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Acidente Vascular Encefálico 1. Diferenciar AIT E AVEi. AVE - lesão encefálica secundária a uma lesão vascular e não traumático, caracterizado pela instalação súbita de um déficit neurológico, geralmente focal, de rápida evolução, com duração maior que 24 horas (ou menor, quando leva o pa- ciente à morte). Um AVC isquêmico, é o infarto (morte de células cerebrais) do tecido do SNC que ocorre quando um vaso sanguíneo que supre o cérebro é obstruído. A obstrução de uma artéria cerebral resulta em uma área central que é lesada irreversivelmente dentro de minutos a horas. Um ataque isquêmico transitório (AIT), é “um episódio transitório de disfunção neurológica causado por isquemia cerebral focal, sem infarto agudo”. Os sintomas agudos regridem em até 24h (sendo mais comum retornar na primeira hora). 2. Analisar a escala NIH. Escala frequentemente utilizada para quantificar o déficit neurológico. Ela avalia o déficit do AVE através da pontuação de parâmetros, variando de 0 (sem déficit) a 42 (maior déficit). Os parâmetros são: 1. Nível de consciência observado; 2. Orientação no tempo (em relação a mês e idade; 3. Resposta a comandos; 4. Olhar; 5. Campo visual; 6. Movimento facial; 7. Função motora de membros superiores; 8. Função motora de membros inferiores; 9. Ataxia de membros; 10. Sensibilidade; 11. Linguagem; 12. Articulação da fala; 13. Extinção ou desatenção durante o exame. 3. Conhecer os exames laboratoriais e de imagem para avaliação de AVEi. TC SEM CONTRASTE É o exame de imagem de escolha, por ser mais acessível e ter boa sensibilidade. Recomenda-se realizá-la em duas etapas: 1) A primeira TC na chegada do paciente (importante na exclusão do AVE hemorrágico e também diagnóstico de possíveis tumores, sangramentos meníngeos e intraparenquimatosos). 2) A segunda TC após 72 horas do início dos sintomas (TC de controle e definidora da anticoagulação do paciente no caso de AVE isquêmico). A primeira TC deve estar laudada em menos de 45 minutos para se proceder ao tratamento o mais rápido possível. Ressonância Magnética com difusão Mais sensível que a TC, diagnóstica área isquêmica muito precocemente, tendo mais acurácia que a TC no AVEi; porém, é um exame que demora e não tão acessível. Muito útil nos casos de dúvida se há AVE na TC. Coagulograma Devemos esperar seu resultado antes de realizar a trombólise (no caso de AVE isquêmico) caso haja história de uso de anticoagulantes ou suspeita de alterações. • Outros exames laboratoriais: Uréia, Creatinina, Eletrólitos, he- mograma completo, gasometria, marcadores de necrose miocárdica e ECG também devem ser realizados nesses pacientes. 4. Estudar o tratamento inicial do AVEi. Primeira coisa a ser feita em qualquer paciente com déficit neurológico súbito é o que deve ser feito para qualquer paciente da emergência: aplicar o MOVE. Ou seja: Monitorizar: é importante colocar um monitor cardioscópico, medir a PAM de forma não invasiva (inicialmente), coletar FC e FR. Oxigenoterapia: ofertar O2 para manter saturação > 94% Venóclise: pegar um aceso periférico com jelco 18 Exames: realizar glicemia capilar, hemograma, TP, TTPa, B-hCG (se mulher em idade fértil). Realizar ECG. E o principal: REALIZAR TC DE CRÂNIO SEM CONTRASTE! Enquanto isso, você deve realizar um exame físico direcionado no paciente, a partir do ABCD, dentro disso é importante calcular o NIHSS (NIH Stroke Scale) do paciente. Quanto maior o NIHSS maior a gravidade do AVCi e pior o prognóstico! Medidas de suporte: Suporte respiratório: não necessitam de suplementação de oxigênio, exceto em casos em que a oximetria de pulso indicar uma saturação menor que 92%. Temperatura: a temperatura corporal deve ser monitorada e mantida dentro da faixa normal, próxima aos 36,5 °C, isso leva a uma redução na morbimortalidade dos pa- cientes com AVCI. Monitorização cardíaca: é obrigatória nas primeiras 24 horas, pois as arritmias cardíacas geralmente estão presentes no período pós-AVCI, e algumas delas são causadoras de eventos isquêmicos. Pressão arterial: Se hipertensão arterial: não baixar no primeiro dia. Exceto quando PA > 220 x 120 mmHg; Manter a pressão adequada é manter a área de penumbra perfundida, ao mesmo passo que pressões muito elevadas podem gerar transformação hemorrágica. Se abaixarmos muito a PA, a área de penumbra deixa de ser irrigada e se transforma mais rápido em área de infarto. Droga de escolha: Nitroprussiato de Sódio (0,5 mcg/ kg/min) 24 horas após Trombolítico se PA > 185 x 110 mmHg. Nos pacientes não submetidos à trombólise, somente administrar anti-hipertensivos se PA > 220x120mmHg. Glicemia: deve ser monitorada