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Sucessões 2ª unidade Testamentos DO TESTAMENTO EM GERAL Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. § 1 o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento. § 2 o São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado. Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo. Art. 1.859. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, contado o prazo da data do seu registro. CAPÍTULO II Da Capacidade de Testar Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento. Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos. Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade. Art. 1.862. São testamentos ordinários: I - o público; II - o cerrado; III - o particular. Art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo. Testamentos Ordinários Conceito: manifestação de ultima vontade pelo qual um indivíduo dispõe, para depois da morte, em todo ou em parte de seus bens. Se não tiver herdeiros necessários, pode dispor de tudo. Formas: 1. Público Conceito: é um ato aberto onde um oficial público exara a ultima vontade do testador, conforme seu ditado ou suas declarações espontâneas, na presença de 2 testemunhas (qualquer pessoa que possua discernimento, saiba falar e possa ouvir). Não podem ser testemunhas pessoas que irão se beneficiar com o testamento. Requisitos essenciais: Art. 1.864. São requisitos essenciais do testamento público: I - ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com as declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos; II - lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas testemunhas, a um só tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial; III - ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelião. Parágrafo único. O testamento público pode ser escrito manualmente ou mecanicamente, bem como ser feito pela inserção da declaração de vontade em partes impressas de livro de notas, desde que rubricadas todas as páginas pelo testador, se mais de uma. Art. 1.865. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias. Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas. Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento. Registro e cumprimento: deve ser apresentado em juízo, exibindo-se traslado (cédula testamentária) ou certidão por qualquer interessado, requerendo ao juiz que ordene o seu cumprimento. Art. 735. Recebendo testamento cerrado, o juiz, se não achar vício externo que o torne suspeito de nulidade ou falsidade, o abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença do apresentante. § 1º Do termo de abertura constarão o nome do apresentante e como ele obteve o testamento, a data e o lugar do falecimento do testador, com as respectivas provas, e qualquer circunstância digna de nota. § 2º Depois de ouvido o Ministério Público, não havendo dúvidas a serem esclarecidas, o juiz mandará registrar, arquivar e cumprir o testamento. § 3º Feito o registro, será intimado o testamenteiro para assinar o termo da testamentária. § 4º Se não houver testamenteiro nomeado ou se ele estiver ausente ou não aceitar o encargo, o juiz nomeará testamenteiro dativo, observando-se a preferência legal. § 5º O testamenteiro deverá cumprir as disposições testamentárias e prestar contas em juízo do que recebeu e despendeu, observando-se o disposto em lei. Art. 736. Qualquer interessado, exibindo o traslado ou a certidão de testamento público, poderá requerer ao juiz que ordene o seu cumprimento, observando-se, no que couber, o disposto nos parágrafos do art. 735 . Vantagem: dificilmente será contestado e vai ser cumprido Desvantagem: não guarda segredo do conteúdo O testamento público é um ato notarial, ou seja, feito em cartório, que tem como principal característica ser falado tanto pelo testador como pelo tabelião e apresenta vantagens e desvantagens. A vantagem é que não corre o risco de ser cumprido pois além das testemunhas tomarem conhecimento do seu conteúdo o cartório guarda uma via do testamento, a desvantagem que é o fato de não guardar segredo quanto a vontade do testador, pode causar problemas e desentendimentos entre os herdeiros, antes mesmo da sua morte. 