o da restitutio in integrum, isto é, 
da reposição do prejudicado ao status quo ante. Nesse diapasão, a responsabilidade 
civil possui dupla função na esfera jurídica do prejudicado: (a) mantenedora da 
segurança jurídica em relação ao lesado; (b) sanção civil de natureza compensatória 
(AMARAL, 2010). 
Em termos de CDC, reza o art. 7º, parágrafo único, que no caso de acidente 
de consumo, o consumidor-vítima deverá ser ressarcido a partir da expressa 
solidariedade da cadeia de fornecimento. Tal responsabilidade solidária encontra 
fundamento na teoria da confiança. Releva notar que a formação do polo passivo 
plúrimo é prerrogativa exclusiva do consumidor, jamais do fornecedor, cuja 
possibilidade de denunciação da lide está vedada a todos os réus, nos termos do 
art. 88. Contudo resta aos fornecedores a via da ação regressiva com base na 
equitativa divisão dos ônus pelos riscos no (e do) mercado. 
O gênero conceitual responsabilidade civil pode se apresentar sob muitos 
tipos ou espécies, conforme a perspectiva da análise. Assim podemos ter: 
1. Quanto ao seu fato gerador: 
a) responsabilidade contratual – proveniente de conduta violadora de norma 
contratual, logo conduta ilícita; 
b) responsabilidade extracontratual ou aquiliana – resultante da ilícita 
violação de um dever geral de diligência (cuidado mediano) na vida social, dever 
geral de abstenção, dever geral (de todos) de respeito aos direitos alheios; é o velho 
princípio romano do neminem laedere (a ninguém ofender). 
2. Quanto ao agente: 
a) responsabilidade direta – proveniente (o dano e logo o dever de reparar) 
de ato do próprio responsável; 
b) responsabilidade indireta – provém de ato de terceiro, vinculado ao 
agente ou de fato de animal ou coisa inanimada sob sua guarda; 
3. Quanto ao seu fundamento: 
 
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a) responsabilidade subjetiva – presente sempre o pressuposto culpa ou 
dolo. 
Portanto, para sua caracterização devem coexistir os seguintes elementos: a 
conduta/ato, o dano, a culpa lato sensu e o nexo de causalidade entre a conduta e o 
dano; 
b) responsabilidade objetiva – não há a necessidade da prova da culpa, 
bastando a existência do dano, da conduta e do nexo causal entre o prejuízo sofrido 
e a ação do agente. A responsabilidade está calcada no risco assumido pelo 
lesante, em razão de sua atividade. 
Como se percebe, a responsabilidade civil decorre, em regra geral e 
originariamente, de um elemento subjetivo (psíquico), ou seja, da culpa lato sensu – 
que envolve o dolo e a culpa stricto sensu (cujas modalidades são: negligência, 
imperícia e imprudência). Com a evolução da cultura ético-jurídica e da crescente 
complexidade do mundo, torna-se insuficiente essa estreita responsabilização 
(AMARAL, 2010). 
Desenvolve-se, então, uma teoria da responsabilidade civil que independe 
daquele elemento subjetivo (a culpabilidade), ou seja, já seria possível, assim, a 
responsabilização tão só a partir da simples presunção de culpa. Vale notar que hoje 
temos a responsabilidade civil em duas vertentes: a subjetiva e a objetiva (com ou 
sem culpa, ou por presunção dessa). 
Só a complexidade industrial do mundo nestes últimos tempos já seria 
bastante para demonstrar que a comprovação da culpa, em muitas hipóteses 
concretas, seria injusta e até reforçaria a irresponsabilidade geradora de danos 
irreparáveis. Ora, se isso já constituiria injusta inadequação do direito para todos, 
muito mais injusto seria para o consumidor, frágil já por definição. 
Assim o CDC adotou, como não poderia deixar de ser, a responsabilidade 
civil objetiva, isto é, o consumidor precisa apenas provar que o resultado danoso foi 
causado (nexo de causalidade) pela ação ou omissão do fornecedor, estabelecido 
esse vínculo a responsabilidade estará firmada e com ela a consequente reparação. 
Exceção a essa regra desse microssistema jurídico (o direito do consumidor) só 
 
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mesmo nos casos de responsabilização civil de profissionais liberais (art. 14, par. 4º) 
(AMARAL, 2010). 
Para PAULO R. ROQUE A. KHOURI (2006), é evidente que, se a violação 
de um direito pode constituir-se em um prejuízo econômico, a sanção penal, por si, 
já não será suficiente, posto que, embora esta seja uma resposta da sociedade 
como um todo, que repele a conduta tipificada, na perspectiva da vítima ou do titular 
do direito violado é preciso que ela seja reconduzida à situação patrimonial anterior 
ao momento da violação. Esta função só pode ser desempenhada pela 
responsabilidade civil, ou seja, a função de reparar danos. 
Discute-se se a responsabilidade civil teria uma função meramente 
reparadora ou se ela exerce uma função punitiva. 
JOÃO DE MATOS ANTUNES VARELA (1991, P. 534), sem deixar de 
atribuir à responsabilidade civil uma função essencialmente reparadora, admite para 
o instituto também uma função secundária, que seria justamente a punitiva. Esta 
função estaria presente na perda de patrimônio que é imposta ao lesante, em favor 
do lesado. Ao perder patrimônio para satisfazer à reparação do dano injustamente 
causado ao lesado, evidente que o lesante se empobrece. Este empobrecimento 
parece constituir-se claramente numa sanção, uma pena mesmo. 
FERNANDO SÂNDIS PESSOA JORGE (1995, p. 49), na mesma linha de 
argumentação acima, também sustenta para a responsabilidade civil função 
precipuamente reparadora e, secundariamente, punitiva. Entretanto, quando se 
tratar de ato ilícito, que também constitua crime, defende que, neste caso, sobressai 
a função punitiva. É que, aqui, o julgador, conforme o Código Civil Português, está 
autorizado a impor uma indenização de acordo com a gravidade da conduta do 
lesante. O Código Civil Brasileiro também admite a pesquisa em torno da conduta do 
lesante para fixar a indenização, mas não restringe tal possibilidade ao fato de o 
ilícito ser também ilícito penal. 
 
