Buscar

TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO DOUGLAS MACEDO ARAUJO

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE PEDAGOGIA
DOUGLAS MACÊDO ARAÚJO
EJA- EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Desafios e Possibilidades.
CAMPOS DOS GOYTACAZES
2021
DOUGLAS MACÊDO ARAÚJO
EJA- EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Desafios e possibilidades
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso.
 
 Orientador(a): Debora Rodrigues Barbosa
CAMPOS DOS GOYTACAZES
2021
1. INTRODUÇÃO
   A Educação de Jovens e Adultos tem uma trajetória histórica de ações descontínuas, marcada por diversos programas e, muitas vezes, não caracterizada como escolarização. Tal ensino, outrora denominada de Ensino Supletivo, reingressa os maiores de quinze anos no Ensino Fundamental (C.A. ao 9º ano) e os maiores de dezoito anos no Ensino Médio que não tiveram acesso à educação na idade devida, na maioria das vezes no ensino noturno (BRASIL, 2001).
     A educação é um bem indispensável garantido por lei. No entanto, nem todos podem completar os estudos na sua idade ‘’adequada’’. Embora as escolas públicas forneçam educação gratuita, infelizmente, ainda ocorre muita evasão escolar, por inúmeros motivos como por exemplo: Dificuldades financeiras, na qual muitas das vezes levam alguns deles a trabalharem cedo para ajudar em casa, falta de motivação no âmbito escolar, bullying, que por sua vez, o aluno desiste de ir à escola por agressões físicas/psicológicas, dentre outros.
     Umas das dificuldades da falta de escolarização na idade certa ou a não escolarização pode ocasionar também a falta de conhecimento das letras, que por sua vez, o indivíduo não consegue identificar números, leituras em gerais, o não conhecimento do dinheiro para trocos/pagamentos, pouca/nenhuma interação com conteúdo da web/redes sociais das mais variadas, etc.
     No entanto, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) foi criada para tentar solucionar esse problema, com o objetivo de popularizar a cultura de todas as pessoas e dar-lhes a oportunidade de alcançar um melhor desempenho educacional. Formando várias pessoas que tiveram seus sonhos interrompidos e assim reingressando na EJA onde possibilita ao letramento, alfabetização, oportunidades no mercado de trabalho, interação melhor com redes sociais, dentre outros.
     O objetivo desta pesquisa é analisar os desafios e possibilidades da educação de jovens e adultos (EJA), e promover a reflexão sobre as oportunidades que a EJA oferece a inúmeras pessoas.
2. METODOLOGIA
Para a realização da pesquisa a respeito sobre a História da Educação dos Jovens e Adultos (EJA): Desafios, possibilidades e as oportunidades que a EJA oferece à inúmeras pessoas, os principais autores lidos foram Stephanou e Bastos (2005), Strelhow (2010), Freire (2010), Corrêa (2008) e Portela (2009). A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida com base em material já publicado, principalmente livros e artigos, publicados nos últimos 30 anos, com o objetivo de reunir e sintetizar o conhecimento pré-existente sobre a temática proposta, favorecendo teoricamente com o conhecimento vasto de estudo. Também será uma pesquisa de abordagem qualitativa. Os descritores utilizados na busca foram: “EJA”, “formação de professores”, “possibilidades”, “desafios”, “metodologias”.
3. REFERENCIAL TEÓRICO:
EJA - Uma história de conquistas e superação.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA), existe no Brasil desde a colonização, onde os Jesuítas catequizavam os indígenas (crianças e adultos), propagando a fé católica e trabalhos voltados à educação. Todavia, no século XVII, a educação de adultos vai caindo no esquecimento após a chegada da família real, que consequentemente expulsou os jesuítas deixando a educação nas mãos do império (Stephanou e Bastos 2005).
Somente 1934 é que a educação de jovens e adultos efetivamente começa a se destacar, governo cria o Plano Nacional de Educação que estabeleceu como dever do Estado o ensino primário integral, gratuito, de frequência obrigatória e extensiva para adultos como direito constitucional (Strelhow, 2010).
