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Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2013 Disciplina na modalidade a distância Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Créditos Reitor Ailton Nazareno Soares Vice-Reitor Sebastião Salésio Herdt Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Máximo Pró-Reitor de Ensino e Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitor de Desenvolvimento e Inovação Institucional Valter Alves Schmitz Neto Diretora do Campus Universitário de Tubarão Milene Pacheco Kindermann Diretor do Campus Universitário Grande Florianópolis Hércules Nunes de Araújo Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual Moacir Heerdt Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Gerente de Administração Acadêmica Angelita Marçal Flores Secretária de Ensino a Distância Samara Josten Flores Gerente Administrativo e Financeiro Renato André Luz Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão Roberto Iunskovski Coordenadora da Biblioteca Salete Cecília de Souza Gerente de Desenho e Desenvolvimento de Materiais Didáticos Márcia Loch Coordenadora do Desenho Educacional Cristina Klipp de Oliveira Campus Universitário UnisulVirtual Coordenadora da Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel Gerente de Logística Jeferson Cassiano Almeida da Costa Gerente de Marketing Eliza Bianchini Dallanhol Coordenadora do Portal e Comunicação Cátia Melissa Silveira Rodrigues Gerente de Produção Arthur Emmanuel F. Silveira Coordenador do Design Gráfico Pedro Paulo Teixeira Coordenador do Laboratório Multimídia Sérgio Giron Coordenador de Produção Industrial Marcelo Bitencourt Coordenadora de Webconferência Carla Feltrin Raimundo Gerência Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico Maria Isabel Aragon Assessor de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendonça Assessora para DAD - Disciplinas a Distância Patrícia da Silva Meneghel Assessora de Inovação e Qualidade da EaD Dênia Falcão de Bittencourt Assessoria de relação com Poder Público e Forças Armadas Adenir Siqueira Viana Walter Félix Cardoso Junior Assessor de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior Educação, Humanidades e Artes Marciel Evangelista Cataneo Articulador Graduação Jorge Alexandre Nogared Cardoso Pedagogia Marciel Evangelista Cataneo Filosofia Maria Cristina Schweitzer Veit Docência em Educação Infantil, Docência em Filosofia, Docência em Química, Docência em Sociologia Rose Clér Estivalete Beche Formação Pedagógica para Formadores de Educação Profissional Pós-graduação Daniela Ernani Monteiro Will Metodologia da Educação a Distância Docência em EAD Karla Leonora Dahse Nunes História Militar Ciências Sociais, Direito, Negócios e Serviços Roberto Iunskovski Articulador Graduação Aloísio José Rodrigues Serviços Penais Ana Paula Reusing Pacheco Administração Bernardino José da Silva Gestão Financeira Dilsa Mondardo Direito Itamar Pedro Bevilaqua Segurança Pública Janaína Baeta Neves Marketing José Onildo Truppel Filho Segurança no Trânsito Joseane Borges de Miranda Ciências Econômicas Luiz Guilherme Buchmann Figueiredo Turismo Maria da Graça Poyer Comércio Exterior Moacir Fogaça Logística Processos Gerenciais Nélio Herzmann Ciências Contábeis Onei Tadeu Dutra Gestão Pública Roberto Iunskovski Gestão de Cooperativas Pós-graduação Aloísio José Rodrigues Gestão de Segurança Pública Danielle Maria Espezim da Silva Direitos Difusos e Coletivos Giovani de Paula Segurança Letícia Cristina B. Barbosa Gestão de Cooperativas de Crédito Sidenir Niehuns Meurer Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública Thiago Coelho Soares Programa de Pós-Graduação em Gestão Empresarial Produção, Construção e Agroindústria Diva Marília Flemming Articulador Graduação Ana Luísa Mülbert Gestão da tecnologia da Informação Charles Odair Cesconetto da Silva Produção Multimídia Diva Marília Flemming Matemática Ivete de Fátima Rossato Gestão da Produção Industrial Jairo Afonso Henkes Gestão Ambiental José Carlos da Silva Júnior Ciências Aeronáuticas José Gabriel da Silva Agronegócios Mauro Faccioni Filho Sistemas para Internet Pós-graduação Luiz Otávio Botelho Lento Gestão da Segurança da Informação. Vera Rejane Niedersberg Schuhmacher Programa em Gestão de Tecnologia da Informação Unidades de Articulação Acadêmica (UnA) Palhoça UnisulVirtual 2013 Livro didático Design instrucional Ana Cláudia Taú (1 ª edição) Carmelita Schulze (4ª revista e atualizada) 4ª edição revista e atualizada Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Ana Luísa Mülbert Rodrigo Santana Edição – Livro Didático Professores Conteudistas Ana Luísa Mülbert Rodrigo Santana Revisão e atualização de conteúdo Miguel Garcia Junior Design Instrucional Ana Cláudia Taú (1 ª edição) Carmelita Schulze (4ª revista e atualizada) Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Jordana Paula Schulka Revisão Perpétua Guimaraes Prudêncio ISBN 978-85-7817-582-5 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2013 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 658.5 M92 Mülbert, Ana Luisa Gestão de serviços em tecnologia da informação : livro didático / Ana Luisa Mülbert, Rodrigo Santana ; revisão e atualização de conteúdo Miguel Garcia Junior ; design instrucional Ana Cláudia Taú, [Carmelita Schulze]. – 4. ed. – Palhoça : UnisulVirtual, 2013. 213 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7817-582-5 1. Gestão da produção. 2. Tecnologia da informação. I. Santana, Rodrigo. II. Taú, Ana Cláudia. III. Garcia Junior, Miguel. IV. Título. Sumário Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 Palavras dos professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 UNIDADE 1 - Os serviços e a área de Tecnologia da Informação . . . . . . . . . 17 UNIDADE 2 - Central de serviços de TI e gerenciamento do catálogo de serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 UNIDADE 3 - Gerenciamento de incidentes, problemas e cumprimento de requisição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 UNIDADE 4 - Gerenciamento de Configuração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 UNIDADE 5 - Central de serviços de TI e gerenciamento do catálogo de serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 UNIDADE 6 - A aquisição de serviços de TI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171 Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203 Sobre os professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205 Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . 207 Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213 7 Apresentação Este livro didático corresponde à disciplina Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação. O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância, proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a um aprendizado contextualizado e eficaz. Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, será acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual, por isso a “distância” fica caracterizada somente na modalidade de ensinoque você optou para sua formação, pois na relação de aprendizagem professores e instituição estarão sempre conectados com você. Então, sempre que sentir necessidade entre em contato; você tem à disposição diversas ferramentas e canais de acesso tais como: telefone, e-mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem, que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade. Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual. Palavras dos professores Caro(a) estudante, Este livro aborda conhecimentos que vêm sendo consolidados, de forma estruturada e amadurecida, há poucos anos. O entendimento da área de Tecnologia da Informação (TI) como uma prestadora de serviços está-se estabilizando. Dessa forma, passa a ser abordado também pelos currículos universitários, de modo a garantir sua sintonia com as mais modernas tendências de gestão. A organização da área de TI em torno de serviços e processos tem demonstrado bons resultados, de modo que práticas gerenciais, consideradas as melhores práticas nesta área, vêm sendo mapeadas, documentadas e disseminadas. Baseando-se nesses conhecimentos, este livro foi concebido. Para a formação de profissionais voltados à gestão e aplicação das tecnologias da informação nas organizações, é importante compreender amplamente quais são os serviços que a área de TI deve prestar às organizações para a geração de vantagens competitivas. A adequada estruturação desses serviços é também fundamental para alcançar este objetivo. É importante também estar em constante estudo, pois novas práticas de gestão de serviços de TI vão se desenvolvendo a todo o momento. Nesse contexto, o propósito do livro é introduzir os fundamentos essenciais para que você possa sintonizar-se com as práticas adotadas nas organizações mais modernas. Neste livro, você vai conhecer vários processos de gerenciamento dos serviços de TI. É importante que, ao avançar seus estudos, você observe que estes processos estão intimamente relacionados entre si. Então, o entendimento completo de cada um dos processos abordados demandará o estudo de todo o livro, e não apenas da unidade em que ele é abordado. 