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Universidade Estadual do Ceará BIOQUÍMICA VETERINÁRIA I DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE LIPÍDIOS EM ANIMAIS NÃO-RUMINANTES Equipe Antonia Tayane Vieira de Melo Gabriela Lima Cavalcante Gabriela Costa Veras Lydia Letícia de Oliveira Paulo 1. INTRODUÇÃO Os lipídios são o quarto principal grupo de moléculas encontradas em todas as células. Diferentemente dos ácidos nucléicos, das proteínas e dos polissacarídeos, os lipídios não são poliméricos. Contudo, eles se agregam, e é nesse estado que desempenham sua função de matriz estrutural das membranas biológicas. Os lipídios constituem uma classe de compostos de estruturas altamente diversificadas, cuja única característica comum é sua baixa solubilidade em água, mas extremamente solúveis em solventes orgânicos. Sua função no organismo é essencialmente energética, no que são iguais aos glicídios. Mas, sob esse aspecto, têm as vantagens de poderem depositar-se em muito maior quantidade e possuírem um conteúdo energético mais elevado. Os lipídios desempenham algumas funções biológicas essenciais, de acordo com seu tipo: ● armazenamento de energia, uma vez que cada grama de lipídios contém 9 quilocalorias de energia; ● isolamento térmico, essencial para a manutenção da temperatura corporal, sendo essencial para suportar baixas temperaturas. Nos mamíferos, a gordura subcutânea é formada por lipídios; ● disponibilização de ácidos graxos, necessários para a síntese de moléculas orgânicas e formação das membranas celulares; ● auxílio na absorção de vitaminas A, D, E e K, que são lipossolúveis, ou seja, se dissolvem na gordura; ● produção de hormônios e sais biliares; ● proteção e suporte para órgãos internos de aves e mamíferos. 1.2 ÁCIDOS GRAXOS Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos, geralmente monocarboxílicos, com cadeias hidrocarbônicas, representadas pela forma RCO2H. O grupamento R é uma cadeia de carbonos longa, não ramificada, com número par de átomos de carbono, podendo ser saturada (ligações simples) ou conter uma ou mais duplas ligações (insaturações). O grupo carboxila constitui a região polar e a cadeia R a região apolar da molécula. São classificados segundo o comprimento da cadeia de carbonos, a presença e o número de duplas ligações e a configuração das duplas ligações (SANTOS et al., 2013). Com relação ao comprimento da cadeia hidrocarbônica, são classificados como cadeia curta (quatro a oito átomos de carbono), cadeia média (oito a 12 átomos de carbono) e cadeia longa (mais de 12 átomos de carbono). Para a presença de duplas ligações são classificados em saturados (não possuem dupla ligação entre os átomos de carbono) ou insaturados (possuem uma ou mais duplas ligações dentro da cadeia de carbonos). Dentre os ácidos graxos insaturados, os monoinsaturados possuem apenas uma dupla ligação e os poli-insaturados contém duas ou mais duplas ligações e ainda podem ter configurações cis e trans. https://www.stoodi.com.br/blog/2018/10/31/hipotermia/ https://www.stoodi.com.br/blog/2019/01/04/mamiferos-classificacoes-e-caracteristicas/ https://www.stoodi.com.br/blog/2018/07/09/sistema-endocrino/ A maioria dos ácidos graxos possui cadeias não ramificadas (lineares), entretanto alguns de ocorrência rara são ramificados, e outros contêm estruturas cíclicas ligadas à cadeia hidrocarbônica (RAPOSO, 2010). A nomenclatura utilizada para os ácidos graxos pode ser derivada da fonte de origem do ácido como, por exemplo, ácido palmítico, originado do óleo de palma ou por um nome sistemático baseado em sua estrutura química. O nome sistemático é iniciado pela palavra “ácido” seguido de um prefixo referente ao número de átomos de carbono da maior cadeia hidrocarbônica que contenha o grupo carboxila e o sufixo “óico”. Os átomos de carbono podem ser numerados a partir do grupo carboxila (numeração delta - ∆ ou letras gregas) ou a partir do carbono mais distante da carboxila (numeração n ou ômega – ω). Uma nomenclatura simplificada também pode ser utilizada, em que se especifica o comprimento da cadeia hidrocarbônica (número de carbonos) separado por dois pontos, seguido do número de instauração (por exemplo, ácido oleico com 18 carbonos e uma dupla ligação – 18:1) (NELSON & COX, 2011). 