Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
i UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MATERIAIS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PEQUENAS EMPRESAS NA OBTENÇÃO DE MATERIAIS PROVENIENTES DO VIDRO TEMPERADO Nadine Pereira da Luz Pelotas, RS, Brasil 2018 ii NADINE PEREIRA DA LUZ ESTUDO DE CASO DAS DIFICULDADES NO PROCESSAMENTO DE VIDRO TEMPERADO EM PEQUENAS EMPRESAS Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado ao Curso de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de Pelotas Desenvolvido sob a orientação da Professora Fabiula Danielli Bastos de Souza. Pelotas, RS 2018 iii AGRADECIMENTOS Aos meus pais pela confiança que depositaram em mim, agradeço por nunca duvidarem da minha capacidade. A minha irmã que sempre esteve ao meu lado durante a realização desse sonho. Aos meus amigos e colegas que me acompanharam nesta jornada e que viveram comigo esta jornada. A minha orientadora Fabiula Danielli Bastos de Souza, cujo auxilio foi fundamental para a realização deste trabalho. Aos participantes da banca avaliadora Amanda Oliveira e Neftali Carreno. Esta vitória também é de vocês. iv “O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo”. (Winston Churchill) v Sumário 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 2 2. OBJETIVO ........................................................................................................... 4 3. Revisão Bibliográfica ............................................................................................ 5 3.1. História do vidro (Barros, 2010)...................................................................... 5 3.2. Composição ................................................................................................... 6 3.2.1. Sílica vítrea .............................................................................................. 7 3.2.2. Silicatos alcalinos .................................................................................... 7 3.2.3. Sodo-Cálcicos; ......................................................................................... 8 3.2.4. Vidro ao chumbo ...................................................................................... 8 4. Têmpera ............................................................................................................... 9 4.1. Têmpera ......................................................................................................... 9 4.2. Manuseio do vidro temperado ...................................................................... 10 4.3. Cuidados do processo .................................................................................. 10 4.4. Processo de Têmpera .................................................................................. 11 4.5. Processamento dentro da empresa ............................................................. 15 5. MEIO AMBIENte ................................................................................................ 19 5.1. Resíduos sólidos no Brasil ........................................................................... 19 5.2. Reciclagem................................................................................................... 21 5.3. Sustentabilidade ........................................................................................... 22 5.4. Reciclagem de vidro ..................................................................................... 23 5.5. Benefícios da reciclagem de vidro ................................................................ 24 5.6. Processo de reciclagem do vidro ................................................................. 25 6. ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 25 6.1. Histórico da Empresa CIA DO ALUMÌNIO ................................................... 25 6.2. Etapas do Processo do vidro temperado dentro da empresa ...................... 26 6.3. Dados Coletados .......................................................................................... 28 6.4. Análise dos Dados ....................................................................................... 29 7. Discussão de Alternativas .................................................................................. 31 8. Considerações finais .......................................................................................... 33 9. Bibliografia ......................................................................................................... 34 vi LISTA DE FIGURAS Figura 1 Janela externa com vidro temperado ............................................................ 2 Figura 2 Box para banheiro em vidro temperado ........................................................ 3 Figura 3 ilustração do processo de fabricação de vidro Float .................................... 7 Figura 4 Vidro Float quebrado ..................................................................................... 9 Figura 5 Vidro float após a quebra ............................................................................ 16 Figura 6 Fragmentos de vidro temperado após a quebra.......................................... 18 Figura 7 Destinação de resíduos sólidos urbanos no Brasil ...................................... 24 Figura 8 Fluxograma do processo de recebimento do vidro temperado ................... 27 vii Tabelas Tabela 1 Relação de espessura e número minimo de fragmentos ........................... 15 Tabela 2 Disposição final de resíduos sólidos na região sul em Ton/Dia .................. 20 viii RESUMO Este trabalho de conclusão de curso apresenta o estudo de caso das dificuldades acometidas pelas pequenas empresas na utilização e processamento de vidro temperado diretamente em seus produtos como recortes e acabamentos. O vidro temperado é altamente utilizado em esquadrias e na construção civil e seu uso acarreta algumas dificuldades de manuseio e manufatura por meio de empresas de pequeno porte devido ao acumulo de tensão resultante do processo de têmpera. Palavras-chave: Vidro, Vidro temperado, Esquadrias. 1 ABSTRACT This bachelor conclusion paper presents the case study of the difficulties faced by small companies when using and processing tempered glass directly in their products as cutouts and finishes. The tempered glass is highly used in frames and openings and its use entails some difficulties of handling and manufacturing by small companies due to their residual stress related to the quenching process. Keywords: Glass, Tempered glass, frames. 