10 Universidade do Sul de Santa Catarina Na segunda unidade, por exemplo, abordaremos a Central de Serviços de TI. Esta central atua fortemente nos processos de gerenciamento de incidentes, gerenciamento de problemas e cumprimento de requisição, que são abordados na Unidade 3. Dessa forma, para compreender em profundidade o trabalho da Central de Serviços, você deverá estudar a Unidade 2, na qual ela é o objeto de estudo, mas também a Unidade 3, que define os processos que ela executa. O livro traz várias relações conceituais interligadas e, por isso, recomendamos que, ao estudar, você avance e retroceda nas unidades do livro sempre que julgar necessário. Ao terminar a primeira leitura do livro, volte e releia as unidades iniciais, pois terá melhor aproveitamento delas ao compreender a proposta global do livro. É nosso desejo que você faça bom proveito dos conhecimentos contidos neste material. Bom estudo! Professores Ana Luisa Mulbert, Rodrigo Santana e Miguel Garcia Junior Plano de estudo O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: � o livro didático; � o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA); � as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de autoavaliação); � o Sistema Tutorial. Ementa Conceituação de serviços. Os serviços prestados pela área de TI. Melhores práticas e padrões de gerenciamento de serviços de TI. Help-desk. 12 Universidade do Sul de Santa Catarina Objetivos da disciplina Geral Fornecer fundamentos essenciais para que o aluno possa compreender e sintonizar-se com as práticas adotadas em TI nas organizações mais modernas. Específicos � Compreender a área de TI como prestadora de serviços à organização. � Identificar os principais serviços prestados pela área de TI e a natureza desses serviços. � Compreender os principais processos e as práticas recomendadas para a prestação de serviços de TI com qualidade. � Desenvolver habilidades e competências para o gerenciamento de serviços de TI de forma madura, em todo o seu ciclo de planejamento, execução e controle. Carga horária A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula. Conteúdo programático/objetivos Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação. Unidades de estudo: 6 13 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 – Os serviços e a área de Tecnologia da Informação Nesta unidade, você vai compreender de que modo a área de TI pode ser vista como uma prestadora de serviços à organização e identificar as melhores práticas na gestão de serviços em TI e sua governança. Unidade 2 – Central de Serviços de TI e gerenciamento do catálogo de serviços Esta unidade apresenta o atendimento aos usuários – a Central de Serviços, suas características, funções e também os tipos de centrais que podem ser organizadas. Apresenta, também, uma descrição do processo de gerenciamento do catálogo de serviços, bem como quais são as principais atividades da Central e sua relação com os processos de gerenciamento de serviços em TI. Unidade 3 – Gerenciamentos de incidentes, de problemas e cumprimento de requisição Esta unidade define três importantes processos operacionais relacionados aos serviços de TI, que são o gerenciamento de incidentes, o gerenciamento de problemas e cumprimento de requisição. Unidade 4 – Gerenciamento de configuração Esta unidade descreve o processo de gerenciamento de configuração e seu relacionamento com os processos de gerenciamento de incidentes e problemas. Apresenta também a conceituação de itens de configuração e as características da base de dados de gerenciamento de configuração. 14 Universidade do Sul de Santa Catarina Unidade 5 – Gerenciamentos de mudanças e de liberação Esta unidade define o processo de gerenciamento de mudanças e seu relacionamento com outros processos de gerenciamento de serviços de TI. Define procedimentos e características importantes para a implementação de mudanças de modo seguro na infraestrutura de TI nas organizações. É abordado também, nesta unidade, o processo de Gerenciamento de liberação que está intimamente ligado ao Gerenciamento de mudança. Unidade 6 – A aquisição de serviços de TI Esta unidade apresenta práticas importantes para a aquisição de serviços terceirizados, bem como ferramentas e práticas úteis para a avaliação de propostas de serviços de terceiros. 15 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Agenda de atividades/Cronograma � Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus colegas e professor. � Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA. � Use o quadro para agendar e programar as atividadesrelativas ao desenvolvimento da disciplina. Atividades obrigatórias Demais atividades (registro pessoal) 1 Objetivos de aprendizagem � Compreender o que são serviços em Tecnologia da Informação (TI). � Compreender a relação entre processos e serviços em TI. � Identificar a utilidade da adoção das melhores práticas em TI e sua relação com a governança de TI. � Compreender a gestão de serviços em TI. � Entender a estrutura da ITIL. � Compreender o que é o ciclo de vida de um serviço. Seções de estudo Seção 1 O que são serviços de TI? Seção 2 Quais os serviços prestados pela área de TI? Seção 3 Os serviços e os processos Seção 4 Melhores práticas em serviços de TI Seção 5 ITIL e o ciclo de vida de um serviço Seção 6 A governança de TI Seção 7 Os processos do modelo ITIL UNIDADE 1 Os serviços e a área de Tecnologia da Informação 18 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo A Tecnologia da Informação, que, neste livro, é indicada pela sigla TI, tem crescido em importância para as organizações modernas. Cada vez mais, afirma-se que os recursos de TI são importantes para gerar competitividade para as organizações. Eles se tornam, portanto, um dos elementos centrais na gestão de uma organização dependente de tecnologia. A área de TI deve garantir que tudo que é feito em termos de TI seja em função da estratégia de negócio da organização em que está inserida e traga a esta retorno em termos de geração de valor nos seus resultados. A TI não se restringe apenas a equipamentos (hardware), programas (software) e comunicação de dados; é muito mais que isso. São processos e pessoas comprometidas com a execução desses processos. Esse cenário exige que tal área seja bem administrada, não somente em seus aspectos técnicos, mas também pela ótica da organização e de seus processos administrativos. São as tecnologias e processos associados que gerarão os produtos e serviços de TI esperados pela organização. Para isso, é bastante útil adotar uma visão da área de TI como prestadora de serviços. Podemos considerar, também, que muitos dos serviços de TI prestados às organizações são fornecidos por terceiros, os quais devem, também, conceber a organização usuária como sua cliente. Quanto mais dependente de tecnologia o cliente for, mais necessitará de serviços confiáveis e de qualidade. Você verá que, devido a esse contexto, cada vez mais cresce a tendência de gerir as tecnologias da informação por meio de uma visão de serviços, na qual os processos de trabalho são devidamente desenhados e controlados. Apesar de a área de TI ser relativamente nova em comparação com outras áreas de conhecimento, hoje já existem diversas práticas consagradas para a gestão de seus serviços. Sendo assim, você iniciará, nesta unidade, seu contato com esta visão de serviços no que se refere à tecnologia da informação. 19 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 Seção 1 – O que são serviços de TI? Para começar a compreender a área de TI como prestadora de serviços às organizações usuárias de tecnologia, torna-se necessário compreender o que é um serviço. Serviço é toda atividade desenvolvida em algum campo de atuação que visa a produzir, executar ou desenvolver algo, e que visa a atender a necessidade de indivíduos ou organizações. Apesar de muitas organizações estarem focadas no desenvolvimento de produtos, em geral, elas prestam também diversos tipos de serviço. Há aquelas que são essencialmente prestadoras de serviço, como bancos, agências de turismo, transportadoras, escolas etc. Mas mesmo os setores econômicos chamados de indústria e comércio prestam alguns serviços a seus clientes; este é o caso, por exemplo, de uma indústria que presta serviços de assistência técnica e garantia de produtos. Raras são as organizações que trabalham somente com produtos e que não têm algum serviço associado a eles. Há algumas cujo foco em serviços é mais intenso, mas, em geral, todas as organizações prestam algum tipo de serviço. Além dos serviços prestados aos clientes externos de uma organização, podemos estender também o conceito de prestação de serviços aos clientes internos, ou seja, de setores de uma organização que prestam serviços a outros pertencentes a ela mesma. Esse é o caso da área de TI. Portanto: A área de TI é um setor da organização que presta serviços aos demais setores usuários de tecnologia. Dessa forma, os usuários de tecnologias de uma organização podem ser entendidos como os clientes da área de TI desta. 