1.3 TRIACILGLICERÓIS (TRIGLICERÍDEOS) Triglicerídeos também recebem o nome de triglicérides ou triésteres. Eles são óleos ou gorduras de origem vegetal ou animal, e sua obtenção vem da reação entre um ácido graxo e o glicerol. São os lipídios mais abundantes (mais de 90% do total) nos alimentos utilizados habitualmente na alimentação animal. São ésteres de glicerol com ácidos graxos (AG). As principais variações de seu valor nutritivo estão ligadas a diferenças no tipo de AG que formam parte de sua molécula. Nutricionalmente , este é o grupo mais importante, dado o seu uso como ingredientes nas dietas. As gorduras e óleos presentes na maioria das substâncias comestíveis caracterizam-se pelo seu alto valor energético. Uma grama de gordura comum produz aproximadamente 9,45 Kcal/g quando se submete a combustão total comparado a 4,1 Kcal/g que produz um carboidrato comum ou 4,4 Kcal/g de uma proteína. Assim, a gordura produz aproximadamente 2,25 vezes mais energia que carboidrato e proteína. A hidrólise de triacilglicerol, catalisada por ácido ou por enzimas chamadas de lipases, resulta na liberação do glicerol e dos ácidos graxos, enquanto que a hidrólise parcial resulta na formação de mono e diacilgliceróis. Oléo Vegetal 1.4 FOSFOLIPÍDEOS Fosfolipídeos compostos que aparecem em pequenas concentrações nos tecidos, desempenhando funções metabólicas importantes no organismo.Eles podem acabar formando, igualmente na membrana plasmática uma bicamada, já que possuem características anfipáticas.A estrutura da molécula de fosfolipídios geralmente consiste de duas "caudas" de ácidos graxos hidrofóbicas ligadas por meio de um glicerol a uma "cabeça" hidrofílica consistindo de um grupo fosfato. O grupo fosfato pode ser modificado com moléculas orgânicas simples. 1.5 ESTERÓIS O mais comum esterol encontrado no animal é o colesterol, que pode estar na forma livre ou esterificado com ácidos graxos. São lipídios de cadeia complexa, onde o colesterol é substância fundamental na formação dos esteroides.Os esteroides são amplamente distribuídos nos organismos vivos e incluem os hormônios sexuais, a vitamina D e os esteróis, tais como o colesterol e a digitalina. Os esteróides estão largamente difundidos em seu corpo. Quantidades muito pequenas mostram atividade biológica considerável. Pequenas variações na estrutura molecular de esteróides resultam em grandes diferenças nos seus efeitos. Os esteróides que ocorrem naturalmente incluem o colesterol, os sais biliares, e muitos hormônios, reguladores dos processos químicos. 2. SISTEMA DIGESTÓRIO DE MONOGÁSTRICOS https://pt.wikipedia.org/wiki/Lip%C3%ADdio https://pt.wikipedia.org/wiki/Colesterol https://pt.wikipedia.org/wiki/Horm%C3%B4nios_sexuais https://pt.wikipedia.org/wiki/Vitamina_D https://pt.wikipedia.org/wiki/Esterol https://pt.wikipedia.org/wiki/Colesterol https://pt.wikipedia.org/wiki/Digitalina 3. IMPORTÂNCIA DOS LIPÍDIOS NAS RAÇÕES ● Elevado valor energético ● Melhora a palatabilidade ● Facilita absorção de nutrientes ● Fonte de ácidos graxos essenciais 4. ALIMENTOS RICOS EM LIPÍDIOS Os neonatos de todas as espécies de mamíferos possuem alta capacidade de digestão e absorção de lipídios, porque o leite tem alto teor de gordura. (Cunningham, 1993). Os lipídios compõem uma grande porção das dietas dos carnívoros, ao passo que em geral formam uma porção menor das dietas naturais dos herbívoros adultos. Apesar