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RESUMO DO DIREITO TRIBUTARIO ESSENCIAL DE SABBAG EDUARDO Pgs2

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RESUMO DO DIREITO TRIBUTARIO ESSENCIAL DE SABBAG EDUARDO 
Pgs. 62-99 
O Estado necessita realizar a captação de recursos para manter toda a sua 
estrutura funcionando e prestar seus serviços públicos àquele cidadão que 
contribui, trata-se da contraprestação. 
O Estado brasileiro, assim como quaisquer outros do mundo possui objetivos 
que necessitam ser alcançados, os nossos estão previstos no artigo 3º da 
Constituição Federal e correspondem a construir uma sociedade livre, justa e 
solidária, garantir o desenvolvimento nacional, dentre outros, e para isso 
necessita arrecadar fundos. 
Para que qualquer Estado Democrático de Direito realize essa atividade, é 
necessário que as normas que cuidarão dos tributos estejam regulamentadas, 
daí surge o Direito Tributário, matéria do direito público responsável por 
regulamentar a relação entre o fisco e o contribuinte. 
Eduardo Sabbag em seu Manual de Direito Tributário, define a matéria como 
sendo a "representação positivada da ciência jurídica que abarca o conjunto de 
normas e princípios jurídicos, reguladores das relações intersubjetivas na 
obrigação tributária, cujos elementos são as partes, a prestação e o vínculo 
jurídico. 
Assim podemos responder que ao analisar a Constituição, identificamos cinco 
espécies tributárias, quais sejam: 
Impostos; 
Taxas; 
Contribuições de melhorias; 
Empréstimos compulsórios e 
Contribuições. 
Popularmente, nem todas são conhecidas, o imposto é a mais popular de 
todas, algumas pessoas inclusive acham que existe somente ele, utilizando 
esse termo como sinônimo de tributo. 
As espécies de tributos no direito tributário 
Como você pôde ver acima, expliquei a existência de cinco espécies de 
tributos. Embora essa afirmação seja verdadeira, foi preciso um debate intenso 
sobre o assunto por um longo período de tempo, envolvendo a análise do texto 
constitucional, a jurisprudência de tribunais superiores e a compreensão do que 
dizem os mais respeitados doutrinadores de direito tributário. 
O que se sabe é que existem apenas três espécies elencadas em definitivo no 
artigo 145, assim como mencionado na transcrição do artigo abaixo: 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão 
instituir os seguintes tributos: 
I - impostos; 
 