20 Universidade do Sul de Santa Catarina Pode, também, ocorrer que a área de TI seja prestadora de serviços para o cliente externo, quando a organização oferece serviços com o uso de tecnologia a seus clientes. Imagine, por exemplo, um banco que presta serviços de informações a seus clientes via internet. Este tipo de organização precisa ter serviços de suporte para o uso desse recurso, o que irá envolver a prestação de serviços de TI diretamente ao cliente externo do banco. Se entendermos que as ações empresariais dependem cada vez mais da tecnologia da informação, então os serviços de TI são atividades-meio cada vez mais críticas para a manutenção, ou mesmo para a melhoria do desempenho organizacional. Isso é ainda mais crítico em organizações cujos produtos e processos contêm muita informação. Assim, a gestão desses serviços torna-se fundamental para garantir um bom desempenho de toda a organização. Por isso, uma forte tendência, hoje, na gestão da área de TI, é focalizar essa área como uma prestadora de serviços à organização. A visão da área de TI como prestadora de serviços constitui uma mudança de paradigma, pois na gestão tradicional da TI o foco estava basicamente na tecnologia propriamente dita. Nela, o pessoal de TI estava preocupado em fazer a tecnologia funcionar. Nessa nova visão, o foco está no cliente, ou seja, no usuário da informação. Então, as atividades de TI passam a ser influenciadas pelo ambiente externo ao departamento de TI, visto que a maior preocupação não é mais a tecnologia em si, e sim a satisfação do cliente/usuário da tecnologia e dos resultados que ele poderá obter a partir de seu uso. Nessa linha de raciocínio, podemos definir os serviços de TI como: 21 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 Um meio de entregar valor para os clientes, facilitando, desta forma, os resultados que eles desejam atingir, sem que envolvam riscos e custos específicos. (BON, 2008). Um serviço de TI que gera valor precisa ter utilidade e garantia. A utilidade de um serviço é o que o cliente recebe e se relaciona com o propósito ou sua adequação a este. A garantia de um serviço corresponde a como o cliente recebe a garantia de que o serviço atende a determinadas especificações e está adequado para o uso. A utilidade aumenta a performance média e a garantia reduz a variação da performance. Antes de você se aprofundar nos estudos sobre os tipos de serviço de TI, veja, a seguir, quais são as características inerentes a qualquer tipo de serviço. A compreensão das características dos serviços é fundamental para que você depois compreenda as características que são inerentes a serviços de TI. De acordo com Las Casas (1999) e Silva et al. (2006), os serviços podem ser caracterizados da seguinte maneira: � Intangibilidade: serviços são intangíveis, abstratos e imateriais. Essa característica torna difícil ou até impossível a experimentação, o teste ou a inspeção antes de seu consumo. Como consequência, é mais difícil avaliar seu resultado. � Heterogeneidade: refere-se à dificuldade em manter um serviço constante, porque ele é muito influenciado pelo indivíduo que o executa. Um serviço prestado com qualidade não garante que esse serviço terá a mesma qualidade quando novamente realizado. Esse aspecto torna difícil a sua produção com a uniformidade típica de uma produção industrial. � Inseparabilidade:a produção e o consumo de um serviço são inseparáveis e simultâneos, por isso não podem ser estocados como bens de consumo. Além disso, o cliente do serviço está presente, ativa ou passivamente, durante a prestação do serviço. Essa característica torna impossível controlar a sua qualidade antes de seu fornecimento. 22 Universidade do Sul de Santa Catarina Essas características imprecisas e sem controle absoluto sobre os serviços fazem com que os clientes de TI procurem reduzir as incertezas, buscando sinais de qualidade por meio da análise dos seguintes aspectos: � organização fornecedora; � qualidade das comunicações estabelecidas com ela; � sua postura no momento da negociação do serviço a ser prestado. É importante ressaltar que muitos outros indicadores de qualidade podem ser levantados. Isso dependerá de cada circunstância. Com frequência, o serviço é primeiramente “vendido” ao seu cliente para depois ser produzido e consumido. Assim, a área de TI, para obter a credibilidade de seu cliente, deve buscar dar sinais de maturidade e profissionalismo em todas as suas ações, mesmo antes da efetiva prestação do serviço. A criação dessa imagem de maturidade perante seus clientes pode contribuir para a eliminação de barreiras de resistência dos usuários, tornando-os mais positivos e comprometidos com os projetos de TI. Esperamos que, até aqui, tenha ficado clara a natureza dos serviços. Mas quais são, afinal, os serviços prestados pela área de TI? Seção 2 – Quais os serviços prestados pela área de TI? Para identificar os serviços prestados pela área de TI, é preciso pensar nas atribuições que ela tem na organização ou nas funções exercidas por terceiros nessa área. 23 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 As atividades principais da área de TI estão relacionadas ao desenvolvimento e manutenção de sistemas, ao suporte de microinformática, de produção dos sistemas, à infraestrutura e às atividades de planejamento e gestão. Laudon e Laudon (2007), de modo abrangente, definem os serviços de TI em grandes grupos. Acompanhe. � Serviços de manutenção das plataformas computacionais: correspondem aos serviços que garantem que os diversos dispositivos computacionais de propriedade da organização, desde computadores de grande porte a laptops e notebooks, sejam mantidos em pleno funcionamento. � Serviços de telecomunicações: são aqueles que fornecem conectividade de dados, voz e vídeo entre funcionários, clientes e fornecedores que fazem uso desses recursos. � Serviços de desenvolvimento e suporte de aplicações: correspondem às atividades de construção e manutenção das aplicações de negócio, como, por exemplo, sistemas ERPs, sistemas gerenciais, sistemas CRM etc. � Serviços de gestão das instalações físicas: são responsáveis por administrar e desenvolver as instalações físicas necessárias aos serviços de informática, telecomunicações e administração de dados. � Serviços de gestão de TI: correspondem ao planejamento e à organização da infraestrutura, à coordenação das atividades de TI, à administração dos gastos em TI, à gestão de projetos etc. � Desenvolvimento de padrões de TI: correspondem às atividades definidoras das políticas que determinam como a TI será empregada na organização. 24 Universidade do Sul de Santa Catarina � Serviços educacionais de TI: oferecem capacitação e treinamento aos usuários no uso dos sistemas corporativos e nos demais aplicativos. � Serviços de pesquisa e desenvolvimento em TI: correspondem às atividades de pesquisa em sistemas e tecnologias com vistas à inovação em TI na organização. Mais uma vez, observe que esses serviços podem ser prestados a uma organização tanto por sua área de TI interna quanto por fornecedores especializados. Diante de toda essa classificação de serviços de TI, segue uma reflexão interessante que você pode fazer sobre a natureza do software: Software seria apenas um produto? Ou ele pode ser considerado um serviço? Não existe uma resposta única a essa pergunta. Na prática, ele tanto pode ser um produto quanto estar fortemente associado à prestação de serviços. Como software, trata-se de um produto comercializado em pacotes e encontrado em prateleiras de lojas: é caracterizado como um bem que pode ser adquirido e utilizado como muitos outros. Todavia, há, também, organizações que licenciam o uso de seus sistemas informatizados e sua hospedagem em seus próprios datacenters e estão, assim, comercializando um direito de uso de um recurso, e não de um produto. Dessa forma, software pode ser o meio de viabilizar um serviço. Além disso, em sistemas corporativos, junto do software, há necessidade de realizar uma série de outras atividades que o complementam e que garantem que ele será corretamente implantado e utilizado. Nessa situação, o software precisa estar acompanhado de uma série de serviços complementares, que são fundamentais para sua implantação e funcionamento. Um datacenter é um repositório de dados e sistemas, no qual uma organização pode armazenar suas principais aplicações de dados fora de suas instalações. Dessa forma, ao invés de investir em infraestrutura, a organização contrata os serviços de uma empresa que, além da disponibilizar a capacidade de armazenamento e processamento desses dados, garantirá segurança, confiabilidade e outros parâmetros de qualidade previamente acordados sobre os mesmos. 25 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 Alguns exemplos de serviços relacionados à tecnologia da informação, que podem ser fornecidos por terceiros são: serviços de impressão, serviços de virtualização da infraestrutura de TI, serviços de armazenamento de dados, serviços para uso de aplicativos externos, serviços de consultoria, serviços de hospedagem de sites etc. Seção 3 – Os serviços e os processos De modo geral, a área de TI tem contribuído com as organizações não somente na automação de seus processos, mas também na própria redefinição de como esses processos são realizados. A atividade de modelar (e remodelar) processos vem sendo desenvolvida com frequência, com significativa participação dos profissionais de TI, pois, ao implantar novos sistemas que se utilizam da TI, frequentemente, é necessário, também, criar novos processos e/ou transformar processos antigos de trabalho em novas formas de trabalhar. Porém, a própria área de TI, por muito tempo, não trabalhou seus próprios processos internos de trabalho. Algo que lembra o ditado “em casa de ferreiro, espeto de pau”. Paradoxal, não é mesmo?! Recentemente, uma nova tendência apresenta-se: a organização e a padronização dos processos de trabalho da área de TI. Se a organização da área de TI for concebida somente por uma visão funcional (em que as diferentes funções dos setores de uma empresa sejam realizadas de forma independente, preocupando- se apenas com o cumprimento de sua tarefa), essa forma de estruturação pode não ser a melhor saída para prover serviços rápidos e ágeis. 