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214.pdf AVALIAÇÃO LABORATORIAL DE MISTURA ASFÁLTICA DENSA MODIFICADA COM ADIÇÃO DE BORRACHA Sandra A. Margarido Bertollo José Leomar Fernandes Júnior Universidade de São Paulo Escola de Engenharia de São Carlos Liedi Bariani Bernucci Edson de Moura Universidade de São Paulo Escola Politécnica RESUMO Este trabalho apresenta resultados de estudo laboratorial que teve como objetivo avaliar o efeito produzido pela granulometria da borracha reciclada de pneumáticos e pelo envelhecimento de curto prazo sobre as propriedades de uma mistura asfáltica densa. Foram preparadas misturas asfálticas com duas granulometrias de borracha, substituindo parte dos agregados pétreos em algumas frações da curva granulométrica. Essas misturas foram comparadas a uma mistura de controle, sem borracha. Para avaliação das propriedades mecânicas, as misturas foram submetidas ao ensaio de compressão diametral dinâmico para determinação do módulo de resiliência, ao ensaio de resistência à tração por compressão diametral e ao ensaio de trilha de roda em equipamento simulador de tráfego em laboratório. Os resultados mostram que a diminuição do tamanho das partículas de borracha influencia positivamente no desempenho do material e que as relações MR/RT encontradas para as misturas com borracha sugerem, em princípio, uma maior flexibilidade e resistência à fadiga. ABSTRACT This paper presents the findings of a laboratory study that aimed to evaluate the effects of recycled tire rubber gradation and short-term aging on the properties of dense asphalt mixtures. It was considered two ranges of rubber particle sizes which substituted part of mineral aggregates in the mixture gradation. The rubber modified asphalt mixtures (“dry process”) were compared to a control mixture without rubber. For the evaluation of mechanical properties, the asphalt mixtures were submitted to three laboratory tests: dynamic indirect tension for the determination of the resilient modulus; tensile strength under indirect tension; and resistance to rutting in a repeated load device. The results show that smaller rubber particles are better for the mixture performance and the ratio between resilient modulus and tensile strength indicates that asphalt mixtures containing recycled tire rubber present higher flexibility and higher resistance to fatigue cracking. 1. INTRODUÇÃO Embora seja significativo o aumento da frota de veículos no Brasil, a magnitude do efeito ambiental causado pelos milhões de pneus inservíveis gerados a cada ano não se percebe tão facilmente. A disposição final dos pneus representa um problema de difícil solução, pois são objetos volumosos que precisam ser armazenados em condições apropriadas para evitar riscos de incêndio e proliferação de insetos e roedores. A disposição em aterros sanitários se torna inviável, pois os pneus inteiros apresentam baixa compressibilidade e degradação muito lenta. Alternativas devem ser encontradas no sentido de equacionar a questão destes resíduos no país. A Resolução no 258 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, publicada no Diário Oficial de 02 de dezembro de 1999, determina que as empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos ficam obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção relativa às quantidades fabricadas e/ou importadas. Nos Estados Unidos, país que mais produz pneus inservíveis no mundo (mais de um pneu por habitante por ano), existem leis que regulamentam a aquisição, armazenagem e processamento de pneus, impõem restrições para armazenagem em aterros sanitários e oferecem incentivos para o desenvolvimento de novas alternativas de uso, como por exemplo, a incorporação em misturas asfálticas (FHWA, 1993). Os méritos da utilização de borracha triturada de pneus nas misturas asfálticas devem considerar os benefícios em termos ambientais e de engenharia. Enquanto é indiscutível o benefício da reciclagem para esse tipo de resíduo, não existe consenso se a utilização de borracha triturada traz benefícios significativos às propriedades de engenharia, com a obtenção de um pavimento com melhor desempenho em longo prazo, superando as limitações dos pavimentos tradicionais. Dentre os potenciais benefícios que a incorporação de borracha de pneus usados pode acarretar às misturas asfálticas, destacam-se: aumento da flexibilidade a baixas temperaturas, aumento da resistência à deformação permanente a altas temperaturas, aumento da resistência à fadiga, maior resistência ao desgaste e ao envelhecimento. Existem dois métodos de incorporação dos pneus nas misturas asfálticas. No processo úmido são adicionadas partículas finas de borracha ao cimento asfáltico, produzindo um novo tipo de ligante denominado asfalto-borracha. No processo seco, as partículas de borracha substituem parte dos agregados pétreos na mistura. Após a adição do ligante, formam um produto denominado concreto asfáltico modificado com adição de borracha. Este trabalho avaliou, em laboratório, o processo seco de reutilização de borracha de pneus em obras de pavimentação asfáltica. Buscou-se, dessa forma, contribuir para a solução do grave problema ambiental que é a disposição de resíduos sólidos, pois a reutilização de pneus em larga escala no Brasil vai depender do conhecimento profundo dos aspectos econômicos e técnicos, relacionados ao meio ambiente e ao desempenho como material de construção. 2. PROCESSO SECO DE INCORPORAÇÃO O processo seco de incorporação foi desenvolvido originalmente nos anos 1960, na Suécia, sendo patenteado com o nome Rubit®. Nos EUA o método foi patenteado com o nome PlusRide®. A preocupação crescente com os aspectos ambientais, manifestada inclusive por leis que regulamentam o uso de pneus em misturas asfálticas, trouxe uma nova motivação para estudos sobre o tema. Novas tecnologias surgiram desde então, como por exemplo, a tecnologia genérica (generic system), desenvolvida em 1989 (Epps, 1994). O sistema PlusRide® permite a incorporação de 3 a 4% (em relação ao peso total da mistura) de borracha com diâmetros que variam de 2 a 6,35 mm. As especificações de graduação do agregado pétreo, para diferentes níveis de tráfego, apresentam descontinuidade na faixa entre 3,18 mm (1/8") e 6,35 mm (1/4"). As partículas de borracha substituem a porção de agregado que normalmente ocuparia este espaço. As misturas requerem uma quantidade maior de ligante asfáltico, cerca de 1,5 a 2% a mais em relação às misturas convencionais. O volume de vazios deve variar entre 2 e 4%, dependendo do nível de tráfego. Estudos conduzidos por Takallou et al. (1986) e Takallou e Hicks (1988) indicam que as misturas modificadas com borracha pelo sistema PlusRide® apresentam maior resistência à fadiga do que as misturas convencionais. Também apresentam maior resistência ao trincamento térmico, pois as partículas de borracha absorvem as tensões. Diferentemente do sistema PlusRide®, o sistema genérico de adição de borracha utiliza curvas granulométricas tradicionais (densas) onde são incorporadas partículas de borracha com diâmetro nominal máximo de 2,00 mm (#10) e menores teores de borracha (1, 2 e 3%). Enquanto as partículas finas de borracha reagem com o ligante, as partículas maiores atuam como “agregados elásticos" no concreto asfáltico, proporcionando um pavimento resistente à fadiga e ao trincamento a baixas temperaturas (FHWA, 1993). Estudos laboratoriais conduzidos por Oliver (2000) e Gallego et al. (2000) indicaram o excelente desempenho de misturas modificadas com adição de borracha, em termos de resistência à deformação permanente e vida de fadiga, quando comparada a uma mistura convencional. Gallego et al. (2000) ressaltam a importância do tempo de digestão (tempo necessário para que ocorra a interação entre ligante e borracha) como parâmetro de maior influência sobre o desempenho de misturas preparadas pelo processo seco. 3. PROGRAMA EXPERIMENTAL Para caracterizar as misturas asfálticas estudadas nesta etapa do trabalho foram preparadas amostras com duas granulometrias de borracha, uma grossa (G) e outra fina (F), substituindo parte dos agregados pétreos em algumas frações da curva granulométrica. Utilizou-se uma quantidade de borracha equivalente a 2% do peso total da mistura. Essas misturas foram comparadas a uma mistura convencional, sem borracha (mistura de controle). Anteriormente à compactação, as misturas foram submetidas a uma simulação de envelhecimento em estufa por períodos de 2 e 4 horas a 150oC. Procurou-se analisar o efeito do tempo de digestão e da granulometria da borracha sobre o teor ótimo de asfalto. Para seleção do teor ótimo de asfalto considerou-se um volume de vazios de 4% e, para as misturas contendo borracha, utilizou-se também a mesma quantidade de ligante da mistura de controle. Procurou-se analisar o efeito da granulometria da borracha sobre o teor de asfalto e, principalmente, sobre o módulo de resiliência e a resistência à tração. A avaliação da capacidade das misturas em resistir às deformações permanentes foi feita através do ensaio de trilha de roda em equipamento simulador de tráfego em laboratório. A Figura 1 apresenta o método de trabalho utilizado nos experimentos realizados. 