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VII. Obesidade e nutrição funcional - Parte II NCF 2021.1

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Nutrição
Nutrição Clínica Funcional
Profa. Me. Natalia Reis
Mestre em Ciências – UNIFESP
Aprimoranda do programa de Transtornos Alimentares – Ambulim IPq USP
Pós-Graduanda em Nutrição Clínica Funcional – UNICSUL
05/05
Obesidade e nutrição 
funcional
Parte II
ATD3 – 26/05
✓Preenchimento da teia: ATMS, Fisiologia e Função e Fatores de 
Estilo de Vida
✓Sistemas escolhidos para intervenção nutricional e sua justificativa
✓Estratégias nutricionais para restabelecimento do equilíbrio 
funcional dos sistemas
(principalmente dos 3 sistemas escolhidos)
• Estudo de caso: 
Preencha a Teia Metabólica (disponível no moodle) com 
estratégias nutricionais funcionais correspondentes à todos os 
sistemas destacados na teia a seguir:
Dores abdominais e 
flatulências; constipação
Dores articulares devido a sobrecarga 
ponderal
Resistência à insulina, 
hipercortisolismo, compulsão 
alimentar
Alergia alimentar, aumento da 
produção de citocinas pró-
inflamatórias
Disfunção mitocondrial, baixa 
oxidação de lipídios
Sistema de destoxificação prejudicado
Estresse físico 
e mental
Baixa 
autoestima
Dores abdominais e 
flatulências; constipação
Dores articulares devido 
a sobrecarga ponderal
Resistência à insulina, 
hipercortisolismo, compulsão 
alimentar
Alergia alimentar, aumento da 
produção de citocinas pró-
inflamatórias
Disfunção mitocondrial, baixa 
oxidação de lipídios
Sistema de destoxificação
prejudicado
Estresse físico 
e mental
Baixa 
autoestima
Prebióticos, probióticos, fibras 
e, talvez, glutamina
Redução da ingestão 
de ultraprocessados, aumento de 
alimentos in natura > CBA,
Redução de peso
Resistência à insulina: ômega 3, vitamina D
Hipercortisolismo: L-theanine,, Rhodiola rosea
Compulsão alimentar: tratamento psicológico, 
abordagem adequada, VitB, cromo, L-tirosina
ômega 3, vit complexo B, 
coenzima q-10, zinco, 
manganês
Nutrientes para fase I e II:
brássicas, chá verde, alho,
cúrcuma, alecrim, magnésio,
cobre, manganês, zinco,
molibdênio, selênio
Ácido fólico, colina,
Inositol, estratégias de empowerment 
Autocuidado
Dieta de rotação e/ou eliminação
Alimentos anti-inflamatórios
Cirurgia Bariátrica
Gastroplastia ou gastrectomia vertical (técnica de Sleeve):
• Estômago tem o seu fundo removido, adquirindo a forma cilíndrica; 
• Maior parte das células produtoras de são removidas
A técnica é puramente restritiva, pois não ocorre disabsorção intestinal.
Carvalho, 2015
Cirurgia Bariátrica
Bypass gástrico (gastroplastia em Y de Roux):
• O estômago grampeado forma uma bolsa ligada diretamente ao jejuno;
• Os alimentos não passam pelo duodeno, reduzindo drasticamente a absorção nutricional. 
• A grelina continua sendo produzida e direcionada para as vias normais. 
Produção de HCl é menor:
• Menor absorção de nutrientes e 
fármacos que necessitam de pH ácido
Deficiência de proteases, em virtude 
da menor secreção gástrica:
• Pode ocorrer desnutrição proteica
✓Hipoalbuminemia e anasarca
Cirurgia Bariátrica
✓ Suplementação de B12
Técnicas restritivas diminuem a produção de proteína R e fator extrínseco, por isso a 
absorção da B12 é prejudicada no íleo terminal.
Reposição de B12 deve ser feita quando os níveis séricos forem inferiores a 200 pg/ml:
• Injeção intramuscular (1.000 μg mensalmente) 
• Spray nasal ou sublingual (500 μg semanalmente)
Cirurgia Bariátrica
Ácido Fólico:
A absorção de ácido fólico pode ocorrer normalmente ao longo do intestino delgado 
caso haja técnica disabsortivas, por adaptação fisiológica
Por isso...
