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Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 1 ANOTAÇÕES AULA - DIP 23/03/2021 – Dr. Paulo Peçanha o Febre* o Poliadenopatia* (adenomegalias – aumento dos gânglios) • Mononucleose infecciosa: cadeia cervical anterior • CMV: cervicais, axilar, inguinal o Rash cutâneo – 10-20% (menos comum) o Hepatite – (alterações das transaminases 3-4x) o Infiltrado pulmonar – forma grave de doença • Toxoplasmose e CMV – podem cursar com infiltrados pulmonares (principalmente em pacientes imunocomprometidos) • Não é comum na mononucleose o Miosite – miocardite • Toxoplasmose – manifestação muito comum! Mialgias (dor muscular) • O diagnostico de miocardite é bastante difícil. As doenças que fazem parte da síndrome da mononucleose devem ser aventadas como diagnóstico diferencial, bem como a influenza, covid o Coriorretinite • Mais comum na toxoplasmose ou CMV o Hemograma* – linfomononuclear com atipias → em um hemograma normal os PMN estão em maior quantidade (60-70%) enquanto os linfócitos e monócitos estão na faixa de 20-30% no máximo. • Nos pacientes com a síndrome da mononucleose esses valores normalmente se invertem, de forma que 40-60% são linfócitos, 10% de monócitos e a proporção de PMN decai bastante (30-35% ~) • Os linfócitos atípicos são vistos quando o hemograma é visto por um profissional habilitado *sinais e sintomas mais frequentes associados a síndrome o Mononucleose infecciosa o Toxoplasmose adquirida o Citomegalovirose (CMV) o HIV – vírus da imunodeficiência humana (fase aguda) o Hepatite viral o Dengue – inicio pode ser comum o Herpes simples/ varicela zoster o Rubéola/ sarampo o Pneumonia atípica 1ª (Micoplasma) o Doença de Chagas – fase aguda o Reações de hipersensibilidade medicamentosa (hidantoinatos, isoniazida, PAS,...) As causas discutidas na aula foram: mononucleose infecciosa, toxoplasmose adquirida e Citomegalovirose (CMV) #OBS: o professor disse que a grande dificuldade tanto mononucleose, citomegalovirose, toxoplasmose e no HIV as sorologias não positivam nos primeiros dias de manifestação dos sintomas tendo comumente aparecimento mais tardio (~3 semanas). #OBS: As Hepatites virais, principalmente na hepatite por vírus A, se manifestam com síndrome da mononucleose (indivíduo pode cursar com febre baixa, mialgias,...). O paciente pode ter alguns sintomas Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 2 acrescidos como icterícia e os marcadores laboratoriais – as transaminases hepáticas (TGO/TGP) estarão bastante alteradas o que nos dá o indicativo de um possível quadro de hepatite viral aguda #OBS: Dengue – é comum no curso inicial da doença que o hemograma se mostre com leucopenia (3000 leucócitos ou menos). Esse hemograma evolui para síndrome de mononucleose (na segunda semana os leucócitos aumentam um pouquinho), apresentando por volta da 2ª semana de evolução a inversão da relação PMN/ mononucleares e passando a apresentar atipias linfocitárias. • É importante lembrar que na dengue outros sintomas também compõe o quadro clinico, tais como: prostração, cefaleia, dor retro-ocular Varicela-Zoster (catapora): o quadro inicial, primeiros dias de manifestação clínica, pode se apresentar como uma síndrome de mononucleose (ou seja paciente com adenomegalia cervical, febre,...), e somente com a evolução da infecção ocorrer o surgimento do exantema cutâneo. Essa doença tem se tornado menos comum em nosso meio graças a vacinação em massa (faz parte do calendário vacinal obrigatório da crinça de 15 a 18 m) #OBS: Rubéola – rubéola congenita!