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Direito Penal → Dos Crimes Contra a Administração Pública Esses crimes contra a Adm Pública começam no Artigo 312 do CP. Antes de começar de fato, é necessário entender algumas denominações: 1. Crime Funcional: É o crime praticado por funcionário público contra a Administração Pública. Existem os crimes funcionais próprios e os crimes funcionais impróprios. 2. Crime Funcional Próprio: É a conduta proibida que só se configura enquanto crime, quando for praticada no âmbito da Adm Pública, se tirar o caráter da Adm Pública e trazer para o âmbito comum, deixa de ser uma conduta proibida. Cabe a desclassificação do delito. 3. Crime Funcional Impróprio: É a conduta proibida tanto no âmbito da Adm Pública, quanto fora do âmbito da Adm Pública. 4. Comunicabilidade das circunstâncias judiciais: Obs: Artigo 30 do CP. A elementar do crime é quando tira a figura típica, ele não será mais o mesmo crime. Sempre que as circunstâncias ou caráter pessoal for das circunstâncias desse tipo, vai se comunicar autores e partícipes. Nesse caso, todos que vierem a cooperar/auxiliar o funcionário público a praticar o crime, responderam pelo mesmo crime, desde que saibam dessa condição do funcionário público. Sendo assim, eles respondem p-elo mesmo crime, comunicam-se entre os coautores e participes, desde que saibam dessa condição. Se eles não souberem, eles responderam pelo crime a parte e não o mesmo do funcionário público. 5. Princípio da Insignificância: Não se aplica o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública, pois nesses crimes não é o patrimônio que está sendo protegido, e sim a moralidade da Administração Pública. Pois, o que é analisado é a conduta do funcionário público com o objetivo de lesar a moralidade da Adm Pública. → Sumúla 599 STJ → Conceito de funcionário público para fins penais: 1. Quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 2. Funcionário Público por equiparação. (327, parágrafo 1º do CP). 3. Autarquias (INSS) 4. Sociedades de economia mista (Banco do Brasil) 5. Empresas Públicas (Correios) 6. Fundações Instituídas pelo Poder Público (FUNAI) 7. Causa de aumento de pena Sendo assim, funcionário público para fins penais não se restringe a apenas a aquele que fez concurso público. → Peculato Art. 312 – Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa. Bem Jurídico Protegido: é a moralidade da Adm Pública. Sujeitos: O sujeito ativo é crime próprio, é ser funcionário público, e o sujeito passivo é a Adm Pública ou aquele que teve seu patrimônio violado. Obs: Decreto – Lei 201/67 – Quando o peculato é praticado por prefeitos, aplica- se esse decreto e não o artigo do CP. Obs: Existe o peculato doloso e o peculato culposo, o que vamos trabalhar agora é o peculato doloso, que inclui o peculato- furto, o peculato apropriação e o peculato- desvio. Tipo Objetivo: a) Peculato-apropriação: é uma apropriação indébita praticada por funcionário público, ou seja, tem uma qualificação do sujeito ativo. É necessário que o funcionário público tenha a posse da coisa em razão do seu cargo. Ou seja, é necessário que a posse venha a se dar em razão do cargo. b) Posse lícita: A posse inicial deve ser lícita em razão do cargo, ou seja, ele deve ter as coisas na sua mão de forma lícita, a Adm Pública entrega a coisa nas suas mãos. E é depois que ele passa a agir como se fosse dono da coisa. Sendo assim, primeiro ele tem uma posse funcional e depois ele começa a exercer um domínio sobre a coisa pessoal. A posse tem que ser lícita porque se não for ilícita não será o crime de peculato. Ex: se ele se utilizar de fraude, não se caracteriza mais como crime de peculato, será enquadrado em outro crime. Não deve ser utilizado violência, fraude ou engano! Deve ser entregue de forma livre ao funcionário público em razão do seu cargo e de forma livre. Sendo assim, os requisitos para o peculato- apropriação são: posse em razão do cargo e posse lícita. Obs: Peculato-malversação: é quando o funcionário público pega coisa do particular que está