2 1. INTRODUÇÃO Atualmente a busca por produtos funcionais, resistentes e esteticamente atraentes vem aumentando conforme as necessidades do consumidor final, em especial se tratando de esquadrias, a procura por materiais adequados às necessidades do consumidor é muito alta. A cada dia que passa o senso de estética muda seguindo as tendências de mercado e os produtores precisam adequar-se a essa realidade. Visando qualidade, aceitação estética e durabilidade, o vidro se deu como principal escolha para a utilização onde se é necessário um material translúcido e impermeável, largamente utilizado em aberturas e esquadriasdesde o inicio dos tempos. O vidro é um dos materiais mais antigos feito pelo homem e vem sendo utilizado desde o inicio dos primeiros registros históricos (Oswando Luiz Alves, 2001). O vidro como um material translúcido em sua maioria, tem a vantagem estética se comparado a outros materiais o que faz com que este material seja altamente utilizado na indústria de esquadrias e aberturas além de possibilitar um acabamento altamente estético, sendo vantajoso quando se tem por fim a passagem de luz. O vidro por ser translúcido é largamente utilizado em esquadrias como janelas externas, portas externas, e box de banheiro, como mostrado nas figuras 1 e 2. Figura 1 Janela externa com vidro temperado Fonte:www.vidracariaeesquadrias.com.br/preco-janela-de-vidro-temperado-tatui (acesso: 10 de setembro de 2017) 3 Figura 2 Box para banheiro em vidro temperado Fonte:http://www.inovabetimvidracaria.com.br/box-para-banheiro-em-juatuba-lo-horizonte ( Acesso:10 de setembro 2018) Com a utilização do vidro de forma tão direta ao público, alguns propriedades físicas do vidro foram alteradas por meio de tratamentos para a melhora de algumas características desse material, com amplo destaque a aquelas relacionadas à segurança. O vidro em sua forma mais simples apresenta como característica principal a fragilidade e sua quebra pode oferecer riscos à integridade física do consumidor. Para que o risco seja amenizado é necessário que o vidro passe pelo processo de têmpera, deixando-o mais resistente a quebra devido à sua modificação estrutural. Desta forma sua quebra torna-se menos nociva ao consumidor. Por outro lado, a maior resistência do vidro temperado devido à modificação estrutural acarreta maior dificuldade de processamento. (Barros, 2010) O trabalho de conclusão de curso tem como principal finalidade apresentar um estudo de caso que contabiliza as dificuldades de processamento vivenciadas por algumas empresas na utilização e manuseio de vidros temperados. 4 2. OBJETIVO Este trabalho tem como finalidade levantar as dificuldades na utilização do vidro temperado em empresas de pequeno porte, a pesquisa foi realizada em uma empresa no interior do Rio Grande do Sul, onde o segmento da indústria de esquadrias vem tomando grande proporção devido a demanda do estado, com isso a utilização do vidro temperado vem sendo muito empregada, com este estudo podemos observar as dificuldades e discutir possíveis melhorias a serem feitas dentro da realidade das empresas de pequeno porte. Neste estudo serão abordadas a estrutura, principais utilizações na indústria de esquadrias, vantagens e desvantagens, e questões ambientais do material em questão. Este estudo trará também uma relação de consumo, cuidados com estoque e perdas pelo manuseio deste material. 5 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. História do vidro (Barros, 2010) Segundo os fenícios, após o retorno de uma viagem ao Egito, ocorreu uma parada em Sidom, cidade localizada no Líbano. Ao chegar às Margens do Rio Belus pousaram os sacos contendo trona que carregavam em suas costas. Trona é um carbonato de sódio natural muito utilizado para o tratamento de lã. No intuito de cozinhar seu alimento acenderam uma fogueira e utilizaram a trona para servir de apoio ao cozimento dos alimentos, ao deixar o fogo em contato com a trona pela manhã perceberam algumas formações brilhantes e transparentes que se assemelhavam a pedras preciosas. Os fenícios sem entenderem o que havia ocorrido pensaram ser algo sobrenatural. Porém, um sábio chamado Zilu percebeu que os montes de trona haviam sido substituídos pelas formações transparentes, decidindo então acender novamente o fogo. Logo percebeu que um líquido viscoso começou a correr pelo contato entre as chamas e os montes de trona. Com sua faca Zilu tocou o líquido viscoso que se solidificou, formando-se assim o vidro. De acordo com o historiador Plinio que viveu entre 23 á 79 d.C., foram encontradas pinturas em cavernas mostrando que por volta de 4000 a.C. o vidro já seria utilizado pelos homens das cavernas em pontas de lanças flechas e facas, a forma de vidro empregada era uma espécie de vidro natural chamado de obsidianas. Já os egípcios utilizavam formas de vidros artificiais por volta de 12.000 a.C. em formato de esfera e em 7.000 a.C. em forma de um amuleto verde e após isso com confecção na pequenos vasos de vidro primitivos. O vidro até a época citada eram confeccionados e moldados em cima de montes de areia, o resultado era pedaços grandes e foscos com acabamento primitivo. O vidro transparente foi descoberto pelos árabes que o vendiam para a Europa e fundou-se um monopólio imponente pela sua alta procura pela indústria bélica, até que no ano de 1612 foi publicado o livro “Laerte Vetraria” o que divulgou a técnicas de produção do vidro e difundiu-se o consumo do vidro em todo o mundo. Ao longo dos anos, o vidro sofreu alterações e foi utilizado para diferentes fins. Em 1500 a.C. o vidro era utilizado unicamente como adorno, os 6 vasos eram feitos a partir de filetes de massa de vidro fundido enrolados em um molde de cerâmica o que tornava o processo caro e trabalhoso. Por volta de 300 a.C. foi descoberta a técnica do sopro, que consiste em soprar através de canos uma massa de vidro fundido para que o ar entre pela massa, assim, dando forma ao material. Essa técnica revolucionou o modo de fabricação de peças de vidro e é uma técnica usada até hoje. Na idade média, como era comum a população não ser alfabetizada, o vidro era utilizado para contar histórias através dos vitrais. Estes eram feitos pela técnica de sopro sobre superfícies planas, resultando em placas lisas de vidro. Alguns vitrais contavam histórias sobre o processo do vidro que era passado por gerações. Em 1200 d.C foi descoberto um tipo de vidro que era altamente transparente e teve o nome de cristallo pela sua semelhança ao cristal. Na era cristã foram produzidos lentes, espelhos e prismas ópticos. Com o passar do tempo, a preocupação com a qualidade do vidro foi aumentando o que provocou um estudo maior a respeito de composição e processamento. A partir do vidro mais translucido foi possível a utilização do mesmo em vários inventos modernos como o binóculo, telescópio e vidrarias que proporcionaram uma melhora no estudo da química. (Apostila de vidros, 2010). 3.2. Composição Os vidros são um grupo familiar de cerâmicas, os recipientes, as lentes e a fibra de vidro representam aplicações típicas do vidro. Vidros são silicatos não cristalinos que possuem outros óxidos notadamente, CaO, Na²O, K²O e Al²Õ³, os quais influenciam as propriedades. Um vidro de Cal de soda típico consiste em aproximadamente 70% de p SiO² e o resto é uma mistura de Na²O e CaO. Possivelmente a característica mais típicas deste material é a transparência e a facilidade de processamento. (Callister, 2012) O vidro é um material utilizado em vários segmentos da indústria e por isso atualmente é possível encontrar diversas composições adequadas às necessidades do consumidor. Alguns aditivos são capazes de modificar as propriedades do material, e alguns estudos o classificam de acordo com sua composição. 