Da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço 
Os produtos e serviços ofertados no mercado destinam-se a satisfazer as 
necessidades dos consumidores, nos aspectos de indispensabilidade, utilidade e 
 
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comodidade,sendo conatural a expectativa de que funcionem conveniente e 
adequadamente ou se prestem à finalidade que deles legitimamente se esperam. 
Não fosse assim, não estaria justificada a razão de sua existência (ALMEIDA, 2010). 
É certo, por outro lado, que os fornecedores procuram produzir bens e 
serviços adequados ao consumo, seguros, eficientes e livres de defeitos, utilizando-
se, para tanto, de testes e controles de produção e qualidade, com o objetivo de 
eliminar ou pelo menos reduzir a colocação no mercado de produtos defeituosos. 
Ocorre, porém, que, mesmo com o emprego de diligência na produção ou 
prestação e de rigoroso controle, ainda assim alguns produtos e serviços acabam 
entrando no circuito comercial com defeitos que culminam por causar lesão à saúde, 
à segurança e ao patrimônio dos consumidores e usuários. Tais danos, anônimos e 
inevitáveis, não são produzidos por pessoas e sim por coisas (produtos ou serviços) 
e se repetem com relativa frequência, estatisticamente mensurável. 
O simples fato de colocação, no mercado, do produto ou serviço já se cria a 
responsabilidade pelo risco criado pelo fornecedor, uma vez que quem lucra com 
dada atividade deve suportar os riscos e os danos decorrentes (AMARAL, 2010). 
Para LUIZ GASTÃO PAES DE BARROS LEÃES (1987), a superveniência 
de alguns fatores, tais como o desenvolvimento dos mecanismos de produção, a 
multiplicação dos veículos e a intensificação dos sistemas de transporte, a difusão 
de materiais inflamáveis, e mesmo o enorme crescimento da população conjugado 
com o fenômeno da urbanização crescente, trouxe notável aumento de riscos e 
danos. Grande parte dessas hipóteses de risco não se ajusta ao esquema 
tradicional de culpa e de ato ilícito. Para atender ao anseio, que sempre existe, de 
ressarcimento, mister se fazia encontrar meios de alforriar a vítima da prova de 
culpa, não só porque essa prova via de regra constituía obstáculo intransponível, 
mas também porque existem hipóteses de dano que não permitem a imputação de 
culpa a uma pessoa, visto que são conexas a determinadas atividades, aparecendo 
como estatisticamente inevitáveis. 
A inevitabilidade dessas falhas no sistema de produção seriada e a 
impossibilidade prática de sua completa eliminação conduziram à ideia de criação de 
mecanismos legais de ressarcimento de danos pelo simples fato de colocação no 
 
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mercado de produtos e serviços potencialmente danosos, atribuindo ao fornecedor a 
responsabilidade pelos danos nessa condição causados à vítima e a terceiros, 
dentro do princípio de que aquele que lucra com uma atividade deve responder pelo 
risco ou pelas desvantagens dela decorrentes. Daí o surgimento da teoria do risco 
criado, que tem o sentido de atribuir ao fornecedor o dever de reparar danos 
causados aos consumidores pelo fato de desenvolver determinada atividade 
potencialmente danosa. Ou seja, faz com que o agente fornecedor assuma todos os 
riscos de sua atividade (ALMEIDA, 2010). 
Imbuído desse espírito, o legislador acolheu integralmente a teoria do risco 
criado como apta e suficiente para garantir o consumidor em relação aos danos que 
viesse a sofrer pelo fato da colocação no mercado de produtos e serviços. 
Subjacente ao tema, cumpre verificar que ao dever geral de não causar 
prejuízo a outrem (CC de 1916, art. 159), correspondeu o dever especial de não 
colocar no mercado produtos e serviços que possam acarretar riscos à saúde e 
segurança dos consumidores (CDC, art. 8º). 
Esse último dispositivo, aliás, impõe ao fornecedor, em correspondência 
simétrica com os direitos básicos dos consumidores, os seguintes deveres: a) não 
colocar no mercado produtos e serviços que impliquem riscos à saúde e segurança, 
exceto os havidos normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição; 
e, b) dar ao consumidor informações necessárias e adequadas a respeito do 
funcionamento e da potencialidade danosa. 
Em consequência da não observância desses deveres surge a 
responsabilidade do fornecedor pelo fato do produto e do serviço (CDC, arts. 12 e 
14). Da infringência desses deveres surge a responsabilidade civil do fornecedor, 
com a consequente obrigação de indenizar consumidores e vítimas em face dos 
defeitos apresentados por produtos e serviços. 
Assim, como regra, é o fornecedor o responsável pelo fato do produto ou do 
serviço (CDC, art. 12), pelo simples fato de que o fabricante, o produtor, o construtor 
e o importador são os autores da colocação no mercado do produto defeituoso, 
sendo natural, portanto, que assumam os riscos dessa conduta e arquem com os 
encargos decorrentes da reparação de danos das atividades que lhes são próprias, 
 
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como projeto, fabricação, construção, montagem, manipulação ou 
acondicionamento, além daquelas decorrentes de insuficiência ou inadequação de 
informações sobre utilização e riscos dos produtos e serviços. Em todos os casos a 
responsabilidade se mostra clara e evidente, tendo em vista o elo entre o fornecedor 
e o produto ou serviço. 
 