sob proteção da Administração Pública para utilizar como se fosse dono. A utilização da coisa como se dele fosse. É uma forma de peculato- apropriação que é chamado de peculato- malversação. Obs: o bem imóvel não é objeto do peculato. Apenas os bens móveis, dinheiro ou valor. Obs: Peculato-Desvio: é a conduta praticada pelo agente que tem o poder de destinar a coisa, o dinheiro ou valor. Ao invés de ele destinar para a Administração Pública, ele destina para ele ou para terceiro. Não confundir com o peculato- apropriação, pois no peculato-apropriação o agente tem posse da coisa, e aqui nesse peculato ele tem a obrigação de destinação. No PECULATO-DESVIO o objeto material do crime, deve beneficiar o próprio funcionário público ou um terceiro. Se o desvio for em proveito da própria Administração, será outro crime, e não o de peculato. Será o crime descrito no Artigo 315 do CP (emprego irregular de verbas ou rendas públicas). Ex: se aquela verba especifica está destinada a Educação, não pode ser aplicada na cultura. Apenas na Educação, de acordo com a lei. Apenas em estado de necessidade é possível utilizar as verbas destinadas a uma coisa, em outra coisa, pois nesse caso é justificável, mas, caso seja injustificável, poderá o agente responder pelo crime do 315 do CP. Obs: Peculato-furto: Nesse caso, o tipo objetivo é SUBTRAIR. O Crime é subtrair ou concorrer para que outrem subtraia. Se caracteriza quando o funcionário público utilizando a facilidade do seu cargo, subtrai ou concorre dolosamente para que outrem subtraia. Se o funcionário não se utilizar pela facilidade proporcionada pelo seu cargo, não é peculato-furto. Objeto Material: O objeto material do peculato é restrito, recai sobre dinheiro. Ou seja, o objeto material do peculato é o dinheiro da Administração Pública, é o dinheiro público. Pode ser o dinheiro ou qualquer outro bem móvel. Lembrando que para o peculato deve ser a moeda corrente. → Não se pune o peculato de uso. Se ficar demonstrado no caso concreto que o agente não queria a coisa para si, ou não tinha animus sobre a coisa. Se ele queria apenas usar e restituir, e for provado isso, não pratica crime. → Pune a quitação de obrigação com a Administração Pública. Tipo Subjetivo: O crime é doloso. Consumação: No peculato-apropriação o crime será caracterizado quando ele passa a agir como se dono fosse, e acontece quando o agente nega devolver a coisa ou algo semelhante a recusa. Ela nega restituição ou dispôs da coisa. No peculato-desvio o crime se caracteriza quando o dinheiro é desviado para ele ou para terceiro. No peculato-furto, o crime está caracterizado quando o agente furta a coisa. → Peculato Culposo Art. 312, parágrafos 2º e 3º do CP: Parágrafo 2º. Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena – detenção, de três meses a um ano. Parágrafo 3º. No caso do parágrafo anterior, a reparação do ano, se processe a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. O peculato culposo é o único crime na modalidade culposa que é praticado pelo funcionário público contra a Administração Pública, todos os outros são dolosos. Se ele concorrer dolosamente para outrem, é crime DOLOSO, mas se ele concorrer culposamente, é crime CULPOSO. Existem alguns requisitos par que se caracterize crime culposo: a) Violação deum dever objetivo de cuidado: Ele só irá responder pelo crime se ele tiver a obrigação objetiva de cuidar daquele bem. b) Conexão com crime doloso de terceiro: é necessário que o agente concorra para o crime doloso de terceiro, ou seja, o comportamento deve ter sido irregular. c) Lesão ao erário: o mesmo objeto material do peculato doloso, é o mesmo objeto do peculato culposo. Então, a conduta dolosa de terceiro tem que ter relação com o objeto material. Se não tiver relação com o objeto material, o agente que teve um comportamento irregular não responderá culposamente pelo fato ocorrido. É necessário que a conduta de terceiro venha alcançar dinheiro, valor ou outro bem móvel público ou particular sob a guarda da Administração. d) Inexistência de vínculo subjetivo entre o funcionário público e o terceiro que agiu dolosamente. Reparação do dano: 1. Se antes da sentença irrecorrível o crime for reparado, haverá extinção da punibilidade. A reparação pode ser feita pelo próprio agente público ou por qualquer pessoa. 