A deficiência de ácido fólico após a cirurgia bariátrica não está ligada ao seu processo absortivo, mas sim à outros fatores, como:
• Redução do consumo de fontes alimentares;
• Resultado da deficiência de vitamina B12 (necessária para a conversão do ácido metiltetrahidrofólico (forma inativa) em ácido 
tetrahidrofólico (forma ativa).
Deficiência de ácido fólico:
• 1.000 μg/dia de ácido fólico oral durante 1 a 2 meses
Prevenção:
• Suplementos que contenham 200% do valor diário recomendado, ou seja, 800 μg.
✓ Em mulheres, essa dose de prevenção pode também beneficiar uma eventual gestação no pós-operatório, embora a gravidez não 
seja recomendada nesse período.
Cirurgia Bariátrica
Ferro
• O ferro não heme requer pH ácido para ser reduzido da forma férrica
(Fe2+) para a ferrosa (Fe3+). 
• O ferro heme, por sua vez, mais solúvel, apresenta uma estrutura proteica que necessita sofrer ação 
das proteases presentes no suco gástrico
• A ingestão oral de ferro costuma diminuir após a cirurgia bariátrica devido à comum intolerância aos 
produtos cárneos
• Prevenção : 40 a 65 mg de ferro elementar por dia, disponíveis em 200 a 400 mg de sulfato ferroso 
ou fumarato ferroso. 
• Deficiências: 300 mg de sulfato ferroso ou fumarato ferroso 3 vezes ao dia, associados com vitamina 
C e frutooligossacarídeos para acidificação do meio e melhora da absorção.
✓ O ideal é que a suplementação seja na forma isolada, através de fórmulas manipuladas, por causa 
da competição absortiva.
Cirurgia Bariátrica
Cálcio
• Menor absorção em técnicas restritivas pela não acidificação do meio
• Suplementação: citrato de cálcio, não necessita de ácido gástrico para ser absorvido
✓ A maioria dos suplementos utiliza carbonato de cálcio
Vitamina D
• Absorção prejudicada em técnicas absortivas
• É necessária para a absorção do cálcio
• Prevenção: suplementar de 1.200 a 2.000 mg/dia de citrato de cálcio e de 400 a 800 UI de vitamina D. 
• Após o período pós-operatório de 8 semanas, pode sobrevir uma dose de manutenção de 500 mg/dia de citrato 
de cálcio em associação com 125 UI de vitamina D3 ou colecalciferol
Cirurgia Bariátrica
Objetivo nutricional vai além do aporte de calorias e porções alimentares 
reduzidas, devendo contemplar as necessidades peculiares a cada técnica 
cirúrgica. 
• Modular a microbiota intestinal por meio da introdução de probióticos, 
prebióticos e dieta anti-inflamatória constitui um recurso dietoterápico 
funcional para a prevenção de doenças decorrentes da intervenção cirúrgica:
Biomassa de banana verde, cereais integrais, alho, cebola, raízes de chicória e 
almeirão, alcachofra, aspargos, lecitinas de proteínas vegetais, beterraba, 
banana, bardana, tomate, mel, batata-doce, batata-yacon, dente-deleão e 
bulbos diversos
✓Cuidados nutricionais por toda a vida...
• Uma paciente de 27 anos, solteira, bancária, compareceu à consulta com o objetivo de melhorar seu 
desempenho na corrida, pois durante o exercício está sentindo fraqueza, cansaço e quando tenta fazer um 
treino mais longo no final de semana não consegue completar devido à fadiga. 
• Ela participa de um grupo de corrida que treina 3x/sem com duração de 1 hora aproximadamente. Nos finais de 
semana os treinos duram aproximadamente 2 horas. 
• Na anamnese, relatou fazer uso de omeprazol e de anticoncepcional. 
• Relatou beber pouca água e o intestino fica alternando entre constipado ou diarreia. 
• Apresenta muita distensão abdominal e flatulência. 
• O sono não é reparador, pois fica cansada ao longo do dia.
• Apresenta uma gordura localizada na região abdominal, que gostaria de perder. Apresenta uma alimentação 
inadequada, com o consumo de refrigerante e açúcar frequentemente, várias vezes ao longo do dia. 