2. Cerrado Conceito: é um testamento sigiloso escolhido por quem quer manter sua disposição de vontade em segredo. Também é um testamento notarial porque dele participa o tabelião. É um testamento intermediário entre o público e particular. Requisitos essenciais: o testador entrega o testamento já escrito ao tabelião que fará o auto de aprovação e o cerrará. É utilizado apenas por quem sabe ler. Art. 1.868. O testamento escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por aquele assinado, será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal, observadas as seguintes formalidades: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art735 I - que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas; II - que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado; III - que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemunhas, e o leia, em seguida, ao testador e testemunhas; IV - que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo testador. Parágrafo único. O testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que seu subscritor numere e autentique, com a sua assinatura, todas as paginas. Art. 1.869. O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente depois da última palavra do testador, declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para ser aprovado na presença das testemunhas; passando a cerrar e coser o instrumento aprovado. Parágrafo único. Se não houver espaço na última folha do testamento, para início da aprovação, o tabelião aporá nele o seu sinal público, mencionando a circunstância no auto. Art. 1.870. Se o tabelião tiver escrito o testamento a rogo do testador, poderá, não obstante, aprová-lo. Art. 1.871. O testamento pode ser escrito em língua nacional ou estrangeira, pelo próprio testador, ou por outrem, a seu rogo. Art. 1.872. Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não possa ler. Art. 1.873. Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contanto que o escreva todo, e o assine de sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas, escreva, na face externa do papel ou do envoltório, que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede. Art. 1.874. Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o tabelião lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi aprovado e entregue. Art. 1.875. Falecido o testador, o testamento será apresentado ao juiz, que o abrirá e o fará registrar, ordenando sejacumprido, se não achar vício externo que o torne eivado de nulidade ou suspeito de falsidade. Registro e cumprimento: deve ser aberto na presença de um juiz. Art. 735. Recebendo testamento cerrado, o juiz, se não achar vício externo que o torne suspeito de nulidade ou falsidade, o abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença do apresentante. § 1º Do termo de abertura constarão o nome do apresentante e como ele obteve o testamento, a data e o lugar do falecimento do testador, com as respectivas provas, e qualquer circunstância digna de nota. § 2º Depois de ouvido o Ministério Público, não havendo dúvidas a serem esclarecidas, o juiz mandará registrar, arquivar e cumprir o testamento. § 3º Feito o registro, será intimado o testamenteiro para assinar o termo da testamentária. § 4º Se não houver testamenteiro nomeado ou se ele estiver ausente ou não aceitar o encargo, o juiz nomeará testamenteiro dativo, observando-se a preferência legal. § 5º O testamenteiro deverá cumprir as disposições testamentárias e prestar contas em juízo do que recebeu e despendeu, observando-se o disposto em lei. Art. 736. Qualquer interessado, exibindo o traslado ou a certidão de testamento público, poderá requerer ao juiz que ordene o seu cumprimento, observando-se, no que couber, o disposto nos parágrafos do art. 735 . Vantagem: mantém sigilo quanto a vontade do testador, evitando futuros desentendimentos entre os herdeiros. Desvantagem: se perder não existe outra cópia, correndo assim, o risco de não ser cumprido. O testamento cerrado tem como principal característica ser escrito e lido somente pelo tabelião que fará o auto de aprovação. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art735 3. Particular Conceito: aquele escrito de próprio punho ou digitalizado pelo testador, em casa mesmo, na presença de 3 testemunhas. Requisitos essenciais: pode ser escrito em língua estrangeira, contando que as testemunhas o entendam. Art. 1.876. O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo mecânico. § 1 o Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e assinado por quem o escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que o devem subscrever. § 2 o Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em branco, devendo ser assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos três testemunhas, que o subscreverão. Art. 1.877. Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento, com citação dos herdeiros legítimos. Art. 1.878. Se as testemunhas forem contestes sobre o fato da disposição, ou, ao menos, sobre a sua leitura perante elas, e se reconhecerem as próprias assinaturas, assim como a do testador, o testamento será confirmado. Parágrafo único. Se faltarem testemunhas, por morte ou ausência, e se pelo menos uma delas o reconhecer, o testamento poderá ser confirmado, se, a critério do juiz, houver prova suficiente de sua veracidade. Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento particular de próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério do juiz. Art. 1.880. O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira, contanto que as testemunhas a compreendam. Publicação e confirmação: publicado em juízo com a citação dos herdeiros legítimos após audiência, os interessados terão 5 dias parasse manifestarem a cerca do testamento, podendo ser confirmado por uma única testemunha. Vantagem: sigilo e ausência de custos Desvantagem: vulnerabilidade de não ser cumprido (não tem registro em cartório de que ele foi feito), se as testemunhas não confirmarem na frente do juiz não vai ser cumprido, a pessoa pode não saber os requisitos formais e assim o testamento não ser cumprido. O testamento particular não é um ato notarial, ou seja, não há a participação de tabelião ou oficial de registro. Assim, apresenta como vantagens manter o sigilo em relação ao seu conteúdo, bem como não oferecer custos, uma vez que é feito em casa pelo próprio testador e, portanto, é gratuito. A maior desvantagem do testamento particular é a sua vulnerabilidade, ou seja, é o mais suscetível de não ser cumprido, uma vez que o testador pode não conhecer os requisitos formais exigidos por lei, pode ser que não se tenha ao menos uma testemunha para confirma- lo após a morte do testador, ou ainda ele pode ser extraviado e portanto sem condições de ser cumprido uma vez que não há registro em cartório Testamento excepcional • Novidade do código civil de 2002 • Testamento nuncupativo – sem testemunhas • A excepcionalidade das circunstâncias deve ser declarada na célula testamentária. Se não morrer deverá testar pelas vias ordinárias. Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento particular de próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério do juiz. Codicilos : ato simplificado de ultima vontade para disposições de pequena monta Requisitos essenciais: Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado e assinado, fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas ou jóias, de pouco valor, de seu uso pessoal. Art. 1.882. Os atos a que se refere o artigo antecedente, salvo direito de terceiro, valerão como codicilos, deixe ou não testamento o autor. Art. 1.883. Pelo modo estabelecido no art. 1.881, poder-se-ão nomear ou substituir testamenteiros. Art. 1.884. Os atos previstos nos artigos antecedentes revogam-se por atos iguais, e consideram-se revogados, se, havendo testamento posterior, de qualquer natureza, este os não confirmar ou modificar. • Escrito pelo disponente, com data Obs.: nos codicilos só podem haver disposições de bens móveis, os bens imóveis, só poderão ser dispostos em testamentos. o codicilo prevê a disposição dos bens de pequena monta, mas o código é omisso ao que seria pequena monta, assim, existe um entendimento consolidado da jurisprudência em fixa-lo em 10% do valor total do patrimônio. Os codicilos só podem ser revogados por outro codicilo ou por um testamento, mas não tem força para revogar um testamento, este último só poderá ser revogado por outro testamento. Testamentos especiais Conceito: são mais simples, sem muitas solenidades, porém não é qualquer cidadão que poderá fazê-lo, nem