2. Se for após o trânsito em julgado, reduz pela metade a pena imposta. Acima está falando sobre a reparação do dano no peculato culposo. Obs: Existe reparação do dano no peculato doloso? O artigo 16 do CP, traz o arrependimento posterior. No peculato doloso a reparação do dano pode sim ter algum benefício, e esse benefício é o arrependimento posterior. Se essa reparação se der até o recebimento da denúncia. Se for depois do recebimento da denúncia, tem uma circunstância atenuante genérica, tem uma redução de pena. → Peculato mediante erro de outrem: Art. 313 – Apropriar-se de dinheiro ou de qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. É quando um particular está em uma falsa percepção da realidade, e esse particular entrega a coisa para ele, e quando ele vê que a coisa não era pra ele, ele mesmo assim, fica com a coisa. O particular acha que ele era o responsável por receber a coisa. Obs: Peculato-Estelionato (é a mesma coisa que peculato mediante erro de outrem; São chamados das duas formas) Obs: Só é considerado peculato, se a destinação específica de forma contínua para interesse particular. Bem jurídico tutelado: moralidade da Administração Sujeito Ativo: crime próprio – é o funcionário público que pratica Sujeito Passivo: A Adm e o particular Tipo objetivo: Apropriar-se. (ficar com a posse como se dela fosse dono(a).) Obs: O erro não deve ser provocado pelo funcionário público, se ele provocar o erro o crime será de ESTELIONATO. Mas se ele não provocar é o 313. Obs: Apesar de o crime se chamar peculato-estelionato, o crime deve ocorrer no âmbito da Adm Pública. Então se retirar o âmbito da Adm Pública (se a pessoa que recebe não for func. Público), desclassifica o crime tanto de ESTELIONATO como de PECULATO, será enquadrado no crime do 169 do CP. Modos de execução: Possui 3 formas: 1. Entrega de um bem quando não necessário 2. Entrega de bens mais valioso do que deveria 3. Entrega a funcionário diverso do que deveria É um CRIME DOLOSO, e é CRIME MATERIAL. → Concussão Art. 316 – Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena – Reclusão, de dois a doze anos, e multa. → Concussão x Corrupção: Na concussão ele EXIGE e na corrupção ele PEDE/SOLICITAR. São diferenciados pela forma que é imposto o nível de exigência do funcionário público. Núcleo do tipo: exigir. Sujeito ativo: crime próprio (func. Público) Obs: O particular pode praticar concussão, desde que em concomitância com o funcionário público. Em concurso de pessoas. Cabe coautoria e participação. Sujeito passivo: A Adm Público e o particular que está sendo prejudicado, que está no polo passivo da exigência. Tipo objetivo: impor, determinar, constranger alguém. Nesse crime, a vantagem pode ser de qualquer natureza, não precisa ser apenas de cunho patrimonial. Consumação: crime formal. Se caracteriza quando ocorre a exigência, então já se caracteriza o delito. Tipo subjetivo: crime doloso. → Corrupção Passiva Art. 317. Solicitar, ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Obs: É mais grave que o crime de concussão. Obs: A Corrupção ativa ou passiva, iremos estudar apenas aquela que se aplica no âmbito penal, pois existe corrupção em outros âmbitos, como por exemplo no âmbito sociológico, mas iremos estudar apenas o aspecto penal da corrupção passiva e ativa. Sujeito ativo: crime próprio. Sujeito passivo: A Adm Pública Obs: Exceção à teoria monista, porque apesar de as pessoas responderem ao mesmo fato delituoso, responderam por crimes diferentes. Haverá uma exceção à teoria monista no concurso de pessoas. Crime praticado entre particular e funcionário público, eles respondem por crimes diferentes, mesmo que ambos concorram para lesar a Adm Pública. Tipo objetivo: crime misto alternativo ou tipo de ação múltipla. a) Solicitar b) Receber