Responsabilidade objetiva 
A regra basilar da responsabilidade civil, no direito privado, é a 
responsabilidade com culpa, derivada de ilícito extracontratual, também chamada 
aquiliana, já citada. Por ela, todo aquele que causar dano a outrem, por dolo ou 
culpa, está obrigado a repará-lo (CC de 1916, art. 159, e Novo CC, art. 927, caput). 
Tal regra, conquanto aplicada eficazmente no campo das relações civis, 
mostrou-se inadequada no trato das relações de consumo, quer pela dificuldade 
intransponível da demonstração da culpa do fornecedor, titular do controle dos 
meios de produção e do acesso aos elementos de prova, quer pela inviabilidade de 
acionar o vendedor ou prestador de serviço, que, só em infindável cadeia de 
regresso, poderia responsabilizar o fornecedor originário, quer pelo fato de que 
terceiros, vítimas do mesmo evento, não se beneficiariam de reparação. 
Atento a essas circunstâncias, à tendência da legislação e da jurisprudência 
de países como Estados Unidos, França, Itália e Alemanha, bem como à orientação 
dos doutrinadores e dos tribunais do País, é que o legislador optou pela adoção da 
responsabilização objetiva, independente de culpa, para a reparação dos danos pelo 
fato do produto ou do serviço. Consagrou o novo Código, de forma incisiva e clara, 
que o fornecedor responde, independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados por defeitos ou insuficiência e inadequação de 
informações, em relação aos produtos serviços que colocou no mercado (CDC, arts. 
12 e 14). 
Consagrada a responsabilidade objetiva do fornecedor, não se perquire a 
existência de culpa; sua ocorrência é irrelevante e sua responsabilização. Para a 
reparação de danos, no particular, basta a demonstração do evento danoso, do nexo 
causal e do dano ressarcível e sua extensão. Tal não significará, no entanto, o 
 
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aniquilamento da responsabilidade com culpa, que continuará regulando a extensa 
gama de reparações na esfera civil, mas não terá aplicação nas reparações 
decorrentes das relações de consumo, igualmente numerosas, para as quais a 
responsabilização objetiva mostrou-se mais eficiente e adequada (ALMEIDA, 2010). 
Para a defesa do consumidor, individual, difusa ou coletivamente 
considerado, a responsabilidade do réu é objetiva, ou seja, independe de 
demonstração de culpa (CDC, arts. 12 e 14), exceto no que tange a alguns 
profissionais liberais, em que se exige a verificação da culpa (art. 14, § 4º). E terá 
por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou 
não fazer (Lei nº 7.347/85, art. 3º), podendo o juiz determinar “o cumprimento da 
prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de 
execução específica, ou de cominação de multa diária, se essa for suficiente ou 
compatível, independentemente de requerimento do autor” (Lei nº 7.347/85, art. 11). 
Assim, será inútil ao réu alegar em sua defesa a inexistência de culpa ou 
dolo, porque sua responsabilidade é objetiva e decorre da lei. A defesa do réu, no 
caso, é restrita à demonstração de que: 
a) não é responsável pelo ato ou fato lesivo ao consumidor, ou seja, não 
colocou o produto no mercado, nem prestou o serviço (CDC, art. 12, § 3º, I); 
b) não houve a ocorrência impugnada, isto é, mesmo tendo colocado o 
produto no mercado ou prestado o serviço, o defeito inexiste (CDC, arts. 12, § 3º, II, 
e 14, § 3º, I); 
c) houve culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (CDC, arts. 12, § 3º, 
III,e 14, § 3º, II). 
 
Responsabilidade do profissional liberal 
A regra geral da responsabilidade objetiva do fornecedor pelo fato do 
produto ou serviço contém uma exceção quanto à responsabilidade dos profissionais 
liberais, que se estabelece somente mediante verificação de culpa (art. 14, § 4º). 
Concordam doutrina e jurisprudência que a grande maioria dos profissionais 
liberais, como advogado, médico (exceto cirurgião plástico), só respondem se 
 
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agirem com culpa, porque assumiram obrigação de meio. Já os que assumem 
obrigação de resultado como o cirurgião plástico, o engenheiro e o arquiteto, 
respondem objetivamente, ou seja, independentemente de culpa. 
A razão desse tratamento diferenciado está justificada, de forma exemplar, 
por TUPINAMBÁ MIGUEL CASTRO DO NASCIMENTO (1991, p. 80), nestes 
termos: 
o médico, o advogado, o dentista, o enfermeiro, etc. compõem uma espécie 
de profissionais liberais. Nas relações de consumo, ao contratarem com 
seus clientes, não se comprometem a um resultado. Inobstante a cura da 
doença, a vitória na causa, a solução do problema dentário, etc., sejam as 
pretensões finais, referidos profissionais liberais não se comprometem, na 
área contratual, por alcançar tais resultados porque estes, por maior talento 
que possuam, normalmente fogem ao seu controle. O compromisso deles é 
quanto às técnicas usadas na prestação do serviço e às diligências 
regulares exercidas. Em outras palavras, tais profissionais se comprometem 
pela obrigação de meio. 
 
O mesmo autor sustenta que não pode haver inversão do ônus da prova no 
que tange à culpa de profissional liberal, embora tal possa ocorrer em relação à 
ocorrência do fato objetivo e o relacionamento causal entre este e o dano ocorrente, 
vinculados à autoria, pois, caso contrário, a garantia da responsabilidade subjetiva 
dos profissionais liberais poderia ser revogada por ato judicial. 
 
Responsabilidade do comerciante 
Estando perfeitamente individualizada a responsabilidade do fornecedor pela 
colocação do produto no circuito comercial, não há que se falar em responsabilidade 
do comerciante, a pessoa ou empresa que vendeu ou fez a entrega do produto ao 
consumidor, porque ela, no quadro atual, nenhuma interferência tem em relação aos 
aspectos intrínsecos de produtos que comercializa, já que os recebe embalados e 
sem possibilidade de testá-los ou de detectar eventuais defeitos ocultos. Só por essa 
razão está justificada a exclusão do comerciante da cadeia de responsabilidade 
(ALMEIDA, 2010). 
Tal exclusão, no entanto, não é absoluta, porquanto, em determinadas 
situações, previstas legislativamente, o comerciante é igualmente responsável e 
passa a integrar a cadeia de responsabilidade. 
 
