Buscar

LITERATURA INFANTIL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Sueli Alves Gondim Borges
LITERATURA INFANTIL
Trabalho apresentado como exigência parcial para aprovação na disciplina: As metodologias do Ensino da Alfabetização do curso de Pedagogia – Parfor da Faculdade de Educação Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a orientação da Profª Ms. Juliane Anjos. 
São Paulo
2013
INTRODUÇÃO
 Vivemos num mundo cheio de tecnologias, onde todas as informações, notícias, músicas, jogos, filmes podem ser trocados por e-mails, CDs e DVDs, o lugar do livro parece ter sido esquecido. Há pessoas que pensam que o livro é coisa do passado, que na era da internet, ele não tem muito sentido. Mas, quem conhece a importância da Literatura na vida de uma pessoa, quem sabe o poder que tem uma história bem contada, quem sabe os benefícios que uma simples história pode proporcionar, com certeza compreende que não há tecnologia que substitua o prazer de folhear as páginas de um livro e encontrar nelas um mundo repleto de encantamento. Com a televisão e o computador presentes no cotidiano de nossas crianças fica cada vez mais difícil despertar nelas o hábito de leitura, o prazer de imaginar histórias que levem a externar sentimentos e impressões. As crianças atualmente deixaram de frequentar o mundo da imaginação e das fantasias. Deixaram de acreditar no faz de conta que leva a navegar em rios cheios de emoção e prazer, de realizações e aventuras.
 O gosto pela leitura está diretamente associado aos estímulos que são proporcionados a crianças, podendo começar antes do seu nascimento. Crescer no meio de livros e ver, a sua volta, as pessoas praticando leitura pode ser um bom início também. Pois antes mesmo da criança saber ler socialmente, ou seja, ler como as pessoas alfabetizadas, ela já observa pensa e vai adquirindo concepções individuais a respeito dos símbolos linguísticos o que pode ser caracterizado também como uma leitura de cores, de formar, de desenhos. Por isso, tocar, olhar, desenhar, ouvir histórias diversas e interessantes, ter contato direto de forma dinâmica com a literatura, reafirma e estimula a interação, a oralidade, o pensamento e a linguagem que é um trabalho coletivo e histórico, resultado de muitas experiências, capaz de revelar e organizar a consciência e o pensamento, representando o real e permitindo operações mentais complexas. É ouvindo histórias que se podem sentir emoções importantes, como alegria, tristeza, raiva, bem estar, medo, insegurança, tranquilidade e tudo mais que as narrativas podem provocar em quem as ouve. 
 O ambiente estimulador, a convivência com pessoas, animais, livros e objetos, expande o universo físico, intelectual e afetivo. Quanto mais estímulos houver, tanto mais significativa será a tendência de investigar o ambiente. E o progresso desta investigação do ambiente é essencial para o desenvolvimento, entre outros, o da linguagem e, consequentemente da inteligência. Mas na perspectiva desse desenvolvimento fica para a escola o papel primordial de proporcionar situações de contato e/ou envolvimento com a literatura infantil trazendo também como consequência o gosto pela leitura, atribuindo-lhe ainda a importância que deve assumir enquanto possibilitadora do conhecimento, bem como do entretenimento e prazer, sem dar-lhe caráter negativo de intenções utilitárias. 
INTRODUÇÃO AO TEMA: Literatura infantil
 Ouvir e ler histórias são entrar em um mundo encantador, cheio ou não de mistérios e surpresas, mas sempre muito interessante, curioso, que diverte e ensina. É na relação lúdica e prazerosa da criança com a obra literária que temos uma das possibilidades de formarmos o leitor. É na exploração da fantasia e da imaginação que se instiga a criatividade e se fortalece a interação entre texto e leitor. Lembro-me com saudade das historinhas contadas por meus pais e avós ao pé da cama antes de dormir. Lembro perfeitamente daquela coleção que eu e meus irmãos adorávamos ler e manuseá-la “O Mundo da Criança,” onde cada livro trazia histórias que jamais esquecerei. Daquelas histórias contadas e interpretadas pela professora nas primeiras séries do ensino Primário (fundamental). 