7 O vidro comum, também chamado de float pode ser composto de sílica, potássio, alumina, sódio, magnésio e cálcio. Esses compostos são misturados e aquecidos com o auxilio de um forno até que essa mistura torne-se uma massa fundida com temperatura controlada de até 1600ºC, a massa passa por uma piscina de estanho tomando a forma de lâminas de vidro. A lâmina de vidro é então resfriada de maneira controlada para que não haja choque, o que afetaria a estrutura do produto, por fim esta lâmina é inspecionada e cortada em chapas que são empilhadas,como é ilustrado na figura 3. (Manual técnico do vidro plano – Abrividro, 2017) Figura 3: ilustração do processo de fabricação de vidro Float -Abividro Fonte: Manual técnico do vidro plano para edificações- Abividro A partir deste processo de fabricação são obtidas chapas de vidro com espessura variando de 2mm até 25mm, e em tonalidades incolor, verde, bronze e cinza. A partir deste processo é possível obter diferentes tipos de vidro, variando a sua composição, alguns exemplos serão explicados a seguir. 3.2.1. Sílica vítrea Sílica vítrea é um tipo de vidro altamente puro e com o coeficiente de expansão térmica muito baixo usado em fibras óticas e vidros sujeitos a grande variação térmica como vidro de janelas de veículos espaciais, uma mistura de sílica e cristais de quartzo são aquecidas acima do ponto de fusão da sílica (em trono de 1725ºC) por sua natureza de rede tridimensional o processo de fusão é muito lento, o resultado é um vidro tão viscoso que qualquer bolha obtida no processo não é capaz de ser eliminada sozinha após o banho. (Akerman, 2000) 3.2.2. Silicatos alcalinos Para diminuir a viscosidade da sílica vítrea foi necessário adicionar um modificador de rede. Os óxidos alcalinos servem como modificador de rede para que se “amoleça” essa estrutura através da geração de oxigênios não-pontantes 8 Os óxidos alcalinos são incorporados à mistura do vidro em uma temperatura abaixo da temperatura de fusão da sílica. Após o resfriamento é formado um vidro com menor resistência química e, dependendo da quantidade de silicato, o vidro torna-se solúvel em água, tendo assim utilidade na indústria de produtos de limpeza e películas protetoras. (Akerman, 2000) 3.2.3. Sodo-Cálcicos; Pensando em diminuir a solubilidade dos vidros silicatos alcalinos são adicionados fluxos estabilizantes ao invés de modificadores de rede. Os fluxos estabilizantes mais utilizados são o òxido de cálcio e o óxido de magnésio. A composição desse vidro sodo-cálcico obedece uma margem estreita de proporção (8-12% de óxido de cálcio e 12-17% de óxido alcalino) pois, se aumentar a quantidade de cálcio, o vidro tende a cristalizar no processo de fabricação, e se o teor de óxido alcalino for muito elevado o vidro terá baixa durabilidade química. (Akerman, 2000) 3.2.4. Vidro ao chumbo O chumbo pode ser usado na fabricação do vidro como um formador de rede. Vidros alcalinos ao chumbo possuem uma longa faixa de trabalho e por isso tem sido utilizado para peças refinadas ou artísticas. O chumbo aumenta o brilho do vidro através do aumento de refração de luz, o que o torna mais brilhante, tornando-se assim o cristal. Devido ao fluxo do óxido de chumbo não diminuir a resistividade elétrica esse vidro pode ser utilizado como funil de tubo de televisão em cores. (Akerman, 2000). 9 4. TÊMPERA 4.1. Têmpera O vidro é um material muito versátil e seu uso foi sendo aprimorado com o passar dos anos. A medida em que este material foi sendo aplicado em diferentes produtos percebeu-se a necessidade de adequar este material a novos fins. O vidro sem um controle de processamento tem suas propriedades baixas quanto ao assunto de resistência física o que o impedia de ser aplicado em diferentes formas. O vidro float também conhecido como vidro comum tem como característica ser transparente, de superfície lisa e com dureza considerável. Porém, o vidro float é quebradiço, com baixa resistência mecânica e sua quebra resulta em pedaços afiados que resulta em risco para o consumidor final, como ilustrado na figura 4. (Vidros, 2017) Figura 4 Vidro float quebrado Fonte:(segurancadotrabalho2009.blogspot.com/2009/06/fique-atento-vidro-quebrado.html) (acesso: 17 de setembro 2018) Na construção civil um dos vidros que possui maior utilização é o vidro temperado devido suas propriedades mecânicas e de quebra que proporciona 10 segurança para o consumidor final, o vidro temperado é considerado um vidro de segurança, pois após o seu processo de tempera suas propriedades mecânicas aumentam significativamente e sua quebra forma pedaços uniformes com arestas mais polidas e menos afiadas, isso é possível a partir da modificação da estrutura do vidro através da manipulação da temperatura. O vidro temperado é altamente utilizado na indústria em janelas, box para banheiro e aberturas em geral, a propriedade estética que o vidro temperado apresente é de grande interesse nesse tipo de indústria, a busca por um material translucido, com alta resistência mecânica e seguro para o consumidor final é muito grande e isso torna a indústria cada vez mais competitivas neste segmento. O vidro laminado requer um cuidado especial em sua montagem, apesar de suas propriedades mecânicas serem altamente vantajosas para eu uso o seu manuseio se torna delicado e sendo facilmente levado a falhas, durante a instalação deste material é muito importante seguir corretamente todos os passos com cuidado, caso o contrario não é possível à realização de cortes, lixamentos ou ajustes. (Vidros, 2017) 4.2. Manuseio do vidro temperado O vidro temperado é um material muito utilizado na indústria por possuir maior resistência mecânica, térmica e maior segurança quando comparado ao vidro comum, pois, quando ocorre a quebra o material, o que promove mais segurança para o consumidor, evitando lesões e cortes no caso de algum acidente com o produto final. No entanto, o manuseio desde material pelas empresas deve passar por um cuidado rigoroso para que se evite o defeito do mesmo. 4.3. Cuidados do processo Antes de sua instalação, o vidro temperado deve passar por uma inspeção logo após o tratamento de tempera, pois, qualquer defeito de processamento pode ser fatal para a integridade da peça. Caso alguma micro bolha seja formada no interior do material, este apresentará tensões residuais, o que proporciona a quebra do material. A lâmina de vidro float antes mesmo de ser submetida ao processo de manipulação térmica para que se torne a lâmina de vidro 11 temperado, deve ser dimensionada de acordo com as especificações para cada produto, e o processo de corte da peça deve ser feito após o tratamento. Pequenas empresas de esquadrias não possuem fornos, por isso não há capacidade para este tipo de processo dentro de suas instalações, o que dificulta ainda mais o processo, pois os vidros devem ser dimensionados previamente antes da compra das lâminas. Qualquer erro de dimensionamento pode colocar em risco toda a peça, o que causa prejuízo para as empresas e várias lâminas mal dimensionadas estocadas e sem uso. