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Relações Privadas e Internet Aula n. 04 10.03.2021 Marcel Edvar Simões Procurador Federal Mestre e Doutor em Direito Civil pela Faculdade de Direito da USP Professor de Direito Digital e Direito Civil • E-mail: mam.simoes@uol.com.br • Grupo no Telegram: Direito Digital c/ Prof Marcel Simões (acesse e ingresse pelo link: t.me/direitodigitalprofmarcel) • Link para a pasta com material da disciplina no onedrive: https://unipead- my.sharepoint.com/:f:/g/personal/marcel_simoes_docente_unip_br/EtzMaFX6OU NNi1zwEMG1ZhEBnweZ99uplMM2K8XyYKwH6g mailto:mam.simoes@uol.com.br mailto:t.me/direitodigitalprofmarcel@uol.com.br https://unipead-my.sharepoint.com/:f:/g/personal/marcel_simoes_docente_unip_br/EtzMaFX6OUNNi1zwEMG1ZhEBnweZ99uplMM2K8XyYKwH6g 1.4. Breve histórico da internet no Brasil: - A Internet no Brasil se desenvolveu junto ao meio acadêmico e científico no final dos anos 1980. No seu início, o acesso era restrito a professores e funcionários de universidades e instituições de pesquisa. - Em 1988, o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) conseguiu se conectar à Universidade de Maryland. - Em 1994, alunos da USP criaram inúmeras páginas na Web. - Em 1995 foi realizada a primeira transmissão a longa distância entre estados brasileiros, realizada por São Paulo e Rio Grande do Sul. - Em maio de 1995 a internet deixou de ser exclusividade das universidades e da iniciativa privada para se tornar de acesso público. - Ainda em 1995: é criado o Comitê Gestor da Internet no Brasil, com a atribuição de coordenar e integrar todas as iniciativas de serviços de Internet no país, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Criado pela Portaria Interministerial n. 147, de 31 de maio de 1995 (posteriormente alterada pelo Decreto n. 4.829/2003). - 10 Princípios para Governança e Uso da Internet no Brasil (Decálogo do CGI.br), aprovados por consenso pelos membros do Comitê em 2009 (Resolução CGI.br/Res/2009/03/P): (i) Liberdade, privacidade e direitos humanos; (ii) Governança democrática e colaborativa; (iii) Universalidade; (iv) Diversidade; (v) Inovação; (vi) Neutralidade da rede; (vii) Inimputabilidade da rede; (viii) Funcionalidade, segurança e estabilidade; (ix) Padronização e interoperabilidade; (x) Ambiente legal e regulatório. Tais princípios tem servido de guia para a atuação do CGI.br, sendo também referência para atores e atividades relacionados com a governança da internet no Brasil e no mundo. Como exemplo da sua influência, temos que a Lei n. 12.965/2014 (o Marco Civil da Internet) foi inspirado e baseado nos princípios do CGI.br - Em 06.01.2003, foi criado o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), associação civil sem fins lucrativos criada e supervisionada pelo Comitê Gestor (CGI.br) para coordenar os diversos projetos, iniciativas e serviços em áreas de importância fundamental para o funcionamento e o desenvolvimento da internet no país. O NIC.br é, portanto, órgão vinculado ao CGI.br, tendo sido criado com o objetivo de implementar as decisões e os projetos do CGI.br. Além de implementar as decisões e projetos do CGI.br, o NIC.br tem entre suas atribuições: (i) Coordenar o registro de nomes de domínio (Registro.br); (ii) Estudar, responder e tratar incidentes de segurança no Brasil (CERT.br); (iii) Estudar e pesquisar tecnologias de rede e operações (Ceptro.br); (iv) Produzir indicadores sobre as tecnologias da informação e da comunicação (Cetic.br); (v) Implementar e operar os Pontos de Troca de Tráfego (IX.br); (vi) Viabilizar a participação da comunidade brasileira no desenvolvimento global da Web e subsidiar a formulação de políticas públicas (Ceweb.br); (vii) Abrigar o escritório da W3C (no Brasil). Obs.: a W3C (World Wide Web Consortium) é um consórcio internacional com 450 membros (entre