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Bianca Abreu- MD4 1 1. Descrever embriologia, anatomia, histologia, vascularização, inervação das adrenais 2. Sobre o cortisol: 2.1 Eixo 2.2 Síntese 2.3 Composição 2.4 Transporte 2.5 Armazenamento 2.6 Secreção 2.7 Mecanismo de ação 2.8 Regulação (sexuais, catecolaminas, T3/T4, GH, PTH....) 2.9 Efeitos biológicos 2.9.1 Relacionar com estresse agudo e crônico 2.9.2 Explicar a lipogênese central e lipólise periférica 2.9.3 Diferencias os efeitos anti- inflamatório, imunodepressor e imunossupressor e quando eles ocorrem 2.9.4 Efeito no osso, crescimento, na pele e anexos..... 2.10 Conceituar alostase 2.11 Diferenciar as alterações dos níveis de cortisol (Cushing, Addison, Hiperplasia adrenal congênita) 2.12 Diferenciar doença de Cushing de síndrome de Cushing 2.13 Por que deve ser feito o desmame dos corticoides? 2.14 Qual o impacto do uso prolongado de corticoides? 3. Sobre as catecolaminas 3.1 Eixo 3.2 Síntese 3.3 Composição 3.4 Transporte 3.5 Armazenamento 3.6 Secreção 3.7 Mecanismo de ação 3.8 Regulação 3.9 Efeitos biológicos 3.10 Relacionar com estresse 3.11 Qual impacto do uso prolongado das catecolaminas? 3.12 Explicar a teoria do “botão vermelho” 4. Explicar os sintomas da paciente estressada (redução de libido, queda de cabelo, ganho de peso, irregularidade menstrual, acne, aumento da PA, hiperglicemia e instabilidade emocional) A paciente tem um quadro de hipercortisolismo. Bianca Abreu- MD4 2 A glândula suprarrenal (adrenal) se desenvolve de dois componentes: (1) uma porção mesodérmica, que forma o córtex; e (2) uma porção ectodérmica, que forma a medula. Durante a quinta semana do desenvolvimento, as células mesoteliais entre a raiz do mesentério e a gônada em desenvolvimento começam a proliferar e penetram o mesênquima subjacente Nesse ponto, elas se diferenciam em grandes células acidófilas, que formam o córtex fetal, ou córtex primitivo, da glândula suprarrenal. Um pouco depois disso, uma segunda onda de células do mesotélio penetra o mesênquima e envolve a massa celular acidófila original. Essas células, menores que as da primeira onda, formam mais tarde o córtex definitivo da glândula Essas são células que produzem esteroide e no segundo trimestre começam a secretar desidroepiandrosterona (DHEA), que é convertida em estrógeno pela placenta. Logo após o nascimento, o córtex fetal regressa rapidamente, enquanto as células restantes se diferenciam em três camadas definitivas do córtex: a zona glomerulosa, a zona fasciculada e a zona reticular O córtex secreta basicamente cortisol, aldosterona e andrógenos. Enquanto o córtex fetal está sendo formado, as células da crista neural invadem sua região medial, onde ficam arranjadas em cordões e grupos para formar a medula da glândula Os sinais que regulam a migração dessas células e sua especificação para a medula adrenal emanam da aorta dorsal e incluem BMPs. Quando diferenciadas, essas células adquirem uma coloração amarelo-amarronzada quando coradas com sais de cromo e são chamadas, portanto, de células cromafins. Essas células representam neurônios simpáticos pós-ganglionares modificados que são inervados por fibras simpáticas e, quando estimuladas, produzem epinefrina (adrenalina) e norepinefrina (noradrenalina), que são liberadas diretamente na corrente sanguínea. Durante a vida embrionária, as células cromafins estão amplamente espalhadas por todo o embrião, mas, no adulto, o único grupo que persiste se encontra na medula suprarrenal. As glândulas suprarrenais, de cor amarelada em pessoas vivas, estão localizadas entre as faces superomedial dos rins e o diafragma, onde são circundadas por tecido conjuntivo contendo considerável cápsula adiposa. As glândulas suprarrenais são revestidas por fáscia renal, pelas quais estão fixadas aos pilares do diafragma. Embora o nome “suprarrenal” sugira que os rins são a relação primária, a principal fixação das glândulas é aos pilares do diafragma. Elas são separadas dos rins por um septo fino (parte da fáscia renal O formato e as relações das glândulas suprarrenais são diferentes nos dois lados. A glândula direita piramidal é mais apical (situada sobre o polo superior) em relação ao rim esquerdo, situa-se anterolateralmente ao pilar direito do diafragma e faz contato com a VCI anteromedialmente e o fígado antero- lateralmente. A glândula esquerda em formato de crescente é medial à metade superior do rim esquerdo e tem relação com o baço, o estômago, o pâncreas e o pilar esquerdo do diafragma. Bianca Abreu- MD4 3 Cada glândula tem um hilo, pelo qual as veias e vasos linfáticos saem da glândula, ao passo que as artérias e nervos entram nas glândulas em diversos locais. As margens mediais das glândulas suprarrenais estão distantes 4 a 5 cm. Nessa área, da direita para a esquerda, estão a VCI, o pilar direito do diafragma, o gânglio celíaco, o tronco celíaco, a AMS e o pilar esquerdo do diafragma. A função endócrina das glândulas suprarrenais torna necessária sua abundante irrigação. As artérias suprarrenais ramificam-se livremente antes de entrarem em cada glândula, de modo que 50 a 60 artérias penetram a cápsula que cobre toda a superfície das glândulas. As artérias suprarrenais têm três origens: Artérias suprarrenais superiores (6 a 8) das artérias frênicas inferiores Artérias suprarrenais médias (≤ 1) da parte abdominal da aorta, perto do nível de origem da AMS Artérias suprarrenais inferiores (≤ 1) das artérias renais. A drenagem venosa das glândulas suprarrenais se faz para veias suprarrenais calibrosas. A veia suprarrenal direita curta drena para a VCI, enquanto a veia suprarrenal esquerda, mais longa, que frequentemente se une à veia frênica inferior, drena para a veia renal esquerda. Na cápsula, as artérias ramificam-se para dar origem a três padrões principais de distribuição sanguíneal. Os vasos formam um sistema que consiste em: Capilares capsulares que suprem a cápsula. Capilares sinusoides corticais fenestrados que suprem o córtex e, em seguida, drenam para os sinusoides capilares medulares fenestrados. Arteríolas medulares que atravessam o córtex, seguindo um curso dentro das trabéculas, e trazem sangue arterial para os sinusoides capilares medulares A medula, portanto, tem um suprimento sanguíneo duplo: sangue arterial proveniente das arteríolas medulares e sangue “venoso” proveniente dos capilares sinusoidais corticais que já supriram o córtex. As vênulas que se originam dos sinusoides corticais e medulares drenam nas pequenas veias coletoras adrenomedulares que se unem para formar a grande veia adrenomedular central, que, em seguida, drena diretamente para a veia cava inferior no lado direito e para a veia renal esquerda no lado esquerdo. Nos seres humanos, a veia adrenomedular central e suas tributárias são incomuns, uma vez que elas têm uma túnica média contendo feixes evidentes de células musculares lisas dispostos longitudinalmente. A contração sincronizada dos feixes longitudinais dos músculos lisos ao longo da Bianca Abreu- MD4 4 veia adrenomedular central e de suas tributárias faz com que o volume da glândula suprarrenal diminua. Essa diminuição de volume aumenta o efluxo de hormônios da medula da suprarrenal para a circulação, uma ação comparável a espremer uma esponja molhada. Os vasos linfáticos estão presentes na cápsula e no tecido conjuntivo ao redor dos vasos sanguíneos maiores da glândula. Os vasos linfáticos também são demonstrados no parênquima da medula da suprarrenal. Estudos fisiológicos recentes indicam um papel importante dos vasos linfáticos na distribuição de produtos secretóriosde alto peso molecular das células cromafins, como a cromogranina A, na circulação. A rica inervação das glândulas suprarrenais provém do plexo celíaco e dos nervos esplâncnicos abdominopélvicos (maior, menor e imo). As fibras simpáticas pré-ganglionares mielínicas — derivadas principalmente do núcleo intermediolateral (IML), ou corno lateral, da substância cinzenta dos segmentos medulares T10–L1 — atravessam os gânglios paravertebrais e pré-vertebrais, sem fazer sinapse, e são distribuídas para as células cromafins na medula suprarrenal O tecido parenquimatoso secretor ocorre em duas regiões distintas O córtex é a porção secretora de esteroide. Ele se situa abaixo da cápsula e constitui quase 90% do peso da glândula. A medula é a porção secretora de catecolaminas. Ela se situa profundamente ao córtex e forma o centro da glândula. As células cromafins localizadas na medula da suprarrenal são inervadas pelos neurônios simpáticos présinápticos. A porção central da glândula suprarrenal, a medula, é composta de um parênquima de grandes células epitelioides, de coloração pálida, denominadas células cromafins (células medulares), tecido conjuntivo, vários capilares sanguíneos sinusoidais e nervos. As células cromafins são, com efeito, neurônios modificados.. Numerosas fibras nervosas simpáticas pré-sinápticas mielinizadas passam diretamente até as células cromafins da medula. Quando os impulsos nervosos transportados pelas fibras simpáticas alcançam as células cromafins secretoras de catecolamina, elas liberam seus produtos secretórios. Consequentemente, as células cromafins são consideradas o equivalente dos neurônios pós-sinápticos. Entretanto, elas não contam com prolongamentos axônicos. Consequentemente, as células cromafins assemelham-se mais intimamente às células endócrinas típicas já que seus produtos secretórios entram na corrente sanguínea através dos capilares fenestrados. As células ganglionares também