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) o manuseio das peças de vidro temperado deve obedecer aos seguintes critérios; As chapas de vidro devem ser manuseadas sem permitir a ocorrência de injurias mecânica em suas superfícies ou bordas; As chapas de vidro devem ser transportadas ou armazenadas com inclinação de 6% a 8% em relação ao plano vertical; As chapas armazenadas ou transportadas devem ser intercaladas com materiais que protejam suas superfícies; As chapas de vidro temperado devem ser armazenadas em locais livre de contaminação química e poeira para que se evite o surgimento de condensações ou contatos físicos que podem danifica-la; As chapas devem ser identificadas com suas dimensões bem como conter símbolos convencionais de manuseio, proteção contra umidade e choque mecânico. (NBR 14698) 4.4. Processo de Têmpera O processo de têmpera consiste no aumento de tensão do material de forma controlada, se colocada à parte externa do vidro em alta compressão obtemos as partes internas do material em tração, este processo proporciona ao vidro maior resistência mecânica. Como rachaduras são impossibilitadas de se originarem no interior dovidro, este pode ser mantido sobre tração e seu exterior sobre compressão, logo, resistirão muito mais a impactos e abrasões. 12 Existem vários métodos pelos quais a superfície do vidro pode ser colocada sobre compressão: Têmpera térmica. Pela cristalização da superfície do vidro. Revestindo a superfície vítrea com material de menos expansão. A têmpera térmica consiste no aquecimento do vidro até seu posto de amolecimento, e logo em seguida no resfriamento rápido até a temperatura ambiente. As camadas superficiais atingem a temperatura ambiente e imediatamente param de contrair, assim o interior do material ainda quente sente a restrição exercida pelas camadas exteriores, o que faz com que as camadas internas fiquem sobre tensão e exercendo grande compressão nas camadas externas. (Maia, 2003) O resfriamento usualmente tem a velocidade de 40 segundo por milímetro de espessura e o processo de têmpera térmica pode ser por técnica vertical ou horizontal como explicado no decorrer deste trabalho. A têmpera química pode ocorrer por várias maneiras, em um caso o coeficiente de expansão térmica é reduzido por uma combinação de uma troca iônica e cristalização superficial. A temperatura do processo está ligada a grandeza da tensão introduzida. Pela cristalização de superficie os vidros com alto teor de sódio são imersos em um banho de um sal de lítio, fundido a uma temperatura suficiente para o lítio alcalino se difundir e aliviar qualquer tensão introduzida pelo fluxo viscoso. Posteriormente um tratamento térmico faz cristalizar na superfície eucriptita de baixo coeficiente de expansão, causando uma tensão compressiva. (Maia, 2003) 13 No processo de revestimento, o vidro é revestido por uma camada de uma expansão térmica mais baixa que o vidro matriz, assim quando ocorrer a expansão do vidro, a camada com a capacidade de expansão térmica menor irá aumentar a compressão da camada externa do vidro. (Maia, 2003) Na indústria o processo de têmpera é feito respeitando as normas da Associação Brasileira de Normas técnicas (NBR 14698), respeitando limites de dimensões e ensaios tanto de resistência mecânica, térmica e de propriedades ópticas. Segundo as normas da ABNT o vidro precisa passar por normas que o regulamenta para que possa ser fabricado e utilizado na indústria, entre os ensaios e normas obrigatórios estão; Anisotropia (efeitos de polarização): característica ótica do vidro temperado inerente ao processo de têmpera. Fragmentação do vidro temperado: tipo característico de quebra de chapa de vidro provocada pelo desequilíbrio das tensões, originando pequenos fragmentos. Identificação: marcação indelével efetuada junto à borda do vidro com o objetivo de identificar fabricante e/ou características da chapa de vidro. Linha branca: linha de aparelhos eletrodomésticos de maior porte como fogões, geladeiras, secadoras etc. Marcas de pinça: depressões pontuais na chapa de vidro resultante do processo vertical de tempera localizada próximo as bordas. Vidro de segurança: cujo processo de fabricação reduz os riscos de ferimentos após a quebra. defeitos: bolhas, corpos estranhos, manchas, defeitos lineares, fios de cabelo, riscos ou arranhões e defeitos pontuais. Os ensaios devem obedecer a alguns requisitos em relação à quantidade e dimensão de corpos de prova. As deformações causadas pelo processo de têmpera vertical em decorrência das pinças devem respeitar o máximo 14 de 20mm a partir da borda, esta deformação pode causar uma deformação do efeito ótico de até 100 mm, o máximo permitido pela norma. O vidro temperado é o resultado de um tratamento térmico em uma lâmina de vidro float., O processo de fabricação do vidro float foi explicado anteriormente. A chapa de vidro float passa pela etapa de corte geralmente motorizado com dimensões especificas pré-determinadas pelo fabricante, de acordo com as encomendas (as lâminas de vidro temperado podem resultar em vários tamanhos e formatos diferentes). As lâminas são separadas manualmente e colocadas individualmente em maquinas polidoras para que se acertem as bordas e para eliminar pontas cortantes. As chapas são transferidas para uma segunda unidade de corte para que sejam feitas marcações e furos, conforme especificações do fabricante. As chapas finalmente cortadas, lixadas e com suas demais marcações passam por um processo de limpeza que pode ser manual ou mecanizado. Em seguida todas as lâminas são posicionadas verticalmente em uma esteira para que sejam inseridas ao forno aquecido com temperatura de 700ºC, o que fornece ao vidro uma coloração avermelhada e com maior viscosidade. Após esse processo de aquecimento, as chapas são levadas a outra esteira de sopro para que sejam esfriadas a temperatura ambiente, sendo que esse processo é considerado como um processo de resfriamento brusco. Logo após o esfriamento, as chapas recebem identificação, e são armazenadas conforme a norma NBR 14698. O processo de têmpera também pode ser de forma vertical, tendo algumas diferenças em seu processo. As chapas são presas com auxilio de pinças próximo às bordas em posição vertical, são aquecidas em forno da mesma maneira, porém o resfriamento é feito a uma distancia considerável dos sopradores à temperatura ambiente, o que faz com que os vidros de dimensões diferentes resfriem com velocidades diferentes o que está diretamente relacionado com a fragmentação do material. A fragmentação do vidro é basicamente a quantidade