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Educação Matemática e Currículos Educação Matemática: Uma Área do Conhecimento Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms.Gilberto Januário Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos 5 • Introdução • Educação Matemática: Uma Área Interdisciplinar • Um Campo de Atuação Profissional Esta unidade foi desenvolvida com o objetivo de apresentar para você a área de pesquisa e de práticas escolares Educação Matemática. É importante que você compreenda a Educação Matemática como uma área interdisciplinar que possui suas bases na Matemática e na Educação, estabelecendo múltiplas relações com outras áreas do saber para investigar, propor, discutir e refletir sobre processos de ensino e de aprendizagem da Matemática. · Nesta Unidade, abordaremos a Educação Matemática como uma área de conhecimento, de pesquisa e de atuação profissional. · O principal objetivo é apresentar a Educação Matemática como uma área interdisciplinar, que produz conhecimento a partir da inter-relação com outras áreas do saber. Educação Matemática: Uma Área do Conhecimento • Uma Área de Pesquisa 6 Unidade: Educação Matemática: Uma Área do Conhecimento Contextualização A charge retirada da página Professor de Matemática, no Facebook, nos provoca a refletir sobre os encaminhamentos dados pelo professor na aula de Matemática. Durante muito tempo, os materiais didáticos trouxeram como propostas de atividades, situações, solicitando: resolva, calcule, determine o valor. Pense um pouco: no que situações como essas contribuem para a aprendizagem dos alunos? A charge também nos provoca a pensar como a Matemática pode contribuir para que crianças, jovens e adultos desenvolvam o pensamento matemático, a competência para resolver problemas e se constituírem sujeitos leitores e escritores. Nesse aspecto, reflita sobre: o papel do professor é promover uma educação para a Matemática ou possibilitar situações em que se coloca a Matemática a serviço da educação? 7 Introdução A Matemática que conhecemos hoje e que está presente nos materiais didáticos escolares foi institucionalizada no século XVIII. Porém, há muito tempo, ela se constituiu como ciência. Entretanto, as discussões acerca de seu ensino e de sua aprendizagem são mais recentes. Questões sobre como tornar seu ensino mais acessível e como tratar seus conteúdos foi o que motivou um grupo de professores a se dedicar ao estudo dos meios de abordar a Matemática de modo que ela se tornasse próxima às necessidades de aprendizagem dos alunos. A Educação Matemática é resultado de um processo de discussões, pesquisas, reflexões e atuação profissional que teve nesses questionamentos o elemento propulsor de sua institucionalização. Para Pensar É importantes percebermos que estamos tratando de dois campos do saber: a Matemática e a Educação Matemática. Qual a relação entre esses dois campos? Há diferença entre eles? A partir das contribuições de Fiorentini e Lorenzato (2006), tentaremos responder nos apoiando em duas categorias: a profissão e a produção do conhecimento. Com relação à profissão, o matemático concebe a Matemática como uma ciência, que possui seus objetos e que se justifica em si mesma. Por isso, muitas vezes, esse profissional promove processos de ensino em que o objetivo é uma formação para a Matemática, ou seja, processo para formar novos matemáticos. O educador matemático tem como preocupação a formação para atuação em sociedade, em que a Matemática é instrumento para a resolução de problemas, para a leitura e a comunicação, por isso procura desenvolver situações de aprendizagem promovendo uma educação pela Matemática. Portanto, o educador matemático coloca a Matemática a serviço do processo formativo de crianças, jovens, adultos e idosos. A Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) foi fundada em 1969, durante a realização do VII Colóquio Brasileiro de Matemática, em Poços de Caldas. A SBM é uma entidade civil, de caráter cultural e sem fins lucrativos, voltada principalmente para estimular o desenvolvimento da pesquisa e do ensino da Matemática no Brasil. Entre suas ações atuais, destacam-se: o estímulo ao ensino de qualidade em todos os níveis, por meio da produção e divulgação de textos matemáticos; a promoção de reuniões científicas periódicas; o incentivo ao intercâmbio entre profissionais de Matemática do Brasil e do exterior. Ela é a responsável pela Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) e pela Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Fonte: site da SBM – http://www.sbm.org.br 8 Unidade: Educação Matemática: Uma Área do Conhecimento O objetivo do professor, como educador matemático, é o de desenvolver sua prática pedagógica na qual o aluno é o sujeito que, ao se relacionar com a Matemática, explora, investiga, problematiza, hipotetiza, sistematiza, estabelece relações, analisa, compreende e