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva 
ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao 
contribuinte ou postos a sua disposição; 
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. 
Foi a partir do entendimento doutrinário que se formulou a ideia da existência 
das cinco espécies, incluindo as outras duas presentes também dentro do texto 
constitucional. 
Os empréstimos compulsórios e as contribuições, estão presentes nos artigos 
148 e 149 da Constituição da República e segundo a doutrina majoritária e a 
jurisprudência, eles possuem características que também os definem como 
tributos, correspondendo portanto, às outras duas espécies elencadas na 
Constituição. 
Vamos explorar agora cada uma dessas modalidades de tributos presentes no 
direito brasileiro. 
1. Impostos 
Este aqui é um dos mais populares, conhecido por praticamente toda a 
população, trata-se, segundo o artigo 16 do Código Tributário Nacional - CTN, 
de um tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente 
de qualquer atividade estatal específica relativa diretamente aos contribuintes. 
O imposto é uma espécie de tributo não vinculado, isso significa que ele não é 
devido em decorrência de alguma prestação de serviço do Estado, mas pelo 
contrário, está vinculado a alguma atividade realizada pelo particular. Se por 
exemplo João compra uma casa, surge aí o fato gerador do Imposto de 
Transmissões de Bens Imóveis - ITBI (uma das espécies de impostos 
municipais) e consequentemente a necessidade de seu pagamento. 
As taxas e as contribuições, por sua vez estão vinculadas a alguma prestação 
pecuniária e só poderão ser utilizadas pelo gestor público em casos 
específicos. 
Também o imposto poderá se classificar das mais diversas maneiras, dentre as 
mais populares podemos citar as seguintes: 
Fiscais e extrafiscais; 
Diretos e indiretos. 
Pessoais e reais. 
Os impostos fiscais são aqueles em que sua finalidade é basicamente 
arrecadar para o Estado, enquanto que os extrafiscais são aqueles utilizados 
quando o gestor público busca regular a atividade econômica e de mercado do 
seu país. A título de exemplo podemos citar o Imposto de Renda - IR como um 
tributo nitidamente fiscal e o Imposto sobre Operações Financeiras - IOF como 
sendo uma espécie de tributo extrafiscal. Por outro lado, o imposto direto é 
aquele pago diretamente por quem realizou o fato gerador, ou seja, a carga 
tributária é suportada diretamente pelo contribuinte, enquanto que no imposto 
indireto a carga tributária vai recair sobre outra pessoa, um terceiro e não 
aquela que agiu diretamente para a realização do fato gerador. 
Assim, como exemplo, podemos afirmar que o Imposto sobre a Propriedade 
Territorial Urbana - IPTU é um imposto direto e o Imposto sobre Produtos 
Industrializados - IPI é uma espécie de imposto indireto. 
Outra classificação que merece nossa atenção no estudo dos impostos é a sua 
divisão em pessoais e reais. Os impostos pessoais são criados para serem 
cobrados das qualidades pessoais do sujeito, lhe sendo atribuído um caráter 
subjetivo. Os impostos reais são aqueles ligados diretamente à coisa, deixando 
de lado as condições do agente passivo. 
O Imposto de Renda - IR é um exemplo de imposto pessoal e o Imposto sobre 
a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA é uma espécie de imposto real. 
2. Taxas 
Chegamos aqui a uma segunda espécie de tributo. Conhecida como taxa, 
trata-se de uma modalidade vinculada a uma atividade pública do Estado e não 
à qualquer ação de particular. Segundo determina o artigo 145, inciso II da 
Constituição Federal a fundamentação da cobrança de taxas pelo poder 
público está vinculada ao seu poder de polícia ou pela utilização dos serviços 
públicos. 
Podemos afirmar portanto que existem duas espécies de taxas, uma conhecida 
como taxas de polícia (de fiscalização) e outra como taxa de serviço (ou de 
utilização). O poder de polícia é uma prerrogativa garantida a administração 
pública para que ela possa limitar os interesses individuais em prol do interesse 
coletivo. Assim, esse poder é utilizado em âmbito tributário para a fiscalização 
além de ser responsável pela concessão de autorização ou licenças, por 
exemplo. 
De outro lado, temos a taxa de serviço, que segundo o autor Eduardo Sabbag, 
em sua análise do estudo do direito tributário esquematizado, afirma ser 
"cobrada em razão da prestação estatal de um serviço público específico e 
divisível". 
Vale afirmar que dentro da taxa de serviço, existem dois critérios para que ela 
seja assim classificada, qual seja a especificidade e a divisibilidade, esses 
critérios podem ser estudados na análise do artigo 79 do Código Tributário 
Nacional - CTN, vejamos. 
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: (...) 
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de 
intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas; 
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de 
cada um dos seus usuários. 
3. Contribuições de melhoria 
O poder público, seja através da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, 
poderá cobrar um tributo conhecido como "contribuição de melhoria" àqueles 
proprietários de imóveis que foram valorizados com a realização da obra. 
Elas diferem-se das taxas pois aquelas correspondem à contraprestação de um 
serviço público enquanto que as contribuições fazem referência à realização de 
uma obra pública. 
4. Empréstimo compulsório 
Os empréstimos compulsórios estão presentes no ordenamento jurídico 
brasileiro desde a Constituição Brasileira de 1946. Atualmenteé possível 
identificá-los no artigo 148 da Constituição Federal que define a necessidade 
de cumprimento de alguns requisitos estabelecidos nos incisos seguintes. 
Trata-se de uma espécie tributária de competência exclusiva da União em que 
se faz necessária a edição de lei complementar para a sua utilização. Qualquer 
ente político que fizer empréstimos compulsórios estará adentrando em 
competência exclusiva da União e incorrerá em usurpação de competência 
tributária. 
No estudo do direito tributário podemos afirmar que existem duas 
possibilidades para a utilização dos empréstimos compulsórios, estes estão 
elencados dentro dos incisos I e II do artigo 148 e podem ser utilizados quando 
houver: 
I - despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública de guerra 
externa ou sua iminência; 
II - investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. 
5. Contribuições 
As contribuições são uma espécie bem distinta de tributos que inclusive já 
levantou bastante polêmica sobre a sua natureza jurídica. Segundo Sabbag, 
"são tributos destinados ao financiamento de gastos específicos (...) sempre no 
cumprimento dos ditames da política de governo". Na análise do que diz o 
artigo 149 caput da Constituição Federal, percebemos que tratam-se de 
instrumentos responsáveis por agir em determinadas áreas, cabendo associá-
lo como uma espécie de tributo parafiscal. 
Ainda na análise do mencionado artigo, podemos dizer que compete à União, 
instituir três espécies de contribuições, quais sejam: 
Contribuições sociais; 
Contribuições de intervenção do domínio econômico; 
Contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas. 
Embora a competência seja exclusiva da União (como disposto em seu caput), 
vale lembrar que existe uma exceção, prevista no parágrafo 1º do mesmo 
artigo, qual seja, os Estados, Distrito Federal e Municípios poderão instituir 
contribuições cobradas de seus servidores, para o custeio em benefício destes, 
do regime previdenciário de que trata o artigo 40 da Constituição.

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