de fragmentos em que o material se separa após a quebra, segue o exemplo da tabela abaixo. (setglass, 2014) 15 Normas de fragmentação segundo a NBR 14698 Tabela 1 Relação de espessura e número minimo de fragmentos Fonte: (abravidro.org.br/punoticias/qual-o-desempenho-correto-da-fragmentacao-do-temperado/) (acesso: 15 de outubro 2018) 4.5. Processamento dentro da empresa Dentro do segmento empresarial o vidro temperado é vastamente utilizado principalmente no ramo de esquadrias, este tipo de indústria trabalha diretamente com o consumidor final com a venda de produtos como janelas, portas, portões e box de banheiro. A indústria de esquadrias vem ganhando grande notoriedade devido a tamanha demanda do consumidor, o que torna o ramo muito competitivo e assim, várias empresas pequenas e familiares são construídas o que aumenta a competitividade. No segmento de esquadrias existem vários obstáculos que afetam a parte financeira das mesmas, uma delas é o desperdício de peças e materiais não utilizados e descartados, este tipo de problema se torna complexo para as empresas, pois, não só o desperdício de dinheiro com as peças não utilizadas e “encalhadas” nos deposito, mas também a falta de espaço e condições de armazenagens para que o material não sofra injurias de contaminações e sujeira o que pode trazer ainda mais prejuízos com a possível perda das peças. O desperdício de material também causa um impacto ambiental, pois, a empresa é diretamente responsável pelo descarte desse material que devem 16 obedecer a lei Lei n.º 12.305/2010 que regulamenta o descarte de resíduos sólidos não radioativos. O uso do vidro temperado possui propriedades mecânicas e óticas ideais para o uso em janelas, portas e box de banheiro, pois, possui maior resistência mecânica, é translucido e é um vidro de segurança, ou seja, ele possui maior segurança em relação ao vidro comum após a quebra. O vidro comum também chamado de vidro float no momento de sua quebra provoca estilhaços de tamanhos distintos, com arestas afiadas e partes pontiagudas o que pode provocar escoriações e cortes em caso de acidentes, mesmo sendo um material translucido e impermeável possui vários riscos para a utilização em produtos que sejam sujeitos a pressão, esforços mecânicos evariação térmica em função do clima. (ecycle.com.br -2018) Figura 5 Vidro float após a quebra Fonte:www.dreamstime.com/stock-photos-shards-shattered-glass-image25348023 (acesso: 18 setembro 2018) 17 Buscando as propriedades necessárias para uso em aberturas e esquadria foi utilizado o vidro temperado, este material com as mesmas propriedade óticas e impermeáveis que o vidro comum, porém com maior resistência mecânica e térmica o que faz o vidro temperado o material mais adequado para a utilização em aberturas e esquadrias que por sua vez estão sujeitas a intemperismos climáticos e esforços mecânicos e impactos. As vantagens da utilização do vidro temperado em esquadrias se dão principalmente por ser um material seguro em caso de acidentes, quando ocorre a quebra do vidro temperado ao contrario do vidro comum, sua quebra se da por completo não restando pontas afiadas presas ao produto o que impede que ocorram lesões e cortes indesejados. (Akerman, 2000) O vidro que passa pelo processo de têmpera recebe uma alteração na tensão interna a expandindo e comprimindo a face externa por causa da manipulação térmica, com velocidade de resfriamento considerada brusca o material sofre um acumulo de tensões o que faz com que quando ocorra a quebra o vidro divida-se em pedaços pequenos e com arestas polidas e não cortantes, a velocidade de resfriamento esta relacionado na quantidade de divisões destes cristais (Akerman, 2000). 18 Figura 6 Fragmentos de vidro temperado após a quebra Fonte: viminas.com.br/blog/vidro-temperado-quebra (acesso: 18 de setembro 2018) Este material possui grandes vantagens para a sua utilização neste segmento da indústria, porém, as fabricas que fazem a utilização deste material enfrenta um grande desafio no momento de seu manuseio e sua instalação nas esquadrias, um dos principais problemas é causado por sua conformação que impede que o vidro temperado seja cortado e furado após a têmpera, isso pode causar quebras e prejuízos com este material se não for manuseado por um profissional capacitado. Empresas de esquadria e aberturas compram o material de empresas especializadas, pois, o processo de têmpera do vidro necessita equipamentos como fornos e cilindros de secagem o que poderia encarecer ainda mais o produto final, com gasto de equipamentos e energia. As dimensões do material precisam ser previamente fornecidas para que ocorra o corte das laminas de vidro anteriormente ao processo de tempera, isto torna o processo de fabricação das esquadrias mais lento o que para o consumidor final acaba sendo desconfortável. (Akerman, 2000). 19 5. MEIO AMBIENTE 5.1. Resíduos sólidos no Brasil A quantidade de resíduo sólido urbano gerado no Brasil no ano de 2017 é de 78,4 milhões de toneladas no ano, cerca de 1% a do que o registrado no ano de 2016. O montante coletado em 2017 foi de 71,6 milhões de toneladas, registrando um índice de 91,2%, o que mostra que 6,9 milhões de toneladas não foram objeto de coleta, ou seja, tiveram um destino final inapropriado. Segundo o Panorama Abrelpe o destino dos resíduos sólidos urbanos coletados não obtiveram melhores resultados, quando comparados ao ano de 2016, 59,1% dos resíduos sólidos urbanos coletados dispostos em aterros sanitários. O restante, 40,9% dos resíduos coletados, foi despejado em locais inadequados por 3.352 municípios brasileiros, totalizando 29 milhões de toneladas de resíduos em lixões ou aterros controlados, os quais não possuem o conjunto de sistemas e medidas necessárias para a proteção do meio ambiente. (Panorama dos resíduos sólidos no Brasil, 2017) Na região sul foram gerados 22,429 toneladas/dia de resíduos sólidos urbanos, dos quais 95,1% foram coletas. Dos resíduos coletados na região 29,8% foram encaminhados para aterros controlados e lixões. Os 1.191 municípios da região sul que possuem a coleta seletiva, aplicaram em 2017 uma média de R$8,20 por pessoa na coleta de resíduos sólidos urbanos e demais serviços de limpeza urbana. O mercado de serviços de limpeza urbana movimentou quase R$3,3 bilhões, registrando aumento de cerca de 3,6% em relação a 2016. (Panorama dos resíduos sólidos no Brasil, 2017) 20 Tabela: Disposição final de resíduos sólidos urbanos na região sul em Ton/Dia Tabela 2 Disposição final de resíduos sólidos na região sul em Ton/Dia Fonte: (Panorama dos resíduos sólidos no Brasil, 2017) Acesso: 02 de Dezembro 2018) Atualmente no Brasil a Lei 12305 a chamada, lei politica nacional dos resíduos sólidos fomenta as normas a serem seguidas quanto ao destino dos rejeitos, resíduos orgânicos e resíduos sólidos. Segundo a Lei 12305 resíduos sólidos é material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede publica de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviável em face da melhor tecnologia disponível. (Brasil, 2010) A mesma lei também classifica rejeito como resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as suas possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos e tecnicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambiental adequada. Consta no Art 9º da Lei 12305 a seguinte ordem de prioridade para o gerenciamento de resíduos sólidos. Não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento de resíduos sólidos e disposição final ambiental adequada de rejeitos. 