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TREINAMENTO FÍSICO P ág in a2 Faculdade de Minas Sumário TREINAMENTO FÍSICO ............................................................................................................. FACUMINAS ................................................................................................................................ 2 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 4 PESQUISA SOBRE A FORÇA MOTORA ........................................................................... 5 TREINAMENTO FÍSICO: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS E CIENTÍFICAS ................ 8 EXERCÍCIO FÍSICO, TREINAMENTO FÍSICO E O SISTEMA IMUNOLÓGICO ....... 11 TREINAMENTO FÍSICO MODERADO PRÉVIO A UM EXERCÍCIO FÍSICO INTENSO ............................................................................................................................................. 15 PERFIL DO ESTILO DE VIDA E AUTOESTIMA DA PESSOA IDOSA – PERSPECTIVAS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO FÍSICO ................................................................................................. 21 REFERÊNCIA: ....................................................................................................................... 26 FACUMINAS A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. P ág in a3 Faculdade de Minas A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. P ág in a4 Faculdade de Minas INTRODUÇÃO O exercício físico quando realizado regularmente é denominado treinamento físico. Treinamento é o conjunto de procedimentos tendentes a conduzir um ser humano ao máximo de suas possibilidades a fim de desenvolver progressivamente suas qualidades, tanto mentais como físicas. O treinamento esportivo está relacionado aos atletas e vem a ser: a prática de um conjunto de exercícios de uma forma progressiva, a ponto de melhorar a performance para uma competição, está diretamente ligado ao auto-desenvolvimento humano, com ganho de novas habilidades e conhecimentos pessoais. A intensidade do treinamento pode variar de acordo com a modalidade esportiva, mas em geral atletas de alto rendimento tendem a realizar períodos de treinamento intenso com o objetivo de melhorar sua performance esportiva. Um princípio básico da preparação dos atletas é o da especificidade de treinamento, isto é, o conhecimento a ser desenvolvido pelo preparador e técnico deve atender o que a modalidade realmente solicita como capacidades físicas para utilização em treinamentos. Deve possibilitar voltar as atenções para capacidades importantes como por exemplo força e velocidade. Consequentemente fortalece a ideia de maior qualidade e menor desgaste. No início do treinamento os músculos já começam a se modificar, mesmo que as alterações não sejam visíveis. A atividade ajuda a melhorar a postura e dá mais P ág in a5 Faculdade de Minas disposição em três ou quatro semanas. Com o tempo o corpo 'acostuma' com os exercícios. Será preciso aumentar a intensidade do treinamento gradativamente. PESQUISA SOBRE A FORÇA MOTORA A força motora é entendida como a capacidade que um músculo ou um grupo muscular tem de produzir tensão e se opor a uma resistência externa num determinado tempo ou velocidade. DELORME e WATKINS (1948) foram os primeiros a determinar a importância do treinamento com cargas progressivas para o aumento da força e ganhos hipertróficos na musculatura esquelética. Em 1962 o estudo clássico de BERGER recomendava o uso de séries múltiplas para promoção de ganhos significantes na quantidade de força, fator presente até hoje na organização de programas de treinamento. MORITANI e DEVRIES (1979) inauguraram um novo momento no treinamento de força ao elucidar as diferentes fases das contribuições neurais e hipertróficas na modificação da força muscular. Estes pesquisadores foram os primeiros a demonstrar que os ganhos iniciais na força são oriundos de adaptações neurais (aumento no recrutamento e sincronização de unidades motoras, diminuição na co-contração da musculatura antagonista, aprendizagem do movimento) sendo que o aumento na área de secção transversa passa a contribuir somente após 6-8 semanas de treinamento. P ág in a6 Faculdade de Minas A partir de 1978 KOMI e BOSCO investigaram exaustivamente por quase duas décadas a utilização do ciclo alongamento-encurtamento no treinamento de força para o desempenho e melhoria da potência muscular dos membros inferiores. Eles elevaram em um novo nível de entendimento a ideia de acúmulo e utilização de energia elástica divulgada por CAVAGNA, DUSMAN e MARGARIA em 1968. Atualmente o desenvolvimento do conhecimento científico relacionado ao treinamento de força tem se voltado ao estudo das diferentes formas de organização de programas de treinamento (periodização), do esclarecimento dos mecanismos responsáveis pelo aumento da área de secção transversa da musculatura esquelética (hipertrofia), dos efeitos dos diferentes tipos de contração, e da utilização do treinamento de força na melhoria da qualidade de vida da população de idosos. O simples fato de executar exercícios de treinamento de força não garante ganhos ótimos de força e hipertrofia. A efetividade de qualquer programa de treinamento está na aplicação correta de princípios científicos na sua organização. A organização dos programas necessita de um bom controle de variáveis como intensidade, volume, intervalo de recuperação e frequência de treinamento. Desta forma, algum tipo de “periodização” deve ser aplicado. No treinamento de força o termo periodização ganhou uma nova conotação. Tradicionalmente periodização significa a divisão do tempo total de treinamento em períodos