* Pneumonia atípica 1ª – paciente pode abrir quadro com síndrome febril associada a sinais e sintomas respiratórios (ex: tosse seca, dispneia, queda do estado geral). O exame laboratorial pode fazer DD com mononucleose (hemograma com predomínio de mononucleares). Manifestações sistêmicas como linfadenomegalias e hepatoesplenomegalia são menos comuns. Normalmente a doença fica restrita aos pulmões tendo como manifestação sistêmica apenas a febre Doença de chagas – causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi – é na fase aguda da doença que o paciente pode manifestar um hemograma com linfocitose (monocitose) e atipias. Por isso o DD é difícil. No nosso estado (ES) casos agudos são muito pouco frequentes, tendo maior prevalência na região norte do país (associada ao cultivo/ extração e consumo do açaí in natura – não pasteurizado) Reações de hipersensibilidade a medicamentos – também cursam com eosinofilia (assim como ocorre nas alergias) como manifestação da hipersensibilidade. Contudo, a manifestação como síndrome da mononucleose pode ocorrer. Alguns exemplos: Isoniazida (tratamento da tuberculose), hidantoinatos (tratamento das epilepsias). “ ” o Mononucleose infecciosa ou “Kiss disease” (= doença do beijo) o ETIOLOGIA DA MONONUCLEOSE • Vírus Epstein Barr (EBV) • Herpes vírus – ADN o EPIDEMIOLOGIA DA MONONUCLEOSE • Endêmica – cosmopolita (todo o mundo) • Acomete principalmente crianças e adultos jovens • SF= SM • Numero de casos da doença aumenta em períodos específicos do ano, como no carnaval (mais festas, mais aglomeração o TRANSMISSÃO DA MONONUCLEOSE • Baixa contagiosidade • A transmissão se da pelo contato íntimo com portadores – popularmente conhecida como “doença do beijo” (kiss disease) → O Epstein Barr fica se abriga nas amigdalas, por isso, é a troca de saliva que ocorre durante o beijo que leva a transmissão do EBV Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 3 o PATOGÊNESE DA MONONUCLEOSE INFECCIOSA • O vírus EBV penetra os linfócitos B onde se replica. Os linfócitos B ativam os linfócitos T (são estes que se mostram como atípicos no hemograma) • Determinam infecção latente (ou seja, uma vez infectado o vírus permanece no organismo podendo sofrer reativação quando há imunossupressão) • Linfonodos aumentados – infiltrados por linfócitos T e B → Aumento do volume das amigdalas - hiperplasia folicular; atipias linfocitárias • EBV – possui relação etiológica com linfoma de Burkitt, CA de nasofaringe, linfomas em pacientes com AIDS o QUADRO CLÍNICO DA MONONUCLEOSE INFECCIOSA • Febre – 85% - persistente (pode durar 2 semanas) • Adenomegalia cervical – 95% (anterior) • Hepatomegalia – 60% • Esplenomegalia – 60% • Exsudato em amigdalas – 40% → Pode ser bastante parecido com o exsudato de amigdalite bacteriana, fazendo com que muitas vezes o medico prescreva ATB para o paciente. O antibiótico pode exacerbar o exantema, principalmente as penicilinas (especialmente amoxacilina) que são muitas vezes a primeira opção de tratamento. • Icterícia – 10% • Exantema – 10% • Edema palpebral – associado ou não a lesão renal o COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS À MONONUCLEOSE • Meningoencefalite (raro), radiculite, pneumonia intersticial (imunodeprimidos), miocardite, pericardite, trombose venosa profunda (raro), pancreatite, anemia hemolítica, purpura, trombocitopenia, nefrite intersticial Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 4 o DIAGNÓSTICO DA MONONONUCLEOSE • Hemograma – linfocitose com atipias (> 10%) • Elevação de