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Isso ocorre quando o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não 
puderem ser identificados (art. 13, I), quando o produto for fornecido sem 
identificação clara de seu fabricante, produtor, construtor ou importador (inc. lI) e, 
por fim, quando não conservar adequadamente os produtos perecíveis (inc. III), 
hipóteses em que assume solidariamente a responsabilidade pela colocação do 
produto no mercado e deverá arcar com as consequências jurídicas 
correspondentes. 
Superada a questão da verificação da culpa, já que o Código adotou 
expressamente a responsabilidade objetiva, JOÃO BATISTA DE ALMEIDA (2010) 
lança mão de três pressupostos os quais informam a responsabilização pelo fato do 
produto e do serviço: 
a) colocação do produto no mercado – é o ato humano, comissivo, de lançar 
ou fazer ingressar em circulação comercial produto potencialmente danoso que 
possa causar lesões aos interesses dos consumidores. Se, de um lado, há o dever 
de não acarretar riscos à segurança ou ao patrimônio de outrem, o que se denomina 
dever de diligente fabricação e advertência (CDC, art. 8º), resulta, de outro lado, da 
inobservância dessa conduta a responsabilidade pelo fato da colocação no mercado 
de produto defeituoso ou potencialmente danoso (CDC, arts. 12 e 14). A fabricação 
de um produto defeituoso não constitui, por si mesma, um fato antijurídico; é a 
colocação no mercado do produto defeituosamente fabricado o ato voluntário do 
fabricante a que se deve ligar, num nexo causal, o resultado danoso (LEÃES, 1987) 
b) relação de causalidade – para que emerja a obrigação de reparar danos é 
necessário que exista uma relação de causa e efeito entre a ação do fornecedor de 
colocação no mercado de produto potencialmente danoso e o dano verificado, ou 
seja, entre este e um defeito que possa ser atribuído ao fabricante. Acentua 
CARLOS ROBERTO GONÇALVES (1986, p. 25) que, 
 
sem ela, não existe a obrigação de indenizar. Se houve o dano, mas sua 
causa não está relacionada com o comportamento do agente, inexiste a 
relação de causalidade e também a obrigação de indenizar. 
 
 
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c) dano ressarcível – é o prejuízo causado ao consumidor. Abrange o dano 
emergente, considerando-se tal os prejuízos efetivos, diretos e imediatos e os lucros 
cessantes, assim entendidos os que podiam ser previsíveis na data de infração (CC 
de 1916, arts. 1.059, parágrafo único, e 1.060 eNovo CC, arts. 402 e 403). Inclui, 
assim, tanto a indenização do produto danificado, como despesas médico-
hospitalares, lucros não auferidos no período em razão de afastamento das 
atividades normais, indenização de objetos e imóveis danificados, indenização por 
redução da capacidade laborativa ou lesão incapacitante, etc. 
LUIZ GASTÃO PAES DE BARROS LEÃES (1987, p. 161) inclui, como 
quarto pressuposto, o dever de diligente fabricação. Mas JOÃO BATISTA DE 
ALMEIDA (2010, p. 89) entende, no entanto, que esse dever preexiste e já está 
implícito no pressuposto de colocação do produto no mercado, pois, ao fazê-lo, 
pressupõe-se que tenha sido diligente na fabricação para evitar riscos e danos aos 
consumidores, observando estritamente as normas e determinações emanadas dos 
Poderes Públicos, sendo certo, por outro lado, que a responsabilização só começa a 
partir da colocação no mercado. Assim, a mera fabricação – momento anterior à 
circulação comercial – não atuaria como pressuposto da responsabilidade. 
 
Exclusão da responsabilidade 
A regra, como visto, é a responsabilização do fornecedor – fabricante, 
produtor, construtor ou importador e eventualmente o comerciante – pelos danos 
causados ao consumidor por defeitos dos produtos e serviços, desde que 
demonstrada a relação de causalidade entre aqueles. 
Algumas situações, no entanto, excluem a responsabilidade do fornecedor 
quando (CDC, art. 12, § 3º): 
a) o fornecedor prova que não colocou o produto no mercado (inc. I). Nesse 
caso, será terceiro estranho à obrigação de indenizar, porque a responsabilidade 
decorre exatamente da colocação no mercado. A responsabilização deverá incidir, 
nessa hipótese, sobre o real fornecedor ou sobre quem verdadeiramente tenha 
colocado o produto ou serviço no mercado; 
 
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b) o defeito inexiste (inc. lI). Aqui o fornecedor é o responsável pela 
colocação do produto ou serviço no mercado; o dano também existe, mas não existe 
o defeito apontado. Logo, se os danos não decorrem do defeito, não há obrigação 
de indenizar, pois podem ter origem em causas diversas, mas não em defeito que se 
lhe atribuiu; 
c) ocorre culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (inc. III). Deixa de 
existir a relação de causa e efeito entre o defeito do produto (que não causaria, de 
per si, o dano por má utilização da vítima ou de terceiro) e o dano experimentado. 
LUIZ GASTÃO PAES DE BARROS LEÃES (1987, p. 167), com suporte na 
experiência norte-americana, cuida de exprimir o entendimento do que seja culpa da 
vítima, nestes termos seguintes. 
Na espécie, cuida-se do uso negligente ou anormal do produto, que causou 
ou concorreu para causar o evento danoso. Ocorre uso negligente (contributory 
negligence) do produto nas seguintes hipóteses: 
i) inobstante às instruções ou advertências, o consumidor ou usuário 
emprega o produto de maneira inadequada, ou dele faz uso pessoa a quem a 
mercadoria é contra indicada; 
ii) à revelia do prazo de validade, o produto é utilizado ou consumido; 
iii) quando não se atenda a um vício ou defeito manifesto. Ocorre uso 
anormal (unusual use) quando o produto é utilizado ou consumido de modo diverso 
do objetivamente previsto (abnormal purpose). Atente-se, no entanto, que só a culpa 
exclusiva da vítima ou de terceiro exclui a responsabilidade do fornecedor. A culpa 
concorrente não a exclui e conduz a uma redução do quantum indenizatório, como 
admitido pela jurisprudência pátria. 
d) em caso fortuito ou força maior (CC de 1916, art. 1.058, e Novo CC, art. 
393, parágrafo único). Apesar de não previstas expressamente na lei de proteção, 
ambas as hipóteses possuem força liberatória e excluem a responsabilidade, 
segundo entendimento majoritário da doutrina, porque também quebram a relação 
de causalidade entre o defeito do produto e o dano causado ao consumidor. Nesse 
sentido, mesmo antes da edição da lei de proteção, já se posicionavam os 
doutrinadores. Não teria sentido, por exemplo, responsabilizar-se o fornecedor de 
 