4. MATERIAIS 4.1. Agregado Pétreo Foram utilizados agregados britados, de natureza basáltica, provenientes da Pedreira INDERP localizada no município de Ribeirão Preto - SP. O fíler utilizado foi extraído por peneiramento a seco do pó-de-pedra oriundo da mesma pedreira. A Tabela 1 apresenta algumas das propriedades dos agregados pétreos utilizados. Os ensaios de adesividade para agregados graúdos e miúdos apresentaram resultado não satisfatório para o agregado utilizado. Esses métodos não apresentam correlação com o que acontece no campo, podendo gerar resultados enganosos. Assim, foram realizados ensaios complementares utilizando misturas compactadas (ensaio de umidade induzida - AASHTO, 1989). O resultado indicou que a mistura compactada não apresenta problemas de adesividade entre agregado e ligante. dos corpos-de-prova de borracha G e F, considerando envelhecimento de curto prazo Execução do ensaio de trilha de roda Determinação de MR e RT Caracterização e Preparação dos Materiais: CAP-20, Borracha e Agregado Pétreo Dosagem da mistura de controle e das misturas com 2% Preparo das Misturas - Envelhecimento de curto prazo trilha de rodaMarshall Compactação Moldagem das placas para o ensaio de Figura 1: Diagrama de blocos do método de trabalho experimental Trabalhou-se com uma granulometria correspondente ao centro da faixa “C” do DNER (1997) adaptada às especificações SUPERPAVE® (FHWA, 1995), conforme Figura 2. O diâmetro máximo nominal é de 12,5 mm. Tabela 1: Características dos agregados pétreos utilizados Ensaio Método Material Agregado Graúdo Agregado Miúdo Desgaste de agregado por Abrasão Los Angeles (%) DER-SP M24-61 14,1 (≤ 40) Massa específica (g/cm3) DER-SP M3-61 2,858 2,860 Adesividade DER-SP M78-63 M149-61 Não satisfatória 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00 Abertura das Peneiras % P as sa nd o Curva de Trabalho Pontos de Controle Zona de Restrição Faixa "C" do DNER Figura 2: Curva granulométrica da mistura estudada 4.2. Borracha A borracha utilizada foi fornecida pela BORCOL Indústria de Borracha Ltda, localizada no município de Sorocaba – SP. Foram utilizadas duas granulometrias de borracha triturada disponíveis comercialmente: uma denominada “G” (grossa), contendo partículas com diâmetros variando de 9,5 mm (3/8”) até 0,60 mm (#30) e outra, denominada “F” (fina), contendo partículas com diâmetros variando de 1,18 mm (#16) até 0,15 mm (#100). A borracha triturada foi caracterizada por ensaios de massa específica das partículas (obtida por picnometria de hélio), porosidade (em mercúrio) e análise termogravimétrica (TGA). A Tabela 2 apresenta os resultados desses ensaios para quatro frações granulométricas de borracha. Tabela 2: Características da borracha utilizada Borracha Ensaio G F 3/8” - #4 #16 - #30 #16 - #30 #50 - #100 Massa específica das partículas (g/cm3) 1,1334 ± 0,0010 1,1547 ± 0,0007 1,1607 ± 0,0016 1,1934 ± 0,0012 Perda de massa a 170oC (%) 0,7410 0,7877 - 0,6025 Porosidade em mercúrio (%) 9,65 16,08 - 68,94 A análise termogravimétrica (TGA) permite que sejam analisadas as mudanças no peso da amostra, resultante de transformações químicas, em função da temperatura (taxa de aquecimento) ou intervalo de tempo. Empregou-se uma taxa de aquecimento de 10oC/min., no intervalo de temperatura de 50 a 600oC. As amostras de borracha mais grossa (G) apresentaram uma perda de massa, em função da liberação dos óleos voláteis do pneu, de 0,7410% a 0,7877% em torno de 170oC, enquanto a borracha mais fina (F) apresentou uma perda de massa de 0,6025% a 170oC. 4.3. Ligante Asfáltico O ligante asfáltico utilizado foi o CAP-20 por ser um material de uso rotineiro e comercialmente disponível em todo o Brasil. As propriedades do CAP-20 utilizado são apresentadas na Tabela 3. Tabela 3: Propriedades do CAP-20 utilizado no preparo das misturas Ensaio Resultado Exigência DNC 01/92 Método Viscosidade absoluta a 60oC (poise) 3317 2000 a 3500 NBR 5847 Viscosidade Saybolt Furol a 135oC (s) 180 120 mín. MB-517 Viscosidade Saybolt Furol a 177oC (s) 30,3 30 a 150 Efeito do calor e do ar: Variação em massa (%) 0,044 1,0 máx. MB-425 Relação de viscosidade 1,7 4,0 máx. - Ductilidade a 25oC (cm) > 100 20 mín. NBR 6293 Índice de suscetibilidade térmica -1,0 -1,5 a 1,0 - Penetração, 25oC, 100g, 5s (0,1mm) 59 50 mín. NBR 6576 Ponto de fulgor (oC) 300 235 mín. NBR 11341 Solubilidade em tricloroetileno (% em massa) 99,7 99,5 mín MB-166 Massa específica (g/cm3) 1,020 - - 4.4. Misturas Procurou-se incorporar a borracha buscando manter o mesmo arranjo granulométrico da mistura de controle. Para tanto, criou-se uma lacuna na curva granulométrica do agregado pétreo (excluindo parte dos agregados) para possibilitar a adição da borracha triturada. Na substituição, considerou-se que a borracha triturada possui formato semelhante ao agregado pétreo e, portanto, mesma área superficial. Deste modo, o ajuste na granulometria do agregado pétreo considerou apenas os pesos específicos da borracha e do agregado. As duas granulometrias de borracha (G e F) foram distribuídas na curva granulométrica dos agregados pétreos, acompanhando a faixa C do DNER, conforme Figura 3. A dosagem das misturas asfálticas foi feita pelo método Marshall de acordo com os padrões estabelecidos pela NBR 12891/93 da ABNT (1993). A energia de compactação foi de 75 golpes por face do corpo-de-prova. A borracha, na temperatura ambiente, foi misturada ao agregado pétreo previamente aquecido a 175oC. Em seguida, foi adicionado o ligante asfáltico na temperatura de 160oC. A mistura entre agregados, borracha e asfalto foi realizada durante aproximadamente 2 minutos, até que o ligante tivesse envolvido todo o material granular. Antes da compactação, parte das misturas foi levada para uma estufa na temperatura de 150oC, onde permanecia durante duas ou quatro horas para simular o envelhecimento durante as fases de preparação, transporte e lançamento da mistura na pista. A massa específica das misturas compactadas foi determinada pelo método AASHTO T-166 (AASHTO, 1993), utilizando amostras saturadas secas superficialmente. As misturas destinadas à determinação do módulo de resiliência e resistência à tração por compressão diametral foram moldadas com um teor de asfalto necessário para a obtenção de um volume de vazios em torno de 4%. Para verificar a influência do teor de asfalto nas propriedades das misturas que contêm borracha, também foram moldados corpos-de-prova com a mesma quantidade de ligante da mistura de controle. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00 Abertura das Peneiras (mm) Po rc en ta ge m P as sa da G (a) Mistura com borracha na granulometria G: 9,5 mm (3/8”) até 0,60 mm (#30) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00 Abertura das Peneiras (mm) Po rc en ta ge m P as sa da F (b) Mistura com borracha na granulometria F: 1,18 mm (#16) até 0,15 mm (#100) Figura 3: Frações granulométricas onde foram incorporadas as amostras de borracha G e F 5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 5.1. Envelhecimento de Misturas Asfálticas O envelhecimento de misturas asfálticas é um termo usado para descrever as mudanças nas propriedades com o passar do tempo, incluindo alterações nas propriedades dos ligantes asfálticos e a absorção de ligante pelo agregado. Uma característica importante dos cimentos asfálticos diz respeito ao envelhecimento, que se inicia durante a fase de preparação da mistura, quando o cimento asfáltico é aquecido para facilitar os trabalhos de mistura com os agregados pétreos, que também são aquecidos. Durante essa fase ocorrem alterações significativas nas propriedades reológicas do ligante, como a diminuição da penetração (ou aumento da consistência) e o aumento da viscosidade. O envelhecimento de curto prazo é causado, principalmente, devido à perda dos componentes voláteis e oxidação durante a fase de construção. Acredita-se que o envelhecimento de longo prazo seja conseqüência da progressiva oxidação durante a vida em serviço do pavimento. Embora, em geral, o envelhecimento possa resultar no enrijecimento da mistura, o que pode ser benéfico do ponto de vista da distribuição das cargas e da deformação permanente, poderá também resultar num pavimento com tendências ao trincamento e desintegração e na perda de durabilidade em termos de resistência ao desgaste e suscetibilidade à umidade. Nas misturas preparadas com borracha, ocorre um processo chamado de “digestão” da borracha, ou seja, a interação asfalto-borracha durante o tempo de preparação e transporte da mistura. Buscando analisar o efeito do envelhecimento na mistura de controle e do tempo de digestão nas misturas preparadas com borracha, fez-se a simulação do envelhecimento em estufa, a 150oC, por períodos de 2 e 4 horas, antes da compactação. A Figura 4 ilustra a relação entre teor de ligante e volume de vazios para as misturas com borracha (fina, 2F, e grossa, 2G), ambas com 2% de borracha. A mistura de controle não apresentou variação significativa do volume de vazios com o tempo de envelhecimento. Mistura 2G 2 3 4 5 6 7 8 6 6,5 7 7,5 8 % Ligante V v (% ) 0h 2h 4h Mistura 2F 2 3 4 5 6 7 8 6 6,5 7 7,5 8 8,5 % Ligante V v (% ) 0h 2h 4h Figura 4: Efeito do envelhecimento (tempo de digestão) para as misturas com borracha Observa-se o efeito do tempo de digestão nas misturas que contém borracha: as misturas envelhecidas requerem maiores teores de ligante para a obtenção de um volume de vazios de 4%. Uma parcela do ligante requerido pode estar sendo absorvida pela borracha, que apresenta elevada porosidade. A borracha triturada deve ser considerada como um agregado, entretanto, a parcela de borracha mais fina, que passa na peneira de abertura 0,84 mm (# 20), reage parcialmente com o ligante. Essa ocorrência ficou evidente quando, após a mistura, verificou-se "aumento de volume", principalmente na mistura 2F. Para a mistura 2G ocorreu reação, pois também apresenta partículas que passam na peneira de 0,84 mm, só que de forma menos eficiente (ou seja, exigindo um maior tempo de reação). Logo, a quantidade de borracha fina introduzida na mistura irá determinar o grau de modificação do ligante asfáltico. 