empresas, órgãos governamentais e organizações independentes) que é a principal organização de padronização da WWW, estabelecendo padrões para a criação e interpretação de conteúdos para a Web. É UMA ESPÉCIE DE ABNT DA WEB. - Em 1996 surgem os dois primeiros portais de internet privados do Brasil: o ZAZ (antecessor do Terra) e o UOL. O governo também desenvolve um serviço permitindo a entrega da declaração do imposto de renda por meio da internet. - Em 2014: advento do Marco Civil da Internet (Lei n. 12.965/2014). - Em 2016, mais de 50% dos domicílios brasileiros estão conectados à Internet. - Em 2016, as vendas em varejo no e-commerce no Brasil atingiram cerca de 17 bilhões de dólares. - Em 18.09.2020, a maior parte da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei n. 13.709/2018) entra em vigor. Entraram em vigor (finalmente, após uma complexa tramitação) os artigos 1o a 51 e 60 a 64 da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). As sanções (arts. 52, 53 e 54), contudo, só entrarão em vigor em 01.08.2021. Como culminação do breve histórico da internet no Brasil, portanto chegamos à entrada em vigor da maior parte da LGPD no dia 18/09/2020. Lembrando que: (i) Os arts. 55-A a 55-L; além dos arts. 58-A e 58-B (relativos à Autoridade Nacional de Proteção de Dados - ANPD) já estavam em vigor desde 28/12/2018; (ii) Os arts. 52, 53 e 54 (relativos às sanções) somente entrarão em vigor em 01/08/2021; (iii) Os demais artigos (1º a 51 e 60 a 64), correspondentes à maior parte da lei, entraram em vigor no dia 18/09/2020, após uma complexa tramitação legislativa. Ponto II. Contratos eletrônicos 1. Conceitos introdutórios: 1.1. Conceito de contrato: contrato é o acordo entre duas ou mais partes para constituir, regular ou extinguir entre elas uma relação jurídica patrimonial. (Esse é o conceito expresso no art. 1.321 do Código Civil italiano, igualmente aplicável ao Direito brasileiro). O contrato é uma espécie de negócio jurídico, que se caracteriza (i) por ser de formação no mínimo bilateral; e (ii) por se destinar à constituição, regulação ou extinção de relações jurídicas patrimoniais. ENZO ROPPO: O contrato é a formalização jurídica de uma operação econômica (= operação de circulação de riqueza). 1.2. Conceito de contrato eletrônico: contrato eletrônico é o contrato celebrado por meio de computadores (ou outros dispositivos eletrônicos equivalentes que utilizem software) interligados entre si, em rede local ou na internet, isto é, é o contrato celebrado pela forma eletrônica, em ambiente virtual. Expressões sinônimas ou quase-sinônimas encontradas na doutrina: contratos do comércio eletrônico (CLÁUDIA LIMA MARQUES), contratos por meio eletrônico (MAURICIO DE SOUZA MATTE), contratos telemáticos (denominação utilizada na França, a partir da ideia de que há, neles, uma conjugação da informática com as telecomunicações). 1.3. Conceito de contrato informático (que não se confunde com o contrato eletrônico): contrato informático é o contrato que tem por objeto o equipamento ou o serviço de informática, incluindo o desenvolvimento, a venda e a distribuição de hardware, ou de software, ou de outros bens ou serviços relacionados. Três espécies fundamentais (segundo JOSÉ DE OLIVEIRA ASCENSÃO): a) Contrato de hardware (tem por objeto um equipamento); b) Contrato de software (tem por objeto um programa de computador); c) Contrato de manutenção ou assistência (prestação de serviços). Caso prático: A compra de um microcomputador pelo site de uma loja é um contrato eletrônico ou um contrato informático? Caso prático: A compra de um microcomputador pelo site de uma loja é um contrato eletrônico ou um contrato informático? R: ambos! A forma é eletrônica (contrato eletrônico); e o objeto é um bem informático do tipo hardware (contrato informático).
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