específicos com o objetivo de obter o maior rendimento esportivo num determinado momento. Periodização aplicada ao treinamento de força adquiriu o significado de variação sistemática e planejada na distribuição da carga de treinamento. Seu objetivo principal é a otimização do princípio da sobrecarga na tentativa de causar sucessivas adaptações no sistema neuromuscular. Programas de treinamento de força periodizados resultam em maiores ganhos de força que programas não periodizados independente da utilização de séries simples ou séries múltiplas de exercícios (KRAMER, STONE, O’BRYANT, CONLEY, JOHNSON, NIEMAN, HONEYCUTT & HOKE, 1997; RHEA, BALL, PHILLIPS & BURKETT, 2002; WILLOUGHBY, 1991). P ág in a7 Faculdade de Minas Programas periodizados também são mais eficientes que não periodizados para promover maiores alterações na composição corporal (SCHIOTZ, POTTEIGER, HUNTSINGER & DENMARK, 1998) e no desempenho motor (salto vertical, habilidadesesportivas) (KRAEMER, RATAMESS, FRY, TRIPLETTMCBRIDE, KOZIRIS, BAUER, LYNCH & FLECK, 2000). Contudo, a periodização parece ser necessária somente a partir do momento em que o indivíduo adquire um certo nível de condicionamento de força (FLECK, 1999). Modelos de periodização linear e não linear ou ondulados são os mais investigados. O linear representa o modelo clássico de periodização com uma diminuição progressiva do volume com concomitante aumento da intensidade dentro dos ciclos de treinamento. Já o modelo não linear ou ondulado é caracterizado por alterações freqüentes (semanais ou até mesmo diárias) na intensidade e volume de treinamento (RHEA et al., 2002). Acredita-se que os programas de caráter ondulado colocam um maior estresse no sistema neuromuscular devido a rápida e contínua alteração dos estímulos. A investigação científica tem demonstrado que estes programas são mais eficientes para o aumento da força e da massa muscular (RHEA et al., 2002; RHEA, PHILLIPS, BURKETT, STONE, BALL, ALVAR, & THOMAS, 2003). Porém ainda não se sabe quais são os mecanismos responsáveis pelo maior aumenta da força e da massa muscular em treinamentos periodizados quando comparados com modelos não periodizados. Deve ser lembrado que a maioria dos estudos é de curta duração. Estudos futuros devem procurar prolongar o tempo experimental para detectar se o mesmo padrão de melhoria da força e aumento da massa muscular será encontrado com a evolução do condicionamento físico Independente do tipo de programa, um dos efeitos marcantes do treinamento de força é o aumento da área de secção transversa da musculatura esquelética ou hipertrofia muscular (ADAMS, CHENG, HADDAD & BALDWIN, 2004). A hipertrofia tem como função básica a produção de um músculo com maior capacidade de gerar força. Este efeito do treinamento de força já é conhecido há muito tempo, contudo, os mecanismos responsáveis por este fenômeno ainda não P ág in a8 Faculdade de Minas estão completamente esclarecidos. A hipertrofia é desencadeada por estímulos intensos de curta duração contra cargas de alta intensidade. O número de repetições e o intervalo de recuperação parecem exercer também um papel fundamental. Recentemente um estudo conduzido por HADDAD e ADAMS (2002) demonstrou a real necessidade do intervalo de recuperação de 48 horas para a repetição do estímulo de treinamento. Neste período de tempo fatores miogênicos associados a hipertrofia muscular estão no seu ápice e o organismo encontrasse apto para receber uma nova estimulação. Além disso, FARTHING e CHILIBECK (2003) encontraram que o treinamento de força com contrações excêntricas de alta velocidade é mais eficiente para aumentar a hipertrofia muscular quando comparado com treinamentos com contrações concêntricas de alta a baixa velocidade. A combinação de contrações excêntricas e alta velocidade parece causar uma maior quantidade de dano muscular desencadeando os processos acima mencionados os quais contribuiriam para o maior grau de hipertrofia. Todas estas informações têm se mostrado úteis para a elaboração de programas de treinamento de força para idosos. TREINAMENTO FÍSICO: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS E CIENTÍFICAS O treinamento físico é uma importante área de atuação profissional da Educação Física e do Esporte. Ela tem por objetivo precípuo, a melhoria do desempenho físico-esportivo através da aplicação de um processo organizado e sistemático P ág in a9 Faculdade de Minas composto por exercícios físicos. Nos últimos anos, os progressos tecnológicos e nos métodos de investigação científica nas diferentes subáreas relacionadas ao treinamento físico trouxeram um avanço significativo na obtenção deste objetivo. Neste contexto será discutido, do ponto de vista acadêmico-científico também da prática profissional, o estado da arte do conhecimento associado à avaliação do treinamento, ao controle da carga de treinamento, aos modelos de organização da carga de treinamento e ao desenvolvimento das capacidades motoras. O treino físico concentra-se em objetivos mecânicos: programas de treino nesta área desenvolvem habilidades ou músculos. Treinamento é o conceito de atividade física que leva a um melhor rendimento. Diferente de malhação, que é a atividade de ir à academia. Alguns programas de treino físico visam incrementar a aptidão física geral e combater o sedentarismo. A força muscular pode ser definida como a quantidade máxima de força que um músculo ou grupo muscular pode gerar em um padrão especifico de movimento realizado em dada velocidade. Nas últimas décadas, ela passou a ser considerada um componente fundamental da aptidão física voltada para a manutenção da qualidade de vida dos indivíduos, fazendo parte da maioria dos