estão presentes na medula. Seus axônios estendem-se Bianca Abreu- MD4 5 perifericamente até o parênquima do córtex da suprarrenal para modular sua atividade secretora e inervar os vasos sanguíneos, e se estendem para fora da glândula até os nervos esplâncnicos que inervam os órgãos abdominais. As células cromafins da medula da suprarrenal têm uma função secretora. As células cromafins estão organizadas em agrupamentos ovoides e em cordões interconectantes curtos. Os capilares sanguíneos estão dispostos em íntima relação com o parênquima. Eles se originam quer dos capilares corticais ou como ramificações das arteríolas corticais. Ultraestruturalmente, as células cromafins são caracterizadas por numerosas vesículas secretoras com diâmetros entre 100 e 300 nm, perfis de RER e um aparelho de Golgi bem desenvolvido. O material secretório nas vesículas pode ser corado especificamente para demonstrar, histoquimicamente, que as catecolaminas epinefrina e norepinefrina secretadas pelas células cromafins são produzidas por tipos celulares diferentes O MET também revela duas populações de células cromafins distinguidas pela natureza de suas vesículas limitadas por membrana: Uma população de células contém apenas grandes vesículas com uma porção central densa. Essas células secretam norepinefrina. A outra população de células contém vesículas que são menores, mais homogêneas e menos densas. Essas células secretam epinefrina. A exocitose das vesículas secretoras é desencadeada pela liberação de acetilcolina pelos axônios simpáticos pré-sinápticos que fazem sinapse com cada célula cromafim. Os glicocorticoides secretados no córtex induzem a conversão de norepinefrina em epinefrina nas células cromafins. Os glicocorticoides produzidos no córtex da suprarrenal alcançam a medula diretamente através da continuidade dos capilares sinusoidais corticais e medulares. Eles induzem a enzima que catalisa a metilação da norepinefrina a produzir epinefrina. A natureza do fluxo sanguíneo correlaciona-se com diferenças regionais na distribuição das células cromafins contendo norepinefrina e epinefrina. Essas células contendo epinefrina são mais numerosas em áreas da medula supridas com sangue que já passou pelos sinusoides corticais e, portanto, contém glicocorticoides secretados. As catecolaminas, em conjunto com os glicocorticoides, preparam o corpo para a resposta de “luta ou fuga”. O córtex da suprarrenal é dividido em três zonas com base no arranjo de suas células: Zona glomerular, a zona externa estreita que constitui até 15% do volume cortical Zona fasciculada, a zona média espessa que constitui quase 80% do volume cortical Zona reticular, a zona interna que constitui apenas 5% a 7% do volume cortical, porém é mais espessa que a zona glomerular devido a sua localização mais central As células da zona glomerular estão arranjadas em agrupamentos ovoides firmemente acondicionados e em colunas encurvadas que são contínuas com os cordões celulares na zona fasciculada. As células da zona glomerular são relativamente pequenas e colunares ou piramidais. Seus núcleos esféricos aparecem densamente dispostos e se coram intensamente. Bianca Abreu- MD4 6 Uma rica rede de capilares sinusoidais fenestrados circunda cada agrupamento celular. As células têm retículo endoplasmático liso (REL) em abundância, múltiplos complexos de Golgi, mitocôndrias grandes com cristas semelhantes a prateleiras, ribossomos livres e algum RER. As gotículas lipídicas são esparsas. A zona glomerular secreta aldosterona, que funciona no controle da pressão arterial. As células da zona glomerular secretam mineralocorticoides, compostos que funcionam na regulação da homeostase do sódio e do potássio e no equilíbrio hídrico. A principal secreção, a aldosterona, age sobre os túbulos distais do néfron no rim, na mucosa gástrica e nas glândulas salivares e sudoríparas para estimular a reabsorção de sódio nesses locais, bem como estimular a excreção de potássio pelos rins. As células da zona fasciculada são grandes e poliédricas. Elas estão dispostas em longos cordões retos, com uma ou duas células de espessura, e estão separadas pelos capilares sinusoidais. As células da zona fasciculada têm um núcleo esférico levemente corado. As células binucleadas são comuns nessa zona. Estudos com o MET revelam características típicas das células secretoras de esteroides, isto é, um RER altamente desenvolvido (mais do que as células da zona glomerular) e mitocôndrias com cristas tubulares. Elas também têm um aparelho de Golgi bem desenvolvido e numerosos perfis de RER que podem conferir uma ligeira basofilia a algumas partes do citoplasma. Entretanto, em geral, o citoplasma é acidofílico e contém numerosas gotículas lipídicas, o que são denominados os espongiócitos, apesar de habitualmente parecer vacuolado nos cortes histológicos de rotina devido à extração de lipídios durante a desidratação. As gotículas lipídicas contêm gorduras neutras, ácidos graxos, colesterol e fosfolipídios que são precursores dos hormônios esteroides secretados por essas células. A principal secreção da zona fasciculada é constituída de glicocorticoides que regulam o metabolismo da glicose e dos ácidos graxos. A zona fasciculada secreta glicocorticoides, assim denominados por causa de seu papel na regulação da gliconeogênese (síntese de glicose) e da glicogênese (polimerização do glicogênio). Um dos glicocorticoides secretados pela zona fasciculada, o cortisol age sobre muitas células e tecidos diferentes para aumentar a disponibilidade metabólica da glicose e dos ácidos graxos, ambos os quais são fontes imediatas de energia A secreção e a produção de glicocorticoides e dos esteroides sexuaispela zona fasciculada estão sob controle por retroalimentação do sistema CRH-ACTH. O ACTH é necessário para o crescimento e manutenção celulares e também estimula a síntese de esteroide e aumenta o fluxo sanguíneo através da glândula suprarrenal. O ACTH exógeno mantém a estrutura e a função na zona fasciculada após hipofisectomia A zona reticular produz glicocorticoides e androgênio. As células da zona reticular são notadamente menores que aquelas da zona fasciculada, e seus núcleos são mais profundamente corados. Eles são dispostos em cordões anastomosantes separados por capilares fenestrados. As células têm uma quantidade relativamente pequena de gotículas lipídicas. São observadas células tanto claras quanto escuras. As células escuras têm grandes grânulos de pigmento lipofuscina abundantes, e núcleos profundamente corados são evidentes. As células dessa zona são pequenas porque têm menos citoplasma que as células da zona Bianca Abreu- MD4 7 fasciculada; portanto, o núcleo aparece mais densamente disposto. Elas exibem características de células secretoras de esteroide, isto é, um REL bem desenvolvido e numerosas mitocôndrias alongadas com cristas tubulares, porém têm pouco RER. As principais secreções da zona reticular são androgênios fracos. A principal secreção das células da zona reticular consiste em androgênios fracos, principalmente dihidroepiandrosterona (DHEA). Essas células também secretam alguns glicocorticoides, em quantidades muito menores que aquelas da zona fasciculada. Aqui, também, o principal glicocorticoide secretado é o cortisol. A zona reticular também é regulada por controle por retroalimentação do sistema CRH-ACTH e se atrofia após hipofisectomia. O ACTH exógeno mantém a estrutura e a função da zona reticular após hipofisectomia. A secreção de glicocorticoides, pela zona fasciculada/reticular, é regulada exclusivamente pelo eixo hipotálamo-hipofisário O CRH é secretado pelo hipotálamo e age nos corticotrofos da hipófise anterior, provocando a secreção de ACTH. Por sua vez, o ACTH atua sobre as células do córtex suprarrenal para estimular a síntese e a secreção dos hormônios adrenocorticais. O CRH é polipeptídeo que contém 41 aminoácidos. É secretado por células dos núcleos paraventriculares do hipotálamo. Como outros hormônios hipotalâmicos que agem sobre a adenohipófise, o CRH chega à hipófise pelo sangue porta hipotalâmico-hipofisário. No lobo anterior, atua sobre os corticotrofos por meio do mecanismo de adenilil ciclase/AMPc que causa secreção de ACTH para a corrente sanguínea. O ACTH, o hormônio da adenohipófise, tem vários efeitos sobre o córtex suprarrenal. Os efeitos imediatos do ACTH são o de estimular a transferência do colesterol armazenado para a mitocôndria, para estimular a ligação do colesterol ao citocromo P-450 e para ativar a colesterol desmolase. Os efeitos, a longo prazo, do ACTH incluem a estimulação da transcrição dos genes para o citocromo P-450 e para adrenoxina e regulação para cima dos receptores de ACTH. Os efeitos crônicos dos níveis elevados de ACTH incluem hipertrofia e hiperplasia das células corticais suprarrenais, mediado por fatores de crescimento locais (p. ex., IGF-2). Como notado, ACTH tem padrão secretor pulsátil e diurno que gera o padrão paralelo de secreção de cortisol. O pico noturno de ACTH (i.e., anterior ao despertar) é produzido, por sua vez, pelo surto da secreção de CRH. O “relógio interno” que determina o padrão diurno pode ser deslocado por alternância do ciclo sono-vigília (p. ex., variando o horário de dormir e de despertar). Bianca Abreu- MD4 8 O padrão diurno é abolido por coma, cegueira ou exposição constante à luz ou ao escuro. A retroalimentação negativa é exercida pelo cortisol em três pontos no eixo hipotálamo- hipófise. (1) O cortisol inibe diretamente a secreção de CRH do hipotálamo. (2) O cortisol