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Sistema Digestório

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BIANCA ABREU-MD4 1 
 
 
 
 
 
Objetivos 
1. Descrever anatomia, vascularização, inervação e histologia do intestino grosso, do 
reto e do ânus 
2. Descrever a motilidade do intestino grosso, do reto e do ânus 
3. Caracterizar a microbiota intestinal: 
3.1. Diferenciar pré-bióticos, probióticos e simbióticos 
3.2. Composição da microbiota 
4. Caracterizar a absorção no intestino grosso 
5. Caracterizar a fisiologia da defecação 
5.1. Formação das fezes 
5.2. Relacionar com o trânsito intestinal 
5.3. Controle neural 
5.4. Tipos de reflexos (relacionar com os esfíncteres) 
5.5. Qual a influência dos alimentos (fibras...)¿ 
5.6. Relacionar com a microbiota 
6. Caracterizar o marco de controle do esfíncter na infância 
7. Descrever o mecanismo de ação dos laxantes 
7.1. Emolientes 
7.2. Formadores de volume 
7.3. Osmótico 
7.4. Irritativo 
8. Descrever o mecanismo de ação dos antigases 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIANCA ABREU-MD4 2 
 
O intestino grosso é o local de absorção da água dos resíduos indigeríveis do quimo líquido, convertendo-o 
em fezes semissólidas, que são temporariamente armazenadas e acumuladas até que haja defecação. É 
formado pelo ceco; apêndice vermiforme; colos ascendente, transverso, descendente e sigmoide; reto e canal 
anal). 
 
Pode ser distinguido do intestino delgado por: 
• Apêndices omentais do cólon: pequenas projeções semelhantes ao omento; 
• Tênias do cólon: consistem em três faixas longitudinais distintas de músculo liso que representam 
a maior parte da camada longitudinal. Começam na base do apêndice vermiforme como um 
espessamento naquela região que se divide e forma três faixas. As tênias seguem por todo o 
comprimento do intestino grosso, com alargamento abrupto e nova fusão na junção retossigmoide, 
formando uma camada longitudinal contínua ao redor do reto. Como sua contração tônica encurta 
a parte da parede associada, o cólon adquire uma aparência sacular ou “de bolsas” entre as tênias, 
formando as saculações. 
o Tênia livre: está situada anteriormente no ceco e nos cólons ascendente, descendente e 
sigmoide. No entanto, está posterior no cólon transverso. Nela, não se fixam mesocolos nem 
apêndices omentais; 
o Tênia mesocólica: é posteromedial no ceco e nos cólons ascendente, descendente e 
sigmoide, mas posterior no cólon transverso. Desse modo, fixa os mesocolos transverso e 
sigmoide; 
o Tênia omental: é póstero-lateral no ceco e nos cólons ascendente, descendente e sigmoide, 
mas anterossuperior no cólon transverso; à qual se fixam os apêndices omentais; 
• Saculações: são saculações da parede do colo entre as tênias; 
• Calibre: apresenta diâmetros muito maiores. 
O ceco é a primeira parte do intestino grosso; é contínuo com o colo ascendente. É uma bolsa intestinal 
cega, que mede aproximadamente 7,5 cm de comprimento e largura. Situa-se na fossa ilíaca do quadrante 
inferior direito do abdome, inferiormente à sua junção com a parte terminal do íleo. Quando distendido por 
fezes ou gases, o ceco pode ser palpável através da parede anterolateral do abdome. 
BIANCA ABREU-MD4 3 
 
O ceco geralmente está situado a 2,5 cm do ligamento inguinal; é quase totalmente revestido por peritônio 
e pode ser levantado livremente. Entretanto, não tem mesentério. Pode ser deslocado da fossa ilíaca, mas 
costuma estar ligado à parede lateral do abdome por uma ou mais pregas cecais de peritônio. A parte 
terminal do íleo entra no ceco obliquamente e invagina-se em parte para o seu interior. 
O óstio ileal entra no ceco entre os lábios ileocólico e ileocecal (superior e inferior), pregas que se encontram 
lateralmente e formam cristas chamadas de frênulos do óstio ileal. O óstio, geralmente é fechado por 
contração tônica, apresentando-se como uma papila ileal no lado cecal. A papila provavelmente atua como 
uma válvula unidirecional relativamente passiva, que impede o refluxo do ceco para o íleo quando houver 
contrações para impulsionar o conteúdo para o colo ascendente e colo transverso. 
O apêndice vermiforme é um divertículo intestinal cego (6 a 10 cm de comprimento) que contém massas 
de tecido linfoide. Origina-se na face posteromedial do ceco, inferiormente à junção ileocecal. O apêndice 
vermiforme tem um mesentério triangular curto, o mesoapêndice, originado da face posterior do mesentério 
da parte terminal do íleo. O mesoapêndice fixa-se ao ceco e à parte proximal do apêndice vermiforme. A 
posição do apêndice vermiforme é variável, mas geralmente é retrocecal. 
A irrigação arterial do ceco é realizada pela artéria ileocólica, o ramo terminal da AMS. A artéria apendicular, 
um ramo da artéria ileocólica, irriga o apêndice vermiforme. A drenagem venosa do ceco e do apêndice 
vermiforme segue por uma tributária da VMS, a veia ileocólica. A drenagem linfática do ceco e do apêndice 
vermiforme segue até os linfonodos no mesoapêndice e até os linfonodos ileocólicos situados ao longo da 
artéria ileocólica. Os vasos linfáticos eferentes seguem até os linfonodos mesentéricos superiores. 
A inervação do ceco e do apêndice vermiforme provém dos nervos simpáticos e parassimpáticos do plexo 
mesentérico superior. As fibras nervosas simpáticas originam-se na parte torácica inferior da medula espinal, 
e as fibras nervosas parassimpáticas provêm dos nervos vagos. As fibras nervosas aferentes do apêndice 
vermiforme acompanham os nervos simpáticos até o segmento T10 da medula espinal. 
O colo é dividido em quatro partes — ascendente, transversa, descendente e sigmoide — que sucedem uma 
à outra formando um arco. O colo circunda o intestino delgado, o colo ascendente à direita, o colo transverso 
superior e/ou anteriormente, o colo descendente à esquerda e o colo sigmoide inferiormente a ele. 
O colo ascendente é a segunda parte do intestino grosso. Segue para cima na margem direita da cavidade 
abdominal, do ceco até o lobo hepático direito, onde vira para a esquerda na flexura direita do colo (flexura 
hepática). Essa flexura situa-se profundamente às costelas IX e X e é superposta pela parte inferior do 
fígado. O colo ascendente é mais estreito do que o ceco e é secundariamente retroperitoneal ao longo da 
face direita da parede posterior do abdome. É coberto por peritônio anteriormente e nas suas laterais; 
entretanto, tem um mesentério curto em aproximadamente 25% das pessoas. O colo ascendente é separado 
da parede anterolateral do abdome pelo omento maior. Um sulco vertical profundo revestido por peritônio 
parietal, o sulco paracólico direito, situa-se entre a face lateral do colo ascendente e a parede adjacente do 
abdome. 
BIANCA ABREU-MD4 4 
 
A irrigação arterial do colo ascendente e da flexura direita do colo provém de ramos da AMS, as artérias 
ileocólica e cólica direita. Essas artérias anastomosam-se entre si e com o ramo direito da artéria cólica 
média, o primeiro de uma série de arcos anastomóticos que é continuado pelas artérias cólica esquerda e 
sigmóidea para formar um canal arterial contínuo, o arco justacólico (artéria marginal). Essa artéria é paralela 
ao colo e acompanha todo seu comprimento perto de sua margem mesentérica. A drenagem venosa do colo 
ascendente segue por meio de tributárias da VMS, as veias cólica direita e ileocólica. A drenagem linfática 
segue primeiro até os linfonodos epicólicos e paracólicos, perto dos linfonodos cólicos direitos intermediários 
e ileocólicos, e daí para os linfonodos mesentéricos superiores. A inervação do colo ascendente é derivada do 
plexo mesentérico superior. 
 
O colo transverso é a terceira parte do intestino grosso, a mais longa e mais móvel. Atravessa o abdome da 
flexura direita do colo até a flexura esquerda do colo, onde se curva para baixo e dá origem ao colo 
descendente. A flexura esquerda do colo (flexura esplênica) geralmente é superior, mais aguda e menos 
móvel do que a flexura direita do colo. Situa-se anteriormente à parte inferior do rim esquerdo e fixa-se ao 
diafragma através do ligamento frenocólico. 
O colo transversoe seu mesentério, o mesocolo transverso, faz uma volta para baixo, amiúde inferior ao nível 
das cristas ilíacas. O mesentério adere à parede posterior da bolsa omental ou se funde com ela. A raiz do 
mesocolo transverso situa-se ao longo da margem inferior do pâncreas e é contínua com o peritônio parietal 
posteriormente. A posição do colo transverso é variável, geralmente pendendo até o nível do umbigo (nível 
da vértebra L III). No entanto, em pessoas magras e altas, o colo transverso pode estender se até a pelve. 
A irrigação arterial do colo transverso provém principalmente da artéria cólica média, um ramo da AMS. 
Entretanto, o colo transverso também pode receber sangue arterial das artérias cólicas direita e esquerda 
BIANCA ABREU-MD4 5 
 