Estudo de caso
Sinais clínicos:
• Fraqueza (sua queixa principal), 
• desânimo para o treino, 
• estresse no trabalho, 
• má digestão, 
• disbiose, 
• distensão abdominal, 
• constipação ou diarreia, 
• flatulência, 
• sono não reparador, 
• frequentemente doente.
Exames bioquímicos:
▪ Glicemia: 93 mg/dL
▪ Hemoglobina: 13,1 g/dL
▪ Vitamina B12: 150 pg/mL
▪ 25(OH)D3: 23,1 ng/mL
O que fazer?
• 1. Colocar o paciente na Teia de Integração Metabólica (modelo 
no moodle)
• 2. Estipular estratégias nutricionais para os 3 sistemas 
desequilibrados de sua escolha encontrados na Teia 
(pode utilizar a própria teia para escrever as estratégias)
Caso clínico
Próxima aula
Valerá pontinhossEstudo de caso
Os objetivos do estudo de caso apresentado são: 
• Utilizar a teia da nutrição funcional e o sistema ATMS para realizar a 
hipótese diagnóstica do paciente ;
• Aplicar intervenções nutricionais e de mudança no estilo de vida 
para melhorar os resultados do paciente; 
• Entender e aplicar os conceitos do tratamento centrado no 
paciente.
Importante: as orientações estabelecidas são específicas para o caso 
apresentado. Lembre-se que qualquer intervenção nutricional deve 
ser baseada na individualidade bioquímica de cada paciente
Informações iniciais
Principais sintomas e história atual 
• Paciente E.L.N, sexo feminino, 52 anos, obesa, com queixas de fadigas física, 
mental e emocional, estresse, depressão, insônia e constipação. 
• Queixa-se de flatulência excessiva e de dores abdominais pré-evacuatórias. -
Já tentou vários tipos de dietas que não funcionaram. Seu intestino funciona 
muito mal e faz uso diário de Luftal® (dimeticona – medicamento 
antiflatulência). 
• Também tem muitas dores epigástricas e, frequentemente, faz uso de 
omeprazol para aliviar a dor.
• É professora e não sente disposição para ir trabalhar.
• Tem dificuldade para se concentrar nas atividades intelectuais no período da 
manhã. Sofre grande pressão no trabalho e não gosta do que faz atualmente 
(ministra aulas para adolescentes de 15 a 17 anos numa escola pública).
• Toma muito café por achar que a bebida a deixa alerta durante o dia. Não tem 
antecedentes de outras desordens relacionadas à fadiga. 
• Pesa, atualmente, 110 kg. Relata ter ganhado muito peso depois da sua segunda 
gestação, que foi seguida de uma depressão pós-parto (sua filha está com 15 
anos).
• Tomou medicamento antidepressivo (cloridrato de sertralina) durante cinco anos. 
- Tentou iniciar uma atividade física quatro meses atrás, mas parou por sentir 
fortes dores no joelho e no calcanhar. Ficou muito irritada com essa situação.
História Pregressa
• Há seis meses, o cardiologista solicitou eletrocardiograma, que não 
apresentou alterações. 
• Na época, os resultados de seus exames de lipídios e glicose não estavam 
adequados (TG = 485mg/dl; HDL = 40 mg/dl; LDL = 174 mg/dl; Colesterol 
total = 250 mg/dl; Glicemia = 130mg/dl).
• Sempre apresentou crises de asma e foi tratada com diferentes tipos de 
broncodilatadores, como salbutamol, mesmo durante a gestação de suas 
filhas. Relata que sentiu muita flatulência com a utilização dos antibióticos. 
• Sente que sua asma piorou e está utilizando prednisolona por alguns meses. 
• Há três anos, um endocrinologista diagnosticou um hipotireoidismo subclínico
e indicou o uso de levotiroxina sódica, que a paciente continua tomando até 
hoje, mas sem resultados significativos. 
• Acha que está no climatério: ciclo menstrual está bem irregular há alguns 
meses, e começa a sentir fortes ondas de calor, especialmente à noite e 
durante a madrugada. - Nasceu de parto cesariano, e sua família morava 
próximo a uma refinaria de derivados de petróleo. 