inibe, indiretamente, a secreção de CRH, pelos efeitos sobre os neurônios do hipocampo, que fazem sinapse no hipotálamo. (3) O cortisol inibe a ação do CRH na adenohipófise, resultando em inibição da secreção de ACTH. Assim, a deficiência crônica de cortisol leva à estimulação do eixo CRH-ACTH e a níveis aumentados de ACTH; excesso crônico de cortisol leva à inibição (supressão) do eixo CRH-ACTH e diminuição dos níveis de ACTH. 1. Feedback Negativo de Alça Longa 2. Feedback Negativo de Alça Curta 3. Feedback Negativo de Alça Ultracurta Os hormônios esteroides compartilham uma etapa inicial em seu processo de biossíntese (esteroidogênese), que consiste na conversão do colesterol em pregnenolona O colesterol utilizado para a síntese dos hormônios esteroides pode originar-se da membrana plasmática ou derivar do reservatório citoplasmático esteroidogênico de ésteres de colesteril. O colesterol livre é produzido pela ação da enzima colesterol-éster-hidrolase. O colesterol é transportado da membrana mitocondrial externa para a membrana mitocondrial interna, sendo esse processo seguido de sua conversão em pregnenolona pela enzima P450scc; essa membrana mitocondrial interna é encontrada em todas as células esteroidogênicas. Essa etapa é considerada como a etapa limitadora de velocidade na síntese dos hormônios esteroides e necessita da proteína reguladora aguda de esteroides (StAR, de steroid acute regulatory). A StAR é de importância crítica na mediação do transporte de colesterol para a membrana mitocondrial interna e no sistema enzimático de clivagem da cadeia lateral do colesterol. Essa conversão do colesterol em pregnenolona constitui a primeira etapa em uma sequência de múltiplas reações enzimáticas envolvidas na síntese dos hormônios esteroides. Como as células que compõem as diferentes partes do córtex suprarrenal exibem características enzimáticas específicas, a via de síntese dos hormônios esteroides resulta na síntese preferencial dos glicocorticoides, mineralocorticoides ou androgênios, dependendo da região. As células da zona fasciculada e da zona reticular da suprarrenal sintetizam e secretam os glicocorticoides cortisol ou corticosterona pela via indicada a seguir A pregnenolona, presente nas mitocôndrias, é convertida em progesterona ou 17a-OH- pregnenolona. A conversão da pregnenolona em progesterona é mediada pela 3β- Bianca Abreu- MD4 9 hidroxiesteroide-desidrogenase. A progesterona é convertida em 11-desoxicorticosterona pela 21- hidroxilase; a seguir, a 11-desoxicorticosterona é convertida em corticosterona pela 11β-hidroxilase. A conversão da pregnenolona em 17a-OH- pregnenolona é mediada pela 17α-hidroxilase; a 17a-OH-pregnenolona é convertida em 17a-OH- progesterona pela 3b-hidroxiesteroide- desidrogenase; a 17a-OH-progesterona é convertida em 11-desoxicortisol ou androstenediona. A enzima 21-hidroxilase medeia a conversão da 17a-OH-progesterona em 11-desoxicortisol, que, a seguir, é convertido em cortisol pela 11b- hidroxilase. Tanto a 17a-OH-pregnenolona quanto a 17a-OH-progesterona podem ser convertidas nos androgênios DHEA e androstenediona, respectivamente. A DHEA é convertida em androstenediona pela 3b-hidroxiesteroide- desidrogenase. Alguns corticosteroides circulam no plasma ligados a uma α-globulina específica, denominada transcortina. A capacidade de transporte da transcortina para o cortisol e a corticosterona é limitada, de modo que o excesso hormonal passa a ser transportado pela albumina. Os corticosteroides são inativados no fígado, onde sua molécula é quebrada e os derivados conjugados com ácido glicurônico* (moléculas lipossolúveis, que não podem ser eliminadas na urina ou bile -soluções aquosas-, devem reagir com ácido glicurônico, para que sua excreção ocorra. Esse processo que ocorre no fígadoé conhecido como conjugação com o ácido glicurônico) são excretados na urina. Pela degradação urinária e hepática, os corticosteroides apresentam uma meia-vida muito curta. A meia-vida do cortisol é de somente 90 minutos. Os hormônios mineralocorticoides (mcs), como a aldosterona; e glicocorticoides (gcs), como o cortisol, por serem hormônios esteroides, penetram livremente o citoplasma e se ligam aos receptores específicos intracelulares, os quais compartilham 57% de homologia no domínio de ligação do ligante e 94% de homologia no domínio de ligação do dna. O cortisol se liga ao receptor de mineralocorticoides (mr) com alta afinidade. Os receptores tipo i são expressos predominantemente no rim e são específicos para os mineralocorticoides, porém exibem alta afinidade pelos glicocorticoides. Os receptores tipo ii são expressos em praticamente todas as células e são específicos para os glicocorticoides. Após a ligação deste, eles sofrem dimerização antes de sua translocação nuclear e ligação aos elementos de resposta do dna, aumentando ou suprimindo a transcrição de genes específicos. Ao se ligarem ao núcleo, determina a síntese de rna e de proteínas citoplasmáticas. Resume-se então, o mecanismo de ação dos glicocorticoides: 1. O cortisol se difunde através da membrana celular e entra na célula-alvo, onde se liga a proteínas Bianca Abreu- MD4 10 receptoras específicas situadas no citoplasma. A proteína receptora (receptor de glicocorticoide tipo ii) consiste em uma cadeia longa de aminoácidos formada por 6 domínios distintos, com uma porção aminoterminal e carboxiterminal, caracterizada como uma fosfoproteína monomérica pertencente à superfamília de receptores intracelulares. O sítio de ligação do cortisol está localizado no domínio e da proteína, próximo de sua porção carboxiterminal; com a formação do complexo hormônio-receptor, esse passa por alteração conformacional e entra no núcleo celular; 2. Dentro do núcleo, o complexo hormônio- receptor se dimeriza e se liga, através de seu domínio c (região central da fosfoproteína que contém dois dedos de zinco, essenciais para a ligação do complexo hormônio receptor ao dna- alvo), a sequências específicas de dna denominadas rge (elementos de resposta aos glicocorticoides, localizadas na região 5’ dos genes-alvo); 3. Ao se ligar em seus genes-alvo, o complexo hormônio-receptor se transforma, de fato, em um fator de transcrição, que regula o processo de transcrição gênica para a formação de futuros rnas mensageiros responsáveis pela síntese de proteínas específicas que realizarão a ação do cortisol. Regulação da Secreção A secreção de Glicocorticoides pela Zona Fasciculada e Reticular é regulada exclusivamente pelo Eixo Hipotálamo-Hipofisário. O Hormônio Liberador de Corticotropina (CRH) é secretado pelo Hipotálamo e age nas Células da Adenohipófise chamadas Corticotrofos, provocando a secreção do Hormônio Adrenocorticotrofico, ou Adrenocorticotrofina (ACTH). O ACTH, por sua vez, atua sobre as Células do Córtex Adrenal para estimular a síntese e secreção dos Hormônios Adrenocorticais. Hormônio Liberador de Corticotropina (CRH): é um polipeptídeo secretado pelas Células dos Núcleos Paraventriculares do Hipotálamo. É liberado por meio da Eminência Mediana do Hipotálamo, chegando à Hipófise através do Sistema Porta Hipotalâmico-Hipofisário. Na Adenohipófise, o CRH atua sobre os Corticotrofos, numa ligação que se dá através do mecanismo de Adenilato Ciclase/AMPcíclico, promovendo a secreção do Hormônio Adrenocorticotróofico (ACTH) à Corrente Sanguínea. A secreção de CRH é controlada por diversos fatores químicos e neurais considerados agressivos, os quais liberam Neurotransmissores no Hipotálamo -tais como a Acetilcolina-, os quais determinam a secreção de CRH. Hormônio Adrenocorticotrófico/ Adrenocorticotrofina (ACTH): um Hormônio Peptídico, Hidrossolúvel que é captado por Receptores de Membrana, ativando o Sistema Adenilato Ciclase/AMPcíclico no Córtex Suprarrenal e que, por ação da Proteína Quinase A (PKA), determina, imediatamente, a síntese de proteína no Ribossomo que age como Transportador do Colesterol armazenado nas Gotículas Lipídicas até as Mitocôndrias, iniciando a síntese dos Hormônios Esteroides. Além disso, ele estimula a ligação do Colesterol ao Citocromo P- 450 e ativa a Enzima Colesterol Desmolase, a qual cliva o Colesterol em Pregnolona. Os efeitos, a longo prazo, do ACTH incluem a estimulação da transcrição dos genes para o Citocromo P-450 e para Adrenoxina e Regulação para cima dos Receptores de ACTH. Os efeitos crônicos dos níveis elevados de ACTH incluem Hipertrofia e Hiperplasia das Células Corticais Suprarrenais, mediado por Fatores de Crescimento Locais, como o IGF-2. Bianca Abreu- MD4 11 HIPOTÁLAMO (núcleo paraventricular) CRH (hormônio liberador de corticotropina) ADENHIPÓFISE ACTH (corticotropina ou adrenocorticotropin) CORTISOL O ACTH estimula a liberação de Cortisol por meio de um Receptor de Melanocortina 2 da membrana plasmática das Células Adrenocorticais, via Proteína Gs. 1o mensageiro se liga ao receptor da proteina G domínio α desliza e encontra Adenilato Cilcase que produz ⬆AMPc (2o mensageiro) ativa Enzima Proteína Quinase A (PKA) a qual causa a conversão inicial de Colesterol em Pregnenolona, por meio da Enzima StAR (etapa limitante da síntese de hormônios adrenocorticais) Bianca Abreu- MD4 12 Relação entre Cortisol, as Catecolaminas e o Estresse A resposta ao estresse desenvolve-se numa escala temporal que vai de milissegundos a dias. A primeira onda de efeitos deve-se à liberação de monoaminas, pelo SNA e pelos Peptídeos (CRH), começando alguns segundos após o estressor. A segunda onda compreende efeitos moleculares, principalmente pela secreção de Glicocorticoides, que