5.2. Determinação das Propriedades Mecânicas Procurou-se avaliar a influência do teor de asfalto e da granulometria da borracha sobre as propriedades mecânicas das misturas envelhecidas em estufa por 2 horas. Para tanto, foram confeccionados corpos-de-prova contendo 2% de borracha (em peso da mistura) nas granulometrias G (9,5 mm - 0,60 mm) e F (1,18 mm - 0,15 mm). As misturas 2F’, 2G’ e de controle foram dosadas para a obtenção de um volume de vazios de 4%. As misturas 2F e 2G foram moldadas utilizando a mesma quantidade de ligante da mistura de controle. A Tabela 4 apresenta a composição das misturas, os valores de teor de asfalto, volume de vazios (Vv), massa específica aparente (Dap), relação betume/vazios (RBV), fluência (F) e estabilidade Marshall (E). Esses valores representam a média de três corpos-de-prova. O valor mínimo estabelecido para a estabilidade Marshall e a faixa de fluência variam de acordo com o órgão que faz a especificação. Todas as misturas apresentam valor de estabilidade superior ao mínimo estabelecido pelo DER-SP (750 kg) e pela NBR 12891/93. Entretanto, somente as misturas de controle e 2F possuem valor de fluência dentro das especificações. Deve-se destacar que o ensaio Marshall, apesar de questionado porque as tensões que ocorrem durante a determinação da estabilidade e fluência são de difícil interpretação e por apresentar elevada dispersão de resultados, ainda é uma referência no Brasil, motivo pelo qual foi incluído neste trabalho. Complementarmente, foram realizados ensaios para determinação do módulo de resiliência (DNER, 1994a) e resistência à tração por compressão diametral (DNER, 1994b). Tabela 4: Resultados dos ensaios Marshall. Parâmetro Misturas Especificaçã o NBR 12948: 2G' 2G 2F' 2F 1G 1F Controle Camada de Rolamento Composição: Agregado (g) 1140 1140 1141,7 1141,7 1170 1170,8 1200 - Borracha (g) 24 24 24 24 12 12 - - CAP-20 (g) 91,7 79,3 98,6 79,3 79,3 79,3 79,3 - Teor CAP-20 (%) 7,3 6,4 7,8 6,4 6,3 6,3 6,2 - Dap 2,365 2,344 2,356 2,325 2,399 2,387 2,469 - Vv (%) 4 6,1 4 7,1 5,4 5,9 4 3 a 5 RBV (%) 80 69 83 67 73 71 79 75 a 82 E (kg) 937 978 872 1059 1219 1013 1399 350 F (mm) 5,2 4,7 5,1 4,5 4,5 4,1 3,2 2,0 a 4,6 O módulo de resiliência (MR) é um fator importante para o dimensionamento racional dos pavimentos, estando intimamente ligado ao projeto da mistura, enquanto que a resistência à tração (RT) é a associada ao comportamento estrutural adequado ou não das misturas quanto à vida de fadiga. Para a avaliação da capacidade das misturas em resistir às deformações permanentes foi utilizado um equipamento simulador de tráfego em laboratório, idealizado pelo Laboratoire Central des Ponts et Chaussées – LCPC. Os ensaios foram realizados no Laboratório de Tecnologia de Pavimentação, do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP, em São Paulo. Os procedimentos do ensaio são descritos nas normas francesas NF P 98-253-1 (AFNOR, 1991a) e NF P 98-250-2 (AFNOR, 1991b). Para a realização deste ensaio foram moldadas placas de 180 mm de largura por 500 mm de comprimento e 50 mm de altura. O processo de compactação se desenvolve por amassamento, através de um roda dotada de um pneu de borracha. A pressão do pneu, a carga do eixo e a quantidade de passadas da roda são controladas. Para cada mistura foram moldadas duas placas. No equipamento simulador de tráfego são colocadas duas placas de cada vez. O ensaio se realiza mediante a aplicação de uma carga através de uma roda dotada de pneus lisos. A pressão dos pneus e a carga dos eixos são controladas. A passagem das rodas sobre as placas se faz através de ciclos de ida e volta do pneu (cada ciclo tem a duração de 1 segundo). As medidas das deformações foram feitas em 15 pontos distintos da trilha de roda, sendo realizadas no decorrer do ensaio, após 100, 300, 1.000, 3.000, 10.000 e 30.000 ciclos. Os ensaios foram realizados em temperatura controlada de 60oC. Para cada conjunto de placas obtém-se uma equação de regressão do tipo y = a . Nb, onde “y” representa o valor do afundamento na trilha de roda, “N” é o número de ciclos e “a” e “b” são obtidos de análise de regressão. A Figura 5 apresenta o resultado das regressões para as misturas analisadas, destacando-se que o coeficiente “b” representa a taxa de deformação com o número de ciclos. 1% 10% 100% 100 1000 10000 100000 Número de Ciclos Pr of un di da de d a Tr ilh a Controle 2G' 2F' 2G 2F Figura 5: Resultados dos ensaios de trilha de roda A Tabela 5 apresenta o resumo dos resultados (média de 3 corpos-de-prova) obtidos para MR e RT, a relação MR/RT e os resultados do ensaio de trilha de roda (média entre duas placas ensaiadas). Tabela 5: Resumo dos resultados obtidos nos ensaios mecânicos Parâmetro Misturas 2G' 2G 2F' 2F 1G 1F Controle MR (MPa, 25oC) 1942 1634 2687 2104 2165 2793 3637 RT (MPa, 25oC) 1,09 1,02 1,12 0,99 1,14 1,11 1,37 MR/RT 1782 1602 2399 2125 1899 2516 2655 Def. Permanente: Afundamento * 16% * 9% 10% 8% 9% (30.000 ciclos) Coef. Angular 0,396 0,2234 0,3757 0,1499 0,2129 0,1681 0,1789 *O ensaio foi finalizado após 3.000 ciclos devido à deformação excessiva Pelos resultados apresentados na Figura 5 e Tabela 5, quanto à resistência ao acúmulo de deformação permanente nas trilhas de roda, a mistura que apresentou melhor desempenho foi a com granulometria fina e teor de ligante igual ao da mistura de controle (2F), seguida pela mistura de controle. A mistura com pior desempenho foi a com granulometria grossa e teor de ligante correspondente a um volume de vazios de aproximadamente 4% (2G’), seguida pela 2F’ (granulometria fina, teor para Vv = 4%) e 2G (granulometria grossa e teor igual ao da mistura de controle). A mistura 2F apresentou menor taxa de deformação (curva menos inclinada) quando comparada à mistura de controle, ou seja, a mistura 2F apresenta o menor potencial de desenvolver deformação permanente nas trilhas de roda. Os resultados dos ensaios de trilha de roda indicam, nas misturas modificadas e dosadas para um volume de vazios de 4%, problemas no travamento da estrutura granular, com formação um esqueleto menos estável e menos resistente. Na Tabela 5 observa-se que ocorre uma diminuição do valor do módulo de resiliência das misturas modificadas, sendo essa redução maior nas misturas que contêm borracha na granulometria grossa (G). As misturas com borracha apresentam relações MR/RT menores que a encontrada para a mistura de controle, indicando uma maior flexibilidade e melhor resistência à fadiga quando comparadas à mistura de controle. 6. CONCLUSÕES O tempo de digestão da borracha é um fator que deve ser considerado no projeto de misturas modificadas com adição de borracha (processo seco). Uma particularidade dessas misturas está relacionada à expansão do corpo-de-prova após o término do processo de compactação. Este aumento de volume é um fenômeno dependente do tempo de digestão, cuja magnitude está relacionada à complexa interação entre os fatores tipo e graduação da borracha, porcentagens de borracha e ligante e temperatura durante a produção em usina, transporte, lançamento e compactação. O tempo de digestão permite que ocorra reação entre as partículas de borracha e o ligante asfáltico, sendo que a quantidade de partículas menores introduzida na mistura determina o grau de modificação do ligante. Estudo complementar, já em desenvolvimento pelos autores deste trabalho, procura avaliar como o tempo de digestão influencia as propriedades das misturas asfálticas compactadas. Os resultados dos ensaios de trilha de roda indicam que a diminuição das partículas de borracha proporciona uma melhora de desempenho em termos de resistência à deformação permanente. As misturas modificadas com adição de borracha dosadas para um volume de vazios de 4% apresentaram deformação permanente excessiva e precoce. Isso indica que os teores de ligante utilizados são extremamente elevados para essas misturas, fato constatado no ensaio Marshall em razão dos elevados valores de fluência. Esse fato indica que o valor de volume de vazios não deve ser usado como critério na determinação do teor ótimo de