c) Aceitar Obs: Receber o agrado/presente em favor de sua função, caracteriza crime. Quando não é em razão de sua função não há que se falar em crime. Tipo subjetivo: crime doloso Consumação: crime formal nos núcleos do tipo solicitar e aceitar. Mas atualmente, a doutrina vem seguindo um liame de que a consumação é crime material no núcleo do tipo receber. Causa de aumento de pena: aumenta de 1/3 quando o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional → Corrupção Passiva Privilegiada Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa. → Corrupção Ativa Art.333 – Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena- reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Parágrafo único – A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Bem jurídico tutelado: é a Administração Pública e sua moralidade, que quer tratar coisa pública como algo a ser negociado. Tipo Objetivo: Tipo misto alternativo (2 núcleos do tipo). O primeiro é oferecer vantagem indevida e o segundo é prometer vantagem indevida. Nesse crime é o corruptor ativo (particular) que vai oferecer a vantagem. É a conduta de quem quer corromper o funcionário público. Obs: é possível que existe a corrupção ativa sem a corrupção ativa, quando o particular oferece ou promete e o agente público não recebe e não aceita. é possível que existe as duas ao mesmo tempo também, mas para ocorrer as duas, é necessário que a conduta primária venha a partir do corruptor ativo (particular), e o func. público aceita, então está caracterizada a bilateralidade. É um crime de forma livre. É um crime formal. → Quando houver a bilateralidade (presença da corrupção ativa e passiva) haverá uma exceção a teoria monista do concurso de pessoas. Sendo assim eles não responderão pelos mesmos crimes, eles vão responder por crimes diferentes. Pode ser uma vantagem de qualquer espécie (mas tem que ter uma finalidade, que é: praticar, omitir ou retarda ato de ofício) para caracterizar o crime. Obs: PEDIDO DO PARTICULAR (PARTÍCIPEDA CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA). O particular que pede favor ao funcionário púbico não pratica crime de corrupção ativa, e sim aquele que OFERECE OU PROMETE. Aquele que quebra galho do func. público também não pratica crime de corrupção ativa, mas pratica crime de corrupção ativa privilegiada. Tipo Subjetivo: É crime DOLOSO, tem que ter o dolo com especial fim de agir. Deve ter a finalidade de corromper o funcionário público com a violação de um dever funcional. Sujeitos: O sujeito ativo é crime comum, praticado por qualquer pessoa. O sujeito passivo é a Administração Pública e o funcionário público. Consumação: Crime formal. Causa de aumento de pena: Quando os dois praticam o crime, há aumento de pena para ambos. Se em virtude da promessa ou da vantagem recebida o func. público viola o seu dever funcional haverá causa de aumento de pena, tanto para o funcionário tanto para o particular. → Prevaricação Art. 319 – Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa. É um crime subsidiário, ou seja, é menos grave. É um crime praticado por funcionário público para atender seu interesse pessoal. Sujeitos: O sujeito ativo é próprio, praticado por funcionário público, e o sujeito passivo é a Administração Pública ou terceiros que venham a ser lesados. Obs: prevaricação x corrupção passiva privilegiada: a prevaricação engloba quando viola a lei por interesse ou sentimento pessoal, quando não há interesse ou sentimento pessoal e cede a um pedido de outro, é corrupção passiva privilegiada. → A diferença estará no elemento subjetivo do tipo. Só haverá prevaricação se for contra disposição expressa na lei, se ele agir de acordo com a disposição expressa na lei não se caracteriza crime. Consumação: crime formal. → Resistência Art. 329 – Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio. Pena – detenção, de dois meses a dois anos. Bem jurídico protegido: a Administração Pública e o funcionário que está revestido da ameaça ou da resistência. Tipo Objetivo: é o núcleo do tipo OPOR-SE, ou seja, colocar