transaminases (3-4x), DHL e FA (fosfatase alcalina) • Reação de Paul Bunnel Davidson → Pesquisa de anticorpos heterofilos (Até 90% de positividade) – menos usado atualmente (anticorpos específicos são mais utilizados) • Anticorpos específicos EBV – aparecem da 2ª semana em diante da infecção. Antes desse tempo é possível trabalharmos com o antígeno e com PCR (marcadores de viremia) – contudo, na maior parte das vezes não fazemos o PCR pois a doença normalmente tem curso benigno e comumente o paciente já chega com 2 ou mais semanas de evolução → Anticorpo contra o capsídeo viral (VCA) ✓ IgG – marcador perene ✓ IgM – 4 a8 semanas o TRATAMENTO DA MONONUCLEOSE INFECCIOSA • NÃO HÁ TRATAMENTO ESPECIFICO PARA MONONUCLEOSE INFECCIOSA!! • Aciclovir – leucoplasia pilosa para EBV (HIV+) • Interferon alfa – alguns estudos mostram que pode haver melhora do quadro, contudo, não é viável/ significativo pois é um tratamento de alto custo o ETIOLOGIA DA CITOMEGALOVIROSE • CMV – herpes vírus (DNA) → Oportunista – ex: pacientes renais crônicos (sobretudo transplantados), portadores de doença hematológica maligna (leucemias ou linfomas) → Reservatório – homem (único reservatório) A mononucleose infecciosa comumente se manifesta como um quadro de amigdalite. Ao exame das amigdalas muitas vezes é possível além do eritema e do edema (que cursa com aumento de volume) observar pontos purulentos nas amigdalas, o que pode confundir o medico na hora do diagnostico fazendo-o pensar em quadro de amigdalite bacteriana. Graças a essa confusão é bastante comum que o paciente faça uso de antibióticos para o tratamento de amigdalite bacteriana (mas que na verdade trata-se de um quadro de mononucleose não identificado!). Como sabemos a primeira linha de tratamento usada no manejo das amigdalites bacterianas são as penicilinas (principalmente a amoxacilina). Tais medicações podem cursa com piora do exantema em pacientes com mononucleose e até apresentar rash purpurico (manchas violáceas)!! Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 5 o EPIDEMIOLOGIA DA CITOMEGALOVIROSE • Prevalência aumenta com a idade – níveis máximos > 25 anos (40-100%) • Níveis socioeconômicos – diretamente relacionados a prevalência de CMV (determinantes da infecção aguda) o TRANMISSÃO DA CMV • Secreções – saliva, urina, sangue, secreções respiratórias, secreção do colo uterino, esperma, colostro, leite materno, órgãos internos • Congênita – 0,4 a 2,2% de todos os RN vivos (infecção primaria materna durante a gravidez) – reativação da infecção materna latente • Perinatal – canal do parto, leite materno infectado – 5-10% dos nascimentos • Infecção adquirida – transmissão horizontal – contato sexual, beijo • Infecção iatrogênica – transfusão de sangue e derivados (2,5 a 10% p/unidade) e transplante de órgãos o QUADRO CLÍNICO DA CITOMEGALOVIROSE 1. CMV Congênita (DD com TORCH) → Assintomáticos – 85-100% → Sintomáticos – 5 a 15% − Microcefalia, calcificações cerebrais (periventriculares) − Icterícia, hepatoesplenomegalia − Pneumonia intersticial − Paralisia espástica – retardo mental #OBS: No início quando começaram os estudos para HIV/AIDS e não se conhecia ainda qual era o agente etiológico causador da síndrome aventaram a hipótese de ser o CMV. Isso porque muitos dos pacientes com SIDA também apresentavam CMV. O CMV assim como o vírus da AIDS pode ser transmitido a partir do contato sexual (secreções: sêmen, secreção do colo uterino); sangue (transfusões, doação de órgãos); transmissão congênita/ perinatal (leite materno, canal do parto). Contudo, o CMV