No Brasil, a primeira iniciativa pública, visando especificamente o atendimento do segmento de adolescentes e adultos, ocorreu em 1947 com o lançamento da Primeira Campanha Nacional de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA). De acordo com Strelhow (2010):
‘’Em 1934, foi criado o Plano Nacional de Educação que previa o ensino primário integral obrigatório e gratuito estendido às pessoas adultas. Esse foi o primeiro plano na história da educação brasileira que previa um tratamento específico para a educação de jovens e adultos. E foi a partir da década de 40 e com grande força na década de 50 que a educação de jovens e adultos voltam a pautar a lista de prioridades necessárias do país. Em 1938 foi criado o INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos) e a partir de suas pesquisas e estudos, foi fundando em 1942 o Fundo Nacional do Ensino Primário com o objetivo de realizar programas que ampliasse e incluísse o Ensino Supletivo para adolescentes e adultos’’ (p. 52).
Percebe-se que o país passa por um momento singular e único pela primeira vez haverá um Plano para o desenvolvimento da educação brasileira e principalmente para os adultos, havia sido instituído uma obrigatoriedade de desenvolver uma etapa de ensino que estivesse voltado a esse público (Strelhow, 2010).
Após o golpe militar houve o surgimento do Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL). O método era focado para as pessoas lerem e escreverem e tinha a metodologia semelhante à de Paulo Freire com codificações, cartazes com famílias silábicas, quadros e fichas, mas não utilizava o diálogo de Freire e não se preocupava com a formação crítica dos educandos (Stephanou e Bastos, 2005).
A Lei de Diretrizes de Bases da Educação (LDB 5692/71) implantou o ensino supletivo e nesta lei um capítulo foi dedicado ao EJA. No ano de 1974, o MEC criou a implantação dos CES (Centros de Estudos Supletivos), nestes centros tinham influências tecnicistas devido à situação do Brasil naquele momento (Strelhow, 2010).
Dando sequência aos dados históricos da EJA, entre 1985 e 1990, após o fim do MOBRAL, surgiu a Fundação Educar que ao se comparar, tinha uma proposta diferenciada. A partir de 1997, através dos Fóruns a história da EJA começou a ser registrada no intitulado “Boletim da Ação Educativa” (Strelhow, 2010).
De acordo com o artigo 208 da Constituição de 1988: “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I- ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria” (BRASIL, 1988). O programa Alfabetização Solidaria (PAS), foi lançado em 1996 em Natal/RS, era destinado a alfabetizar jovens e adultos que residiam em cidades mais pobres. O PAS passou a ser uma ONG no ano de 2003 (Strelhow, 2010).
Na sequência com a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, dando continuidade a trajetória da educação de jovens e adultos, através do MEC, surge o programa Brasil alfabetizado. Nesta fase da história da Educação brasileira, a EJA possui um foco amplo, assim havendo uma sociedade igualitária e uma Educação eficaz necessitando que todas suas áreas sejam focadas e valorizadas, não separando uma da outra (Strelhow, 2010).
Para todos os efeitos, o país, com esse avanço, passa a ter uma prioridade de ensino para aqueles que necessitam, porém o que está em falta é a preparação dos profissionais, das escolas para os atender. A EJA é vista como o ensino de ler e escrever apenas, além de ser tratadas como crianças burras, ignorantes e assim o ensino dos adultos era voltado para infantilização.
Somente a partir de Freire (2010) a educação de jovens e adultos passou a ser defendida no sentido de não apenas recuperar o tempo perdido, mas sim também, daqueles que não aprenderam a ler e a escrever e nem como um benefício social que o governo lhe dava para recuperar este tempo, assim como direito pleno a educaçãoque proporciona ao desenvolvimento humano, social e de cidadão incluso na sociedade em que vive.
Para isso de acordo com Freire (2010) é necessário que os educadores envolvidos com esse público busquem alternativas que incentivaram este olhar para o novo mundo em que está inserido. Sendo assim, buscando estabelecer-se uma relação educador-educando, trabalhando em prol da busca por conhecer a identidade do sujeito, considerando a diversidade cultural e social partindo do princípio que os mesmos são de diferentes grupos.
A EJA não se restringe à compensação de uma educação básica, mas volta-se para responder às múltiplas necessidades que os adultos possuem para viverem na sociedade do conhecimento, exigindo desta maneira, políticas de formação que sejam abrangentes e flexíveis para atender a demanda atual. Além disso, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96) “A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria’’.