constrói sua aprendizagem a partir da mediação de seus colegas e do professor. Quanto à produção do conhecimento, os educadores Fiorentini e Lorenzato (2006) apresentam seus pontos de vista sobre a distinção: Enquanto os matemáticos, de um lado, estão preocupados em produzir, por meio de processos hipotético-dedutivos, novos conhecimentos e ferramentas matemáticas que possibilitam o desenvolvimento da matemática pura e aplicada, os educadores matemáticos, de outro lado, realizam seus estudos utilizando métodos interpretativos e analíticos das ciências sociais e humanas, tendo como perspectiva o desenvolvimento de conhecimentos e práticas pedagógicas que contribuam para a formação mais integral, humana e crítica do aluno e do professor. (LORENZATO, 2006, p. 4). Embora possuam seus objetos distintos, tanto a Matemática quanto a Educação Matemática têm em comum o saber matemático, objeto de ensino e de aprendizagem. O matemático desenvolve um trabalho mais centrado no ensino, enquanto o educador matemático, além do ensino, desenvolve seu trabalho voltado, também, para a aprendizagem. Educação Matemática: Uma Área Interdisciplinar João Pitombeira de Carvalho, educador brasileiro, entende que a Educação Matemática “é uma atividade essencialmente pluri e interdisciplinar. Constitui um grande arco, onde há lugar para pesquisas e trabalhos dos mais diferentes tipos.” (CARVALHO, 1994, p. 81). O educador português João Pedro da Ponte considera que a Educação Matemática pode ser entendida como um campo misto em que se entrecuzam as lógicas profissionais e de investigação. Com relação ao campo investigação, seu papel é o de formular e analisar problemas relacionados aos processos de ensino e de aprendizagem da Matemática, perpassando as questões relacionadas à didática, metodologia, formação de professores e à elaboração e desenvolvimento curricular (PONTE, 1998). Antonio Vicente Garnica, educador brasileiro, assume a Educação Matemática como um movimento, um conjunto de práticas sociais constituídas pela prática científica (pesquisa) e a ação pedagógica (ensino e aprendizagem), porém, ambas as práticas precisam estar assentadas na reflexão (GARNICA, 1999). Os educadores espanhóis Luis Rico e Modesto Sierra concebem a Educação Matemática como um conjunto de ideias, conhecimentos, processos, atitudes e atividades relacionadas à transmissão de saberes, à construção e valorização de conhecimentos matemáticos. Segundo os autores, essas ideias são realizadas intencionalmente, ou seja, com um propósito, como ocorre no interior da escola por meio do desenvolvimento curricular. Eles consideram haver três sentidos da Educação Matemática: 9 » Educação Matemática como conjunto de conhecimento, artes, destrezas, linguagens, convenções, atitudes e valores centrados na Matemática e que são transmitidos por meio do sistema escolar; » Educação Matemática como atividadesocial que é praticada em determinadas instituições e levada a cabo por profissionais qualificados; » Educação Matemática como disciplina científica (Didática da Matemática em alguns países) com o objetivo de delimitar e estudar os problemas que surgem durante os processos de organização, comunicação, transmissão, construção e valorização do conhecimento matemático. (RICO e SIERRA, 2000, p. 81). Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 5) concebem a Educação Matemática “como uma práxis que envolve o domínio do conteúdo específico (a matemática) e o domínio de ideias e processos pedagógicos relativos à transmissão/assimilação e/ou à apropriação/construção do saber matemático escolar”. Podemos considerar a Educação Matemática como uma área interdisciplinar de pesquisa e de prática pedagógica. Para Fiorentini (1989, p. 1), essa área de conhecimento “pode ser concebida por meio das múltiplas relações estabelecidas entre o específico e o pedagógico num contexto constituído pelas dimensões histórico-epistemológicas, psicocognitivas, histórico- culturais e sociopolíticas”. Isso significa que a Educação Matemática é uma área de confluências de múltiplos saberes que convergem na problematização e análise dos processos de pesquisa, ensino e aprendizagem da Matemática. Portanto, para atuar nessa área é preciso que o profissional – professor, educador ou pesquisador – se aproprie dos saberes produzidos no interior de outras áreas do saber. Por exemplo, o estudo sobre as dificuldades dos alunos em construir o conceito de número negativo e atribuir significado ao que, popularmente, chamamos de regra de sinais para a multiplicação e divisão, requer um processo investigativo no campo da História da Matemática, na Epistemologia e na Psicologia. Com relação ao tratamento dado pelo professor a esse conteúdo, a compreensão e as intervenções nesse processo exigem do educador matemático o estudo na Didática e na Metodologia do Ensino da Matemática. No livro Educação Matemática: da teoria à