 Na interação da criança com a obra literária está a riqueza dos aspectos formativos nela apresentados de maneira fantástica, lúdica e simbólica. A intensificação dessa interação, através de procedimentos pedagógicos adequados, leva a criança a uma maior compreensão do texto e do contexto. Uma obra literária de qualidade é aquela que mostra a realidade de forma nova e criativa, deixando espaços para que o leitor descubra o que está nas entrelinhas do texto.
 A literatura infantil, portanto, não deve ser utilizada apenas como um pretexto para o ensino da leitura e para o incentivo à formação do hábito de ler. Para que a obra literária seja utilizada como um objeto mediador de conhecimento, ela necessita estabelecer relações entre teoria e prática, possibilitando ao professor atingir determinadas finalidades educativas. Para tanto, uma metodologia baseada em um ensino por projetos é uma das possibilidades que tem evidenciado bons resultados no ensino de língua portuguesa.
 A Literatura pode proporcionar diversas atividades de enriquecimento da linguagem. E mesmo fora do processo de ensino aprendizagem já ocorre esta leitura de modo que proporcione o desenvolvimento de uma linguagem natural significativa e vivenciada. Acrescentando ainda a necessidade de que a criança viva intensamente suas fantasias, seus momentos, sua realidade. A linguagem sendo uma característica inerente do ser humano está presente desde muito cedo na vida da criança, sua aquisição começa a se iniciar no momento em que surge a necessidade de se comunicar através da fala. Para assegurar o domínio da linguagem numa dimensão tão ampla, é preciso permitir que a criança vivencie situações em que a atividade da linguagem seja posta em uso para que seja interiorizada. 
 O Referencial Curricular ressalva a importância do uso da linguagem no processo de diferenciação do eu e do outro. Quando a criança refere a si mesmo pelo próprio nome, enriquece também a comunicação e a expressão que são veículos importantíssimos rumo à socialização. Segundo o Referencial Curricular (1998 vol. 2), afirma que é a socialização que promove a interação responsável em inserir a criança na linguagem, pois cada língua tem sua estrutura, suas características culturais e sociais, e por meio da língua que o ser humano pode ter acesso a outras realidades, sem passar necessariamente pela experiência concreta como, por exemplo, através dos livros. 
 Percebe-se, também que a Literatura, inserida em uma cultura criadora e questionadora, não está sendo explorada, em todas as suas potencialidades, nos espaços da instituição de Educação Infantil, como de fato deveria se esperar, ocorrendo em grande parte pela pouca informação dada aos professores e, também, pela falta de uma formação acadêmica que dê ênfase aos benefícios de se usar a literatura infantil desde a mais tenra idade. 
 Alguns avanços se fazem necessários em direção à literatura infantil trazendo-a para o alcance, posse, domínio e uso dos alunos. Um dos primeiros passos a ser dado é o de introdução, de forma intensificada, por meio dos espaços e cantinhos de leitura que sejam de fácil acesso às crianças em sala de aula ou separado; como também implantação de uma biblioteca móvel, trazendo sempre a literatura para dentro das escolas para fazer parte da rotina das crianças. 
 Outro passo importante seria o de promover projetos anuais que resultem em apresentações teatrais com núcleos formados dentro das escolas. Essas apresentações que provavelmente separadas da aprendizagem, devem ter como objetivo o crescimento da criança por meio de experiências, proporcionando desenvolvimento e resolução de conflitos, pois segundo Vygotsky (1994) é importante que a criança esteja livre para aplicar o seu imaginário e faz de conta. 