programas de treinamento físico com vistas à saúde. A importância do desenvolvimento de um programa de treinamento de força para conservação da capacidade de trabalho torna-se cada vez maior conforme o aumento da idade do indivíduo, já que há tendência progressiva ao declínio. Entretanto, os benefícios promovidos pelo treinamento contra resistência dependem da manipulação de vários fatores, dentre os quais se destacam a intensidade, a frequência e o volume de treinamento. Tais fatores, por sua vez, derivam da combinação do número de repetições, séries, sobrecarga, sequência e intervalos entre as séries e os exercícios, e a velocidade de execução dos movimentos impostos ao treinamento. No entanto, não se tem ainda muito clara qual a melhor combinação dessas variáveis para uma ótima relação dose-resposta. https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsculo https://pt.wikipedia.org/wiki/Aptid%C3%A3o_f%C3%ADsica https://pt.wikipedia.org/wiki/Aptid%C3%A3o_f%C3%ADsica https://pt.wikipedia.org/wiki/Sedentarismo P ág in a1 0 Faculdade de Minas O propósito foi identificar possíveis tendências comuns, em termos de efeitos do treinamento, provocados pela manipulação das seguintes variáveis: carga, número de séries, frequência semanal, intervalo de recuperação e ordem dos exercícios. No âmbito militar, treino significa obter a capacidade de realizar e sobreviver em combate, e aprender as muitas habilidades necessárias em tempos de guerra. Isto inclui o uso de várias armas, técnicas de sobrevivência e como sobreviver à captura pelo inimigo, entre outros. Por razões psicológicas ou fisiológicas, as pessoas podem optar por treinar técnicas de relaxamento ou de treino autógeno, com o objetivo de aumentar sua capacidade de relaxar ou de lidar com o estresse. O militar ao longo de sua carreira é regularmente submetido à testes de aptidão física, cerca de 3 vezes ao ano, nos quais são exigidos índices mínimos para sua aprovação. Para atingir tal objetivo é feito um programa de treinamento físico militar (TFM) em determinadas organizações militares com a realização de exercícios de intensidade moderada a intensa. Diante de tal exigência, o militar torna-se praticante de atividades físicas regularmente e de forma prolongada, caracterizando a continuidade do treinamento físico militar, que será avaliada em 3 sessões durante o período de um ano (BRASIL, 2015). De acordo com o regulamento para a realização do TFM, a sessão de exercício pode ter duração de 20 a 60 minutos por dia, realizada de maneira contínua ou intermitente. A situação ideal para se obter bons resultados físicos consiste em acumular um total de 150 minutos por semana de atividade física moderada, pois geram maiores benefícios à saúde ao se atingir um total de 300 minutos por semana (BRASIL, 2015). São previstos alguns programas de treinamento que favorecem um desenvolvimento neuro-muscular como a ginástica básica e o PTC juntamente com https://pt.wikipedia.org/wiki/Combate https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra https://pt.wikipedia.org/wiki/Armahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Medita%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Treino_aut%C3%B3geno&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Treino_aut%C3%B3geno&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Estresse P ág in a1 1 Faculdade de Minas corrida que promove um gasto energético por ser uma atividade aeróbica. (BRASIL, 2015). EXERCÍCIO FÍSICO, TREINAMENTO FÍSICO E O SISTEMA IMUNOLÓGICO O exercício físico pode ser classificado de acordo com a intensidade do esforço como: leve, moderado e intenso. Essa classificação toma como base a realização de alguns testes de esforço máximo para avaliar a concentração de lactato no sangue, o consumo máximo de oxigênio (VO2max), e/ou a frequência cardíaca máxima (FCmax). Em exercícios de intensidade leve e moderada, a concentração de lactato no sangue permanece estável (variando entre 2 e 4mmol/L), ou seja, o lactato é produzido em taxas mais baixas. O VO2max e a FCmax são os parâmetros fisiológicos mais comumente utilizados em estudos para referenciar a intensidade do esforço. Assim, um exercício leve geralmente refere de 20 a 50% do VO2max e da FCmax, um exercício moderado de 50-70% do VO2max e da FCmax e o exercício intenso acima de 80% do VO2max e da FCmax (13,35-36). Se o exercício físico é realizado regularmente é denominado de treinamento físico. O efeito de um exercício físico agudo (carga súbita de esforço físico) sobre as células do sistema imunológico já P ág in a1 2 Faculdade de Minas está bem estabelecido(6,9,37-39). Diferentes tipos e cargas de esforço podem ter repercussões distintas no sistema imunológico. O exercício moderado parece melhorar os mecanismos de defesa do organismo, enquanto que o exercício intenso parece enfraquecê-los(9-10,37). Em resposta a um exercício físico intenso ocorre neutrofilia, linfopenia e monocitose. A redistribuição destas células no compartimento vascular em resposta ao exercício parece ser mediada pela adrenalina, e em menor grau pela noradrenalina. A expressão de β-receptores nas diferentes células imunes pode fornecer a base molecular para ação das catecolaminas. Contudo, a densidade de receptores adrenérgicos e a eficiência do sistema de transdução AMPc diferem nos vários tipos de células imunocompetentes. Os neutrófilos e as células NK parecem apresentar maior número de receptores, sendo seguidos, por ordem decrescente, pelos linfócitos TCD8+, pelos linfócitos B e, finalmente, pelos linfócitos TCD4+(22,42,44). O exercício físico intenso pode induzir inibição de muitos aspectos da defesa do organismo, incluindo a atividade das