por meio de anastomoses, parte da série de arcos anastomóticos que coletivamente formam o arco justacólico 
(artéria marginal). A drenagem venosa do colo transverso é feita pela Veia Mesentérica Superior. A drenagem 
linfática do colo transverso se dá para os linfonodos cólicos médios, que, por sua vez, drenam para os 
linfonodos mesentéricos superiores. A inervação do colo transverso provém do plexo mesentérico superior via 
plexos periarteriais das artérias cólicas direita e média. Esses nervos conduzem fibras nervosas simpáticas, 
parassimpáticas (vagais) e aferentes viscerais. 
O colo descendente ocupa posição secundariamente retroperitoneal entre a flexura esquerda do colo e a 
fossa ilíaca esquerda, onde é contínua com o colo sigmoide. Assim, o peritônio cobre o colo anterior e 
lateralmente e o liga à parede posterior do abdome. Ao descer, o colo passa anteriormente à margem lateral 
do rim esquerdo. O colo descendente tem um sulco paracólico (o esquerdo) em sua face lateral. 
O colo sigmoide, caracterizado por sua alça em forma de S com comprimento variável, une o colo descendente 
ao reto. O colo sigmoide estende-se da fossa ilíaca até o terceiro segmento sacral (S III), onde se une ao 
reto. O fim das tênias do colo, a aproximadamente 15 cm do ânus, indica a junção retossigmoide. 
O colo sigmoide geralmente tem mesentério longo — o mesocolo sigmoide — e, portanto, tem grande liberdade 
de movimento, principalmente sua parte média. A raiz do mesocolo sigmoide tem fixação em formato de V 
invertido, que se estende primeiro medial e superiormente ao longo dos vasos ilíacos externos e, depois, 
medial e inferiormente a partir da bifurcação dos vasos ilíacos comuns até a face anterior do sacro. Os 
apêndices omentais do colo sigmoide são longos; eles desaparecem quando o mesocolo sigmoide termina. As 
tênias do colo também desaparecem quando o músculo longitudinal na parede do colo se alarga para formar 
uma camada completa no reto. 
A irrigação arterial do colo descendente e do colo sigmoide provém das artérias cólica esquerda e sigmóidea, 
ramos da artéria mesentérica inferior. Assim, aproximadamente na flexura esquerda do colo, há uma segunda 
transição na irrigação da parte abdominal do sistema digestório: a AMS que irriga a parte oral (proximal) à 
flexura (derivado do intestino médio embrionário), e a Artéria Mesentérica Inferior que irriga a parte aboral 
(distal) à flexura (derivada do intestino posterior embrionário). As artérias sigmóideas descem obliquamente 
para a esquerda, onde se dividem em ramos ascendentes e descendentes. O ramo superior da artéria 
sigmóidea superior anastomosa-se com o ramo descendente da artéria cólica esquerda, assim formando uma 
parte da artéria marginal. 
A drenagem venosa do colo descendente e do colo sigmoide é feita pela veia mesentérica inferior, geralmente 
fluindo para a veia esplênica e, depois, para a veia porta em seu trajeto até o fígado. A drenagem linfática 
do colo descendente e do colo sigmoide é conduzida por vasos que seguem até os linfonodos epicólicos e 
paracólicos e depois através dos linfonodos cólicos intermediários ao longo da artéria cólica esquerda. A linfa 
desses linfonodos segue para os linfonodos mesentéricos inferiores situados ao redor da AMI. Entretanto, a 
linfa proveniente da flexura esquerda do colo também pode drenar para os linfonodos mesentéricos 
superiores. 
BIANCA ABREU-MD4 6 
 
A inervação simpática dos colos descendente e sigmoide provém da parte lombar do tronco simpático via 
nervos esplâncnicos lombares (abdominopélvicos), do plexo mesentérico superior e dos plexos periarteriais 
que acompanham a artéria mesentérica inferior e seus ramos. A inervação parassimpática provém dos nervos 
esplâncnicos pélvicos através do plexo e nervos hipogástricos (pélvicos) inferiores, que ascendem 
retroperitonealmente a partir do plexo, independentemente da irrigação arterial para essa parte do sistema 
digestório. 
Oralmente à porção média do colo sigmoide, fibras aferentes viscerais que conduzem a sensação de dor 
seguem retrogradamente com fibras simpáticas para os gânglios sensitivos dos nervos espinais 
toracolombares, enquanto aquelas que conduzem informações reflexas seguem com as fibras parassimpáticas 
para os gânglios sensitivos vagais. Aboralmente à porção média do colo sigmoide, todas as fibras aferentes 
viscerais acompanham as fibras parassimpáticas retrogradamente até os gânglios sensitivos dos nervos 
espinais S2–S 
O reto é a parte pélvica do sistema digestório, mantendo continuidade proximal com o colo sigmoide e distal 
com o canal anal. A junção retossigmoide situa-se anteriormente à vértebra S III. Nesse ponto, as tênias do 
colo sigmoide afastam-se para formar uma lâmina longitudinal externa contínua de músculo liso, e os 
apêndices omentais adiposos são interrompidos. O reto humano é caracterizado por várias flexuras. O reto 
segue a curva do sacro e do cóccix, formando a flexura sacral do reto. Termina anteroinferiormente à 
extremidade do cóccix, imediatamente antes de um ângulo posteroinferior agudo (a flexura anorretal do 
canal anal) encontrado no ponto em que o intestino perfura o diafragma da pelve (músculo levantador do 
ânus). 
A flexura anorretal de aproximadamente 80° é um importante mecanismo para a continência fecal, sendo 
mantida durante o estado de repouso pelo tônus do músculo puborretal e por sua contração ativa durante 
as contrações peristálticas se o momento não for adequado para a defecação. Com as flexuras da junção 
retossigmoide superiormente e a junção anorretal inferiormente, o reto tem formato de S quando visto 
lateralmente. Três flexuras laterais do reto (superior e inferior no lado esquerdo, e intermediária à direita) 
agudas podem ser observadas ao se olhar o reto anteriormente. As flexuras são formadas em relação a três 
invaginações internas (pregas transversas do reto): duas à esquerda e uma à direita. As pregas situam-se 
sobre partes espessas da lâmina muscular circular da parede retal. 
A parte terminal dilatada do reto, situada diretamente superior ao diafragma da pelve (músculo levantador 
do ânus) e corpo anococcígeo, e sustentada por eles, é a ampola do reto. A ampola do reto recebe e retém 
uma massa fecal que se acumula até que seja expelida durante a defecação. O peritônio cobre as faces 
anterior e lateral do terço superior do reto, apenas a face anterior do terço médio e não cobre o terço 
inferior, que é subperitoneal. 
Nos homens, o peritônio reflete-se a partir do reto para a parede posterior da bexiga urinária, onde forma o 
assoalho da escavação retovesical. Nas mulheres, o peritônio é refletido do reto para a parte posterior do 
fórnice da vagina, onde forma o assoalho da escavação retouterina. Em ambos os sexos, as reflexões laterais 
do peritônio do terço superior do reto formam as fossas pararretais, que permitem que o reto se distenda 
enquanto se enche de fezes. 
BIANCA ABREU-MD4 7 
 
Nos homens, o reto está relacionado anteriormente com o fundo da bexiga, as partes terminais dos ureteres, 
os ductos deferentes, as glândulas seminais e a próstata. O septo retovesical situa-se entre o fundo da bexiga 
e a ampola do reto e está intimamente associado às glândulas seminaise à próstata. Nas mulheres, o reto 
está relacionado anteriormente com a vagina e é separado da parte posterior do fórnice e do colo pela 
escavação retouterina. Inferiormente a essa escavação, o septo retovaginal separa a metade superior da 
parede posterior da vagina do reto. 
A artéria retal superior, a continuação da artéria mesentérica inferior abdominal, irriga a parte proximal do 
reto. As artérias retais médias direita e esquerda, originadas das divisões anteriores das artérias ilíacas 
internas na pelve, irrigam as partes média e inferior do reto. As artérias retais inferiores, originadas das 
artérias pudendas internas no períneo, irrigam a junção anorretal e o canal anal. Anastomoses entre as artérias 
retais superior e inferior podem garantir a circulação colateral em potencial, mas as anastomoses com as 
artérias retais médias são esparsas. 
O sangue do reto drena pelas veias retais superiores, médias e inferiores. Há anastomoses entre as veias 
portas e sistêmicas na parede do canal anal. Como a veia retal superior drena para o sistema venoso porta e 
as veias retais média e inferior drenam para o sistema sistêmico, essas anastomoses são áreas clinicamente 
importantes de anastomose portocava. O plexo venoso retal submucoso circunda o reto e comunica-se com 
o plexo venoso vesical nos homens e com o plexo venoso uterovaginal nas mulheres. 
 O plexo venoso retal tem duas partes: 
1. O plexo venoso retal interno, imediatamente profundo à túnica mucosa da junção anorretal, 
2. O plexo venoso retal externo subcutâneo, externamente à parede muscular do reto. 
Embora esses plexos levem o nome retal, são basicamente “anais” em termos de localização, função e 
importância clínica 
A inervação do reto provém dos sistemas simpático e parassimpático. A inervação simpática provém da 
medula espinal lombar, conduzida pelos nervos esplâncnicos lombares e dos plexos hipogástrico/pélvico e pelo 
plexo periarterial das artérias mesentérica inferior e retal superior. A inervação parassimpática provém do 
nível S2– S4 da medula espinal, seguindo pelos nervos esplâncnicos pélvicos e dos plexos hipogástricos 
inferiores esquerdo e direito até o plexo retal (pélvico). 
O canal anal é a parte terminal do intestino grosso e de todo o sistema digestório. Estende-se da face 
superior do diafragma da pelve até o ânus. O canal (2,5 a 3,5 cm de comprimento) começa no ponto onde 
a ampola do reto se estreita, no nível da alça em formato de U formada pelo músculo puborretal e termina 
no ânus, a abertura de saída do sistema digestório. O canal anal, circundado pelos músculos esfíncteres 
interno e externo do ânus, desce posteroinferiormente entre o corpo anococcígeo e o corpo do períneo. 
Apresenta-se colapsado, exceto durante a passagem de fezes. Os dois esfíncteres devem relaxar para que 
haja defecação. O músculo esfíncter interno do ânus é um esfíncter involuntário que circunda os dois terços 
superiores do canal anal. 
É um espessamento da túnica muscular circular. Sua contração (tônus) é estimulada e mantida por fibras 
simpáticas dos plexos retal superior (periarterial) e hipogástrico. A contração é inibida por estimulação das 
BIANCA ABREU-MD4 8 
 