ligante para essas misturas. As misturas modificadas com borracha apresentaram menores valores de módulo de resiliência (MR) e de resistência à tração (RT) quando comparadas à mistura de controle. A granulometria da borracha e o teor de ligante tiveram pequena influência nos resultados de resistência à tração. As misturas com borracha na granulometria grossa se mostraram mais resilientes, indicando que as partículas maiores de borracha atuam como “molas” na mistura. As relações MR/RT para as misturas modificadas com borracha sugerem uma maior flexibilidade e melhor resistência à fadiga quando comparadas à mistura de controle. Agradecimentos Esta pesquisa conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), através da concessão de uma bolsa de doutorado. Os autores também agradecem ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) pela realização dos ensaios de caracterização do ligante asfáltico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AASHTO (1989) T-283 - Resistance of Compacted Bituminous Mixture to Moisture Induced Damage. American Association of State Highway Transportation Officials. AASHTO (1993) T-166 - Bulk Specific Gravity of Compacted Bituminous Mixtures Using Saturated Surface- Dry Specimens. American Association of State Highway Transportation Officials. ABNT (1993) NBR 12891/93 - Dosagem de Misturas Betuminosas pelo Método Marshall. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro. 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Prof. Almeida Prado, Travessa 2, s/n Fax: (11)3818-5716 05508-900 - São Paulo, SP, Brasil liedi@usp.br e edmoura@usp.br 312.pdf AVALIAÇÃO DE MISTURAS ASFÁLTICAS SMA PRODUZIDAS COM LIGANTE ASFALTO-BORRACHA QUANTO À DEFORMAÇÃO PERMANENTE Cláudio Luiz Dubeux Neves Filho Universidade de São Paulo Escola de Engenharia de São Carlos Liédi Legi Bariani Bernucci Universidade de São Paulo Escola Politécnica José Leomar Fernandes Júnior Universidade de São Paulo Escola de Engenharia de São Carlos RESUMO As misturas asfálticas do tipo SMA apresentam granulometria descontínua, composta por uma maior fração de agregados graúdos e uma rica massa de ligante/fíler (mastique). Possuem um esqueleto pétreo de alta estabilidade devido ao contato pedra-pedra, que proporciona uma maior resistência à deformação permanente. Geralmente, apresentam um teor de ligante asfáltico maior do que o das misturas de concreto asfáltico convencional, formando uma película asfáltica mais espessa. São utilizadas fibras para evitar o escorrimento do ligante durante as etapas de produção e lançamento e, geralmente, são usados asfaltos modificados por polímero. Esta pesquisa tem por objetivo comparar, por meio do ensaio de deformação permanente em simulador de tráfego, o comportamento de misturas SMA com diferentes tipos de ligante (asfalto convencional CAP 20, modificado por polímero e asfalto-borracha) com um concreto asfáltico convencional de granulometria contínua (Faixa C do DNER). Os resultados obtidos mostram que, em termos de deformação permanente, as misturas SMA apresentam melhor comportamento do que o concreto asfáltico convencional e que a mistura SMA com asfalto-borracha tem comportamento muito mais próximo do da mistura SMA produzida com um ligante modificado por polímero do que o da mistura SMA produzida com um asfalto convencional. ABSTRACT SMA is a gap-graded asphalt mixture with a large proportion of high quality coarse aggregate and a high content of mastic (binder/filler). The larger proportion of coarse aggregate provides a greater stone-to-stone contact, which results in a mixture more resistant to permanent deformation than the conventional Hot Mix Asphalt (HMA). The asphalt content is higher than the content typically used for a conventional HMA, which increases the film thickness. Fibers are used to prevent the drainage of the asphalt binder during the HMA production and placement, and polymer-modified asphalt cements are usually used. The behavior of SMA mixtures produced with different binders (conventional AC-20, polymer-modified, and asphalt-rubber), in terms of permanent deformation, is evaluated in a laboratory traffic simulator and compared to the behavior of a conventional dense- graded HMA. The results show that, in terms of permanent deformation, SMA mixtures are better than HMA mixtures and SMA mixtures produced with asphalt-rubber are much closer to SMA mixtures produced with polymer-modified binder than SMA mixtures produced with conventional asphalts. 1. INTRODUÇÃO O SMA (Stone Mastic Asphalt, terminologia mais utilizada na Europa, ou Stone Matrix Asphalt, terminologia mais utilizada nos EUA) é um tipo de mistura asfáltica usada como revestimento de pavimentos rodoviários e de aeroportos, desenvolvida na Alemanha no final da década de 60 (NAPA, 2002). A mistura asfáltica SMA apresenta granulometria descontínua, composta por uma maior fração (entre 70% e 80%) de agregados graúdos britados de alta qualidade, uma rica massa de ligante/fíler (10% passando na peneira n° 200), chamada de argamassa ou mastique, e aproximadamente 4% de volume de vazios. Essas misturas formam um esqueleto de alta estabilidade devido ao contato pedra-pedra e, geralmente, consomem de 1 a 1,5% a mais de cimento asfáltico quando comparadas às misturas de concreto asfáltico convencional. Estudos mostram a necessidade do uso de modificadores nos ligantes para misturas SMA. Devido a um teor asfáltico mais elevado nessas misturas, há uma tendência da ocorrência de escorrimento do ligante. A inibição do escorrimento tem sido conseguida com o uso de fibras. Entre vários tipos (celulose, minerais etc.), as de celulose vêm sendo utilizadas com freqüência e têm apresentado bons resultados (Brown, 1993; Lanchas, 1999). O uso do ligante asfalto-borracha, produzido com borracha de pneus descartados, tem crescido bastante, motivado não apenas pelo seu benefício ambiental, como também pela melhora proporcionada às propriedades mecânicas do concreto asfáltico (Oda, 2000). Portanto, por se tratar de um tipo de ligante já em uso comercial, torna-se bastante clara a necessidade de se avaliar o seu comportamento quando utilizado em misturas SMA. Deste modo, esta pesquisa tem por objetivo avaliar se o ligante asfalto-borracha possibilita misturas asfálticas SMA capazes de atender aos valores limites de aceitação. E, através de ensaios de laboratório, avaliar o comportamento das misturas SMA com diferentes tipos de ligante, comparando-as com um concreto asfáltico convencional de granulometria contínua (Faixa C do DNER), utilizado freqüentemente no Brasil. 2. MISTURAS ASFÁLTICAS SMA 2.1. Materiais 2.1.1. Agregados As misturas asfálticas SMA possuem uma curva granulométrica descontínua, onde prevalecem os agregados graúdos, com uma porcentagem em torno de 70%. Há, portanto, um maior contato pedra-pedra, sendo recomendado o uso de agregados britados de alta qualidade, com uma boa microtextura e sempre virgens, ou seja, não podem ser provenientes de revestimentos reciclados. Na maioria dos países da Europa é exigido o uso de agregados 100% britados (EAPA, 1998). Para garantir a estabilidade da mistura, tem-se uma argamassa (mastique) rica em fíler e asfalto. Nas misturas SMA, o teor de fíler (material passado na peneira #200, de 0,075 mm) situa-se entre 8% e 13%, um pouco superior ao de um concreto asfáltico convencional. A Figura 1 dá uma idéia do esqueleto pétreo de uma mistura SMA, com o mastique envolvendo os agregados e proporcionando estabilidade, comparado a um concreto asfáltico convencional de distribuição granulométrica contínua (CAUQ). A granulometria de uma mistura SMA é, normalmente, determinada pelo diâmetro máximo nominal (uma abertura de peneira maior do que a primeira peneira que retém mais de 10%) e, às vezes, pela peneira de ponto de quebra, definida como o diâmetro da peneira que separa as proporções relativas dos agregados graúdos e finos (Lynn et al., 1999). Na Europa, os tipos de SMA mais utilizados são 0/5 (agregados com diâmetro inferior a 5 mm), 0/6, 0/8 e 0/11, sendo este último o mais comumente usado para vias de tráfego pesado. Nos EUA, as faixas granulométricas têm como diâmetro máximo nominal (DMN) do agregado: 25 mm, 19 mm, 12,5 mm, 9,5 mm e 4,75 mm e as porcentagens passadas são em volume (EAPA, 1998; Brown e Cooley Jr., 1999). Figura 1: Esqu 2.1.2. Ligante asfáltico As misturas SMA poss e 1,5% superior ao de dos agregados causado seja necessário o uso d na consistência do liga O uso de ligantes mo resistência à deforma temperaturas, aumento escorrimento, embora 2.1.3. Uso do ligante a Ao mesmo tempo em q de pneus descartados ambiental, o que justi adição de borracha de pneus usados e melh elevadas temperaturas flexibilidade (retardan proporcionada pelos re A borracha de pneus misturas asfálticas. Ne as partículas de borrac do ligante, formam o úmido”, onde a borrac do agregado, formando O obstáculo ao empre pois a trituração dos pn os trabalhos de pesqui SMA eleto pétreo de uma mistura SMA e d uem uma película de ligante asfáltic concretos asfálticos convencionais, c pelo contato pedra-pedra. O teor de e aditivos, geralmente polímeros e/o nte