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Conforto Ambiental Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Ana Cristina Gentile Ferreira Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil • Introdução; • Principais Objetivos do Conforto Ambiental; • Organismo Humano e Metabolismo; • Climas do Brasil. • Conhecer os conceitos de conforto térmico e variáveis climáticas de acordo com os climas do Brasil. OBJETIVO DE APRENDIZADO Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil Introdução Nesta Unidade você será introduzido às questões de conforto, aprenderá algumas das principais definições que devemos considerar no momento de concepção de projeto. Ademais, discorreremos um pouco a respeito dos climas, a fim de entendermos que o nosso País não tem as mesmas características em todas as suas regiões, sa- ber que lhe permitirá ampliar os próprios horizontes e trará conhecimentos para pensar em projetos de design em qualquer lugar. O maior destaque é perceber que o conhecimento teórico e prático das questões de conforto e clima serão essenciais para a sua atividade prática na profissão. Assista aos vídeos sugeridos e leia com atenção os itens desenvolvidos nesta Unidade! “Estude o clima antes de traçar o primeiro rabisco do projeto!” (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014). A Arquitetura deve servir ao homem e ao seu conforto, o que abrange o seu conforto térmico. O homem tem melhores condições de vida e de saúde quando seu organismo pode funcionar sem ser submetido a fadiga ou estresse, inclusive térmico. A Arquitetura, como uma de suas funções, deve oferecer condições térmicas compatíveis ao conforto térmico humano no interior dos edifícios, sejam quais forem as condições climáticas externas. (FROTA, 2009) Considerar conforto para projetos de Arquitetura e Design de Interiores é pen- sar na qualidade de vida do indivíduo e da edificação. Quando verificamos uma casa repleta de patologias, marcas de mofos e fungos, tal condição nada mais é do que o resultado de falta de ventilação, ou de iluminação, ou ainda de umidade em excesso. Os problemas do edifício são resultados diretos de projetos que não pensaram de forma adequada nas variáveis de conforto – aspectos que veremos no decorrer desta Disciplina. Importante! Para entender melhor quais são as questões que resultam em tais problemas devemos conhecer as variáveis de conforto, daí que em relação às variáveis climáticas necessita- mos considerar a: • Temperatura; • Umidade; • Velocidade do ar – ventos; • Radiação solar. Importante! Tais variáveis têm relações diretas com as chuvas, a vegetação, permeabilidade do solo, topografia, clima e localização. A presença humana e a forma como o “homem” se relaciona com a natureza podem alterar algumas dessas características. 8 9 Por exemplo, quando optamos por pavimentar todos os acessos e eliminamos a presença de vegetação, tal como a grama, criamos sérios problemas de drenagem, ou seja, algumas das enchentes e áreas alagadas que conhecemos são resultados diretos da ação do homem, da ausência de áreas permeáveis e do descarte de lixo em ambientes impróprios, de modo que tais fatores ajudam a criar extensões ala- gadas em momentos de chuvas. “A qualidade do espaço é medida pela sua temperatura, sua iluminação, seu am- biente, e o modo pelo qual o espaço é servido de luz, ar e som deve ser incorpora- do ao conceito de espaço em si (Louis Kahn)”. (VIANNA; GONÇALVES, 2001) As questões relacionadas às qualidades de habitação dos espaços, especifica- mente referentes às condições do conforto luminoso, higrotérmico – relativo à umidade do ar –, acústico e de ventilação natural são fundamentais para uma ativi- dade que pretende colocar a satisfação do homem como o seu principal objetivo. Portanto, nesse contexto é importante que destaquemos dois aspectos: • Adequar a arquitetura e o design de interiores ao clima de um determinado local significa construir espaços que possibilitem ao homem condições de conforto; • Cabe ao projeto tanto amenizar as sensações de desconforto impostas por cli- mas muito rígidos, tais como os de calor, frio ou ventos excessivos; como tam- bém propiciar ambientes que sejam, no mínimo, tão confortáveis como os espa- ços ao ar