prática, publicado em 1996 pela Editora Papirus, Ubiratan D’Ambrosio – o mais renomado educador matemático brasileiro – aborda aspectos da cognição, da natureza matemática e questões teóricas da Educação, além de discutir temas relacionados à prática do professor que ensina Matemática, além de propor reflexões sobre essa área do saber. A figura a seguir sintetiza e ilustra as múltiplas relações da Educação Matemática com outras áreas do conhecimento: 10 Unidade: Educação Matemática: Uma Área do Conhecimento Um Campo de Atuação Profissional Para caracterizar a Educação Matemática como, também, um campo profissional, vamos abordar resumidamente seu surgimento. O educador matemático norte americano Jeremy Kilpatrick tem se dedicado ao estudo da história e institucionalização da Educação Matemática e de pesquisas no interior dessa área do saber. Em artigo publicado em 1992, ele considera três fatos que determinaram o surgimento da Educação Matemática. O primeiro fato é atribuído à preocupação de alguns matemáticos e de professores sobre o ensino de Matemática. Essa preocupação estava relacionada com a melhoria das aulas e a adequação do currículo escolar dessa disciplina. Nesse aspecto, no início do século XX o matemático Felix Klein liderou um movimento de modernização do currículo escolar de Matemática. O segundo fato diz respeito a iniciativas das universidades europeias, no final do século XIX, em promover a formação de professores secundários. Essa postura contribuiu para o surgimento de professores especialistas no ensino da Matemática, aqueles que formariam os futuros professores e que desenvolviam suas aulas, discutindo aspectos do tratamento dado aos conteúdos matemáticos. O terceiro fato é atribuído aos psicólogos americanos e europeus e a seus estudos experimentais, desde o início do século XX, que procuravam identificar e compreender como as crianças construíam a aprendizagem matemática. 11 Kilpatrick (1992) pondera que a pesquisa em Educação Matemática teve um salto significativo com o Movimento da Matemática Moderna, ocorrido nos anos 1950 e 1960. Diálogo com o Autor No período do Movimento Matemática Moderna, o grande empenho era o de aproximar o ensino escolar da ciência, de se ter uma Matemática útil para a técnica, útil para a ciência, útil para a economia moderna. No entanto, nas etapas correspondentes à educação infantil e às séries iniciais do ensino fundamental, a intenção de unificar a linguagem e de possibilitar ao aluno a construção de suas noções matemáticas, o levava, na realidade, a descrever, numa linguagem matemática mais ou menos confusa, situações pseudo-concretas e bastante mágicas. Nas séries finais do ensino fundamental, o raciocínio sobre objetos matemáticos, dos quais o aluno poderia inclusive ignorar o sentido, foi cultivado como uma virtude. Assim, o que se colocou em prática estava distante de ser um ensino renovado e democrático da Matemática, preparando o aluno para a compreensão da ciência, mas um ensino formalizado ao extremo, decepado de todo suporte intuitivo, apresentado a partir de situações artificiais e, além de tudo, bastante seletivo. (PIRES, 2008, p. 14-15). No auge do Movimento, a Sociedade Norte-Americana de Matemática, em 1958, passou a direcionar suas pesquisas sobre a elaboração e desenvolvimento de currículos de Matemática para a educação básica, o que culminou no surgimento de alguns grupos de pesquisa liderados por matemáticos, psicólogos e educadores. É a partir desse período e da criação desses grupos que começaram a surgir, principalmente nos Estados Unidos, os primeiros programas de mestrado e doutorado em Educação Matemática. No Brasil, Fiorentini e Lorenzato (2006) consideram que a Educação Matemática teve início a partir do Movimento da Matemática Moderna, durante os anos 1970 e durante a década 1980. Esses autores consideram quatro fases de desenvolvimento da Educação Matemática no Brasil. A primeira fase vai do início do século XX até final dos anos 1960. É caracterizada pelos primeiros movimentos de alguns matemáticos e professores engajados na discussão do ensino de Matemática. Destaca-se o Movimento Escolanovista e a atuação de professores como Everardo Backheuser, Euclides Roxo, Júlio Cesar de Mello e Souza (Malba Tahan), Cecil Thiré, Ary Quintella, Munhoz Maheder, Irene Albuquerque e Manoel Jairo Bezerra. Nesse primeiro período, esses professores estavam engajados na produção de livros para alunos e na prescrição de orientações didático-metodológicas e curriculares para professores. A realização das cinco edições do Congresso Brasileiro de Ensino de Matemática também contribuiu para o debate e a reflexão sobre o ensino e a aprendizagem da Matemática, quando professores de diferentes regiões do Brasil voltaram suas atenções para os ensinos Primário e Secundário. 