21 5.2. Reciclagem As demandas em relação aos recursos naturais do planeta estão aumentando a cada dia, além disso, os níveis de poluição estão cada vez maiores. As decisões tomadas na engenharia de materiais tem impacto sobre o consumo de matérias primas e de energia, sobre a contaminação da água e da atmosfera, sobre a saúde humana, a mudança global do clima e a capacidade de o consumidor descartar ou reciclar os produtos consumidos. A qualidade de vida para gerações atuais e futuras dependerá, de como essas questões são abordadas pela comunidade mundial de engenharia. (Callister, 2012) Segundo a Associação Nacional de vidraçarias (www.anavidro.com.br, 2018), o mercado ainda não possui um comercio amplo destinado às cacos ou sobras de vidro da indústria. Segundo Vânia Feliz, gerente administrativa da empresa New Temper, a melhor opção para o destino destes cacos é a reciclagem. No Brasil, existem várias empresas destinadas à reciclagem de vidro como a Divinal Vidros, New Temper, BrazilGlass e Pestana Vidros. A vantagem na contratação destas empresas se da pela reutilização deste material, o que é importante para a economia dos bens naturais e energia gasta pela indústria de vidro (ZARAMELLA, 2016) A reciclagem inicia-se na coleta e separação do material, em seguida é feita a limpeza e moagem do material, este material é aquecido em fornos á temperatura acima de 1000ºC, logo após passa pelo resfriamento e, por fim, torna- se uma chapa lisa de vidro. A importância da reciclagem do vidro é bem significativa, pois o vidro é um material que demora cerca de cinco mil anos para se decompor. Portanto, a reciclagem diminui consideravelmente o volume de vidro sem uso. (ECYCLE, 2017). O vidro temperado, em resumo, é um vidro float que passou por um processo de manipulação térmica chamada de tempera, isso faz com que seja possível a reciclagem deste material sem grandes problemas. 22 Entretanto, o vidro reciclado não é recomendado para a utilização como matéria prima pois, segundo ao site de reciclagem eCycle, alguns estudos comprovam a alteração da viscosidade dovidro após o seu processo de reciclagem. 5.3. Sustentabilidade Para tratar sobre sustentabilidade, é necessário nos aprofundar nas três dimensões do desenvolvimento sustentável, economia, social e ambiental. O chamado tripé da sustentabilidade tem grande importância no momento em que vamos tratar de sustentabilidade. Os três pilares que tratam de aspectos econômicos, aspectos sociais e ambiental, devem interagir para que se satisfaça o conceito de sustentabilidade. Estes conceitos devem ser aplicados de forma macro como, no pais ou planeta, como micro, dentro de casa ou uma pequena vila agraria. Social trata de capital humano de um empreendimento ou sociedade. Esta perna do tripé, como nos outros itens, é importante pensar a longo, médio e curto prazo. A princípio todas as práticas econômicas tem impacto ambiental negativo. Neste aspecto a empresa ou a sociedade deve pensar formas de amenizar ou compensar o que não poder ser amenizado. Uma empresa que usa madeira como matéria prima deve pensar em um modo de diminuir o impacto ambiental da sua atividade, como o plantio de espécies nativas na região. Na economia são analisados os temas ligados a produção, distribuição e consumo de bens e serviços e deve se levar em conta os outros dois aspectos. (lassu laboratoria de sustentabilidade USP, 2018) Na economia o engenheiro de materiais pode minimizar custos de um produto, levando em consideração os materiais utilizados, o projeto do componente e os processos de fabricação. (Callister, 2012) 23 5.4. Reciclagem de vidro O material cerâmico mais consumido pelo público em geral é o vidro, geralmente na forma de recipientes. O vidro é um material relativamente inerte e não se decompõe em condições naturais no meio ambiente, ou seja, não é um matéria biodegradável. Aterros e incineradores possuem uma quantidade considerável de sucata de vidro. Não há estímulo econômico para a reciclagem do vidro, pois, sua matéria prima (areia, soda cáustica e calcário) são baratas e amplamente disponíveis. Além disso, os chamados “cacos” de vidro necessitam de uma separação por cor, composição e por tipo, o que demanda muito tempo e mão de obra. A sucata de vidro tem o valor de mercado muito baixo, o que diminui sua reciclabilidade. As vantagens da utilização do vidro reciclado incluem taxas de produção maiores e mais rápidas e redução na emissão de poluentes. (Callister, 2012) A reciclagem sempre foi destaque na indústria vidreira e com novos investimentos sendo feitos acabou se popularizando ainda mais nestes últimos anos. As vantagens de se reciclar o vidro são incontestáveis, tanto no setor ambiental como econômico, o vidro é 100% reciclável, ou seja, com um quilo de vidro se faz um quilo de vidro reciclado sem emissão de CO² para o meio ambiente. (ABIVIDRO, 2010) A reciclagem do vidro pode se dar de três maneiras: Manual: processo de beneficiamento do vidro sem a utilização de maquinas, o vidro sem avarias é coletado separado por cor e separado de impurezas. Semi-automatizado: neste processo utiliza-se um método mais mecanizado, o vidro é separado, triturado e passa por lavagens mais completas. Automatizado: a diferença deste processo para o semi- automatizado é a isenção de interferência humana deste processo, o processo de beneficiamento é feito por maquinas do inicio ao fim (ABIVIDRO, 2010). 