diferentemente do HIV possui múltiplas outras formas de infecção (alta taxa de infectividade) #OBS: a forma de transmissão mais comum da Citomegalovirose é através das secreções respiratórias. Diferentemente da mononucleose (“kiss disease”) cuja forma mais frequente de transmissão é a partir do beijo (uma vez que o vírus se localiza nas amigdalas). O CMV diferente da mononucleose não cursa com amigdalite e aumento de gânglios cervicais anteriores. Pode haver aumento de linfonodos cervicais posteriores na Citomegalovirose. SÍNDROME DE “TORCH” Toxoplasmose Outros - (Coxsackie, Sífilis, VZV, HIV, Parvo B19, HBV*, LCM**) Rubéola Citomegalovírus Herpes simples 1 e 2 (varicela) * O HBV Não cruza a placenta, a não ser que haja algum tipo de rompimento da barreira materno fetal, tal como sangramentos ao nascimento ou amniocentese. ** Coriomeningite linfocítica Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 6 2. CMV adquirida → Febre prolongada → Astenia → Sudorese → Mialgia → Hepatoesplenomegalia (50%) – icterícia (leve) → aumento discreto de BB e de transaminases (~200-300) → Linfadenomegalia – sem amigdalite (só na mononucleose) − Pequena frequência – são mais frequentes na mononucleose do que no CMV! No CMV podem ser acometidos linfonodos cervicais posteriores, inguinais, axilares, ... − Mais frequente em crianças Normalmente a doença possui evolução benigna. Contudo o quadro clinico é arrastado e compromete o rendimento do paciente nas atividades diárias (trabalho, estudo, ...). O CMV em imunocomprometidos (ex: AIDS, transplantados, ...) pode ser uma doença bastante grave!! 3. CMV em imunodeprimidos → Reativação da infecção latente (+ comum) – pode cursar com: − Pneumonia intersticial − Encefalite, polirradiculoneurite − Miocardite − Anemia hemolítica, purpura trombocitopenica − Coriorretinite − Hemorragia digestiva - (lesões sugestivas ulceradas, esôfago e cólon → biopsia: corpúsculos de inclusão) o DIAGNÓSTICO DE CITOMEGALOVIROSE • DIRETO → Isolamento do vírus → Pesquisa de corpúsculos de inclusão (histopatológico) → pacientes com esofagite ou colite → PCR – PCR quantitativo (quantifica as partículas virais e auxilia no tratamento) → pacientes imunossuprimidos especialmente os transplantados renais • INDIRETO – positiva a partir da 2ª ou 3ª semana → ELISA --------------- Ac IgG e IgM → ELFA (quimioluminescência) ----------- Ac IgG e IgM o TRATAMENTO DA CITOMEGALOVIROSE – pacientes imunodeprimidos (HIV, transplantados, etc) • GANCICLOVIR – EV (imunossuprimidos) • VALGANCICLOVIR – VO (não disponibilizado para o ministério da saúde) • FOSCARNET – liberado pela Anvisa (mais caro não disponibilizado pelo ministério da saúde) IgM – marcador de fase aguda IgG – marcador perene (permanece) O GANCICLOVIR é a medicação mais utilizada na pratica clinica hospitalar para o tratamento de CMV em imunodeprimidos, isso porque é disponibilizada pelo Ministério da Saúde. Contudo, deve ser administrada com cautela pois possui efeito nefrotóxico (monitoramento da creatinina sérica e do clearance de creatinina) e também pode levar a alterações medulares (leucopenia grave, neutropenia, anemia, trombocitopenia, mielossupressão e anemia aplasica) Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 7 o Pode se manifestar de forma arrastada ou aguda (febre persistente >2s, linfadenomegalias cervicais) #OBS: não cursa com amigdalite! O individuo pode eventualmente possuir um quadro de dor de garganta mas que não cursa com amigdalite franca (como na mononucleose) o Agente etiológico: Toxoplasma gondii • Protozoário