fibras parassimpáticas, tanto intrinsecamente em relação à peristalse quanto extrinsecamente por fibras que 
passam via nervos esplâncnicos pélvicos. Na maior parte do tempo há contração tônica do esfíncter para 
evitar a perda de líquido ou flatos; no entanto, ele relaxa (é inibido) temporariamente em resposta à distensão 
da ampola do reto por fezes ou gases, o que exige a contração voluntária dos músculos puborretal e esfíncter 
externo do ânus para que não haja defecação nem flatulência. 
A ampola do reto relaxa após a distensão inicial (quando a peristalse cessa) e o tônus retorna até a próxima 
peristalse ou até que haja um nível limiar de distensão, momento em que a inibição do esfíncter é contínua 
até o alívio da distensão. O músculo esfíncter externo do ânus é um grande esfíncter voluntário que forma 
uma faixa larga de cada lado dos dois terços inferiores do canal anal. Esse esfíncter está fixado anteriormente 
ao corpo do períneo e posteriormente ao cóccix por meio do corpo anococcígeo; funde-se superiormente ao 
músculo puborretal. A descrição do músculo esfíncter externo do ânus divide-o em partes subcutânea, 
superficial e profunda; estas são zonas e muitas vezes são indistintas. 
O músculo esfíncter externo do ânus é suprido principalmente por S4 através do nervo anal inferior, embora 
sua parte profunda também receba fibras do nervo para o músculo levantador do ânus, em comum com o 
puborretal, com o qual se contrai em uníssono para manter a continência quando o esfíncter interno está 
relaxado (exceto durante a defecação). Internamente, a metade superior da túnica mucosa do canal anal é 
caracterizada por uma série de estrias longitudinais denominadas colunas anais. Essas colunas contêm os 
ramos terminais da artéria e veia retais superiores. A junção anorretal, indicada pelas extremidades superiores 
das colunas anais, é o local onde o reto se une ao canal anal. Nesse ponto, há um estreitamento abrupto da 
ampola do reto ampla ao atravessar o diafragma da pelve. Válvulas anais unem-se às extremidades inferiores 
das colunas anais. 
Superiormente às válvulas há pequenos recessos denominados seios anais. Quando comprimidos por fezes, 
os seios anais liberam muco, o que ajuda na evacuação de fezes do canal anal. O limite inferior das válvulas 
anais, que se assemelha a um pente, forma uma linha irregular, a linha pectinada, que indica a junção da 
parte superior do canal anal (visceral; derivada do intestino posterior embrionário) com a parte inferior 
(somática; derivada do proctodeu embrionário). As partes do canal anal superior e inferior à linha pectinada 
têm suprimento arterial, inervação e drenagem venosa e linfática distintos. Essas diferenças resultam das 
origens embriológicas distintas das partes superior e inferior do canal anal. 
A artéria retal superior irriga o canal anal acima da linha pectinada. As duas artérias retais inferiores irrigam 
a parte do canal anal abaixo da linha pectinada, bem como os músculos adjacentes e a pele perianal. As 
artérias retais médias auxiliam a vascularização do canal anal formando anastomoses com as artérias retais 
superiores e inferiores. 
O plexo venoso retal interno drena nas duas direções a partir do nível da linha pectinada. Superiormente à 
linha pectinada, o plexo retal interno drena principalmente para a veia retal superior (uma tributária da veia 
mesentérica inferior) e o sistema porta. Inferiormente à linha pectinada, o plexo retal interno drena para as 
veias retais inferiores (tributárias do sistema venoso cava) ao redor da margem do músculo esfíncter externo 
do ânus. As veias retais médias (tributárias das veias ilíacas internas) drenam principalmente a túnica 
muscular externa da ampola do reto e formam anastomoses com as veias retais superiores e inferiores. Além 
das abundantes anastomoses venosas, os plexos retais recebem várias anastomoses arteriovenosas (AAV) das 
artérias retais superiores e médias. 
BIANCA ABREU-MD4 9 
 
A tela submucosa normal da junção anorretal apresenta espessamento acentuado, e ao corte tem a aparência 
de um tecido cavernoso (erétil), por causa das veias saculadas do plexo venoso retal interno. A tela submucosa 
vascularizada é mais espessa nas posições lateral esquerda, anterolateral direita e posterolateral direita, 
formando coxins anais, no ponto de fechamento do canal anal. Como esses coxins contêm plexos de veias 
saculares capazes de receber sangue arterial diretamente através de várias AAV, têm flexibilidade e turgor 
variáveis e formam um tipo de válvula unidirecional que contribui para o fechamento normalmente hermético 
para gases e líquido do canal anal. 
Superiormente à linha pectinada, os vasos linfáticos drenam profundamente para os linfonodos ilíacos internos 
e por meio deles para os linfonodos ilíacoscomuns e lombares. Inferiormente à linha pectinada, os vasos 
linfáticos drenam superficialmente para os linfonodos inguinais superficiais, assim como a maior parte do 
períneo. 
A inervação do canal anal superior à linha pectinada é a inervação visceral do plexo hipogástrico inferior, 
incluindo fibras aferentes simpáticas, parassimpáticas e viscerais. As fibras simpáticas mantêm o tônus do 
músculo esfíncter interno do ânus. As fibras parassimpáticas inibem o tônus do músculo esfíncter interno 
do ânus e provocam contração peristáltica para defecação. Todas as fibras aferentes viscerais seguem com 
as fibras parassimpáticas até os gânglios sensitivos de nervos espinais S2–S4. Superiormente à linha 
pectinada, o canal anal é sensível apenas à distensão, o que provoca sensações tanto em nível consciente 
quanto inconsciente (reflexo). A inervação do canal anal inferior à linha pectinada é a inervação somática 
derivada dos nervos anais (retais) inferiores, ramos do nervo pudendo. Portanto, essa parte do canal anal é 
sensível à dor, ao toque e à temperatura. As fibras eferentes somáticas estimulam a contração do músculo 
esfíncter externo do ânus, que é voluntário 
O intestino grosso é formado por apêndice vermiforme, ceco, cólon (ascendente, transverso, descendente e 
sigmoide), reto e canal anal. As principais funções do intestino grosso são a reabsorção de eletrólitos e água 
e a eliminação de comida não digerida e de resíduos (fezes). As quatro camadas características do canal 
ali mentar estão presentes por toda a sua extensão. Entretanto, diversas características distintas existem ao 
nível macroscópico: 
• Tênias do cólon: consistem em três faixas igualmente espaçadas, espessadas, estreitadas da camada 
longitudinal externa da muscular externa. Elas são principalmente visíveis no ceco e no cólon e estão 
ausentes no reto, canal anal e apêndice vermiforme; 
• Haustros: que são sáculos visíveis entre as tênias do cólon na superfície externa do ceco e do cólon; 
• Apêndices omentais: que são pequenas projeções adiposas da serosa, observadas na superfície 
externa do cólon. 
Camada mucosa: apresenta uma superfície lisa, sem pregas circulares ou vilosidades, como o que acontece 
no intestino delgado. Entretanto, apresenta estruturas denominadas apêndices omentais do cólon. 
• Criptas de lieberkuhn: a camada mucosa contêm numerosas glândulas intestinais tubulares retas, 
denominadas criptas de lieberkuhn, que se estendem através de toda a espessura da mucosa. As 
glândulas intestinais consistem em um revestimento por epitélio colunar simples, assim como o da 
superfície intestinal da qual elas invaginam. As glândulas intestinais são circundadas pela lâmina 
própria; 
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• Células absortivas colunares (colonócitos): a função principal destas células é a absorção de água e 
eletrólitos. A morfologia das células absortivas é idêntica à dos enterócitos 
• Células caliciformes: a eliminação de materiais residuais semissólidos a sólidos é facilitada pela 
grande quantidade de muco secretada pelas numerosas células caliciformes das glândulas 
intestinais. As células caliciformes são mais numerosas no intestino grosso do que no intestino 
delgado. Elas produzem mucina, que é secretada continuamente para lubrificar o intestino, 
facilitando a passagem de conteúdo cada vez mais sólido. Aquelas células caliciformes “exaustas”, 
ou seja, nas quais a taxa de secreção excede a taxa de síntese, aparecem no epitélio como células 
altas e finas, com um pequeno número de grânulos de mucinogênio no citoplasma apical central; 
• Célula em “tufo” (caveolada): um tipo celular observado de maneira infrequente, a célula em “tufo” 
(caveolada) também foi descrita no epitélio colônico; entretanto, essa célula pode ser uma forma 
de célula caliciforme exauri da. 
 
Obs: as células absortivas colunares predominam (4:1) em relação às células caliciformes na maior parte 
do cólon. Entretanto, essa relação diminui, aproximando-se de 1:1, próximo do reto, onde o número de 
células caliciformes aumenta. 
• Lâmina própria: embora a lâmina própria do intestino grosso contenha os mesmos componentes 
básicos do restante do trato digestivo, ela demonstra algumas características estruturais adicionais 
e maior desenvolvimento de algumas outras. Estas incluem as seguintes: 
o Camada de colágeno: consiste em uma camada espessa de colágeno e proteoglicanos que se 
situa entre a lâmina basal do epitélio e a membrana basal dos capilares venosos absortivos 
fenestrados. Essa camada tem até 5 mm de espessura no cólon humano normal e pode ser de 
até três vezes a espessura nos pólipos colônicos hiperplásicos. A camada de colágeno participa 
na regulação do transporte de água e eletrólitos do compartimento intercelular do epitélio para 
o compartimento vascular; 
o Bainha de fibroblastos pericriptais: consiste em uma população de fibroblastos desenvolvida 
que se replica regularmente. Dividem-se imediatamente sob a base da glândula intestinal, 
adjacente às células-tronco encontradas no epitélio do intestino grosso. Os fibroblastos, então, 
diferenciam-se e migram superiormente, em paralelo e em sincronia com as células epiteliais. 
Embora o destino final dos fibroblastos pericriptais seja desconhecido, muitas dessas células, 
após terem alcançado o nível da superfície luminal, assumem características morfológicas e 
histoquímicas dos macrófagos. Algumas evidências sugerem que os macrófagos do núcleo da 
lâmina própria no intestino grosso podem se originar como uma diferenciação terminal dos 
fibroblastos pericriptais; 
o Tecido linfoide associado ao trato gastrointestinal (galt): o galt é contínuo com o íleo terminal; 
e no intestino grosso, é mais extensamente desenvolvido. Grandes nódulos linfáticos distorcem 
o espaçamento regular das glândulas intestinais e se estendem até a camada submucosa; 
o Vasos linfáticos: ocorrem pequenos vasos linfáticos ocasionais nas bases das glândulas 
intestinais. Esses vasos linfáticos drenam para a rede linfática dentro da muscular da mucosa. 
A etapa seguinte na drenagem linfática ocorre nos plexos linfáticos na submucosa e na 
muscular externa antes que a linfa deixe a parede do intestino grosso e drene para os linfonodos 
regionais. 
 