livre em climas amenos. Importante! O conceito de conforto, aplicado neste contexto, pode ser entendido como a avaliação das exigências humanas, pois tal avaliação está baseada no princípio de que quanto maior for o esforço de adaptação do indivíduo, maior será a sua sensação de desconforto. Importante! Mas o que seria esse “maior esforço de adaptação”? Do ponto de vista fisiológi- co, o indivíduo dispõe de sistemas de percepção da luz, do som e calor que, apesar de complexos, são facilmente compreensíveis. Quando tratamos de conforto ambiental podemos dividi-lo em quatro principais objetivos, vejamos: 1. Ventilação: renovação do ar; 2. Acústica: condições de sossego e trabalho, que acontecem com níveis de ruídos aceitáveis; 3. Iluminação: visibilidade, segurança, orientação; 4. Conforto térmico: temperaturas adequadas. A seguir entenderemos cada um desses objetivos. 9 UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil Principais Objetivos do Conforto Ambiental Ventilação: Renovação do Ar A renovação de ar acontece a partir da ventilação do ambiente; daí que um espaço com janelas e aberturas adequadas promove maior higiene e melhor con- forto. Por exemplo, quando entramos em uma sala apenas com uma porta e sem janelas a sensação de desconforto é imediata, de modo que o mesmo acontecerá em qualquer ambiente “abafado”. De outro modo, quando abrimos as janelas e portas, deixando o ar entrar, per- mitimos que o ambiente se renove e fique saudável. Um exemplo cotidiano no qual podemos perceber o que isso significa é o ônibus coletivo, afinal, quando entramos em um veículo dessa natureza e destituído de ar condicionado, em um dia chuvoso e em horário de pico, percebemos como é desconfortável, além da sensação de “peso no ar”; ademais, nos momentos em que as portas se abrem e esse ambiente recebe ar externo ao veículo, automaticamentenotamos certa diferença. Importante! • A ventilação proporciona a renovação do ar do ambiente, sendo de grande impor- tância para a higiene em geral e para o conforto térmico de verão em regiões de clima temperado, quente e úmido; • A renovação do ar dos ambientes proporciona a dissipação de calor e desconcen- tração de vapores, fumaça, poeiras e poluentes, podendo também ser operada por meios mecânicos; • A ventilação natural é o deslocamento do ar através do edifício, de aberturas, umas funcionando como entradas e outras como saídas. Assim, as aberturas para ventila- ção deverão estar dimensionadas e posicionadas de modo a proporcionar um fluxo de ar adequado ao recinto. Em Síntese Iluminação: Visibilidade, Segurança, Orientação O conforto de iluminação é o que nos permite enxergar, dando-nos a sensação de segurança e proporcionando orientação de maneira correta. Em um local escu- ro – sem iluminação – perdemos boa parte da capacidade de escolher os caminhos, além da sensação de insegurança. Um dos exemplos mais comuns nesse tocante corresponde a algumas das casas que conhecemos: construídas com as suas vagas de garagem encostadas às janelas das salas, com o tempo as pessoas resolvem cobrir tais garagens com telhados ou lajes, deixando as suas salas com iluminação e ventilação naturais significativamente comprometidas, de modo que essas pessoas precisam recorrer à luz artificial para melhor enxergar, além de deixar portas abertas para ajudar na ventilação natural. 10 11 Importante! Nas localidades onde o clima é predominantemente quente, deve-se evitar que a ra- diação solar atinja diretamente as construções e, assim, penetre excessivamente nos ambientes, a fi m de se prevenir de ganhos demasiados de calor. Importante! Acústica: Condições de Sossego e Trabalho O conforto acústico muito interfere nas soluções de projeto das edificações. Tra- balhar, assistir à televisão, ler, estudar e/ou dormir devem acontecer de preferência em locais de pouco barulho. Atualmente, vemos muitos prédios com sacadas e quase todas com fechamentos de vidro nas varandas. Imagine um espaço desse aberto virado para uma avenida movimentada? O barulho dos carros de passeio, ônibus e caminhões muitas vezes impossibilita fazer as atividades cotidianas com sossego. A solução para o conforto acústico é obstruir as aberturas; no entanto, quando fechamos as janelas e varandas