intracelular obrigatório → Oocistos – hospedeiro definitivo → felino (gatos) → Taquizoítos – multiplicação rápida – invasão celular – destruição das células (ganham a circulação) → Bradizoítos – cistos teciduais, cérebro, coração, músculos esqueléticos • Toxoplasma gondii – 3 linhagens clonais → Tipos I, II e III – virulência/ epidemiologia diferentes − Genótipos I e II – pacientes com doença congênita − Genótipo II – pacientes com SIDA (AIDS) − Genótipo III – animais Os felinos são os hospedeiros definitivos do protozoário. Os gatos são os felinos que mais possuem contato com a espécie humana uma vez que é comum muitas pessoas terem os animais como bichos de estimação em casa. Os gatos eliminam os oocistos nas fezes e é a partir da ingestão desses oocistos que se dá a contaminação. Algumas das formas mais comuns de infecção ocorrem a partir da ingestão de alimentos (agua, frutas, verduras ou carne mal cozida) contaminados; manipulação de locais que contenham os oocistos, ou seja, locais em que os animais possam ter defecado (ex: caixa de areia, jardim,hortas,...) sem posterior higiene das mãos que acabam por descuido sendo levadas a boca. o FORMAS DE INFECÇÃO DA TOXOPLASMOSE • Ingestão de oocistos: alimentos (frutas, verduras, legumes,...) ou água contaminados com as fezes de gato Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 8 • Ingestão de cistos teciduais: manipulação/ ingesta carne crua ou malcozida contendo cistos (em geral, carne de cordeiro, de porco ou, raramente, bovina) • Transmissão transplacentária: infecção aguda durante a gestação – se a mãe for infectada ou se a imunossupressão reativar uma infecção anterior, durante a gestação. OBS: A transmissão do Toxoplasma para um feto é extremamente rara em mães imunocompetentes infectadas por Toxoplasma e que desenvolveram imunidade antes da gestação. • Transfusão de sangue ou transplante de órgão: A transmissão também pode ocorrer por transfusão de sangue total ou de leucócitos, ou com o transplante de um órgão de um doador soropositivo. • Ingestão de taquizoítos em leite contaminado ou saliva (mais raro) Em pessoas normalmente saudáveis, a infecção congênita ou adquirida pode ser reativada nos olhos. A reativação não ocular é muito rara em indivíduos saudáveis. Infecção passada confere resistência à reinfecção. O gato elimina o parasita nas fezes na forma de OOCISTOS (cada gato pode eliminar 500 milhões de oocistos a cada defecação). No ambiente esses oocistos sofrem divisão meiótica (esporulação), formando-se 2 oocistos cada um com 4 ESPOROZOÍTOS. A contaminação se da primeiramente a partir da ingestão dos oocistos do toxoplasma, por animais ou mesmo pelo homem (agua, frutas e verduras contaminadas). Os OOCISTOS depois de ingeridos liberam os TAQUIZOÍTOS que se espalham pelo corpo. A invasão dos tecidos pelos taquizoítos associada a resposta imune do indivíduo leva a formação de CISTOS nos tecidos. A infecção também pode ocorrer a partir da ingestão de carne malcozida (porco, boi, galinha, ...) contendo os CISTOS teciduais. Os cistos se formam nos órgãos e tecidos – a ex: coração (podendo levar a miocardite), cérebro, musculo esquelético (mialgia) A soroprevalência aumenta com a idade – 75% em adultos Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 9 o MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA TOXOPLASMOSE INFECÇÃO PRIMÁRIA LATÊNCIA REATIVAÇÃO (IMUNOCOMPROMETIDOS) o PATOGÊNESE DA TOXOPLASMOSE • Ingesta oral → invasão de células do epitélio intestinal ativando a resposta T-helper-1 (Th1) – na produção de