Correlação clínica! Pólipos adenomatosos do intestino grosso: a descoberta da distribuição dos vasos 
linfáticos no intestino grosso estabeleceu a base do tratamento atual de adenomas (pólipos 
adenomatosos do intestino grosso). Estas são neoplasias intraepiteliais localizadas na massa de 
tecido que apresenta protrusão para dentro da luz do intestino grosso. A ausência de vasos linfáticos 
a partir da lâmina própria foi importante para se compreender a velocidade lenta de metástases de 
certos cânceres de cólon. Os cânceres que se desenvolvem nos grandes pólipos colôni cos 
adenomatosos podem crescer extensamente dentro do epitélio da lâmina própria até mesmo antes 
de terem acesso aos vasos linfáticos ao nível da muscular da mucosa. 
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Camada submucosa: corresponde a descrição geral. Consiste em tecido conjuntivo frouxo com muitos 
vasos sanguíneos e linfáticos. Contém o plexo nervoso submucoso (plexo de meissner); e pode conter 
glândulas e tecido linfoide. 
Camada muscular externa: como observado, no ceco e no cólon (cólon ascendente, transverso, 
descendente e sigmoide), a camada externa da muscular externa está, em parte, condensada em 
faixas longitudinais proeminentes de músculo, denominadas tênias do cólon, que podem ser 
observadas ao nível macroscópico. Entre essas faixas, a camada longitudinal forma um folheto 
extremamente fino. No reto, no canal anal e no apêndice vermiforme, a camada longitudinal externa 
de músculo liso é uma camada uniformemente grossa, como no intestino delgado. 
Feixes de músculo das tênias do cólon penetram na camada circular interna de músculo em 
intervalos irregulares ao longo do comprimento e da circunferência do cólon. Essas descontinuidades 
aparentesna muscular externa permitem que os segmentos do cólon se contraiam 
independentemente, levando à formação de sáculos (haustros) na parede colônica. A muscular 
externa do intestino grosso produz dois tipos principais de contração: segmentação e peristalse. A 
segmentação é local e não resulta na propulsão do conteúdo. A peristalse resulta no movimento de 
massa distal do conteúdo colônico. Os movimentos peristálticos de massa ocorrem de modo 
infrequente; em pessoas saudáveis, geralmente, eles ocorrem apenas uma vez por dia para esvaziar 
a porção distal do cólon. 
Camada serosa/adventícia: corresponde a última camada e é constituída de tecido conjuntivo frouxo 
revestido de mesotélio. É essa camada que formará os apêndices epiploicos. 
Ceco e apêndice vermiforme: o ceco forma uma bolsa cega imediatamente distal à válvula ileocecal; 
o apêndice é uma extensão digitiforme fina dessa bolsa. A histologia do ceco assemelha-se 
intimamente à do restante do cólon; o apêndice difere dele por possuir uma camada uniforme de 
músculo longitudinal na muscular externa. A característica mais visível do apêndice é o grande 
número de nódulos linfáticos que se estendem até a submucosa. Em muitos adultos, a estrutura 
normal do apêndice é perdida, e o apêndice é preenchido com tecido cicatricial fibroso. 
Curiosidade! O bloqueio da abertura entre o apêndice e o ceco, geralmente devido a cicatrização, 
formação de muco espesso ou fezes que entram na luz do apêndice a partir do ceco, pode causar 
apendicite (inflamação do apêndice). O apêndice também é um local comum para carcinoide, um 
tipo de tumor que se origina de células enteroendócrinas da mucosa de revestimento. 
Reto: é uma porção distal dilatada do canal alimentar. Sua porção superior é distinguida do restante 
do intestino grosso pela presença de pregas denominadas pregas transversais do reto. A mucosa do 
reto é semelhante àquela do restante da porção distal do cólon, tendo glândulas intestinais tubulares 
retas com muitas células caliciformes. A porção mais distal do canal alimentar é o canal anal. Ele 
tem o comprimento médio de 4 cm e se estende da face superior do diafragma pélvico ao ânus. A 
parte superior do canal anal tem pregas longitudinais denominadas colunas anais. As depressões 
entre as colunas anais são denominadas seios anais. 
O canal anal é dividido em três zonas de acordo com a natureza do revestimento epitelial: 
• Zona colorretal: 1/3 superior do canal anal com epitélio colunar simples; 
• Zona de transição anal: 1/3 médio do canal anal. Transição entre epitélio simples colunar 
da mucosa retal e o epitélio pavimentoso da pele perianal. Formada por epitélio 
estratificado colunar; 
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• Zona escamosa: 1/3 inferior do canal anal que é revestida por epitélio estratificado 
pavimentoso, contínuo com o da pele perianal. 
No canal anal também ocorrem: 
• Glândulas anais: estendem-se até a submucosa. São glândulas tubulares retas ramificadas 
que secretam muco pelos ductos revestidos por epitélio estratificado colunar; 
• Glândulas circum-anais: são apócrinas grandes e encontram-se na pele que circunda o 
orifício anal (podem agir como atrativo sexual em alguns animais); 
• Folículos pilosos e glândulas sebáceas também são encontrados nesse local 
 
Curiosidade! A submucosa das colunas anais contém as ramificações terminais da artéria retal 
superior e do plexo venoso retal. Dilatações dessas veias submucosas constituem hemorroidas 
internas, que estão relacionadas a pressão venosa elevada na circulação porta (hipertensão porta). 
A camada muscular externa é formada por: (1) camada longitudinal externa: forma um folheto 
uniforme, sem tênias do cólon; (2) camada circular interna fica espessa, forma o esfíncter anal 
interno; (3) esfíncter anal externo: músculo estriado do assoalho pélvico. 
As principais funções do cólon incluem (1) absorção de h2o e eletrólitos do quimo para formar fezes sólidas; 
e (2) armazenar o material fecal, até que possa ser expelido. Após a passagem do conteúdo do intestino 
delgado ao ceco e cólon proximal, o esfíncter ileocecal se contrai, evitando o refluxo para o íleo. O material 
fecal, então, move-se do ceco aos cólons, depois ao reto e finalmente, ao canal anal. A metade proximal do 
cólon está envolvida, principalmente, na absorção e a metade distal do cólon no armazenamento. Movimentos 
intensos são desprezíveis para essas funções, logo, os movimentos do cólon são, geralmente muito lentos. 
Embora lentos, os movimentos são semelhantes aos do intestino delgado e podem se dividir em: movimentos 
de mistura (segmentação) e movimentos propulsivos (movimentos de massa). Imagina-se que esses dois 
padrões de motilidade se originem em sua maior parte em resposta às condições locais, como a distensão. 
Contrações de segmentação (haustrações): ocorrem no ceco e cólon proximal, de maneira semelhante ao que 
ocorre no intestino delgado. Essas contrações são originadas nos músculos circulares e são ondas estacionárias 
de pressão que persistem por cerca de 8 segundos, em média. A cada uma dessas constrições de músculo 
circular, cerca de 2,5 cm de músculo é contraído, o que, muitas vezes, constringe o lúmen colônico. Em 
contrapartida, contrações de longa duração são produzidas pelo músculo longitudinal do cólon, que se reúne 
em três faixas longitudinais, as tênias cólicas, as quais duram por 20 a 60 segundos e podem se propagar 
por curtas distâncias. A propagação pode se deslocar no sentido oral e caudal, principalmente nos segmentos 
proximais do cólon. Essas contrações combinadas das faixas musculares circular e longitudinal faz com que 
a porção não estimulada do intestino grosso se infle em sacos denominados haustrações/saculações. 
Cada haustração/saculação atinge a intensidade máxima em cerca de 30 segundos e desaparece nos próximos 
60 segundos. Às vezes, movem-se lentamente em direção ao ânus, em especial no ceco e cólon ascendente 
e, assim, contribuem com alguma propulsão do conteúdo colônico para adiante. Após poucos minutos, novas 
contrações haus trais ocorrem em áreas próximas. Assim, o material fecal é lentamente revolvido, ou seja, 
gradualmente, todo o mate rial fecal é exposto à superfície mucosa do intestino grosso, para maior absorção. 
Movimentos propulsivos (movimentos de massa): ocorrem no cólon e funcionam movendo o conteúdo do 
intestino grosso por longas distâncias, como do cólon transverso ao sigmoide. Grande parte da propulsão no 
ceco e no cólon ascendente resulta em contrações haustrais lentas e persistentes; o quimo leva, assim, de 8 
BIANCA ABREU-MD4 13 
 