26 Universidade do Sul de Santa Catarina É importante você observar que, quando cada uma das funções está apenas preocupada em cumprir a sua parte de uma tarefa, e não com a solução de um problema maior, por conta disso, perde-se a visão do cliente e dos resultados por ele esperados. Por outro lado, quando a área passa a ser estruturada também em torno de processos, as atividades tornam-se mais integradas e diferentes profissionais tornam-se mais comprometidos com a entrega de um serviço único, estruturado em torno de um modelo integrado de trabalho. Essa é uma visão menos hierarquizada e mais horizontalizada de trabalho. Processos atravessam horizontalmente o setor de TI, por isso é preciso identificar e aperfeiçoar as interfaces entre as subfunções existentes dentro dele. Veja, por exemplo, o caso de um pedido de suporte de TI pelo usuário. O cliente (usuário) manifesta um problema e a elenão importa exatamente quem lhe trará a solução ou de que natureza ela é. A solução pode demandar o envolvimento de várias subáreas de TI, como a área de sistemas e de redes ao mesmo tempo. A área de TI precisa ter, portanto, condições de diagnosticar e mobilizar, a partir de um pedido do cliente, os recursos e pessoas necessários para a solução do problema. Essa forma de organização funciona melhor quando os processos de trabalho são padronizados e integram as diferentes competências que se encontram reunidas no setor de TI. Nesse sentido, pense na seguinte questão: Qual a relação entre serviços e processos? É muito grande. Como os serviços são atividades abstratas e imateriais e também dependem dos indivíduos que prestam o serviço, a definição dos processos de serviço torna-se essencial para trazer maior controle e eficácia à prestação do mesmo. Dessa forma, a modelagem e desenho dos processos da área de TI tornam-se uma prática bastante saudável e recomendável. 27 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 Veja, na figura a seguir, uma representação gráfica de um processo de atendimento de suporte que integra o usuário, a central de atendimento, o supervisor de suporte, a equipe técnica e, até mesmo, um suporte externo terceirizado, caso necessário. Observe: Figura 1.1 - Processo de atendimento ao usuário Início Usuário Central de Serviços Supervisor Equipe TécnicaEspecializada Suporte Extrerno (Terceiro) Outros... Usuário reconhece di�culdade ou necessidade Abrir requisição de atendimento Consultar base de conhecimento Implementar solução e registrar Implementar solução e registrar Investigar e diagnosticar Implementar solução e registrar Investigar e diagnosticar Identi�car e encaminhar para especialistas Encaminhar para supervisor Encontrou solução? Encontrou solução? Encontrou solução? Sim Sim Sim Fim Não Não ... Não Fonte: Adaptado de OGC (2001). Observe que, ao desenhar o processo, ele será padronizado e uniformizado. Ou seja, todas as pessoas envolvidas nesse processo estarão com a mesma visão sobre ele, inclusive os usuários. É possível, portanto, a partir de seu desenho, identificar a interdependência entre as atividades (ou subprocessos). Trata- se de uma ferramenta de comunicação bastante objetiva e útil a todos os envolvidos. Para que se tenha sucesso na abordagem processual, cada processo precisa ter um dono responsável por sua definição, gerenciamento e demonstração de resultados perante a organização. 28 Universidade do Sul de Santa Catarina Um processo é formado por diversas atividades, e estas, por sua vez, são compostas por uma sucessão de tarefas. As atividades de prestação de serviços podem ser de vários tipos, desde as mais padronizadas e rotineiras até as atividades mais raras e, portanto, de difícil padronização. Neste sentido, Johnston e Clark (2002) destacam três tipos de processo de serviço. Acompanhe. � Rotineiros: são aqueles processos que envolvem atividades plenamente conhecidas e padronizadas. Estão comumente associados a operações frequentes e de grande volume. Por ocorrerem frequentemente, as atividades rotineiras são bem conhecidas e previsíveis, o que permite maior grau de planejamento e controle dos serviços a elas associados. Um exemplo de processo rotineiro é a preparação de uma estação de trabalho com instalação de sistema operacional e aplicativos gerais de uso da organização. � Repetidos: também envolvem atividades padronizadas, porém menos frequentes e rotineiras. Em geral, envolvem atividades mais complexas que as rotineiras. Podem exigir certo grau de reaprendizagem ou reajustamento quando ocorrem novamente, porque não fazem parte da rotina de trabalho. Um exemplo de processo repetido é o treinamento de um novo funcionário no uso do sistema corporativo (supondo que isso não ocorra com frequência) ou, então, a necessidade de configuração de uma máquina para uma finalidade específica de alguns tipos de usuários da organização. � Estranhos: envolvem atividades não padronizadas, que podem estar associadas a um projeto exclusivo ou inédito. Tendem a ser atividades menos eficientes, pois podem envolver experimentação e estudos prévios. Processos estranhos são mais difíceis de planejar e fazer estimativas, além de exigirem flexibilidade e adaptabilidade das pessoas e organizações para lidar com eles. Como exemplo de processos estranhos, podemos citar a implantação de um sistema ERP em uma organização que não possuía sistema similar. 29 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 Observe que, conforme a organização, o mesmo processo pode ser rotineiro ou estranho. Em organizações acostumadas a fazer implantações do mesmo sistema (por exemplo, os fornecedores desses sistemas), o processo pode tornar-se menos estranho do que em uma organização que nunca fez isso. Reflita! Pense em processos na área de TI que você conhece. Como eles podem ser classificados? Seção 4 – Melhores práticas em serviços de TI Segundo Laudon e Laudon (2007), as melhores práticas de um setor são as soluções ou métodos de resolução de problemas mais bem-sucedidos na consecução consistente e efetiva de um objetivo organizacional. Em geral, as melhores práticas são identificadas por empresas de consultoria, institutos de pesquisa, órgãos governamentais e associações setoriais. Na área de TI, por ser uma atividade relativamente nova, essas práticas têm-se consolidado mais recentemente a partir da experiência acumulada de diversas organizações na adoção de tecnologia. O amadurecimento de melhores práticas em TI gerou diversas propostas de recomendações como a ITIL (Information Technology Infra-structure Library), COBIT (Control Objectives for Information and related Technology), PMI (Project Management Institute) e diversas normas ISO (International Organization for Standardization), entre outras. A ITIL é uma biblioteca de melhores práticas para a gestão da TI com foco no cliente e na qualidade dos serviços de TI. Ela está sistematizada em diversos livros que compõem uma ampla base de conhecimento o qual envolve tanto as atividades operacionais de TI quanto as mais estratégicas. 30 Universidade do Sul de Santa Catarina Veja, no quadro a seguir, uma breve explicação sobre as melhores práticas da ITIL. Esses padrões, bem como a ITIL, vêm sofrendo adequações com o passar do tempo para, assim, acompanhar a evolução tecnológica. Por isso, já foram lançadas várias versões das recomendações ITIL. Mesmo assim, há certos fundamentos hoje considerados consolidados, como, por exemplo, a criação de uma central de atendimento ao usuário, a gestão dos ativos de TI, a gestão dos incidentes e problemas, a gestão da segurança, a gestão de mudança etc. ITIL O Reino Unido identificou que, apesar de muitos esforços estarem sendo direcionados para a redução de custos e riscos, inclusive o desenvolvimento de projetos com esse intuito, havia pouca informação disponível a respeito de como controlar os sistemas de informação a partir do momento em que eles eram implementados. Pesquisas mostravam, porém, que mais de 80% do custo dos serviços de informática estava relacionado ao dia a dia de sua operação e apenas 20%, ao estágio de desenvolvimento. Por esse fato, foi criada a Biblioteca de Infraestrutura de TI (tradução de Information Technology Infra-structure Library) pelo CCTA, um centro governamental para sistemas de informações. Essa biblioteca de infraestrutura é o mais acessível e estruturado modelo para atendimento de serviço de TI atualmente disponível. A ITIL considera todos os hardwares, softwares e telecomunicações sobre os quais a aplicação dos sistemas e serviços é desenvolvida e entregue. A biblioteca é formada por módulos que trazem as melhores práticas retiradas de empresas públicas e privadas. Para formá-la, foram dedicados vários anos de consultoria em empresasdo setor público, grandes empresas do setor privado e indústria de informática, fazendo dela o mais completo e acessível guia para gerentes de serviços de TI. A biblioteca se tornou, de fato, um padrão para gerenciamento de serviços de TI. Sem a TI, muitas empresas não funcionam e, sem qualidade em TI, essas empresas não funcionam bem. A orientação da biblioteca permite que as organizações tenham, no mínimo, um bom padrão de qualidade de serviços de TI. Os maiores resultados obtidos na utilização da ITIL estão nas melhorias dos serviços oferecidos aos clientes e na redução dos custos e riscos. Fonte: ITIL(2009). 