• Histórico familiar 
• História familiar de ansiedade, depressão, infarto e constipação crônica.
• Medicações utilizadas atualmente 
• Luftal® (dimeticona), para melhorar as dores abdominais decorrentes da flatulência.
• A paciente também achava que melhorava a constipação, porém esse sintoma piorava cada dia 
mais. 
• Levotiroxina sódica, para o hipotireoidismo; 
• Prednisolona, para controlar as crises de asma; 
• Omeprazol, para melhorar as dores epigástricas. 
• Histórico social 
• Casada, porém tem baixa libido e está sempre estressada. Não fuma e não faz exercício por 
causa das dores no joelho e no calcanhar. Tem duas filhas, uma com 15 e outra com 20 anos.
Hábitos Alimentares
• Não toma café da manhã. Às 07h, antes de sair, toma duas xícaras de café 
“para acordar”. 
• No intervalo das aulas, por volta das 10h, sente fome e toma um copo de 
leite com café e come um pão francês com margarina. 
• Na hora do almoço, por volta das 13h, quando chega em casa, gosta de 
comer massas com molho branco ou arroz com feijão e algum tipo de carne.
• Tem intolerância ao consumo de frutas e vegetais crus e oleaginosas, pois 
sente muitos gases. Não gosta de legumes cozidos.
• Sente-se muito cansada e passa o resto do dia deitada, beliscando guloseimas como biscoitos 
recheados e refrigerante. 
• Bebe cerca de 1 litro de refrigerante por dia. Quase não toma água, pois relata não sentir 
sede.
• Tem a sensação de estar sempre com fome. 
• Não gosta de jantar e sempre opta por um lanche ou algum petisco. Frequentemente toma 
leite com café à noite, com bolacha do tipo “água e sal”.
• Sempre que sente fome, opta por tomar um copo de leite, porque ouve muito na mídia que o 
leite pode prevenir o aparecimento da osteoporose
Objetivos que o paciente almeja
• Emagrecer, chegando ao peso de 70kg
• Sentir-se mais bem disposta e melhorar a constipação.
O que fazer?
• 1. Colocar o paciente na Teia de Integração Metabólica (modelo no moodle)
• 2. Estipular estratégias nutricionais para todos os desequilíbrios encontrados na 
Teia (pode utilizar a própria teia para escrever as estratégias)
• 3. Definir quais o 3 sistemas estão mais desequilibrados funcionalmente para 
iniciar o tratamento
• Dividam-se em grupos (pode ser o da ATD2) e compartilhem conosco na aula que 
vem (12/05)
• Valerá 0.20 na ATD3
Referências 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
1. PASCHOAL, V.; NAVES, A.; DA FONSECA, A.B.B.L.; Nutrição Clínica Funcional: dos Princípios à Prática. São Paulo: VP editora, 2014. 
2. PASCHOAL, V.; MARQUES, N.; SANT’ANNA, V. Nutrição Clínica Funcional: Suplementação Nutricional. Volume II. São Paulo: VP editora, 2013. 
3. BAPTISTELLA, AB; Souza, MLR; PASCHOAL, V. Nutrição Funcional: Nutrientes Aplicados à Prática Clínica - São Paulo: Valéria Paschoal Editora 
Ltda., 2018.- (Coleção Nutrição Clínica Funcional). 576p.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
1. CHAVES, D. F. S. Nutrição Clínica Funcional: Compostos Bioativos dos Alimentos. São Paulo: VP editora, 2015. 
2. COZZOLINO, S M. Franciscato. Biodisponibilidade de nutrientes. 5. ed. São Paulo: Manole, 2016. Livro. (1 recurso online). ISBN 9788520451113. 
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788520451113. 
3. PACHOAL, V.; BAPTISTELLA, A.B.; SOUZA, N. S. Nutrição Funcional e Sustentabilidade. São Paulo: VP editora, 2017. 
4. KOBLITZ, Maria Gabriela Bello. Bioquímica dos alimentos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. Livro. (1 recurso online). ISBN 978- 85-277-
1991-9. Disponível em: http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/978-85-277-1991-9. 
5. CUPPARI, L. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar - Nutrição - Nutrição Clínica No Adulto - 3ª Edição. Ed.Manole, 2014

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