prejudicamos a ventilação natural, o que nos leva a soluções de ventilação artificial, tais como ar condicionado e ventilador. Outro exemplo de fácil percepção corresponde aos aeroportos: seria impossí- vel um trabalhador da pista exercer as suas atividades sem um protetor auricular, afinal, a altura do barulho dos aviões, emitido de maneira frequente, é capaz de resultar em problemas auditivos irreversíveis. Portanto, quando projetamos um espaço é importante saber para qual finalidade se destinará, assim como quem o usará para, então, pensar em soluções que con- sigam trabalhar com todos os tipos de conforto. Importante! • O som é uma onda mecânica longitudinal, que se propaga em meios materiais, e tem a capacidade de sensibilizar os nossos ouvidos; • Como toda onda, o som tem entre as suas características uma frequência; • Por meio de observações experimentais, sabe-se que uma onda mecânica só sensibili- za o ouvido humano quando a sua frequência está situada na faixa de 16 a 20.000 Hz; • Esses limites variam de indivíduo para indivíduo – alguns autores consideram essa faixa iniciando próxima de 20 Hz e terminando em 16.000 Hz. Importante! Conforto Térmico: Temperaturas Adequadas “De acordo com a Ashrae (Associação Americana de Engenheiros de Clima, Refrigeração e Ar Condicionado, conforto térmico é um estado de espírito que reflete a satisfação com o ambiente térmico que envolve a pessoa”. (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014) 11 UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil Quando mencionamos temperaturas, o uso do material adequado no ambiente é essencial. Assim, conhecer e respeitar o clima é primordial para que o profissional desenvolva um bom projeto. O mesmo projeto de design de interiores não funcionará nas regiões Norte e Sul. Imagine um projeto na Bahia com sofás de couro, cortinas de veludo e carpete de lã – tecido! A sensação que terá quando entrar será de total desconforto! Assim, para regiões quentes os revestimentos devem ser “frios”, ajudando a deixar o am- biente com sensação térmica mais adequada. • O conforto térmico tem como principal objetivo evitar temperaturas internas muito eleva- das no verão e muito baixas no inverno; • Equilíbrio da temperatura acontece com a integração dos dados de temperaturas, umida- de relativa e ventilação, o que resulta nas boas condições de conforto e são consideradas variáveis ambientais; • Além das variáveis ambientais, devemos considerar ao conforto térmico as variáveis humanas. Ex pl or Transcendendo as questões climáticas, algumas variáveis humanas relacionadas ao metabolismo devem ser consideradas no conforto térmico, vejamos: • Metabolismo gerado por atividades físicas; • Resistência térmica oferecida pelas vestimentas. Para entender como o metabolismo humano está relacionado ao conforto tér- mico pensemos na seguinte situação: se você colocar uma pedra de gelo no topo de sua cabeça em um dia de muito calor, depois de um tempo sentirá o seu corpo refrescar; se você colocar sobre a sua cabeça outra pedra de gelo de mesmo tama- nho e aspecto em um dia frio, depois de um tempo sentirá ainda mais frio. Ou seja, nosso metabolismo é um excelente termômetro para entendermos se as questões de conforto estão ou não adequadas ao ambiente. O melhor de Calvin: https://goo.gl/U5Yc89 Ex pl or Organismo Humano e Metabolismo • Seu organismo é mantido a uma temperatura interna sensivelmente constante; • Essa temperatura é da ordem de 37 oC – com limites a 36,1 oC e 37,2 oC; • Inferior a 32 oC e 42 oC superior para a sobrevivência; • O homem é um animal homeotérmico; • Temperatura constante independentemente do clima; • Oxigênio é a queima de calorias e produção de energia – metabolismo; • Sempre existem trocas térmicas entre o corpo humano e o meio. 12 13 Homotérmico: energia obtida por meio de fenômenos térmicos. Ex pl or As exigências humanas de conforto térmico estão relacionadas com o funciona- mento de seu organismo, cujo mecanismo, complexo, pode ser, grosso modo, comparado a uma máquina térmica que produz calor segundo sua ativi¬dade. O homem precisa liberar calor em quantidade suficiente para que sua temperatura interna se mantenha na ordem de 37 °C – homeotermia. (FROTA, 2009) As principais