24 5.5. Benefícios da reciclagem de vidro A reciclagem de vidro no Brasil é uma forma muito lucrativa de lidar com resíduos sólidos mesmo que a prática da reciclagem ainda seja vista como uma atividade de subsistência. A instalação de usinas de reciclagem e postos de coleta no Brasil agrega na economia produzindo emprego para a população em sua maioria sem necessidade de nenhum conhecimento técnico especifico. Além da reutilização total do material, a reciclagem do vidro proporciona a diminuição de resíduos descartados na natureza e diminuição de emissão de CO² na sua fabricação quando comparado ao processo de fabricação d vidro a partir de sua matéria prima. (ABIVIDRO, 2010) Atualmente muito pouco do resíduo reciclável no Brasil recebe destino adequado, a Figura 7 mostra em números essas informações. Figura 7 Destinação de resíduos sólidos urbanos no Brasil Fonte: Abividro, 2010 (Acesso:dezembro 2018) 25 5.6. Processo de reciclagem do vidro Entende-se como reciclagem o processo do derretimento dos chamados cacos de vidro para a fabricação de novos produtos. As garrafas de vidro têm aproximadamente 60% de vidro reciclado em sua composição. O vidro é separado por cor e seu preço de mercado varia com sua composição, a separação é feita em postos de coleta e cooperativas, o vidro separado passa por esteiras que utilizam sensores de luz que identificam corpos estranhos e com o auxilio de mecanismos de ar comprimido estes corpos estranhos são descartados de forma que o material fique 100% puro. (Cadernos de Educação Ambiental , 2013) Após a separação o vidro é triturado até o tamanho de 15mm, separado novamente por peso e por opacidade com o auxilio de sensores óticos, separação de materiais metálicos através da utilização de sensores magnéticos e por fim o derretimento do vidro para a fabricação de novos produtos. (Cadernos de Educação Ambiental , 2013) 6. ESTUDO DE CASO Durante o período de estágio em que tive a oportunidade de conviver diretamente com a empresa Cia do Alumínio, pude constatar as principais particularidades no processo de utilização de lâminas de vidro temperado para a fabricação de vidro temperado. 6.1. Histórico da Empresa CIA DO ALUMÌNIO A empresa Vanderlei Machado Da Rosa Esquadrias-ME mais conhecida pelo nome fantasia Cia Do Alumínio está localizada na Rua Crispim Duarte Gomes, 429 na cidade de Piratini no interior do estado do Rio Grande do Sul, é uma empresa familiar. 26 Fundada no ano de 2000, se deu início em apenas uma garagem localizada na rua Decio Cipriano D’avila no município de Piratini, fundada pelos irmãos Vanderlei Machado da Rosa, Joacir Machado da Rosa e Mirele Machado da Rosa iniciaram sua empresa no segmento de esquadrias em alumínio. Sua qualidade proporcionou um crescimento passível de atravessar fronteiras do município e se tornar fornecedor de esquadrias em alumínio em várias cidades do estado como Pelotas, São Lourenço e Canguçu, apenas com dois anos de empresa já ouve a expansão do espaço até então limitação para atender a sua demanda. Atualmente a empresa tem como sua principal função a confecção de esquadrias em vidro tempera e box para banheiro, possui 5 funcionários entre fábrica e loja de esquadrias (http://eufaleipiratinirs.blogspot.com, 2015) 6.2. Etapas do Processo do vidro temperado dentro da empresa O trabalho que a empresa realiza com o vidro temperado inicia-se pela demanda de mercado, ou seja, a empresa recebe encomendas de esquadrias, aberturas e box de banheiro. Após o cálculo das dimensões da peça, é feito a encomenda das lâminas de vidro temperado para o fornecedor. A partir do momento em que as lâminas chegam à empresa, elas obedecem a seguinte ordem de processo. 27 Figura 8 Fluxograma do processo de recebimento de vidro temperado O recebimento do das lâminas de vidro é o momento em que o vidro é inspecionado, caso o material não corresponda com as exigências previamente acordadas com o fornecedor, este carregamento deve ser devolvido de volta ao fornecedor para que se corrija o carregamento. Após o vidro ser devidamente inspecionado e conferido pelos funcionários da empresa, deve se retirar do caminhão com cuidado, lâmina por lâmina. As lâminas são armazenadas em cavaletes intercaladas por pedaços de papelão ou panos, com o cuidado de não deixar resíduos de pó entre as lâminas para não causar avarias. No processode fabricação das esquadrias, os perfis de alumínio são cortados e arrebitados respeitando as dimensões previamente estabelecidas, para que as lâminas de vidro temperado sejam colocadas nas esquadrias, as “borrachas” devem estar adequadamente encaixadas. As lâminas são encaixadas com cuidado e as laminas de vedação são lubrificadas e encaixadas de modo que o vidro fique perfeitamente encaixado e sem folgas. Com o produto final pronto, ele deve ser lavado para a retirada de poeira e marcas no vidro. A peça é separada e identificada para a entrega. Para o transporte da peça para o consumidor, a mesma deve ser carregada 28 individualmente, presa ao caminhão e com o auxilio de um cobertor, o funcionário da empresa protege a peça. Na hora da montagem o processo é semelhante ao recebimento das lâminas, a peça em si é analisada na frente do cliente antes de ser montada. Enquanto ocorre a montagem é necessário um cuidado especial com as lâminas de vidro. Antes de manipular qualquer parte que contenha o vidro, deve-se ter a certeza que a superfície está totalmente limpa. 6.3. Dados Coletados Os dados a seguir se mostram úteis para analisar o cenário atual de pequenas empresas neste segmento, através de uma entrevista com o Sr Vanderlei Machado da Rosa, coletamos os seguintes dados a partir de uma entrevista com o Sr Vanderlei Machado, proprietário da empresa CIA DO ALUMÌNIO, foram coletados alguns dados importantes, os quais podem descrever o cenário atual de empresas do segmento de esquadrias: De acordo com o proprietário da empresa, a relação da empresa de esquadrias com as empresas fornecedoras de vidro temperado são claras e objetivas na maioria das vezes, ocorrendo casos isolados de divergência de informações, o que pode afetar o recebimento do pedido. Os principais problemas notados pelo proprietário da empresa são em sua maioria, a divergência de medidas por parte dos fornecedores, o que não é frequente, porém, quando acontece causa um grande transtorno. Em média, a compra mensal de vidro temperado pela empresa é cerca de 50m², porém, a compra está diretamente relacionada a demanda. A quantidade de vidro temperado que é contabilizado como perda pela empresa fica entre 3% a 10%, o que para uma empresa de pequeno porte é uma quantidade considerável. Segundo o proprietário da empresa, quando ocorre perda de material, novas esquadrias são projetadas para que se adequem às dimensões da lâmina de 29 vidro para que esta possa ser comercializada. Do contrário, o material é estocado dentro da própria empresa sem nenhum tipo de utilidade. O vidro temperado como um material frágil é armazenado da seguinte maneira na empresa: o vidro chega em formato de lâminas, que são armazenadas em cavaletes de madeira para que as lâminas fiquem em pé, e entre as lâminas são colocados pedaços de pano para que o atrito não cause nenhuma perda. 6.4. Análise dos Dados Empresa de pequeno porte tem como característica quase em sua maioria a gestão de forma familiar e com sistema simples de organização de gastos e entrada e saída de materiais, o que foi possível analisar durante o tempo de convivência com a empresa citada de perceber que o controle da compra de materiais segue diretamente a demanda de produção, a falta de comunicação dentro de uma das fornecedoras deste material muitas vezes se mostra falha o que faz o recebimento dos materiais não serem satisfatórios o que acarreta ainda mais prejuízo para a empresa. O estoque dos materiais também é um fator importante para o setor de compras e setor financeiro da empresa, pois caso os materiais não sejam devidamente armazenados e catalogados ocorre o risco da perda de material por avaria ou até mesmo compra de materiais desnecessários. De acordo com o cenário observado no item anterior, para uma empresa de pequeno porte do ramo de esquadrias, um total de perda de 3 a 10% representa uma perda considerável, que reflete no preço do produto final. Analisando o cenário de uma empresa pequena no segmento de esquadrias, pode-se deduzir que as empresas que possuem fluxo considerável de entrada e saída de vidro temperado, possuem dificuldades em condicionar o vidro fora de especificações previas a novo uso dentro da empresa. 