por livre e espontânea vontade. Como o próprio nome já diz, o cidadão só poderá recorrer a este tipo de testamento se estiver em uma situação excepcional. Formas: 1. Marítimo 2. Aeronáutico 3. Militar Art. 1.886. São testamentos especiais: I - o marítimo; II - o aeronáutico; III - o militar. Art. 1.887. Não se admitem outros testamentos especiais além dos contemplados neste Código. Testamento marítimo Conceito: utilizado por quem estiver em viagem a bordo de navio nacional de guerra ou mercante. Requisitos essenciais: corresponde aos requisitos dos testamentos cerrados ou públicos, registro feito no diário de bordo. O navio não pode estar atracado. Obs.: O testamento marítimo, caduca em 90 dias se o testador não morrer na viagem ou desembarcando, não morrer dentro de 90 dias quando podia testar pelas formas ordinárias. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1881 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1881 Fundamento: Do Testamento Marítimo e do Testamento Aeronáutico Art. 1.888. Quem estiver em viagem, a bordo de navio nacional, de guerra ou mercante, pode testar perante o comandante, em presença de duas testemunhas,por forma que corresponda ao testamento público ou ao cerrado. Parágrafo único. O registro do testamento será feito no diário de bordo. Art. 1.889. Quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou comercial, pode testar perante pessoa designada pelo comandante, observado o disposto no artigo antecedente. Art. 1.890. O testamento marítimo ou aeronáutico ficará sob a guarda do comandante, que o entregará às autoridades administrativas do primeiro porto ou aeroporto nacional, contra recibo averbado no diário de bordo. Art. 1.891. Caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o testador não morrer na viagem, nem nos noventa dias subseqüentes ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma ordinária, outro testamento. Art. 1.892. Não valerá o testamento marítimo, ainda que feito no curso de uma viagem, se, ao tempo em que se fez, o navio estava em porto onde o testador pudesse desembarcar e testar na forma ordinária. Testamento aeronáutico Conceito: utilizado por quem estiver em viagem a bordo de aeronave militar ou comercial Requisitos essenciais: • Os mesmos requisitos do testamento cerrados ou públicos, registro feito no diário de bordo • Assim como o testamento marítimo, caduca em 90 dias se o testador não morrer na viagem ou desembarcando, não morrer dentro de 90 dias quando podia testar pelas formas ordinárias. Fundamento: o mesmo aplicado ao testamento marítimo Testamento militar Conceito: utilizado pelos militares e demais pessoas à serviço das forças armadas, em campanha, dentro ou fora do país, assim como em praça sitiada ou por quem esteja de comunicações interrompidas. Requisitos essenciais: o comandante da unidade fará as vezes de tabelião, forma semelhante aos testamentos ordinários. Também caduca em 90 dias, se o testador não morrer na situação excepcional. Fundamento: Do Testamento Militar Art. 1.893. O testamento dos militares e demais pessoas a serviço das Forças Armadas em campanha, dentro do País ou fora dele, assim como em praça sitiada, ou que esteja de comunicações interrompidas, poderá fazer-se, não havendo tabelião ou seu substituto legal, ante duas, ou três testemunhas, se o testador não puder, ou não souber assinar, caso em que assinará por ele uma delas. § 1 o Se o testador pertencer a corpo ou seção de corpo destacado, o testamento será escrito pelo respectivo comandante, ainda que de graduação ou posto inferior. § 2 o Se o testador estiver em tratamento em hospital, o testamento será escrito pelo respectivo oficial de saúde, ou pelo diretor do estabelecimento. § 3 o Se o testador for o oficial mais graduado, o testamento será escrito por aquele que o substituir. Art. 1.894. Se o testador souber escrever, poderá fazer o testamento de seu punho, contanto que o date e assine por extenso, e o apresente aberto ou cerrado, na presença de duas testemunhas ao auditor, ou ao oficial de patente, que lhe faça as vezes neste mister. Parágrafo único. O auditor, ou o oficial a quem o testamento se apresente notará, em qualquer parte dele, lugar, dia, mês e ano, em que lhe for apresentado, nota esta que