a 15 horas para se mover da válvula ileocecal, pelo cólon, transformando-se, posteriormente, em material 
semissólido (fezes). 
Do ceco ao cólon sigmoide, os movimentos de massa podem assumir papel propulsivo. Esses movimentos 
ocorrem normalmente, de uma a três vezes por dia; e por cerca de 15 minutos durante a primeira hora 
seguinte ao desjejum. Ele consiste em um tipo modificado de peristaltismo caracterizado pela seguinte 
sequência de eventos: 
1. Primariamente, ocorre a formação de um anel constritivo, em resposta à distensão ou irritação, em 
algum ponto no cólon (em geral, no cólon transverso); 
2. Após isso, rapidamente, nos 20 cm ou mais do cólon distal ao anel constritivo, as haustrações 
desaparecem e o segmento passa a se contrair como unidade, impulsionando o material fecal para 
regiões mais adiante. 
A contração se desenvolve progressivamente, por cerca de 30 segundos, e o relaxamento ocorre nos próximos 
2 a 3 minutos. Em seguida, ocorrem outros movimentos de massa, algumas vezes, mais adiante no cólon. Essa 
série de movimentos de massa normalmente se mantém por 10 a 30 minutos. Cessam para retornar mais 
ou menos meio dia de pois. Quando o material fecal é forçado para o reto, surge o desejo de defecar. 
Também é importante notar que existe variabilidade considerável entre os indivíduos de acordo com a 
velocidade com a qual o conteúdo colônicoé transportado do ceco ao reto. Embora o tempo de trânsito no 
intestino delgado seja relativamente constante, em adultos saudáveis, o conteúdo pode ser retido no intestino 
grosso de horas até dias, sem significar disfunção. Isso também é responsável por variações significativas 
entre indivíduos nos seus padrões normais de defecação, e sugere estudo cuidadoso do histórico do paciente, 
antes de diagnosticar disfunções intestinais 
Obs.: as contrações de curta e longa duração são as contrações segmentares pois estão associadas às 
haustrações, enquanto as contrações propagadas de alta amplitude correspondem aos movimentos de massa. 
Iniciação dos movimentos de massa por reflexos gastrocólicos e duodenocólicos: o surgimento dos 
movimentos de massa após as refeições é facilitado pelos reflexos gastrocólicos e duodenocólicos. Esses 
reflexos resultam da distensão do estômago e duodeno, respectivamente. O reflexo gastrocólico consiste na 
necessidade de defecar logo após iniciarem uma refeição. Essa resposta é produzida por um arco reflexo 
longo, iniciado pela distensão gástrica. O reflexo provoca aumento generalizado na motilidade do cólon com 
movimento de massa das fezes. Foram identificados componentes tanto mecanossensíveis quanto 
quimiossensíveis do reflexo gastrocólico, e a 5- ht (serotonina) e a acetilcolina constituem mediadores 
importantes da resposta. Em um aspecto mais tardio nessa resposta, que ocorre quando a refeição alcança 
o íleo e que é mediado pela liberação de peptídeo yy, neuropeptídio y e neurotensina. Entretanto, de modo 
global, a função desse reflexo consiste em limpar o cólon para que esteja pronto para receber os resíduos 
de uma nova refeição 
Importante! A válvula ileocecal evita o refluxo do conteúdo fecal do cólon ao intestino delgado. A válvula 
ileocecal se projeta para o lúmen do ceco e é fechada quando o aumento de pressão no ceco empurra o 
conteúdo contra a abertura da válvula. Além disso, alguns cm acima da válvula ileocecal ocorre o esfíncter 
ileocecal, que consiste numa região espessada de músculo liso circular. Esse esfíncter permanece, 
normalmente, contraído e retarda o esvazia mento do conteúdo ileal no ceco. Entretanto, imediatamente após 
a refeição, o reflexo gastroileal intensifica o peristaltismo no íleo e lança o conteúdo ileal no ceco. 
Regulação da motilidade do cólon: o cólon é regulado, primariamente e de modo não exclusivo, por vias 
neurais. A motilidade colônica é influenciada por reflexos locais, gerados pelo enchimento do lúmen, iniciando, 
assim, a distensão e ativação dos mecanoceptores. Essas vias reguladoras envolvem, exclusivamente, o sistema 
nervoso entérico. Reflexos locais, ativados pela distorção do epitélio colônico devido à passagem do bolo fecal, 
BIANCA ABREU-MD4 14 
 
estimulam pequenas liberações de cloreto (cl- ) e secreção de fluido, mediadas pela serotonina (5-ht), 
liberada pelas células enteroendócrinas; e acetilcolina (ach), proveniente dos nervos secretomotores entéricos. 
Longos arcos reflexos, como o reflexo gastrocólico, já discutido anteriormente, também regulam a motilidade 
colônica. Esse reflexo tem componentes quimiossensitivo e mecanossensitivo, no local de origem e envolve a 
liberação de 5-ht e de acetilcolina. De maneira similar, em vários indivíduos, o reflexo ortocólico é ativado 
quando a pessoa se levanta da cama e promove o impulso matinal para defecar 
A inibição da motilidade está relacionada com a presença de macromoléculas que não deveriam estar 
presentes no lúmen, a exemplo de lipídeos. Como o intestino grosso não é capaz de absorver moléculas 
grandes ele “entende” que não é conveniente induzir uma motilidade pois isso iria ter como consequência a 
eliminação de fezes com gordura (esteatorreia), portanto, ele diminui o trânsito intestinal e aumenta o tempo 
que o alimento passa no estômago e no intestino delgado no intuito de melhorar a digestão e quebra dos 
alimentos, para que quando eles cheguem no intestino grosso estejam nas suas formas absorvíveis e em 
baixa quantidade no lúmen. Essa inibição acontece pelas células enteroendócrinas quando estas liberam 
neuropeptídio yy (pyy) e colecistoquinina (cck), neurotransmissores que agem diminuindo o esvaziamento 
gástrico, e diminuindo também a secreção de cl- e fluidos que tornariam a motilidade facilitada 
Desse modo, o peptídeo yy foi caracterizado como “freio ileal”, por ser liberado se nutrientes, especialmente, 
gordura, não são absorvidos quando a refeição atinge o íleo terminal e a parte proximal do cólon. Pela redução 
da propulsão do conteúdo intestinal, em parte limitando suas fluidez e motilidade induzida pela distensão, o 
peptídeo yy fornece mais tempo para a refeição ser retida no intestino delgado, onde seus constituintes 
nutrientes podem ser digeridos e absorvidos. 
o Intestino Grosso (e a Porção Distal do Intestino Delgado) mantém Relações Simbióticas com o Bactérias, 
enquanto outros compartimentos do corpo são, em sua maior parte, Estéreis. Nesse caso, existe uma relação 
de Aspecto Benéfico entre Hospedeiro e Microbiota Intestinal, sem do fundamental o equilíbrio que favoreça 
as duas partes. As Bactérias que integram o Trato Gastrointestinal são em sua maioria Anaeróbicas, 
destacando-se os Gêneros Bacteroides: Bifidobacterium, Eubacterium, Clostridium, Peptococcus, 
Peptostreptococcus, Ruminococcus e Fusobacterium. 
Dentre as Funções da Microbiota destacam-se: Ação Imunológica contra Microrganismos pela liberação de 
Toxinas, realizar Ações Metabólicas como a conversão de Bilirrubina em Urobilinogênio, e sintetizar vitamina 
K, o que evita Hemorragias. Como Recém-Nascidos não possuem uma Microbiota Instalada e bem formada 
eles precisam fazer uma injeção de Vitamina K logo na sala de parto. Além dessas funções, a Bactérias 
Intestinais são responsáveis por digerir alimentos que os seres humanos não são capazes, como por exemplo 
as Fibras, por meio da fermentação. Durante essa Fermentação dos Componentes não Absorvidos Da Dieta 
são produzido grandes volumes de N2, H2 e CO2, alguns indivíduos podem produzir concentrações 
consideráveis de Metano. Tudo isso culmina na composição e eliminação de flatulências. 
Esse Ecossistema Bacteriano entérico é estabelecido logo após o Nascimento e permanece relativamente 
estável: ao nascimento, o Trato Gastrointestinal é estéril. Por volta de 1 mês de idade, o Lactente começa a 
ser ricamente colonizado por microrganismos provenientes do ambiente, em uma Direção Oral para Anal. A 
Microbiota Amadurece, então para um Fenótipo Adulto em torno dos 3 anos de idade. Em longo prazo, a 
Dieta também influencia a Microbiota, visto que mudanças sistemáticas na Dieta resultam em alterações do 
Microbioma em nível de sociedade. 
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O Tipo de Parto está relacionado com a microbiota do bebê a medida que os nascidos por Parto Normal 
adquiriram Comunidades Bacterianas semelhantes à Microbiota Vaginal e Fecal da própria mãe (Lactobacillus, 
Prevotella e Snethia spp). Diferentemente, os bebês nascidos por cesariana possuem Bactérias semelhantes 
às bactérias da superfície da pele da mãe (staphylococcus, corynebacterium e propionibacterium spp.); 
A amamentação é outro fator que influencia o tipo de colonização intestinal. Há recém-nascidos cuja 
alimentação não é o leite materno mas sim fórmula infantil para lactentes. Neste caso, o tipo de população 
intestinal que se observa é composta por gêneros de lactobacillus, streptococcus e staphylococcus. Na 
alimentação à base de leite materno, o principal género é bifidobacterium e permite a metabolização de 
açúcares em ácidos, conferindo assim proteção contra patógenos intestinais. 
Entretanto, a flora colônica tem benefícios para o hospedeiro, porque as bactérias constituintes são capazes 
de realizar reações metabólicas que não ocorrem em células de mamíferos, agindo por meio de enzimas que 
agem nos dois substratos, endógeno e exógeno: 
• Desidroxilases: atuam sobre os ácidos biliares primários e formamácidos biliares secundários 
• Desconjugases: desconjugam qualquer ácido biliar que tenha escapado da absorção no íleo terminal, 
permitindo que possam ser reabsorvidos; 
• Redutases: convertem bilirrubina em urobilinogênio e recuperam nutrientes resistentes às hidrolases 
pancreáticas e da borda em escova, tais como as fibras da dieta; 
• Glicosidades: recuperam de nutrientes que não podem ser degradados pelas enzimas digestivas, 
como as fibras que são carboidratos resistentes à degradação de amilase: ambiente anaeróbico→ 
fermentação→ degrada fibras em ácidos graxos de cadeia curta (acetato, propionato e butirato), 
que podem ser absorvidos pelas células epiteliais do cólon e usados como energia; 
• Sulfatases bacterianas: produzem sulfeto de hidrogênio por sua ação sobre aminoácidos que contem 
grupos sulfidrila; 
• Oxidases: podem atuar sobre ácidos graxos não absorvido 
A microflora colônica também é notável por sua contribuição para a formação do gás intestinal. Embora 
grandes volumes de ar possam ser ingeridos com as refeições, a maior parte desse gás retorna para cima, 
pelo estômago (eructações). Entretanto, durante a fermentação e outras vias metabólicas promovidas por 
enzimas dos componentes não absorvidos da dieta, produzem grandes volumes de n2, h2, co2, metano, sulfeto 
de hidrogênio, indol e escatol. 
Importante! O gás que permanece no intestino se move para trás e para frente pelos padrões de motilidade, 
resultando em borborigmos, que podem ser ouvi dos por meio de estetoscópio. A ausência desses sons 
intestinais é um indicador seguro de que a motilidade intestinal está inibida. A flora do colo é complexa e 
contêm pelo menos 1.500 espécies diferentes de bactérias. As principais bactérias que colonizam a região 
são espécies: 
• Anaeróbicas: bacteroides, bifidobacterias, clostrídeos, eubactérias, estrepto cocos, clostridium, 
fusobacterium e peptostreptococcus. 
• Aeróbicas: enterobactérias, como escherichia coli, estreptococos e estafilococos. 
Papel na imunidade: os microrganismos comensais também têm papel funda mental na limitação do 
crescimento ou da invasão (ou ambos) de microrganismos patológicos. Eles cumprem esse papel 
antimicrobiano via diferentes mecanismos: sintetizando e secretando compostos, que inibem o crescimento 
de organismos competidores, ou que sejam microbicidas, funcionando como barreira física para impedir a 
ligação de patógenos e sua entrada subsequente nas células epiteliais colônicas e desencadeando padrões 
de expressão gênica no epitélio, que se contrapõem aos efeitos adversos dos patógenos, na função epitelial. 
A secreção de iga pode limitar o crescimento de alguns microrganismos comensais, o sistema imune não 
desencadeia uma resposta significativa contra a microbiota nativa em razão da indução de tolerância 
BIANCA ABREU-MD4 16 
 