 Neste sentido, sefaz necessário o investimento para um sucesso e sistematização do trabalho com a literatura infantil, as instituições precisam entender a sua grande importância, como também buscar maior incentivo junto aos órgãos competentes por meio de projetos que terão valores de instrumentos de interferência na prática escolar, facilitadores da construção do conhecimento de todas as crianças em qualquer idade. Na aplicação dos trabalhos de literatura é interessante fazer um levantamento dos livros existentes no espaço de leitura (se há na escola), destacando aqueles mais lidos, que no caso, indicam a preferência das crianças. Muitos são os motivos que impedem um melhor aproveitamento da literatura como atividade de construção do conhecimento. Portanto, as escolas, ainda não estão preparadas para desenvolver esta atividade e, por não acreditar também nessa literatura como agente de formação educativa. 
 Ainda há um distanciamento muito grande da provocação do prazer de ler e ouvir nas crianças, os professores não tem o hábito de utilizar a literatura como leitura diária em suas atividades, com as crianças da Educação Infantil. Falta uma maior valorização por parte das instituições em relação à contação de histórias e teatro de fantoches como instrumento de despertar a face artística da criança. 
 No entanto as escolas, principalmente, deve haver mecanismos que facilitem o uso da literatura, bem como espaços de leitura com fácil acesso das crianças aos livros. Maior incentivo por parte dos órgãos competentes. Preparação periódica dos profissionais de Educação Infantil nas questões que dizem respeito ao uso da literatura infantil. 
 A literatura infantil quando desenvolvida com a função do lúdico; interage na formação do individuo por si própria, pois a literatura traz o recorte do real, explicitado. segundo o olhar do autor e composta dos significados da cultura que a compõem. Realizando o processo de transformação no interior do individuo, assim como age na função de equilibrar os conceitos que aleatoriamente ele vai adquirindo pela sua leitura do ambiente em que vive. Ela reorganiza conceitos, ora sugere ou discorda, apresenta culturas até então desconhecidas pelo leitor.
	UM BREVE RESUMO DA HISTÓRIA DA LITERATURA INFANTIL
 A literatura infantil divide-se em dois momentos: a escrita e a lendária. A lendária nasceu da necessidade que tinham as mães de se comunicar com seus filhos, de contar coisas que os rodeavam, sendo estas apenas contadas, não sendo registradas por escrito. Os primeiros livros infantis surgiram no século XVII e XVIII. Antes dessa época não se escrevia para elas, porque não existia infância. 
O aparecimento da Literatura Infantil decorre da ascensão da família burguesa. A criança passa a ser considerado um ser diferente do adulto, com características e necessidades próprias.
 O início da literatura escrita pode ser marcado com Perrault, entre os anos de 1628 e 1703, com os livros "Mãe Gansa", "O Barba Azul", "Cinderela", "A Gata Borralheira", "O Gato de Botas" e outros. Depois disso, apareceram os seguintes escritores: Andersen, Collodi, Irmãos Grimm, Lewis Carrol, Bush. No Brasil, a literatura infantil pode ser marcada com o livro de Andersen "O Patinho Feio", no século XX. (Cademartori, 1994). 
 Foram obras de fundo satírico, concebidas por intelectuais que lutavam contra a opressão para estigmatizar e condenar usos, costumes e personagens que oprimiam o povo. Os autores, para não serem atingidos pela força do despotismo, foram obrigados a esconder suas intenções sob um manto fantasioso (Cademartori, 1994).
Basta lembrar que, segundo os redatores do Plano Educativo de 1825, na Espanha, as únicas leituras necessárias na escola primária eram a cartilha, o catecismo e as fábulas de Samariego, e que, um século mais tarde, passou a ser obrigatória uma leitura tão discutível para os destinatários infantis como Quixote. (COLOMER, 2007).