asfáltico. dificados por polímeros é justificado ção permanente, em virtude da da vida útil do revestimento e reduç estes ainda sejam necessários para alg sfalto-borracha ue ocorre o crescimento da frota de . Este tipo de resíduo é bastante fica a busca de soluções para a sua pneus em ligantes asfálticos são mini orar o desempenho dos pavimento (reduzindo a deformação permanent do o aparecimento de trincas) e vestimentos asfálticos. usados tem sido utilizada na pav sse caso, o seu uso se dá de duas ma ha triturada substituem parte dos agr concreto asfáltico modificado com a ha de pneus moída é incorporada ao o ligante asfalto-borracha. go dessa tecnologia tem sido, princ eus ainda representa um custo relati sa apresentarem resultados sobre a v CAUQ e um CAUQ (NAPA, 2002) o mais espessa, com teor entre 1% om o objetivo de evitar o desgaste ligante mais elevado faz com que u fibras, buscando-se um aumento por algumas razões: aumento da maior viscosidade sob elevadas ão da necessidade de inibidores de umas misturas asfálticas. veículos, cresce também o número problemático do ponto de vista disposição final. Os objetivos da mizar o problema da disposição de s mediante aumento da rigidez a e nas trilhas de roda), aumento da aumento da impermeabilização imentação e, particularmente, nas neiras: o “processo seco”, quando egados na mistura e, após a adição dição de borracha; e o “processo cimento asfáltico antes da adição ipalmente, de origem econômica, vamente alto. Porém, à medida que iabilidade técnica e a sociedade se conscientizar do elevado custo ambiental da disposição de pneus inservíveis, certamente o uso do ligante asfalto-borracha se disseminará. Pesquisa realizada por Oda (2000) concluiu que o ligante asfalto-borracha pode ser benéfico aos pavimentos, melhorando as propriedades de resistência ao acúmulo de deformação permanente (maior rigidez a elevadas temperaturas) e de resistência à formação de trincas por fadiga (maior elasticidade). Além disso, as amostras ensaiadas também apresentaram suficiente resistência à formação de trincas por contração térmica. 2.1.4. Fibras Fibras são adicionadas às misturas SMA para se evitar o escorrimento do ligante durante o processo de construção (produção e aplicação da mistura), especialmente durante o transporte. As fibras, geralmente, não têm influência sobre o desempenho da mistura depois da compactação, embora possibilitem um maior teor de ligante, o que gera uma película mais espessa ao redor do agregado, retardando a oxidação, a penetração de umidade e a separação dos agregados. Essas vantagens servem para proteger o concreto asfáltico do desgaste. As fibras podem ser de vidro ou celulose e são fornecidas soltas ou peletizadas. As fibras de celulose peletizadas podem ser facilmente adicionadas à mistura asfáltica e já são de uso freqüente em misturas SMA no Estado de São Paulo, com bons resultados, além de se ter registro de sucesso em pesquisas realizadas nos EUA (estados de Michigan, Wisconsin e Flórida) e no Canadá (província de Ontário). Segundo Lanchas (1999), as fibras de celulose são o melhor veículo para o asfalto, pois são quimicamente inertes, resistentes a ácidos diluídos e soluções alcalinas e totalmente inócuas do ponto de vista fisiológico e toxicológico. Além disso, são produzidas de fontes renováveis. No processo de mistura de um concreto asfáltico, as fibras peletizadas são adicionadas à mistura seca, com os agregados já aquecidos. Com a colocação do ligante e início do processo de mistura, as fibras soltam-se e espalham-se por toda a mistura. O asfalto que as envolve mistura-se ao ligante sem qualquer problema. Em muitos casos, a determinação do teor de fibras se baseia na experiência. Várias publicações sugerem o teor de 0,3% a 0,5%. Contudo, existem ensaios que verificam se as fibras são suficientes para inibir o escorrimento do ligante, como os utilizados, por exemplo, na Holanda e na Alemanha (Schellenberg test) e nos EUA (AASHTO T-305/97 - Draindown Sensitivity). Pesquisa realizada por Brown (1993) mostra que a presença ou teor de fibras não altera as propriedades volumétricas e mecânicas das misturas asfálticas SMA. Foram produzidas misturas asfálticas SMA com diferentes teores de fibras de celulose (0,0%, 0,2 %, 0,3% e 0,4%), avaliadas através de propriedades volumétricas e mecânicas [GSI (gyratory shear index), tensão de cisalhamento do GTM (gyratory test machine) e compressão axial confinada (creep confinado)]. A variação do teor de fibras não teve influência em nenhuma das propriedades avaliadas, contribuindo apenas para a inibição do escorrimento de ligante. Beligni et al. (2000), no entanto, utilizaram um teor de fibras mais elevado e seus resultados mostraram que o excesso de fibras piorou as propriedades mecânicas da mistura (resistência à tração por compressão diametral e à deformação permanente no simulador de tráfego LCPC). Tendo em vista que uma pequena variação no teor de fibras não traz grande conseqüência nas propriedades mecânicas, apenas no escorrimento, e que apenas quando se varia de forma exagerada (por excesso ou ausência) ocorre influência nas propriedades mecânicas, a dosagem do teor de fibras tem como objetivo a redução dos custos, buscando uma quantidade mínima para impedir o escorrimento. 2.2. Características funcionais Além de ter uma finalidade estrutural, por suportar as cargas provenientes do tráfego, a camada de revestimento também deve atender às condições de segurança e conforto, com adequada resistência à derrapagem (coeficiente de atrito), baixo nível de irregularidade longitudinal, baixo nível de ruído e boa visibilidade sob qualquer condição climática. As misturas SMA têm uma macrotextura mais rugosa, ocasionada pela ausência de agregados médios. Quanto à microtextura, um revestimento com mistura SMA, quando recém construído, tem um filme de ligante mais espesso na superfície, por isso é necessário um certo período de tráfego para desgastar o filme do ligante e desenvolver uma boa microtextura. Em muitos países da Europa há a prática de aplicação de areia proveniente de britagem (0 a 2 mm) para evitar uma espera pela ação do tráfego e trazer segurança ao usuário já no início da vida em serviço da camada (EAPA, 1998). Nas misturas asfálticas SMA, devido à forte estrutura dos agregados, o acabamento inicial da pavimentadora tem maior influência sobre a qualidade do rolamento, limitando o efeito da compactação adicional pelo rolo. Conseqüentemente, uma mistura asfáltica SMA pode alcançar níveis maiores de conforto se comparada a um concreto asfáltico convencional. Um dos ganhos apresentados pelas misturas SMA é a redução dos ruídos do tráfego, ocasionando maior conforto aos usuários e benefício ambiental (redução da poluição sonora). Isto se explica pelo fato de que a macrotextura mais rugosa tem maior número de faces e arestas e, conseqüentemente, uma maior superfície para absorção do som (EAPA, 1998; Schmiedlin, 1998). Uma macrotextura mais rugosa significa mais faces não paralelas à superfície da camada de rolamento, resultando numa redução do reflexo da luz proveniente dos veículos e no borrifo de água (spray) dos pneus, aumentando, assim, a visibilidade e trazendo mais segurança para os usuários (Lanchas, 1999; EAPA, 1998). 2.3. Características estruturais 2.3.1. Resistência à deformação permanente em trilha de roda A ocorrência acentuada desse defeito tem duas razões principais: mau dimensionamento das camadas do pavimento, quando o acúmulo de deformações situa-se no subleito; deformações nas misturas asfálticas com baixa resistência ao cisalhamento, que depende da susceptibilidade térmica do ligante asfáltico e do esqueleto dos agregados minerais. As misturas SMA têm apresentado uma maior resistência à deformação permanente quando comparadas aos concretos asfálticos convencionais, como mostram várias pesquisas no Brasil, na Europa e na América do Norte (Reis, 2002; Mourão, 2003; EAPA, 1998; NAPA, 2002). 2.3.2. Resistência ao aparecimento e propagação de trincas por fadiga Por ter um maior teor de ligante e, conseqüentemente, uma película asfáltica mais espessa, as misturas SMA têm apresentado uma boa resistência ao aparecimento e propagação de trincas por fadiga, causadas pela repetição da ação do tráfego ao longo da vida em serviço do pavimento. Segundo Schmiedlin (1998), resultados de pesquisas em trechos construídos no estado de Wisconsin (EUA) indicaram, de uma maneira geral, que as misturas SMA tiveram desempenho melhor que o concreto asfáltico convencional. 