alterações fisiológicas reversíveis quanto às exigências do meta- bolismo do homem são: • Dilatação das pupilas; • Hipertensão sanguínea; • Mudanças gastrointestinais; • Reação da musculatura do esqueleto. As alterações de temperatura no nosso organismo são consequências de nossas atividades físicas, o que também rebate automaticamente no ambiente projetado. Assim, uma sala de aula de academia será diferente de uma sala de aula teórica, afinal, o calor gerado pelos exercícios físicos acarretará em muito mais “calor” interno do que alunos sentados em cadeiras, portanto, na academia a ventilação deverá ser maior. Importante! • Quanto maior a atividade física, maior será o calor gerado por metabolismo; • É fundamental que o profissional saiba a que se destina o espaço projetado, de forma a prever o nível de atividade realizada no seu interior – premissas sobre a sensação de conforto térmico. Importante! O calor gerado pelo metabolismo é calculado pela unidade de medida deno- minada Equivalente Metabólico da Tarefa (MET). A partir da Figura 2 é possível observar as diferenças do calor gerado em algumas atividades: Figura 2 Fonte: UFRGS, 2009 13 UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil Quando estamos em repouso geramos apenas 80 w MET; por sua vez, enquanto faze- mos uma atividade físicageramos dez vezes mais calor – energia –, atingindo 800 w MET. Outra forma de controlar o conforto térmico do metabolismo é a partir das ves- timentas. A resistência térmica da roupa tem uma grande importância na sensação de conforto térmico – a grandeza dessa variável é dada em clo (clothing). A pele troca calor por condução, convecção e radiação com a roupa, esta que troca calor com o ar por convecção e com outras superfícies por radiação. Nesse sentido, a seguinte Figura mostra como a troca de calor entre os corpos acontece: CONVECÇÃO: Troca de calor entre dois corpos, sendo um deles sólido e o outro um uido (líquido ou gás); IRRADIAÇÃO: Mecanismo de troca de calor entre dois corpos – que guardam entre si uma distância qulaquer – através de sua capacidade de emitir e absorver energia térmica. É a transferência de calor por meio da energia radiante, isto é, ondas eletromagnéticas que caminham até no vácuo, quando caminha no ar não produz o aquecimento do ar mas ao chocar-se contra uma superfície opaca energia radiante transforma-se em calor. CONDUÇÃO: Troca de calor entre dois corpos que se tocam ou mesmo partes do corpo que estejam a temperaturas diferentes; CONVECÇÃO CONDUÇ ÃO IRRADIAÇÃO Figura 3 Para entender de maneira mais prática como acontecem essas trocas de calor entre dois corpos, vamos aos seguintes exemplos: • Quando vamos em um restaurante por quilo e alguém esquece o talher na tra- vessa da comida, e não no prato de apoio, o próximo a se servir com certeza queimará a mão quando encostar no talher – isso é condução de calor; • Já a convecção é o aquecimento a partir de um sólido e o outro fluido, tal como colocarmos uma panela de água no fogo; • A radiação é a troca a partir do calor de um corpo, tal como aquecer as mãos a partir de uma lareira. 14 15 O calor (energia térmica), sempre que houver desequilíbrio de temperatura, pro- pagará de um lugar de maior temperatura para outro de temperatura menor. Por exemplo, quando colocamos uma panela com água no fogo para esquentar, po- demos observar a propagação de calor de três modos diferentes. Por condução: o calor do fogo se propaga para a panela que está em contato com ele; este calor se propaga também por condução para a água, que está em contato com a panela. Por convecção: a água que está em contato com o fundo da panela se aquece, sua densidade diminui (fica mais leve) e ela sobe, enquanto a água fria da super- fície (mais pesada) desce para o fundo. Por irradiação: se tiramos a panela do fogo e aproximamos a mão de seu fundo, sentiremos um aumento de tempe- ratura. Quando estamos na luz do Sol também podemos perceber a irradiação de calor, pois sentimos o calor irradiado do Sol. Como sabemos, entre a Terra e o Sol não existe matéria (chama-se a ausência de matéria de “vácuo”). Logo, o calor do Sol não chega até a Terra por condução através de algum tipo de material. Nem por convecção, pois este tipo de transporte