será assinada por ele e pelas testemunhas. Art. 1.895. Caduca o testamento militar, desde que, depois dele, o testador esteja, noventa dias seguidos, em lugar onde possa testar na forma ordinária, salvo se esse testamento apresentar as solenidades prescritas no parágrafo único do artigo antecedente. Art. 1.896. As pessoas designadas no art. 1.893 , estando empenhadas em combate, ou feridas, podem testar oralmente, confiando a sua última vontade a duas testemunhas. Parágrafo único. Não terá efeito o testamento se o testador não morrer na guerra ou convalescer do ferimento. Disposições testamentárias Conteúdo: conteúdo interno do testamento: o que pode à vontade testamentaria expressar, como pode dispor, para quem, até que limite, qual a relação das cláusulas e seu sentido. Disposições patrimoniais: principal função do testamento: disposição dos bens. Disposições pessoais: conselhos, confissões, demonstração de carinho ou repulsa, mesmo que apenas moral, não tem conteúdo jurídico, podem ajudar na interpretação da vontade do testador. Tudo que estiver fora do testamento pode ajudar na vontade do testador (cartas, documentos, declarações, guardados) Interpretação da vontade testamentária: o testador deve ser suficientemente claro, se uma disposição não puder ser cumprida por obscura ou duvidosa, o exame depende do caso concreto. O interprete posiciona-se entre dois extremos: o que o testador disse e o que realmente quis dizer. Art. 1.897. A nomeação de herdeiro, ou legatário, pode fazer-se pura e simplesmente, sob condição, para certo fim ou modo, ou por certo motivo. Se o motivo indicado for falso ou inexistente, a disposição não terá eficácia. Art. 1.898. A designação do tempo em que deva começar ou cessar o direito do herdeiro, salvo nas disposições fideicomissárias, ter-se-á por não escrita. Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador. Repete a regra geral do artigo 112 do CC, levando-se em conta o nível cultural do testador, profissão, idade quando fez o testamento, bem como as condições em que ele foi redigido. Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. Art. 1.900. É nula a disposição: I - que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este disponha, também por testamento, em benefício do testador, ou de terceiro; Condição captatória é a disposição em que o testador assina, parte ou toda sua herança a alguém, sob condição de ser aquinhoado/beneficiado no testamento daquele a quem pretender beneficiar. II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar; Cabe aos interessados a tentativa de identificação, senão a disposição não será cumprida. III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade a terceiro; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1893 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1893 Perde o caráter personalíssimo ex.: instituto herdeiro, pessoa considerada por “meu filho” seria delegar a terceiro o direito de testar pelo patrimônio. IV - que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado; Eu não posso deixar o terceiro escolher o valor do legado, eu tenho que deixar estabelecido. V - que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e 1.802 . Refere-se as pessoas proibidas de serem herdeiras no testamento como: militar ou comandante que redigiu o testamento, tabelião, testemunhas, concubino caso ainda eu seja casada. Quando a clausula que eu deixei não tenha validade, o que constar nela, vai voltar para os herdeiros legítimos salvo se eu não deixar no testamento outra clausula dispondo que se a anterior não for cumprida, os bens dela vão para fulano. Art. 1.901. Valerá a disposição: I - em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por terceiro, dentre duas ou mais pessoas mencionadas pelo testador, ou pertencentes a uma família, ou a um corpo coletivo, ou a um estabelecimento por ele designado; II - em remuneração de serviços prestados ao testador, por ocasião da moléstia de que faleceu, ainda que fique ao arbítrio do herdeiro ou de outrem determinar o valor do legado. Art. 1.902. A disposição geral em favor dos pobres, dos estabelecimentos particulares de caridade, ou dos de assistência pública, entender-se- á relativa aos pobres do lugar do domicílio do testador ao tempo de sua morte, ou dos estabelecimentos aí sitos, salvo se manifestamente constar que tinha em mente beneficiaros de outra localidade. Parágrafo único. Nos casos deste artigo, as instituições particulares preferirão sempre às públicas. Art. 1.903. O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa legada anula a disposição, salvo se, pelo contexto do testamento, por outros documentos, ou por fatos inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa a que o testador queria referir-se. Art. 1.904. Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a parte de cada um, partilhar-se-á por igual, entre todos, a porção disponível do testador. Art. 1.905. Se o testador nomear certos herdeiros individualmente e outros coletivamente, a herança será dividida em tantas quotas quantos forem os indivíduos e os grupos designados. Art. 1.906. Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e não absorverem toda a herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a ordem da vocação hereditária. Art. 1.907. Se forem determinados os quinhões de uns e não os de outros herdeiros, distribuir-se-á por igual a estes últimos o que restar, depois de completas as porções hereditárias dos primeiros. Art. 1.908. Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro instituído certo e determinado objeto, dentre os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos. Art. 1.909. São anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação. Parágrafo único. Extingue-se em quatro anos o direito de anular a disposição, contados de quando o interessado tiver conhecimento do vício. Art. 1.910. A ineficácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, sem aquela, não teriam sido determinadas pelo testador. Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade. Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua alienação, por conveniência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante autorização judicial, o produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1801 Testamenteiro Conceito: é o executor do testamento, exerce a testamentária, ou seja, as funções estabelecidas pelo testador. Sua nomeação não é obrigatória. Se não for herdeiro ou legatário, recebe o valor de 1 a 5% do valor líquido da herança, caso não seja definido pelo testador – vintena. Art. 1.976. O testador pode nomear um ou mais testamenteiros, conjuntos ou separados, para lhe darem cumprimento às disposições de última vontade. Art. 1.977. O testador pode conceder ao testamenteiro a posse e a administração da herança, ou de parte dela, não havendo cônjuge ou herdeiros necessários. Parágrafo único. Qualquer herdeiro pode requerer partilha imediata, ou devolução da herança, habilitando o testamenteiro com os meios necessários para o cumprimento dos legados, ou dando caução de prestá-los. Art. 1.978. Tendo o testamenteiro a posse e a administração dos bens, incumbe-lhe requerer inventário e cumprir o testamento. Art. 1.979. O testamenteiro nomeado, ou qualquer parte interessada, pode requerer, assim como o juiz pode ordenar, de ofício, ao detentor do testamento, que o leve a registro. Art. 1.980. O testamenteiro é obrigado a cumprir as disposições testamentárias, no prazo marcado pelo testador, e a dar contas do que recebeu e despendeu, subsistindo sua responsabilidade enquanto durar a execução do testamento Se o testador não estabeleceu prazo, o mesmo será de 180 dias conforme artigo 1983. Art. 1.981. Compete ao testamenteiro, com ou sem o concurso do inventariante e dos herdeiros instituídos, defender a validade do testamento. Art. 1.982. Além das atribuições exaradas nos artigos antecedentes, terá o testamenteiro as que lhe conferir o testador, nos limites da lei. Art. 1.983. Não concedendo o testador prazo maior, cumprirá o testamenteiro o testamento e prestará contas em cento e oitenta dias, contados da aceitação da testamentaria. Parágrafo único. Pode esse prazo ser prorrogado se houver motivo suficiente. O testador não pode investir estranho a herança na posse e administração dos bens, quando houver cônjuge ou herdeiro necessário. Art. 1.984. Na falta de testamenteiro nomeado pelo testador, a execução testamentária compete a um dos cônjuges, e, em falta destes, ao herdeiro nomeado pelo