obstáculos, ou apresentar objeção. É criar essa objeção mediante VIOLÊNCIA ou GRAVE AMEAÇA. É uma oposição qualificada negativamente pela violência ou grave ameaça. Obs.1: o momento da resistência (só caracteriza a resistência, se a violência ou grave ameaça no momento que o funcionário público está praticando o ato legal ou irá praticá-lo, no caso, está bem perto) sendo que a oposição é sobre o ato do funcionário público. se acontecer muito antes ou muito depois não é crime de resistência, e sim, crime de ameaça. Obs.2: não há crime de resistência se o ato do funcionário público for ilegal, se for ilegal a pessoa pode resistir, e não será crime. a legalidade formal é a lei prevista em lei e a legalidade material é a legal execução do previsto em lei. Obs.3: ato legal é diferente de ato injusto. Obs.4: ato legal e excesso de execução. se no começo do ato do funcionário público é um ato legal, mas depois há um excesso de execução, o ato começa a ser ilegal e não há que se falar em crime de resistência, caso a pessoa venha a resistir na exceção de execução. Obs.5: a violência tem que recair sobre a pessoa ou sobre o funcionário público que está praticando o ato legal, a resistência não pode ser contra coisas e objetos, e sim contra a pessoa. Sujeitos: Crime comum (sujeito ativo) e a Administração Pública e possível terceiro que estava prestando auxílio (sujeito passivo). Consumação: Crime Formal. Forma Qualificada: Resistência Qualificada. O crime do caput é crime formal, no entanto, se em virtude da resistência, o funcionário público não consegue praticar o ato legal, terá a resistência qualificada, se tornando crime qualificado. Concurso Material Obrigatório: O agente responde pela pena da resistência e pela pena da violência que poderá caracterizar lesão corporal ou homicídio. Caso o agente venha a causar mais danos para o funcionário público. Haverá o cumulo material das penas, as penas serão somadas. → Desobediência Art. 330 – Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena – detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. Sujeitos: o sujeito ativo é crime comum e sujeito passivo é a Adm Público ou quem irá oferecer auxílio. Tipo Objetivo: desobedecer Obs.1: a ordem do funcionário público deve ser direta e individualizada, e tem que ser uma ordem legal. Obs.2: tem que haver obrigatoriedade do atendimento da ordem, ou seja, o agente tem que cumprir a ordem, caso ele não cumpra, ele pratica crime. Obs.3: não há sanção especial ao descumprimento da ordem. Obs.4: aplica-se o princípio da última ratio ao crime de desobediência. só será aplicado o crime de desobediência se não houver uma sanção extrapenal para ser aplicada. Tipo Subjetivo: crime doloso Consumação: crime formal → Desacato Art. 331 – Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Bem jurídico tutelado: moralidade quanto a respeitabilidade da Administração. Sujeitos: o sujeito ativo é crime comum e o sujeito passivo é a Administração e o funcionário que foi desacatado. Tipo Objetivo: O objeto material é a honra funcional. E o núcleo do tipo é desacatar. → É desacatar no exercício ou em razão da função, funcionário público determinado, pluralidade de funcionários ou na presença de funcionário. Tipo Subjetivo: crime doloso. Consumação: crime formal. → Tráfico de Influência Art. 332 – Solicitar, exigir, cobrar ou obter para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único – A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua a vantagem é também destinada ao funcionário. Obs: cuidado para não confundir com estelionato. Pois no crime de tráfico de influência é o famoso “conversa furada”, ele engana e mente. Bem jurídico: é a moralidade da Administração Pública. Sujeitos: O sujeito ativo é crime comum, e o sujeito passivo e subsidiariamente a pessoa que foi enganada. Os sujeitos ativos podem ser o traficante de influência, particular que compra a influência ou funcionário público, que são considerados como sujeitos comuns e o funcionário público a ser supostamente influenciado é necessariamente inocente, que é o sujeito passivo. Existe um tipo de torpeza bilateral. Tipo Subjetivo: Esse crime é um crime de concurso necessário. Tipo objetivo: é um tipo misto alternativo Obs: a promessa não precisa ser só de dinheiro ou bens patrimoniais, pode ser qualquer coisa. Obs: o especial fim de agir, tem que ser com o pretexto de influir no exercício do cargo do funcionário público. Consumação: é um crime formal. 