3. MATERIAIS E MÉTODO 3.1. Programação laboratorial Esta pesquisa tem por objetivo avaliar, com base em resultados de ensaios de laboratório (deformação permanente no simulador de tráfego tipo LCPC), misturas asfálticas SMA com diferentes tipos de ligante: CAP 20, sem modificador; asfalto modificado por polímero SBS; e, particularmente, asfalto-borracha. É feita a comparação com uma mistura de referência, de granulometria contínua (Faixa C do DNER) e com ligante convencional (CAP 20, sem modificador). As quatro misturas asfálticas ensaiadas são apresentadas na Tabela 1. Tabela 1: Nome e composição das misturas asfálticas avaliadas Nome Granulometria Tipo de ligante CAUQ-AC Faixa C (DNER) CAP 20 SMA-AC SMA DMN = 12 mm (AASHTO) CAP 20 SMA-AP SMA DMN = 12 mm (AASHTO) Asfalto modificado por polímero SMA-AB SMA DMN = 12 mm (AASHTO) Asfalto-borracha 3.2. Materiais 3.2.1. Agregados Os agregados utilizados são provenientes da pedreira Bandeirantes, localizada próxima à cidade de São Carlos. Trata-se de um agregado basáltico britado, cujo fíler é proveniente do peneiramento do pó de pedra. Essa fonte de agregado foi escolhida por ter sido utilizada em diversas pesquisas do Departamento de Transportes da Escola de Engenharia de São Carlos da USP (STT-EESC-USP) e em muitas obras rodoviárias da região de São Carlos-SP. O material foi submetido ao ensaio de Desgaste por Abrasão Los Angeles, tendo como resultado 28% de perda. Foi realizado também o ensaio de Massa Específica dos Sólidos, obtendo-se o resultado de 2,872 g/cm3, válido para todas as frações de agregado (graúdo, fino e fíler). O material disponível foi peneirado nas peneiras de abertura de 19,1 mm (3/4”), 12,7 mm (1/2”), 9,52 mm (3/8”), 4,76 mm (# 4), 2,00 mm (# 10), 0,42 mm (# 40), 0,177 mm (# 80) e 0,074 mm (# 200). Todo o material retido na peneira de 2,00 mm foi lavado. Os materiais separados nos intervalos dessas peneiras foram combinados para a obtenção da quantidade necessária para os corpos de prova e para as placas (ensaio de deformação permanente no simulador de tráfego LCPC). Foram escolhidas duas curvas granulométricas (Figura 2): • Centro da Faixa C do DNER: utilizado para a mistura de referência (CAUQ-AC), devido ao grande uso dessa graduação em misturas asfálticas densas; • Centro da faixa de SMA (especificação AASHTO MP-8), com diâmetro máximo nominal de 12,5 mm: graduação utilizada para concreto asfáltico destinado a camadas de rolamento com espessura entre 4 e 8 centímetros. Granulometria - Faixa C (DNER) e SMA (AASHTO) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,01 0,1 1 10 100 Diâmetro (mm) P or ce nt ag em p as sa nd o Faixa C SMA Figura 2: Curvas granulométricas do CAUQ (Faixa C – DNER, 1997) e do SMA (DMN = 12,5 mm – AASHTO, 2000) 3.2.2. Ligante asfáltico Foram utilizados um cimento asfáltico convencional (CAP 20) e um asfalto modificado por polímero (5% a 6% de polímero SBS, nome comercial Betuflex B 80/60), além do asfalto- borracha, produzido com um teor de 18% de borracha de pneus moída (passada na peneira #80, de 0,175 mm), misturada com cimento asfáltico a uma temperatura acima de 200°C, durante uma hora. Para evitar a introdução de fatores não-controlados, procurou-se trabalhar com ligantes de uma mesma fonte, todos eles doados pela empresa Ipiranga Asfaltos. No caso do cimento asfáltico convencional (CAP 20), as temperaturas de mistura e compactação foram determinadas a partir da norma DNER ME-043/95, que estabelece intervalos de viscosidade do ensaio Saybolt-Furol. Já para os ligantes modificados (asfalto com polímero e asfalto-borracha), foram utilizados resultados do ensaio de viscosidade aparente. Nesse caso, as viscosidades do ligante para mistura e compactação do concreto asfáltico no ensaio de dosagem Marshall foram, respectivamente, de 200 cP e 300 cP (ABNT - NBR 12891). A partir dos resultados de caracterização dos ligantes asfálticos CAP 20, asfalto com polímero e asfalto-borracha são apresentados os intervalos de temperatura para mistura e compactação do concreto asfáltico (Tabela 2). Tabela 2: Temperatura para mistura e compactação das misturas asfálticas CAP 20 Asfalto com polímero Asfalto-borracha Mistura 151°C a 156°C 170°C a 174°C 167°C a 171°C Compactação 139°C a 144°C 165ºC a 169°C 164°C a 168°C 3.2.3. Fibras Foram utilizadas fibras de celulose, nome comercial VIATOP 66, com teor em peso de 0,3 % do total da mistura, doadas pela empresa Ecofibras. Trata-se de uma fibra de celulose envolta em asfalto e na forma peletizada (grãos). O numero 66 indica que contém 66% de fibra e 34 % de asfalto. 3.3. Avaliação da resistência ao acúmulo de deformação permanente em trilha de roda Uma grande preocupação ao se projetar um revestimento asfáltico é avaliar e garantir uma adequada resistência ao acúmulo de deformação permanente. Neste trabalho, utiliza-se um equipamento simulador de tráfego LCPC (Laboratoire Central de Ponts e Chaussées), do Laboratório de Tecnologia de Pavimentação da Escola Politécnica da USP (LTP-EPUSP). São moldadas placas de concreto asfáltico produzidas com o teor asfáltico de projeto, mediante amassamento em uma mesa compactadora tipo LCPC. As placas têm 18,0 cm de largura, 50,0 cm de comprimento, 5,0 cm de altura e pesam entre 11 e 12 kg, dependendo da densidade aparente da mistura asfáltica (AFNOR, 1991a). O ensaio é realizado a uma temperatura de 60°C e faz-se leituras do afundamento em 15 pontos da superfície da placa após 100, 300, 1000, 3000, 10000 e 30000 ciclos. A deformação permanente é a razão entre a média aritmética dos afundamentos, em milímetros, e a espessura inicial da placa, também em milímetros (AFNOR, 1991b). Traça-se, então, em um gráfico bi-logaritmo, a deformação permanente em função do número de ciclos. A norma francesa NF P 98-253-1 fixa em 5% o limite máximo de deformação permanente, após 30000 ciclos, para revestimento de pavimentos submetidos a tráfego muito pesado, e 10% para tráfego médio e leve. 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1. Seleção do teor asfáltico de projeto O teor asfáltico de projeto foi selecionado a partir de dosagem Marshall para as misturas de CAUQ convencional (mistura de referência), utilizando CAP 20, e de SMA. No caso das misturas SMA, primeiramente foi feita uma dosagem Marshall com CAP 20, porém os resultados não foram satisfatórios. O processo de usinagem e compactação dos corpos de prova foi revisto e foram realizadas novas dosagens Marshall, utilizando asfalto modificado por polímero e asfalto-borracha. Os resultados da dosagem Marshall ficaram dentro do esperado. Para a mistura de referência, com graduação no centro da Faixa C (DNER), cimento asfáltico convencional e para um volume de vazios de 4%, o teor asfáltico correspondente foi de 5,3%, valor adotado por atender a todas as exigências da especificação DNER-ES 313/97. O valor do teor asfáltico de projeto selecionado para as misturas SMA foi de 6,5 %, correspondente a um volume de vazios bem próximo de 4% nas duas dosagens realizadas, com asfalto-polímero e com asfalto-borracha. A proximidade dos resultados de volume de vazios motivou a escolha de um teor único para as três misturas de SMA avaliadas neste trabalho (6,5 %), que também atende a todas as exigências da especificação DNER- ES 313/97. Pôde-se calcular, então, a espessura média da película de ligante, considerando-se os grãos esféricos e com mesmo diâmetro, igual ao valor médio do intervalo entre peneiras. No caso da mistura de referência, a espessura foi de 7,4 µm, enquanto que para as misturas SMA foi de 11,3 µm, aproximadamente 50 % maior que a do concreto asfáltico convencional. 4.2. Resistência a danos causados por umidade induzida O ensaio AASHTO T-283/99 (Resistance of Compacted Bituminous Mixture to Moisture Induced Damage) foi realizado no LTP-EPUSP, com corpos de prova da mistura de referência (CAUQ-AC), com teor asfáltico de projeto (5,3%), porém com volume de vazios entre 6% e 8%. Para se conseguir isso, os corpos de prova foram compactados com menor energia, em torno de 18 golpes por face. Os corpos de prova submetidos ao acondicionamento apresentaram resistência à tração média de 1,253 MPa, enquanto que o grupo sem acondicionamento apresentou média de 1,205 MPa. Conseqüentemente, a relação de resistência à tração foi de 103,9 %. Os valores das resistências à tração ficaram bastante próximos, seja dos corpos de prova que foram submetidos ou não ao condicionamento, indicando que não houve perda de adesividade nas amostras com a indução de água. Portanto, pode-se concluir que a adesividade entre o agregado usado neste trabalho e o CAP 20 é satisfatória. Como isso ocorreu para a mistura mais susceptível à perda de adesividade (CAUQ-AC), constatou-se de que não havia a necessidade de realizar o ensaio para as outras misturas, já que a avaliação da adesividade não é o enfoque deste trabalho. 