imunológica no intestino, evitando respostas inflamatórias indesejáveis contra proteínas alimentares, ou contra 
a própria microbiota intestinal. 
Contudo, apesar de se considerar que a indução da inflamação é inconveniente, pode ser benéfica, se 
controlada. As respostas imunológicas desencadeadas pela microbiota contribuem para reforçar a barreira 
intestinal. 
Alimentos funcionais: são os alimentos que além de seu caráter nutricional fornecem algum tipo de benefício 
extra ao organismo, como o bom funcionamento intestinal. Dentre os alimentos funcionais relacionados ao 
intestino grosso destacam-se os próbióticos e prébioticos. 
Os próbióticos são aquelas comidas que já fornecem microrganismos vivos (no caso as bactérias) ao intestino, 
exemplo disso são os leites fermentados que contêm lactobacillus. Os prébioticos, apesar de não fornecerem 
os constituintes vivos da microbiota, são capazes de promover sua manutenção por meio de substratos que 
garantem a energia necessária para sua sobrevivência, seu exemplo são as fibras, as quais se dividem em 
dois tipos: (1) solúveis e (2) insolúveis. 
As fibras insolúveis no seu caminho até o intestino grosso não formam géis e não sofrem fermentação pelas 
bactérias, portanto se concentram no lúmen intestinal e atraem água, o que aumenta o volume fecal, 
facilitando o trânsito intestinal, como por exemplo a celulose e a hemicelulose encontrados no milho, na 
farinha de trigo e nos frutos com casca. As fibras solúveis, por sua vez, formam géis e sofrem fermentação, 
dessa forma servem como fonte de energia para as bactérias ali existentes garantindo sua manutenção. 
Exemplos de fibras solúveis são a inulina e os oligossacarídeos presentes na chicória, aveia e lentilha. 
Os alimentos funcionais apresentam as seguintes características: 
Devem ser alimentos convencionais e serem consumidos na dieta normal/usual; devem ser compostos por 
componentes naturais, algumas vezes, em elevada concentração ou presentes em ali mentos que 
normalmente não os supririam; devem ter efeitos positivos além do valor básico nutritivo, que pode aumentar 
o bem-estar e a saúde e/ou reduzir o risco de ocorrência de doenças, promovendo benefícios à saúde além 
de aumentar a qualidade de vida, incluindo os desempenhos físico, psicológico e comportamental; a alegação 
da propriedade funcional deve ter embasamento científico; pode ser um alimento natural ou um alimento no 
qual um componente tenha sido removido; pode ser um alimento onde a natureza de um ou mais 
componentes tenha sido modificada. 
Prébioticos: são oligossacarídeos não digeríveis, porém fermentáveis cuja função é mudar a atividade e a 
composição da microbiota intestinal com a perspectiva de promover a saúde do hospedeiro. As fibras 
dietéticas e oligossacarídeos não digeríveis são os principais substratos de crescimento dos microrganismos 
dos intestinos. Os prébioticos estimulam o crescimento dos grupos endógenos de população microbiana, tais 
como as bifidobactérias e os lactobacilos, ambos benéficos. 
Próbióticos: são microrganismos vivos que podem ser agregados como suplementos na dieta, afetando de 
forma benéfica o desenvolvimento da flora microbiana no intestino. São também conhecidos como 
bioterapêuticos, bioprotetores e bioprofiláticos e são utilizados para prevenir as infecções entéricas e 
gastrointestinais. 
Simbióticos: são produtos alimentares que combinam probióticos – suplemento alimentar microbiano vivo – 
e prebióticos – componentes alimentares não digeríveis –, atuando sobre a microbiota intestinal para 
beneficiar a saúde do indivíduo. Como exemplos de simbióticos temos: iogurtes, bebidas lácteas fermentadas, 
suplementos alimentares, fármacos, sucos de frutas e legumes fermentados. 
Simbióticos contém microrganismos, como algumas espécies bacterianas dos gêneros Lactobacillus e 
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Bifidobacterium e leveduras, como Saccharomyces boulardii, combinados a carboidratos, como inulina e fruto-
oligossacarídeos. Essa combinação resulta em efeitos importantes para o equilíbrio e bom funcionamento do 
intestino, capazes de estimular seletivamente a proliferação e/ou atividade microbiana no local. Isso coopera 
para uma colonização da microbiota intestinal por microrganismos benéficos, diminuindo riscos de infecções 
por patógenos o que pode causar doenças. Esses produtos também ajudam a melhorar a absorção de 
nutrientes pelo intestino, aumentam produção de vitaminas e enzimas digestivas, diminuem quantidade de 
colesterol no sangue, contribuem para a ação sistema imunológico, podem ser utilizados no tratamento de 
diarreias e até prevenir câncer de cólon. 
Função: controle da microbiota intestinal, estabilização da microbiota intestinal após o uso de antibióticos, 
promoção da resistência gastrintestinal à colonização por patógenos, diminuição da concentração dos ácidos 
acético e lático, de bacteriocinas e outros compostos antimicrobianos, promoção da digestão da lactose em 
indivíduos intolerantes à lactose, estimulação do sistema imune, alívio da constipação e aumento da absorção 
de minerais e vitaminas. 
Qual a relação dos próbióticos com a imunidadeinata? A ingestão de lactobacilos melhora a resistência 
inespecífica do hospedeiro a microrganismos patogênicos, facilitando assim a exclusão destes no intestino. 
Estudos mostram que a administração de lactobacillus casei e lactobacillus bulgaricus ativa a produção de 
macrófagos. A ingesta de l. Casei e l. Acidophilusinduz a fagocitose em alguns mamíferos. A fagocitose é 
responsável pela ativação precoce da resposta inflamatória, mesmo antes da produção de anticorpos. Os 
fagócitos liberam agentes tóxicos, como espécies reativas de oxigênio e enzimas líticas, em várias reações 
inflamatórias. 
As bactérias consideradas como próbióticos também produzem substâncias denominadas bacteriocinas, 
proteínas metabolicamente ativas, que auxiliam na destruição de microrganismos indesejáveis. Exemplo: a 
reuterina, produzida pelo lactobacillus reuteri, a qual pode reduzir o crescimento de patógenos como 
escherichia coli, salmonella entérica, shigella sonnei e vibrio cholera 
Cerca de 1,5 litros de quimo passam, normalmente, pela válvula ileocecal para o intestino grosso (ceco) a 
cada dia. Grande parte da água e eletrólitos, nesse quimo, é absorvida no cólon, sobrando menos de 100 ml 
de líquido para serem excretados nas fezes. Além disso, pratica mente todos os íons são absorvidos e apenas 
1 a 5 meq de íons na+ e cl são eliminados nas fezes. Grande parte da absorção se dá na metade proximal do 
cólon, o que confere a essa porção o nome de cólon absortivo, enquanto que o cólon distal se encarrega, 
principalmente, do armazenamento das fezes, sendo assim denominado cólon de armazenamento. 
A mucosa do intestino grosso, como a do intestino delgado, tem alta capacidade de absorver, ativamente, na+ 
e a diferença de potencial gerada, pela absorção de na+ , provoca a absorção de cl- . Os complexos juncionais 
entre as células epiteliais do intestino grosso são muito menos permeáveis que os do intestino delgado. Isto 
evita a retrodifusão significativa de íons, através dessas junções, permitindo assim, que a mucosa do intestino 
grosso absorva íons na+ contra um gradiente de concentração bem maior, diferentemente do que ocorre no 
intestino delgado. A absorção de íons na+ e cl cria um gradiente osmótico que, por sua vez, leva à absorção 
de h2o. 
O intestino grosso consegue absorver, no máximo, de 5 a 8 litros de líquidos e eletrólitos por dia. Quando a 
quantidade total que entre no intestino grosso através da válvula ileocecal ou pela secreção do próprio 
intestino grosso ultrapassa essa quantidade, o excedente aparece nas fezes como diarreia. Toxinas produzidas 
pela bactéria vibrio cholerae ou por outras infecções bacterianas, muitas vezes, fazem com que as criptas 
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no íleo terminal e no intestino grosso secretem 10 litros ou mais de líquido por dia, levando à diarreias graves, 
por vezes, fatais. Todo esse processo é possível devido a vários mecanismos de transportes que acontecem 
no intestino grosso cuja função final é principalmente absorver a água, sendo os principais: 
Absorção de nacl: ocorre por meio de diferentes tipos de transportadores. Na membrana basolateral do 
colonócito (célula absortiva do cólon), temos o transportador na+k +atpase (bomba de na+ e k+ ), o que retira 
na+ de dentro da célula e joga para a circulação sanguínea, fazendo com que se diminua a concentração 
intracelular de na+ , o que, por sua vez, permite a entrada de na+ pela membrana apical por meio de três 
tipos de simporte: (1) simporta dor na+ -carboidrato (glicose e galactose); (2) simportador na+ -aminoácidos 
e (3) simporte na+h + . Esses simportes permitem a absorção de nutrientes não antes absorvidos pelo 
intestino delgado. Uma vez dentro da célula, o na+ é eliminado pela na+k +atpase, tornando o sangue um 
ambiente hiperconcentrado, o que, assim, facilita a absorção de h2o. Concomitante com esses trocadores, 
ocorre a absorção de cl- por meio da excreção bicarbonato (hco3 - ) para o lúmen intestinal. Esse bi carbonato 
ajuda reduzindo o ph do bolo fecal e dessa forma evita a eliminação de fezes ácidas que iriam causar 
irritação na região anal. Uma vez dentro do colonócito esse cl retorna a corrente sanguínea por meio de um 
simporte com k+ na membrana basolateral; essa absorção de nacl eletroneutra é estimulada por diversos 
fatores de crescimento (fator de crescimento epidérmico) e inibida por diversos hormônios e 
neurotransmissores, que aumentam os níveis de ampc nas células epiteliais da superfície do cólon. 
Absorção de ácidos graxos de cadeia curta: essa absorção se deve à presença da na+k +atpase na membrana 
basolateral, que, por sua vez, diminui a concentração de na+ intracelular e permite sua entrada na célula pelo 
simporte com os ácidos graxos de cadeia curta na membrana apical. Essa será a última oportunidade de 
absorção de lipídeos, caso não sejam absorvidos eles serão eliminados nas fezes, caracterizando o quadro de 
esteatorreia. Esses ácidos graxos de cadeia curta, a exemplo do acetato, propionato e butirato, serão utilizados 
pelo colonócito como forma de matéria prima para geração de energia. No que tange à absorção de fluidos 
através da absorção de ácidos graxos de cadeia curta, o intestino grosso atua da seguinte maneira: ocorre 
captação de ácidos graxos de cadeia curta pelos transportadores de na+ -monocarboxilatos (smcts), 
localizados na membrana apical, impulsionado pela baixa con centração de na+ intracelular mantida pela 
“bomba de sódio e potássio” na membrana basolateral. 
Curiosidade! O butirato consiste em uma fonte de energia fundamental para os colonócito, e redução 
acentuada nos níveis de butirato no lúmen intestinal podem induzir disfunções epiteliais graves(como 
resultado de mudanças na microbiota intestinal pela administração de antibióticos de amplo espectro). Além 
disso, o butirato regula a expressão de genes específicos no epitélio colônico, suprimindo a expressão de 
fenótipos malignos. A expressão do smct1 é reduzida em alguns cânceres de cólon, levando assim à redução 
da captação de butirato, o que pode contribuir para a transformação tecidual maligna característica dessa 
patologia. 
Absorção de na+ e secreção de cl- : o último mecanismo de transporte associado à absorção de h2o no 
intestino grosso se dá por meio da absorção exclusiva de na+ pelos canais de condução de na+ (enac’s) 
localizados na membrana apical. Com a diferença de concentração dessa molécula dentro da célula causada 
pela na+k +atpase, ocorre a hiperconcentração do sangue o que leva a água a ser puxada nessa direção por 
osmose e também o cl- devido a eletropositivade causada pelo na+ . O “enac” também tem a função de 
secreção de cl- , e isso está relacionado com a motilidade do cólon. A abertura dos canais enac é controlada 
por hormônios e neurotransmissores. Água e íons cl- passam passivamente, via junções intracelulares fechadas, 
para manter a neutralidade elétrica da célula; essa maneira de absorção do na+ no cólon é a última linha de 
defesa do trato gastrintestinal para impedir a perda excessiva de água nas fezes, devido à sua localização 
estratégica na porção distal do cólon 
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As fezes são compostas, normalmente, por 3/4 de água e 1/4 de matéria sólida que, por sua vez, é composta 
por 30% de bactérias mortas, 10% a 20% de gordura, 10 a 20% de matéria inorgânica, 2% a 3% de proteínas 
e 30% de restos não-digeridos (fibras de celulosa, hemicelulose e pectinas) dos alimentos e constituintes 
secos dos sucos digestivos, tais como pigmento da bile e células epiteliais degradadas. A coloração das fezes 
é determinada pela presença de estercolibina e urobilinas, derivadas da bilirrubina. O odor desagradável é 
causado, principalmente, por produtos da ação bacteriana; esses produtos variam de uma pessoa para outra, 
dependendo da microbiota colônica de cada indivíduo e do tipo de alimento normalmente ingerido. Os 
verdadeiros produtos odoríferos são: indol, escatol, mercaptanas e sulfeto de hidrogênio. 
O reto fica vazio(sem fezes) na maior parte do tempo devido à presença de um fraco esfíncter funcional 
a cerca de 20 cm do ânus, na junção entre o cólon sigmoide e o reto. Anatomicamente, também ocorre a 
presença de um ângulo agudo nesse local, contribuindo com resistência adicional ao enchimento retal. Quando 
os “movimentos de massa” forçam as fezes em direção ao reto, imediatamente surge a vontade de defecar 
com a contração reflexa do reto e relaxamento dos esfíncteres anais. 
A passagem do material fecal pelo ânus é evitada pela constrição tônica do (1) esfíncter anal interno, um 
espesso músculo liso com vários centímetros de comprimento na região do ânus, e do (2) esfíncter anal 
externo, composto por músculo estriado esquelético voluntário, que circunda o esfíncter interno e se estende 
distalmente a ele. O esfíncter externo é controlado por fibras nervosas do nervo pudendo, que faz parte do 
sistema nervoso somático e, as sim, está sob controle voluntário consciente ou pelo menos subconsciente. 
Influência dos tipos de fibras (solúveis e insolúveis): os efeitos positivos da fibra alimentar estão relacionados, 
em parte, ao fato de que uma parcela da fermentação de seus componentes ocorre no intestino grosso, o 
que produz impacto sobre a velocidade do trânsito intestinal, sobre o ph do cólon e sobre a produção de 
subprodutos com importante função fisiológica. Indivíduos com elevado consumo de fibras parecem 
apresentar menor risco para o desenvolvimento de doença coronariana, hipertensão, obesidade, diabetes e 
câncer de cólon. O aumento na ingestão de fibras reduz os níveis séricos de colesterol, melhora a glicemia 
em pacientes diabéticos, reduz o peso corporal e foi associado com menores níveis séricos de proteína c 
reativa ultrassensível. 
As fibras da dieta estão incluídas na ampla categoria dos carboidratos. Classificam-se em: (1) solúveis, (2) 
insolúveis ou mistas, podendo ser fermentáveis ou não-fermentáveis. A maioria dos alimentos que contêm 
fibras é constituída de um terço de fibras solúveis e dois terços de fibras insolúveis. 
• Fibras solúveis: dissolvem-se em água, formando géis viscosos, não sendo digeridas no intestino delgado, 
além de facilmente fermentadas pela microbiota do intestino grosso. São solúveis as pectinas, as gomas, 
a inulina e algumas hemiceluloses; 
• Fibras insolúveis: não são solúveis em água, portanto não formam géis, e sua fermentação é limitada. 
São insolúveis a lignina, celulose e algumas hemiceluloses. 
 