31 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 Neste livro, abordaremos alguns dos conceitos dessas recomendações, sobretudo aquelas relacionadas ao suporte de serviços operacionais de TI. Não teremos, aqui, o compromisso de abordar o modelo ITIL completamente, pois isso exigiria muitos livros. Nossa finalidade é abordar algumas práticas fundamentais, que lhe permitirão aprofundamento futuro nessa área. Portanto, esta disciplina não pretende ser um treinamento ou curso de ITIL; tratará apenas da essência dessas melhores práticas. Dica! O domínio da ITIL e de outros modelos de gestão por melhores práticas, hoje, pode ser um bom diferencial para o profissional de TI, pois o mercado de trabalho tem valorizado muito os profissionais com o domínio desse conhecimento. Existem, inclusive, certificações que atestam o conhecimento do profissional nessas áreas. Veja as recomendações de como se aprofundar nisso no Saiba mais, presente ao final desta unidade. Seção 5 – ITIL e o ciclo de vida de um serviço Como citado anteriormente, ITIL vem do inglês IT infrasctructure library. Como o próprio nome diz, trata-se de uma biblioteca, um conjunto de livros que apresenta uma coleção de práticas para a gestão dos serviços de TI. Essa biblioteca é considerada um padrão e é adotada por inúmeras empresas no Brasil e no mundo. Não é de domínio público, pois foi desenvolvida pelo governo britânico e é de sua propriedade, representada pelo OGC (Office Government Commerce). É uma biblioteca não prescritiva, o que significa dizer que as recomendações contidas em seus livros não devem ser diretamente aplicadas em uma empresa: elas devem servir de inspiração e ser adaptáveis à realidade de cada instituição. 32 Universidade do Sul de Santa Catarina Falando um pouco sobre a história da ITIL, na década de 1980, a qualidade dos serviços de TI fornecida ao governo britânico levou a CCTA (Central Computer and Telecommunications Agency), hoje o OGC (Office of Government Commerce), a desenvolver melhorias em processos para tornar os recursos de TI mais eficientes e financeiramente eficazes para o governo britânico. Esse trabalho foi motivado basicamente por três fatores: � insatisfação com o custo e a qualidade dos serviços de TI fornecidos ao governo britânico; � dependência crítica do negócio em relação aos serviços de TI; � necessidade de interdependência de fornecedores. O foco era desenvolver uma biblioteca independente de fabricante, e isso resultou na ITIL (Information Technology Infrastructure Library). Essa biblioteca fornece descrição de práticas de TI, com processos cobrindo a maioria das atividades dos serviços de TI. A ITIL foi desenvolvida para ser baseada em processos e, ainda, ser flexível para ser adaptada em qualquer organização, independente de seu porte. Em resumo, a ITIL é um conjunto de práticas para a definição de processos necessários ao bom funcionamento de qualquer área de TI. A ITIL recomenda como devem ser tratados os principais processos para a gestão dos serviços de TI, promovendo uma abordagem de qualidade dos requisitos de negócio. Com o objetivo de identificar as práticas utilizadas, a equipe da CCTA iniciou os trabalhos, realizando um levantamento junto às empresas que são referência no gerenciamento de serviços. A equipe compilou todo esse trabalho em livros e, no final dos anos 1980, publicou a primeira versão da ITIL, que era composta por 33 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 40 livros. Durante a década de 1990, a estrutura da biblioteca e seus processos despertaram interesse de várias empresas de TI, porém o governo britânico decidiu não vender a biblioteca e transferiu o controle da ITIL para o OGC, substituindo o antigo CCTA. O OGC ficou responsável por desenvolver e manter a ITIL. O governo britânico não tinha, como foco, ganhar dinheiro com a ITIL e também não estava preocupado com a realização de treinamentos e sua divulgação pelo mundo. Dessa forma, em 1991, é criada uma comunidade para difundir essas práticas, conhecida com ITSMF, que possui um capítulo no Brasil. A partir de então, a ITIL começa a ser vista pelo mercado como um padrão e, em 2000, é lançada sua nova versão, chamada de ITIL V2. No ano de 2005, surge no Brasil a ISO 20.000, criada com base na BS 15.000, para certificação de empresas em gerenciamento dos serviços de TI. A ITIL V2 começa, então, a ficar desatualizada, motivando o desenvolvimento de uma nova versão. A implantação dos processos da ITIL é um bom começo para adquirir a certificação ISO 20.000. Em 2006, muitas empresas no mundo inteiro já adotavam as práticas da ITIL, e já existiam mais de 50.000 profissionais certificados. Com isso, o OCG criou o projeto ITIL refresh, com o objetivo de revisar as práticas descritas na ITIL. Foram convidados autores de empresas e universidades para desenvolver esta nova versão, que foi totalmente reescrita. Em maio de 2007, é lançada, então, a última versão, chamada de ITIL V3. Portanto, desde o seu lançamento, a ITIL passou por duas revisões, de onde surgiram a ITIL V2 e ITIL V3. A versão 2, considerada desatualizada, é formada por um conjunto de sete livros, como pode ser observado na figura a seguir. 34 Universidade do Sul de Santa Catarina Figura 1.2 - A estrutura das publicações da ITIL V2 Fonte: OGC (2006). Segundo o OGC (2006), esses livros ou módulos constituem o corpo da ITIL V2. Veja, abaixo, um pouco sobre cada um deles. � Entrega de serviços: neste livro, são descritos os serviços necessários ao cliente para dar suporte aos negócios deste, bem como o que é necessário para fornecer tais serviços. Trata dos gerenciamentos de: níveis de serviço, do financeiro para serviços de TI, da capacidade, da continuidade e da disponibilidade dos serviços de TI. � Suporte a serviços: neste livro, descreve-se como os clientes e os usuários podem ter acesso a serviços adequados para apoiar as atividades de negócio e como se suportam esses serviços. Cobre os seguintes assuntos: central de serviços, gerenciamento de incidentes, problemas, configuração, mudanças e gerenciamento de liberações. � Gerenciamento de segurança: neste livro, são descritos os aspectos de proteção das informações no que diz respeito à integridade, confidencialidade e disponibilidade. 35 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 � Gerenciamento da infraestrutura: neste livro, são abordados os processos da organização e as ferramentas necessárias para se tornar a infraestrutura de TI estável, junto às necessidades de negócio e com um custo aceitável. Os processos incluem o gerenciamento e a administração dos recursos necessários, da equipe, das habilidades e das qualificações exigidas. � Gerenciamento de aplicações: neste livro, descreve-se como gerenciar aplicações a partir das necessidades de negócio, passando por todos os estágios do ciclo de vida de uma aplicação. � Perspectiva de negócio: este livro serve como um guia aos gerentes de negócio, para que possam compreender as ofertas de serviços de TI. Aborda a continuidade de negócio, parcerias e terceirização. � Planejamento para implementar o gerenciamento de serviços: neste livro, são abordados aspectos relacionados ao planejamento, implementação e aperfeiçoamentodos processos de gestão dos serviços de TI em uma organização. Também são focados os aspectos culturais e de mudança organizacional. Como foi falado anteriormente, a versão 2 da ITIL é considerada desatualizada. É uma questão de tempo para as empresas começarem a aderir à versão 3, que traz uma nova visão: o serviço de TI só agregará valor para o cliente e para o negócio se for acompanhado pelo gerenciamento de serviços de TI ao longo de todo o seu ciclo de vida. (BON, 2008). As principais diferenças da ITIL V3 em relação à V2 são: � maior foco no valor para o cliente e para o seu negócio; � maior consistência na estrutura e nos processos; � orientação na seleção de ferramentas de apoio; � mostra mais como fazer; 36 Universidade do Sul de Santa Catarina � foco no valor do serviço para o negócio, durante todo o ciclo de vida do serviço; � a sua estrutura foi reduzida para cinco livros; � os processos estão organizados de acordo com as fases do ciclo de vida do serviço. Os livros que compõem a versão 3 são os seguintes: estratégia de serviço, desenho de serviço, transição de serviço, operação de serviço e melhoria de serviço continuada. A seguir, você irá conhecer como está estruturada a ITIL V3. Essa nova versão da biblioteca é composta por cinco livros, em que cada um representa uma fase do ciclo de vida do serviço. Essas fases são: � Estratégia de serviço . � Desenho de serviço. � Transição de serviço. � Operação de serviço. � Melhoria de serviço continuada. Fazendo uma analogia com o ciclo de vida do homem, a fase de estratégia consiste na concepção; a do desenho, na gestação; a da transição é o nascimento; a da operação é a vida; e a da melhoria continuada representa a maturidade. Por fim, o serviço morre na fase de estratégia, completando, assim, o ciclo de vida. 37 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 Figura 1.3 - O ciclo de vida de um serviço de TI Fonte: BON (2008). É na fase de estratégia de serviço que o serviço é planejado, as políticas e os objetivos do serviço são discutidos e é definido o valor que cada serviço deve entregar ao negócio. Essa fase é composta pelos seguintes processos: processo de estratégia de serviço, gerenciamento do portfólio do serviço, gerenciamento da demanda e gerenciamento financeiro. Na fase de desenho de serviço, o serviço é desenhado. Essa etapa preocupa-se particularmente com arquiteturas e padrões. É composta pelos seguintes processos: gerenciamento do nível de serviço, gerenciamento do catálogo de serviço, gerenciamento da disponibilidade, gerenciamento da segurança da informação, gerenciamento de fornecedor, gerenciamento de capacidade e gerenciamento da continuidade do serviço de TI. É na fase de transição de serviço que o serviço novo ou modificado é enviado para o ambiente de produção. Nela, a preocupação é com o plano de transição e testes, garantindo que toda documentação correspondente com este seja atualizada. Essa fase é composta pelos processos: gerenciamento de mudança, gerenciamento da configuração e gerenciamento de liberação. 