4.3. Deformação permanente em trilha de roda Todas as misturas asfálticas, após usinadas, foram colocadas na estufa, para que fosse feito o envelhecimento de curto prazo, preconizado pelo procedimento AASHTO PP-2 (Standard Practice for Mixture Conditioning of Hot Mix Asphalt). Deve-se destacar que as misturas SMA, principalmente a mistura com CAP convencional (SMA-AC), deixavam a impressão de excesso de ligante aderido ao recipiente do misturador. Foram compactadas, na mesa compactadora LCPC, duas placas para cada mistura avaliada. O processo de compactação ocorreu de forma satisfatória, minimizando a impressão de excesso de ligante percebida durante a usinagem. Depois de compactadas, pôde-se observar a macrotextura das placas. As misturas SMA apresentavam uma macrotextura mais rugosa que a mistura de referência. Pôde-se notar, também, que os agregados graúdos ficaram recobertos com ligante, o que confirma a necessidade do tráfego inicial para desenvolver a microtextura. As misturas asfálticas foram ensaiadas no simulador de tráfego LCPC, a uma temperatura de 60°C, sendo realizadas leituras dos afundamentos em 15 pontos da superfície das placas, a 100, 300, 1.000, 3.000, 10.000 e 30.000 ciclos, onde cada ciclo corresponde a duas passadas do pneu. A Tabela 3 apresenta um resumo dos resultados obtidos nos ensaios, bem como o coeficiente angular da curva de deformação permanente. Quanto menor for esse parâmetro, menor a potencialidade de um concreto asfáltico desenvolver altos valores de deformação permanente. Tabela 3: Resultados do ensaio de deformação permanente em trilha de roda no simulador de tráfego LCPC Misturas CAUQ-AC SMA-AC SMA-AP SMA-AB 1.000 ciclos 2,25 % 4,76 % 3,85 % 3,95 % 10.000 ciclos 5,57 % 7,03 % 4,94 % 5,53 % Deformação 30.000 ciclos 8,85 % 9,85 % 5,39 % 5,98 % Coeficiente Angular 0,4029 0,1999 0,1194 0,1529 Com base nos resultados obtidos, pode-se verificar o melhor desempenho das misturas asfálticas SMA quanto à resistência à deformação permanente em trilhas de roda. A mistura de referência (CAUQ-AC) teve um valor de deformação a 30.000 ciclos bastante próximo da mistura SMA-AC, porém o coeficiente angular foi bem mais elevado. As misturas SMA com outros tipos de ligante (asfalto com polímero e asfalto-borracha) tiveram os menores valores de deformação permanente e os menores valores de coeficientes angulares. Constata-se que a grande diferença entre os coeficientes angulares das curvas de deformação permanente é função, principalmente, do tipo de mistura (CAUQ ou SMA), ou seja, pela estrutura de agregados minerais. Por outro lado, a influência do tipo de ligante é verificada pela posição relativa das curvas, que mantêm um certo paralelismo, com menores valores de deformação permanente para o asfalto com polímero e para o asfalto-borracha (Figura 3). 5. CONCLUSÕES Este trabalho teve por objetivo avaliar o comportamento de misturas asfálticas SMA por meio de ensaios de laboratório, comparando com um concreto asfáltico convencional e dando maior destaque à mistura produzida com ligante asfalto-borracha. No ensaio de deformação permanente no simulador de tráfego LCPC, as três misturas SMA apresentaram coeficiente angular muito próximo, embora a mistura com asfalto modificado por polímero tenha tido menor deformação a 30.000 ciclos, resultado já esperado devido à ação dos modificadores no desempenho do concreto asfáltico. A mistura SMA com asfalto- borracha teve um desempenho igual ao da mistura com polímero até os 1.000 ciclos da simulação e, mesmo aos 30.000 ciclos, a diferença entre ambas foi de apenas 0,6 % de deformação (0,3 mm de afundamento). Diferença de desempenho tão pequena motiva o uso do ligante asfalto-borracha para misturas do tipo SMA, pois além do custo inferior ao do ligante modificado por polímero, a utilização desse tipo de ligante em obras de pavimentação é uma alternativa para a disposição ambientalmente adequada de pneus descartados. Deformação permanente em trilha de roda Todas as misturas 0,1% 1,0% 10,0% 100,0% 100 1000 10000 100000 Número de ciclos De fo rm aç ão CBUQ-AC SMA-AC SMA-AP SMA-AB Figura 3: Deformação permanente em trilha de roda para todas as misturas ensaiadas Conforme verificado neste trabalho, as misturas SMA possuem uma película asfáltica mais espessa, da ordem de 50% maior do que a de uma mistura com granulometria contínua, o que é uma vantagem quanto à inibição do desgaste. Por outro lado, têm uma maior susceptibilidade ao escorrimento do ligante, que é evitado com a utilização de fibras. As misturas asfálticas SMA produzidas neste trabalho foram dosadas para um volume de vazios próximo de 4 %, determinado através do ensaio Marshall. Sugere-se a verificação do teor ótimo de ligante por meio de outros ensaios, como, por exemplo, o ensaio de deformação permanente no simulador de tráfego LCPC e o compactador giratório da Especificação Superpave. Para misturas asfálticas SMA com ligante asfalto-borracha, pode-se estudar seu comportamento com diferentes tipos de asfalto-borracha, variando-se, por exemplo, o teor e a graduação da borracha. Sugere-se, também, a investigação do teor de fibras necessário para evitar o escorrimento em função da viscosidade do ligante, pois o ligante asfalto-borracha é muito mais viscoso e poderia requerer um menor teor de fibras. Agradecimento À FAPESP pelo apoio financeiro concedido para a realização do trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AASHTO (1999). PP-2 –Standard Practice for Mixture Conditioning of Hot Mix Asphalt. American Association of State Highways and Transportation Officials. AASHTO (1999). T-283 – Resistance of Compacted Bituminous Mixture to Moisture Induced Damage. AASHTO (1997). T-305 – Draindown Sensitivity. AASHTO (2000). MP-8 – Specification for Designing SMA. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1993). 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Trabalhador Sãocarlense, 400 13566-590 – São Carlos – SP – Brasil Tel.: (16) 3373-9598; Fax: (16) 3373-9602; e-mail: leomar@sc.usp.br Departamento de Transportes Escola Politécnica – USP Tel.: (11) 3091-5485; (11) 3091-6090; e-mail: liedi@usp.br 313.PDF IV Congreso de Ingeniería del Transporte José V. Colomer - Alfredo García (Eds.) © Valencia - CIT2000 Evaluación de las Propiedades del Asfalto-Caucho para Utilización en Pavimentación Asfáltica Sandra Oda Deparatamento de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Maringá, DEC/UEM, Brasil. José Leomar Fernandes Júnior Departamento de Transportes, Escola de Engenharia de Sao Carlos, EESC/USP, Brasil. RESUMEN Este trabajo presenta un estudio que está desarrollándose para usar caucho de neumáticos como material de pavimentación. Se tiene como objetivo reconciliar la reducción del problema de disposición de residuos sólidos en los terraplenes sanitarios y mejorar la acción de los pavimentos. Algunas resultados muestran que las mezclas de asfalto ejecutadas con caucho molido de neumáticos, tienen sus propiedades mejoradas, aumentando la flexibilidad de los pavimentos y, por consiguiente, retardando la aparición de fisuras, sellando las fisuras existentes y aumentando la impermeabilización proporcionado por las capas asfálticas. El caucho molido puede ser mezclado con cemento asfáltico antes de adicionar el agregado (proceso húmedo), o puede ser adicionado al agregado directamente antes de la mezcla con el asfalto (proceso seco). En este trabajo se analiza la mezcla del cemento asfáltico com caucho de neumáticos a través del proceso húmedo. Este consiste de una mezcla de cemento asfáltico y aproximadamente 5 a 25% de caucho molido, a una temperatura entre 170 a 200oC, los que forman una composición llamada asfalto-caucho. Para evaluar el asfalto-caucho, se utiliza de los ensayos adoptados por el Programa SHRP (Strategic Highway Research Program), que ha estado intentando desarrollar métodos de análisis de materiales bituminosos, con base en las propiedades fundamentales (directamente relacionado a la acción de los pavimentos en servicio), además de los ensayos normalmente usados para el cemento asfáltico. 1. INTRODUCCIÓN Los objetivos de la inclusión de caucho de neumáticos usados en cementos asfálticos y mezclas bituminosas son: minimizar el problema de disposición en locales inadecuados, pues los neumáticos descartados, además de ocupar mucho espacio en los terraplenes sanitarios, acaban sirviendo de locales para procreación de insectos y otros vectores de enfermedades; mejorar el desempeño de los pavimentos mediante el aumento de la rigidez a altas temperaturas (reduciendo la deformación permanente de las marcas de las ruedas), aumento Infraestructuras del Transporte2 de la flexibilidad (retardando la aparición de fisuras), aumento en la impermeabilización proporcionada por los revestimientos asfálticos y utilización como sello de fisuras existentes. El caucho de neumáticos molido puede ser utilizado como material para pavimentación a través de la mezcla con el cemento asfáltico antes de la adición del agregado (proceso húmedo) o como parte del agregado (proceso seco). En este trabajo, se estudia el comportamiento de la mezcla cemento asfalto-caucho (proceso húmedo). Se hace un análisis de las propiedades reológicas de asfalto-caucho producidos en laboratorio utilizando los ensayos adoptados por el Superpave, además de los ensayos convencionales. 2. MEZCLA ASFALTO-CAUCHO (PROCESO HÚMEDO) El proceso húmedo consiste de la mezcla de cemento asfáltico y caucho molido (15 a 25%), a una temperatura elevada (170 a 200oC), durante un determinado período de tiempo (20 a 120 minutos). Esa mezcla reacciona y forma un compuesto llamado asfalto-caucho (asphalt-rubber), con propiedades reológicas diferentes del cemento original, pudiendo ser incorporados aditivos para ajustar la viscosidad de la mezcla (diluyentes). En el proceso húmedo, la interacción entre el cemento asfáltico, el caucho molido es clasificado como una reacción. El grado de modificación del cemento depende de varios factores, incluyendo el tamaño y la textura del caucho, la proporción de cemento asfáltico y caucho, el tiempo y la temperatura de reacción, la compatibilidad del cemento con el caucho (polaridades), la energía mecánica durante la mezcla y reacción y, el uso de aditivos. En este trabajo no son considerados los factores energía mecánica, tipo de caucho y diluyente, pues se utiliza un único agitador, adquirido exclusivamente para esta investigación, un único tipo de caucho (polar) y no son utilizados aditivos. 