 A literatura infantil chegou ao Brasil no final do século XIX. Carlos Jansen e Alberto Figueiredo Pimentel foram os primeiros brasileiros a se preocuparem com a literatura infantil no país. Com Thales de Andrade, em 1917, a literatura infantil nacional teve início. Outras obras são as obras de Carlos Jansen (“Contos seletos das mil e uma noites”), Figueiredo Pimentel (“Contos da Carochinha”), Coelho Neto, Olavo Bilac e Tales de Andrade. E foi em 1921 que Monteiro Lobato estreou com “Narizinho Arrebitado”, apresentando ao mundo Emília, a mais moderna e encantadora fada humanizada. Algumas de suas principais obras são: Urupês, Sítio do Pica pau Amarelo Reinações de Narizinho, O Minotauro, Negrinha e Cidades Mortas. 
 “É através de uma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ótica, outra ética… É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos acham que tem cara de aula porque se tiver deixa de ser literatura (Abramovich, 1997. P. 17)”. 
 Na segunda metade de século XX, as sociedades ocidentais sofreram importantes transformações que deram lugar às sociedades pós-industriais que hoje conhecemos. Logicamente, estas novas sociedades começaram a redefinir globalmente a formação que esperavam que a escola oferecesse a seus cidadãos nesse contexto. Além disso, a tarefa de redefinição se acelerou ao coincidir com a decepção generalizada da sociedade que viam desvanecerem-se as esperanças que haviam presidido o grande esforço escolar empreendido há mais de um século: a ideia de que a constituição de um sistema educativo. 
 Efetivamente, no final da década de 1960 constatou-se o fracasso leitor das primeiras gerações de adolescentes, que haviam seguido já o largo processo de escolaridade ampliando até à etapa secundária. A diferença entre as expectativas geradas e o resultado obtido obrigou a analisar as causas dessa distância e a reconsiderar o modelo de ensino cultural e linguístico oferecido pela escola. Isto afetou em cheio o ensino da literatura, que havia sido até então um dos pilares da formação escolar, de modo que a gestação de um novo modelo educativo deixou seus objetivos de ensino desaparecidos na confusão.
 Autores brasileiros de literatura infantil como: Ziraldo com “O Menino Maluquinho”, “A bonequinha de pano”, “Este mundo é uma bola”. Há ainda Ana Maria Machado, com “A Grande Aventura de Maria Fumaça”, “A Velhinha Maluquete”, “O Natal de Manuel”. Muitas obras consideradas adultas foram adotadas pelo público infantil (“As aventuras de Robson Crusoé” – de Daniel Defoe, “Viagens de Gulliver” – de Jonathan Swift e “Platero e Eu” – de Juan Ramón Jiménez). 
 O Brasil com esta vasta gama de autores e livros de literatura infantil, assim como uma rica e variada tradição popular e folclore, capaz de oferecer as crianças ricas oportunidades de contato com histórias infantis e consequentemente com a linguagem escrita, o que prova dessa forma, que a literatura infantil é um instrumento de grande valor no processo de aquisição da língua materna e um rico objeto cultural historicamente construído.
A importância da leitura infantil para o desenvolvimento da criança
 A escola tem a função de auxiliar no desenvolvimento global da criança, contribuindo para a constituição da sua identidade, do seu autoconhecimento, como afirma a LDB – Leis de Diretrizes e Bases:
 A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade em seus aspectos físicos psicológico, intelectual e social complementando a ação da família e da comunidade”. (LDB, 1996, p.29).
 É importante contar histórias mesmo para as crianças que já sabem ler, pois segundo Abramovich (1997, p.23) “quando a criança sabe ler é diferente sua relação com as histórias, porém, continua sentindo enorme prazer em ouvi-las”. Quando as crianças maiores ouvem as histórias, aprimoram asua capacidade de imaginação, já que ouvi-las pode estimular o pensar, o desenhar, o escrever, o criar, o recriar. Num mundo hoje tão cheio de tecnologias, onde as informações estão prontas, a criança que não tiver a oportunidade de suscitar seu imaginário, poderá no futuro, ser um indivíduo sem criticidade, pouco criativo, sem sensibilidade para compreender a sua própria realidade. 