ativam os Fatores de Transcrição, produzindo Efeitos Genômicos e Estruturais. Os Glicocorticoides produzidos no Córtex da Suprarrenal alcançam a Medula diretamente através da continuidade entre os Capilares Sinusoidais Corticais e Medulares. Eles induzem a enzima que catalisa a reação Metilação da Noradrenalina para produzir Adrenalina. A natureza do Fluxo Sanguíneo correlaciona-se com diferenças regionais na distribuição das Células Cromafins contendo Noradrenalina e Adrenalina. As Células que contêm Adrenalina são mais numerosas em áreas da Medula supridas com sangue que já passou pelos Sinusóides Corticais e, portanto, contém Glicocorticoides secretados. Relação entre Cortisol, GH e Estresse Outra alteração provocada pelo Cortisol, que varia em situações de estresse, é sobre a Somatotrofina (GH): o Estresse Agudo conduz a um aumento na secreção e síntese de GH por aumentar a responsividade dos Somatotrofos ao estímulo do GHRH, elevando a expressão de GH; entretanto, o Estresse Crônico ou prolongado aumenta a produção de Somatostatina pelo Hipotálamo. Essa inibição do GH está de acordo com as ações biológicas dos Glicocorticoides em aumentar o Catabolismo Proteico e inibir o Crescimento e Deposição Óssea, sendo essas ações contrárias ao que o GH realiza, pois se trata de um Hormônio Anabólico. Relação entre Cortisol e Hormônios Sexuais No Sistema Reprodutor, os Efeitos Inibitórios são observados predominantemente com Glicocorticoides em altas doses. A diminuição da Concentração Plasmática de Testosterona encontrada em pacientes masculinos resulta da inibição da produção de LH e a ações diretas nos testículos, além da potencialização do Feedback Negativo exercido por esse Andrógenona produção das Gonadotrofinas. Por outro lado, em pacientes femininos, ocorre supressão dos níveis plasmáticos de LH basal e Ação dos Glicocorticoide Os Glicocorticoides são essenciais para a vida. Se o Córtex Suprarrenal for removido ou se não estiver funcionando, Glicocorticoides Exógenos devem ser administrados ou ocorrerá morte. As ações dos Glicocorticoides, como o Cortisol, são essenciais para a Gliconeogênese, Reatividade Vascular às Catecolaminas, supressão das Respostas Inflamatórias e Imunológicas e modulação da função do SNC. O Cortisol, principal Glicocorticoide, exerce efeitos Multissistêmicos, haja visto que, praticamente todas as Células expressam Receptores para Glicocorticoides. Seu efeito essencial é o de provocar Hiperglicemia, daí o nome “Glicocorticoide”. Cortisol e estresse Estágio Alarme (Estresse Agudo): o Estresse Agudo pode ser entendido como uma ameaça imediata, a curto prazo, comumente conhecida como resposta à luta ou fuga. A “ameaça” pode ser qualquer situação considerada como perigosa e, após o evento (que dura de minutos a horas), há uma resposta de relaxamento. Em Bianca Abreu- MD4 13 geral, como consequências fisiológicas imediatas devido a alterações hormonais na resposta ao estresse, ocorre aumento do Ritmo Cardíaco e Frequência Respiratória, ativação da Resposta Imune, mobilização de energia, aumento do Fluxo Sanguíneo Cerebral e da utilização da Glicose, perda de apetite, do interesse sexual e maior retenção de água e Vasoconstrição (para o caso de perda de fluidos). Estes fenômenos ocorrem em períodos que vão de segundos a poucos minutos. Estágio de Exaustão (Estresse Crônico): caracteriza-se pela persistência da resposta ao Estresse (Cronicidade), que leva à Imunodepressão. A Imunodepressão ocorre devido ao Potencial Imunossupressor dos Glico- corticoides, estes que inibem a ação dos Glóbulos Brancos por meio de Receptores Celulares e podem dimi-nuir a Produção Linfocitária. Por outro lado, o Estresse é denominado Crônico quando persiste por vários di-as, semanas ou meses. Efeitos Metabólicos Metabolismo Glicídico: o Cortisol promove, em geral, efeitos Catabólicos e Diabetogênicos. Esses efeitos se dão pela estimulação da Proteólise e da Gliconeogênese, bem como pela inibição da síntese de Proteínas Musculares e aumento da mobilização de Ácidos Graxos. No Fígado, o Cortisol aumenta a expressão de Enzimas Gliconeogênicas, tais como as Transminases, que convertem os Aminoácidos em Alfa- Cetoácidos, e, logo depois, outras enzimas- chave: Fosfoenolpiruvato-Carboxiquinase, a Tirosina-Aminotransferase e a Glicose-6- Fosfatase. No Músculo, o Cortisol interfere na Translocação do Transportador de Glicose 4 (GLUT-4) para a Membrana Plasmática, o que interefere diretamente na captação de Glicose pelos Músculos. No Tecido Adiposo, o Cortisol aumenta a Lipólise, o que fornece Glicerol adicional ao Fígado, para a Gliconeogênese. O Cortisol é essencial para a sobrevida durante o jejum. Correlação Clínica-Disfunções na produção de Cortisol: no Hipocortisolismo (Insuficiência Suprarrenal Primária, Doença de Addison), ocorrem Hipoglicemia. No Hipercortisolismo (Síndrome de Cushing), ocorre Hiperglicemia, o que pode produzir um quadro de Diabetes Esteroidal. Metabolismo de Lipídeos: no Tecido Adiposo, o Cortisol apresenta Atividade Lipolítica e, ao mesmo tempo, a Lipogênese é deprimida pela entrada reduzida de Glicose nos Adipócitos, esta que é necessária para a formação do α-Glicerolfosfato, requisito importante para a formação do Glicerol. Metabolismo Proteico: altas concentrações de Cortisol determinam Catabolismo Proteico em vários tecidos, como o Músculo Esquelético, o Tecido Linfoide e o Tecido Ósseo, cujos aminoácidos são utilizados pelo Fígado para a Gliconeogênese. Além disso, há um Efeito Antianabólico, pois o Cortisol inibe a incorporação de aminoácidos à molécula proteica destes tecidos, levando, de modo geral, a uma redução da massa proteica tecidual. São 4 as ações dos Glicocorticoides sobre o Metabolismo Proteico: 1. Redução das Proteínas Celulares: em praticamente todos os tecidos, com exceção do Fígado. Isso é causado pela: (1) Redução da Síntese Proteica; atrelada ao (2) aumento do Catabolismo Proteico nas Células. Esse efeito é nítido pela ação dos Glicocorticoides em diminuir a formação de RNAm e a subsequente tradução deste em Proteínas Celulares, principalmente nos Músculos (tornam-se fracos) e nos Tecidos Linfoides (diminuindo Funções Imunológicas); 2. Aumento das Concentrações Plasmáticas e Hepáticas de Proteínas: resulta da ação do Cortisol em estimular o transporte de Bianca Abreu- MD4 14 Aminoácidos para os Hepatócitos e reduzir para os demais tecidos; 3. Redução no Transporte de Proteínas para as Células Extra-Hepáticas: esse efeito diminui as Concentrações Intracelulares de Proteínas e, consequentemente, a Síntese Proteica nos Tecidos Extra-Hepáticos. Entretanto, o Catabolismo Proteico continua a aumentar a degradação de Proteínas em Aminoácidos, liberando-os para a Circulação Sanguínea; esse efeito, atrelado ao aumento da síntese e liberação proteica pelo Fígado, eleva a Concentração Plasmática de Aminoácidos. Portanto, os Glicocorticoides mobilizam aminoácidos nos Tecidos Não-Hepáticos e, dessa forma, reduzem as Reservas Intracelulares de Proteínas; 4. Aumento das Proteínas Hepáticas: a elevação na Concentração Plasmática de Aminoácidos e seu transporte aumentado para as Hepatócitos, induzidos pelo Cortisol, são os responsáveis pela maior utilização celular de aminoácidos pelo Fígado, causando os seguintes efeitos no Fígado: maior desaminação de aminoácidos; aumento da Síntese Proteica; maior formação de Proteínas Plasmáticas (principalmente a Albumina); e aumento da conversão de Aminoácidos em Glicose (Gliconeogênese). Metabolismo Hidroeletrolítico: isso se dá pela atuação do Cortisol sobre os Sistemas Cardiovascular e Urinário (retenção de Na+ e água; e excreção de K+). O Cortisol aumenta a Taxa de Filtração Glomerular (TFG) por diminuição da Resistência Pré-Glomerular ao Fluxo Sanguíneo e diminuição da secreção do Hormônio Antidiurético/ Vasopressina (ADH). Esses efeitos, somados à elevação da síntese de Angiotensinogênio, induzida pelo cortisol, que potencializa a ação do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (através da Angiotensina II) na indução de elevada vasoconstrição, provoca alterações na dinâmica do Sistema Cardiovascular: aumento da Pressão Arterial pela retenção de Na+ (aumento da Volemia Intravascular), excreção aumentada de K+ (causa de Taquicardia), redução de Prostaglandinas (potente Ação Vasodilatadora) e Ação Vasoconstritora da Angiotensina II. Além disso, o Cortisol também diminui a captação tecidual de Noradrenalina, o que potencializa ainda mais a Taquicardia e a P.A elevada. Efeitos Orgânicos Sistema Nervoso Central: diversas estruturas neurais apresentam Receptores para Glicocorticoides, particularmente no Sistema Límbico. O Cortisol diminui o Sono REM, aumenta o Sono de Ondas Lentas e aumenta o tempo de Vigília. Uma situação que ilustra o papel do Cortisol sobre o SNC é o que ocorrem com os indivíduos portadores da Síndrome de Addison (Insuficiência Adrenocortical), onde o indivíduo tem tendência à insônia. Sistema Digestório: o Cortisol aumenta a secreção gástrica de HCl e Pepsinogênio* (quando em contato com o HCl, o Pepsinogênio, forma inativa, transforma-se na Pepsina, que é ativa), de modo que, em situação de alto nível de Estresse, produzem- se facilmente Úlceras Gástricas. Sistema Hematológico: o Cortisol tem a propriedade de estimular a Medula Óssea, aumentando a Eritropoese e a Leucopoese (Leucócitos)e, moderadamente, o número de Plaquetas circulantes. Entretanto, outros elementos sanguíneos como Eosinófilos e Linfócitos diminuem sob o efeito do Cortisol. A Eosinopenia ocorre devido