células NK, a resposta proliferativa dos linfócitos e a produção de anticorpos pelos plasmócitos. Estas alterações comprometem a defesa do organismo contra agentes infecciosos e oncogênicos, assim como nos processos alérgicos e na auto-imunidade. Gillis et al. observaram inibição na produção do fator de crescimento de linfócitos T induzida pelo aumento de glicocorticóides. Woods et al. verificaram diminuição na produção de superóxido por macrófagos peritoneais de ratos em resposta a uma carga intensa de exercício físico. Estes estudos suportam o conceito de imunossupressão induzida pelo estresse, pois, conforme referido acima, os linfócitos e os macrófagos atuam, de forma determinante, contra a carcinogênese e a auto-imunidade. Por P ág in a1 3 Faculdade de Minas outro lado, o exercício físico moderado parece estar associado ao aumento da função de leucócitos. Muitos pesquisadores verificaram que o exercício físico moderado auxilia a quimiotaxia, desgranulação, fagocitose e atividade oxidativa dos neutrófilos uma hora após exercício físico a 60% VO2máx (6,48-50). Woods et al. verificaram aumento da aderência, a produção de ânion superóxido, a taxa de metabolismo do nitrogênio, a atividade citotóxica e a capacidade fagocítica de macrófagos. Pedersen e Tvede estudaram a resposta das populações de linfócitos em ciclistas dinamarqueses durante uma hora de exercício físico e verificaram aumento na atividade citolítica de células NK e da linfocina ativadora de células NK (LAK). Recentes estudos relatam que não ocorre alteração na concentração salivar de IgA e de IgE, no soro, durante um exercício moderado. De fato, já é bem estabelecido que o exercício físico moderado esteja associado ao aumento da função imunológica e a diminuição da suscetibilidade às doenças. Diante de tais evidências, é plausível estabelecer um elo entre o treinamento físico de intensidade moderada e as alterações ocorridas no sistema imunológico. Ao contrário da grande quantidade de estudos realizados com exercício físico agudo, os relatos sobre a relação entre o treinamento físico e o sistema imune são poucos. É difícil controlar variáveis intervenientes como a dieta dos atletas, o período de competição, as viagens e o estresse psicológico, que podem, de forma independente, influenciar a função do sistema imune. Peters et al. reportaram uma menor incidência de infecções do trato respiratório superior (ITRS) em corredores suplementados com 600mg de vitamina C três dias antes da corrida, comparativamente aos seus pares. De acordo Robinson et al.(56) verificaram que a adição de ácido graxo ômega 3 na dieta, independente do treinamento físico moderado, pode fornecer efeitos benéficos na função imune (aumento da atividade das células NK). Nieman et al., num estudo com maratonistas, relataram que 12% dos participantes tiveram 20% a mais de ocorrências de ITRS uma semana após a prova quando esta era realizada nos meses de inverno. P ág in a1 4 Faculdade de Minas Neste contexto, foi observada maior incidência de IRTS nos participantes no período que antecedia a prova quando comparados aos seus pares não participantes. Existe uma percepção geral de que os atletas de alto nível têm maiores riscos de adquirir infecções, como a ITRS, durante períodos de treinamento intenso (> 75% do VO2max) e após competições exaustivas. Bury et al. verificaram diminuição na resposta proliferativa de linfócitos T e na função fagocítica de neutrófilos em futebolistas no período de competição. Uma explicação mais simplificada para a imunossupressão, em resposta a uma carga intensa de exercício físico, é a de que existe um desgaste aumentado das funções do organismo com produção exagerada de Eros e incremento do estresse oxidativo nos tecidos (9,12). Lin et al. verificaram que o aumento na ocorrência de apoptose em timócitos está associado à elevação na produção de EROs em ratos submetidos a dois dias de exercício físico intenso, tendo estes efeitos sido atenuados pela administração prévia do antioxidante hidroxianisol butilato. Por outro lado, o treinamento físico de intensidade moderada parece melhorar muitas funções imunes. Pedersen et al.(51) avaliaram ciclistas treinados por 4 anos consecutivos e detectaram diminuição na incidência de infecções com consequente aumento da função imunológica. Atletas não competitivos ou indivíduos que aderem a uma prática regular de exercício leve ou moderado, comparativamente à população sedentária, apresentam maior proteção contra infecções. Pastva et al. demonstraram que um treinamento de intensidade moderada diminui a infiltração de leucócitos, a produção de citocinas, expressão de moléculas de adesão e a remodulação estrutural nos pulmões de camundongos asmáticos. A função de neutrófilos e o índice de proliferação de linfócitos B não se alteraram em estudos realizados com humanos treinados. Para, Nieman et al. demonstraram os efeitos do exercício moderado no aumento da resistência a infecções, verificando que mulheres que realizaram 45 minutos de caminhada cinco vezes por semana, no período de 15 semanas, tiveram menor incidência de dias relatadoscom IRTS. A atividade citotóxica de células NK também parece aumentar em atletas não-competitivos após um período de treinamento de 8 meses. Em corredores treinados, Baum et al. não encontraram alteração na P ág in a1 5 Faculdade de Minas contagem diferencial de leucócitos na circulação 22 horas após a última sessão de treinamento moderado. Em animais, foi observado aumento na função de macrófagos após um programa de treinamento moderado. Woods et al.verificaram aumento na função fagocítica de macrófagos peritoneais de ratos após 12 semanas de natação. Bacurau et al. verificaram