disso, parece que as espécies herbívoras possuem a capacidade de digerir e absorver lipídios em quantidades consideravelmente mais elevadas do que as encontradas em suas dietas naturais, e freqüentemente lipídios suplementares são acrescentados às dietas de cavalos de corrida e vacas leiteiras de alta produção (Cunningham, 1993). Os carnívoros suportam bem níveis elevados de gorduras (até 40 a 50% da matéria seca) e asdigerem perfeitamente. No entanto, eles devem ser estritamente reservadas aos cães ativos ou possuindo necessidades energéticas elevadas, como por exemplo cadelas em lactação. A frequência de cães obesos é em geral associada à utilização abusiva de alimentos bastante energéticos em cães pouco ativos, sem adequado controle de consumo. Com relação ao crescimento, devemos estar sempre atentos e escolher um alimento com nível energético (logo, de lipídios) moderados a fim de evitar um crescimento muito rápido e indução da obesidade, que é difícil de corrigir na idade adulta. A complementação da dieta de cães e gatos com alimentos ricos em ácidos graxos essenciais e eicosanóides está em voga entre os criadores e clínicos, visando à melhoria das condições da pele e do pêlo. Ácido linoléico, fornecido a cães, traz benefícios reais pela competição com o ácido oleico, reduzindo-se na pele e diminuindo problemas dermatológicos. Para o gato o procedimento não funciona porque ele não dispõe do sistema enzimático adequado. Para ambos, o fornecimento de eicosanóides (como adjuvantes de uma terapêutica mais completa) pode ser efetivo, se verificadas as causas da patologia. O fornecimento de eicosanóides da série Ω-3, menos inflamatórios, compete com aqueles da série Ω-6, beneficiando a redução da inflamação e, possivelmente, estimulando a maturação de células T e melhorando as condições imunológicas do animal (Nunes, 1998). 5. DIGESTÃO DE LIPÍDIOS Os lipídios, ou gorduras apresentam um problema digestivo especial para o animal, porque não se dissolvem na água, o principal meio pelo qual ocorre a maioria dos processos corpóreos, incluindo a digestão. A ação detergente é necessária para emulsificar ou dissolver lipídeos, de forma que possam ser submetidos às ações das enzimas hidrolíticas, hidrossolúveis. Quando ingeridos, os lipídios passam pelo processo de emulsificação, sendo digeridos por enzimas no trato gastrointestinal e depois absorvidos pelas células da mucosa intestinal A emulsificação é necessária para que os lipídios sejam absorvidos. Esse processo ocorre no duodeno, primeira parte do intestino delgado, com a ação detergente da bile, que é constituída por sais biliares. Nesse processo de emulsificação, os lipídios são transformados em partículas entre 500 a 1000 micras de diâmetro. Essas pequenas partículas ativam as lipases pancreáticas, enzimas responsáveis pela digestão de lipídios. As lipases quebram os lipídios em ácidos graxos livres e monoglicerídeos. Dentro das células intestinais, os ácidos graxos se juntam à proteína intestinal, que aumenta a sua solubilidade. Assim, eles são convertidos em moléculas ainda menores, como triacilglicerol, e organizados em partículas chamadas quilomícrons. Essas partículas menores são liberadas nos vasos linfáticos, por onde são transportadas até alcançarem outros tecidos. O transporte de substâncias pelas células é conhecido como osmose. Nesse processo, os lipídios podem ficar armazenados nos adipócitos ou serem degradados, transformando-se em ácidos graxos livres e glicerol. A oxidação dos ácidos graxos é o processo que produz energia. 