38 Universidade do Sul de Santa Catarina Na fase de operação de serviço é que o serviço gera valor de fato ao negócio, trata do dia a dia do serviço. Essa etapa é composta pelos processos: gerenciamento de incidentes, gerenciamento de eventos, cumprimento de requisições, gerenciamento de problemas e gerenciamento de acesso. E, por fim, a fase de melhoria de serviço continuada é quando o serviço é avaliado e são identificadas as formas de melhoria do serviço. Corresponde ao processo de melhoria. O gerenciamento de serviços de TI objetiva prover um serviço de TI com qualidade e alinhado às necessidades do negócio. Esse gerenciamento de serviços de TI, segundo Magalhães e Pinheiro (2007), corresponde à integração entre pessoas, processos e tecnologias, componentes de um serviço de TI cujo objetivo é viabilizar a entrega e o suporte dos serviços de TI, focados nas necessidades dos clientes e alinhados às estratégias de negócio. A ITIL define gerenciamento de serviços como o conjunto de habilidades organizacionais especializadas para prover valor aos clientes na forma de serviços. Na prática, o gerenciamento dos serviços de TI é composto por um conjunto abrangente e integrado de processos. Agora que você compreendeu o que é a ITIL e o ciclo de vida de um serviço, pode entender melhor a importância do gerenciamento de serviços de TI dentro de uma empresa. Na próxima seção, você irá entender a governança de TI. Vamos em frente! Seção 6 – A governança de TI No contexto das melhores práticas em TI, tem-se fortalecido outro conceito igualmente importante que é o da governança de TI. Na literatura especializada, há várias referências aos modelos de melhores práticas como modelos de governança. De acordo com Weill e Ross (2006, p. 8): 39 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 Governança de TI consiste na especificação dos direitos decisórios e do conjunto das responsabilidades necessárias para estimular comportamentos desejáveis na utilização da TI. Com o aumento da complexidade das operações de TI e, ao mesmo tempo, da dependência que as organizações têm dela, manter o controle, ou seja, o governo sobre as estruturas de TI torna-se um desafio ainda maior. Com a existência de grandes estruturas de hardware e software e, também, de equipes de profissionais especializados nessa área, os custos tornaram-se cada vez mais elevados. A produtividade no uso desses recursos tornou-se uma forte expectativa das organizações. O planejamento e o controle dessa sofisticada área exigem a criação de estruturas e processos de decisão igualmente sofisticados. É nesse sentido que a governança de TI surge como uma contribuição para a organização da área de TI. Essa estrutura decisória é formada por especificações dos direitos decisórios na governança e consiste em definir quem pode tomar decisões sobre as questões de TI e como aquelas serão tomadas.. Em estruturas complexas, não é possível centralizar as decisões em apenas um ou poucos indivíduos. É preciso que, para cada tipo de decisão, esteja definido quem é a pessoa ou o grupo que decide sobre questões de TI. Por exemplo: quem (pessoa, grupo ou setor/órgão) deve decidir sobre aquisições de tecnologias? E, sobre políticas e estratégias de TI? Ou ainda, sobre sistemas aplicativos a serem implantados? Em organizações que possuem matriz e filiais, até que ponto as decisões serão centralizadas na matriz? Ou qual o grau de autonomia que uma filial pode ter na aquisição de tecnologias? 40 Universidade do Sul de Santa Catarina A definição dos direitos decisórios de uma organização possibilita responder a essas e outras questões. Então, esses direitos determinam o grau de autonomia e as responsabilidades dos indivíduos e áreas que devem decidir sobre questões relacionadas à TI. Alguns exemplos de estruturas decisórias podem ser os comitês executivos, comitês de TI, equipes de processos, comitês de aprovação de gastos etc. Esses comitês ou conselhos, normalmente, são grupos de gestores, do negócio e/ou da área de TI, que devem decidir sobre questões estratégicas de TI. Cada comitê deve ter definidos seus direitos decisórios e as questões sobre as quais deverá deliberar. Se retornarmos ao conceito de governança de TI apresentado anteriormente, veremos que a governança busca, também, a geração de comportamentos desejados. Mas, afinal, o que significa geração de comportamentos desejados? Um comportamento desejável está relacionado à expectativa que o nível estratégico tem em relação ao comportamento de membros e equipes da organização em relação à TI, ou seja, é o que os gestores de uma empresa esperam das pessoas e equipes dessa empresa em relação à tecnologia da informação. Para que esses comportamentos esperados ocorram, devem-se criar estruturas e processos que possibilitemalcançá-los. Veja, a seguir, alguns exemplos de possíveis comportamentos desejáveis, que podem revelar expectativas dos gestores da organização quanto à TI: � “esperamos que as áreas usuárias sejam responsáveis por seus próprios custos de TI”; � “desejamos que exista uma visão unificada das informações por todas as unidades de negócio da organização (matriz e filiais)”; � “deve haver promoção rápida de inovação em produtos baseados em tecnologia da informação”. 41 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 Observe que cada um desses comportamentos desejados pode gerar diversos desdobramentos. Se a área usuária torna-se responsável por seus custos em TI, então ela, naturalmente, desejará ter controle sobre eles e interferir nas tecnologias adotadas. Para isso, será, então, necessário ter processos e mecanismos de controle. Dica! Se a expectativa é que todas as unidades do negócio tenham visão unificada das informações, será preciso que todas as filiais adotem os mesmos padrões de sistemas de informações, então os gestores das filiais desejarão, também, interferir nas decisões sobre esses sistemas. Observe que as expectativas estão, portanto, intimamente relacionadas com as estruturas decisórias e as práticas administrativas existentes na organização. Recomendamos, agora, que você volte a ler o conceito de governança de TI. É importante ficar claro que a governança não trata da decisão propriamente dita, e sim de uma estrutura que define como as decisões serão tomadas. A governança é, portanto, um conjunto de procedimentos, ações e formas de relacionamento estruturados, compreendidos por todos os níveis da organização (gestores, usuários e técnicos), para que se possa gerir e controlar os recursos de TI. Sua finalidade é garantir o alinhamento das ações de TI com as ações de negócio. Compreenda que a governança pode (e deve) variar conforme a organização. A cultura organizacional, sua história, a natureza de seu negócio, seu modelo de gestão, sua dispersão geográfica e outras características determinarão os arranjos da governança de TI. Em organizações mais conservadoras, a tendência é que as estruturas sejam mais centralizadoras e hierarquizadas. Em organizações em que a criatividade e inovação constituem 42 Universidade do Sul de Santa Catarina característica marcante, podem surgir estruturas menos centralizadas, em torno de equipes, que possibilitem melhores condições para a geração de novas ideias. Caberá aos gestores do nível estratégico da organização estabelecer esses arranjos. Reflita! Qual a relação entre as melhores práticas em serviços de TI e a governança? É importante você entender que a adoção de melhores práticas é uma forma de promover estruturas que vão modelar comportamentos esperados. À medida que processos e estruturas decisórias estão bem definidos, criam-se condições para o estabelecimento de uma eficiente gestão de serviços de TI e, como consequência, de uma boa governança de TI. Note que, se o processo de atendimento ao usuário de uma organização estiver bem definido e for comunicado a todos, os comportamentos em relação ao atendimento técnico serão mais bem dirigidos na linha das expectativas da organização. Segundo Weill e Ross (2006, p. 8), “sem estruturas de governança cuidadosamente projetadas e implementadas, as empresas deixam essa harmonia ao acaso”. As melhores práticas são, portanto, uma forma de assumir o controle e dirigir efetivamente as ações de TI. Reflita! Como são tomadas as decisões de TI nas organizações que você conhece? Existem grupos de trabalho? Existem procedimentos predefinidos? As decisões estão centralizadas e sob o controle do “chefe”? Responder a essas perguntas ajuda a identificar o tipo de governança existente na organização. Um gestor de TI poderá, com base nas respostas a essas perguntas, fazer um diagnóstico sobre como a TI é governada no ambiente. 