ao maior sequestro nos tecidos. Por outro lado, a Linfopenia resulta da Depressão do Sistema Linfático em geral, pois o Cortisol produz atrofia do Timo, Gânglios e Nódulos Linfáticos, e age, com menos efeito, no Baço. Bianca Abreu- MD4 15 Sistema Ósseo: no Osso e na Cartilagem, o Cortisol diminui a expressão e a ação do Fator de Crescimento Semelhante à Insulina do tipo I, da Proteína de Ligação do IGF-1 e do Hormônio do Crescimento. Desse modo, o excesso de Glicocorticoides resulta em Osteoporose por redução da Matriz Orgânica e compromete o crescimento ósseo em crianças (Condrogênese e Osteogênese) ao inibir a síntese de Colágeno do tipo I e de Osteoblastos, por meio da inibição das Células Osteoprogenitoras. Além disso, induz o aumento da Atividade Osteoclástica, acelerando o processo de Reabsorção Óssea. Além disso, apresenta ação antagônica à Vitamina D3, diminuindo a absorção intestinal de Ca+2. O cortisol possui Efeitos Agudos Anti-inflamatórios (inibição da Via de Sinalização NF-kb, que suprime a síntese e secreção de Interleucinas Pró- Inflamatórias) com potente ação inibitória na Reabsorção Óssea: ao suprimir a IL-1, IL-6 e TNF, o Cortisol impede a diferenciação de Pré- Osteoclastos e atenua a atividade de Osteoclastos maduros. Por outro lado, em um quadro de Hipercortisolismo Crônico, como na Doença de Cushing não tratada, ocorre intensa perda de Massa Óssea por atuação direta do cortisol. Essa ação se dá a partir do efeito dos Glicocorticoides em inibir a secreção de OPG (Osteoprotegerina) pelos Osteoblastos Ativos, o que reduz a captação de RANK-L pela OPG e maior ligação desse com seu Receptor RANK (presente em Osteoclastos maduros e pré-Osteoclastos), elevando a atividade e diferenciação de Osteoclastos. Sistema Vascular: o Cortisol é necessário para a manutenção da Pressão Arterial normal e desempenha papel permissivo nas Arteríolas Regulando para Cima os Receptores α1- adrenérgicos. Dessa maneira, o Cortisol é necessário para a Resposta Vasoconstritora das Arteríolas às Catecolaminas. No Hipocortisolismo, ocorre Hipotensão; no Hipercortisolismo, ocorre Hipertensão. Efeito Antiinflamatório e Antialérgico: o Processo Inflamatório tem cinco estágios principais: (1) a liberação de substâncias químicas que ativam o Processo Inflamatório, liberadas pelas células de tecidos lesados, tais como a Histamina, Bradicinina, Enzimas Proteolíticas, Prostaglandinas e Leucotrienos; (2) aumento do Fluxo Sanguíneo na área inflamada, denominado Eritema; (3) extravasamento de grandes quantidades de Plasma para as áreas lesadas, inundando-a de líquidos devido ao aumento da Permeabilidade Capilar; (4) Infiltração Leucocitária na região inflamada; e, por fim, após dias o semanas, (5) o crescimento de Tecido Fibroso que frequentemente contribui para o Processo Regenerativo. Quando uma grande quantidade de Cortisol é secretada ou injetada no organismo, ocorrem dois grandes efeitos Anti-Inflamatórios básicos: (1) o bloqueio dos Estágios Iniciais do Processo Inflamatório, antes mesmo do início da inflamação; e, se a inflamação já se iniciou, (2) a rápida resolução do processo com aumento da Regeneração Tecidual. Em detalhes, o Cortisol apresenta os seguintes efeitos na prevenção da inflamação: 1. O Cortisol estabiliza as membranas dos Lisossomos, tornando-as muito mais difíceis de se romper. Assim, a maior parte das Enzimas Proteolíticas liberadas pelas células lesada que provocam e agravam o Processo Inflamatório, agora tem suas quantidades muito reduzidas; 2. O Cortisol reduz a Permeabilidade Capilar, provavelmente como efeito secundário da diminuição na liberação de Enzimas Proteolíticas; o que impede a perda de Plasma para os tecidos. A Permeabilidade Capilar também é reduzida pela ação dos Glicocorticoides em diminuir os níveis de NO e a liberação de Histamina, principais Substâncias Vasodilatadoras do Processo Inflamatório; Bianca Abreu- MD4 16 3. O Cortisol reduz a migração de Leucócitos para a Área Inflamada e a Fagocitose das Células Lesadas, sendo resultados direto do fato de que os Glicocorticoides reduzem a formação de Prostaglandinas e Leucotrienos que aumentariam a Vasodilatação, a Permeabilidade Capilar e, consequentemente, a mobilidade dos Leucócitos. Além disso, há supressão das principais Interleucinas Pró- Inflamatórias responsáveis pelo recrutamento das Células de Defesa, tais como o IL-1, IL-2, IL-6, IL-8, IFN-γ e TNF-α; 4. O Cortisol provoca Imunossupressão, reduzindo acentuadamente a reprodução de Linfócitos T. Assim, menores quantidades de Células T e Anticorpos penetram na Área Inflamada e reduzem as Reações Teciduais que promovem o Processo Inflamatório. Esse efeito se dá, predominantemente, por redução da liberação de IL-2, a principal citocina que prolifera os Linfócitos T; assim, não ocorre clonagem das Células T e sua diferenciação em subtipos pró-inflamatórios (Th1 e Th17) não acontece; 5. O Cortisol atenua a febre, principalmente por reduzir a liberação de IL-1 a partir dos Leucócitos, que é uma das principais substâncias estimuladoras do Sistema Termorregulador Hipotalâmico. A diminuição e estabilização da temperatura, por sua vez, reduz o grau de dilatação dos capilares, tornando mais difícil a mobilização de Leucócitos para a Área Inflamada e atenuando o Edema e Eritema; 6. O Cortisol aumenta a expressão, a síntese e a secreção da Proteína Lipocortina/Anexina-1, um polipeptídeo anti-inflamatório que inibe a Enzima Fosfolipase A2, suprimindo a produção de Prostaglandinas e Leucotrienos. Além disso, os Glicocorticoides também diminuem a expressão da Enzima COX-2, responsável pela síntese de Prostaglandinas; 7. O cortisol diminui a expressão das proteínas componentes do Sistema Complemento, reduzindo assim a ação do mesmo em eliminar Corpos Estranhos Opsonizados por Anticorpos e outras substâncias. Além de provocar Imunossupressão e causar a reversão do Processo Inflamatório, o Cortisol também dá impulso para a resolutividade do Processo Inflamatório, através da aceleração da regeneração do tecido lesado que desencadeou as subsequentes etapas da inflamação. Esse efeito resulta, principalmente, da mobilização de aminoácidos e de seu uso para reparar os Tecidos Lesados, além do estímulo à Gliconeogênese no Fígado que disponibiliza maiores quantidades de glicose aos Sistemas Metabólicos essenciais; ao lado dessas duas ações, o Efeito Anti-Inflamatório do Cortisol em diminuir a quantidade de Substâncias Pró-Inflamatórias auxilia na Regeneração Tecidual. Obs.: O Cortisol aumenta a síntese de Lipocortina (ou anexina = são sinônimos) na membrana celular das células imunológicas, fazendo com que a lipocortina estabilize a fosfolipase A2 (FA2) e evite que ela se quebre em alguns metabólitos, dentre eles, o Ácido araquidônico responsável pelos sinais flogísticos típicos da inflamação, assim tendo efeito anti-inflamatório ESTEROIDAL Também agem diminuindo a IL-12, age diminuindo os estímulos para Musculoconstrição, Vasodilatação (que geram Dor, Rubor, Calor e facilitam a passagem de líquidos e (as vezes) proteínas, gerando o Edema. Pelo Cortisol ser feito a partir de Lipídio (colesterol), ele passa facilmente pela membrana celular das células imunológicas, entrando em seu núcleo e impedindo que o nkfb se ligue a seu receptor e inicie a transcrição de interleucinas pró inflamatórias (IL-1,IL-6, IL-2, IL-12 e TNFa). É Bianca Abreu- MD4 17 importante lembrar que o estímulo de cortisol a longo prazo gera uma ativação dosestímulos b- adrenérgicos vindos das catecolaminas. Ambos os mecanismos atuam em conjunto reduzindo a produção de ILs inflamatórias e derivando a resposta imune para th-2, que é extracelular. Reduzindo assim, a resposta por meio da redução de IL-2 que é responsável pela expansão clonal, prejudicando tanto resposta Th1 quanto Th2, levando o organismo a uma resposta falha a quaisquer patógenos. Lipogênese e Lipólise O Hipercortisolismo causa Lipogênese Central e Lipólise Periférica, pois há mais Receptores para Glicocorticoides nos Adipócitos da Gordura Periférica do que na Gordura Central, bastante escassa da ação do Cortisol. Dessa forma, o Cortisol age na Gordura Periférica, causando Lipólise e Resistência a utilização de Glicose, enquanto que na Gordura Central, apresenta ações ínfimas. Nesse sentido, o Hipercortisolismo, que eleva a Gliconeogênese no Fígado, provoca a transformação da Glicose excessiva que não foi transportada para a Corrente Sanguínea (ou que não foi estocada na forma de Glicogênio) em gordura, que então é levada por Lipoproteínas LDL para a Gordura Central. Como a resistência à utilização de Glicose e o efeito de “Diabetes Adrenal’’ não se desenvolve na Gordura Central, essa pode utilizar a Glicose para armazenar gordura na forma de Triglicerídeos (visto que a Enzima α-Glicerolfosfato não tem sua atividade reduzida, aumentando assim a captação e o armazenamento lipídico nos Adipócitos da Gordura Central). O cortisol endógeno é quem gera a imunodepressão, já o cortisol exógeno (glicocorticoide) é o que gera a imunossupressão. Alostase Diferentemente dos sistemas homeostáticos que priorizam a regulação por meio de mecanismos de retroalimentação negativa, os sistemas alostáticos dão relevância também aos mecanismos de regulação por retroalimentação positiva e por meio de ajustes antecipatórios que podem funcionar acoplados e simultaneamente em diferentes sistemas fisiológicos. Dessa forma, além de: (a) identificar e corrigir os erros, os sistemas alostáticos dispõem de meios para (b) produzirem um ajuste estreito e que serve