30 Problemas como falta de capacitação de pessoal, dificuldades de processo e problemas de comunicação entre empresa e fornecedores da matéria prima foram observados durante este estudo de caso. Durante a experiência junto à empresa, percebeu-se a dificuldade na armazenagem dos chamados “cacos”, nome dado as lâminas de vidro que não tinham utilidade e ocupavam muito espaço dentro das instalações da empresa. 31 7. DISCUSSÃO DE ALTERNATIVAS Durante o estudo foi possível perceber que uma das maiores dificuldades com a utilização de vidro temperado pelas indústrias é a dificuldade de dimensão após o processo de tempera deste material, sendo impossível o corte do mesmo, dificilmente será possível adequar o material a peça da esquadria caso as dimensões não forem previamente estabelecidas. Pensando nisso, possíveis soluções que possam amenizar estes problemas seriam: A comunicação entre as empresas deste tipo de material deve ser clara e objetiva, a necessidade do dimensionamento da peça previamente necessita que todos os instrumentos de ambas as fabricas estejam devidamente calibrados para que não se tenha nenhum tipo de erro de dimensionamento, claramente respeitando as margem de 2 mm devido ao processo de tempera. Existe também a importância no treinamento de funcionários para que se tenha o conhecimento tanto da importância de dimensão da peça como o manuseio dos instrumentos de medida. Devido a dificuldade de corte, as empresas poderiam analisar a possibilidade de aquisição de pequenos fornos para que possa de realizar um retorno de tempera (cozimento) na placa de vidro para que se evite descarte da peça, claro que deve ser analisado o custo de energia e de maquinário para que se possa fazer uma relação de economia a médio e longo prazo para que seja vantajoso para a empresa. Uma dificuldade que pude constatar no processo do vidro, durante minha experiência de estágio é a armazenagem das lâminas de vidro, EPIs como luvas, óculos de proteção e botas são extremamente necessários. As lâminas de vidro são escorregadias e sem o uso de luvas adequadas, podem ocorrer acidentes. As botas evitam impactos em caso de queda e os óculos, impedem que os “cacos” possam ferir os funcionários. Nem sempre os funcionários usam o equipamento adequado mesmo sendo alertados pelo chefe frequentemente. 32 Durante o processo de produção das esquadrias, qualquer contaminação ou sujeira pode comprometer as lâminas de vidro, deve-se ter cuidado ao manipular a lâmina. As lâminas não podem ser forçadas no encaixe. Durante o processo de instalação de um box de banheiro, por exemplo, se o local não estiver devidamente limpo após as perfurações, e alguns grãos de areia ou impureza estiverem na banda de rodagem, o vidro se estilhaçara por completo. A necessidade da limpeza do local antes e após a instalação é necessária. 33 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante este estudo podemos levantar as dificuldades existentes no segmento de esquadrias e aberturas com a utilização de vidro temperado. As vantagens na utilização do vidro temperado em relação ao vidro float é visível neste estudo tanto em sua resistência mecânica como a segurança oferecida para o consumidor final. Podemos avaliar que as principais dificuldades são principalmente com a capacitação dos funcionários de ambos os segmentos, tanto para a empresa de esquadrias com o manuseio, armazenamento e montagens das peças como, dosfuncionários da empresa que produzem e processam o vidro temperado, pois, no processo de encomenda de produto devem ser feitas todas as medidas previamente anterior ao processo de têmpera para que se cumpram as dimensões exigidas pela empresa respeitando as margens defendidas pela legislação. Como foi citado pelo Sr Vanderlei chefe de produção da empresa em que ocorreu o estudo de caso, em algumas situações as medidas encomendadas por ele não são atendidas com precisão o que pode provocar transtornos e a impossibilidade de troca de placas se torna um grande prejuízo para a empresa. A Falta de atenção e a falta de destino tanto para placas “encalhadas” quanto para cacos também se torna prejuízo não só financeiro quanto para o espaço físico da empresa quanto para o meio ambiente devido ao descarte de cacos. Algumas alternativas foram apresentadas neste estudo, porém, deve-se avaliar tanto o lucro em longo prazo, disponibilidade de espaço físico da empresa o que pode tornar inviável determinadas alternativas, mesmo que em longo prazo seja vantajoso, estudos econômicos para determinar o futuro do segmento para que as oscilações na economia não afetem bruscamente o futuro da empresa. 34 9. BIBLIOGRAFIA , William D. Callister. Ciência dos materiais. 8 ed. [S.L.]: Diagrama Ação, 2012. 429 p .ABRELPE. Panorama de resíduos sólidos no brasil. Disponível em: <http://abrelpe.org.br>. Acesso em: 03 dez. 2018. AKERMAN, Mauro. Natureza, estrutura e propriedades do vidro: Saint Gobain. 1 ed. [S.L.]: CETEV, 2000. 15-16 p .AKERMAN, Mauro. Natureza, estrutura e propriedades do vidro: Saint Gobain. 1 ed. [S.L.]: CETEV, 2000. 15-16 p .ANAVIDRO. Aprenda como descartar e reciclar pó de vidro. Disponível em: <http://www.anavidro.com.br>. Acesso em: 12 out. 2018. ANAVIDRO. Associação nacional de vidraçarias. Disponível em: <http://www.anavidro.com.br>. Acesso em: 11 out. 2018. BARROS, Carolina. Apostila de vidros: Materiais de Construção. 1 ed. [S.L.: s.n.], 2010. 2-3 p. DIVINAL VIDROS. Divinal. Disponível em: <http://www.divinalvidros.com.br>. Acesso em: 09 out. 2018. ECYCLE. Todos os tipos de vidros são recicláveis?. Disponível em: <https://www.ecycle.com.br>. Acesso em: 11 out. 2018 GUIA DO VIDRO. Sobre o vidro. Disponível em: <http://www.guiadovidro.com.br>. Acesso em: 09 out. 2018. LASSU. Laboratório de sustentabilidade usp. Disponível em: <http://www.lassu.usp.br>. Acesso em: 03 dez. 2018. MAIA, Samuel Berg. O vidro e sua fabricação. [S.L.]: Interciência, 2003. 120-121 p. PLANALTO. Presidência da república. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 02 dez. 2018. PORTAL RESIDUOS SOLIDOS. Cadernos de educação ambiental. Disponível em: <www.portalresiduossolidos.com>. Acesso em: 02 dez. 2018. SETGLASS. Têmpera horizontal e vertical. Disponível em: <http://www.setglass.com.br>. Acesso em: 11 out. 2018. VIMINAS. Vidro temperado. Disponível em: <https://viminas.com.br>. Acesso em: 12 out. 2018. 35 WHESPHAL, Fernando Simon. Manual técnico do vidro plano: Abividro. [S.L.: s.n.], 2017.
Compartilhar