citocinas pro-inflamatorias – IL-12, interferon-β; TNF-α; → proteção do hospedeiro contra a replicação do Toxoplasma gondii → Essas citocinas também estimulam os linfócitos CD4 e CD8 que se mostram no hemograma como linfócitos atípicos • Linfócitos CD4/ CD8 sensibilizados, citotóxicos (“natural killer”) para as células infectadas pelo T.gondii • Produção de anticorpos IgG, IgM, IgA, e IgE – detectados no soro em 2 semanas PATOLOGIA DA TOXOPLASMOSE • Linfadenite – hiperplasia folicular • Coriorretinite aguda – inflamação severa e necrose – lesões recorrentes; (o toxoplasma permanece na forma de cistos na retina. E a ruptura destes libera organismos viáveis ou reação de hipersensibilidade) → Pode levar a perdas visuais importantes! O tratamento deve ser precoce (corticoide + anti- inflamatório) • SNC– múltiplos focos de necrose e nódulos na micróglia. → Em fetos – vasculite periventricular e periaquedutais com áreas de necrose que evoluem com calcificação → NEUROTOXOPLASMOSE → Encefalite em imunodeprimidos – múltiplos abcessos com predileção pelos gânglios da base Pacientes com AIDS, transplantados, pacientes com câncer ou em uso de imunossupressores ENCEFALITE Toxoplasma aguda durante a gestação ou logo após a concepção PLACENTA (placentite) Potencial de transmissão feto- placentária e TOXOPLASMOSE CONGÊNITA ASSINTOMÁTICA 90% dos casos 10% dos casos sintomática SINTOMÁTICA 10% dos casos − Linfadenite – adenopatia generalizada (síndrome da mononucleose) − Coriorretinite − Miocardite (raro) − Miosite #OBS: condição que geralmente acomete imunossuprimidos, com contagem de linfócitos TCD4 baixa, como é o caso dos HIV+. Por isso, em caso de lesões centrais com efeito de massa em pacientes imunocompetentes outras etiologias deverão ser investigadas como o glioblastoma e metástases Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 10 NEUROTOXOPLASMOSE: Os exames de imagem – tomografia e RNM – mostram lesões nodulares, ovaladas, que podem ser únicas (30%) ou múltiplas (70%). Predominam nos gânglios da base, na substancia branca profunda ou na transição entre substancia branca e cinzenta. Essas lesões são comumente cercadas por um halo de edema acentuado – OBS: não é patognomônico!! Pode assemelhar-se a neuroTB e neurocisticercose (lembrar que em HIV+ a toxo é mais comum!!) As principais manifestações clinicas da neurotoxoplasmose são: - Alteração do sensório – 50-90% - Hemiparesia e outros sinais focais – 60% - Cefaleia – 50% - Convulsões – 30% - Acidentes vasculares cerebrais – 30% - Sinais de irritação meníngea < 10% - Febre, confusão mental e coma podem estar presentes DD NEUROTOXO: Doenças oportunistas - Linfomas SNC, LEMP, infecção pelo CMV, neurocriptococose (causa mais comum de meningite fúngica em HIV+), neurotuberculose, Nocardiose, abcesso central bacteriano IMPORTANTE: A neurotoxo pode ocorrer também em imunocompetentes, contudo é MUITO RARA! NÃO ESQUECER! A doença é caracterizada por nódulos multifocais e destruição neuronal principalmente hemisfério cerebral (transição substancia branca e cinzenta) e núcleos da base . Na tuberculose congênita pelo mesmo principio ocorre necrose periaquedutal e periventricular 2ª a vasculite • Pneumonia pelo T. gondii – pneumonite intersticial 1) Pacientes imunocompetentes − 90% são assintomáticos − 10% - linfadenite aguda (autolimitada) Eventualmente – pneumonite, miocardite, polimiosite (mialgia), pneumonite (grave), hepatite (anictérica – melhora com o tt) 2) Toxoplasmose ocular − Congênita − Pós-natal (crianças e adultos) Adquirida/ Reativação − Coriorretinite – lesões focais brancas + inflamação vítrea intensa → retinite necrosante focal e inflamação granulomatosa 2ª de coroide , podendo levar a dor ocular, visão borrada e até cegueira!! 