a eficiência do mecanismo, prevendo, integrando e ajustando demandas, (c) dividir recursos entre os sistemas fisiológicos, evitando assim a exaustão de alguns sistemas e subutilização de outros, e (d) armazenar informações de erros e minimizar tanto a magnitude quanto a frequência dos mesmos em momentos posteriores A teoria da alostase distingue que os organismos podem funcionar em diferentes condições de ajustes, desde que estas novas condições possibilitem melhor adaptação dos organismos ao meio. A demanda para o estabelecimento de uma nova condição de ajuste pode ser desencadeada por agentes internos (mecanismos genéticos, neurais ou hormonais) ou externos (ambiente físico e social), previsíveis ou não, como acontece nos casos de incidência de um agente estressor Diferenciar as alterações dos níveis de cortisol (Cushing, Addison, Hiperplasia adrenal congênita) DOENÇA DE ADDISON (INSUFICIÊNCIA ADRENOCORTICAL PRIMÁRIA OU HIPOADRENALISMO): resulta da incapacidade do Córtex Adrenal de produzir Hormônios Adrenocorticais suficientemente, o que é, na maioria das vezes, causado por Atrofia Primária Bianca Abreu- MD4 18 ou Lesão do Córtex Adrenal. Em cerca de 80% dos casos, a Atrofia é causada por Destruição Autoimune das Zonas Corticais; e em minoria, por Destruição Tuberculosa das Adrenais ou por cânceres metastáticos invasores. Nessa doença, ocorre diminuição da síntese dos Hormônios Corticais, dentre eles, de Cortisol, Androgênios Sexuais e Aldosterona. A Doença de Addison provoca os seguintes dis-túrbios: Deficiência de Mineralocorticoides: a ausência da secreção de Aldosterona reduz a Reabsorção Tubular de Na+ e, consequentemente, permite que íons Na+, Cl- e água sejam eliminados em grandes quantidades pela Urina. Quais os efeitos disso? Grande redução do volume do Líquido Extracelular (LEC), Hiponatremia*, Hiper- calemia e Acidose leve; devido à incapacidade de secretar íons K+ e H+, em troca da Reabsorção de Na+. À medida que o LEC vai sendo depletado, o Volume Plasmático cai e a concentração de Hemácias aumenta, o que leva à diminuição do Débito Cardíaco e da Pressão Arterial, fazendo com que o paciente morra por Choque Circulatório Cardiogênico. Deficiência de Glicocorticoides: a perda da secreção de Cortisol torna impossível aos pacientes portadores da Doença de Addison normalizar a Glicemia no período entre as refeições, pois são incapazes de sintetizar quantidades significativas de Glicose, restando, apenas, a ação do Glucagon. Além disso, reduz-se a mobiliza-ção de Proteínas e Lipídeos nos tecidos, deprimindo outras funções metabólicas do organismo. Na ausência de secreção adequada de Cortisol, o indivíduo fica suscetível aos efeitos deletérios dos diferentes tipos de Estresse, de modo que até mesmo uma Infecção Respiratória leve pode causar a morte. INSUFICIÊNCIA SUPRARRENAL SECUNDÁRIA: ocorre quando: (1) o CRH é insuficiente; ou (2) o ACTH é insuficiente, quadro resultante da falta de Corticotrofos na Adenohipófise. Nesse caso, a produção de Aldosterona e de Cortisol diminuem; e, por falta de estímulo do ACTH, as Glândulas Adrenais podem atrofiar. Dessa forma, ilustra-se o princípio do Desmame Farmacológico, pois durante a administração exógena de Glicocorticoides no tratamento de Doenças Crônicas, há supressão do CRH e do ACTH. Consequentemente, a súbita interrup-ção do tratamento pode se manifestar sob a forma de Caso Agudo de Insuficiência Suprarrenal. A deficiência de Cortisol produz diversos sintomas que também ocorrem na Síndrome de Addison (Ex: Hipoglicemia). Quais as diferenças entre a Insuficiência Suprarrenal Primária e Secundária? (1) Na Insuficiência Suprarrenal Secundária, os níveis de ACTH são baixos, e não altos; (2) na Insuficiência Adrenocortical Secundária, os níveis de Aldosterona, geralmente, estão normais porque a síntese de Aldosterona, pela Zona Glomerulosa, requer apenas níveis tônicos de ACTH. Se os níveis de Aldosterona forem normais, Hipercalemia, Acidose Metabólica e contração do volume de LEC não estarão presentes. (3) Na Insuficiência Adrenocortical Secundária, não ocorre hiperpigmentação porque os níveis de ACTH (que contêm fragmento do Hormônio Alfa Estimulante de Melanócitos- α-MSH) estão baixos, e não altos, como ocorre na Doença de Addison. SÍNDROME DE CUSHING (HIPERADRENALISMO): resulta da Hipersecreção dos Hormônios Adrenocorticais pela Glândula Adrenal. Ela pode ser causada por um excesso da produção espontânea de Cortisol pelo Córtex Suprarrenal; ou devido à administração de doses farmacológicas de Glicocorticoides Exógenos. No que tange ao aumento da produção de Cortisol (Hipercortisolismo), temos como causas: (1) Adenomas na Adenohipófise que secretam grandes quantidades de ACTH, o que, por sua vez, causa Hiperplasia Adrenal e secreção excessiva de Cortisol; (2) função anormal do Hipotálamo, o que resulta em altos níveis de CRH- que estimula a produção de ACTH-; (3) Bianca Abreu- MD4 19 Secreção Ectópica de ACTH por tumores (ex: Carcinoma Abdominal); (4) Adenomas no Córtex Adrenal. Há diferenças entre a Síndrome de Cushing e a Doença de Cushing. A Síndrome e a Doença de Cushing apresentam características clínicas semelhantes, mas diferem nos níveis circulantes de ACTH. SÍNDROME DE CUSHING: nela, o Defeito Primário é no Córtex Suprarrenal, que produz Cortisol em excesso. Desse modo, os níveis de ACTH estão baixos, porque o Cortisol exerce Feedback Negativo sobre a Adenohipófise, ini-bindo a secreção de ACTH. Por ser comumente causada por Adenomas Adrenocorticais, é dita causada por Hipercortisolismo ACTH-independente, ou seja, semrelação com o Hipotálamo e a Adenohipófise. DOENÇA DE CUSHING: nela, o Defeito Primário está na Adenohipófise, que produz ACTH em excesso. Desse modo, é dita causada por Hipercortisolismo ACTH-dependente, como por um Adenoma Hipofisário ou tumores em outras regiões do corpo que causam Secreção Ectópica de ACTH. Curiosidade! O Teste de Supressão com Dexametasona, um glicocorticoide sintético, pode ser usado para distinguir a Síndrome e a Doença de Cushing. Em pacientes com superprodução de ACTH devido ao Adenoma Hipofisário Secretor ou à Disfunção Hipotalâmico-Hipofisária, grandes doses de Dexametasona não suprimem a secreção de ACTH (por Feedback Negativo). Ao contrário, pacientes com Superprodução Adrenal Primária de Cortisol (independente de ACTH) geralmente apresentam níveis baixos ou indetectáveis de ACTH. Assim, no caso de suspeita de Cushing, o primeiro teste pedido é o de Dexametasona, para diferenciar se o paciente possui a doença ACTH-dependente ou ACTH- independente: no primeiro, os níveis de ACTH não serão alterados, e no segundo, o ACTH estará bastante reduzido após o teste. IMPORTANTE! toda Doença de Cushing é um tipo de Síndrome de Cushing. A secreção excessiva de ATCH é a causa mais comum de Síndrome de Cushing, enquanto que a Superprodução Primária de Cortisol é responsável por 20% a 25 % dos casos clínicos dessa doença, estando em geral associada a níveis reduzidos de ACTH, devido à inibição por Feedback Negativo causada pelo Hipercortisolismo Primário na Adenohipófise, que suprime a liberação de ACTH. O excesso de Cortisol causa Hiperglicemia, aumento da Proteólise e perda de massa muscular, Obesidade Central, rosto redondo, gordura supraclavicular, giba de búfalo, má cicatrização de feridas, Osteoporose e estrias (causadas por perda de Tecido Conjuntivo). A Hipertensão ocorre porque o Cortisol tem Atividade Mineralocorticoide fraca e por aumentar a reatividade das Arteríolas às Catecolaminas (Up- Regulation dos Receptores α1). O excesso de Androgênios causa virilização, hirsutismo e distúrbios menstruais em mulheres. Os principais distúrbios de Cushing são: 1. Hiperglicemia: a abundância de Cortisol pode provocar Hiperglicemia, gerando ocasionalmente valores de até 200 mg/dl após as refeições – cerca de duas vezes o normal, sendo resultado direto do efeito dos Glico-corticoides em estimular a Gliconeogênese Hepática e diminuir a utilização e Oxidação de Glicose pelos Te-cidos Periféricos; 2. Catabolismo Proteico: o Hipercortisolismo causa grande redução das Proteínas Teciduais em todos os Tecidos Extra-Hepáticos, especialmente nos músculos. A perda de Proteínas Musculares causa, em particu-lar, Fraqueza Intensa; o bloqueio da Síntese Proteica nos Tecidos Linfoides leva à Imunossupressão, provocando a morte por infecções em diversos pacientes. Até mesmo as proteínas das Fibras de Colágeno no Tecido Subcutâneo são reduzidas, resultando em grandes Estrias Arroxeadas nos locais lesados; Bianca Abreu- MD4 20 3. Osteoporose: frequentemente, o Hipercortisolismo causa Osteopenia e Osteoporose, devido à diminuição na síntese de Proteínas Colágeno tipo I (componente da Matriz Óssea), aumento da Atividade Osteoclástica (aumento da Reabsorção Óssea), diminuição da Atividade Ostebolástica (diminuição da Deposição Óssea) e redução na absorção de Ca+ pelo Trato Gastrintestinal (Antagonismo à vitamina D3), provocando fragilidade e fraqueza das estruturas ósseas; 4. Edema: o Hipercortisolismo faz um balanço hidroeletrolítico de Na+ positivo e de K+ negativo, além de estimular a secreção de Angiotensinogênio, diminuir a captação tissular de Noradrenalina e aumentar a TFG. Todos esses efeitos, somados, elevam a Pressão Arterial e causam o extravasamento de Líquido Plasmático para o Interstício, provocando Anasarca; além disso, o próprio Cortisol tem Atividade Mineralocorticoide fraca que, quando em excesso, contribui para a Hipertensão e Edema; 5. Obesidade: o Hipercortisolismo causa Lipogênese