 A literatura infantil e principalmente os contos de Fadas podem ser usados na saúde da criança, seja para ajudá-la com problemas psicológicos ou na educação, seja para apenas ensina-la a reconhecer o mundo em que esta inserida e com o qual divide seus ganhos e suas perdas, seus valores morais e éticos ou simplesmente ensina-las o prazer de ler. Fanny Abramovich diz em seu livro Literatura infantil, gostosuras e bobices, 1997, pág. 98 que:
(...) Querer saber de todo o processo que acontece, do nascimento até a morte, faz parte da curiosidade natural da criança, pois se trata da vida em geral e da sua própria em particular...saber sobre seu corpo, sua sexualidade, seus problemas de crescimento, sua relação(fácil ou dificultosa) com os ouros faz parte do se perguntar sobre si mesma e do precisar encontrar respostas(...)querer saber mais sobre aflições, tristezas, dificuldades, conflitos, duvidas, sofrências, descobertas que outros enfrentam, para poder compreender melhor as suas próprias, faz parte das interrogações de qualquer ser humano em crescimento(...)
 Para Walter Benjamin, com o passar do tempo e com a chegada dos tempos modernos, foi se deixando de existir a capacidade de contar história. Faculdade esta que para Walter Benjamin parecia ser inalienável. E talvez seja essa constatação que acarreta a sua decepção e a sua melancolia (ou pelo menos parte delas).
 Benjamin tem uma posição particular em relação ao conto de fadas que aparece
como o primeiro conselheiro das crianças, assim também como da humanidade, e permanece vivo na narrativa. As aflições e conflitos podem ser resolvidos a partir do conto de fadas que oferece uma ajuda/auxílio através do conselho.
 Ouvir e contar histórias nos constitui enquanto sujeitos. Como Walter Benjamim afirma, que a narrativa que é a possibilidade que temos de intercambiar experiências, de nos conhecermos e de nos reconhecermos ou nos estranharmos no outro. Ela nos faz perceber a nossa humanidade sócio-histórica, concilia tempos e espaços distintos, organiza os fragmentos das histórias vividas e contadas. Embora Benjamim afirme que a arte de narrar esteja em extinção, porque cada vez temos menos tempo para esse intercambio de experiências e até mesmo para viver a experiência, se buscarmos na memória, certamente momentos, com vozes polifônicas, justapostas, sobrepostas e até impostas.
 Portanto, garantir a riqueza da vivência narrativa desde os primeiros anos de vida da criança contribui para o desenvolvimento do seu pensamento lógico e também de sua imaginação, que segundo Vigotsky (1992, p.128) caminham juntos: “a imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista.”. Neste sentido, o autor enfoca que na imaginação a direção da consciência tende a se afastar da realidade. Esse distanciamento da realidade através de uma história, por exemplo, é essencial para uma penetração mais profunda na própria realidade: “afastamento do aspecto externo aparente da realidade dada imediatamente na percepção primária possibilita processos cada vez mais complexos, com a ajuda dos quais a cognição da realidade se complica e se enriquece. (VIGOTSKY, 1992, p.129)”. 
 A criança que desde muito cedo entra em contato com a obra literária escrita para ela terá uma compreensão maior de si e do outro. Terá a oportunidade de desenvolver seu potencial criativo e ampliar os horizontes da cultura e do conhecimento, percebendo o mundo e a realidade que a cerca. Para Bettelheim (1996),
Enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça à multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão à vida da criança (p.20).
Cademartori (1994, p.23), afirma que:
 ... A literatura infantil se configura não só como instrumento de formação conceitual, mas também de emancipação da manipulação da sociedade. Se a dependência infantil e a ausência de um padrão inato de comportamento são questões que se interpenetram, configurando a posição da criança na relação com o adulto, a literatura surge como um meio de superação da dependência e da carência por possibilitar a reformulação de conceitos e a autonomia do pensamento.