3) Paciente Imunodeprimido − Reativação da infecção crônica − Doença severa Acometimento preferencial do SNC (encefalite aguda ou subaguda) – estado confusional com ou sem déficit neurológico focal, convulsões, sinais cerebelares, distúrbios de pares cranianos, alterações neuropsiquiátricas Insuficiência respiratória (acometimento pulmonar), miocardite, hepatite, coriorretinite Fundo de olho mostrando uma cicatriz retiniana (centro superior) causada pela infecção por toxoplasmose. Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 11 TOXOPLASMOSE CONGÊNITA − FREQUÊNCIA: 1-10 para 10.000 nascidos vivos − Infecção materna: 1º trimestre - taxa de infecção fetal – OBS: quando acontece é grave!! (aborto ou morte fetal) 2º trimestre - taxa de infecção fetal – lesões mais severas – feto viável 3º trimestre - taxa de infecção fetal – lesões fetais leves – coriorretinite/ doença subclínica ao nascer OBS: A frequência de transmissão e severidade da doença são inversamente proporcionais. Ou seja, como foi dito a taxa de infecção é baixa no 1º trimestre mas quando ocorre leva a aborto/ morte fetal; aumenta no 2º trimestre levando a lesões severas − Transmissão vertical: ocorre em doençaaguda − Transmissão vertical em pacientes com infecção crônica – mulheres imunossuprimidas (AIDS, LES, uso crônico de corticosteroides e imunossupressores) APRESENTAÇÃO CLINICA DA TOXOPLASMOSE EM RN: • Feto normal com alterações subclínicas (infecção no 3º trimestre) • Casos graves: hidrocefalia, microcefalia, calcificações intra-cranianas, coriorretinite, estrabismo, cegueira, hepatoesplenomegalia, anemia, trombocitopenia • DD: CMV, herpes simples, rubéola, sífilis – TORCH DIAGNÓSTICO DA TOXOPLASMOSE a) PRÉ-NATAL Ultrassonografia: Calcificações intracranianas Dilatação ventricular Hepatomegalia, ascite Espessamento da placenta PCR (a partir de 17 semanas) Líquido amniótico Especificidade – 100% / valor preditivo positivo – 100% b) DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO: Anticorpos IgG, IgM, IgA, IgE, detectados em 2 semanas Métodos: ▪ ELISA ▪ IMNF indireta ▪ Avidez de IgG – gestação (infecção recente ou antiga) – antiga temos alta avidez de IgG (anticorpo tardio) c) DIAGNÓSTICO DIRETO PCR – amplificação → Detecção do DNA de T.Gondii em tecidos e fluidos corpóreos ▪ Toxo congenita – liquido amniótico ▪ Ocular, cerebral, disseminada – tecidos/ fluidos ISOLAMENTO T.GONDII Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 12 ▪ Infecção aguda – sangue e fluidos corpóreos Imunoperoxidase – tecidos (SNC) o TRATAMENTO TOXOPLASMOSE • TOXO NA GESTAÇÃO – SULFADIAZINA + PIRIMETAMINA + LEUCOVORIN (folinato de cálcio) – 30 dias (mínimo)– podem ser feitos a partir da 18ª semana → requer diagnostico (PCR liquido amniótico) • TOXO AGUDA NA GESTAÇÃO – ESPIRAMICINA - até o fim da gestação ou documentação do exame fetal • TOXO NEONATAL – PIRIMETAMINA + SULFADIAZINA – ajustada com peso – OBS: corticosteroide por 1 semana caso houver coriorretinite • ADULTO CORIORRETINITE – PIRIMETAMINA + SULFA + CORTICOSTEROIDE • PACIENTES HIV + - PIRIMETAMINA + SULFA (ou CLINDAMICINA) + LEUCOVORIN → BACTRIM – sulfametoxazol + trimetoprim → Outras opções: Claritromicina Azitromicina #OBS: Tratamento recomendado apenas quando há clinica, ou seja, paciente apresenta sinais e sintomas da infecção!!
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