que macrófagos de animais treinados e com tumor de Walker-256 apresentam aumento na atividade fagocítica. Foi também verificada elevação no índice de proliferação de linfócitos e no tempo de vida dos animais treinados com tumor quando comparados aos seuspares sedentários com tumor. Foi observado aumento na função fagocítica de macrófagos alveolares de ratos submetidos a 6 semanas de natação (5 dias/semana, 60 minutos/dia). Tais estudos evidenciam que as células do sistema imune parecem apresentar mecanismos adaptativos que permitem a melhoria da sua função em resposta ao exercício físico regular e de intensidade moderada. Assim, a hipótese de que os efeitos benéficos do treinamento físico moderado podem atenuar o efeito de agentes estressores indutores de imunossupressão parece provável. TREINAMENTO FÍSICO MODERADO PRÉVIO A UM EXERCÍCIO FÍSICO INTENSO P ág in a1 6 Faculdade de Minas O efeito do treinamento moderado na resposta do sistema imune a um exercício agudo vem sendo estudado. Os animais são submetidos ao treinamento moderado e a seguir a cargas súbitas de exercício físico intenso, associando modelos de estresse crônico com o agudo. Lin et al. verificaram que a diminuição na percentagem das subpopulações de linfócitos T, da reposta mitogênica de linfócitos B do baço e das concentrações sanguíneas de IL-2 após uma carga aguda de exercício físico intenso foi atenuada em animais previamente submetidos a 10 semanas de corrida moderada (70% do VO2max). Fu et al. verificaram que o treinamento moderado (durante 4 semanas) previne a diminuição de linfócitos TCD4+ no plasma avaliados 24 horas após uma carga de exercício físico agudo extenuante. Os resultados são indicativos de que a imunossupressão causada pelo exercício físico intenso parece diminuir em animais treinados com intensidade moderada. Os mecanismos subjacentes a estas respostas ainda permanecem desconhecidos, mas podem estar associados a fatores neuroendócrinos induzindo aumento da tolerância de leucócitos a um agente estressor. Os sistemas neuroendócrino e imunológico são particularmente sensíveis a uma carga aguda de exercício físico, sendo verificado aumento de neurotransmissores, hormônios e citocinas no plasma. É interessante observar que, em resposta ao treinamento moderado, o aumento plasmático dos hormônios liberados em resposta a uma carga aguda de exercício físico parece ser atenuado. Foi verificado que, em ratos treinados (8 semanas a 70% do VO2max), as concentrações plasmáticas de corticosterona não alteraram 24 horas após a última sessão de exercício físico. Kizaki et al. não verificaram aumento nos valores plasmáticos de corticosterona de animais treinados (natação durante 6 semanas, 5 dias/ semana, 90 min/dia) e posteriormente expostos ao estresse térmico (5oC durante 3 horas) quando comparados aos seus pares somente estressados. Chennaoui et al. verificaram, em ratos submetidos a treinamento moderado durante 6 semanas, que as concentrações plasmáticas de ACTH e corticosterona não foram afetados 24 horas após a última sessão de exercício. Também, Duclos et al. P ág in a1 7 Faculdade de Minas verificaram que, imediatamente após um exercício agudo e 24 horas depois, as concentrações de cortisol não aumentaram em homens treinados quando comparados aos seus pares sedentários. Estas e outras evidências apontam para o fato da ativação repetida do eixo HPA, tal como ocorre no exercício efetuado de forma regular, poder levar a uma adaptação na sua resposta a situações de agressão orgânica aguda. Mais especificamente, parece ocorrer menor sensibilidade adrenal ao ACTH(75-77). Tal hipótese vem sendo reforçada pelos resultados de Inder et al.(78) e Duclos et al., nos quais o aumento das concentrações basais de ACTH no plasma não foi acompanhado de elevação de cortisol em homens treinados, comparativamente aos seus pares sedentários. Algumas horas após a aplicação de uma carga aguda de exercício físico é de se esperar um direcionamento do perfil hormonal vocacionado para a estimulação dos processos anabólicos teciduais. Dada a ação antagonista dos glicocorticóides neste processo nos músculos esqueléticos, a hipótese de que o treinamento físico pode desenvolver mecanismos de tolerância, tais como a sensibilidade diminuída ao cortisol, de forma a proteger os músculos da ação deste hormônio, parece razoável já que a elevação da concentração plasmática está associada ao catabolismo tecidual e, por conseguinte, à falência do processo de reparo de lesões pós-exercício. Em humanos, o treinamento físico pode estar associado a importantes alterações na imunorregulação induzida pelos glicocorticóides. Em particular, parece haver sensibilidade reduzida dos linfócitos do sangue periférico para o efeito desses hormônios in vitro. Hoffman-Goetz et al.(61) observaram menor taxa de apoptose em timócitos de homens treinados quando expostos a glicocorticóides in vitro. Sabe-se que uma carga aguda de exercício físico, mesmo que moderado, pode induzir apoptose em linfócitos. P ág in a1 8 Faculdade de Minas O apoptose tem papel importante na embriogênese, morfogênese e regulação do número de células teciduais, mas a indução inapropriada de morte celular pode resultar numa variedade de efeitos patológicos tais como doença de Alzheimer, câncer e doenças autoimunes crônicas (AIDS e lúpus eritematoso sistêmico). Os mecanismos subjacentes parecem estar relacionados com as alterações hormonais (aumento da concentração plasmática de glicocorticóides e catecolaminas), do cálcio citossólico e o estado redox celular. O treinamento físico moderado, por sua vez, resulta em melhora nos mecanismos de defesa antioxidante e parece proteger as células imunes de lesões que