43 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 Para finalizar esta unidade, veja, a seguir, os principais processos que serão abordados neste livro. Seção 7 – Os processos do modelo ITIL Alguns dos principais processos de gerenciamento dos serviços de TI já são considerados “melhores práticas” e estão se tornando cada vez mais conhecidos pelos profissionais de TI. A seguir, apresentamos uma síntese dos processos do modelo ITIL. Trata-se de processos da fase de transição e operação de serviços, que são os mais utilizados pelas empresas. Observe que esses processos estão intimamente relacionados entre si. Ao estudar cada um deles, você perceberá a relação entre eles. Por isso, para promover seu entendimento, é importante que tenha uma visão geral de todos eles. Acompanhe. Gerenciamento do catálogo de serviços O gerenciamento do catálogo de serviços tem por finalidade assegurar que o catálogo de serviços seja produzido, mantido e possua informações precisas sobre todos os serviços que estão em operação e, também, sobre aqueles que estão para entrar em operação. Gerenciamento de incidentes Este é o processo responsável pelo tratamento e resolução dos incidentes de TI, a saber, os eventos que não fazem parte do funcionamento padrão esperado nessa área. Esses incidentes provocam a interrupção de um serviço ou a redução de seu desempenho e qualidade. 44 Universidade do Sul de Santa Catarina A finalidade primordial do gerenciamento de incidentes é restaurar o funcionamento dos serviços no menor tempo possível, para garantir o funcionamento que se espera deles. Está diretamente associada a este serviço uma central de atendimento – chamada de Central de Serviços – que tem a finalidade de tratar os pedidos de suporte gerados a partir dos incidentes ocorridos e reportados. Gerenciamento de problemas O gerenciamento de problemas é o responsável pela solução definitiva das situações que afetam o bom desempenho dos serviços de TI. Um problema não deve ser confundido com um incidente, pois os conceitos são diferentes. Os problemas são a causa dos incidentes, os fatos geradores. Por exemplo: se um usuário relata o mau funcionamento de seu computador, o incidente está relacionado ao fato de ele não poder trabalhar, e a solução imediata para isso pode ser a substituição de sua estação de trabalho. Entretanto, pode existir um motivo gerador deste mau funcionamento, e este será o real problema. Poderá tratar-se, por exemplo, da existência de vírus na rede da organização. Nesse caso, o processo de gerenciamento de problemas deverá garantir que irá providenciar uma solução definitiva para que o computador do usuário e toda a rede estejam livres de vírus. A solução do incidente será dada pela substituição da máquina, e a solução do problema virá dos procedimentos de segurança adequados para a extinção do vírus. Analisando o exemplo, você pode perceber a diferença entre esses dois processos: o gerenciamento de incidentes trata da solução imediata da dificuldade, para que o serviço volte a funcionar o quanto antes, enquanto que o gerenciamento de problemas trata da solução definitiva da situação, para que ela não se repita. 45 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 Cumprimento de requisição Também conhecido como solicitação de serviços, esse processo trata as requisições de serviço dos usuários durante todo o seu ciclo de vida. Fornece, também, um canal para que os usuários possam solicitar e receber serviços padronizados. Gerenciamento de configuração O gerenciamento de configuração, também chamado por “GC”, possibilita à organização controlar e gerenciar os componentes da infraestrutura como hardware, software, documentos, instalações físicas etc. Esses são elementos-chave para o gerenciamento dos serviços, pois cada serviço prestado pela área de TI pode estar intimamente ligado aos recursos e ativos de TI. O gerenciamento de configuração é parecido com um inventário dos recursos de TI, mas elevai além disso. O gerenciamento de configuração é o responsável pela sua base de dados, na qual são registrados os detalhes de todos os itens da infraestrutura, chamados de itens de configuração. Com base nos itens de configuração, pode-se controlar a mudança de seu estado sempre que algum evento provocar alguma mudança sobre ele. Se um item de configuração sofrer algum dano, seu estado deverá ser registrado como inoperante ou em manutenção, e o processo de gerenciamento de configuração deverá cuidar disso. Além disso, o GC poderá, também, prover uma série de informações gerenciais para o controle (auditoria) do patrimônio de TI da organização, contribuindo, assim, para a tomada de decisões sobre a aquisição e renovação do parque de equipamentos, sobre controles legais de licenças de software, sobre gastos com a infraestrutura de TI, bem como para avaliar o impacto para a organização, caso algum serviço seja descontinuado ou desativado. 46 Universidade do Sul de Santa Catarina Gerenciamento de mudança O gerenciamento de mudança tem a finalidade de garantir que qualquer alteração sobre os itens de configuração da infraestrutura de TI seja feita de modo planejado e autorizado. Nenhuma alteração pode ser feita sem passar por um controle e monitoramento. Para que uma mudança ocorra, é necessário assegurar que ela é realmente necessária ao negócio. Antes de implementar uma mudança, deve-se testá-la adequadamente e, ainda, garantir que, se ela apresentar algum erro, seja possível retornar à situação anterior, de modo a restaurar o serviço impactado por ela. Uma mudança pode ser desde algo simples, como a movimentação de um computador de um setor para outro, como a implantação de um novo software. Gerenciamento de liberação Esse é o processo responsável pela execução, propriamente dita, de uma mudança. É ele quem garante a qualidade do ambiente de produção, através de procedimentos formais para testes e instalação de novos softwares e hardwares. Enquanto o gerenciamento de mudança organiza o planejamento e a autorização de uma mudança no ambiente de produção, o gerenciamento de liberação executa o planejamento feito no gerenciamento de mudança. 47 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 Síntese Nesta unidade, você estudou, inicialmente, os fundamentos conceituais sobre os serviços de TI. Viu que os serviços de TI correspondem a todas as atividades que atendem a alguma necessidade, de pessoas ou organizações, relacionadas ao uso de tecnologias da informação e que são necessárias para o alcance de algum objetivo. Você também estudou que há uma forte tendência para que as ações de TI sejam organizadas em torno de processos e serviços, contemplando tanto o cliente interno quanto o cliente externo da organização. Nesse sentido, você pôde observar que é possível definir os serviços a partir de três principais características: intangibilidade (são bens abstratos e imateriais), heterogeneidade (podem mudar conforme quem presta o serviço) e inseparabilidade (produção e consumo ocorrem ao mesmo tempo). No que se refere à área de TI, você viu que esta é uma prestadora de serviços a uma organização. Entre os principais serviços, podem ser destacados: serviços de manutenção de plataformas computacionais, de telecomunicações, de desenvolvimento e suporte de aplicações, de gestão das instalações físicas, de gestão de TI, de desenvolvimento de padrões, de educação em TI e de pesquisa e desenvolvimento. Você também estudou que os serviços de TI devem ser padronizados na forma de processos de trabalho devidamente modelados e estudados. As atividades mais rotineiras são mais facilmente padronizáveis, ao passo que os processos repetitivos e os processos estranhos são de mais difícil padronização. Quanto às práticas em serviços de TI, você viu que as melhores são de especial utilidade para a definição de processos maduros e que podem conferir alta produtividade às operações de TI. 48 Universidade do Sul de Santa Catarina Você pôde notar que já existem diversas recomendações e normas disponíveis que auxiliam o entendimento e adoção dessas práticas, tais como as práticas recomendadas pela ITIL, Cobit, normas ISO, pelo modelo PMI etc. Conheceu um pouco da ITIL, que é uma biblioteca composta pelas boas práticas para o gerenciamento dos serviços de TI, promovendo uma abordagem de qualidade alinhada aos requisitos do cliente e do negócio. Você observou que o grande benefício apresentado na versão 3 da ITIL é o ciclo de vida do serviço, e conheceu o que é esse ciclo; nesse sentido, pôde estudar quais são as etapas que o compõem. Você estudou, ainda, que o conceito de governança de TI “consiste na especificação dos direitos decisórios e do conjunto das responsabilidades necessárias para estimular comportamentos desejáveis na utilização da TI”. A governança bem definida deverá definir quem toma as decisões e como indivíduos e grupos devem se comportar para alcançar os objetivos de TI. A definição da governança de TI é feita pelos gestores do nível estratégico da organização e dependerá, diretamente, de sua cultura e demais características. Por fim, você acompanhou uma síntese dos processos que serão aprofundados no decorrer deste livro. São eles: gerenciamento do catálogo de serviços, gerenciamento de incidentes, gerenciamento de problemas, cumprimento de requisição, gerenciamento de configuração, gerenciamento de mudança e gerenciamento de liberação. Atividades de autoavaliação Realize as atividades de autoavaliação e acompanhe as respostas e comentários ao final do livro. Para melhor aproveitamento do seu estudo, realize a conferência de suas respostas somente depois de fazer as atividades propostas. 49 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 1. Faça uma comparação entre produzir bens de consumo e produzir um serviço. 