de 6/6 horas; Deve-se descartar a hipoglicemia, que isoladamente já causa lesão cerebral. Se hiperglicemia, iniciar insulina se glicemia > 140-185 mg/dL nas primeiras 24 horas, pois indicam pior desfecho clínico, sendo necessária intervenção terapêutica para hiperglicemia. Outras medidas: Paciente deve permanecer deitado com a cabeceira do leito elevada a 30º. Manter nutrição adequada: a dieta deve ser iniciada nas primeiras 48 horas. Monitorizar: Natremia (diariamente, normal 135-145 mEq/l) e Hi- dratação (se necessário, usa-se ringer lactato). Deve-se evitar a hiper-hidratação e o uso de soro glicosado (pelo risco de hiponatremia dilucional e hiperglicemia.) Medidas específicas: Antiagregante plaquetário: o ácido acetilsalicílico (AAS) é a droga de escolha no AVE, podendo ser usado em pacientes sem indicação de rtPA e como forma de prevenção de recidiva, na posologia 100 a 325mg/dia VO. Heparina: Deve ser usada na dose profilática para tromboembolismo venoso, e não a heparinização plena. Usa-se HNF 5000 UI 8-12h ou HBPM (enoxaparina 40mg SC/ dia). O anticoagulante oral de escolha é a warfarina sódica. Trombolítico: Devemos considerar a possibilidade de terapia trombolítica endovenosa (TEV) com ativador de plasminogênio tecidual recombinante (rtPA) se os pacientes preencherem os critérios de inclusão e não tiverem contraindicações absolutas. O mais utilizado é o Alteplase, na posologia 0,9mg/ kg EV, 10% em bolo e o restante em 1 hora. Ela diminui as sequelas, mas não reduz a mortalidade, quando iniciada até 4,5 horas do início dos sintomas. ALTEPLASE Mecanismo de ação: Os agentes fibrinolíticos são moléculas responsáveis pela ativação do plasminogênio em plasmina, a qual possui uma potente ação lítica sobre a malha de fibrina presente no trombo e responsável por sua estruturação. A fibrinólise é um evento fisiologicamente autolimitado por mecanismos contrarreguladores, desse modo somente a infusão sistêmica e controlada de doses terapêuticas de fibrinolíticos pode estabelecer o fluxo sanguíneo almejado. Efeitos adversos: O principal efeito adverso é a hemorragia, que pode ser desencadeada por dois fatores: a lise da fibrina em tampões hemostáticos nos locais de lesão vascular e o estado lítico sistêmico, provocado pela formação sistêmica de plasmina, produzindo fibrinogenólise e destruição de outros fatores da coagulação, em especial os fatores V e Vlll. Formação de hematoma cerebral intracraniano e transformação hemorrágica de acidente vascular cerebral também são efeitos adversos comuns. Critérios de inclusão da TEV: Idade > 18 anos; diagnóstico de ACVI em qualquer território cerebral; evolução < de 4,5 horas até a infusão do trombolítico; TC de crânio sem evidências de hemorragias; possibilidade de se estabelecer precisamente o horário do início dos sintomas; paciente ou familiar responsável capacitado a assinar termo de consentimento informado. Critérios de exclusão da TEV: Uso de anticoagulantesorais ou TP > 15 segundos (INR > 1,7); uso de heparina nas últimas 48 horas e PTTa elevada; AVC ou traumatismos cranioencefálicos (TCE) grave nos últimos 3 meses; História pregressa de alguma forma de hemorragia cerebral (HSA, AVCH); TC de crânio mostrando evidências de hemorragias ou edema cerebral em desenvolvimento; PAS > 185 mmHg ou PAD > 110 mmHg (medidas em 3 ocasiões, com 10 minutos de intervalo); Sintomas melhorando rapidamente; Déficits neurológicos leves ou isolados; Cirurgia de grande porte ou procedimento invasivo dentro das últimas 2 semanas; Hemorragia geniturinária ou gastrointestinal nas últimas 3 semanas; Punção arterial não compressível ou biópsia na última semana; Coagulopatia com TAP, PTTa elevados, ou plaquetas < 100.000/mm³; Glicemia < 50 md/dL ou > 400 mg/dL; Crise convulsiva precedente ou durante a instalação do AVC; Evidência de pericardite ativa, endocardite, êmbolos sépticos, gravidez recente, doença inflamatória intestinal, ou lactação; abuso de álcool ou drogas. 5. Entender os protocolos clínicos e radiológicos do paciente pós trombólise. Manter a cabeceira a 0º nas primeiras 24 horas, e depois a 30º; PA e NIHSS a cada 15 min por 2h, depois a cada 30 min por 6h, depois a cada 1h por 24h (objetivo é manter PA <180x105 mmHg, a droga de escolha é o nitroprussiato de sódio); Não realizar cauterização e sonda naso nas primeiras 24h e não passar sonda vesical pelo menos 30 min após; Realizar TC de controle em 24h; Não utilizar antiagregantes e anticoagulantes nas primei- ras 24h; fazer controle glicêmico e de temperatura. Devemos ter cuidado especial com o controle da PA, para evitar uma transformação hemorrágica!
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