podem levar à sua morte. Observamos diminuição no percentual de linfócitos em apoptose induzida pela exposição a um modelo de estresse psicológico (contenção durante 60 minutos) em animais treinados. Avula et al. encontraram redução na apoptose de linfócitos induzida por H2O2, sem alteração na apoptose espontânea de linfócitos de camundongos exercitados durante 10 meses. É importante realçar a possível contribuição das proteínas de choque térmico (heat shock protein, HSP) principalmente no reparo das proteínas danificadas em resposta ao exercício intenso. A indução da HSP70 parece proteger as células tímicas da apoptose induzida pelo estresse através da redução da expressão das proteínas p53 e Bax. A indução da HSP70 pode, assim, representar um mecanismo importante através do qual os efeitos imunossupressores associados ao exercício agudo intenso podem ser minimizados. Como seria de esperar, o treinamento físico moderado (70% do VO2max) ou intenso (> 80% VO2max) aumenta a expressão das proteínas HSP70 e HSP90 em leucócitos(86). Além das HSP, é sugerido que a proteína Bcl-2 tenha alguma importância neste efeito protetor(87). P ág in a1 9 Faculdade de Minas Siu et al. verificaram que o treinamento físico (5 dias por semana, durante 8 semanas) atenua a extensão da apoptose no músculo cardíaco e esquelético de ratos. Esses autores associaram este resultado ao aumento do conteúdode Bcl-2, HSP70 e MnSOD no miocárdio e músculo solear dos animais treinados quando comparados aos animais controle. A morte da célula pode ser induzida via receptores de superfície celular Fas e ligante Fas (FasL) ou por citocinas pró- inflamatórias (TNF-α e IL-6)(88). Ferenbarch e Northoff( documentaram aumento da expressão do FasL, após um agente estressor físico agudo, indicando ocorrência aumentada de apoptose em leucócitos. Por outro lado, em resposta ao treinamento, há diminuição dos indutores solúveis de apoptose: o FasL, o receptor Fas e o sFasL, uma citocina que induz apoptose quando se liga ao receptor Fas de membrana ativando as caspases(88). Adamopoulos et al.(89) verificaram diminuição na expressão de Fas e FasL após exercício leve (> 50% do VO2max) e moderado (60-70% do VO2max). Os autores concluíram que o treinamento físico reduz o sistema Fas/ FasL e, por essa razão, tende a atenuar a apoptose. O treinamento físico parece também causar diminuição significativa na produção de citocinas pró-inflamatórias e seus receptores solúveis (TNFRI, TNF-RII e IL-6R), que são produtos da interação de células endoteliais com monócitos e, simultaneamente, moduladores biológicos da ação de citocinas circulantes(89). Além da via mediada pelo Fas, a morte celular pode também ser induzida via estresse oxidativo mitocondrial. Alterações no potencial transmembrânico mitocondrial (PTM) são seguidas de extravasamento de proteínas do espaço intermembranar, como o citocromo c e o fator de ativação de apoptose 1 (Apaf-1). Estas moléculas desencadeiam a apoptose pela ativação das caspases ou pela condensação direta da cromatina independente de caspases. Os sinais iniciais envolvem aumento na concentração de cálcio intracelular e/ou a formação de ERO e ERN. Para prevenir as lesões resultantes deste estresse oxidativo ou nitrosilativo, a célula está equipada com diferentes mecanismos de defesa. Substâncias antioxidantes como glutationa, ou enzimas como a superóxido- P ág in a2 0 Faculdade de Minas dismutase, glutationa-peroxidase e glutationa-redutase, parecem ter papel importante nessa proteção. Há várias evidências de que o treinamento regular está associado ao aumento dos mecanismos de proteção celular contra as EROs e ERNs. Quando há lesão do DNA, se não houver reparo, ocorre apoptose como mecanismo de defesa celular. Tsai et al.(94) demonstraram que um agente estressor, a depender de sua magnitude, é habitualmente seguido pelo aumento da fragmentação de DNA. Observamos que, em animais treinados e sujeitos a um estressor agudo, não há alteração no percentual de células com o DNA fragmentado. Da mesma forma, em homens treinados e submetidos a uma maratona, há também diminuição do percentual de linfócitos apoptóticos do sangue quando comparados a sujeitos destreinados e submetidos ao mesmo esforço intenso. A instabilidade genômica após o estresse é menos pronunciada em ratos treinados. A p53 parece atuar como fator de transcrição induzido pela condição de estresse e possui papel importante na ativação e integração de grande quantidade de respostas celulares adaptativas para uma amplitude de agentes estressores ambientais. Dependendo do tipo e da severidade do estresse celular, a p53 pode estar associada ou não a indução da apoptose. Por exemplo, especificamente a apoptose induzida por radiação parece ser dependente da p53. O conteúdo de p53 é dramaticamente aumentado após a exposição à radiação X, radiação iônica, hipóxia e outros estressores que podem levar a uma apoptose massiva nos leucócitos(86). Entretanto, a apoptose, em resposta ao aumento da concentração de glicocorticóides, parece ser independente da p53. Em células da granulosa humana, os glucocorticóides parecem protegê-las da apoptose, provavelmente aumentando o conteúdo de Bcl-2 nestas células(87). É possível que ocorra uma resposta cruzada entre a ação do TNF-α e dos glicocorticóides na modulação da apoptose, via controle das concentrações de Bcl2. O conteúdo de Bcl-2 em linfócitos pode alterar o efeito próapoptótico dos glicocorticóides para um efeito antiapoptótico quando estes são expostos a um agente estressor. P ág in a2 1 Faculdade de Minas Os glicocorticóides podem também impedir a sinalização da p53 na indução da apoptose e, com isso, prevenir a lesão excessiva de