5.1 DIGESTÃO DOS LIPÍDEOS NA BOCA Todo o processo de digestão é a quebra física e química de partículas alimentares e moléculas em subunidades disponíveis para absorção. A redução física do tamanho das partículas é importante, não apenas porque permite ao alimento fluir através do tubo digestivo relativamente estreito, como também porque aumenta a área superficial das partículas alimentares, aumentando assim a área exposta às ações de enzimas digestivas. A redução física do tamanho das partículas alimentares começa com a mastigação (Cunningham, 1993). A hidrólise das gorduras da dieta inicia-se na cavidade oral por ação da lípase lingual, secretada pelas glândulas de Von Ebner (Aires, 1999). Em suínos, demonstrou-se atividade lipolítica das secreções bucais, parecendo ser esta atividade universal entre mamíferos (Nunes, 1998). A lipase lingual tem seu pH ótimo de ação a 3, embora continue ativa a valores de pH 6 a 6,5, o que significa que ela atua bem no estômago, mas também ainda continua a atuar no duodeno. Ela hidrolisa preferencialmente triglicerídeos (TG) contendo ácidos graxos com cadeias médias e curtas, produzindo diacilgliceróis (DG) e ácidos graxos livres (AGL), também conhecido como ácido graxo não esterificado (AGNE). Ela não hidrolisa fosfolipídeos e ésteres de colesterol (Aires, 1999). Entretanto, a velocidade de hidrólise é lenta, porque o lipídio ainda não está emulsificado e a enzima pode somente degradar o triacilglicerol na interface óleo-água. 5.2 DIGESTÃO DE LIPÍDIOS NO ESTÔMAGO A hidrólise das gorduras da dieta continua no estômago por ação da lípase lingual e da lípase gástrica (tributirase), secretada pela mucosa gástrica (Aires, 1999). A distribuição da lípase gástrica varia nas distintas regiões do estômago, sendo principalmente encontrada na região fúndica. A lípase gástrica tem seu pH ótimo de atividade em valores de 3 a 6. Como a língual, ela hidrolisa mais rapidamente TG contendo ácidos graxos de cadeias médias e curtas do que os que contêm ácidos graxos de cadeias longas produzindo DG e AGL. Também como a lingual, a lipase gástrica não hidrolisa os ésteres de colesterol e os fosfolipídeos (Aires, 1999). As lipases lingual e gástrica são importantes nos recém-nascidos, principalmente na hidrólise da gordura do leite. A gordura do leite contém alta proporção de ácidos graxos de cadeias média e curta, na maioria das espécies, e apresenta estrutura globular (Nunes, 1998; Aires, 1999). O glóbulo de gordura do leite não é atacado pela lípase pancreática, uma vez que esta enzima ainda não é muito desenvolvida no período neonatal, mas é facilmente atacável pelas lipases lingual e gástrica, que libera os ácidos graxos. Esta digestão inicial no estômago fornece um substrato modificado que é facilmente atacável pela lípase pancreática (Nunes, 1998; Aires, 1999). A digestão pré-duodenal perde importância com o avançar da idade, isto porque nos animais adultos, normalmente, a quantidade de lípase pancreática é grande e a ausência da lípase gástrica não provoca problemas de má absorção de gorduras (Aires, 1999). Porém, as lípases lingual e gástrica permanece mesmo no animal adulto, embora como fração mínima da atividade lipolítica total. Esta atividade mínima, aliada aos movimentos gástricos, promove uma emulsão grosseira dos lipídeos que facilita a completa emulsificação do duodeno (Nunes, 1998). Quando o alimento deglutido penetra no esôfago, há estímulos para liberação da gastrina pelas células G, principalmente provocados pela distensão do estômago e a presença de aminoácidos e peptídeos. A gastrina estimula a produção de ácido clorídrico que provoca abaixamento do pH do estômago, tornando o bolo alimentar acidificado (quimo) (Aires, 1999). 