de calor também exige o transporte de matéria. A este processo de transferência de calor na ausência de matéria chamamos de “irradiação”. Em geral, todas as coisas irradiam calor. No entanto, a irradiação de uns é maior que a de outros, devido ao fato de ter a temperatura mais alta. O calor em forma de radiação se propaga até encontrar matéria, que poderá absor- vê-lo. São exemplos o ar aquecido pela luz solar (que é o mais importante dos fenômenos responsáveis pelas variações de temperatura do meio ambiente) e a pele aquecida pela radiação do fogo. Fonte: https://goo.gl/CEPLn8 Convecção, Condução e Radiação: https://goo.gl/hMFBpc Ex pl or A escolha de materiais nos projetos deve considerar tais fenômenos nos mate- riais aplicados, por exemplo, as antigas fibras de vidro utilizadas nas bordas das pis- cinas inviabilizavam as pessoas se sentarem sobre tais bordas; ou ainda os brinque- dos de plástico ou metal em parquinhos infantis que, com a constante presença de raios solares, costumavam queimar as crianças quando das brincadeiras. Ou seja, entender tais conceitos poderá ser valioso para a escolha de materiais adequados no projeto de design. Ademais, na seguinte Figura há mais um exemplo de como as trocas de calor acontecem considerando o clima e metabolismo: 15 UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil RADIAÇÃO RADIAÇÃO CONVECÇÃO EVAPORAÇÃO}SUORRESPIRAÇÃOTRANSPIRAÇÃOIMPERCEPTÍVEL Equilíbrio Técnico - MET - EVAP + COND + CONV + RAV = 0 TROCAS DE CALOR DO CORPO HUMANO Figura 4 Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira, 2014 Climas do Brasil Clima: advém do grego para inclinação, referindo-se ao ângulo formado pelo eixo de rota- ção da Terra e seu plano de translação. Ex pl or O clima é o estudo médio do tempo para o determinado período ou mês em uma certa localidade. Também se refere às características da atmosfera inse- ridas das observações contínuas durante um certo período. O clima abrange maior número de dados e eventos possíveis das condições de tempo para uma determinada localidade ou região. Inclui considerações sobre os desvios em relação às médias, variabilidade climática, condições extremas e frequências de eventos que ocorrem em determinada condição do tempo. Fonte: www.inmet.gov.br O tempo meteorológico é o atual ou a ser previsto pelos meteorologistas, que se estende no máximo a quinze dias; já o clima é o conjunto de estados do tempo meteorológico que caracterizam o meio ambiente atmosférico de uma determinada região ao longo do ano. Clima, num sentido restrito é geralmente definido como “tempo meteorológico médio”, ou mais precisamente, como a descrição estatística de quantidades rele- vantes de mudanças do tempo meteorológico num período de tempo, que vai de meses a milhões de anos. O período clássico é de 30 anos, definido pela Organi- zação Mundial de Meteorologia (OMM). Essas quantidades são geralmente varia- 16 17 ções de superfície como temperatura, precipitação e vento. O clima num sentido mais amplo é o estado, incluindo as descrições estatísticas do sistema global. Fonte: https://goo.gl/f31Y3p - tradução e grifos nossos A meteorologia é definida como a Ciência que estuda os fenômenos que ocor- rem na atmosfera e está relacionada aos estados físico, dinâmico e químico da atmosfera, as interações entre as quais e a superfície terrestre subjacente. Pode ser ainda conceituada como um ramo da Física que se ocupa dos fenôme- nos atmosféricos – meteoros (este aplicado a qualquer fenômeno, diferente de uma nuvem, que seja observado na atmosfera, ou à superfície terrestre, decorrente da presença da atmosfera). Variáveis Climáticas As classificações de clima dependem de alguns aspectos, por exemplo: • Meteorologia; • Flora; • Fauna. Assim, quando consideramos o homem como o centro de atenção, os fatores são os seguintes: • Radiação solar; • Temperatura; • Umidade; • Ventos. A radiação solar é uma energia eletromagnética, de onda curta, que atinge a Terra após ser parcialmente absorvida pela atmosfera. A maior influência da radia- ção solar é na distribuição da temperatura do Globo. As quantidades de radiação variam em função da época do ano e da latitude. Esse fenômeno pode ser melhor elucidado se examinarmos o movimento aparente