Como os componentes da fibra da dieta não são absorvidos, eles penetram no intestino grosso e fornecem 
substrato para as bactérias intestinais. As fibras solúveis são normalmente fermentadas rapidamente, 
enquanto as fibras insolúveis são lentamente ou apenas parcialmente fermentadas. Os principais grupos de 
fibras que chegam ao intestino grosso são os polissacarídeos não-amido, substâncias associadas a esses 
polissacarídeos, os amidos resistentes e oligossacarídeos. Esses componentes são parcial ou totalmente 
fermentados e utilizados como fonte energética pela microbiota no cólon, convertidos em gases (hidrogênio, 
metano e dióxido de carbono) e ácidos graxos de cadeia curta (agccs), principalmente acetato, propionato e 
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butirato. A disponibilidade de substrato no cólon resulta no aumento do número de bactérias e 
consequentemente no aumento do bolo fecal. 
O incremento na produção de agccs, como resultado da fermentação, resulta na diminuição do ph intracelular 
e colônico. O meio mais ácido inibe a proliferação de organismos patogênicos bem como a formação de 
produtos de degradação tóxicos, além de reduzir a solubilidade dos ácidos biliares e facilitar a absorção de 
cálcio, interferindo no metabolismo ósseo. Ocorre também estimulação da proliferação de células epiteliais 
do cólon. 
O estágio final da jornada da refeição, após sua ingestão, digestão e absorção, é a expulsão de resíduos não 
digeridos pelo corpo, num processo conhecido como defecação. Esta, por sua vez, é iniciada por reflexos da 
defecação, sendo eles: reflexo intrínseco, reflexo parassimpático e reflexo gastrocólico 
Tipos de reflexos da defecação: quando o reto se torna cheio de fezes, a parede retal de musculatura lisa 
se contrai e o esfíncter anal interno se relaxa no reflexo reto-esfinctérico. Entretanto, a defecação não ocorre 
nesse momento, devido à contração tônica do esfíncter anal externo (composto por músculo estriado 
esquelético e sob controle voluntário). Porém, uma vez que o reto chegue a 25% de sua capacidade, ocorre 
urgência em defecar. Quando for apropriado, o esfíncter anal externo é relaxado voluntariamente, a 
musculatura lisa do reto se contrai para criar pressão, e as fezes são forçadas através do canal anal. A 
pressão intra-abdominal, criada para a defecação, pode ser aumentada pela manobra de valsalva (expirar 
contra a glote fechada). 
O esfíncter anal interno se localiza na parte distal do cólon e é uma expansão da camada muscular lisa 
circular do reto. O eai contribui com 70%-85% do tônus anal de repouso, 65% durante distensão retal 
constante e somente com 40% após distensão retal súbita. Portanto, o eai é o maior responsável por manter 
a continência anal em repouso. O esfíncter anal externo circunda o canal anal e se estende do músculo 
puborretal até o bordo anal, sendo composto por músculos estriados que estão sob controle voluntário e 
contribuem com 20% da pressão de repouso do canal anal. 
A atividade cooperativa do esfíncter anal externo, do músculo puborretal (levantador do ânus) e das 
terminações nervosas sensoriais, no canal anal, é necessária para retardar a defecação, até que seja 
apropriada, mesmo que o reto esteja fortemente distendido com fezes ou a pressão intra-abdominal aumente 
rapidamente. Isso explica porque a incontinência pode ocorrer em indivíduos nos quais a integridade de 
estruturas foi comprometida, como por trauma, lesão cirúrgica ou obstétrica, prolapso do reto ou doenças 
neuropáticas, como o diabetes. 
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Importante! Princípio miogênico da contração colônica e reflexo mioentérico: um princípio geral da fisiologia 
se refere ao postulado de frank-starling, ou da autorregulação heterométrica, através do qual a distensão do 
músculo liso, determina uma contração proporcional da mesma estrutura. Como? A distensão da parede do 
cólon provoca elongação das fibras nervosas integrantes do plexo mioentérico de auerbach, o qual, sendo 
sensibilizado, reage estimulando a mesma musculatura lisa, acentuando a contratilidade muscular. 
Essa é uma propriedade dessa musculatura lisa e não é suficiente para provocar a defecação mas é suficiente 
para criar uma condição pressórica primária (apr), se houver uma condutância mínima da região anal. Para 
que a defecação ocorra em um organismo complexo e volumoso é necessária uma ação adicional ao reflexo 
de defecação para concretizar um gradiente suficiente de pressões entre o cólon sigmoide e o reto, e deste 
com o ânus. 
 