células após diferentes tipos de agentes estressores implicados no aumento da expressão da p53. Em células tímicas, o treinamento parece atenuar o percentual de linfócitos apoptóticos. É provável que as adaptações ocorridas decorram do aumento da IL-2, a qual, por sua vez, aumenta o conteúdo de mRNA da Bcl-2(85). Em vista do exposto, as alterações homeostáticas em resposta a situações agressivas, como o exercício físico intenso, parecem ser atenuadas pela aplicação de um treinamento físico moderado prévio. As células do sistema imune parecem apresentar mecanismos adaptativos de tolerância que permitem melhora da sua função em resposta ao exercício físico regular e de intensidade moderada. PERFIL DO ESTILO DE VIDA E AUTOESTIMA DA PESSOA IDOSA – PERSPECTIVAS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO FÍSICO A sociedade brasileira torna-se cada vez mais velha. Atualmente, estima-se que existam cerca de 17,6 milhões de idosos no país (Brasil, 2006), fazendo-se necessárias políticas de saúde voltadas para essa população e seus familiares, no enfoque do estilo de vida ativo, com vistas a retardar as mudanças oriundas do P ág in a2 2 Faculdade de Minas envelhecimento, bem como aumentar a autoestima, importante juízo de valor para maior confiança na vida das pessoas, em especial as idosas e mais idosas. Afinal, de acordo com Rabelo & Neri (2005), os recursos psicológicos e sociais de que o indivíduo dispõe são um caminho na determinação das implicações da incapacidade funcional na vida dessa população. Assim, a autoestima elevada é fundamental para um envelhecimento mais saudável e feliz. No entanto, há discussões no meio científico assinalando que o processo de envelhecer bem tem relação direta com os hábitos de vida das pessoas, a exemplo da alimentação saudável, da prática de atividade física, do acesso ao serviço de saúde e social, do ter relações interpessoais com redes sociais positivas, entre outros. Assim, envelhecer bem e com qualidade de vida tem sido um ponto em consideração entre os estudiosos, ao destacarem o aumento da população idosa no Brasil e suas demandas, o que deve aumentar as preocupações dos órgãos públicos e da sociedade em geral, no sentido de garantir uma boa longevidade e maior qualidade de vida a essas pessoas. (Joia et al, 2006). Então, perguntamos: o que se entende por uma boa vida? E, de que forma deve-se viver para alcançá-la? Segundo Rabelo & Neri (2005), as definições e indicativos de qualidade de vida podem variar desde o status socioeconômico, a satisfação de necessidades e a capacidade funcional até o sentido da vida, o bem-estar e a felicidade. Segundo Nahas (1996), os componentes do estilo de vida que podem ser modificados para um viver melhor são: a alimentação equilibrada, a prática regular de exercícios físicos, o controle do estresse, o comportamento preventivo, e o não uso de drogas lícitas ou ilícitas. O somatório destes indicadores, se é que se pode assim chamar, convergem à compreensão de uma boa vida. Portanto, diante dos vários modelos e definições de qualidade de vida, na velhice pode-se ainda ampliá-los, ao dizer que a experiência de uma doença que tem potencial para gerar déficits no funcionamento físico, social, sensorial, cognitivo e afetivo, afeta o desempenho cotidiano nas atividades de vida diária da pessoa e na avaliação subjetiva desta, pois com o avançar da idade ocorre alterações fisiológicas de perda da capacidade funcional que podem comprometera saúde e a qualidade de vida do idoso (Tribess & Virtuoso Jr, 2005), isto, à luz de nossa P ág in a2 3 Faculdade de Minas compreensão, tem uma estreita relação com o estilo de vida adotado nas fases anteriores do ciclo vital da pessoa idosa. Deste modo, a pessoa que alcança a terceira idade com bons hábitos de vida, apesar das alterações fisiológicas advindas do envelhecer, mesmo saudável, poderá apresentar bons indicadores fisiológicos decorrentes da prática de atividade física, dentre os quais se podem pontuar: aumento do gasto calórico, melhora do transporte e da captação de insulina, aumento do metabolismo basal, diminuição do peso corporal, diminuição do risco de desenvolver diabetes mellitus e hipertensão arterial, dentre outros. (Ciolac, 2004). Assim, a prática de atividade física, recomendada de três a cinco dias por semana, com intensidade de leve a moderada, e duração que pode variar entre vinte a sessenta minutos, é reconhecidamente valorizada no âmbito internacional, conferindo respeito às recomendações do American College of Sports Medicine – ACSM (2003). Os resultados dos exercícios físicos, em curto prazo, também já são divulgados no meio científico, estando relacionados com as manifestações enunciadas pelos usuários, tais como: sensações de bem-estar, redução da ansiedade e melhora do estado de saúde. (Spirduso, 2005). Além disso, devem ser levados em consideração na fase do envelhecimento a inclusão social da pessoa idosa e o sentimento de pertença de grupo, e neste grupo destaca-se a família. Em nossa sociedade, a família constitui-se na fonte primária de auxílio e cuidado aos seus integrantes, de amor, gratidão, respeito, desenvolvimento de sua gênese. (Elsen; Marcon & Silva, 2002; Cervene & Berthold, 2002; Miotto, 1998). Tal consideração leva-se a observância de que, para a pessoa idosa, a relevância das relações sociais é muito grande, principalmente no que se refere à família. No entanto, observa Caldas (2003) que existem diferentes casos a serem considerados, como por exemplo: pessoas idosas que não têm família; idosos cuja família é paupérrima, e estas necessitam trabalhar, não podendo deixar por completo seu meio de sobrevivência para cuidar dos entes idosos. P ág