6. ABSORÇÃO DE LIPÍDIOS Os Lipídios livres são, então, emulsificados pelos sais biliares em micelas e absorvidos pela mucosa intestinal que promove a liberação da porção polar hidrófila (sais biliares) para a circulação porta hepática e um processo de ressíntese dos lipídios absorvidos com a formação de novas moléculas de triacilgliceróis e ésteres de colesterol, que são adicionados de uma proteína (apo-proteína 48) formando a lipoproteína quilomicron, que é absorvida pelo duto linfático abdominal, seguindo para o duto linfático torácico e liberada na circulação sangüínea ao nível da veia jugular. O glicerol será absorvido por vasos linfáticos e ser levado ao fígado. Os monoglicerídeos e ácidos graxos livres quando absorvidos pela parede intestinal sofrem uma no esterificação pela enzima triacil sintetase dando origem a novos triacilgliceróis que por sal vês se ligam a proteínas produzidas no REG formando os quilomícrons que são partículas lipoprotéicas (98%lipídios e 2%proteínas).Após isso se formarão vacúolos que com destino aos espaços intersticiais atingindo os vasos linfáticos > ducto torácico e veia cava superior. Os quilomícrons atingem finalmentea corrente sanguínea, mas antes de chegar ao fígado passam por tecido muscular e adiposo aumentando sua densidade, pois são enriquecidos com proteínas podendo resultar em: - VLDL (very low density lipoprotein) 80-90% de lipídios. - LDL (low density lipoprotein) 70% lipidios. - HDL (high density lipoprotein) 45% lipidios. Os quilomícrons geralmente os VLDL saem do fígado com intenção de levar triglicérides para os tecidos, e com a absorção de triglicérides a VLDL vai aumentando sua densidade ate chegar a LDL. O tamanho da lipoproteína se refere à quantidade de proteína e lipídio, sendo que VLDL apresenta mais lipídio e menos proteína enquanto que o HDL é o inverso. LDL também leva triglicérides para os tecidos. HDL troca colesterol por triglicérides com os tecidos e então volta para o fígado, recolhe colesterol dos quilomícrons também, este colesterol que foi recolhido é então excretado na forma de sais biliares. A célula adiposa é capaz de retirar lipídios circulantes do sangue e armazená-los na forma de depósito de gordura (TG). A célula adiposa também é capaz de remover glicose da corrente sanguínea, degradá-la até acetil-coA e no interior de suas mitocôndrias utilizá-las para a síntese de ácidos graxos, e posteriormente triglicérides e fosfolipídios (lipogênese). Quando necessário a gordura armazenada é hidrolisada em glicerol e ácidos graxos que são lançados na corrente sanguínea AGL, podendo ser utilizados pelo fígado e músculos. Células musculares degradam e queimam ácidos graxos até CO2 e H2O, utilizando a energia liberada para a produção de ATP que é utilizado no processo de contração muscular. O fígado utiliza ácidos graxos para a produção de triglicerídeos, colesterol que é utilizado para a produção de sais biliares, corpos cetônicos que serão lançados para a corrente sanguínea e consumidos pelos músculos em caso de o excesso, excretado pelos pulmões e rins. Fígado é o principal sintetizador de gordura. Em síntese, o processo de absorção de lipídios no organismo dos animais não-ruminantes pode ser descrito na seguinte ordem: 1. Os produtos da digestão de lipídios (colesterol, monoglicerídeos, ácidos graxos livres) são solubilizados na luz intestinal em micelas 2. As micelas se difundem para a membrana do enterócito. 3. Na membrana, os lipídios são liberados das micelas e se difundem para dentro da célula 4. Dentro do enterócito, os produtos da digestão são reesterificados no retículo endoplasmático liso 5. Os lipídios reesterificados são empacotados no Aparelho de Golgi em quilomícrons 6. Os quilomícrons são grandes para circular nos capilares sanguíneos, então são transportados através do sistema linfático e seguem para o ducto torácico. 