2.1 Materiales Los materiales utilizados en las mezclas son caucho molido de neumáticos descartados y cemento asfáltico de petróleo. 2.1.1 Caucho El caucho utilizado en el cemento asfalto-caucho puede ser proveniente de neumáticos de automóviles o camiones. Generalmente, neumáticos de automóviles son compuestos por cerca de 16 a 20% de caucho natural y de 26 a 31% de caucho sintético, en tanto que neumáticos de camiones son compuestos por cerca de 31 a 33% de caucho natural e de 16 a 21% de caucho sintético. El grado de reacción química entre el cemento y el caucho depende de la composición del asfalto, la cantidad y granulometria del caucho molido. Una ventaja del uso de caucho fino es que la mezcla asfalto-caucho resultante es más homogénea (Page et al., 1992). S. Oda, J. L. Fernandes 3 a) Tipo de caucho El caucho utilizado en este trabajo fue proporcionado por la Relastomer Tecnología y Participações S.A., siendo una mezcla de caucho de neumáticos de automóviles y camiones. El proceso Relastomer tiene como característica básica recuperar cauchos vulcanizados y semi-vulcanizados utilizando bajas temperaturas (máximo de 80oC). El producto generado (caucho en polvo) presenta una alta homogeneidad, manteniendo cerca de 75% de las características físicas de la composición original. b) Tamaño de las partículas de caucho La granulometria del caucho puede variar con el proceso de producción (equipamiento, temperatura, etc.). El caucho utilizado en este trabajo está compuesta de partículas que pasan en la malla no 40 e quedan detenidas en la malla no 200 (0,42 a 0,075 mm). c) Proporción de Caucho La proporción de caucho depende del tamaño de las partículas y del tipo de aplicación en que será usado el cemento asfalto-caucho, pudiendo variar de 5 a 26%. La proporción óptima, en camadas de revestimiento densas (granulometria cerrada), es de cerca de 5% de caucho pasado en la malla nº 50 (0,178 mm), en cuanto que en camadas de revestimiento con granulometria abierta el valor más citado en la literatura técnica es de 12% de caucho pasado en la malla nº 30 (0,42 mm). En aplicaciones de cemento asfalto-caucho entre el pavimento existente y la camada de refuerzo, se puede adoptar proporciones más elevadas, de hasta 20% de caucho pasado en la malla nº 10 (PAGE et al., 1992). En este trabajo, son consideradas las proporciones de 6, 12, 18 y 24% de caucho. 2.1.2 Cemento asfáltico En el Brasil, los petróleos más pesados son clasificados por penetración (CAP 30/45, CAP 50/60 e CAP 85/100) y los petróleos más leves son clasificados por viscosidad (CAP 7, CAP 20 e CAP 40). De acuerdo con la especificación Superpave, que selecciona el cemento asfáltico en función del clima de la región en que será utilizado el material. El Estado de San Pablo, Brasil, necesitaría, en condiciones normales, de un cemento PG 64-10. En este trabajo, el cemento asfáltico utilizado es el CAP 20, que es el más utilizado en las obras de pavimentación en el Estado de San Pablo, Brasil. Ese material presenta las siguientes características: punto de ablandamiento de 51ºC, punto de fulgor de 289ºC y penetración de 41,7 (1/10mm). 2.2 Equipamientos Para realizar las mezclas de asfalto con el caucho se utiliza un agitador mecánico indicado para productos viscosos, marca FISATOM (modelo 722), con potencia de 255 W, 230 V, 60 Hz, con control de rotación variando de 530 a 2000 rpm., vara de 600 mm de longitud y Infraestructuras del Transporte4 hélice tipo naval de diámetro de 80 mm. El recipiente para colocar la mezcla consiste en una panela eléctrica de cerámica con termostato para controlar la temperatura de la mezcla. 3 ENSAYOS REALIZADOS 3.1 Ensayos Convencionales Para calificar los diferentes tipos de asfaltos, llevando en cuenta las propiedades físicas, químicas e reológicas, fueron establecidos ensayos basados en experiencias prácticas (también denominados empíricos o convencionales), que buscan garantizar un desempeño satisfactorio y el pleno suceso en la aplicación de los asfaltos. 3.1.1 Ensayo de penetración El ensayo de penetración sirve para determinar la viscosidad de los materiales asfálticos a través de la penetración, distancia en décimos de milímetro que una aguja padrón penetra verticalmente en una muestra de material asfáltico bajo condiciones específicas de temperatura (25oC), carga (100 g) y tiempo (5 s). 3.1.2 Punto de ablandamiento (Método del anillo y bola) El punto de ablandamiento de un material, en el ensayo del anillo y bola, es el valor de la temperatura en la cual la consistencia de un cemento asfáltico pasa del estado plástico o semi-sólido para el estado líquido. Es la temperatura observada en el momento en que una esfera metálica padrón atraviesa un anillo, también padrón, lleno de material asfáltico y toca una placa de referencia, después de haber recorrido una distancia de 25,4 mm. 3.1.3 Punto de fulgor El punto de fulgor de un cemento asfáltico es la temperatura en la cual existe una liberación de vapores del producto suficiente para, en mezcla con aire y en la presencia de una llama, provocar una centella. Por tanto, indica la temperatura arriba de la cual el asfalto debe ser manipulado como producto inflamable, desde que haya una fuente de ignición (chispas, llamas, rayos, tempestad magnética). Es un ensayo muy práctico que permite también, verificar contaminaciones en el asfalto con solventes, que tienen punto de fulgor más bajos que los de los asfaltos. 3.2 Ensayos Superpave La nueva especificación Superpave, desarrollada a partir del Programa SHRP, clasifica los cementos asfálticos con base en el desempeño y lleva en consideración las condiciones climáticas así como el volumen y las cargas del tráfico. Para determinar las propiedades fundamentales relacionadas a los principales defectos que ocurren en las mezclas asfálticas, la especificación Superpave presenta una serie de nuevos ensayos de laboratorio, en substitución a los ensayos convencionales. S. Oda, J. L. Fernandes 5 La premisa adoptada en el Programa SHRP fue de que los métodos empíricos no garantizan un buen desempeño a largo plazo y que precisaban ser revisados o substituidos. De esta forma, los ensayos Superpave, realizados a temperaturas similares a las que ocurren durante la vida en servicio de los pavimentos, buscan simular tres estados críticos de la vida del cemento: el comportamiento durante el transporte, almacenamiento y manipulación; el comportamiento durante la producción y aplicación de la mezcla en la pista (simulado por el envejecimiento en el ensayo de rotación de la película fina en estufa, RTFOT); y el comportamiento después de la liberación al tráfico (simulado por el envejecimiento en el vaso de presión, PAV). Los ensayos Superpave realizados en este trabajo para evaluar el cemento asfalto-caucho son descritos a seguir. 3.2.1 Cizallamiento dinámico El ensayo de cizallamiento dinámico, realizado con el equipamiento Reómetro de Cizallamiento Dinámico (DSR, Dynamic Shear Rheometer), simula la acumulación de deformación permanente del cemento a temperaturas máximas en servicio y a tasas de carga compatibles con el tráfico (t = 0,1 s; v = 80 km/h), siendo estipulados valores mínimos de la resistencia a la deformación permanente antes del envejecimiento en estufa de película fina rotativa (RTFOT). También simula el fenómeno de fatiga del revestimiento a temperaturas medias del pavimento en servicio, realizando el ensayo después del envejecimiento en vaso de presión y en estufa de película fina rotativa. En este caso, son fijados valores máximos de rigidez para prevenir la aparición de fisuras por fatiga. En el ensayo DSR el asfalto es colocado (comprimido) entre dos placas paralelas, una fija y otra oscilante. La velocidad de oscilación (frecuencia) es de 10 radianes por segundo, lo que equivale aproximadamente a 1,59 Hz. La especificación Superpave establece ensayos bajo tensión controlada, en la que el reómetro aplica una fuerza de torsión constante para mantener la placa oscilante. El DSR es usado para caracterizar tanto el comportamiento viscoso como el elástico, a través de la medida del módulo de cizallamiento complejo (G*) y del ángulo de fase (δ) de los cementos asfálticos. El módulo G* es la medida de la resistencia total del material a la deformación cuando son expuestos a pulsos repetidos de tensiones de cizallamiento, y consiste de un componente elástico (recuperable) y otro viscoso (no-recuperable). El δ es un indicador de la cantidad relativa de deformación recuperable y no-recuperable. 3.2.2 Rigidez a la fluencia en flexión Para evaluar las propiedades de los cementos a bajas temperaturas es utilizado el reómetro de viga a la flexión (BBR, Bending Beam
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