do Sol em relação à Terra. Já temperatura é a grandeza que caracteriza o estado térmico de um corpo ou sistema. Fisicamente, os conceitos dados a quente e frio são um pouco diferentes do que costumamos usar no nosso cotidiano. Podemos definir como quente um corpo que tem suas moléculas agitando-se muito, ou seja, com alta energia cinética. Analoga- mente, um corpo frio é aquele que tem baixa agitação nas suas moléculas. Ao aumentar a temperatura de um corpo ou sistema, pode-se dizer que se eleva o estado de agitação de suas moléculas. Assim, ao tirarmos uma garrafa com água mineral da geladeira ou um bolo do forno, percebemos que após algum tempo, ambos tendem a chegar à temperatura do ambiente – ou seja, a água “esquenta” e o bolo “esfria”. Quandodois corpos ou sistemas atingem a mesma temperatura, dizemos que estão em equilíbrio térmico (fonte: https://goo.gl/oECpLo). 17 UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil A umidade atmosférica é consequência da evaporação das águas e da transpira- ção das plantas. Corresponde à quantidade de vapor de água que encontramos na atmosfera. Ademais, a umidade é relativa ao ponto de saturação de vapor de água na atmosfera, que é de 4%. Quando a atmosfera atinge essa porcentagem, ou se satura de vapor, ocorrem as chuvas. Comumente os meios de comunicação dizem que a umidade relativa do ar é, por exemplo, de 60%; significa que estamos a 60% da capacidade máxima de retenção de vapor de água na atmosfera. Quando chove, a umidade relativa do ar está em 100%. Na seguinte Figura a reportagem sintetiza algumas indicações para a baixa umi- dade relativa do ar: O QUE FAZER ÍNDICE DE UMIDADE RELATIVA DO AR Entre 20 e 30% Estado de atenção Abaixo de 12% Emergência Entre 12 e 20% Estado de alerta Entre 60 e 100% - Nível adequado Abaixo de 60% - Níveis inadequados para a saúde humana Líquido Beba ao menos dois litros de água por dia e evite exercícios físicos entre o �nal da manhã e o �m da tarde. Casa Torne o ambiente mais úmido. Use uma bacia com água, uma toalha molhada ou um umidi�cador de ar. Cuidados Use hidratante após o banho para evitar que a oele perca água. Umedeça olhos e nariz com soro (0,9%) quantas vezes precisar. Figura 5 Baixa umidade relativa do ar: https://goo.gl/2rhKEp Ex pl or Quando tratamos do clima, conhecer as suas principais características torna o projeto mais adequado para quem o utilizará. Entrar em um apartamento na praia com carpete no piso da sala pode ser desagradável; ou colocar os pés descalços em um piso frio de uma casa no Rio Grande do Sul pode dar uma sensação de frio ain- da maior; por isso, conhecer as diferenças dos materiais e como se comportam na edificação e em relação ao nosso metabolismo deve ser essencial ao profissional. Assim, durante o desenvolvimento desta Disciplina veremos exemplos de Arquite- tura e de materiais que foram escolhidos considerando o clima local. Por meio do seguinte mapa é possível verificar os climas do mundo, os quais divididos em quentes – na faixa central do mapa –; frios – encontrados mais nas extremidades –; temperados – localizados entre os climas quentes e frios –; e de altitude – em alguns pontos isolados. Mapa: https://goo.gl/TwHa2c Ex pl or 18 19 Importante! As variáveis relacionadas ao clima são as seguintes: • Radiação solar direta e difusa; • Ventos: direção, velocidade e frequência; • Umidade relativa; • Pluviosidade; • Altitude – distância na vertical (altura em relação ao nível do mar); • Latitude – aumenta conforme nos deslocamos do Equador terrestre para um de seus polos; • Acidentes geográfi cos; • Vegetação. Em Síntese Agora veremos os climas do Brasil! Figura 6 Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira, 2014 Figura 6 Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira, 2014 19 UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil As principais características do clima de cada uma dessas regiões são as seguintes: • Tropical: o verão é quente e chuvoso e o inverno, quente e seco. Apresenta temperaturas médias acima de 20 oC e amplitude térmica anual de até 7 oC. As chuvas oscilam entre 1.000 mm/ano e 1.500 mm/ano; • Equatorial: compreende toda a Amazônia e possui temperaturas médias entre 24 oC e 26 oC, com amplitude térmica