Desafios enfrentados pelos discentes e docentes:
Segundo dados encontrados em 2017, pelo PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), Sete em cada dez brasileiros com renda familiar de até 1 salário mínimo e meio não possui o Ensino Fundamental Completo. Por exemplo no Nordeste que 52,6% de pessoas não concluíram o Ensino Fundamental, quando no Sudeste pelo menos 51,1% possuem o Ensino Médio. É observado também que pessoas pretas e pardas têm 2 anos a menos que pessoas brancas que podem ter muito mais chance de realizar o ensino superior (22,2 % contra 8,8%). Mostrando assim que são problemas grandes para ser discutido e refletido (Brasil, 2017).
A função social da escola é a formação de indivíduos críticos e criativos que possam exercer plenamente a cidadania, participando dos processos de transformação e construção da realidade. Ter clareza da função social da escola e do homem que se pretende formar. É essencial para que a prática pedagógica seja competente e socialmente comprometida, assim mais claramente as funções do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), mostram para a sociedade atual seu valor e necessidade de existir (Corrêa, 2008).
A maioria dos alunos da EJA, trabalham. Então, eles gastam cerca de 11 horas de trabalho por dia, que pode ser até 8 horas expediente. Considerando que você tem 8 horas de descanso e recuperação, o restante do tempo de estudo é de apenas 5 horas. Tirando as horas que os alunos tiram para por exemplo: Cuidar da saúde, do lazer, da família, cuide dos filhos, dentre outros. Outra parte dos alunos são desempregados, aposentados, etc. (Corrêa, 2008).
Promover a aprendizagem de Jovens e adultos é uma tarefa complicada, uma vez que a maior parte dos alunos ingressam novamente à escola em função da necessidade de ler e escrever de maneira satisfatória, bem como atualizar-se para o mercado de trabalho (Corrêa, 2008).
           Devido a esses horários bastante reduzidos, desgastes físicos e às vezes mentais é que tanto as políticas públicas e educacionais devem rever todo esse processo de alfabetização/escolarização deste público alvo. Trabalhar na inclusão desse público que já enfrenta inúmeros desafios até a chegada à sala de aula, é o caminho para uma educação que seja justa para todos.
Possibilidades, conquistas e oportunidades ofertadas na EJA
Ensinar não é apenas passar conhecimento, mas também aproveitar os saberes adquiridos ao longo da vida, sendo assim a Educação de Jovens e Adultos passou por marcas de desigualdades sociais, econômicas e culturais por longos anos. Atualmente ainda enfrenta desafios para alcançar um ensino de qualidade que ofereça uma escolaridade de maneira plena. 
A finalidade da EJA é oferecer seus educandos a oportunidades para a conquista da alfabetização. No entanto, essas pessoas almejam muito mais que uma simples assinatura, elas buscam por sonhos interrompidos, pois muitos deles desejam, obter um melhor emprego, tirar habilitação, realização de sonhos profissionais, etc. Querem sentir-se inseridos na sociedade como os demais, portanto, é importante que a escolarização se faça presente na vida dessas pessoas possibilitando-as a alcançarem seus objetivos.	
	A procura à escola por essas pessoas se faz necessária, pois além de buscar se enquadrarem no mercado de trabalho, eles sentem a necessidade de conviverem em sociedade, sendo participativo na busca da cidadania plena, portanto, almejam ao menos a educação básica. O acesso ao mercado de trabalho se dava através da garantia dos direitos. Esse acesso está ligado ao fato de o cidadão ter aproveitado os direitos básicos como a educação, apreciando os conhecimentos como escrever, ler e contar pode parecer algo bem simples numa sociedade que cresce continuamente, porém para aqueles que nunca dominaram é essencialmente significativo.
	O professor que atua na educação de jovens adultos (EJA) ao avaliar, seus alunos, deve estar ciente da prática escolar como um todo, levando em conta a aprendizagem dos mesmos, mediante a pratica pedagógica aplicada. É preciso ter cuidado sobre a forma avaliativa com esse público pois, são alunos com singularidade diferenciada dos demais alunos do ensino regular, todavia, julgar ou avaliar pessoas são práticas que fazem parte desde infância até a fase adulto no âmbito escolar, mas é preciso se basear não somente nas práticas em sala de aula como também nas experiencias acumuladas ao longo da vida.	