 Poucas crianças têm o hábito de ler em nosso país. A maioria tem o primeiro contato com a literatura apenas quando chega à escola. E a partir daí, vira obrigação, pois infelizmente muitos de nossos professores não gostam de trabalhar com a literatura infantil e talvez desconheçam possibilidades que ajudem a "dar vida às histórias" e que, consequentemente, produzam conhecimentos. Muitos não levam em conta o gosto e a faixa etária em que a criança se encontra, sendo que muitas vezes o livro indicado ou lido pelo professor está além das possibilidades de compreensão dela em termos de linguagem.
 A literatura evoca o imaginário do leitor porque cria uma outra realidade, que
apresenta o que se acredita ser o real. É exatamente essa característica que dá ao texto literário o caráter de fantasia e de imaginação: 
O uso da fantasia na literatura infantil é mais um recurso de adequação do texto ao leitor (...) já que a criança compreende a vida pelo viés do imaginário. A partir da transfiguração da realidade pela imaginação, o livro infantil põe a criança em contato com o mundo e com todos os seus desdobramentos. (AGUIAR, 2001. p.83)
 Ao trazer a literatura infantil para a sala de aula, o professor estabelece uma relação dialógica com o aluno, o livro, sua cultura e a própria realidade. Além de contar ou ler a história, ele cria condições em que a criança trabalhe com a história a partir de seu ponto de vista, trocando opiniões sobre ela, assumindo posições frente aos fatos narrados, defendendo atitudes e personagens, criando novas situações através das quais as próprias crianças vão construindo uma nova história. Uma história que retratará alguma vivência da criança, ou seja, sua própria história. De acordo com Abramovich (1994).
Ler histórias para crianças, sempre, sempre... É poder sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelas personagens, com a ideia do conto ou com o jeito de escrever dum autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de divertimento... É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras ideias para solucionar questões (como as personagens fizeram...). É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos - dum jeito ou de outro - através dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas personagens de cada história (cada uma a seu modo)... É a cada vez ir se identificando com outra personagem (cada qual no momento que corresponde àquele que está sendo vivido pela criança)... e, assim, esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução delas ...
 Portanto, a conquista do pequeno leitor se dá através da relação prazerosa com o livro infantil, onde sonho, fantasia e imaginação se misturam numa realidade única, e o levam a vivenciar as emoções em parceria com os personagens da história, introduzindo assim situações da realidade. 
É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade,e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve - com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar ... Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário! (Abramovich, 1994).
 Segundo Vigotsky (2003), a capacidade de criar deriva da experiência. Assim, se queremos formar crianças produtoras de textos, torna-se importante possibilitar a experiência com leitura e escrita. A leitura oral de textos de literatura infantil, quando texto e leitura são agradáveis, pode ajudar no desenvolvimento do gosto pela leitura. Por sua vez, a leitura silenciosa, por ser mais rápida e ritmada, ajuda a criança a melhor compreender o texto.
 Quando se tem convicção de que a biblioteca da escola é um lugar e um instrumento indispensável, só resta torná-la um projeto-empreendimento de toda a escola (crianças, professores e pais). O essencial, para nós, é que o canto de leitura não seja mais o canto “onde-se-vai-quando-se-terminou-a-tarefa”, mas que seja vivo, familiar, aproveitado e continuamente renovado.
Os livros do expositor da escola em que atuo são trocados a cada semana. Esse momento é respeitado como se fosse um ritual.
Considerações finais
 Acredito que a educação seja um espaço para descobertas obtidas através da participação e colaboração ativa de cada criança com seus parceiros em todos os momentos, possibilitando, assim, a construção de sujeitos autônomos e cooperativos.