anual de até 3 oC. Nessa região a chuva é abundante e bem distribuída – comumente maior que 2.500 mm/ano; • Semiárido: é a região climática mais seca do País, caracterizada por tempera- turas médias muito altas – em torno de 27 oC. As chuvas são muito escassas – menos de 800 mm/ano – e a amplitude térmica anual é baixíssima – por volta de 5 oC; • Subtropical: neste tipo climático, as temperaturas médias se situam, normal- mente, abaixo dos 20 oC e a amplitude anual varia de 9 oC a 13 oC. As chuvas são fartas e bem distribuídas – entre 1.500 mm/ano e 2.000 mm/ano. O inverno é rigoroso nas áreas mais elevadas, onde pode ocorrer neve; • Tropical atlântico: este tipo de clima é característico das regiões litorâneas do Brasil, onde as temperaturas médias variam entre 18 oC e 26 oC. As chuvas são abundantes – 1.200 mm/ano –, concentrando-se no verão para as regiões mais ao Sul e no inverno e outono para as regiões de latitudes mais baixas – próximas à linha do equador. A amplitude térmica varia de região para região. Mais ao Norte, a semelhança entre as estações de inverno e verão – diferen- ciadas apenas pela presença da chuva, mais constante no inverno – resulta em baixas amplitudes térmicas ao longo do ano. Conforme a latitude aumenta, cresce também a amplitude térmica anual, diferenciando bem as estações; • Tropical de altitude: neste clima as temperaturas médias se situam na faixa de 18 oC a 22 oC. No verão, as chuvas são as mais intensas – entre 1.000 mm/ano e 1.800 mm/ano – e no inverno pode gear devido às massas frias que se originam da massa polar atlântica. O clima tropical de altitude se esten- de entre o Norte do Paraná e o Sul do Mato Grosso do Sul, nas regiões mais altas do planalto atlântico (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014). A próxima Figura também ilustra a divisão dos climas brasileiros e algumas das principais características: Divisão dos climas brasileiros: https://goo.gl/kmpq9q Ex pl or 20 21 Importante! Que em alguns lugares do Brasil, os projetos dos edifícios devem ser pensados para di- ferentes climas durante o ano? O edifício deve ser adequado para períodos de cheia e seca – as seguintes fi guras mostram tais diferenças: Figuras 7 e 8 - estas fotos mostram o ano de 2011 na seca – em 10 de janeiro – e cheia – em 11 de julho –, com as transformações climáticas e paisagísticas de nossa região às margens do rio Solimões Fonte: Acervo do Conteudista Você Sabia? Importante! Conhecer os climas e as variáveis de conforto permitirão ao profi ssional as melhores es- colhas de materiais, aberturas, revestimentos e acabamentos de projeto. Indicar para um cliente um material inadequado ao clima e uso do ambiente resultará negativamen- te ao profi ssional, portanto, pesquisar as principais características do local e o uso do edifício deve ser o primeiro passo para o projeto! Em Síntese 21 UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos 7 documentários essenciais sobre mudanças climáticas https://goo.gl/X85E5c Tipos de clima https://youtu.be/zdbvdqrULJM Leitura Sustentabilidade e Conforto Ambiental em Edificações https://goo.gl/8KHgPc Projetando Conforto Termo-Acústico https://goo.gl/LziYwt Soluções Arquitetônicas Ampliam a Sensação de Conforto Térmico https://goo.gl/CUn3km 22 23 Referências BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instituto Nacional de Meteorologia. Tempo e clima. [20--]. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/ portal/index.php?r=home/page&page=tempo_clima>. Acesso em: 5 jul. 2018. FROTA, A. B. Manual de conforto térmico. São Paulo: Studio Nobel, 2009. KOENIGSBERGER, O., T. G. INGERSOL, A. MAYHEW, S. V. SZOKOLAY. Ma- nual of Tropical Housing and Building. Part I: Climatic Design., Longman: London, 1974. LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. Eficiência energética na Arquitetura. 3. ed. Brasília, DF: Eletrobras/Procel; Ministério de Minas e Energia, 2014. PROPAGAÇÃO de calor. nov. 2010. Disponível em: <http://wwwpesquiseaqui.blogs- pot.com/2010/11/propagacao-de-calor-por-irradiacao.html>. Acesso em: 5 jul. 2018. VIANNA, Nelson Solano; GONÇALVES, Joana Carla Soares. Iluminação e Ar- quitetura. São Paulo: Geros, 2001. 23
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