in a2 4 Faculdade de Minas Deste modo, o idoso, por causa das decorrentes alterações morfofisiológicas do processo de envelhecimento e da existência de doenças, sejam crônico- degenerativas ou não, está mais suscetível a uma condição de dependência de outrem, e, nesse sentido, a presença de um cuidador, ou melhor, da família cuidadora faz-se necessária. Nestas situações, a família é considerada a principal fonte de cuidados, e em nosso contexto, região nordeste do Brasil, trata-se de uma situação de natureza cultural. (Silva, Gonçalves & Costa, 2010). A família, então, tem sido considerada como uma parte do sistema de saúde, por exercer um papel importantíssimo entre seus pares – cuidado e proteção –, tanto em situações de saúde quanto de doença, tomando decisões relativas aos caminhos a seguir, acompanhando, avaliando e pedindo ajuda quando necessário. (Perlini, Leite & Furini, 2006). Por outro lado, é preciso que o sistema de saúde também considere a família como um sistema que precisa ser cuidado. Em outras palavras, considerar suas possibilidades, limites, potencial de resiliência e suas relações autoritativas no cuidado entre seus membros (Monticelli, 2003; Silva & Santos, 2010). Neste sentido, ao retomar a ideia central deste estudo – estilo de vida –, implica em o indivíduo permanecer ativo socioespiritualmente, ou seja, ter autonomia e independência, boa saúde física, senso de significado pessoal, desempenho de papéis, sentimento de pertença, vínculos relacionais saudáveis e sentir-se acolhido, e, assim, caminhar na direção de uma elevada autoestima. Assim, investigar o estilo de vida e a autoestima de grupos populacionais, a exemplo das pessoas idosas portadoras de doenças crônico-degenerativas e seus familiares no Programa de Treinamento Físico, é relevante, porque, como afirma Rabelo & Neri (2005), as crenças positivas têm impacto nos estados emocionais, que por sua vez podem causar mudanças fisiológicas e neuroendócrinas. Deste modo, as crenças positivas podem promover comportamentos saudáveis, senso de autovalor, controle de estresse, otimismo, propensão a praticar hábitos de vida mais saudáveis e conscientes, e adoção do auto cuidado. Por outro lado, estudos têm demonstrado que as pessoas idosas estão mais propícias a desenvolverem uma baixa autoestima, fator relacionado à existência de P ág in a2 5 Faculdade de Minas doenças crônico-degenerativas. Tal fato, muitas vezes, decorre de o idoso apresentar resposta mais lenta e menos eficaz às alterações do ambiente em virtude de uma história de vida pessoal, da deterioração dos mecanismos fisiológicos, deixando-os mais vulneráveis. (Farinatti, 2002). Em contrapartida, de acordo com Spirduso (2005), a atividade física em pessoas idosas tem benefícios surpreendentes, como: aumento do tônus muscular, da força, da resistência física, dentre outros, que contribuem para o aumento da autoestima, proporcionando mudanças positivas no estilo de vida, e, consequentemente, um viver a vida mais feliz e saudável. Além disso, Spirduso (2005) ainda afirma que novas experiências sociopessoais com colegas do grupo, professores de educação física e outras pessoas, fortalecem a existência do ser e seu sentimento de autoimagem, pois, incluído neste meio relacional, a pessoa idosa expressará sentimentos de alegria, autovalorização e aceitação, assim, melhoria no seu estado de saúde. o Programa de Treinamento Físico aeróbio realizado pelo idoso com doença crônico-degenerativa junto com seu familiar tem impacto na autoestima e no estilo de vida destas pessoas de forma positiva. Na análise dos dados referentes à autoestima dos idosos que participaram com seu familiar do referido Programa, no NIEFAM, é possível observar (Gráfico 1) uma redução significativa dos valores correspondentes ao questionário da escala de autoestima, que passaram de 5,12 (±3,85 pontos) antes do treinamento para 3,26 (±2,82 pontos) depois do treinamento. P ág in a2 6 Faculdade de Minas Observa-se no Gráfico 1 a elevação da autoestima do grupo após participação nas atividades junto com o familiar. Os resultados referentes à escala de autoestima foram positivos no sentido de existir uma diferença estatística significativa entre os resultados do antes e depois, demonstrando assim, uma elevação da autoestima do idoso após o treinamento físico, corroborando assim com a literatura que afirma ser a atividade física promotora não só da melhora física e social, como também da melhora psicológica. (Mazo, et al, 2005). Estudos como o de Chaim; Izzo & Sera (2009), que utilizaram a mesma escala para medir a autoestima de idosos após reabilitação, também encontraram resultados significativos da autoestima elevada. Estes resultados tiveram uma relação direta com os dados encontrados na análise qualitativa por categorização, de onde emergiu a grande dimensão “A atividade física no encontro da autoestima”, e suas três subcategorias, denominadas: o convívio em grupo, uma satisfação pessoal – a atividade física na elevação da autoestima; as limitações da saúde interferindo na atividade física – Desafios da pessoa com doenças crônicodegenerativas; e, a atividade física no bem-estar interior e no envelhecimento saudável. REFERÊNCIA: BRASIL. EXERCITO BRASILEIRO. Manual de Treinamento Físico do Exército, 2015. Chaim, J.; Izzo, H. & Sera, C.T.N. (2009). Cuidar em saúde: satisfação com imagem corporal e autoestima de idosos. O Mundo da Saúde, 33(2): 175-81. São Paulo. P ág in a2 7 Faculdadede Minas JONES, A.M.; CARTER, H. The effect of endurance training on parameters of aerobic fi tness. Sports Medicine, Auckland, v.29, n.6, p.373-86, 2000. KISS, M.; BOHME, M. 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