12 Unidade: Educação Matemática: Uma Área do Conhecimento Houve destaque para a criação de grupos de estudos em torno do Movimento da Matemática Moderna: Grupo de Estudos de Ensino de Matemática (GEEM) e Grupo de Estudos de Matemática (GRUEMPA), ambos em São Paulo. Posteriormente, surgem o Grupo de Estudos de Educação Matemática em de Porto Alegre (GEEMPA) e Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática (GEPEM), respectivamente em Porto Alegre e Rio de Janeiro. O surgimento das licenciaturas em Matemática (década de 1930) e da obrigatoriedade da disciplina Prática de Ensino e do Estágio Supervisionado (anos 1960) possibilitou a abertura de um campo profissional no interior das universidades para o especialista em Didática e Metodologia do ensino de Matemática. A segunda fase vai do início da década de 1970 aos primeiros anos da década de 1980. Ela se destaca pela ampliação do sistema educacional brasileiro, como resultado da valorização da educação,pelo regime militar, como meio para a formação da mão de obra para atender às exigências de desenvolvimento e modernização. Nesse contexto, há uma expansão do ensino superior e o aumento de número de cursos de Ciências e Matemática, na modalidade licenciatura, e o surgimento de programas de pós-graduação em Educação, Matemática e Psicologia. São nesses programas que há uma tentativa de sistematizar os estudos sobre currículo, ensino e aprendizagem da Matemática, resultando, entre 1971 e 1978, em 4 teses de doutorado e 25 dissertações de mestrado produzidas no âmbito da Educação Matemática em 14 programas diferentes Os educadores Fiorentini e Lorenzato (2006), ao analisarem essas produções, identificaram três linhas de pesquisas: A primeira [...] refere-se a estudos ou projetos de desenvolvimento, testagem, validação/avaliação de “novos” métodos e materiais instrucionais ou de propostas metodológicas “inovadoras” de ensino da matemática. A segunda diz respeito a projetos ou programas de treinamento de professores ou outras alternativas de formação de professores in servisse que se aproximam da pesquisa-ação. A terceira refere-se a projetos de formação preservice do professor de matemática com ênfase na formação didático-pedagógica, envolvendo sobretudo as disciplinas de didática e prática de ensino com estágio supervisionado. (FIORENTINI & LORENZATO, 2006, p. 23,24). A terceira fase, caracterizada pelo surgimento de uma comunidade de educadores matemáticos e pela ampliação da região de problemas/objetivos da Educação Matemática, vai dos primeiros anos da década de 1980 e ao início da década de 1990. Nesse período, o Brasil já contava com aproximadamente 30 programas de pós-graduação que juntos produziram cerca de 120 dissertações e teses. Os três primeiros desses programas são: Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Universidade Estadual Paulista (UNESP) campus de Rio Claro, início em 1984, como área de concentração de mestrado em Matemática. Em 1987 deixou de ser área de concentração passando a oferecer o mestrado e, em 1993, o doutorado. 13 Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Universidade Santa Úrsula, em 1992, com o curso de mestrado - programa atualmente extinto. Programa de Estudos Pós-Graduação em Educação Matemática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), inicialmente como área de concentração do mestrado em Matemática. Em 1994 deixou de ser área de concentração e passou a ofertar o mestrado e, em 2002 o douturado e o mestrado profissional. Fundada em 27 de janeiro de 1988, a SBEM é uma sociedade civil de caráter científico e cultural, sem fins lucrativos e sem qualquer vínculo político, partidário e religioso. Tem como finalidade congregar profissionais da área de Educação Matemática ou áreas afins, tendo em seu quadro pesquisadores da área, professores que atuam em diferentes níveis do sistema educacional brasileiro, da educação básica à educação superior e também alunos de cursos de Matemática, todos envolvidos com a área de Educação Matemática e com áreas afins, procurando promover o desenvolvimento desse ramo do conhecimento científico, por meio do estímulo às atividades de pesquisa e de estudos acadêmicos. A Sociedade tem como finalidade ampla buscar meios para desenvolver a formação matemática de todo cidadão de nosso país, objetivando a difusão ampla de informações e de conhecimentos nas inúmeras vertentes da Educação Matemática. Fonte: site da SBEM – http://www.sbembrasil.org.br Em julho de 2013, durante o XI Encontro Nacional de Educação Matemática, foi lançado o livro “Relatos de Memórias: a trajetória de 25 anos da Sociedade Brasileira de Educação Matemática (1988 – 2013)”. Os relatos foram dados por diferentes educadores que compuseram a diretoria da SBEM ao longo desses anos e por outros que contribuíram para a construção dessa importante sociedade. Nessa terceira fase, há uma passagem de postura dos pesquisadores de “como ensinar” para “porque, para que e para quem ensinar” a Matemática. A quarta fase