1. Denunciação Caluniosa Art. 339. Dar causa a instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente. Conceito: Trata-se da conduta do agente que imputa falsamente crime a outrem, dando causa a procedimentos que ferem a Administração da Justiça. Obs: não é para confundir denunciação caluniosa com calunia! Bem jurídico: é a proteção da Administração da Justiça. É um crime pluriofensivo. Objeto Material: Investigação do inquéritomaterial. Pode ocorrer também o processo judicial, de natureza civil ou penal. Núcleo do tipo: Crime de forma livre. Obs: o crime que o agente imputar a outro deve ser um crime determinado, deve ser a imputação de um fato determinado. Deve ter também a pessoa determinada ou determinável. Obs: A imputação deve ser falsa! Crime ou contravenção que não aconteceu, crime ou contravenção praticado por pessoa diversa, mas o agente disse que foi pessoa específica, crime ou contravenção mais graves da que realmente aconteceu. O fato deve ser típico, e não atípico. É um crime material. → Favorecimento Pessoal Art. 348 – Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena – detenção, de um a seis meses, e multa. §1º - Se o crime não é cominado pena de reclusão: Pena – detenção, de quinze dias a três meses, e multa. §2º - Se quem presta auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. É o crime daquele que dá fuga ao criminoso, ou seja, o crime daquele que ajuda o criminoso. Está de algum modo dando suporte ao criminoso depois que ele já praticou o crime, para que este não venha a ser alcançado pela autoridade pública. Conceito: auxílio prestado para que o autor de crime não seja alcançado pela autoridade pública, mediante a dissimulação do criminoso ou facilitação de sua fuga. Bem Jurídico: A Administração Pública. Tipo Objetivo: a) Autoridade Pública: Aqui não poderá ser enquadrado o Segurança de Shoppings. Apenas serão consideradas as autoridades públicas. b) Autor do Crime: O ajudante não pode estar ajudando qualquer pessoa, tem que estar ajudando o AUTOR DO CRIME. Ou seja, ajudando aquele que praticou o crime. c) Crime comissivo: tem que haver a ajuda ao autor. A omissão não faz parte desse crime, pois esse crime é mediante AÇÃO. d) Crime acessório, de fusão ou parasitário: para que exista o favorecimento pessoal, tem que ter um crime antecedente. O tipo penal cita o autor de CRIME, e não o autor de contravenção penal. Então se aquilo que foi praticado pelo agente foi atípico ou foi contravenção penal, não haverá favorecimento pessoal. A pessoa tem que ter praticado um CRIME. e) Sentença Absolutória: Se for instaurada uma sentença absolutória para o autor, não se poderá punir aquele que favoreceu. Ex: se o agente praticou um fato e depois for considerado inocente, não poderá punir por favorecimento pessoal aquele que o ajudou, pois, favorecimento pessoal é acessório. Obs: não confundir favorecimento pessoal com participação. Se os 2 agentes estão combinando a prática do crime, isso é considerado participação, mas houve a ajuda somente depois do crime praticado, é considerado favorecimento. A participação que é o concurso de pessoas, ocorre de forma antecedente ou concomitante a prática do delito, e o favorecimento pessoal vem depois. Obs: favorecimento pessoal e exercício regular de direito são coisas diferentes. Não há favorecimento pessoal se o ajudante recusa dar acesso a sua casa durante a noite. Tipo Subjetivo: Crime doloso. Consumação: Crime formal. Não necessita de resultado naturalístico. O crime já se caracteriza no momento que o agente auxilia na fuga. Figura Privilegiada: Está presente no parágrafo 1º do Art. 348 do CP. Se o crime for punível com detenção. Causa de Extinção de Punibilidade: Está presente no parágrafo 2º do Artigo. 