Central e Lipólise Periférica, pois há mais Receptores para Glicocorticoides nos Adipócitos da Gordura Periférica do que na Gordura Central, bastante escassa da ação do Cortisol. Dessa forma, o Cortisol age na Gordura Periférica, causando Lipólise e Resistência a utilização de Glicose, enquanto que na Gordura Central, apresenta ações ínfimas. Nesse sentido, o Hipercortisolismo, que eleva a Gliconeogênese no Fígado, provoca a transformação da Glicose excessiva que não foi transportada para a Corrente Sanguínea (ou que não foi estocada na forma de Glicogênio) em gordura, que então é levada por Lipoproteínas LDL para a Gordura Central. Como a resistência à utilização de Glicose e o efeito de “Diabetes Adrenal’’ não se desenvolve na Gordura Central, essa pode utilizar a Glicose para armazenar gordura na forma de Triglicerídeos (visto que a Enzima α-Glicerolfosfato não tem sua atividade reduzida, aumentando assim a captação e o armazenamento lipídico nos Adipócitos da Gordura Central). Pessoas com Hipercortisolismo desenvolvem um tipo peculiar de Obesidade, com deposição excessiva de gordura no Tórax e na Cabeça, gerando sinais clínicos chamados “giba de búfalo” e “face em lua cheia”, foi sugerido que essa Obesidade resulta do estímulo excessivo à ingestão alimentar, de modo que a gordura seja gerada em alguns tecidos mais rapidamente do que é mobilizada e oxidada. HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA (HAC) A hiperplasia adrenal congênita (HAC) é um distúrbio genético que afeta as glândulas suprarrenais, localizadas próximas aos rins. No Brasil, o diagnóstico é feito por meio do teste do pezinho, já que o tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível., Na HAC, ocorre a deficiência de uma enzima responsável pela produção desses hormônios. Dessa forma, temos uma redução na produção do cortisol e da aldosterona, e o aumento da produção dos andrógenos. Existem 3 tipos diferentes de HAC: Bianca Abreu- MD4 21 Forma Clássica Perdedora de Sal – é a forma mais grave da doença e que deve ser tratada mais precocemente. As meninas podem nascer com a genitália semelhante à masculina (genitália ambígua). É nesse tipo que pode ocorrer a “crise adrenal”, que surge de forma súbita com perda de apetite, vômito, dor de barriga, fraqueza, febre, confusão e desmaio. Nessa situação, o atendimento imediato é essencial. Forma Clássica Virilizante Simples – nesse tipo também pode ocorrer a genitália ambígua nas meninas. Devido ao baixo nível de cortisol, os bebês têm baixo nível de açúcar no sangue e pressão arterial baixa, e não ganham peso como deveriam. Em crianças de ambos os sexos, se a doença não for diagnosticada e tratada precocemente, a puberdade pode acontecer mais cedo do que deveria. Isso pode fazer com que a criança seja menor do que o esperado, porque ela para de crescer muito cedo. Forma Não Clássica – pode não ter sintomas ou se manifestar com o aparecimento precoce de pelos pubianos, antes de 8 anos em meninas e 9 anos em meninos. Desmame do corticoide É importante retirar de maneira gradual o Glicocorticoide é com o intuito de evitar a complicação mais temida, quando da retirada abrupta da Corticoterapia Prolongada ou em altas doses, é a ocorrência de Supressão do eixo HHA, a qual leva à Insuficiência Adrenal Secundária. A supressão pode ser parcial ou total, como resultado de atrofia das Glândulas Adrenais. Como existe uma grande variabilidade individual na susceptibilidade para Supressão do eixo HHA após o uso Exógeno de Corticoides, não se pode predizer com segurança quais pacientes irão desenvolvê-la, até mesmo quando se levam em conta fatores como dose e duração da Corticoterapia. Obs.: A chamada "síndrome de retirada"do GC foi inicialmente descrita para pacientes que pioram da doença de base ou que apresentam uma série de sintomas sugestivos de insuficiência adrenal quando a terapia esteróide é interrompida ou quando a dose utilizada é reduzida rapidamente Efeito do uso prolongado do uso de corticoides Existe uma extensa lista de efeitos indesejáveis1, durante a corticoterapia, em geral relacionados ao tempo de tratamento e uso de glicocorticóides de ação mais prolongada. Alterações da distribuição de gordura Obesidade centrípeta, fácies em lua cheia, giba ou corcunda de búfalo, deposição supraclavicular. Sistema músculo-esquelético Osteoporose, fraturas ósseas, fraqueza, miopatia, atrofia muscular proximal; necrose asséptica de cabeça de fêmur e úmero. Disfunção hipofisária/gonadal Alterações menstruais, diminuição da libido, impotência, hipotireoidismo, interrupção do crescimento e baixa estatura (crianças). Manifestações cutâneas Estrias purpúreas, pletora, hiperpigmentação, hirsutismo ou hipertricose, acne, equimoses. Sistema endócrino-metabólico Supressão do eixo HHA, interrupção do crescimento (em crianças), intolerância aos carboidratos (resistência à insulina, hiperinsulinemia, tolerância à glicose anormal, diabetes melito); estigmas cushingóides (fácies em lua cheia, pletora facial, obesidade central, giba, acne, pele fina e frágil, estrias violáceas), irregularidade menstrual, impotência, hipocalemia; alcalose metabólica; calculose renal. https://www.google.com/search?q=S%C3%ADndrome+da+retirada+do+glicocortic%C3%B3ide&sa=X&biw=1366&bih=600&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=UFlfBenB1w8wkM%252CqVk9Taj3F_EqEM%252C_&vet=1&usg=AI4_-kSh-cTyaItIoQtcTpLfLQmIqQfFDA&ved=2ahUKEwiOkeGSpKjvAhUzL7kGHUqWDzoQ9QF6BAgMEAE#imgrc=UFlfBenB1w8wkM https://www.google.com/search?q=S%C3%ADndrome+da+retirada+do+glicocortic%C3%B3ide&sa=X&biw=1366&bih=600&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=UFlfBenB1w8wkM%252CqVk9Taj3F_EqEM%252C_&vet=1&usg=AI4_-kSh-cTyaItIoQtcTpLfLQmIqQfFDA&ved=2ahUKEwiOkeGSpKjvAhUzL7kGHUqWDzoQ9QF6BAgMEAE#imgrc=UFlfBenB1w8wkM Bianca Abreu- MD4 22 Sistema gastrointestinal Irritação gástrica, úlcera péptica; pancreatite aguda (rara); infiltração gordurosa do fígado e hepatomegalia (rara). Sistema hematopoiético Leucocitose (com neutrofilia); linfocitopenia; eosinopenia; monocitopenia. Sistema imunológico Supressão da hipersensibilidade tardia; supressão da resposta antigênica primária; supressão da função dos linfócitos T helper 1 (Th1) e predominância dos Th2. Sistema oftálmico Catarata subcapsular posterior (comum em crianças); aumento da pressão intra-ocular; glaucoma; coroidopatia serosa central. Alterações neurológicas e psiquiátricas Distúrbios do sono e insônia; irritabilidade; euforia e depressão; mania e psicose; pseudotumor cerebral (aumento benigno da pressão intracraniana). Sistema renal Nefrocalcinose; nefrolitíase; uricosúria; euforia (labilidade emocional), insônia, psicoses. Sistema cardiovascular Hipertensão arterial; infarto do miocárdio (raro); acidente vascular cerebral (raro). Sinais e sintomas mais freqüentes na síndrome de Cushing endógena Hipertensão arterial; acne e hirsutismo; irregularidade menstrual; estrias; equimoses; pletora. Sinais e sintomas virtualmente exclusivos da administração exógena Hipertensão intracraniana; glaucoma; catarata; necrose asséptica de ossos; pancreatite; paniculite. Síntese As catecolaminas são hormônios derivados de um aminoácido, sendo sintetizadas a partir do aminoácido tirosina. A tirosina é transportada ativamente nas células, onde sofre quatro reações enzimáticas citosólicas para sua conversão em adrenalina, que são as seguintes: Hidroxilação da tirosina em 3,4-di- hidroxifenilalanina (l-dopa) pela enzima tirosina- hidroxilase. Essa enzima é encontrada no citosol das células produtoras de catecolaminas e representa o principal ponto de controle na síntese das catecolaminas. A atividade dessa enzima é inibida pela noradrenalina, proporcionando um controle da síntese das catecolaminas por retroalimentação. Descarboxilação da l-dopa em dopamina pela enzima dopa-descarboxilase, em uma reação que necessita de fosfato de piridoxal como cofator. Esse produto final é acondicionado em vesículas secretoras. Hidroxilação da dopamina em noradrenalina pela dopamina-β-hidroxilase, uma enzima ligada à membrana encontrada nas vesículas sinápticas, que utiliza a vitamina C como cofator. Essa reação ocorre no interior das vesículas secretoras. Metilação da noradrenalina em adrenalina pela feniletanolamina-N-metiltrans ferase. A atividade dessa enzima citosólica é modulada pela produção adjacente de esteroides suprarrenais, ressaltando a importância do fluxo arterial radial do córtex para a medula. A conversão da noradrenalina em adrenalina ocorre no citoplasma e, portanto, requer a saída Bianca Abreu- MD4 23 da noradrenalina dos grânulos secretores por um mecanismo de transporte passivo. A adrenalina produzida no citoplasma deve penetrar novamente nas vesículas secretoras por transporte ativo impulsionado pelo trifosfato de adenosina. Os transportadores envolvidos são os de monoamina vesiculares, expressos exclusivamente nas células neuroendócrinas. Devido à expressão desses transportadores em tecidos simpaticomedulares, sua função pode ser utilizada para fins diagnósticos (como a do transportador de iodeto) para radioimagem e localização dos tumores produtores de catecolaminas (feocromocitomas). As catecolaminas nas vesículas secretoras encontram-se em equilíbrio dinâmico com o citoplasma circundante, sendo a captação das catecolaminas nas vesículas equilibrada com sua liberação no citoplasma. No citoplasma, a adrenalina é convertida em metanefrina, e a noradrenalina, em normetanefrina pela enzima catecolamina-O-metiltransferase (COMT). Em seguida, os metabólitos