destacada por Fiorentini e Lorenzato (2006) tem início nos primeiros anos da década de 1990. É nesse período que alguns educadores retornam ao Brasil após a conclusão de seus doutorados nos Estados Unidos, França, Inglaterra e Alemanha. Outros educadores estavam em fase de conclusão do doutorado em Educação, na área de concentração em Educação Matemática, no Brasil. Podem ser incluídos nesse grupo doutores em Matemática ou em outras áreas do saber como Psicologia, Educação e Ciências que passaram a se dedicar a investigar os processos de ensino e de aprendizagem da Matemática. Em 1997, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) aprovou a constituição do Grupo de Trabalho em Educação Matemática, que se reúne anualmente desde 1998 (Reunião Anual da ANPEd). 14 Unidade: Educação Matemática: Uma Área do Conhecimento A partir de 1990, surgem novas linhas e focos de pesquisas em Educação Matemática, como: Informática, Ensino de Álgebra e Geometria, Ensino de Probabilidade e Estatística, Didática e Epistemologia em Matemática, Formação de Professores de Matemática e a Interação nas aulas de Matemática. A partir de 1996, por ocasião da publicação da Lei nº 9.394 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e dos Parâmetros Curriculares Nacionais, outros temas passaram a ser estudados, como, por exemplo, desenvolvimento do currículo de Matemática e elaboração e análise de material didático. Também nesse período houve a criação de vários programas de pós-graduação em Educação Matemática ou de áreas de concentração em programas de Educação, como veremos no tópico seguinte. Uma Área de Pesquisa Como vimos, a Educação Matemática é uma área interdisciplinar que possui bases na Educação e na Matemática e que produz conhecimentos a partir de relações com diferentes áreas do saber, de atuação profissional acadêmico-científica e de práticas escolares. Atualmente, muitas universidades brasileiras têm programas de pós-graduação em Educação Matemática, outras têm a Educação Matemática como área de concentração de programas de pós-graduação em Educação e há ainda universidades que têm linha de pesquisa nos programas de Educação. No quadro abaixo apresentamos alguns desses programas que ofertam cursos de mestrado e doutorado. Programas de Pós-Graduação em Educação Matemática Área de Concentração de Programas de Pós-Graduação em Educação Linha de Pesquisa de Programas de Pós-Graduação em Educação Educação Matemática – Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio Claro. Educação – Universidade de São Paulo (USP). Educação Científica e Tecnológica – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Educação Matemática – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Educação – Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ensino, Filosofia e História das Ciências – Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ensino de Ciências e Matemática – Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul). Educação – Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus de São Carlos. Educação – Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Educação para a Ciência e o Ensino de Matemática – Universidade Estadual de Maringá (UEM). Educação para a Ciência – Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Bauru. Educação – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Ensino de Ciências e Educação Matemática – Universidade Estadual de Londrina (UEL). Ensino de Ciências – Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Educação – Universidade de Brasilia (UnB). Educação em Ciências e Matemática – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Educação – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Educaçãoem Ciências e Matemática – Universidade Federal do Pará (UFPA). Educação – Universidade Federal do Mato Grosso (UFTM). Ensino de Ciências e Matemática – Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 15 Explore No site da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), acessando o link http://www.capes.gov.br/cursos-recomendados, você poderá localizar o programa de pós-graduação mais próximo de sua cidade, além de encontrar o site da universidade ou do curso para obter mais informações. Os resultados das pesquisas em Educação Matemática, além das dissertações e teses, também são divulgados em eventos e em periódicos da área. Dentre os eventos, destacamos: 9 Encontro Nacional de Educação Matemática (ENEM); 9 Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática (SIPEM); 9 Jornada Nacional de Educação Matemática (JNEM); 9 Encontro Nacional de Pesquisa sobre História da Educação Matemática (ENAPEM); 9 Encontro Brasileiro de Estudantes de Pós-Graduação em Educação Matemática (EBRAPEM); 9 Fórum Nacional das Licenciaturas em Matemática; 9 Conferência Nacional sobre Modelagem na Educação Matemática (CNMEM); 9 Seminário de Histórias e Investigações de/em Aulas de Matemática (SHIAM); 9 Colóquio de História e Tecnologia no Ensino de Matemática (HTEM). Há eventos que não são organizados por educadores matemáticos, mas que congrega, também, profissionais preocupados em discutir e socializar ideias sobre o ensino e a aprendizagem da Matemática. Nesse aspecto, destacamos: Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação; Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino (ENDIPE; Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Com relação aos periódicos, há publicações em papel ou em meio digital, organizados e mantidos, na maioria dos casos, por programas de pós-graduação. São revistas científicas destinadas a promover resultados de pesquisas e socializar ideais e procedimentos didático- metodológicos do ensino da Matemática. Atualmente, existe um número considerável de periódicos na área de Educação Matemática. Relacionamos abaixo algumas dessas revistas científicas, com suas respectivas instituições: 9 Boletim de Educação Matemática (Bolema) – Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio Claro; 9 Ciência & Educação – Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Bauru; 9 Cadernos CEDES – Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); 9 Educação em Revista – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); 16 Unidade: Educação Matemática: Uma Área do Conhecimento 9 Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); 9 Investigações em Ensino de Ciências – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); 9 Educação e Pesquisa – Universidade de São Paulo (USP); 9 Educação Matemática em Revista – Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM); 9 Educação Matemática Pesquisa – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); 9 Jornal Internacional de Estudos em Educação Matemática – Universidade Bandeirante (Uniban/Anhanguera); 9 Perspectivas da Educação Matemática – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS); 9 Revista Eletrônica de Educação Matemática (Revemat) – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); 9 Revista Brasileira de História da Matemática – Sociedade Brasileira de História da Matemática; 9 Revista de Ensino de Ciências e Matemática (REnCiMa) – Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul). A relação completa de periódicos pode ser encontrada na página do WebQualis da CAPES, a partir do link http://qualis.capes.gov.br. 17 Material Complementar O material produzido nesta unidade permitiu que você tivesse um panorama da Educação Matemática, uma área interdisciplinar, campo de prática investigativa e práticas escolares. Para complementar seus estudos e ampliar seu olhar para essa área do saber, propomos a leitura de História do movimento democrático que criou a Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM). Trata-se da tese de doutorado de Denizalde Josiel Rodrigues Pereira, defendida em 2005 na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (FE- Unicamp), que aborda o movimento que criou a SBEM. O download da tese pode ser feito acessando o link http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/ document/?code=vtls000392535 18 Unidade: Educação Matemática: Uma Área do Conhecimento Referências CARVALHO, João Pitombeira de. Avaliação e perspectiva na área de ensino de matemática no Brasil. Em Aberto, Brasília, ano 14, n. 62, p. 74-88, 1994. FIORENTINI, Dario. Tendências temáticas e metodológicas da pesquisa em Educação Matemática no Brasil. In: I ENCONTRO PAULISTA DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 1989, São Paulo. Anais do I EPEM. FIORENTINI, Dario; LORENZATO, Sergio Apparecido. Investigação em Educação Matemática: percursos teóricos e metodológicos. Campinas: Autores Associados, 2006. GARNICA, Antônio Vicente Marafioti. Filosofia da Educação Matemática: algumas re- significações e uma proposta de pesquisa. In: BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. (Org.). Pesquisa em educação matemática: concepções e perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, 1999, p. 59 -74. KILPATRICK, Jeremy. A history of research in mathematics education. In: GROUWS, Douglas (Ed.). Handbook of research on mathematics teaching and learning. New York: Macmillan / National Council of Teachers of Mathematics, 1992, p. 3-38. PIRES, Célia Maria Carolino. Educação Matemática e sua influência no processo de organização e desenvolvimento curricular no Brasil. Bolema, Rio Claro, ano 21, n. 29, p. 13-42, 2008. PONTE, João Pedro da. Investigação em Educação Matemática. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 1998. RICO, Luis; SIERRA, Modesto. Didáctica de la Matemática e investigación. In CARRILO, José; CONTRERAS, Luis Carlos. Matemática española en los albores del siglo XXI. Hergué: Editora Andaluza, Huelva, 2000, p. 77-131. 19 Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000
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