348. Obs: Em relação ao companheiro ou companheira que presta auxílio. Nesse caso se utiliza os princípios penais, onde só cabe analogia in bonam partem, ou seja, só cabe analogia benéfica, por isso é possível a analogia entre cônjuge e companheiro/companheira, pois irá trazer um resultado benéfico para o agente. → Favorecimento Real Art. 349 – Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena – detenção, de um a seis meses, e multa. Art. 349 – A. Ingressar, promover intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal em estabelecimento prisional. Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Diferentemente do favorecimento pessoal, o favorecimento real presta auxílio para que se continue colhendo os benefícios do objeto do crime. No favorecimento pessoal o auxílio é para o autor do crime consiga de esquivar da autoridade pública, e no favorecimento real vai auxiliar para que o produto do crime venha a ter segurança ou se tornar seguro. Conceito: Auxílio efetuado com o propósito de tornar o seguro proveito do crime. Ou seja, ajudar o autor do crime a tornar seguro o proveito do crime dele. Tipo Objetivo: a) Não há escusa absolutória: Ou seja, aquela possibilidade do §2º do Art. 348, não irá existir nesse. b) Deve existir proveito do crime: é um crime parasitário/acessório, pois isso deve existir proveito do crime antecedente. c) Proveito do Crime: Pode ser proveito direto e imediato ou proveito mediato e indireto. Está relacionado com o objeto material do delito, ou seja, não necessariamente precisa ser um crime contra o patrimônio, mas precisa ter um proveito. d) Crime anterior: é necessário ter o delito antecedente. Obs: Favorecimento real e receptação não se confundem. Receptação é um crime contra o patrimônio, e favorecimento real é contra a Administração da Justiça. A grande diferença entre os dois é no dolo. Na receptação, o dolo do agente é ter a coisa para si ou para outrem, ele recebe/oculta o proveito do crime para si ou para outrem, e não par ao autor do crime antecedente. Já no favorecimento real o agente vai ocultar/esconder a coisa para o próprio autor do crime, para tornar seguro este proveito do crime para a satisfação do interesse próprio do autor do crime. Tipo Subjetivo: Crime doloso. Consumação: Crime formal. O crime já se caracteriza no momento que o agente ocultou/tornou seguro ou tentou tornar seguro o proveito do crime. → Coação no curso do processo Art. 344 – Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra a autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena – reclusão de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. É a ameaça dentro do processo para ter resultado útil no processo, ou seja, usar violência ou grave ameaça com um fim especial de agir. Bem Jurídico: é a Administração da Justiça. Núcleo do Tipo: Violência ou grave ameaça contra a autoridade, parte ou qualquer pessoa do processo. Objeto Material: 1. Autoridade 2. Parte 3. Toda e qualquer pessoa que participe do processo. Sujeitos: a) Sujeito Ativo: Crime comum, praticado por qualquer pessoa. b) Sujeito Passivo: diretamente é a Administração da Justiça, e indiretamente é a pessoa que sofre a grave ameaça ou a violência. Tipo Subjetivo: Crime doloso, mas requer um especial fim de agir, ou seja, a grave ameaça e a violência têm que ter uma finalidade específica. Essa finalidade especifica é favorecer interesse próprio ou alheio à causa que está sendo discutida no processo. Consumação: Crime formal, não necessita de resultado naturalístico. O crime já está caracterizado no momento que ocorrer a grave ameaça ou a violência. Obs: Haverá o concurso material obrigatório. O mais correto é ser chamado de “cumulo material obrigatório”. Ele não irá responder apenas pelo 344. Ex: Se o 344 foi praticado pelo agente com violência. Ele irá responder pelo 344 e pela violência, se por exemplo, elepraticou lesão corporal.
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