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um eletrodoméstico, se um raio faz explodir o aparelho e, em consequência, causa 
incêndio e danos aos moradores, inexistiria nexo de causalidade a ligar eventual 
defeito do aparelho ao evento danoso (ALMEIDA, 2010). 
Também em relação à prestação de serviços ocorre a exclusão de 
responsabilidade quando restar provado que o fornecedor não executou o serviço 
(hipótese não prevista no CDC), que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste 
(CDC, art. 14, § 3º, I), que ocorreu culpa exclusiva da vítima ou de terceiro (inc. Il), 
ou, ainda, nas hipóteses de caso fortuito ou força maior (CC de 1916, art. 1.058, e 
Novo CC, art. 393, parágrafo único). 
Para reforçar e tornar efetiva a tutela do consumidor, nessa área de 
ressarcimento civil, o legislador ainda proibiu as chamadas cláusulas de 
irresponsabilidade ou de não indenizar, ao vedar taxativa e expressamente a 
estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação 
de indenizar (art. 25). Com a mesma finalidade, impede a exoneração do fornecedor 
nos casos de ignorância sobre vícios de qualidade por inadequação dos produtos e 
serviços (art. 23) e proclama a dispensa de termo expresso para que a garantia se 
efetive (art. 24) (ALMEIDA, 2010). 
 
3.2 Defeitos e vícios 
Os conceitos de defeito (arts. 12 a 14) e vício (arts. 18 a 20) são basilares 
quando se trata de responsabilização civil. 
O vício é inadequação intrínseca, já o defeito é inadequação extrínseca ao 
produto e ao serviço. O defeito atinge a integridade física ou psíquica, a segurança; 
já o vício atinge mais diretamente o patrimônio, o interesse econômico direto do 
consumidor. 
O vício leva ao incidente de consumo, já o defeito conduz ao acidente de 
consumo. Vício e defeito são inadequações, imperfeições no produto/bem e/ou no 
serviço. Embora ambos sejam danos, o vício é dano de natureza patrimonial, na 
economicidade do ato de consumo, já defeito é dano também, mas à 
integridade/incolumidade (física ou psíquica) do consumidor decorrente o seu ato de 
consumo (AMARAL, 2010). 
 
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O defeito pode ser: 
a) de fabricação; 
b) de concepção (de projeto ou fórmula); 
c) de comercialização. 
Já o vício, tanto do produto quanto do serviço, pode ser: 
a) de qualidade; 
b) de quantidade; 
c) oculto (redibitório); 
d) aparente; 
e) de desconformidade com as qualidades anunciadas. 
Enfim, defeito é a anomalia que compromete a segurança que se espera de 
um produto ou serviço. Já o vício é a anomalia que compromete a qualidade ou a 
quantidade de um produto ou de serviço, tornando-o impróprio, inadequado ou 
diminuindo-lhe o valor, mas que não apresenta risco à saúde ou segurança do 
consumidor. 
Há quem entenda não haver necessidade de distinção entre os conceitos de 
vícios e de defeito. Como ZELMO DENARI et al (1991) paraquem “Vício ou defeito 
é qualquer qualificação de desvalor atribuída a um produto ou serviço por não 
atender a legítima expectativa do consumidor”. Contudo, há distinções sim a serem 
feitas. Assim, vício é a característica do produto ou serviço desfavorável ao interesse 
do consumidor. 
LUIZ ANTONIO RIZZATTO NUNES (2000) define com precisão, que vícios 
são as características de qualidade ou quantidade que tornem os produtos ou 
serviços impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam e também que 
lhe diminuam o valor. Da mesma forma são considerados vícios os decorrentes da 
disparidade havida em relação às indicações constantes do recipiente, embalagem, 
rotulagem, oferta ou mensagem publicitária. 
Na sistemática do CDC os vícios podem ser ocultos (só conhecidos algum 
tempo depois do ato de consumo) ou aparentes (de fácil/ordinária verificação no 
 
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ato), ao contrário do que ocorre nas relações civis (não de consumo) regidas pelo 
Código Civil (e não pelo CDC), em que vícios (anomalias que viciam e logo nulificam 
os negócios jurídicos civis) são só os ocultos. Já defeito, que, é claro, pressupõe o 
vício, é uma inadequação que expõe o consumidor a risco de dano a sua saúde ou 
segurança. Defeito é “toda anomalia que, comprometendo a segurança que 
legitimamente se espera da fruição do produto ou serviço, termina por causar danos 
físicos ou patrimoniais ao consumidor” (ALMEIDA, 2002, p. 90). 
Pode-se dizer que vício é um defeito, porém nem todo defeito será vício 
(AMARAL, 2010). 
 