das catecolaminas saem continuamente da célula, tornando-se metanefrinas livres. A síntese das catecolaminas pode ser regulada por alterações na atividade da tirosina-hidroxilase por meio da liberação da inibição do produto final (aguda) ou por um aumento na síntese enzimática (crônico) Transporte e metabolismo A meia-vida das catecolaminas circulantes é curta (< 2 minutos). A maior parte (> 50%) das liberadas circula ligada à albumina com baixa afinidade. As catecolaminas circulantes podem sofrer recaptação por locais extraneuronais, degradação nas células-alvo pela catecolamina-O- metiltransferase (COMT) ou pela monoaminoxidase (MAO) ou filtração direta na urina A MAO catalisa a primeira etapa de desaminação oxidativa das catecolaminas. A COMT catalisa a conversão da adrenalina e da noradrenalina em metanefrina e normetanefrina. A ação conjunta da MAO, da COMT e da aldeído-desidrogenase sobre a noradrenalina e a adrenalina, particularmente no fígado, produz o metabólito ácido vanililmandélico (VMA), o principal produto final do metabolismo da noradrenalina e da adrenalina. A dopamina metabolizada por essa via produz ácido homovanílico (HVA, de homovanillic acid). O VMA e o HVA são hidros solúveis e são excretados na urina em altos níveis. Sua taxa de excreção urinária constitui um importante índice e um marcador clínico útil para a detecção de tumores, como os feocromocitomas, que produzem catecolaminas em excesso. Armazenamento Ocorre grande estocagem de Catecolaminas (Adrenalina, Noradrenalina e Dopamina) em Grânulos Secretórios, derivados do Complexo de Golgi, aparentemente específicos para cada Hormônio, pois apresentam características morfológicas distintas. As Catecolaminas se fixam aos Grânulos por meio da Proteína Cromogranina. Secreção A liberação das catecolaminas representa uma resposta direta à estimulação nervosa simpáticada medula suprarrenal. A acetilcolina liberada das terminações nervosas simpáticas pré- ganglionares liga-se a receptores colinérgicos nicotínicos (canais iônicos regulados por ligantes) na membrana plasmática das células cromafins, levando ao rápido influxo de Na+ e à despolarização da membrana celular. A despolarizção das células leva à ativação dos canais de Ca2+ regulados por voltagem, produzindo um influxo de Ca2+. As vesículas sinápticas que contêm as catecolaminas pré- formadas ficam atracadas sob a membrana sináptica e se tornam estreitamente associadas aos canais de Ca2+ regulados por voltagem. O Bianca Abreu- MD4 24 influxo de Ca2+ desencadeia o processo de exocitose dos grânulos secretores, que liberam as catecolaminas no espaço intersticial, a partir do qual são transportadas na circulação até os órgãos-alvo. Mecanismo de ação As Catecolaminas podem se ligar a Receptores Adrenérgicos denominados α e β, subdivididos em α1 e α2, e β1, β2 e β3, sendo ambos os grupos classificados como Receptores Metabotrópicos (Acoplados à Proteína G). Os Receptores β-adrenérgicos são acoplados à Proteína Gs, que estimula a Enzima Adenilil-Ciclase e gera AMPc como segundo mensageiro; já os Receptores α1 Adrenérgicos são Acoplados à Proteína Gq, que estimula a Enzima Fosfolipase C (PLC) e resulta em aumento do cálcio intracelular, enquanto que os Receptores α2 Adrenérgicos estão acoplados à Proteína Gi, que inibe a liberação de cálcio intracelular e a atividade da Enzima Adenilil-Ciclase. a. Receptor Adrenérgico α1: causa Vasoconstrição, dilatação da pupila, aumento da Resistência Vascular Periférica, aumento da PA e contração do Esfíncter Interno da Bexiga, sendo um Receptor Pós-Sináptico; b. Receptor Adrenérgico α2: causa a inibição da liberação de Noradrenalina e inibição da liberação de Insulina, sendo um Receptor Pré-Sináptico; c. Receptor Adrenérgico β1: causa Taquicardia, aumento da Lipólise, aumento da Contratilidade Miocárdica e aumento da liberação de Renina pelo Aparelho Justaglomerular dos Rins; d. Receptor Adrenérgico β2: causa vasodilatação, leve redução da Resistência Vascular Periférica, Broncodilatação, aumento da Glicogenólise Hepática e Muscular (principalmente muscular), aumento da liberação de Glucagon pelo Pâncreas e relaxamento da Musculatura Uterina e Intestinal; e. Receptor Adrenérgico β3: realiza alterações na termogênese por seu Efeito Lipolítico no Tecido Adiposo. É o Receptor Adrenérgico presente em maior quantidade no Tecido Adiposo, sendo o principal na estimulação da Lipólise; entretanto, os Receptores β1 e β2 também realizam essa função, porém, por estarem em menores quantidades nos Adipócitos, possuem Ação Lipolítica pouco eficaz. Regulação O principal mecanismo regulador da Secreção Medular é o Sistema Nervoso Simpático Adrenérgico, o qual mantêm uma Ação Tônica sobre a Glândula, cujas Terminações Pré- Ganglionares colinérgicas incitam a liberação dos Grânulos de Catecolaminas. Desse modo, quando se aumenta a Atividade Simpática, aumenta-se a liberação de Catecolaminas. O Sistema Nervoso Simpático, por sua vez, é controlado por diversos Núcleos Superiores, sendo eles: Centro Medular: localiza-se sobre T3, exerce Ação Tônica sobre a Medula Adrenal; Centro Bulbar: age pela Via do Nervo Esplâncnico Maior, que quando excitado, produz Hiperglicemia, Vasoconstrição e Taquicardia. Centro Hipotalâmico: especialmente do Hipotálamo Posterior via Núcleos Torácicos Medulares; Neurônios Corticais: quando estimulados, provocam excitação secretora sobre a Medula Adrenal; Locus coeruleus (Cerúleo): age através de Sinapses com os Núcleos Hipotalâmicos ou Bianca Abreu- MD4 25 diretamente sobre a Medula Adrenal. O mecanismo é tão importante que se denomina Sistema Cerúcleo-Simpático-Adrenal. Regulação dos receptores adrenérgicos A liberação das catecolaminas e seus efeitos são de curta duração em condições fisiológicas normais. Todavia, a estimulação crônica leva a elevações sustentadas das catecolaminas circulantes, e a consequente estimulação dos receptores adrenérgicos pode levar a alterações na responsividade dos tecidos. Alterações semelhantes na responsividade podem ser induzidas pela produção endógena de agonistas ou pela administração exógena de agonistas farmacológicos. São exemplos a dessensibilização promovida por agonistas b na asma e a taquifilaxia estimulada por agonistas a em pacientes em uso de descongestionantes nasais simpaticomiméticos. A exposição persistente a um agonista do receptor adrenérgico também pode resultar em perda efetiva de receptores, devido à degradação ou à dessensibilização dos receptores. Foram descritos vários mecanismos de dessensibilização. Por exemplo, depois de apenas alguns minutos de exposição a um agonista b2- adrenérgico, o receptor é fosforilado Essa fosforilação interfere no acoplamento do receptor com a proteína G. Após exposição mais prolongada a agonistas receptores adrenérgicos, esses receptores são internalizados abaixo da superfície celular. Por fim, com exposição crônica a agonistas dos receptores, pode-se verificar uma redução do número de receptores na membrana plasmática, devido à síntese diminuída do receptor (downregulation). Os receptores adrenérgicos também podem sofrer upregulation, devido a um aumento na transcrição do gene do receptor. Dois hormônios produzem esse efeito: os glicocorticoides e o hormônio da tireoide. Além disso, esses dois hormônios podem regular a expressão de vários tipos de receptores adrenérgicos por eventos pós-transcrição. Os vários subtipos de receptores adrenérgicos diferem quanto à sua suscetibilidade a esses eventos promovi dos por agonistas. A upregulation dos receptores pelo hormônio da tireoide é crítica nos pacientes hipertireóideos, visto que os efeitos combinados desse hormônio e das catecolaminas podem exacerbar as manifestações cardiovasculares da doença. Efeitos fisiológicos As catecolaminas são liberadas em resposta à estimulação simpática e são fundamentais na resposta de estresse a uma agressão física ou psicológica, como perda grave de sangue, diminuição do nível de glicemia, lesão traumática, intervenção traumática, intervenção cirúrgica ou experiência desagradável. Como elas fazem parte da resposta de “luta ou fuga”, seus efeitos fisiológicos consistem em alerta, dilatação das pupilas, piloereção, sudorese, dilatação brônquica, taquicardia, inibição da atividade do músculo liso e constrição dos esfincteres no trato gastrintestinal A maioria dos eventos envolvidos no enfretamento de uma situação estressante exige o gasto de energia. As catecolaminas asseguram a mobilização de substrato do fígado, do músculo e da gordura, estimulando a degradação do glicogênio (glicogenólise) e da gordura (lipólise). Por conseguinte, o aumento das catecolaminas circulantes está associado a elevações dos níveis plasmáticos de glicose, glicerol e ácidos graxos livres. Alguns dos efeitos mais importantes das catecolaminas são exercidos no sistema cardiovascular, onde aumentam a frequência cardíaca (taquicardia), produzem vasoconstrição periférica e elevam a resistência vascular Bianca Abreu- MD4 26 Ação das Catecolaminas As ações das Catecolaminas no organismo podem ser resumidas em três grandes funções: (1) manutenção do estado de alerta, (2) ações Metabólicas e (3) ações Cardiovasculares. Em detalhes, cada uma delas engloba o seguinte conjunto de ações mediados por diferentes tipos de Receptores: 1. Manutenção do Estado de Alerta: os efeitos da Adrenalina no estado de alerta incluem a dilatação da pupila, Piloereção, Sudorese, Dilatação Brônquica, Taquicardia, inibição da Musculatura Lisa
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