O processo de avaliação, na realidade é indispensável na pratica pedagógica, quando o educador utiliza a avaliação adequadamente acaba fazendo desse processo um dos recursos mais importantes no ensino aprendizagem, pois isso faz com que ele possa reformular, prosseguir ou até mesmo cancelar seu planejamento e consequentemente transformar sua prática pedagógica, porém podemos observar que muitos professores utilizam do processo avaliativo inadequadamente, trazendo assim, consequências graves para a educação.	
	Uns dos fatores que leva alguns professores utilizar a avaliação de forma incorreta, é a preocupação com o acumulo de conhecimento, não valorizando o processo amplo da educação, um outro fato é a má formação do educador, pois talvez por não dominarem bem o processo avaliativo, acabam prejudicando este ato.
	Ao avaliar o aluno da EJA, o professor deve levar em consideração a cultura dos mesmos e não apenas preocupar-se em aplicar notas, é importante ressaltar que a avaliação pode ocorrer também pelo dialogo, pois muitos dos alunos conseguem desenvolver melhor seus conhecimentos em forma de conversas espontâneas em salas de aula. 	
	Portanto, é importante que os profissionais da EJA, estejam abertos a mudanças construtivas e busquem novas alternativas para conseguir a melhor forma de avaliar seus alunos, buscando também entender o processo de aprendizagem de cada um, avaliar não somente notas que são apenas números, mas a vivência, o esforço e a singularidades que todos possuem.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) promove até hoje nos dias atuais a realização de várias conquistas e sonhos interrompidos por motivos como: trabalhos, pobreza, falta de recursos para concluir os estudos, falta de participação familiar, dificuldades escolares como estrutura e profissionais da educação que não estavam preparados.
A EJA vai muito além da formação, aprender a ler e escrever, fazer cálculos, ela é uma conquista que para muitos pode parecer simples, mas para os educandos que são participantes desta modalidade, significa portas abertas, novas oportunidades, rotas diferentes para o futuro e até um caminho novo para a formação em uma área do Ensino Superior.
Percebe-se nesta pesquisa que a EJA não é apenas uma modalidade de ensino,mas também uma conexão pessoal entre alunos e professores, mas esses dois podem coexistir e caminhar juntos. O professor necessita buscar ser facilitador para muitos que já vem enfrentando o fracasso e se frustrando. Ao chegar no processo avaliativo, o olhar precisa ser muito mais amplamente, além de notas e números para esse público que batalha, que luta diariamente para o sustento familiar e as poucas horas que lhes sobram buscam a tão sonhada formação e um lugar na sociedade como leitor, formado e preparado para o novo mundo.
A escola deve buscar formas de ajudar os discentes dessa modalidade, buscando rotas e caminhos para facilitar a vida de cada um, organizando uma carga horária flexível, estudos práticos como atualidades, educação financeira e preparação psicológica levando em consideração o que cada um passa até chegar à sala de aula, pois são jovens e adultos, com histórias, itinerários, vivências que levam a busca da sua identificação pessoal.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação - PNE/Ministério da Educação. Brasília, DF: INEP, 2001.
BRASIL. Ministério do Planejamento. IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: educação. Rio de Janeiro: IBGE, 2017.
CORRÊA, Luís Oscar Ramos. Fundamentos metodológicos em EJA. Curitiba: IESDE Brasil, 2008.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 26.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2010.
MATUOKA, Ingrid. Centro de Referências em Educação Integral. Centro de Referências em Educação Integral. Disponível em: <https://educacaointegral.org.br/reportagens/os-desafios-da-eja-para-incluir-quem-a-escola-abandonou/>. Acesso em: 12 May 2021.
STEPHANOU, Maria; BASTOS, Maria Helena (orgs). Histórias e Memórias da Educação no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2005.
STRELHOW, Thyeles Borcarte. Breve história sobre a educação de jovens e adultos no Brasil. Revista HISTEDBR, On-line, Campinas, n.38, p. 49-59, jun.2010.

Continue navegando

Outros materiais