3.3 Garantia legal e contratual 
A qualidade dos objetos da relação de consumo, ou seja, dos produtos e 
serviços no contexto do CDC, como não poderia deixar de ser, decorre 
necessariamente do princípio da harmonia das relações de consumo (art. 4º). Assim, 
é direito subjetivo (poder de exigir) do consumidor a garantia dessa qualidade, ou a 
garantia/proteção contra defeitos/vícios nesses objetos. Qualidade, aqui, pode ser 
razoavelmente “definida como aquilo que o consumidor entende como tal” 
(RIZZATTO NUNES, 1991). 
Garantia em geral é a promessa de reparação de danos (vícios ou defeitos 
ocultos ou não e pós-venda) em face de um bem, produto ou serviço, objeto de 
relação de consumo num prazo prefixado; é uma obrigação de adequação com 
prazo de validade preestabelecido. Vale dizer que a garantia, cada vez mais, se 
constitui, para além dessa promessa de adequação, numa afirmação de inexistência 
de defeitos ou vícios, sendo em certas situações extensão positiva da marca, ou 
seja, um marketing efetivo: um fornecedor que anuncia longa garantia é porque seu 
produto/serviço é confiável a tal ponto, porque há certeza daquela adequação 
(AMARAL, 2010). 
A garantia – a certificação do que se anuncia/promete ou da respectiva 
reparação – existe na razão direta da eticidade das relações contratuais, é que os 
produtos e serviços, objeto dos contratos, máxime os onerosos (os que têm preço, 
por exemplo) precisam se adequar às promessas pré-contratuais e contratuais ao 
 
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longo de dado período, no início do “pós-venda”. Isso já seria uma equidade natural 
e, com mais razão, ético-jurídica. 
Com o avanço da qualidade, sobretudo industrial, essa garantia natural do 
que se promete tornou-se cada vez mais instrumento de marketing das boas marcas 
do mercado de consumo. É nessa interseção da garantia de adequação, da 
qualidade e do marketing que surge uma bifurcação no instituto jurídico da garantia. 
Com efeito, ela é, hoje, aquela mesma proteção contra inadequações (defeitos e/ou 
vícios) do produto ou serviço contratado, imposta pela equidade dos negócios e pela 
força jurígena da vontade, eis a garantia dita legal (legal porque imposição de lei). 
Ao lado, mas posterior a essa, temos a garantia dita contratual (obrigação de 
adequação complementar aqueloutra, art. 50) (AMARAL, 2010). 
A garantia legal independe de termo/certificado que a expresse ou a 
formalize (art. 24), sendo vedada a cláusula contratual que exonere, que libere o 
fornecedor desse dever jurídico de garantia. Já a garantia contratual, concedida 
sempre mediante termo escrito, é na origem uma liberalidade (que demonstra ao 
mercado a confiabilidade do produto/serviço) que, ao depois, torna-se uma 
obrigação contratual que complementa a garantia imposta pela lei. A contratual é, 
assim, um acréscimo à garantia legal. 
Essa garantia contratual dever trazer em seu respectivo termo/certificado 
esclarecimento em que consiste, eventuais ônus para o consumidor-garantido, o 
prazo e o lugar em que ela pode ser exercida. Tal termo de garantia deve ser 
entregue, preenchido, no ato do fornecimento juntamente com manual de instrução 
instalação/uso, tudo em linguagem acessível e didática. 
Registre-se, por fim, que há uma regência básica na harmonização de 
ambas as garantias: não pode haver sobreposição/superposição dos prazos e dos 
conteúdos dessas garantias, consoante o que determina o art. 50 (AMARAL, 2010). 
 
3.4 Desconsideração da personalidade jurídica 
Segundo PAULO R. ROQUE A. KHOURI (2006), a desconsideração da 
personalidade jurídica, antes do advento do CDC, era instituto decorrente de uma 
 
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construção doutrinária e jurisprudencial, porque não havia no nosso ordenamento 
nenhuma norma específica a seu respeito. 
Segundo RUBENS REQUIÃO (1996, p. 283), a desconsideração consiste 
em uma técnica para tornar ineficaz, no caso concreto, a personalidade jurídica, 
atribuindo à pessoa dos sócios, obrigações que, em princípio, são da pessoa 
jurídica. 
À constatação de que, muitas vezes, o consumidor se vê prejudicado por 
não conseguir alcançar patrimonialmente o verdadeiro devedor encoberto sob o 
manto de empresas as mais diversas, o CDC optou por adotar integralmente a teoria 
da desconsideração da personalidade jurídica, ampliando-a (art. 28, §§ 2º a 5º). 
A teoria, originária dos Estados Unidos, denominada disregard of legal entity, 
tem por objetivo o desvendamento da pessoa jurídica, permitindo ingressar nela 
para alcançar a responsabilidade do sócio por suas obrigações particulares, nos 
casos de desvio de finalidade, fraude à lei ou abuso de direito, que tornam 
injustificáveis a manutenção da ficção legal de autonomia de que gozam as pessoas 
jurídicas em relação a seus componentes (ALMEIDA, 2010). 
No Brasil, à falta de previsão legal, a teoria vinha sendo, em matéria civil, 
timidamente aplicada pela jurisprudência. 
O efeito prático da adoção dessa teoria é que, ocorrendo os pressupostos do 
art. 28 – abuso de direito, excesso de poder, infração da lei fato ou ato ilícito ou 
violação dos estatutos ou contrato social, em detrimento do consumidor –, o juiz 
pode desconsiderar a pessoa jurídica e responsabilizar civilmente o sócio-gerente, o 
administrador, o sócio-majoritário, o acionista, controlador, etc., alcançando-lhesos 
respectivos patrimônios, adotando o mesmo procedimento em caso de falência, 
estado de insolvência, encerramento ou inatividade de pessoa jurídica provocados 
por má administração e até genericamente quando a personalidade jurídica for, de 
alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores 
(art. 28, caput e § 5º). 
A ampliação, assim verificada, também ocorreu em função da sofisticação e 
da complexidade da estrutura empresarial atual, em que se verifica a multiplicidade 
 