 Se o professor acreditar que além de informar, instruir ou ensinar, o livro pode dar prazer, encontrará meios de mostrar isso à criança. E ela vai se interessar por ele, vai querer buscar no livro esta alegria e prazer. Tudo está em ter a chance de conhecer a grande magia que o livro proporciona. Enfim, a literatura infantil é um amplo campo de estudos que exige do professor conhecimento para saber adequar os livros às crianças, gerando um momento propício de prazer e estimulação para a leitura.
 É, portanto, através de um ensino por projetos, que a literatura infantil ganhará um sentido maior na vida das crianças. O confronto de opiniões, a motivação, as interações sociais e o trabalho cooperativo possibilitarão à criança condições que asseguram o caráter formativo das atividades, através de uma boa orientação do professor, tendo a finalidade de esclarecer aos alunos o que devem fazer, como devem fazer, por que e para que fazer tal atividade. Na literatura infantil, portanto, a criança aprende brincando em um mundo de imaginação, sonhos e fantasias.
BIBLIOGRAFIA
AGUIAR, Vera Teixeira de (coord.). Era uma vez... na escola: Formando educadores para formar leitores. Belo Horizonte: Formato editorial, 2001
ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997.
BETTELHEIM, B. A psicanálise dos contos de fadas. 11. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. 
BRASIL. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.
CADEMARTORI, L. O que é literatura infantil? 6. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
COLOMER, T Andar entre livros: A leitura literária na escola. Ed. Global. 2007.
JOLIBERT, Josette. Formando crianças leitoras. Porto Alegre: ARTMED, 1994.
PAIVA, Aparecida ET al.(coord.) Literatura: Ensino Fundamental. Brasília MEC/SEB, 2010.
RCN: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil/ Ministério da Educação e do desporto, Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998, 2 V
VIGOTSKY, L. S. Imaginación y creación en la edad infantil. Buenos Aires: Nuestra 2003.
VIGOTSKY, L. S. O desenvolvimento psicológico na infância. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
WALTER, B.. (1992) Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política. Tradução de Maria Amélia Cruz et al. Lisboa: Relógio D´Água.
WALTER, B. A Histórias e Contos, trad. Telma Costa, Lisboa: Teorema, 1992. América, 2003.
Sites:
http://www.infoescola.com/literatura/literatura-infantil/ 
http://www.sitedeliteratura.com/infantil.htm
PROJETO CONTOS DE FADAS Educação Infantil 
Público Alvo (Maternal 4 anos)
Segundo semestre
JUSTIFICATIVA
Os contos estão envolvidos no maravilhoso mundo das crianças e partem de uma situação real e concreta, para proporcionar emoções e vivências significativas. Neste gênero aparecem seres encantados e elementos mágicos pertencentes a um mundo imaginário que todas as crianças se encantam. Por meio de linguagem simbólica dos contos, a criança vem a construir uma ponte de significação do mundo exterior para seu mundo interior, aprendendo valores, refletindo sobre suas ações, desenvolvendo seu senso crítico, sua criatividade, sua expressão e linguagem. 
OBJETIVOS CONCEITUAIS
· Identificar personagens de contos de fadas, como: magos, fadas, duendes, anões, gigantes, etc.;
· Identificar os contos pela linguagem típica dos mesmos; 
· Identificar as marcas temporais presentes nos contos; 
· Identificar letras e palavras conhecidas presentes nos títulos das histórias e nomes de personagens. 
OBJETIVOS PROCEDIMENTAIS: 
· Ampliar as possibilidades de movimentos; 
· Expressar-se por meio de desenhos, pinturas e colagens;
· Desenvolver a linguagem oral; 
· Ler, ainda que de forma não convencional;
· Dramatizar histórias, por meio de expressões orais e dança;
· Descrever cenários e personagens; 
· Identificar soluções de conflitos presentes nos contos;
· Identificar títulos de histórias conhecidas;
· Continuar histórias a partir de um determinado ponto;
· Produzir textos, tendo o professor como escriba.