2. De que modo podemos analisar o software como um produto, como um serviço ou, ainda, como os dois? 3. Associe as colunas de modo a classificar se os itens são produtos ou serviços: 1. Produto 2. Serviço 3. Produto e serviço associados ( ) Software para edição de textos. ( ) Implantação de um sistema de informações de vendas por comércio eletrônico. ( ) Configuração de uma estação de trabalho para um usuário de TI. ( ) Desenvolvimento de um portal conforme as especificações do cliente. ( ) Treinamento de usuários. ( ) Prospecção de novas tecnologias. ( ) Sistema operacional Windows. ( ) Hospedagem de um site. 50 Universidade do Sul de Santa Catarina 4. Se a característica de inseparabilidade entre a produção e o consumo de um serviço torna-o impossível de ser controlado antes de ser fornecido, como se pode exercer algum controle sobre a qualidade dos serviços? 5. O que são melhores práticas? E como elas são identificadas? 6. Explique o que é Governança de TI. 51 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 1 7. Associe as colunas: 1. Gerenciamento de incidentes 2. Gerenciamento de problemas 3. Gerenciamento de configuração 4. Gerenciamento de mudança ( ) Processo que visa a catalogar todos os recursos da infraestrutura de TI e mantê- los atualizados em uma base de dados. ( ) Processo que visa a entender o motivo gerador de um incidente e resolver sua causa raiz. ( ) Processo que visa a garantir que qualquer alteração que afete os componentes da infraestrutura de TI seja autorizada e realmente necessária. ( ) Processo que é responsável pela solução imediata de dificuldades do usuário de TI e que a visa restaurar o quanto antes a utilização do serviço de TI. Saiba mais Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade, leia alguns textos complementares. Para compreender em maior profundidade o tema de governança de TI, recomenda-se o livro Governança de TI, de Peter Weill e Jeanne Ross. Esse livro é um clássico nessa área e explica, com profundidade,os princípios e mecanismos para a governança em TI. A ITIL já se tornou um padrão adotado por várias empresas. Leia o artigo da revista Info Corporate, “duas a cada três empresas adotam a ITIL”, disponível em < http://info.abril.com. br/aberto/infonews/052008/15052008-17.shl >. Isso demonstra que a ITIL já é uma realidade no mercado. Para compreender como obter certificações nos modelos de referência do ITIL, PMI e COBIT, basta pesquisar na internet as palavras-chave “certificação” e o nome do modelo. Há inúmeras páginas na internet sobre este tema. 2 Objetivos de aprendizagem � Compreender o conceito de central de serviços e sua importância na área de TI. � Reconhecer quais os benefícios de uma central de serviços. � Identificar os tipos de centrais de serviço existentes. � Compreender a postura dos atendentes de uma central de serviços. � Conhecer o processo de gerenciamento do catálogo de serviços. Seções de estudo Seção 1 O que faz a central de serviços? Seção 2 Sistema de gestão de atendimento Seção 3 Estruturas organizacionais da central de serviços Seção 4 Gerenciamento de catálogo de serviços Seção 5 Postura dos profissionais de atendimento UNIDADE 2 Central de serviços de TI e gerenciamento do catálogo de serviços 54 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Cada vez mais, os clientes e usuários têm aumentado sua exigência com relação à qualidade e ao desempenho na entrega dos serviços de TI. É provável que você já tenha a experiência de ser mal atendido(a) por uma central de atendimento e que seu problema tenha demorado demais para ser resolvido. Você, como usuário(a), deve ter ficado bastante insatisfeito(a) com o serviço prestado. Situações como essa acabam prejudicando a imagem da área de TI. Quando os usuários têm um problema, uma dúvida ou uma reclamação, eles querem ser atendidos rapidamente e, mais do que isso, querem que seu problema tenha uma solução definitiva. Porém, a área de TI muitas vezes não está estruturada para dar uma resposta rápida ao usuário e atendê-lo com a qualidade esperada. Para promover um atendimento de qualidade ao usuário, e, sobretudo, atender às reais demandas das organizações no suporte aos serviços de TI, devem-se desenvolver competências para estruturar e gerir uma central de serviços. Uma área de TI madura deve ser capaz de prestar serviços de excelência e primar pela qualidade. Nesta unidade, serão apresentados, de modo organizado, os conceitos e objetivos de uma central de serviços; os benefícios que ela pode trazer para uma organização de TI; e como ela pode facilitar a vida do usuário. Vamos adiante! 55 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 2 Seção 1 – O que faz a central de serviços? A central de serviços, também conhecida como Service Desk, é o principal canal de comunicação entre a área de TI e seus usuários. Ela interage com os usuários, recebendo seus chamados, registrando-os e fazendo o primeiro nível de atendimento, atuando como uma linha de frente entre o departamento de TI e as demais áreas da organização. A central de serviços de TI está inserida na fase de operação de serviços dentro do ciclo de vida de um serviço de TI. De acordo com Magalhães e Pinheiro (2007), a central de serviços é responsável pela primeira impressão que o departamento de TI irá passar aos seus usuários. E a primeira impressão que o usuário tem do departamento de TI é, muitas vezes, determinante. A central de serviços desempenha um papel fundamental na gestão dos serviços de TI, pois se relaciona com vários processos de trabalho. Esse setor garante que as solicitações dos usuários não se percam e sejam atendidas em conformidade com os processos definidos. A central de serviços visa a evitar que os usuários precisem contatar vários profissionais de TI para que sua solicitação seja atendida. A ideia é realmente separar, dentro de uma organização de TI, as pessoas que fazem suporte direto aos usuários e as demais pessoas que fazem o desenvolvimento das tecnologias ou a resolução de outros problemas. Ter uma equipe de suporte com foco no atendimento ao usuário acaba trazendo maior agilidade e qualidade ao atendimento prestado ao usuário, contribuindo, assim, para a organização dos demais esforços da equipe de TI. É importante você saber que todo atendimento da central de serviços deve iniciar com a abertura de um chamado. 56 Universidade do Sul de Santa Catarina Um chamado é um contato de usuário com a central de serviços para relatar uma falha no serviço, esclarecer uma dúvida ou para fazer uma requisição de um novo serviço. Todos os chamados devem ser registrados para fornecer métricas e indicadores para um melhor controle e gestão sobre o processo. O principal objetivo da central de serviços é dar suporte na entrega dos serviços de TI e facilitar a restauração de um serviço de TI o mais rápido possível, de modo que a interrupção no serviço tenha o menor impacto possível no negócio. Segundo Bon (2008), as principais funções de uma central de serviços são: � receber chamados dos usuários, atuando como ponto central de contato; � registrar e fazer o atendimento sobre os incidentes e requisição de serviços; � prover investigação e diagnósticos iniciais; � restaurar, sempre que possível, os serviços de maneira rápida e ágil. Para isso, é fundamental que a equipe esteja provida com ferramentas e informações, como a base de conhecimento e a base de erros conhecidos; � escalar incidente e requisição de serviço que não possam ser resolvidos dentro do tempo acordado; � informar os usuários sobre a situação e o progresso de suas solicitações; � gerenciar todos os incidentes desde seu início até o seu encerramento, mesmo que a solução dependa de equipes de fora da central de serviços; � monitorar o cumprimento dos acordos de nível de serviço estabelecidos; � colaborar na identificação de problemas; A base de conhecimento é uma biblioteca de soluções de problemas que, além de conter o registro dos problemas e dúvidas mais comuns dos usuários, tem também as soluções anteriormente utilizadas para resolvê-los. A base de erros conhecidos consiste no registro dos erros já conhecidos na infraestrutura da organização e para os quais já existe uma solução, provisória ou definitiva, anteriormente definida. 57 Gestão de Serviços em Tecnologia da Informação Unidade 2 � aumentar a satisfação do usuário, fazendo um atendimento com a máxima cordialidade possível; e � maximizar a disponibilidade dos serviços de TI. Importante! A central de serviços atua, dando o primeiro nível de atendimento e repassando aos especialistas de TI de segundo e terceiro nível apenas o que é realmente necessário. Deve estar equipada com ferramentas para a gestão do atendimento e informações, como erros conhecidos e bases de conhecimento, de modo a poder oferecer suporte o mais rápido possível. Antes de prosseguir, é importante definir o suporte de primeiro, segundo e terceiro nível. Acompanhe a explicação no texto a seguir. Suportes de primeiro, segundo e terceiro nível O suporte de primeiro nível é aquele que faz o primeiro atendimento ao usuário e busca, nesse momento, já resolver sua necessidade. Caso esse técnico não consiga resolver o problema, outro profissional, ou mesmo uma equipe, poderá ser mobilizado pela central de atendimento: esse será o suporte de segundo nível. Se, nesse nível, a solução não for encontrada, pode-se acionar um terceiro nível de suporte (e tantos níveis quantos forem necessários) para a investigação da situação. Dependendo da forma como é estruturada a área de TI, há organizações que optam por ter o suporte mais imediato, de primeiro nível, realizado por equipes internas; e os níveis mais avançados, por especialistas terceirizados. Por outro lado, há também organizações que terceirizam o seu suporte de primeiro nível para alguns dos seus
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