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de tipos de empresa: com características próprias, mas com interesses interligados. 
Por isso, fixou o CDC as seguintes regras: 
1ª) art. 28, § 3º – são solidariamente responsáveis as empresas 
consorciadas, a dizer aquelas que, sob idêntico controle ou não, sem perda da 
personalidade jurídica de cada uma delas, se reúnem, por força de contrato, para 
execução de determinado empreendimento empresarial, na mesma etapa (consórcio 
horizontal) ou em diferentes etapas (consórcio vertical) de produção (Lei nº 6.404, 
art. 278, § 1º). Constitui-se, pois, em exceção à regra de responsabilidade limitada. 
Todos os responsáveis respondem indistintamente pela obrigação; 
2ª) são subsidiariamente responsáveis as sociedades integrantes dos 
grupos societários e as sociedades controladas (art. 28, § 2º). Grupo societário é 
aquele constituído por convenção aprovada pelas sociedades que o compõem, cada 
sociedade conservando sua personalidade jurídica e patrimônio e tendo por 
finalidade a combinação de recursos ou esforços para a realização dos respectivos 
objetivos, ou participar de atividades ou empreendimentos comuns (Lei nº 6.404, art. 
265). Sociedades controladas são aquelas que formam o grupo societário e também 
aquelas em que a controladora é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de 
modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a 
maioria dos administradores (Lei nº 6.404, art. 269, lI, c/c o art. 243, § 2º; Novo CC, 
art. 1.098, I e lI). A consequência da responsabilidade subsidiária é que a escolha do 
credor é ilimitada, ou seja, demandado o devedor principal e verificado que este não 
pode ou não tem condições de cumprir a obrigação, o consumidor pode voltar-se 
contra os demais, escolhendo livremente entre um ou todos desses devedores; 
3ª) as sociedades coligadas – quando há participação de uma sociedade, 
com dez por cento ou mais, do capital da outra, sem controlá-la (novo CC, art. 1.099 
e Lei nº 6.404, art. 243, § 1º) – só respondem por culpa nas relações de consumo. 
Assim, se uma infringiu relações de consumo, responderá independentemente de 
verificação de culpa, enquanto as demais coligadas só responderão se demonstrada 
culpa (ALMEIDA, 2010). 
Embora a pessoa física também possa atuar no mercado como fornecedor, 
os bens e serviços no mercado são fornecidos maciçamente por intermédio de 
 
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pessoas jurídicas. Como se sabe, vigem no direito brasileiro, acerca da pessoa 
jurídica, os princípios da autonomia e da separação. 
O princípio da autonomia atribui personalidade própria à pessoa jurídica, 
distinta da dos seus membros, sendo ela, e não seus sócios, que pratica condutas, 
podendo ser sujeito passivo ou ativo em qualquer relação obrigado. De acordo com 
o princípio da separação, há uma perfeita distinção entre o patrimônio da pessoa 
jurídica e o patrimônio dos sócios, que não se confundem. 
Atribuir a personalidade jurídica a uma pessoa, diferente do ser humano, 
dando-lhe a capacidade de ser sujeito ativo ou passivo de qualquer relação 
obrigacional, como uma pessoa comum, interessa não apenas às próprias pessoas 
que se associam, mas também à coletividade (KHOURI, 2006). 
A respeito da desconsideração da personalidade jurídica no CDC, é 
importante registrar que tal instituto se encontra regulamentado justamente no 
Capítulo IV, que cuida da qualidade dos produtos e serviços e reparação de danos 
ao consumidor. Isto demonstra a intenção clara do legislador em dar efetividade aos 
direitos do consumidor, quando tenha seus direitos violados por conta de um 
acidente de consumo ou de um vício do produto. Não basta dar-lhe uma sentença 
de mérito favorável, reconhecendo seus direitos: o importante é que o consumidor 
tenha seu eventual crédito totalmente recebido seja da pessoa jurídica ou da pessoa 
física do sócio. 
O art. 28 fala expressamente em desconsideração da pessoa jurídica. 
Entretanto, das hipóteses enumeradas pelo legislador para a aplicação do instituto, 
pode-se dizer que foram criadas outras situações permissivas da desconsideração, 
além da fraude e do abuso de direito, que não eram tratadas pela doutrina, 
anteriormente: 
o Juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade, quando 
em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, 
infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato 
social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, 
estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica 
provocada por má administração. 
A doutrina critica a inclusão de outras hipóteses de desconsideração no art. 
28. Para a doutrina de direito comercial, o legislador desvirtuou a finalidade da 
 
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aplicação da teoria da desconsideração da personalidade, já no caput da norma, 
pois não há que se falar em utilização da Disregard Doctrine em dispositivos que 
visem a punir atos de má gestão de administradores de sociedade comerciais, nem 
tampouco nos casos em que se busca responsabilizar sócios que exerçam suas 
atividades com excesso de poderes, infração à lei, violação de estatutos ou do 
contrato social, bem como por qualquer outra modalidade de ato ilícito 
(KHOURI,2006). 
 
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UNIDADE 4 – TUTELA ADMINISTRATIVA 
 
A tutela administrativa do consumidor representa a linha de frente da 
atuação protetiva, envolvendo a mais extensa e complexa rede de mecanismos e 
órgãos. Cuida-se de dotar o consumidor de instrumentos legais e administrativos 
que possam propiciar a sua defesa em qualquer canto do território nacional. É, às 
vezes, o primeiro e único contato do consumidor com os órgãos e entidades 
encarregados de sua defesa, principalmente nos municípios distantes das capitais 
dos Estados (ALMEIDA, 2010). 
LUIZ OTÁVIO DE OLIVEIRA AMARAL (2010) explica que o CDC concedeu, 
em caráter concorrente e limitado aos respectivos âmbito de atuação, à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aosmunicípios, o poder de fiscalização e de controle 
do mercado de consumo (produção, industrialização, distribuição, consumo de 
serviços e produtos) e as respectivas normas de fiscalização e controle, elaboradas, 
revisadas e atualizadas por comissões com participação obrigatória de 
consumidores e fornecedores. Mas para edição de normas regulamentares da 
produção, (industrialização, distribuição) e consumo de produtos e serviços, falece 
tal competência aos municípios a teor do art. 24, V, da CF. 
A proteção e a defesa do consumidor se dá (ou deve se dar) no plano 
individual (individual puro, não homogêneo) enquanto exercício da consciência da 
cidadania ativa; ou se dá, no plano coletivo (coletivo estrito, difuso e individual 
homogêneo) a partir da consciência comunitária, mas essa defesa/proteção se dá, 
também, no plano administrativo, ou seja, no plano do poder de polícia, do poder 
fiscalizatório que compete ao Estado, ao Poder Público/Administração Pública. 
Trata-se do poder-dever do Estado em geral, mas no segmento executivo, na gestão 
da coisa/interesse público. 
A tutela administrativa do consumidor manifesta-se de três formas: 
a) mediante instituição de legislação protetiva, desde leis ordinárias, federais 
e estaduais, até decretos, resoluções e portarias; 
 