juiz. Art. 1.985. O encargo da testamentaria não se transmite aos herdeiros do testamenteiro, nem é delegável; mas o testamenteiro pode fazer-se representar em juízo e fora dele, mediante mandatário com poderes especiais Art. 1.986. Havendo simultaneamente mais de um testamenteiro, que tenha aceitado o cargo, poderá cada qual exercê-lo, em falta dos outros; mas todos ficam solidariamente obrigados a dar conta dos bens que lhes forem confiados, salvo se cada um tiver, pelo testamento, funções distintas, e a elas se limitar. Art. 1.987. Salvo disposição testamentária em contrário, o testamenteiro, que não seja herdeiro ou legatário, terá direito a um prêmio, que, se o testador não o houver fixado, será de um a cinco por cento, arbitrado pelo juiz, sobre a herança líquida, conforme a importância dela e maior ou menor dificuldade na execução do testamento. Parágrafo único. O prêmio arbitrado será pago à conta da parte disponível, quando houver herdeiro necessário. Art. 1.988. O herdeiro ou o legatário nomeado testamenteiro poderá preferir o prêmio à herança ou ao legado. Art. 1.989. Reverterá à herança o prêmio que o testamenteiro perder, por ser removido ou por não ter cumprido o testamento. Art. 1.990. Se o testador tiver distribuído toda a herança em legados, exercerá o testamenteiro as funções de inventariante. Ordem da vocação hereditária e partilha Conceito: quando a pessoa falece sem testamento, a lei determina a ordem pela qual são chamados a suceder os herdeiros, a regra é que o mais próximo exclua o mais remoto. Ex.: havendo descendentes, não serão chamados a sucessão os ascendentes e assim por diante. Ordem de vocação a sucessão: • Descendente com o cônjuge • Ascendente com o cônjuge • Cônjuge • Colaterais Herdeiros necessários: são aqueles que não podem ser afastados totalmente da sucessão, à eles fica assegurado ao menos metade dos bens da herança, a outra metade o testador dispõe como quiser. Sucessão dos descendentes Os primeiros herdeiros a serem chamados a sucessão serão os descendentes, esses recebem a herança da seguinte forma: 1. Por cabeça: quando todos os herdeiros estão no mesmo grau, nesse caso, a herança será dividida por quantos herdeiros tiverem. Ex.: somente entre os filhos 2. Por representação: quando concorrerem a herança herdeiros de graus diferentes. Nesse caso, o herdeiro representa o parente falecido na parte que lhe é cabível. Ex.: filho com o neto do de cujos Regra geral: são chamados os filhos do falecido, na ausência dos filhos, são chamados os netos e assim por diante. Sucessão dos ascendentes Os ascendentes são a segunda classe de herdeiros a ser chamados na sucessão, também em concorrência com o cônjuge. A sucessão dos ascendentes obedece as seguintes regras: 1. Não há representação na herança dos ascendentes 2. Nos ascendentes a herança será dividida em linha paterna e materna, cabendo 50% para cada linha Ex1.: José faleceu e deixou vivos: pai e mãe e 100 mil de herança = 50% vai para a linha materna e 50% para a paterna. Ex2.: José faleceu e deixou vivos: pai e avó materna. Neste caso, como não há representação, o pai herdará toda a herança. Quando a sucessão for de ascendentes, o avô não concorre com o pai pois não há representação. Ex3.: José faleceu e deixou 100 mil de herança e somente os 4 avós como herdeiros, a herança será divididaem linhas, assim ficando 50% para a linha materna e 50% para a paterna. Logo, caberá a cada avó 25%. Sucessão do cônjuge e companheiro A partir do CC de 2002, o cônjuge passou a concorrer com os descendentes e ascendentes como herdeiro necessário. Meação: não é herança. A existência de meação bem como o seu montante, dependerá do regime de bens do casamento. Excluída a meação, o que não for patrimônio do viúvo(a), compõe a herança e deverá ser dividido entre os herdeiros. Legitimidade para suceder: se não era separado judicialmente ou separado de fato há mais de 2 anos. Casos em que o cônjuge não herda: 1. Comunhão universal de bens 2. Separação total de bens obrigatória 3. Dos bens comuns deixados no regime de comunhão parcial de bens. Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. Sucessão do cônjuge com descendentes Quando o cônjuge concorre com descendentes comuns, ou seja, filhos dele e do falecido, a herança será dividida por cabeça entre ele e os filhos, cabendo a ele a reserva de no mínimo 25% do patrimônio, ou seja, a reserva mínima da quarta parte. Quando concorrer com filhos somente do falecido, a herança será dividida por cabeça, sem a reserva da quarta parte do patrimônio. Obs. Basta que o cônjuge tenha um filho comum com o falecido para garantir-lhe a reserva da quarta parte. Ex1.: José faleceu, deixou 100 mil de herança, tendo como herdeiros a esposa Maria e 1 filho = 50 mil para a esposa e 50 mil para o filho Ex2.: José faleceu, deixou 100 mil de herança, tendo como herdeiros a esposa Maria e 2 filhos = 33,33 para cada Ex3.: José faleceu, deixou 100 mil de herança, tendo como herdeiros a esposa Maria e 3 filhos = 25 mil para cada Ex4.: José faleceu, deixou 100 mil de herança, tendo como herdeiros a esposa Maria e 4 filhos do casal = 25 mil para maria (quarta parte) e o restante (75 mil) vai dividir entre os 3 filhos = 18.750 para cada. Sucessão do cônjuge com ascendentes Regra 1: Concorrendo com o sogro e a sogra: a herança será dividida 1/3 para cada, ou seja, 1/3 para o cônjuge, 1/3 para a sogra e 1/3 para o sogro. Ex.: José faleceu deixando 100 mil de patrimônio e não deixou filhos, deixou como herdeiros seus pais e sua esposa Maria. Caberá a cada um 1/3 da herança, ou seja, 33,333 mil Regra 2: Concorrendo com somente um sogro(a) ou um parente de grau mais remoto, avô(ó): caberá 1q2 da herança para o cônjuge e a outra metade para o outro herdeiro. Ex.1: José faleceu deixando 100 mil de patrimônio e não deixou filhos, deixou como herdeiros, sua mãe e sua esposa Maria. Caberá a cada uma metade da herança, ou seja 50 mil para cada. Ex2.: José faleceu deixando 100 mil de patrimônio e não deixou filhos, deixou como herdeiros somente seus 4 avós e sua esposa Maria. Caberá a esposa ½ = 50 mil e os outros 50 mil será divididos entre os 4 avós, ou seja, 25 mil para a linha paterna e 25 mil para a linha materna, cabendo 12.500 para cada avó. Sucessão do companheiro RE/MG 878.694 de maio de 2017 -STF Declara inconstitucional o artigo 1790 do CC que dá um tratamento prejudicial e diferenciado ao companheiro em relação ao cônjuge da sucessão. Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: (Vide Recurso Extraordinário nº 646.721) (Vide Recurso Extraordinário nº 878.694) I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. Fórmula para encontrar a sucessão do companheiro com filhos do falecido Pega o número de filhos e multiplica por 2, acrescenta 1. Divide o patrimônio por esse número e a cota encontrada será do companheiro. Multiplica a cota por 2 e encontra a dos filhos. FILHO x 2 + 1 = A PATRIMÔNIO/ A = COMPANHEIRO COMPANHEIRO x 2 = FILHO http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4100069 http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4100069 http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4744004 http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4744004 Ex.1: José faleceu e deixou 2 filhos dele com uma namorada da adolescência e sua companheira Maria e deixou 100 mil de herança. 2 filhos X2 = 4 + 1 = 5 100 mil /5 = 20 mil - cota do companheiro 20 mil X 2 = 40 mil – cota de cada filho Ex.2: José faleceu e deixou 4 filhos dele com uma namorada da adolescência e sua companheira Maria e deixou 300 mil de herança. 4 filhos X2 =8 + 1 = 9 300 /9 = 22.33 – cota do companheiro 33.3333 X2 = 66.6666 para cada filho Sucessão dos colaterais Serão os últimos parentes chamados à sucessão, não são herdeiros necessários, somente até o 4º grau. Regras: 1. Os mais próximos excluem os mais remotos 2. O direito de representação vai somente até os filhos de irmãos (sobrinhos) 3. Os irmãos bilaterais recebem o dobro dos irmãos unilaterais (fórmula do companheiro) Anotações das questões Filho comum: se for casada tem a reserva da quarta parte e se viver em união estável divide por cabeça Sem filho comum: casada não tem a reserva da quarta parte e se for companheira entra na formula A outra parte da meação: se for cônjuge é apenas para os filhos e se for companheira, ela entra na divisão pois só concorre dos bens comuns. Formula usa com o companheiro em união estável + filho so do falecido .
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