OBJETIVOS ATITUDINAIS:
· Possibilitar um instrumento onde as crianças coloquem suas emoções e necessidades;
· Sistematizar situações problema, a partir de contos, para as crianças refletirem criando alternativas de acordo com seus pensamentos; 
· Buscar no mundo da fantasia possíveis soluções para os problemas de mundo real; 
· Resgatar a importância do “contar histórias”, no contexto familiar; 
· Valorizar o conto (popular e de fadas) como parte da tradição dos povos; 
· Aprender valores; Desenvolver o senso crítico e a criatividade.
METAS:
Desenvolver noções de valores e incentivar a leitura.
METODOLOGIA:
· Leitura de contos de fadas e histórias infantis:
· Criar situações de fantasia e encantamento;
· Transportar a imaginação para o reino do maravilhoso;
· Trabalhar as emoções que as histórias transmitem;
· Conhecer elementos mágicos: fadas, magos, duendes, anões, gigantes, bruxas, etc.;
· Resgatar a importância que os contos populares e de fadas exercem sobre as crianças;
· Conto das histórias com o tapete de histórias e participação das crianças;
· Reprodução de histórias ouvidas com fantoches, levando em consideração as sequencias temporais;
· Dramatização de histórias conhecidas, onde as crianças sejam as personagens;
· Apreciação da leitura feita pela professora;
· Identificação de valores encontrados nas personagens das histórias.
ANÁLISE DOS CONTOS DE FADAS, OBSERVANDO:
· Estrutura textual (narrativa);
· Temporalidade;
· Linguagem própria diferente da linguagem do cotidiano;
· Descrição de cenários e personagens;
· Presença do conflito (bem e mal, protagonistas e antagonistas);
· Resolução de conflitos, levando a um final feliz;
· Presença de elementos fantásticos (bruxa, fadas, anões, magos, gigantes...);
· Listar oralmente as histórias preferidas;
· Reconhecer títulos de histórias e nomes de alguns personagens;
· Continuar a história a partir de um ponto estabelecido pela professora;
· Elaborar um novo final, diferente do original;
· Analisar as características das personagens na história.
DRAMATIZAÇÃO DAS HISTÓRIAS, OBSERVANDO:
· Expressões faciais;
· Criatividade;
· Vocabulário;
· Narração;
· Movimentos espontâneos e programados;
· Postura e encenação;
· Colocação de voz.
RECURSOS MATERIAIS:
· Computadores
· Data show
· Impressora
· Aparelho de som
· Microfone
· Tapete de histórias;
· Fantoches de diversos tipos;
· Cenário para apresentação de fantoches;
· Fantasias de acordo com os personagens;
· Lápis de cor, giz de cera, sulfite,papéis coloridos, tinta guache, pintura a dedo, cola, tesoura e pincel.
· Livros de contos de fadas e histórias infantis.
· Releitura das histórias contadas pela professora em papel pardo (livrão).
RECURSOS HUMANOS:
 - Estarão envolvidas neste projeto todas as professoras do maternal matutino e vespertino da unidade escolar.
AVALIAÇÃO:
· A avaliação será feita através da observação diária das crianças, avaliação formativa ao longo de todo o processo, nas atividades propostas, tais como: 
· Reprodução das histórias, mantendo sequencias temporais, utilizando fantoches; 
· Dramatização de algumas histórias, utilizando fantasias e músicas com coreografia para a apresentação; 
· Pintura, colagem, dobradura e desenho sobre as histórias;
· Criação de novos finais para os contos;
· Adaptação dos contos, conforme a criatividade dos alunos;
· Reconhecimento de personagens, cenários e títulos de histórias;
· Manifestação dos valores trabalhados nas histórias, nas atitudes do dia-a-dia;
· Apreciação da leitura feita pelo outro (visual)
· Ampliação da linguagem oral.
PRODUTO FINAL:
- Fotos gravadas em CD, para arquivo da escola o qual será socializado em Hora atividade.
12

Continue navegando