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b) pela instituição e implementação do Sistema Nacional de Defesa do 
Consumidor (SNDC), bem como pela atuação dos órgãos administrativos de defesa 
do consumidor, em âmbito federal, estadual e municipal; e, 
c) por meio da fiscalização, do controle e da aplicação de sanções 
administrativas aos infratores (ALMEIDA, 2010). 
Vale enfatizar que o poder de polícia no âmbito da defesa do consumidor é 
exercido em três modalidades: 
1. preventiva (praevenire = vir antes) – ação da Administração Pública que 
se antecipa ao desvalor/malefício, enfim à infração, como, por exemplo, na 
informação e formação (educação formal e informal) do consumidor e do fornecedor 
(privado ou público/estatal), ou na celebração do compromisso de ajustamento de 
conduta; 
2. fiscalizatória/vigilatória – vigiar para que a ação preventiva se mostre 
eficaz. Contudo, se isso não ocorre a sanção/penalidade se impõe como medida 
repressiva ao desvalor/malefício; 
3. regulamentar – discricionariedade estatal para explicitar, pormenorizar (= 
regulamentar/regulamento: decretos, portarias etc.) o disciplinamento previsto nos 
genéricos/amplos termos da lei (= regular/regrar/regra: lei ordinária etc.). 
Voltando às considerações já feitas por AMARAL (2010), com efeito, a 
CF/88 (art. 24, V) estabelece que a União dispõe de competência concorrente com 
os Estados-membros e o Distrito Federal para legislar sobre produção e consumo, 
sendo certo que cada entidade federativa exercerá essa competência no âmbito de 
sua atuação. O critério norteador dessa distribuição de competência é, por 
excelência, o do interesse público geral, regional e local, ou seja, União, Estados e 
Municípios. Vale dizer que, enquanto a União não editar normas gerais, essa 
competência poderá ser exercida pelos Estados, todavia sobrevindo tais normas 
gerais originárias da União, suspender-se-á, para logo, a eficácia das normas 
estaduais no que contrariarem aquelas. 
 
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4.1 Legislação protetiva 
Voltemos a enfatizar que a União, os Estados e o Distrito Federal possuem, 
como é sabido, legislação que se destina a garantir a livre circulação e distribuição 
de mercadorias, o abastecimento da população e a prestação de serviços essenciais 
ao consumidor. Mais de uma centena de outras leis, decretos, regulamentos, 
resoluções e portarias, cuidando de vários assuntos, direta ou indiretamente 
protegem o consumidor. 
Atuam, pois, na defesa do consumidor, direta ou indiretamente, desde o 
Decreto nº 22.262, de 1933, que reprime a usura, até a Lei nº 1.521/51, que reprime 
os crimes contra a Economia Popular. 
A esse imenso aparato legislativo vieram juntar-se novas leis e diplomas 
infralegais, dentre os quais o CDC – Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 
8.078/90, que procurou preencher um vazio legislativo, sistematizando, de forma 
específica, as normas de defesa do consumidor e criando novos mecanismos e 
instrumentos para sua tutela, no entanto, a produção legislativa não se esgota na 
esfera federal. 
Os Estados e o Distrito Federal também possuem leis que definem a 
atuação do poder de polícia na área de produção, distribuição e comercialização de 
produtos e serviços, principalmente abastecimento de gêneros de primeira 
necessidade e condições sanitárias das mercadorias ofertadas ao consumo da 
população. O cumprimento de tais normas é fiscalizado, em geral, por funcionários 
das Secretarias de Saúde, Abastecimento e da Agricultura dos Estados, das 
Capitais e dos Municípios maiores, contentando-se os pequenos, via de regra, com 
o que está estabelecido nas normas federais e estaduais. 
Diz o CDC em seu art. 55 que a União, os Estados e o Distrito Federal, em 
caráter concorrente e nas suas respectivas áreas de atuação administrativa, 
baixarão normas relativas à produção, industrialização, distribuição e consumo de 
produtos e serviços. Os municípios, portanto, não têm competência para editar 
normas relativas à produção, industrialização, distribuição e consumo de produtos e 
serviços, mas poderão fiscalizar e controlar tais atividades, baixando as normas que 
se fizerem necessárias ao cumprimento dessa finalidade (§ 1º), inclusive por meio 
 
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de comissões permanentes, com participação obrigatória das partes envolvidas, ou 
seja, consumidores e fornecedores (§ 3º). 
 
4.2 Entidades civis 
Além dos órgãos oficiais, são também instrumentos importantes na defesa 
do consumidor as associações civis de defesa do consumidor. 
As entidades civis de defesa do consumidor integram, por lei, o SNDC desde 
a edição do CDC, por força do caput do art. 105. Desde 1993, com o Decreto nº 861, 
já revogado, e agora, com o Decreto nº 2.181/97, passaram a ter definida sua forma 
de atuação no Sistema (art. 8º). Além da participação nos colegiados e da parceria 
com órgãos públicos em projetos e atividades, tais entidades poderão: 
I – encaminhar denúncias aos órgãos públicos de proteção e defesa do 
consumidor, para as providências legais cabíveis; 
II – representar o consumidor em juízo, observando o disposto no inciso IV 
do art. 82 do CDC; 
III – exercer outras atividades correlatas, como a prestação de assistência 
técnica aos consumidores. Vale lembrar que a Lei nº 9.790/99, deu novo tratamento 
à matéria, regulamentando a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, 
sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - 
OSCIP (ALMEIDA, 2010). 
Segundo o PROCON – GDF, as entidades civis são estruturadas sob as 
mais variadas formas (Organizações Não Governamentais

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