Sinais de defecação que entram na medula espinhal iniciam outros efeitos, tais como: inspiração profunda, fechamento 
da glote e contração dos músculos abdominais, o que, por sua vez, força o conteúdo fecal do cólon para o canal anal; 
e, ao mesmo tempo, promove o relaxamento do assoalho pélvico, projetando-se para baixo, empurrando, assim, o anel 
anal para baixo para eliminar as fezes. 
Quando é oportuno para a pessoa defecar, os reflexos de defecação podem ser ativados propositadamente por 
respiração profunda, movimento do diafragma para baixo e contração dos músculos abdominais para, assim, aumentar 
a pressão abdominal, forçando, assim, o conteúdo fecal ao reto e causando novos reflexos. 
 
 
Quando as fezes entram no reto, a 
distensão da parede retal é reconhecida 
por mecanoceptores retais, os quais geram 
aferênciais que se propagam pelo plexo 
mioentérico e originam as ondas 
peristálticas no cólon descendente, cólon 
sigmoide e no reto 
À medida que a onda peristáltica seaproxima do ânus, o esfíncter anal interno 
se relaxa, por sinais inibitórios do plexo 
mioentérico; caso o esfíncter anal externo 
esteja relaxado consciente e 
voluntariamente, ocorre a defecação.
O reflexo intrínseco mioentérico, 
por si só, não é normalmente 
suficiente. Para que a defecação 
ocorra, em geral, é necessária a 
presença do reflexo parassimpático, 
que envolve os segmentos sacrais da 
medula espinhal 
A distensão retal é reconhecida por 
terminações nervosas, que geram 
aferências pelos nervos da medula 
espinhal sacral 
A via eferente volta ao cólon 
descendente, sigmoide e reto por 
meio dos nervos pélvicos, que, por 
sua vez, intensifica as ondas 
peristálticas e a abertura dos 
esfíncteres anais por meio da 
liberação de acetilcolina, 
promovendo a defecação
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O reflexo gastroileal ocorre quando a refeição alcança o íleo e é mediado pela liberação do peptídeo yy, 
neuropeptídio y e neurotensina, e tem a função de limpar o cólon para que este esteja pronto para receber 
os resíduos de uma nova refeição. O reflexo peritoneointestinal resulta da irritação do peritônio e inibe, 
forte mente, os nervos entéricos excitatórios, podendo causar, assim, paralisia intestinal, o que comumente 
ocorre em pacientes com peritonite. Os reflexos renointestinal e vesicointestinal inibem a atividade intestinal, 
como resulta do da irritação renal ou vesical (bexiga), respectivamente. 
A defecação envolve a ação integrada e coordenada de funções motossensoriais orquestradas pelo sistema 
nervoso central, medula espinhal, nervos somáticos e viscerais e neurônios entéricos. Apesar de a continência 
fecal e a defecação serem extremamente associadas (anatomicamente, psicologicamente, socialmente e 
neurologicamente); a continência fecal é dependente da função esfincteriana (conforme a pressão anal for 
maior que a pressão retal, a continência é mantida); enquanto que a defecação é um processo muito mais 
complexo. 
Portanto, para que ocorra a defecação, existem centros neurais reguladores que coordenam a integração das 
informações trazidas pelas vias aferentes e sua transmissão pelas vias eferentes. Os principais núcleos estão 
presentes na formação reticular pontina: núcleo de barrington ou núcleo m (região dorsomedial pontina) e 
núcleo l (região lateral pontina); bem como um importante núcleo presente na medula lombar: o núcleo de 
onuff. A informação da distensão retal começa primeiramente sendo enviada até a substância cinzenta 
A distensão do estômago pelo alimento (após as 
refeições) gera um longo arco reflexo chamado 
reflexo gastrocólico, que consiste na necessidade 
de defecar logo após uma refeição 
Os componentes que originam o 
reflexo são tanto 
mecanossensíveis quanto 
quimiossensíveis e envolve a 
liberação de acetilcolina e 
serotonina. A aferência é 
mediada pelo sistema nervoso 
parassimpático
A eferência é mediada pela 
colecistoquinina (cck) e gastrina, 
o que resulta no aumento da 
motilidade do cólon
Se apresenta como tal na criança de até 
2 anos de idade, após isso, o controle 
cortical ou superior da defecação 
assume 
Há uma via aferente sensorial excitada 
pela tensão das paredes retais que 
ingressa à medula sacra, onde realiza 
sinapse como neurônios motores 
parassimpáticas sacrais que, seguindo a 
via eferente, inervam a musculatura do 
cólon sigmoide (contração) e promovem 
o relaxamento do esfíncter anal interno 
Com os dois efeitos a pressão no reto 
aumenta e a condutância anal também 
(resistência anal reduz) e gerase o fluxo 
fecal no reto para a expulsão
BIANCA ABREU-MD4 23 
 
periaquedutal (pag). Pela pag essa informação é levada até as vias eferentes na ponte, ou seja, até os núcleos 
l e de barrington. Associado à pag, o locus cerúleos é ativado e leva ao aumento da frequência cardíaca e 
tônus vascular comum durante a defecação. 
• Núcleo l: é responsável pela defecação involuntária, pois este irá agir por meio de nervos do sistema 
nervoso autônomo (sna) simpático e parassimpático que inervam o cólon sigmoide, reto e esfíncter 
interno do ânus (músculo liso). O sna simpático irá inibir a defecação pela liberação de 
noradrenalina que leva a contração das regiões. Inervadas por tais nervos, essa contração 
impossibilita a liberação das fezes (exemplo: contração do esfíncter externo do ânus). O sna 
parassimpático, entretanto, estimula a defecação principalmente pela liberação de acetilcolina, que 
leva ao relaxamento dessas regiões, assim facilita a saída das fezes. 
• Núcleo de barrington: localiza-se na formação reticular pontina. Este núcleo controla as estruturas 
anorretais liga das à continência fecal, à continência urinária aos órgãos associados à atividade 
sexual, principalmente à atividade coital. Além disso, possui atividade simpática toracolombar e 
parassimpática sacral que controlam a função visceral. Ele modula três elementos efetores: 
a. Motoneurônios somáticos localizados no núcleo de onuff: o núcleo de barrington é responsável pela 
defecação voluntária pois emite sinais para o núcleo de onuff na medula sacral, que diante de 
alguma ocasião na qual não podemos defecar é mantêm o controle sobre o esfíncter externo do 
ânus(musculatura estriada esquelética) o mantendo contraído para que as fezes não sejam liberadas. 
Além do esfíncter anal externo, o núcleo de onuff também inerva o assoalho perineal e a prensa 
abdominal; 
b. Motoneurônios simpáticos da coluna intermediolateral toracolombar: que controlam a musculatura 
lisa do cólon e do reto, além do esfíncter interno do ânus; 
c. Motoneurônios parassimpáticos sacrais s2 a s4: que inervam a musculatura lisa do sigmoide, do reto 
e esfíncter interno do ânus. 
Deste modo, o núcleo de barrington controla o núcleo de onuff e os motoneurônios simpáticos e 
parassimpáticos. Devido a isso, fala-se que as funções vesicais e colorretais estão fortemente ligadas, como 
o que ocorre no ato de de fecar, onde é gerado um estímulo simultâneo para a micção. Deve-se especificar 
que o núcleo de barrington se integra com os núcleos cerúleo (locus coeruleus) e sub-cerúleo, promovendo 
resposta simpática de caráter adaptativo, pela qual se modifica a frequência cardíaca, pressão arterial, tônus 
vascular, secreção de suor, dilatação da pupila etc., quando ocorre a defecação. 
• Substância cinzenta periaquedutal (pag): localiza-se no mesencéfalo. Recebe informações de fibras 
nervosas aferentes viscerais e constitui um importante centro integrador de informações em virtude 
de sua extensa gama de conexões com diferentes estruturas, tais como: a amígdala, o córtex orbital 
e pré-frontal, a área pré-óptica do hipotálamo, o núcleo do trato solitário (nts). 
 
A pag recebe vias nervosas que chegam tanto da periferia (como do reto e do ânus distendidos), bem como 
de outros centros nervosos, procedendo a excitar o núcleo de barrington que integra a resposta neural frente 
às aferências anorretais. A sensação da necessidade ou desejo de defecar é produzida por excitação do 
tálamo ventrobasal, que segue a via do sistema lemniscal de modo preferencial, ao mesmo tempo que ramos 
colaterais sensoriais podem chegar ao pag, podendo iniciar o processo da defecação independentemente da 
sensação talâmica. No adulto, é característica a defecação submetida ao controle voluntário, ou seja, executada 
após a decisão de defecar, quando o cérebro recebe impulsos informativos da região retal. Isto se torna 
possível após o desenvolvimento definitivo do sistema nervoso central (snc), particularmente do córtex 
cerebral e sistema piramidal, mas também do extrapiramidal; assim, o tônus anal seria fundamental no 
controle cortical da defecação. 
A decisão de defecar representa um fenômeno cortical, de decisão formulada basicamente pelo córtex pré-
frontal face à informação talâmica da sensação retal. O córtex cerebral modula a atividade da pag, 
estimulando-a ou inibindo-a. O córtex pré-frontal, ao excitar a substância cinzenta periaquedutal (pag),

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