7. FATORES QUE INFLUENCIAM A DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE LIPÍDIOS As gorduras da dieta são altamente digeríveis, com digestibilidade variando de 85 a 95%, no entanto, existem diferenças na absorbabilidade dos ácidos graxos e/ou glicerídeos no intestino delgado. Dentre os fatores que influem nesta absorbabilidade destacam-se: ● Comprimento da cadeia carbônica do ácido graxo – o aumento da cadeia carbônica para os ácidos graxos saturados, reduz a digestibilidade da gordura. Por outro, os ácidos graxos de cadeia curta podem ser absorvidos pela mucosa gástrica antes de chegar ao intestino. ● Número de insaturações do ácido graxo – o aumento das insaturações 43 proporciona melhora na digestibilidade da gordura, por facilitar a formação das micelas durante o processo de absorção. O ponto de fusão dos ácidos graxos é uma importante propriedade que afeta a digestibilidade. De maneira geral para os ácidos graxos insaturados, quanto maior a cadeia carbônica menor o ponto de fusão, já para os saturados ocorre o inverso. Assim, quanto menor o ponto de fusão de um ácido graxo, maior a sua absorção. A emulsificação dos ácidos graxos insaturados ocorre com maior facilidade do que em relação aos saturados, fator que também favorece a sua absorção. ● Presença ou ausência da ligação éster (glicerol/ácido graxo) – a maior parte dos lipídios são absorvidos na forma de monoglicerídeos (2- monoglicerídeo). Assim, ácidos graxos livres têm menor absorbabilidade quando comparados a presença de 2-monoglicerídeo. O óleo de soja por exemplo, possui maior digestibilidade na forma de triglicerídeo (96%) quando comparado a digestibilidade dos ácidos graxos livres do próprio óleo de soja (88%). ● Relação ácidos graxos insaturados/saturados – existe a necessidade da presença de ácidos graxos insaturados para que haja bom aproveitamento dos saturados. Esta relação para suinos é de 4:1 (Ketels e DeGroote, 1989). Pesquisas com aves indicam aumento significativo da absorção de ácido palmítico quando ocorre aumento da inclusão de ácido oleico à dieta, elevando o valor de EM (Attech e Leeson, 1985). ● Integridade da parede intestinal – a destruição ou degeneração dos sítios de absorção, seja devido a presença de eimerias (coccidias) ou micotoxinas, reduz a absorbabilidade das gorduras. ● Idade dos animais – animais jovens, com dificuldade de produção de bile, têm a digestibilidade das gorduras reduzida. A medida que ocorre o desenvolvimento do processo digestivo, também incrementa a digestão das gorduras. ● Afinidade da FABP (Fatty acid biding protein) – existe uma proteína citosólica (proteína ligadora dos ácidos graxos – FABP) que possui alta afinidade aos ácidos graxos. Esta proteína seria responsável pelo transporte de ácidos graxos da membrana da parede intestinal, para o citosol do enterócito, onde o ácido graxo é reesterificado a triacilglicerol. Altas concentrações desta proteína são encontradas nos locais de maior absorção de ácidos graxos, tais como o jejuno proximal e íleo, sendo mais abundante em animais recebendo dieta rica em lipídeos. A afinidade dessa proteína é maior para os ácidos graxos de cadeia longa e insaturados. Normalmente os ácidos graxos de cadeia curta e média não se ligam a essa proteína e são absorvidos pelo sistema porta sem ocorrer reesterificação REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHAMPE, P.C., HARVEY, R.A. Bioquímica ilustrada. Porto alegre: Artes Médicas, 1996, 446p. LIMA, Matheus Ramalho. Nutrição de monogástricos. 2004. 181 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2004. RIBEIRO, Rodrigo Martins. Inclusão de gordura na alimentação de equinos. 2007. 69 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Zootecnia, Faculdade de Medicina VeterinÁria e Zootecnia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. AZEVÊDO, José Augusto Gomes. Lipídios-Digestão. 2017. Disponível em: <https://sites.google.com/site/nutricaoanimaluesc/noticias?authuser=0>. Acesso em: 15 ago. 2019. CELI, Renata. Lipídios: o que são, funções e tipos. 2019. Disponível em: <https://www.stoodi.com.br/blog/2019/02/25/lipidios-o-que-sao-funcoes/>. Acesso em: 15 ago. 2019.
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